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Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 31(2):221-222, fev, 2015

EDITORIAL (ESCOLHA DAS EDITORAS) EDITORIAL (EDITOR'S CHOICE)

Vários colegas meus criticam acidamente o que chamam minha mania: usar só e somente só software livre. Dizem que é para ser do contra, afinal por que não usar o que todo mun-do usa? Se tomun-dos usam Winmun-dows, por que razão eu insisto em usar algo tão abstruso quanto o Linux?

Antes de mais nada há que se recuperar o significado da palavra livre. Software livre sig-nifica liberdade para: (i) executar o programa, para qualquer propósito; (ii) estudar o soft-ware; (iii) redistribuir cópias do programa de modo que você possa ajudar ao seu próximo; (iv) modificar o programa e distribuir estas modificações, de modo que toda a comunidade se beneficie (http://pt.wikipedia.org/wiki/Software_livre). A definição de código aberto é mais pragmática, mas garante que o código fonte do software seja “legível e inteligível por qualquer programador” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Código_aberto). Na prática, ambas as versões – livre e aberta – significam que a construção do software pode ser compartilha-da por dezenas e até mesmo centenas de programadores.

Mas qual seria a vantagem? Por que isso é importante? Afinal, o que eu sei de programa-ção caberia em duas palavras: quase nada. Pois é, para que então essa quase guerra ideo-lógica? Antes de mais nada, porque a ciência é feita coletivamente. Ocultar o código de um programa de estatística, por exemplo, implica não permitir a validação mais importante da ciência: pelos pares. Explicando melhor, podemos até comparar os resultados em dois programas diferentes, mas estudar por que se obtém diferentes resultados, e assim aperfei-çoar as técnicas, em ambiente proprietário é impossível. Aliás, o motivo é óbvio: o software foi feito para o lucro da empresa, não para o avanço do conhecimento. Por isso eu prefiro a definição “software livre”.

A ideia essencial do software livre é a mesma que define o tipo de licença de direito

autoral adotada em CSP, e fundamentada no editorial Acesso Livre1: CC-BY-NC (http://

creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/deed.pt), que permite a outros “remixar,

trans-formar, e criar a partir do material”. Essa é a proposta brilhantemente descrita no artigo que aborda a passagem do RecLink 2 para o OpenRecLink. Se desde o início os autores

pre-tendiam desenvolver o programa como um software “livre e aberto” (http://pt.wikipedia. org/wiki/Software_livre_e_de_código_aberto), por ser mais adequado ao ethos da ciência, por limitações diversas, não puderam nas versões originais manter o código aberto, o que agora se viabiliza. E por que esse imenso esforço? Pela proposta intrínseca do RecLink: um software de amplo uso no relacionamento de bases de dados secundários de saúde, cujo potencial se realiza com a ampliação da base de usuários e, na medida do possível, de novos desenvolvedores.

Desenvolver software dessa forma – livre e cooperativa – quando se concretiza na par-ticipação da comunidade interessada tem sucesso garantido. E, principalmente, qualidade garantida. De todos os exemplos, um dos que mais me encanta como usuária é o R. De um projeto que começou com dois pesquisadores em 1993 e 1.000 linhas de código, o R é hoje um software estatístico consistente, com 6.216 bibliotecas adicionais, e mais de 150 livros publicados. Fica demonstrada a vitalidade da proposta. Independentemente do gosto de cada um, a ampla participação da comunidade de estatísticos e usuários em geral é o que garante a qualidade e escopo do projeto.

No CSP damos preferência a tudo que é livre: do acesso aos artigos até os artigos que

deixam livre o acesso aos questionários 3 e códigos usados. Vamos também começar a

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discutir um assunto que passa a tomar forma nas publicações científicas: o acesso livre aos dados. Na prática, usamos Linux na maioria dos nossos computadores e aceitamos artigos em formato gerado por software livre. Por tudo isso, estou orgulhosa de publicar neste

fas-cículo o artigo Going Open Source: Some Lessons Learned from the Development of

Open-RecLink. Muito sucesso ao OpenRecLink, e que dentro de alguns anos os autores possam comemorar a décima versão, com a participação de muitos e muitos colaboradores. A pes-quisa em saúde agradece!

Marilia Sá Carvalho

Editora

1. Carvalho MS, Travassos C, Coeli CM. Acesso livre. Cad Saúde Pública 2013; 29:213-5.

2. Camargo Jr. KR, Coeli CM. Reclink: aplicativo para o relacionamento de bases de dados, implementando o método probalistic record linkage. Cad Saúde Pú-blica 2000; 16:439-47.

Referências

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