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A força da moeda chinesa

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A força

da moeda

chinesa

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A ascensão

do dinheiro chinês

N

os últimos cinco anos, o governo chinês vem concentrando suas energias na transformação do renminbi em uma moeda internacional por meio de três estágios: comércio, investimentos e como moeda de reserva. Um recente estímulo ocorreu em novembro do ano passado, quando líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) incluíram, em suas metas econômicas para os próximos cinco anos, a plena conversibilidade do RMB até 2016. Os incentivos da China para que seus parceiros comerciais utilizem a moeda já vêm trazendo resultados. De acordo com a Society for Worldwide Interbank Financial

Com uma forte política de incentivos, a China está transformando o renminbi

(RMB), sua moeda oficial, em uma referência para o comércio internacional

Fontes consultadas: HSBC e o livro O Poder do Ouro, de Peter L. Bernstein

Uma história milenar

Com apenas 65 anos de existência,

o renminbi possui ancestrais que

remontam a mais de 3 000 anos

Durante as dinastias Shang (1766 a.C. a 1122 a.C.) e Zhou (1122 a.C. a 256 a.C.), os chineses utilizavam as raras conchas do molusco caurim como forma de pagamento

As duas faces da moeda

Como na maioria dos países ocidentais o significado da unidade monetária e da moeda é o mesmo – caso do real, no Brasil, e do dólar, nos Estados Unidos –, o RMB e o yuan acabam sendo

usados como sinônimos, mas eles têm significados distintos

As moedas hoe (400 a.C.) eram cunhadas em bronze. Os chineses achavam os metais mais nobres, como o ouro, “importantes demais” para passarem de mão em mão

A ban liang (221 a.C.) foi a primeira moeda usada após a unificação da China pela dinastia Qin. O quadrado central representa o equilíbrio entre céu e terra

A palavra yuan, algo como círculo em chinês, foi utilizada pela primeira vez durante a dinastia Tang (618 d.C. a 907 d.C.). A inscrição dizia: “Uma nova era começa; moedas são tesouros em circulação”

A escassez de cobre levou o imperador Hien Tsung (806 d.C. a 821 d.C.) a utilizar o papel na fabricação do dinheiro – um contraste com o Ocidente, que só adotou esse recurso a partir do século 16

Sem uma autoridade monetária única, vários bancos privados começaram, no fim do século 19, a criar suas próprias notas de dinheiro. Esta, ao lado, foi lançada pelo HSBC em 1922 Telecommunication (Swift) – associação

internacional detentora de um sistema que possibilita a transferência eletrônica global de recursos entre instituições financeiras –, em 2010, o renminbi ocupava um modesto 35º lugar entre as moedas mais utilizadas em pagamentos comerciais no mundo. Hoje, é a oitava colocada da lista. “Mais de 160 países negociam em renminbi todos os meses e 20% do comércio exterior chinês é liquidado na moeda chinesa. Queremos que o HSBC se torne um banco de referência para esse tipo de operação no Brasil”, diz Fernando Freiberger, diretor executivo de Commercial Banking do HSBC no Brasil.

Renminbi (RMB)

Introduzido em 1949, quer dizer “moeda do povo”. É usado quando a intenção é referir- se à moeda em um sentido mais amplo. Por exemplo: é correto dizer “os bancos centrais têm renminbis em suas reservas”, mas é errado dizer que um produto custa 10 renminbis. A mesma regra é válida na Inglaterra, onde se usa o termo sterling para se referir à moeda e libras ou pounds para dizer o valor de um produto

YuanQuando a intenção é referir-se a valores, o correto é dizer: “esse produto custa 10 yuans”. Pode-se, ainda, usar o símbolo ¥10 (o mesmo do iene japonês) ou a sigla CNY10 (o código ISO para a moeda chinesa) para dizer quanto custa algo. Outra sigla, a CNH, é usada nas operações offshore em Hong Kong

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Janeiro

O Bank of China emite 2,5 bilhões de yuans, o equivalente a 413 milhões de dólares

Fevereiro

Os pagamentos em RMB em bancos de Hong Kong crescem 45% em um ano, para 3,8 trilhões de yuans (620 bilhões de dólares)

N

o ano que vem, as transações comerciais externas fechadas diretamente na moeda chinesa devem atingir 12,5 trilhões de yuans, o equivalente a 2 trilhões de dólares. Enquanto isso, no mercado internacional, a negociação de títulos de renda fixa (que pagam juros aos investidores) denominados na moeda chinesa chegará a 1 trilhão de yuans (166 bilhões de dólares). As previsões são do HSBC. O banco britânico, um dos maiores negociadores do renminbi fora da China, acredita que, em 2020, o RMB ocupará o terceiro lugar no ranking das moedas mais importantes e negociadas em todo o mundo, atrás apenas do dólar e do euro. Segundo o Banco de Compensações Internacionais (BIS, o “banco central” dos bancos centrais), em 2010, o giro diário do renminbi, considerando as operações no mercado de capitais e no comércio exterior, não chegava a 100 bilhões de dólares. Segundo o HSBC, se naquela época o câmbio fosse

Rumo ao topo

A moeda chinesa caminha para se tornar a terceira

mais usada e negociada em todo o mundo

completamente livre, o montante somaria 1 trilhão de dólares, ou seja, dez vezes mais. As etapas da internacionalização A aceitação do renminbi como reserva de valor pelos bancos centrais espalhados pelo mundo é outro importante estágio no processo de internacionalização da moeda chinesa. Nações como Nigéria, Chile, Brasil, Tailândia e Venezuela mantêm o renminbi em suas reservas. Outras duas etapas – a aceitação da moeda no comércio internacional e nos mercados de capitais – já estão bem encaminhadas. Mas, para que o renminbi se torne, de fato, uma verdadeira reserva de valor, será preciso que a China libere completamente a conversão da moeda. Depois de anos sob estrito controle (quase todos os pagamentos entre empresas chinesas e seus parceiros estrangeiros eram conduzidos em dólares ou euros), o câmbio começa, aos poucos, a romper fronteiras.

A trajetória do renminbi

Abril

O HSBC faz a primeira emissão de bônus em RMB fora da China. O banco vendeu um montante de 2 bilhões de yuans a Londres

Julho

O Banco do Brasil capta o equivalente a 170 milhões de dólares em renminbi

Novembro

O BTG capta 17 milhões de dólares em renminbi. O Bradesco, outros 48 milhões de dólares

Dezembro

Os bônus “dim sum” (emitidos em Hong Kong) atingem 276 bilhões de yuans (ante 10 bilhões de yuans em 2007)

Fevereiro

Ao todo, 46 bancos em Taiwan oferecem serviços financeiros em RMB

Março

O HSBC lança o primeiro bônus em RMB em Cingapura

Julho

O piso para as taxas de juros de empréstimos é retirado pela China, iniciando o processo de liberalização da moeda

Setembro

É lançado o Shanghai FreeTrade Zone, um teste para aconversibilidade do RMB

Outubro

Os pagamentos em RMB na Europa crescem 163% em um ano. A China fecha swap de 350 bilhões de yuans com o BCE, e o BC de Taiwan declara que tem reservas em RMB

Novembro

O British Columbia, um estado do Canadá, é o primeiro governo fora da China continental a emitir bônus em renminbi. Em seguida, o governo da África do Sul lança 1,5 bilhão de dólares na moeda chinesa

2012 2013 2014

Segundo pesquisa realizada recentemente pela consultoria Economist Intelligence Unit, 62% dos chineses e 43% dos investidores de outras nacionalidades acreditam que, no futuro, o renminbi ultrapassará o dólar. “As trocas de moedas com vários países, os depósitos de renminbi em Hong Kong e a transformação de Londres, na Inglaterra, no principal centro de compensação de renminbi na Europa asseguram um papel cada vez mais internacional à moeda chinesa”, diz Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China. Para Tang, o fortalecimento do euro e a internacionalização do renminbi tiram, de certa forma, parte do poder do dólar como moeda de reserva internacional, o que é benéfico para exportadores, importadores, empresas e investidores. Novas experiências

O lançamento dos bônus do HSBC em renminbi em Londres, em 2012, faz parte da estratégia da empresa de transformar a city londrina em um novo centro internacional para a negociação de ativos na moeda chinesa. “Estamos orgulhosos da emissão desses bônus”, disse Stuart Gulliver, presidente mundial do HSBC, na época do lançamento. “É mais um passo importante no desenvolvimento de Londres como um centro internacional de negociação do renminbi.”

As primeiras experiências com emissão de títulos em RMB fora da China continental foram em Hong Kong. Mas, desde a estreia dos “dim sum” (como são chamados esses papéis) em Londres, a capital inglesa passou a desempenhar um papel semelhante ao de Hong Kong, tornando-se palco de grandes Centro financeiro

de Londres, na Inglaterra: a cidade se tornou o principal centro de compensação de RMB na Europa

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Os bônus “dim sum” – termo informal usado para designar os títulos emitidos por bancos para levantar recursos em RMB fora da China continental – estão rapidamente ganhando terreno. Isso vem ocorrendo graças à iniciativa de companhias chinesas e multinacionais, que estão aproveitando esse mercado relativamente jovem para ampliar as alternativas de financiamento.

Em 12 de setembro do ano passado, o BIS (“banco central”dos bancos centrais) revelou que o uso da moeda chinesa havia ultrapassado

o dólar de Hong Kong pela primeira vez. A reversão veio apenas três anos após Pequim relaxar as regras para o uso da moeda chinesa em Hong Kong – território que, em 1997, deixou de pertencer ao Reino Unido para retornar à China como uma região administrativa especial. Você sabe de onde vem o termo “dim sum”? Ele é uma referência ao pastelzinho de massa cozida no vapor, uma iguaria típica de Hong Kong, onde esse tipo de emissão teve início há cerca de sete anos.

emissões, como a de 2,5 bilhões de yuans feita em janeiro deste ano pelo Bank of China. Recentemente, a Swift também chamou a atenção para a expansão do uso da moeda chinesa na Austrália. No país, os pagamentos em renminbi cresceram 248% entre fevereiro de 2013 e fevereiro deste ano.

Nos últimos anos, empresas que não atuam no mercado financeiro, como o

Mercado piloto

Hong Kong vem sendo usada pela capital chinesa como uma espécie de campo de testes para o uso do RMB no mercado internacional

Negócios sem fronteiras

A

os poucos, as notas de RMB, a moeda chinesa estampada com a imagem de Mao Tsé-Tung, vão se tornando familiares aos exportadores e importadores brasileiros. A China já possui 23 acordos com países e regiões pelo mundo para realizar transações financeiras e comerciais na moeda. O Brasil é um dos parceiros do gigante asiático nesse movimento, ao lado de nações tão diferentes entre si, como Inglaterra e Cazaquistão e Austrália e Mongólia. A presença nesse grupo é estratégica para o Brasil – afinal, ano a ano, a China adquire uma crescente relevância no comércio exterior brasileiro.

No ano passado, os chineses foram os principais vendedores e compradores do Brasil. No primeiro trimestre deste ano, as exportações brasileiras para a China atingiram 9,5 bilhões de dólares -- uma expansão de 22% em relação ao mesmo período de 2013. As importações também subiram, embora em velocidade menor. Entre janeiro e março de 2014, elas somaram 9,7 bilhões de dólares – uma alta de 8% em relação ao ano anterior. Atualmente, a China representa 18% de todo o fluxo comercial brasileiro com o restante do mundo. E essa participação deverá crescer ainda mais. As estimativas do HSBC indicam que, em 2030, as

O uso de renminbi começa a ganhar espaço no comércio entre o Brasil e a

China — um movimento que tende a crescer com o fortalecimento do Brics

transações com a China vão representaram 30% do total do comércio exterior brasileiro. Além da parceria comercial, o país também aparece com destaque no ranking dos principais investidores estrangeiros no mercado brasileiro. Em 2013, o total de recursos chineses aplicados no Brasil chegou a 7 bilhões de dólares.

O uso intensivo do RMB nesse intercâmbio é um passo importante para estreitar a relação econômica entre os dois países. “A adoção do renminbi nas transações internacionais é um processo sem volta”, diz Daniel Lau, diretor da área de China Desk da consultoria KPMG. “O Brasil não ficará fora dessa tendência, inclusive pelo peso que a China tem na balança comercial brasileira.”

Aqui, porém, o processo é embrionário e não acompanha o ritmo verificado em outros países. Na Austrália, o volume de pagamentos em RMB cresceu quase 250% em 2013, segundo a Western Union, maior empresa do mundo em serviços globais de pagamentos. O Reino Unido e a França também se movimentaram

rapidamente para adotar o RMB. “Em nações latino-americanas, o processo tem sido mais lento pelas décadas de familiaridade com o uso do dólar”, diz Zak Tyler, diretor de desenvolvimento de negócios para a América Latina da Western Union. A participação do RMB nas transações

internacionais mais do que dobrou entre janeiro de 2013 e fevereiro deste ano (volume global de pagamentos)

Fonte: Swift

Janeiro de 2013 Fevereiro de 2014

Euro

40%

38%

Dólar

33%

32%

Libra

8%

9%

Iene

2,5%

2,5%

Dólar

australiano

1,8%

1,8%

Renminbi

12º

0,6%

1,4%

Salto asiático

McDonald´s, a Ford, a varejista britânica Tesco e a Volkswagen, também experimentaram a emissão em RMB – moeda que, em um ano, passou da 13ª para a oitava posição no ranking das mais negociadas pelo mundo.

Para faturar em renminbi As operações no mercado de capitais

internacional são uma das facetas do aumento da relevância do renminbi. No comércio exterior, clientes e fornecedores mostram-se cada vez mais interessados em faturar em moeda chinesa. Segundo o HSBC, 77% das empresas chinesas esperam fechar negócios em RMB até 2015 – e 41% delas estão dispostas a oferecer melhores condições para isso.

O uso internacional da moeda chinesa vem crescendo rapidamente: o total de negociações offshore alcançou 1,2 trilhão de yuans no primeiro semestre de 2012 – 30% a mais em relação a 2011. A moeda já corresponde a 10% do total negociado internacionalmente pela China e pode atingir 30% até 2015, de acordo com pesquisa do HSBC. Desde junho de 2012, todas as importadoras e exportadoras chinesas podem fazer e receber pagamentos em renminbi por bens, serviços e outros itens cobertos pelo China’s Renminbi Trade Settlement Scheme – conjunto de diretrizes que regulam o uso da moeda nas transações comerciais entre as companhias da China continental e as de outros centros. Mais um avanço rumo à internacionalização da moeda.

Contêineres no Porto do Rio de Janeiro: em 2013, a China foi a principal vendedora e compradora do Brasil

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Depois de uma leve queda em 2012, o fluxo comercial (operações de câmbio relacionadas a exportações e importações) entre o Brasil e a China voltou a crescer (em bilhões de dólares)

Intercâmbio intenso

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

37 56 77 75 83

2009 2010 2011 2012 2013

Empresas pioneiras

No Brasil, as empresas começam, aos poucos, a aderir ao renminbi. Em 2009, a filial brasileira da Gree, fabricante de aparelhos de ar-condicionado, liquidou uma operação de importação de componentes chineses com RMB sem utilizar o dólar, moeda comumente tida como referência nesse tipo de transação. Na ocasião, a companhia depositou 1,7 milhão de reais na subsidiária do Bank of China em São Paulo. Em menos de uma semana, o dinheiro estava disponível no país asiático, já convertido em renminbi.

Em fevereiro do ano passado, o HSBC realizou uma operação semelhante entre a varejista brasileira de brinquedos Gala Embalagens e a chinesa Delta, sua parceira na produção. A transação foi no valor de 232 000 reais, o equivalente a 732 000 yuans. Tudo começou quando um representante da Gala viajou à China para conhecer a Delta. Lá, soube que um brasileiro trabalhava no escritório local do HSBC e poderia ajudá-lo na transação. Sem a barreira do idioma e com a conveniência e o conforto de tratar com um conterrâneo, o executivo se sentiu confiante em fechar a operação em RMB. O desfecho dessa história revela que a resistência à adoção de novas moedas pode ter origem em hábitos arraigados e não necessariamente em decisões racionais.

As vantagens do renminbi

As empresas do setor financeiro também precisam se adaptar a esse tipo de demanda.

“A maioria das companhias faz pagamentos internacionais em dólar e euro, portanto, os prestadores de serviços financeiros, em geral, não precisavam oferecer um conjunto amplo de moedas”, diz Tyler, da Western Union. “Com o aumento da internacionalização das empresas brasileiras, a adoção do renminbi como moeda não vai ser um ‘luxo’, mas uma necessidade.” Segundo Tyler, não há mais burocracia para realizar operações em RMB. “O ato de enviar um pagamento em renminbi a partir do Brasil não é mais complicado do que realizá-lo em euros ou dólares”, diz. “A questão é encontrar um provedor de serviços financeiros

acostumado a fazer esse tipo de transação. A experiência da Gala mostra os benefícios financeiros para quem escolhe o RMB como moeda de troca. Uma delas, segundo Lau, da KPMG, é a isenção de taxas cambiais, já que, neste caso, não é preciso passar pelo dólar ou euro para realizar as operações. “Ao fechar diretamente com o fornecedor, recebemos um desconto de 3%, o equivalente à margem de risco cambial para uma eventual transação na moeda americana”, diz Faber Lalucci, sócio da Gala. Para as empresas chinesas, mais uma vantagem. Como os custos estão vinculados ao RMB, elas não ficam à mercê das variações cambiais das moedas estrangeiras.

Uma força do Brics

As transações em RMB deverão ganhar um reforço com o avanço do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Em julho, depois da Copa do Mundo, os líderes desses países se reunirão em Fortaleza, no Ceará, para discutir os rumos do bloco. O ápice do encontro será um acordo para a criação do Arranjo Contingente de Reservas, ou Banco do Brics, como passou a ser chamado informalmente. Trata-se de um fundo de fomento para ajuda mútua e financiamento de projetos nos países-membros. Ainda há pontos a serem discutidos, como aqueles referentes ao aporte de capital para compor o fundo. Mas a proposta é de alocar 100 bilhões de dólares.

A contribuição de cada membro irá variar de acordo com o porte de sua economia. Assim, a China participaria com 41% dos recursos, enquanto Brasil, Rússia e Índia entrariam com 18% cada um. A África do Sul contribuiria com 5%. E como isso influenciaria o uso do renminbi? “Não faria sentido que os cinco países utilizassem as moedas globais tradicionais nas trocas comerciais”, diz Marcos Troyjo, diretor do BricLab, centro de estudos sobre o grupo de países emergentes da universidade americana de Columbia.

Como a China teria uma participação maior no Banco do Brics, o renminbi poderia ser uma das moedas de referência para a instituição Vista aérea da

capital Pequim, na China: as previsões indicam que o RMB será a terceira moeda mais negociada no mundo até 2020

ganhar espaço como meio de pagamento nas transações entre os países-membros. Grandes exportadoras brasileiras, como a Petrobras e a Vale, terão um papel fundamental na adoção do RMB, já que a China representa um de seus principais mercados. Com isso, a tendência é que outras companhias sigam o mesmo caminho. “Na medida em que perceberem que o renminbi veio para ficar, as empresas brasileiras irão, cada vez mais, adotá-lo”, diz Tyler, da Western Union.

(6)

Desenvolvimento à vista

A abertura do mercado para ampliar a aceitação do renminbi é animadora,

mas envolve desafios, como a reforma do setor financeiro na China

D

esde o início desta década, quando a China decidiu transformar o renminbi em uma moeda internacional, os avanços foram notáveis. Um indicador do vigor desse processo é a participação do RMB no volume global de pagamentos. Entre janeiro de 2013 e fevereiro deste ano, o índice passou de 0,6% para 1,4%. Resultado da força da economia chinesa e da habitual determinação na condução da política monetária, a consolidação desse movimento colocará a China diante de importantes desafios.

Entre eles, está a necessidade de liberação dos juros e do câmbio – num ritmo que não seja lento demais e retarde o processo nem rápido a ponto de causar turbulências na economia doméstica. A expansão do crédito também deverá ser estimulada a fim de garantir o crescimento sustentado da economia, mantendo a inflação sob controle e evitando o aumento desenfreado de empréstimos informais. Essas medidas – essenciais para o fortalecimento do RMB – foram ratificadas pelo Partido Comunista Chinês no fim do ano

Uma força chinesa

A consultoria Economist Intelligence Unit perguntou a 200 executivos se o RMB será uma moeda de reserva no futuro. A maioria acredita que sim

Fontes: (1) BIS – 2010 (2) ESTIMATIVA do HSBC, para 2010, se o renminbi fosse 100% conversível e Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China

Chineses Outras nacionalidades

Sim, e ultrapassará

o dólar Sim, mas não

ultrapassará o dólar Não

No futuro, o yuan será de plástico

Como a maior nota na China é de 100 yuans (o equivalente a 36 reais), os chineses costumavam carregar sacolas de dinheiro para comprar itens mais caros, como carros. Com o advento dos cartões, tudo mudou:

Um em cada quatro chineses já possui cartão de crédito

A expectativa da MasterCard é de que, em 2020, esse número chegue a 900 milhões No fim de 2012, havia 331 milhões de cartões de crédito no país

O número de cartões cresce 19% ao ano na China passado. O desafio agora é estabelecer a

dose dos ingredientes necessários à mudança. Um dos pontos centrais é a reforma do setor financeiro. De acordo com Fernanda Chang, diretora de China Desk na EY, multinacional de auditoria e consultoria, 95% de todo o dinheiro emprestado por bancos chineses tem como destino empresas estatais. Companhias privadas, em sua grande maioria, tomam recursos no mercado informal, nos chamados

“shadow banks”. “Mas isso está mudando e a China está aprendendo muito com os investimentos que os bancos estrangeiros estão fazendo por lá”, diz Fernanda.

Com as mudanças em curso, acredita-se que parte das oportunidades de negócios migrará das grandes estatais para as pequenas e médias companhias. Em 2006, o sistema financeiro chinês emprestou 23,8 trilhões de yuans. Desse total, 52% tinham como destino grandes empresas. As médias e as pequenas ficavam com 25% e 12%, respectivamente, enquanto 10% foram direcionados para o crédito

Uma simulação do HSBC mostra como seria, em 2010, o movimento diário global das moedas se o RMB fosse 100% conversível

Dados reais(1) Simulação(2)

Quanto mais livre, melhor

Dólar Euro Iene Libra RMB 3,4 3,5 1,6 1,5 0,7 0,8 0,5 0,6 0,1 1,2 (em trilhões de dólares)

ao consumidor. Nas previsões da consultoria McKinsey, essa divisão estará totalmente invertida em 2021, quando a maior parte (35%) dos 174 trilhões de yuans de empréstimos ficará com pequenas empresas. As grandes ficarão com 26%; as médias, com 18%; e os recursos para o consumidor, com 22%.

O novo cenário exigirá capacidade de adaptação das empresas chinesas, diz Hsia Hua Shen, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. “A moeda chinesa continuará sendo monitorada, mas a tendência é que ela fique cada vez mais livre, com valor definido pelo mercado”, afirma. “Companhias chinesas que vivem do comércio exterior ficarão mais expostas a riscos cambiais e terão que aprender a conviver com eles.” Por isso, diz, o uso de ferramentas de gestão de riscos financeiros será importante.

“Isso está nos planos do governo, mas ainda em fase de experimentação. O que, no caso da China, significa que, em breve, estarão implantadas e talvez provocando mais uma revolução na economia do país e, por tabela, do mundo.

Existem hoje quatro centros offshore de renminbi: Hong Kong, Cingapura, Londres e Taiwan

Você sabia que...

Segundo Qu Hongbin, economista chefe para a China do HSBC, a moeda chinesa:

É uma das dez mais utilizadas para pagamentos em todo o mundo

Mais de 10 000 instituições financeiras fazem negócios com a China. Em 2011, eram apenas 900 O mercado de bônus offshore de renminbi – o bônus dim sum” – dobra a cada ano desde 2008

20% do comércio da China é liquidado em renminbi; em 2010, era apenas 3% A China tem acordos de swap de moeda com pelo menos 20 bancos centrais, inclusive com o Brasil 62% 43% 32% 40% 6% 16%

Para mais informações acesse: hsbc.com.br/globalconnections

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