• Nenhum resultado encontrado

ESTRESSE E ENGAGEMENT NO TRABALHO DOCENTE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ESTRESSE E ENGAGEMENT NO TRABALHO DOCENTE"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

ESTRESSE E ENGAGEMENT NO TRABALHO DOCENTE

PORTO-MARTINS, Paulo Cesar – UP paulocpmar@yahoo.com.br AMORIM, Cloves A. - PUCPR clovesamorim@hotmail.com Eixo Temático: Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo

A prática docente, dentro dos estudos de saúde mental, é tradicionalmente vinculada com o sofrimento psicológico, fato este que esta em sintonia com o modelo médico tradicional que prioriza a nosologia e o sofrimento em detrimento do estudo do bem estar. Os professores, de maneira geral, enfrentam condições como: baixos salários, falta de participação nas decisões da instituição, pressão para se manterem atualizados, entre outros fatores que tornam esta categoria profissional susceptível ao desenvolvimento do estresse. Tais dificuldades são consideradas como agentes estressores, levando ao estresse pela alteração da homeostase do organismo. Porém, nem sempre o estresse é algo necessariamente negativo (eustresse) podendo trazer prazer e satisfação, mesmo acarretando transtornos e desgaste de energia. Por outro lado, o construto engagement no trabalho é considerado como uma resposta positiva em decorrência de estressores do ambiente laboral, sendo formado por três dimensões básicas:

vigor, dedicação e absorção. O engagement no trabalho tem sido estudado mais recentemente em nível mundial, sendo inicialmente tido como um fenômeno inverso à síndrome de burnout.

O objetivo do presente estudo foi realizar uma pesquisa documental acerca do engagement no trabalho na atividade docente. Para tanto utilizou-se as seguintes bases de dados: MedLine;

Scielo; Lilacs e Ibecs. Como resultado encontrou-se estudos nacionais com o termo engagement , no entanto, nenhum deles referia-se ao constructo abordado neste trabalho para nenhum tipo de categoria profissional. Com relação a outros países, foi encontrado apenas um artigo publicado no Journal of School Psychology, no ano de 2006, indicando o pouco interesse, no meio científico, em relação aos aspectos positivos na prática docente. A docência é considerada como uma atividade estressante, merecendo especial atenção não apenas para sua profilaxia no que se refere ao estresse, mas também para tornar esta profissão mais prazerosa e geradora de saúde, mais especificamente de engagement no trabalho.

Palavras Chaves: Docência. Estresse. Engagement no trabalho.

Introdução

Esta comunicação inicialmente abordará o tema do estresse docente e, em seguida,

será apontado o engagement no trabalho. O primeiro processo é tido como uma resposta

nociva, sendo que o segundo tem sido considerado como o seu inverso, isto é, como uma

(2)

15964

forma de relação positiva com a prática profissional. Pelo ineditismo do constructo engagement no trabalho no Brasil, este terá uma predominância maior.

Abordar o tema do trabalho dos professores, segundo Alves (2010) significa estar diante de um universo de amplos aspectos, com vários temas a serem ponderados, como as questões relativas aos saberes profissionais, formação, gestão, políticas de ensino, entre tantos outros. A saúde docente é o objeto desta mesa redonda e, a proposição desta contribuição, é compreender os mecanismos desencadeadores, as condições do exercício profissional, os fatores precipitantes que levam ao estresse, assim como discorrer sobre o constructo engagement no trabalho docente, tido como um fator modulador do estresse.

O professor não é apenas um mero transmissor de conteúdos, um instrumento para fornecer informações aos alunos. Para isto os meios de comunicação e, em especial a internet, cumprem bem esta função. Dele se requer muito mais que isso, tendo um papel muito mais complexo e importante na sociedade.

Nessa realidade “o professor se tornou um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador e, sobretudo, um organizador da aprendizagem” (GADOTTI, 2005, p.18). Segundo este mesmo autor (2005, p.17) “o professor é muito mais um mediador do conhecimento, diante do aluno que é sujeito da sua própria formação”.

Facci (1998, p.28) relata que o papel do professor “é muito mais atuante do que apenas uma pessoa que oferece condições, que dá pistas para que o aluno construa por si só o conhecimento, como se este aprendesse independentemente da escola”. “Na atualidade, o papel do professor extrapolou a mediação do processo de conhecimento do aluno, o que era comumente esperado” (GASPARINI; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2005, p.191).

Para Gadotti (2005, p.28-29) “a competência do professor não se mede pela sua capacidade de ensinar – muito menos lecionar – mas pelas possibilidades que constrói para que as pessoas possam aprender, conviver e viverem melhor”. Levando em conta que “o aprendizado ocorre mediante a inserção do indivíduo em um grupo cultural, promovendo o desenvolvimento das funções psicológicas superiores (pensamento, percepção, memória, raciocínio e volição)” (TULESKI et al, 2005, p.135).

Autores como Lara, Tanamachi e Lopes (2006, p.477) complementam que “o

professor como responsável por conduzir, dirigir e orientar as atividades educativas”. “Não

pode ser um mero executor de currículo oficial e a educação já não é mais propriedade da

escola, mas de toda a comunidade” (GADOTTI, 2005, p.26).

(3)

15965

Com relação à responsabilidade social dos docentes Souza-Neto (2005, p.256) relata que “os profissionais da educação, nomeadamente os professores e professoras, por intermédio da sala de aula, tiveram e têm grande responsabilidade sobre os destinos que a sociedade tomou e toma”.

Prática docente e estresse

Amorim (2009) lista alguns eventos estressantes na pratica docente: idealismo no exercício da profissão, expectativas na carreira, lutos, fofocas no ambiente de trabalho, problemas familiares e sentimentos de incapacidade para fazer frente às demandas que se apresentam no cotidiano escolar. Este mesmo autor não descarta as fontes ditas institucionais, elencando entre estas: conflitos interpessoais (basicamente indisciplina e desmotivação dos alunos), sobrecarga e dinâmica das atividades profissionais docente.

Lipp (2002) apresenta uma lista de eventos que podem ser causadores de estresse no professor: falta de formação científica, punição e injustiça; cultura organizacional baseada na ameaça, falta de comunicação, pressão do tempo, restrição ao desenvolvimento pessoal, a própria carreira docente, condições de trabalho, colegas, a modalidade de gestão empregada na escola e o clima de trabalho (AMORIM, 2009, p.113)

Jesus (2007, p. 18 e 19) apesar de propor uma mudança do foco do mal-estar docente para o bem-estar, lista, citando Esteve (1991; 1992), treze eventos estressores do professor:

(1) O aumento das exigências em relação ao professor; (2) A inibição educativa de outros agentes de socialização; (3) O desenvolvimento de fontes de informação alternativa á escola;

(4) A ruptura do consenso social sobre a educação; (5) O aumento das contradições no aumento da docência; (6) A mudança de expectativas em relação ao sistema educativo; (7) A modificação do apoio da sociedade ao sistema educativo; (8) A menor valorização do trabalho do professor; (9) A mudança dos conteúdos curriculares; (10) As mudanças nas relações entre o professor e o aluno; (11) A fragmentação do trabalho do professor; (12) As deficientes condições de trabalho; (13) E a escassez de recursos materiais.

Witter (2002) ao analisar a produção científica e o estresse do professor, aponta as seguintes variáveis como fontes estressoras: história de vida, contingências de vida familiar, características pessoais, conhecimento e prática do controle do estresse, carreira docente, condições de trabalho, gestão acadêmica, o aluno, ambiente/clima de trabalho, entre outros.

Todavia, Dunham (citado por JESUS, 2007), salienta que “[...]a dificuldade em administrar a

(4)

15966

desmotivação e a indisciplina dos alunos é o fator de estresse apontado com maior frequência nas pesquisas realizadas em diversos países” ( p. 19).

Engagement no trabalho e atividade docente

A arte de ensinar demanda criatividade, alegria e amor ao que se faz, sentimentos que estão em sintonia com o constructo engagement no trabalho.

A condição psicológica dos professores inegavelmente é fator de relevante impacto para a qualidade da grande responsabilidade que é o ato de lecionar. Diante dos desafios de se estudar as condições psicológicas destes trabalhadores, encontra-se uma dificuldade técnica em abordar indicadores de saúde e “felicidade” pois, conforme autores como Maslach e Leiter, 2008; Maslach et al., 2001; Salanova et al. (2000); Salanova e Schaufeli (2009), a grande prioridade da ciência sempre foi o sofrimento diante do trabalho, como por exemplo o estresse, a depressão e síndrome de burnout, em detrimento dos aspectos positivos como o engagement no trabalho.

O engagement no trabalho pode ser considerado como um constructo que vem em resposta a este modelo médico tradicional, de priorizar o sofrimento em detrimento do bem estar, que pode ser considerado como um movimento relativamente recente em nível mundial, característica ainda mais acentuada dentro das publicações brasileiras.

As pesquisas empíricas sobre engagement no trabalho datam do princípio da década de 90, tendo seu início com o estudo de Willian A. Kahn, que foi o responsável pela conceituação acadêmica do termo engagement (SALANOVA; SCHAUFELI, 2009).

Kahn conceituou engagement no trabalho como a oportunidade dos membros de uma organização aproveitarem seus próprios papéis pessoais. Desta forma, as pessoas utilizam-se e expressam a si mesmas, física, cognitiva, emocional e mentalmente durante suas atividades (KAHN, 1990).

O engagement no trabalho pode ser definido como um estado cognitivo positivo, (BAKKER et al., 2007; BAKKER et al., 2008; LLORENS; SCHAUFELI; BAKKER;

SALANOVA, 2007; MORENO-JIMÉNEZ et al., 2010; SCHAUFELI et al., 2002;

SCHAUFELI; BAKKER, 2004), sempre relacionado com o trabalho (BAKKER et al. 2007;

BAKKER et al., 2008; SALANOVA et al. 2000; SCHAUFELI et al., 2002; SCHAUFELI;

BAKKER, 2004), persistente no tempo, (LLORENS et al., 2007; MORENO-JIMÉNEZ et al.,

2010; SALANOVA et al. 2000; SCHAUFELI et al., 2002), de natureza motivacional e social,

(5)

15967

(SALANOVA; SCHAUFELI, 2009) e não é focado em um único objetivo, evento ou situação (SCHAUFELI et al., 2002; MORENO-JIMÉNEZ et al., 2010). É caracterizado por vigor, dedicação e absorção (BAKKER et al., 2007; BAKKER et al., 2008; MORENO-JIMÉNEZ et al., 2010; SALANOVA et al., 2000; SCHAUFELI et al., 2002; SCHAUFELI; BAKKER, 2004), composto por fatores de conduta que traduz energia (vigor), emocional (dedicação) e cognitivo (absorção) (SALANOVA; SCHAUFELI (2009).

Existe também uma concepção de que engagement no trabalho é caracterizado por energia, envolvimento e eficácia profissional, o que para autores como Maslach e Leiter (1997) seriam os opostos diretos das três dimensões da síndrome de burnout. Nesta perspectiva, o engagement no trabalho é medido por um padrão oposto aos escores das dimensões da síndrome de burnout avaliados pelo Maslach Burnout Inventory – MBI (MASLACH e cols., 1996). Dentro desta compreensão, engagement no trabalho é considerado quando se apresentam baixos resultados em exaustão emocional e desumanização (despersonalização), bem como altos escores em eficácia profissional, isto é, as três dimensões avaliadas pelo MBI (MASLACH et al., 2001), perspectiva que não obteve respaldo de outros pesquisadores (BAKKER et al., 2008; SCHAUFELI et al., 2002).

Há diversos conceitos que se correlacionam positivamente com o engagement no trabalho como, por exemplo, compromisso organizacional (SALANOVA et al, 2000;

BAKKER; LEITER, 2010). Bakker e Leiter, (2010) verificaram associação positiva e significativa entre engagement e pró atividade, assim como com iniciativa, qualidade no trabalho, auto-eficácia, dependência no trabalho (workaholism). Carvalho et al. (2006) identificaram correlação com o constructo de resiliência.

Com relação a aferição do engagement no trabalho, o UWES (Utrecht Work Engagement Scale) é o instrumento mais utilizado mundialmente (BAKKER e cols., 2008) e está constituído pelas três dimensões básicas: vigor, dedicação e absorção.

Vigor é caracterizado por altos níveis de energia (BAKKER e cols., 2008; BAKKER;

LEITER, 2010; GONZÁLEZ-ROMÁ et al., 2006; SALANOVA et al., 2000; SCHAUFELI et al., 2002), persistência (BAKKER et al., 2008; GONZÁLEZ-ROMÁ et al., 2006;

SALANOVA v., 2000; SCHAUFELI et al., 2002), desejo de se dedicar ao trabalho (BAKKER v., 2008; GONZÁLEZ-ROMÁ et al., 2006; SALANOVA et al., 2000;

SCHAUFELI v., 2002) e resiliência mental nas atividades laborais (BAKKER et al., 2008;

BAKKER; LEITER, 2010; GONZÁLEZ-ROMÁ et al., 2006; SCHAUFELI et al., 2002).

(6)

15968

A dimensão denominada dedicação se caracteriza pelo sentimento de estar plenamente concentrado (involved) na realização da atividade profissional (BAKKER et al., 2008;

BAKKER; LEITER, 2010; SALANOVA et al., 2000), sensação de que o tempo passa

“voando” e o profissional se “deixa levar” pelo trabalho (SALANOVA et al., 2000), inspiração (BAKKER et al., 2008; GONZÁLEZ-ROMÁ et al., 2006; SALANOVA et al., 2000; SCHAUFELI et al., 2002), orgulho (BAKKER et al., 2008; GONZALEZ-ROMÁ et al., 2006; SALANOVA et al., 2000; SCHAUFELI et al., 2002), desafio (BAKKER et al., 2008;

GONZÁLEZ-ROMÁ et al., 2006; SCHAUFELI et al., 2002), gostar de desafios profissionais (SALANOVA et al., 2000); significado laboral (BAKKER et al., 2008; BAKKER; LEITER, 2010; GONZÁLEZ-ROMÁ et al., 2006; SALANOVA et al., 2000; SCHAUFELI et al., 2002) e entusiasmo (BAKKER et al., 2008; BAKKER; LEITER, 2010; GONZÁLEZ-ROMÁ et al., 2006; SALANOVA et al., 2000; SCHAUFELI et al., 2002).

A terceira dimensão, absorção, se caracteriza pela sensação de estar plenamente concentrado e feliz na realização do trabalho (BAKKER et al., 2008; BAKKER; LEITER, 2010; GONZÁLEZ-ROMÁ et al., 2006; SALANOVA et al., 2000; SCHAUFELI et al., 2002), sensação de que o tempo passa “voando” e o trabalhador se “deixa levar” pelo trabalho (BAKKER et al., 2008; GONZÁLEZ-ROMÁ et al., 2006; SALANOVA et al., 2000;

SCHAUFELI et al., 2002)

1

e dificuldade de se distanciar do trabalho (GONZÁLEZ-ROMÁ et al., 2006; SCHAUFELI et al., 2002). Uma possível consequência negativa desta característica é a dificuldade da pessoa se “separar” de suas atividades laborais devido às emoções positivas experimentadas durante o trabalho (SALANOVA; BRESÓ; SCHAUFELI, 2005; MORENO- JIMÉNEZ et al., 2010).

Com o objetivo de verificar a situação atual das publicações referente ao engagement no trabalho realizou-se uma busca, no mês de agosto de 2011, utilizando-se para tal as bases de dados: MedLine; Scielo; Lilacs e Ibecs. Os resultados obtidos encontram-se a tabela 1.

Tabela 1 – Detalhamento da busca realizada em bases de dados científicas

Base de dados Palavra(s) Chave(s) Local Resultados

Lilacs engagement descritor 0

Ibecs engagement descritor 0

Medline engagement descritor 0

Scielo engagement título 26

Lilacs Engagement titulo 26

Ibecs Engagement Título 9

Medline Engagement Título 2500

1

A sensação de que o tempo passa “voando” e o trabalhador se “deixa levar” pelo trabalho é descrita

em ambas as dimensões (dedicação e absorção).

(7)

15969

Scielo Engagement Título 0

Lilacs Engagement and Work and teacher Título 0

Ibecs Engagement and Work and teacher Título 0

Medline Engagement and Work and teacher Título 0

Scielo Engagement and Work and profesor Título 0

Lilacs Engagement and Work and profesor Título 0

Ibecs Engagement and Work and profesor Título 0

Medline Engagement and Work and professor Título 0

Scielo Engagement and Work and professor Título 0

Lilacs Engagement and Work and professor Título 0

Ibecs Engagement and Work and professor Título 0

Medline Engagement and Work and professor Título 0 Fonte: Dados organizados pelos autores, fundamentada nas bases de dados citadas.

Entre os resultados não foi encontrado nenhuma pesquisa no idioma português com o constructo engagement no trabalho. Houve predomínio na língua inglesa e espanhola.

Os artigos encontrados em língua portuguesa, com o termo engagement, abordavam principalmente questões políticas como por exemplo “dedicação pública” ou “envolvimento político”m não sendo compatível com o termo utilizado no presente estudo.

Ainda com relação à busca realizada, foi encontrado apenas um artigo referente a engagement no trabalho envolvendo professores, trabalho intitulado “Burnout and work engagement among teachers” publicado no “Journal of School Psychology” no ano de 2006.

Neste artigo, como já ressaltado, é informado que na literatura os aspectos negativos da saúde ocupacional dos professores possuem predomínio sobre os aspectos positivos.

A pesquisa contou com uma amostra de 2038 professores da Finlândia e foram convidados a participar da pesquisa mediante carta convite enviada pelo correio, juntamente com um envelope selado para ser enviado aos pesquisadores. A taxa de resposta foi de 52%, considerada acima do esperado pelos autores quando comparada com outras pesquisas que utilizaram esta mesma metodologia.

O instrumento empregado para avaliação foi o UWES, sendo que os principais dados e conclusões encontradas neste artigo foram de que:

• os recursos laborais (condições de trabalho, físicos e psíquicos) predizem o engagement no trabalho;

• os professores com maior motivação possuem tendência a ter maior índice de engagement no trabalho;

• as escolas podem corroborar com o engagement no trabalho propiciando comprometimento, incentivando envolvimento com a coletividade;

• as demandas laborais se relacionam negativamente com a saúde laboral através do

impacto apresentado pela síndrome de burnout;

(8)

15970

• existem dois processos simultâneos na atividade docente: a.) o primeiro, denominado de energético, onde as demandas laborais predizem problemas de saúde através do burnout; b.) o segundo pode ser chamado de motivacional, no qual os recursos laborais são importantes estimuladores de comprometimento laboral através do engagement no trabalho;

• as escolas podem desenvolver comprometimento coletivo por meio da disponibilização de oportunidades para os professores estarem progressivamente desenvolvendo competência e compartilhamento de possibilidades de tomada de decisões;

• os professores que são aptos a desenhar (elaborar) recursos laborais como controle, apoio de supervisores e inovação devem (sentido de probabilidade) se tornar mais vigorosos, dedicados e engajados (com engagement no trabalho) com seus trabalhos e também sentir um maior comprometimento;

• a atividade docente é tradicionalmente vista como uma profissão com altos níveis de comprometimento para a formação continua, que pode ser uma chamada para varias profissões de ingresso à vida laboral;

• na realidade escolar, assim como qualquer ambiente laboral, inclui alterações e mudanças.

Conclusão

A história do trabalho relata-nos uma predominância de aspectos relacionados à sentimentos negativos, a experiências desagradáveis, com especial papel ao estresse.

Atualmente, com o desenvolvimento da sociedade, as atividades laborais deixaram de ser uma forma de castigo e sofrimento para fazer parte do cotidiano de praticamente todos os seres humanos.

Em nossa sociedade trabalhar não significa mais, necessariamente, agonia e desgosto.

Todavia, infelizmente, muitas pessoas adoecem e sofrem em decorrência do desgaste

profissional, mesmo com o advento das máquinas e da tecnologia que se desenvolveram

justamente para amenizar a labuta. O contexto da dor e do sofrimento no trabalho vem

recebendo atenção acadêmica ao longo dos anos, fato que não tem acontecido no mesmo nível

em relação à saúde e ao bem estar.

(9)

15971

A condição física e psicológica do trabalhador é de fundamental importância para a atividade profissional. A arte de ensinar envolve diretamente o lidar com a subjetividade e formação dos alunos, atividade que para ser exercida requer profissionais bem preparados e que tenham boas condições de trabalho, como por exemplo, que se sintam absorvidos por sua atividade, tenham prazer em dedicar-se a ela e sintam-se repletos de energia para suas atividades. Os fatores mencionados: absorção, dedicação e vigor, compõe o constructo idealizado pelo pesquisador holandês Wilmar Schaufeli, denominado engagement no trabalho. Este constructo, apesar de contar com um banco de dados mundial com mais de 30.000 pessoas e instrumento traduzido em 19 idiomas (SALANOVA e SCHAUFELI, 2009), é praticamente desconhecido no Brasil. Com relação ao estudo do engagement no trabalho envolvendo professores, encontrou-se apenas um artigo publicado, indicando o pouco interesse, no meio científico, em relação aos aspectos positivos na prática docente

REFERÊNCIAS

ALVES, Wanderson F. O trabalho dos professores: saberes, valores, atividade. Campinas- SP: Papirus, 2010.

AMORIM, C. Promovendo a saúde do professor. In SILVA, M. B. (org.) Consultoria em Psicologia Escolar e Educacional: Princípios teóricos e técnicos e contribuições de práticas sistematizadas. Curitiba – PR: Editora Juruá, 2009, p.105-123.

BAKKER, A.; DEMEROUTI, E.; HAKANEN, J. J.; XANTHOPOULU, D. Job resources boost work engagement, particularly when job demands are high. Journal of Educational Psychology, v.99, n.2, p.274-284, 2007.

BAKKER, A. B.; SCHAUFELI, W. B.; LEITER, M. P.; TARIS, T. W. Work engagement: an emerging concept in occupational health psychology. Work & Stress, v.22, n.3, p.187-200, 2008.

BAKKER, A.; LEITER, M. P. Where to go from here: integration and future research on work engagement. In: A. B. Bakker & M. P. Leiter (coords.). Work engagement: a

handbook of essential theory and research (). New York: Psychology Press. 2010. p.181- 196.

BARROS, M. E. B.; HECKERT, A.L,; MARGOTTO, L. (orgs.) Trabalho e Saúde do professor. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

CARVALHO, V. A. M. L.; CALVO, B, F; MARTÍN, L, H; CAMPOS, F, R; CASTILLO, I, C. (2006). Resiliencia y el modelo burnout-engagement en cuidadores formales de ancianos.

Psicothema, v.18, n.4, p.791-796, 2006.

(10)

15972

FACCI, M. G. D. O psicólogo nas escolas municipais de Maringá: a história de um

trabalho e a análise de seus fundamentos teóricos. 1998. Dissertação (Mestrado) Universidade Estadual Paulista, Marília, 1998.

GADOTTI, M. Boniteza de um sonho: ensinar e aprender com sentido. Curitiba: Positivo, 2005.

GASPARINI, S. M; BARRETO, S. M; ASSUNÇÃO, A. A. O professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde. Revista Educação e Pesquisa, v. 31, n. 2, p. 189-199, 2005.

GONZÁLEZ-ROMÁ, V.; SCHAUFELI, W. B.; BAKKER, A. B.; LLORET, S. Burnout and work engagement. Independent factors or opposite poles? Journal of Vocational Behavior, v.68, p.165-174, 2006.

HAKANEN, J.J.; BAKKER, A.B.; SCHAUFELI, W.B. Burnout and work \engagement among teachers. Journal of School Psychology, v.43, p.495-513, 2006.

KAHN, W. A. Psychological conditions of personal engagement and disengagement at work.

Academy of Management Journal, v.33, n.4, p.692-724, 1990.

JESUS, S. N. Professor sem stress: Realização e bem-estar docente. Porto Alegre:

Mediação, 2007.

LARA, A. F. L; TANAMACHI, E. R; LOPES. J.J. Concepções de desenvolvimento e de aprendizagem no trabalho do professor. Psicologia em Estudo, v.11, n.3, p.473-482, 2006.

LIPP, M. (org.) O stress do professor. Campinas-SP: Papirus, 2002.

LIMA, M.F.E M. e LIMA-FILHO, D.O. Condições de trabalho e saúde do/a professor/a universitário/a. In.: Ciência e Cognição, v. 14, n.3, p.062-082, 2009.

LLORENS, S.; SCHAUFELI, W.; BAKKER, A.; SALANOVA, M. Does a positive gain spiral of resources efficacy beliefs and engagement exist? Computers in Human Behavior, v.23, p.825-841, 2007.

MASLACH, C.; JACKSON, S. E.; LEITER, M. P. Maslach Burnout Inventory Manual, 3.ed. Palo Alto CA: Consulting Psychology Press, 1996.

MASLACH, C.; SCHAUFELI, W. B.; LEITER, M. Job burnout. Annual Review of Psychology, v.52, p.397-422, 2001.

MASLACH, C.; LEITER, M. P. Early predictors of job burnout and engagement. Journal of Applied Psychology, v.93, n.3, p.498-512, 2008.

MORENO-JIMÉNEZ, B.; ZUÑIGA, S. C.; SANZ-VERGEL, A. I.; MUÑOZ, A. R.; PÉREZ,

M. B. El burnout y el engagement en profesores de Perú: aplicación del modelo de demandas-

recursos laborales. Ansiedad y Estrés, v.16, n.2-3, p.293-307, 2010.

(11)

15973

OLIVEIRA, M. G.M.; CARDOSO, C. L. Stress e trabalho docente na área da Saúde. In Estudos de Psicologia, Campinas, v.28, n.2, p.135-141, 2011.

ROSSA, E.G.O. Relação entre o stress e Burnout em Professores do Ensino Fundamental e Médio. In LIPP, M. (org.) O stress no Brasil: Pesquisas avançadas. Campinas: Papirus, 2004, p. 131-138.

SALANOVA, M.; SCHAUFELI, W. B.; LLORENS, S; PEIRÓ, J. M; GRAU, R. Desde el

“burnout” al “engagement”: ¿una nueva perspectiva? , v.16, n.2, p.117-134, 2000.

SALANOVA, M.; SCHAUFELI, W. B.. El engagement en el trabajo. Madrid: Alianza Editorial 2009.

SOUZA-NETO, M. F. O ofício, a oficina e a profissão: reflexões sobre o lugar social do professor. Cadernos Cedes, v.25, n.66, p.249-259, 2005.

SCHAUFELI, W. B.; SALANOVA, M.; GONZALEZ-ROMÁ, V.; BAKKER, A. B. The measurement of engagement and burnout: a two sample confirmatory factor analytic approach. Journal of Happiness Studies, v.3, p.71-92, 2002.

SCHAUFELI, W. B.; BAKKER, A. B. Job demands, job resources, and their relationship with burnout and engagement: a multi-sample study. Journal of Organizational Behavior, v.25, p.293-315, 2004.

TULESKI, S. C.; EDIT, N. M.; MENECHINNI, A. N.; SILVA, E. F.; SPONHIADO, D.;

COLCHON, P. D. Voltando o olhar para o professor: a psicologia e pedagogia caminhando juntas. Revista do departamento de Psicologia da UFF, v.17, n.1, p.129-137, 2005.

VALÉRIO, F.J.; AMORIM, C. e MOSER, A.M. A Síndrome de Burnout em Professores de Educação Física. Revista de Psicologia da IMED, v.1, n.1, p. 127-136, 2009.

WITTER, G. P. Produção científica e o stress do professor. In LIPP, M. (org.) O stress do

professor. Campinas - SP: Papirus, 2002.

Referências

Documentos relacionados

Λεπτομρεια απ ανγλυφο του ανακτρου του Σαργν στο Kορσαμπντ, 7ος αι.. Παρσι, Mουσεο Λοβρου φωτ.:

- 1 (uma) Proposta de Pesquisa dentro de uma das três linhas de pesquisa do Programa (ver Item 6.1). 4.6 Todos os documentos de inscrição devem ser reunidos num envelope,

Foi realizada uma revista da literatura onde se procurou discutir parâmetros para indicações, melhor área doadora e técnicas cirúrgicas para remoção do enxerto de calota

De acordo com estes resultados, e dada a reduzida explicitação, e exploração, das relações que se estabelecem entre a ciência, a tecnologia, a sociedade e o ambiente, conclui-se

Embora a audiência recebesse maté- ria-prima cada vez mais diversa para cada pessoa construir sua imagem do uni- verso, a Galáxia de McLuhan era um mundo de comunicação de mão

Contribuição Assistencial - De acordo com decisão da assembléia, as empresas descontarão mensalmente de todos os seus empregados, integrantes da categoria profissional,

Tendo como parâmetros para análise dos dados, a comparação entre monta natural (MN) e inseminação artificial (IA) em relação ao número de concepções e

gerontocídio indefensável.. no Brasil é uma das piores do mundo, não há previsão de queda na curva de casos e mortes, e o Governo Federal segue promovendo desinformação e