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Cad. Saúde Pública vol.27 número10

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Academic year: 2018

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Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(10):2069-2070, out, 2011 2069

Neuropatia por hanseníase: atraso no diagnóstico ou um diagnóstico difícil? Leprosy neuropathy: delayed diagnosis or a difficult diagnosis?

Marcelo Carneiro 1,2 Lia Gonçalves Possuelo 1 Andreia Rosane Moura Valim 1

1 Curso de Medicina, Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, Brasil.

2 Controle de Infecção e Epidemiologia, Hospital Santa Cruz, Santa Cruz do Sul, Brasil.

Correspondência

M. Carneiro

Curso de Medicina, Universidade de Santa Cruz do Sul. Av. Independência 2293, Santa Cruz do Sul, RS 96815-900, Brasil.

carneiromarcelo@yahoo.com.br

Caro editor,

Inicialmente, parabenizo os colegas do Ceará pelo interessante artigo 1, Neuropatia Silenciosa em Por-tadores de Hanseníase na Cidade de Fortaleza, Ceará, Brasil, visto a importância social desta patologia no Brasil, sendo negligenciada em locais de baixa preva-lência (1,4/100.000 habitantes) como o Rio Grande do Sul 2. Esse fato é preocupante, pois as queixas de

al-teração de sensibilidade cutânea são menosprezadas pela equipe de saúde, que realiza outros diagnósticos diferenciais, ocasionando o diagnóstico tardio e com incapacidades estigmatizantes e impacto nas rela-ções biopsicossociais e econômicas 3.

Em uma análise retrospectiva de 38 (100,0%) ca-sos de hanseníase, na cidade de Santa Cruz do Sul (Rio Grande do Sul), do período de 1995 a 2005, verifi-cou-se uma idade média de 50,5 (± 8,2) anos, varian-do de 20 a 75 anos. O prevarian-domínio da cor branca em 33 (86,8%) casos é uma característica regional devido à imigração alemã antes da segunda guerra mundial. O diagnóstico da forma clínica 4 mais frequente, de

acordo com a Classificação de Madri, foi a virchowia-na em 20 (52,6%) casos e, baseado virchowia-na classificação operacional da Organização Mundial da Saúde, 27 (71,1%) casos foram incluídos no grupo multibacilar. A proporção de incapacidade verificada em 15 (40%) casos foi maior do que a relatada por Leite et al. 1.

Dentre os identificados com incapacidades, 4 (26,7%) pacientes apresentavam grau I e 11 (73,3%) grau II. Infelizmente, não foi possível determinar a

frequên-cia de neuropatia silenciosa nesta análise. Na avalia-ção pós-alta as deformidades mais observadas foram úlceras plantares (13%), artropatia de Charcot (9%) e flexão fixa (“garra”) dos dedos das mãos (6%). As re-ações hansênicas ocorreram em 7 (18,4%) pacientes após a alta, sendo que 3 (42,8%) apresentaram reação reversa e 4 (57,1%) desenvolveram eritema nodoso hansênico. A neurite aguda foi verificada em 30,2% dos casos de reações dos tipos 1 e 2.

O predomínio dos casos nas formas multibaci-lares e com incapacidades motoras/neurológicas demonstra o atraso no diagnóstico em uma área de baixa prevalência e, consequentemente, o subdiag-nóstico da neuropatia silenciosa. Essas evidências permitem supor o despreparo para o reconhecimen-to das complicações dessa micobacteriose, questio-nando-se o controle epidemiológico da doença nesta localidade.

Colaboradores

M. Carneiro e L. G. Possuelo participaram da concep-ção e projeto, com análise e interpretaconcep-ção dos dados, redação do artigo e revisão crítica do conteúdo inte-lectual, e aprovação final da versão a ser publicada. A. R. M. Valim contribuiu com a revisão crítica relevante do conteúdo intelectual e aprovação final da versão.

1. Leite VMC, Lima JWO, Gonçalves HS. Neuropatia silenciosa em portadores de hanseníase na cida-de cida-de Fortaleza, Ceará, Brasil. Cad Saúcida-de Pública 2011; 27:659-65.

2. Departamento de Vigilância Epidemiológica, Secretaria de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde. Coeficiente de detecção geral de casos no-vos de hanseníase: Brasil e estados, 2009. http:// portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/graf2_ coef_casos_han_2009_1_12_10.pdf (acessado em 10/Fev/2011).

3. Oliveira MHP, Romanelli G. Os efeitos da hansení-ase em homens e mulheres: um estudo de gênero. Cad Saúde Pública 1998; 14:51-60.

4. Pardillo FEF, Fajardo TT, Abalos RM, Scollard D, Geler RH. Methods for the classification of lep-rosy for treatment purposes. Clin Infect Dis 2007; 44:1096-9.

Recebido em 10/Jul/2011

Versão final reapresentada em 11/Ago/2011 Aprovado em 22/Ago/2011

Referências

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