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Quando o tamanho. é documento

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Academic year: 2021

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João Pequeno backstage@backstage.com.br

Quando o tamanho

Amplas salas de gravação, acústica adequada e equipamentos de primeira

linha são os principais motivos que levam boa parte dos músicos e

produtores a não abrirem mão dos estúdios de grande porte.

é documento

M

esmo com a crescente febre de estúdios caseiros, possi-bilitada por avanços tecnológicos, há especificidades de gravação para as quais simulações ou efeitos eletrôni-cos ainda deixam muito a desejar, segundo músieletrôni-cos e técnieletrôni-cos, em re-lação a salas adequadas, com bom tratamento acústico.

Os grandes estúdios são geralmente localizados no Rio de Janei-ro (Mega , AR, CIA dos técnicos, Nas Nuvens) ou em São Paulo (Mosh , Dub , Midas, Anonimato, Vibe e outra unidade do Mega), mas também há alguns encontrados fora deste eixo, como o Ilha dos Sapos, de Carlinhos Brown, em Salvador, o Somax e o Muzak, em Recife. Estúdios que, além de equipamentos de primeira linha,

cos-tumam contar com salas amplas, em torno de 40 a 50 metros (alguns são menores) e pé direito (altura) de 5 a 6 metros.

A acústica é citada como prioridade no cuidado com as grava-ções de certos instrumentos ou grupos de instrumentos, como bate-ria, cordas ou grandes naipes de metais, para os quais salas amplas são consideradas fundamentais pelas características de captação.

Mesmo com estúdio próprio,

gravadora ‘terceiriza’ gravação de bateria

Uma das principais gravadoras do rock atual no Brasil, a Deckdisc, dispõe de um estúdio próprio, o Tambor, em sua sede

Estúdio AR: a sala A tem 6 metros de pé direito e a R tem 5,5

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na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. É um estúdio de porte médio no qual as bandas de seu elenco gravam a maior parte dos instrumentos, como guitarra, baixo e, por vezes, teclados ou samplers. A bateria, que necessita de uma maior ambiência, porém, é feita no estúdio AR, também na Barra. Foi assim com a canto-ra Pitty e com as bandas Matanza e Ca-chorro Grande.

Baterista da banda countrycore Ma-tanza, Fausto Prochet, 24, afirma que

sentiu e aprovou a diferença entre o se-gundo disco do grupo, Música para brigar e beber (2003) – o primeiro do qual parti-cipou – e o quarto e mais recente, A arte do insulto (2006). No intervalo entre es-tes dois, eles gravaram o terceiro To hell with Johny Cash (2005), apenas com versões do compositor norte-americano. Em Música para beber e brigar, o instru-mental foi todo gravado no Tambor, en-quanto que no último, a (pesada) bateria foi registrada no AR.

Bandas Cachorro Grande (acima) e Matanza tiveram a bateria gravada em estúdio de sala grande, o AR, no Rio

A decisão da mudança, conta Fausto, foi tomada em conjunto pela banda com o diretor artístico da gravadora, Rafael Ramos, “até porque é ele quem paga”, brinca – a família de Rafael é proprietária da gravadora. “Senti uma diferença níti-da no som, depois que terminei e ouvi, porque além da fala ser muito boa, o equipamento colocado à disposição aju-da muito o trabalho de captação. Pude usar sets de ambiência em estéreo, com ótimos microfones Earthworks, além de várias opções de microfones nas peças, li-gados a pres SSL e Neve. Na Deck, eu usava o API do Rafael, que é legal, mas nem de longe é tão bom quanto esses”.

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conhe-“São pouquíssimos os

artistas que, hoje,

podem bancar longos

períodos de gravação,

ainda mais em

equipamentos

analógicos”

(André Rafael)

Felipe Dylon gravou seu CD em três dias no Mega

cer vários estúdios fiz minhas experiênci-as, até antes do Matanza, comprava vários plug-ins, mas nunca conseguia reproduzir estas características da sala ampla, com a ambiência e os prés”.

André Rafael, dono do AR, aponta a questão do ‘pé direito’ como fator crucial para a boa captação da bateria. O parâ-metro de boa altura, afirma, é a partir de 4,5 metros, que considera adequados para a captação de bateria e de outros instrumentos de grande reverberação, como o piano.

No AR, que tem a sala A com 6 metros de pé direito e a R com 5,5, pelo menos uma mudança significativa já foi intro-duzida devido à avalanche de home studios e à busca dos artistas pelos meno-res custos da gravação caseira. Desde o ano passado, conta, a plataforma de gra-vação mais requisitada vem sendo o Pro Tools HD 3 então adquirido. “Os custos caram realmente caros diante da crise fi-nanceira do mercado fonográfico e, como conseqüência, são pouquíssimos os artistas que, hoje, podem bancar longos períodos de gravação, ainda mais em equipamentos analógicos”.

Para se ter um idéia, pelo mes-mo custo de um HD de 200 gigas (bytes) de me-mória, você só compra uma fita para 15 minutos de gravação”.

Uma rara e gra-ta exceção, lembra André Rafael, foi Caetano Veloso, que passou três meses no AR gra-vando seu novo CD, Cê, todo no gravador analógi-co Studer A827.

Maioria das gravações é

feita em poucos dias por

causa dos custos

É difícil ter esta possibilidade, entretan-to. Sucesso instantâneo há dois com os hits-chiclete Deixa disso e Musa do verão, o jovem cantor Felipe Dylon teve apenas dois dias no estúdio Mega, do Rio de Janeiro, para gravar a maior parte de seu terceiro disco, Em outra direção (2006, EMI). Questão de cus-tos, solucionada pelo uso do estúdio caseiro do guitarrista Vinícius Rosa, mas para formatar os arranjos de modo a não gastar

muito tempo de gravação. Algumas guitarras em linha ainda foram aproveitadas da grava-ção caseira, mas a grande maior parte do dis-co foi feita no Mega e finalizada no Nas Nu-vens, de Liminha.

“Houve algumas guitarras que pude-mos aproveitar, mas a maioria foi mesmo no Mega. O importante no estúdio do Vinícius foi a pré-produção, acertamos bastante a forma das músicas para entrar em estúdio prontos”, conta Dylon, que até há pouco tempo registrava seu trabalho em demos gravadas em pequenos estúdios. “Ainda tenho algo dessas gravações, que têm seu charme, mas nem se compara, são mundos diferentes”, compara.

Sussekind ressalta

importância do

tratamento acústico

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Arnaldo Antunes: gravação ao vivo no Estúdio Mega

O estúdio Mosh, em SP, é um dos que também tem salas grandes para gravação

chamaram para recuperar, porque em um vocal havia o barulho de um ônibus passan-do. Onde eles haviam gravado, eles não ouviam, a caixa não respondia. Mas quan-do foi colocaquan-do para tocar em alta potên-cia, numa sala grande, o ruído apareceu”.

Sussekind considera que hoje no Brasil “se levanta demais a bola dos estúdios ca-seiros”. Para o produtor, “este é até um processo natural, já que os custos de estú-dio profissional são muito caros. Mas não adianta achar que com R$ 150 mil, você vai conseguir a mesma qualidade para a qual são necessários investimentos de três, quatro milhões. O equipamento é quase todo importado, há um peso enor-me de impostos, o que encarece demais a montagem das salas”.

Ele considera os home studios “válidos para música eletrônica, que não depende de ambiência, pré-produção, ensaiar bas-tante e reduzir ao máximo os custos, e às vezes para instrumentos em linha. Mas abriu microfone, tem que ter sala boa”, enfatiza.

Ambiente para gravação

ao vivo em estúdio

Menos radical que o colega, o paulistano Alê Siqueira, respon-sável pela produ-ção do projeto Tri-balistas, de Arnal-do Antunes, Ma-risa Monte e Car-linhos Brown, além de discos solo des-tes artistas, entre outros, não se aca-nha em fazer vári-as gravações em estúdios caseiros, que considera sua ‘escola’, mas pre-fere salas grandes para trabalhos que

dependam de captação ambiente mais complexa. Foi assim que ele fez no CD Qualquer, de Arnaldo Antunes, majorita-riamente calcado em instrumentos acústi-cos, mas com a guitarra elétrica de Edgard Scandurra, gravado todo ao vivo no Mega e lançado há pouco pela gravadora Biscoi-to Fino. O grande desafio, segundo Alê, foi harmonizar a captação de instrumentos de pesos tão diferentes tocados lado a lado quanto a guitarra de Edgard, que ainda usou uma talk box (aquele canudo ligado à boca e à guitarra que Peter Frampton po-pularizou no solo de Show me the way), e o violão acústico “estilo João Gilberto” de Cé-sar Mendes. Para evitar o vazamento da talk box, que podia ser grave, foram

coloca-dos isoladores do tipo sound lock. Outro instrumento que mereceu atenção foi o pi-ano Yamaha tocado por Daniel Jobim, cuja reverberação é grande. A gravação ainda teve Chico Salém em outro violão e do baixista Dadi Carvalho, que, em determi-nadas faixas, também tocou violão, banjo e bandolim. “Para não vazar o som da guitar-ra com talk box e cobrir os violões, princi-palmente o do Cesar, cuidei de captar seu som na saída com um microfones dinâmi-co, Beta SM58”, conta.

O produtor sugeriu a Arnaldo gravar o CD no Mega pela opção de uma sala grande, “fundamental pela acústica”. Também foi levada em conta a disponibi-lidade de bons equipamentos, como os pré-amplificadores Neve e Demeter, além de alguns da própria mesa SSL (Solid State Logic) 9000, do estúdio. Arnaldo Antunes ainda utilizou um antiguíssimo microfone Ella, da Telefunken, inspirado na diva do jazz Ella Fitzgerald.

Marisa optou pelo

conforto caseiro, sabendo

das limitações

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si-Reuel: outro estúdio no RJ que tem o pé direito alto

multaneamente este ano pela cantora neste ano.

“É um tipo de gravação ambien-te que pede mais sala, mas a Marisa quis fazer no estúdio dela. Nem por questão de custo, nesse caso, por-que os discos dela vendem muito bem e compensam de sobra os gas-tos com qualquer estúdio, mas por comodidade mesmo. O artista quando faz seu estúdio quer fica em casa. Eu dei um jeito de captar lá mesmo, então. Cabe a mim, como produtor, conseguir a melhor captação possível, mas tive que contar com um vazamento de um flugel horn na mixagem”, assume.

Alê Siqueira

pretende aliar

conforto e alta

qualidade

Além dos Tribalistas, Alê Si-queira já havia gravado álbuns como Jogos de armar, de Tom Zé, e Do cóccix até o pescoço, de Elza Soares, nos fundos de sua casa na Granja Vianna, em São Paulo – atualmente, ele mora em Sal-vador. “Eu venho de home studio e prezo muito esta experiência, você aprende a criar soluções, a lidar com ambientes e captações alternativas. Além disso, estar em casa é uma grande vantagem, porque você não tem a pressa das horas de grava-ção, que custam caro, tem mais liberdade para criar. Mas, ao mesmo tempo, sempre me queixei das limitações caseiras”.

Pensando em unir a praticidade do casei-ro à qualidade do pcasei-rofissional e driblar esta dicotomia, Alê vem construindo um estúdio próprio em Barra do Jacuípe, no litoral baiano, a cerca de 40 quilômetros ao norte de Salvador. “O projeto é de quatro salas de gravações e pretendo fazer minhas produ-ções todas lá”, afirma. “O próprio Arnaldo lamentou que ele ainda não estivesse pron-to, porque ia querer gravar lá”, diz.

Também chegado a experimentações em diferentes tipos de registro sonoro, Arnaldo Antunes ressalta a diferença do que a tecnologia o permite gravar em pe-quenos estúdios, como a que já teve com Paulo Tatit, e o que pede salas como a do Mega, do Mosh, em São Paulo, onde fez seu segundo disco solo, Ninguém, há 10 anos, e o Nas Nuvens, onde já gravou com os Titãs na década de 80. “Com a tecnologia hoje, não há mais a necessidade de se usar um es-túdio enorme para tudo. Se eu for fazer uma música baseada em programações, posso fa-zer em casa, sem prejuízo de qualidade. No caso de instrumentos acústicos tocando jun-tos, porém, achamos necessário ter um am-biente de captação perfeito”.

Dificuldades fora do eixo

Alê mixou Qualquer em um Pro Tools HD Accel 3, no estúdio Ilha dos Sapos, de Carlinhos Brown, em Salva-dor, um dos poucos de grande porte fora

do eixo Rio-São Paulo, com cinco metros de pé direito e 60 metros quadrados. Construído em 1999, ele já abrigou gravações de Caeta-no Veloso, Ivete Sangalo, Virgínia Rodrigues e da própria Marisa Monte, entre outros.

A intenção de Carlinhos ao montar o estúdio era levar ao Nor-deste uma qualidade de gravação do nível que se encontra nos grandes centros do Brasil e do ex-terior. No entanto, são outras nuances da carreira, como de-manda de shows, que costumam manter os principais artistas nes-ses grandes centros.

Fora do Rio e de São Paulo, nem é tão difícil encontrar estú-dios amplos e com bons equipa-mentos, mas são os raros os que têm o pé no padrão em torno de cinco metros, como o Ilha dos Sapos e o Somax, de Recife – onde já gravaram Alceu Valença, Chico César, Cauby Peixoto e Reginaldo Rossi. Mas a maior parte dos estúdios utilizados in-clusive por artistas de peso fora do Sudeste tem a altura em torno de 2,5 a 3 metros, como o Fábrica, também de Recife, utiliza-do por munutiliza-do livre S/A, Naná Vasconcellos e Arto Lindsay; o WR e o Groove, de Salva-dor, o Blue Records, de Brasília, onde já gra-vou o consagrado bandolinista Hamilton de Hollanda; e o ProAudio, de Fortaleza.

Jander Antunes, técnico de áudio do Cachorro Grande, lamenta a falta de es-túdios de referência também no Sul. “Lá no Rio Grande, temos estúdio grande, mas antigo, sem uma engenharia acústi-ca como os do Rio e de São Paulo”, diz.

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