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INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE CURSO DE BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO SÁVIO RANGEL NOGUEIRA COLIVING E COWORKING: PROPOSTA ARQUITETÔNICA BASEADA NA ECONOMIA COMPARTILHADA CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ 2022

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INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE

CURSO DE BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

SÁVIO RANGEL NOGUEIRA

COLIVING E COWORKING: PROPOSTA ARQUITETÔNICA BASEADA NA ECONOMIA COMPARTILHADA

CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

2022

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SÁVIO RANGEL NOGUEIRA

COLIVING E COWORKING: PROPOSTA ARQUITETÔNICA BASEADA NA ECONOMIA COMPARTILHADA

Monografia apresentada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Campos – Centro como requisito parcial para a conclusão do Curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo

Orientador(a): Prof.ª: D.Sc. Simone da Hora Macedo

CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

2022

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Biblioteca Anton Dakitsch CIP - Catalogação na Publicação

Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Biblioteca Anton Dakitsch do IFF com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

N778c

Nogueira, Sávio Rangel

Coliving e Coworking: proposta arquitetônica baseada na economia compartilhada / Sávio Rangel Nogueira - 2022.

136 f.: il. color.

Orientadora: Simone da Hora Macedo

Trabalho de conclusão de curso (graduação) -- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campus Campos Centro, Curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, Campos dos Goytacazes, RJ, 2022.

Referências: f. 131 a 135.

1. Proposta arquitetônica. 2. Coliving. 3. Coworking. 4. Economia compartilhada. 5. Sustentabilidade. I. Macedo, Simone da Hora, orient. II.

Título.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por todo o direcionamento até o presente momento. Agradeço por todo cuidado e proteção ao longo desses anos, além de todo o Seu amor incondicional. Sou grato por ter tido Dele a possiblidade de conhecer pessoas tão incríveis durante a jornada acadêmica, que certamente levarei comigo por muito tempo.

Agradeço a minha família, em especial minha mãe Aparecida, e meu pai Clóvis, por todo suporte ao longo desses anos. Obrigado por serem a minha base e refúgio em todos os momentos de adversidades, por serem o meu lar. Sem vocês, nada disso seria possível!

Sou grato ao Instituto Federal Fluminense, por me fornecer uma educação de extrema qualidade e de forma gratuita, que ajudou a moldar muito do que sou hoje.

A instituição vai muito além do ensino acadêmico-profissional; as trocas realizadas e as bagagens adquiridas ao longo desses anos expandiram muito a minha forma de viver e pensar.

Agradeço a todos os professores tão queridos do curso de Arquitetura e Urbanismo. O carinho e a dedicação de cada um de vocês ajudaram a construir o momento atual, e, com certeza, ficarão eternamente marcados em meu coração. Em especial, agradeço à minha orientadora, Simone da Hora Macedo, por todo companheirismo, disponibilidade, conhecimento e carinho ao longo dessa jornada, que foi a elaboração desse trabalho final.

Agradeço a todos os meus amigos e pessoas que me apoiaram ao longo desses anos. Em especial, agradeço a Júlia e Késsyla por serem amigas tão incríveis, que foram muito importantes ao longo desse percurso. Com toda certeza, as coisas se tornaram mais leves e divertidas com vocês.

É com extrema gratidão que vivencio essa finalização de um ciclo, grato por todas as vitórias ao longo desses anos e pelos obstáculos presentes no caminho, que me fizeram aprender, e consequentemente, moldar e formar o que sou hoje.

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RESUMO

O objetivo do trabalho é a elaboração de uma proposta arquitetônica de um edifício misto, aplicando os conceitos da economia compartilhada através das tipologias Coliving e Coworking na cidade de Campos dos Goytacazes / RJ. O trabalho se justifica pela grande necessidade de estimular a interação entre as pessoas, o que se mostra cada vez mais importante após esse longo período de isolamento social devido a pandemia do COVID-19. Também se justifica por ser uma opção mais acessível aos novos profissionais e estudantes da região que desejam um espaço de moradia e trabalho de qualidade, mas não possuem condições financeiras para a aquisição de um apartamento ou escritório próprio. Essa proposta arquitetônica se baseou, em um primeiro momento, no estudo teórico, abordando os temas: evolução dos escritórios ao longo do tempo; ascensão da economia compartilhada e como ela vem moldando os espaços dentro da cidade contemporânea; e aplicação de conceitos sustentáveis na construção civil, permitindo assim o fluxo circular da obra. Para um maior entendimento dessas tipologias foi realizado um estudo de caso de um Coliving e visitas a espaços de Coworking existentes na cidade de Campos dos Goytacazes.

Também foi elaborada uma pesquisa de viabilidade com moradores da cidade, visando a formulação de um programa de necessidades que melhor os atenda. A proposta arquitetônica visa um prédio funcional e sustentável, com foco no conforto térmico, lumínico, acústico e integrado a uma nova proposta da Praça 1º de Maio. O trabalho contribui para que novos modelos de moradias e espaços de trabalho compartilhados sejam estimulados na região, a fim de fomentar um modo de vida e consumo mais colaborativo.

Palavras-chave: Proposta arquitetônica. Coliving. Coworking. Economia compartilhada. Sustentabilidade.

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ABSTRACT

The objective of the work is the elaboration of an architectural proposal of a mixed building, applying the concepts of the shared economy through the Coliving and Coworking typologies in the city of Campos dos Goytacazes / RJ. This architectural proposal will be based on the theoretical study carried out on the evolution of offices over time, on the rise of the shared economy and how it has been shaping spaces within the contemporary city, as well as on the application of sustainable concepts in civil construction, thus allowing the flow work circle. For a better understanding of these typologies, a case study of a Coliving was carried out and visits to existing Coworking spaces in the city of Campos dos Goytacazes. A feasibility survey was also carried out with residents of the city, aiming at the formulation of a program of needs that best meets them. The architectural proposal aims at a functional and sustainable building, focusing on thermal, lighting, acoustic comfort and integrated with the new proposal of Praça 1º de Maio. The work contributes to encouraging new models of shared housing and workspaces in the region, in order to foster a more collaborative way of life and consumption.

Keywords: Architectural proposal. Coliving. Coworking. Shared economy.

Sustainability.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Organização da teoria administrativa científica de Taylor...18

Figura 2 - Edifício Larking...19

Figura 3 - Recriação 3D do Edifício Larking...19

Figura 4 - Edifício da Johnson’s Wax...20

Figura 5 - Escritórios com Biombos no layout...21

Figura 6 - Edifício Leiter, Chicago, EUA...25

Figura 7 - Modelos de economia compartilhada...29

Figura 8 - Modelo de um cohousing...32

Figura 9 - Materiais sobre a tipologia tipo Coliving...32

Figura 10 - Coliving Kasa...35

Figura 11 - Modelos de produção Linear e Circular...38

Figura 12 - Exemplo de Brises...43

Figura 13 - Sistema de Captação de águas das chuvas...44

Figura 14 - Ilhas de Calor...45

Figura 15 - Construção Modular...46

Figura 16 - Coliving Kasa...48

Figura 17 - Apartamento Single Studio do Coliving “Kasa”...49

Figura 18 - Apartamento Single Suíte do Coliving “Kasa”...50

Figura 19 - Apartamento Shared Studio do Coliving “Kasa”...51

Figura 20 - Banheiro privativo dos apartamentos do Coliving “Kasa”...51

Figura 21 - Apartamento Studio Casal do Coliving “Kasa”...52

Figura 22 - Cozinha do apartamento Suíte Casal do Coliving “Kasa”...52

Figura 23 - Coworking do Coliving “Kasa”...53

Figura 24 - Espaço multifuncional 01 do Coliving “Kasa”...54

Figura 25 - Espaço multifuncional 02 do Coliving “Kasa”...54

Figura 26- Rooftop do Coliving “Kasa”...55

Figura 27 - Lavanderia do Coliving “Kasa”...56

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Figura 28 - Hamburgueria Blend´s no Coliving “Kasa”...57

Figura 29 - Recepção do Coliving “Kasa”...58

Figura 30 - Academia BootCamp City no Coliving “Kasa”...58

Figura 31 - Fachada do Coliving “Kasa”...59

Figura 32 - Arte gráfica para a fachada do Coliving “Kasa”...60

Figura 33 - Esquema das Fachadas do Coliving “Kasa”...60

Figura 34 - Croqui esquemático do Trinity Coworking...63

Figura 35 - Área de convivência do Trinity Coworking...63

Figura 36 - Varanda do Trinity Coworking...64

Figura 37 - Sala de atendimento do Trinity Coworking...65

Figura 38 - Projeto da sala de trabalho colaborativo do Trinity Coworking...66

Figura 39 - Planta baixa e Detalhamento de Marcenaria – Térreo Barão Coworking...67

Figura 40 - Planta baixa e Detalhamento de Marcenaria – 1 Pavimento Barão Coworking...68

Figura 41 - salão de trabalho compartilhado do Barão Coworking...69

Figura 42 - Projeto das Salas privativas do Barão Coworking...69

Figura 43 - Planta baixa – Térreo e 1 pavimento, do Virtua Business Center...71

Figura 44 - Sala de reunião do Virtua Business Center...71

Figura 45 - Sala de trabalho compartilhada do Virtua Business Center...72

Figura 46 - Sala Multifuncional...72

Figura 47- Ecume des Ondes...80

Figura 48 - Varanda no Ecume des Ondes...81

Figura 49 - Vegetação em varanda...82

Figura 50 - Proyecto Triangular...82

Figura 51 - Fachada principal do Proyecto Triangular...83

Figura 52 - Banheiros Públicos Xingshe...84

Figura 53 - Fachada Banheiros Públicos Xingshe...84

Figura 54 - Fachada Casa Gap...85

Figura 55 - Planta Baixa do quarto pavimento...86

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Figura 57- Localização da área de trabalho, com destaque para o bairro Parque

Pelinca...87

Figura 58- Mapa de uso e ocupação do solo do bairro Parque Pelinca...90

Figura 59 - Bairro Parque Pelinca com destaque para terreno a ser trabalhado...90

Figura 60 - Terreno para a proposta arquitetônica...91

Figura 61 - Mapa de equipamentos urbanos em torno do terreno...92

Figura 62 - Gabaritos e sombreamentos das edificações em torno do terreno...94

Figura 63 - Acessos ao terreno...94

Figura 64 - Uso e ocupação do solo com marcação do terreno escolhido e das zonas...95

Figura 65 - Dimensões do terreno...96

Figura 66 - Aspectos físicos do terreno...97

Figura 67 - Vista através da Rua Voluntários da Pátria...98

Figura 68 - Acesso a praça pela Rua Voluntários da Pátria...99

Figura 69 - Caminhos sinuoso na praça 1º de Maio...99

Figura 70 - Vista da praça para o acesso pela Rua 1º de Maio...100

Figura 71 - Vista da praça para o acesso pela Rua Voluntários da Pátria...101

Figura 72 - Fluxograma...106

Figura 73 - Setorização Térreo...108

Figura 74 - Setorização dos pavimentos de Coliving e de uso comum...109

Figura 75 - Planta Baixa Térreo...112

Figura 76 - Planta Baixa Coliving e PUC...113

Figura 77 - Fachada 01...114

Figura 78 - Fachada 02...115

Figura 79 - Fachada 03...116

Figura 80 - Fachada 04...117

Figura 81 - Perspectiva Isométrica...118

Figura 82 - Recepção Vista 01...119

Figura 83 - Recepção Vista 02...119

Figura 84 - Sala de Reuniões...120

(11)

Figura 85 - Sala de Trabalho Privativa ...120

Figura 86 - Sala Multifuncional...121

Figura 87 - Sala de Trabalho Compartilhada...121

Figura 88 - Área de Convivência Vista 01...122

Figura 89 - Área de Convivência Vista 02...122

Figura 90 - Studio Compartilhado...123

Figura 91 - Cozinha do Studio Compartilhado...123

Figura 92 - Pavimento de Uso Comum Vista 01...124

Figura 93 - Pavimento de Uso Comum Vista 02...124

Figura 94 - Pavimento de Uso Comum Vista 03...125

Figura 95 - Praça 1º de Maio...125

Figura 96 - Varanda Coliving...126

Figura 97 - Perspectiva Geral...126

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 - Idade dos participantes da pesquisa...74 Gráfico 02 - Motivo da migração para Campos dos Goytacazes dos participantes da pesquisa...75 Gráfico 03 - Tem interesse em residir na região central de Campos dos Goytacazes?...76 Gráfico 04 - Você já sabia o que era um Coliving?...77 Gráfico 05 - Tem interesse em viver em um ambiente compartilhado como em um coliving?...77 Gráfico 06 - Quais dos ambientes listados você não teria problema em dividir?...78 Gráfico 07 - Quais dos ambientes e serviços listados são indispensáveis em um coliving?...78

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 13

2 AS TRANSFORMAÇÕES DOS AMBIENTES CORPORATIVOS AO LONGO DA HISTÓRIA ... 16

2.1 A evolução do ambiente de trabalho a partir de Taylor ... 17

2.2 O escritório sob uma ótica humanista ... 21

2.3 O desenvolvimento das técnicas construtivas ... 24

3 A ECONOMIA COMPARTILHADA MOLDANDO OS ESPAÇOS NA CIDADE CONTEMPORÂNEA ... 28

3.1 O advento da Economia Compartilhada ... 30

3.2 O progresso da moradia compartilhada ... 31

3.3 A junção Coliving + Coworking...34

4 O IMPACTO DA ECONOMIA COMPARTILHADA / CIRCULAR NA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 37

4.1 Modelo Linear X Modelo Circular ... 37

4.2 Sustentabilidade na Construção Civil ... 40

4.3 Estratégias para aplicação dos conceitos sustentáveis em obras...42

5 ESTUDO DE CASO: COLIVING KASA ... 48

5.1 Apartamentos ... 49

5.2 Áreas compartilhadas ... 53

5.3 Suporte aos usuários ... 55

5.4 Fachada ... 59

6 PESQUISA DE CAMPO ... 62

6.1 Visitas em espaços de Coworking em Campos dos Goytacazes ... 62

6.1.1 Trinity Coworking...62

6.1.2 Barão Coworking...66

6.1.3 Virtua Business Center...70

(14)

6.2 Formulário online ... 74

7 REFERENCIAIS PROJETUAIS... 80

7.1 Ecume des Ondes ... 80

7.2 Proyecto Triangular ... 82

7.3 Banheiros Públicos Xingshe ... 83

7.4 Casa Gap ... 85

8 CONDICIONANTES DO TERRENO ... 88

8.1 Localização e contexto local ... 88

8.2 Acessos ... 94

8.3 Legislação ... 95

8.4 Dimensões ... 96

8.5 Aspectos Físicos ... 97

9 PROPOSTA ARQUITETÔNICA ... 102

9.1 Conceito e Partido ... 102

9.2 Programa de Necessidades ... 103

9.3 Setorização e Acessos ... 107

9.4 Proposta projetual ... 110

9.5 Estratégias adotadas ... 127

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 128

REFERÊNCIAS ... 131

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1 INTRODUÇÃO

As grandes trocas de informações ocorridas com a expansão da internet, onde tudo acontece em uma velocidade impressionante, nos tornam cada vez mais imediatistas, quando observamos os novos estilos de vida. O que percebemos, é que o momento presente, mesmo com seu caráter efêmero, tem sido o cenário para os maiores tipos de experimentações, relacionados aos aspectos da vida humana. Tais questões, associadas à grande instabilidade financeira que vem afetando vários países nos últimos anos, têm nos forçado a refletir e propor novas formas de viver nas cidades. E isso afeta diretamente a habitação, o trabalho, o lazer, a mobilidade urbana, dentre outros aspectos.

As oportunidades que são frequentemente ocasionadas por viver em um mundo globalizado trazem consigo um grande potencial de mudança para as novas gerações.

Elliot aponta que:

[...] o novo individualismo é movido por uma fome insaciável de mudanças imediatas. [...] a ênfase está em viver ao estilo do contrato de curto prazo [naquilo que vestimos, nos lugares em que moramos, na forma como trabalhamos], em transformações cosméticas incessantes e na melhoria do corpo, na metamorfose instantânea e nas identidades múltiplas. Esse é o campo da sociedade da reinvenção, que continua a se espalhar pelas polidas e dispendiosas cidades do Ocidente, e mais além. (ELLIOT, 2017, p. 35).

É perceptível a grande dificuldade de princípios como a sustentabilidade, por exemplo, serem associados diretamente à forma de consumo a que as sociedades foram orientadas por um período de tempo. A visão apática e pouco interessada não permitiu que grandes debates sobre a temática fossem realizados no passado.

Entretanto, o pensamento coletivo que vem crescendo nas últimas décadas, fruto de uma geração mais atenta à avaliação de qualidade de bens e recursos, tem conquistado cada vez mais espaço e adeptos com o passar dos anos.

Nesse contexto surge a economia compartilhada, que se contrapõe ao desperdício, buscando soluções mais sustentáveis, reduzindo danos ao meio ambiente, e, consequentemente, ao contexto local onde é aplicada. Tal movimento e ações se aplicam às diversas esferas da vida humana. A que será abordada neste trabalho engloba as novas maneiras de habitar e trabalhar, aplicando o conceito de economia compartilhada através das tipologias Coliving e Coworking.

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Com a pandemia de COVID-19, que de acordo com o Ministério da Saúde, “ é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global”

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021), o espaço de trabalho e moradia se fundiram, e boa parte do modelo tradicional de trabalho presencial precisou ser reformulado. A elaboração de uma edificação baseada na economia compartilhada através do Coliving e do Coworking é uma possibilidade de apresentar novos modelos de espaços de trabalho e convivência que foram idealizados, considerando as limitações e protocolos de segurança que surgiram com a crise sanitária atual.

Também se mostra necessário se atentar para como esses espaços irão receber seus usuários com todas as suas bagagens emocionais adquiridas ao longo dos meses em total isolamento social, tendo um olhar mais humanitário com relação aos espaços de trabalho. A necessidade de estimular a interação entre as pessoas, o que se mostra cada vez mais importante após esse longo período de isolamento social, vem fazendo com que até algumas empresas se coloquem à procura de ambientes para o desenvolvimento das relações interpessoais formadas em sua instituição.

Considerando tais fatos, o objetivo do trabalho é elaborar uma proposta arquitetônica de um edifício misto, aplicando o conceito de economia compartilhada por meio da moradia do tipo Coliving, e ambiente de trabalho compartilhado (Coworking), na cidade de Campos dos Goytacazes. A partir disso, os objetivos da proposta englobam a concepção de um espaço criativo, que atende um público jovem, onde cada usuário possui seu próprio espaço individualizado, mas com foco nas áreas colaborativas que serão compartilhadas, havendo uma grande troca de experiências entre os moradores, além de um espaço de trabalho colaborativo para empreendedores e empresas de pequeno e médio porte, aumentando assim, cada vez mais, sua rede de networking.

Como objetivos específicos, o trabalho buscou: entender as transformações dos ambientes coorporativos ao longo da história, assim como compreender a ascensão da economia compartilhada e a forma que ela vem moldando os espaços dentro da cidade contemporânea; investigar os impactos da economia compartilhada/circular dentro da construção civil; realizar um estudo mais profundo de uma edificação mista já existente contendo as tipologias Coliving e Coworking, para identificar seus fluxos, espaços, acessos, entre outros pontos importantes, o que contribuiu para a elaboração da proposta; visitar espaços de Coworking existentes na cidade de Campos dos

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Goytacazes, para uma melhor compreensão do cenário local referente a essa tipologia, elencando suas potencialidades e pontos a serem melhorados; entender como a população interpreta esses espaços e quais ambientes se mostram necessários por eles dentro de um programa de necessidades também foi de suma importância para a elaboração da proposta.

O processo metodológico, no que diz respeito ao embasamento teórico da proposta, se deu através das revisões bibliográficas, para um maior conhecimento das duas tipologias em questão, Coliving e Coworking, que estão diretamente ligadas ao conceito de economia compartilhada. Além disso, através da fundamentação bibliográfica buscou-se compreender, de forma conceitual e objetiva, como a economia compartilhada/circular pode impactar a construção civil nos seus mais diversos aspectos e escalas.

Foi realizado em seguida um estudo de caso visando conhecer algumas estratégias adotadas por empreendimentos que adotaram o conceito de economia compartilhada, se atentando às respostas obtidas, por parte da sociedade, ao movimento. Nesse momento, também foram feitas visitas a espaços de Coworking existentes na cidade de Campos dos Goytacazes, verificando como esses espaços funcionam, além da escuta aos usuários desses espaços sobre como eles enxergam tais ambientes em suas rotinas e possíveis sugestões de melhoria para o uso compartilhando.

Na fase inicial de desenvolvimento da proposta foi elaborado um estudo da área para locação do edifício de uso misto baseado na economia compartilhada através do Coliving e Coworking em Campos dos Goytacazes. Foi realizado um diagnóstico, observando o impacto da construção em seu entorno, ventilação predominante, sombreamento, mobilidade para se chegar à edificação, entre outras análises que se mostraram necessárias ao longo do desenvolvimento da proposta.

O trabalho é composto por 11 capítulos. O primeiro capítulo é responsável por introduzir a temática abordada. Já o segundo capítulo retrata a evolução dos edifícios de escritório ao longo da história. Saber o desenvolvimento dos ambientes de trabalho nos capacita a melhor projetar um escritório, seja para se inspirar nos acertos ou aprender com os erros que foram cometidos. O terceiro capítulo aborda como a economia compartilhada surgiu e se fez tão importante para as edificações de uso compartilhado e colaborativo. O capítulo também retrata o desenvolvimento das moradias baseado na economia compartilhada e a implementação de edifícios de uso

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misto com empreendimentos do tipo Coliving e Coworking.

No quarto capítulo são abordados os impactos que a economia compartilhada exerce na construção civíl, passando pela implementação do modelo circular de negócio até a aplicação prática das estretégias sustentáveis em edifícios. Já no quinto capítulo é realizado um estudo de caso sobre o empreendimento ‘’Kasa’’, localizado em São Paulo (SP), que adota a economia compartilhada como conceito base do projeto, que é refletida através das tipologias Coliving e Coworking.

No sexto capítulo são apresentadas as pesquisas de campo realizadas: em espaços de Coworkings, que foram visitados na cidade de Campos dos Goytacazes, mostrando assim seu funcionamento e as áreas que os compõem; e os resultados de um formulário de perguntas, que foi divulgado ao público, visando obter um melhor porgrama de necessidades para a proposta.

No sétimo capítulo são expostos os referenciais projetuais da proposta arquitetônica. Já o oitavo capítulo tem como foco os estudos envolvendo os condicionantes do terreno, e o nono capítulo apresenta as informações projetuais da proposta. O décimo capítulo encerra o trabalho com as Considerações Finais.

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2 AS TRANSFORMAÇÕES DOS AMBIENTES CORPORATIVOS AO LONGO DA HISTÓRIA

O processo de migração de mão-de-obra do campo para a cidade que houve por volta de 1800, culminou em grandes transformações na sociedade. A Revolução Industrial fez com que pessoas de zonas rurais fossem em direção às cidades em busca de emprego nas indústrias, e algum tempo depois, nos escritórios de pequeno porte que foram formados. Todo esse processo acabou fazendo com que o preço da terra valorizasse, o que levou os seus proprietários a dividi-las em lotes menores, gerando assim uma maior concentração de edifícios nas cidades (ANDRADE, 2007).

Houve uma grande diferença entre o trabalho que era realizado pelos operários agora dentro de uma indústria, em relação ao que era realizado por eles anteriormente. A arquiteta e doutora Cláudia Andrade (2007, p. 14), fala:

Do ponto de vista fisiológico, o homem deixou de exercer uma atividade ao ar livre, sujeita às intempéries, que exigia basicamente o uso da força e a movimentação física, e passou para uma atividade monótona e repetitiva na produção fabril, até tornar-se cada vez mais sedentário ao sentar-se no ambiente de trabalho de um escritório. (ANDRADE, 2007, p. 14).

Assim como houve impactos fisiológicos, agora as atividades de trabalho exigiam uma maior capacitação técnica para que se conseguisse manusear o maquinário da forma correta, fazendo com que o operador se adaptasse às condições de trabalho, ora em grupo, ora individual, muitas vezes em um ambiente insalubre e pouco convidativo ao bem-estar na comunidade no qual estava inserido (ANDRADE, 2007).

Ao longo do século XX, as empresas se viram obrigadas a se reinventarem diversas vezes na forma de gestão de seus negócios mediante a grande velocidade das oscilações das oportunidades de mercado, imposta pela nova ordem mundial, principalmente quando são observados os avanços nos sistemas tecnológicos envolvendo informatização de serviços (ANDRADE, 2007).

Diante de tais mudanças, se inicialmente as atividades eram manuais e rigidamente controladas, agora, graças às facilidades tecnológicas, há uma maior mobilidade durante a realização das tarefas. O nível hierárquico fundamentado durante a Revolução Industrial é substituído pela agilidade e habilidade de

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gerenciamento dos conflitos das mais diversas naturezas, mudando assim, valores e tradições de uma empresa. E essas transformações se refletiram diretamente na organização dos espaços de trabalho com o passar dos anos (ANDRADE, 2007).

2.1 A Evolução do ambiente de trabalho a partir de Taylor

O setor de serviços possuía pouca participação representativa na economia dos países mais ricos, a base econômica até meados do século XIX era predominantemente industrial. Em Paris, por exemplo, era comum que os escritórios fossem compostos por somente uma pessoa e apenas 11% das corporações possuíam um número maior de 10 empregados em seu corpo de membros (PELEGRIN - GENEL 1996).

O Taylorismo, como ficou conhecida a teoria criada por Frederick Winslow Taylor, foi a primeira teoria administrativa científica a estudar e propor uma separação espacial como forma de demarcar a hierarquia dentro de uma indústria, extraindo o máximo da capacidade humana através de estudos de tempo e movimento, inspirada no modelo de hierarquia formal e rígida do exército (DUFFY, 1997).

Taylor impôs uma visão clara do trabalho manual, realizado pelo operário no chão de fábrica, pelo trabalho intelectual, realizado pelos mais ricos em salas fechadas nos andares mais altos das edificações. Segundo Duffy (1997, p.16), os trabalhadores eram observados e “calibrados” por supervisores vestidos com uma espécie de capa branca que ao utilizarem um cronômetro, realizavam diversos estudos de tempo, buscando assim, encontrar a forma mais eficaz para que o trabalho fosse realizado no menor período de tempo.

O layout dos ambientes de trabalho foi impactado diretamente com esse modelo de hierarquia, sendo reflexo das organizações rígidas adotadas. Os mais poderosos dentro da corporação ocupavam posições privilegiadas nos andares mais altos das edificações. Possuíam salas grandes e fechadas, e em diversos casos, contendo mobiliários de luxo. Já os supervisores das atividades realizadas pelos operários ocupavam espaços de médio escalão dentro da empresa (Figura 1). Eles estavam no meio da pirâmide hierárquica, mas tinham posição mais elevada do que os operários, pois justamente fiscalizavam e controlavam as atividades. A base da pirâmide é formada pelos trabalhadores de chão de fábrica, que ocupavam grandes salões abertos, com mesas lado a lado, assumindo seu papel dentro da linha de montagem

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(ANDRADE, 2007).

Figura 1 - Organização da teoria administrativa científica de Taylor

Fonte: Desenvolvido pelo autor, 2021

O layout nesse processo servia como indicador do fluxo de papéis que as pessoas deveriam assumir dentro da corporação, com foco em evitar ao máximo o desperdício. O conceito de ocupação adotado durante o Taylorismo ficou conhecido como Bullpen (ANDRADE, 2007).

Nesse período quase tudo dentro da empresa era padronizado de acordo com as funções hierárquicas e necessidades fisiológicas, pois seguindo o princípio de Taylor, quanto mais padronizado, mais eficiente seria o trabalho. O nível de padronização era tão importante, que o estudo de planejamento de escritórios durante esse período beirava o científico. Quanto maior o escalão, maior era o detalhamento de componentes, e o valor de investimento dos mesmos (ANDRADE, 2007).

As salas dos diretores das empresas geralmente possuíam uma lateral em vidro, ou uma grande esquadria, para uma melhor visualização dos funcionários, além de contribuir para a entrada de mais luz natural. E a disposição dos mobiliários era tão precisa que o barulho resultante das atividades operárias não chegava a ser um problema naquele momento (ANDRADE, 2007).

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A teoria criada por Taylor acabou sendo fonte de inspiração para Henry Ford desenvolver um modelo onde se utiliza os parâmetros de divisão do trabalho taylorista, só que unido à mecanização. Surge então o Fordismo, que trabalhando com departamentos, conseguia uma linha de montagem em massa que se atentava à especialização dos operários, baseado na economia de escala através das análises de atividades e controle de tempo, se tornando o modelo industrial dominante. Isso acarretou que novas indústrias e centros urbanos surgissem não somente em uma região, mas em todo o mundo (ANDRADE, 2007).

Um edifício que pode ser representativo quanto às ideias que Taylor possuía era o Edifício Larking (Figuras 2 e 3), projetado por Frank Lloyd Wrifht. O grande diferencial e também atrativo do ponto de vista arquitetônico era o grande átrio interno, onde ficavam os operários do chão de fábrica. Os pavimentos acabavam formando galerias abertas direcionadas a esse espaço, facilitando assim o controle da produção.

Esse edifício, além de refletir os ideiais administrativos de Taylor, também apresenta uma série de inovações que acabaram ditando a arquitetura do século XIX. Tudo isso estabelecendo uma relação direta com a imagem da empresa que seria refletida nos seus ambientes de trabalho (ANDRADE, 2007).

Figura 3 - Recriação 3D Figura 2 - Edifício Larking do Edifício Larking

Fonte: Ilnuovocantiere, 2021 Fonte: Casa Cláudia 2021

A nave central era iluminada por uma claraboia no teto e duas galerias laterais

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abertas para ela no lado interno. As janelas eram de folhas duplas instaladas a 2,14 metros de peitoril, fazendo com que os espaços abaixo delas fossem destinados para utilização de armários do tipo arquivo em aço. O edifício ficou conhecido como um dos mais famosos protótipos do Taylorismo na arquitetura (ANDRADE, 2007).

Alguns anos mais à frente, o arquiteto Frank Lloyd Wright projeta outro edifício importante na história do desenvolvimento dos ambientes de trabalho. O Edifício da Johnson’s Wax (Figura 4) nos Estados Unidos reflete a visão de Taylor, só que de forma mais suavizada, mediante o crescente movimento humanista que estava em ascensão naquele período, que enfatizava um tratamento mais digno e adequado entre a gerência de uma corporação e os seus funcionários (ANDRADE, 2007).

Figura 4 - Edifício da Johnson’s Wax

Fonte: Scjohnson, 2021

A arquitetura deveria expressar todo o poder e controle daquele ambiente corporativo. Nos interiores do edifício da Johnson’s Wax, foi adotado o uso de grandes proporções para expressar o monopólio do poder, tendo contraste direto como a pequenez do homem diante daquele espaço. Segundo Andrade (2007), os trabalhadores ficavam lado a lado em um grande salão, tendo um mezanino os circundando. Eles não tinham acesso à vista exterior. A iluminação natural era trazida pelos vazios formados na finalização das colunas que se espalharam no teto em formatos circulares. As pessoas em posições de poder dentro da empresa ainda

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continuavam em salas privilegiadas.

O modelo de Taylor foi fortemente criticado pelo que viria a ser a escola da administração humanística. A crítica se pautava na forma de tratamento fria e rígida aos funcionários, o que culminou na alienação dos mesmos. Como nova proposta apresentada, eles mostravam que os empregados eram seres humanos e deveriam ser tratados como tal, e não como máquinas (ANDRADE, 2007).

2.2 O escritório sob uma ótica humanista

O principal marco do pós-guerra no contexto industrial e corporativo foi a maior flexibilidade conquistada junto à valorização dos funcionários. Uma nova mentalidade surgiu ao entender que a produtividade está diretamente conectada ao senso de valorização que os trabalhadores tinham em relação à empresa. Esse novo modelo organizacional quebra todo tipo de discurso defendido por Taylor, deixando o espaço cada vez menos estratificado (ANDRADE, 2007).

O conceito de ocupação no Taylorismo, o Bullpen, deu lugar a um novo modelo organizacional que ficou conhecido como Landscape Office, ou escritório panorâmico.

Os alemães idealizadores do conceito, os irmãos Eberhard e Wolfgang, observaram que as salas sendo fechadas serviam de barreiras que isolam as pessoas. E no momento estava se priorizando a necessidade de comunicação e o desenvolvimento das relações dos trabalhadores das mais diversas áreas da empresa (ANDRADE, 2007).

O espaço dessa edificação era diferente de tudo visto até o momento. Agora livre de paredes e divisórias, com um espaço aberto, o layout adotado era baseado na geometria dos fluxos e da necessidade de contato visual e comunicação entre as áreas. Os diretores agora não ficavam separados em salas privilegiadas, mas estavam acessíveis aos outros trabalhadores. Como o layout refletia o fluxo de trabalho, eles eram bastante orgânicos, sendo muitas vezes confusos e meio caóticos. Um ponto alto desse novo modelo é aplicação do conceito de Lounge areas, que seriam salas de estar voltadas para o uso dos funcionários. Além do uso de plantas e obras de arte na decoração dos ambientes, em uma tentativa de tornar o espaço mais informal e humano (ANDRADE, 2007).

Entretanto, esse modelo de organização mais humanista não conseguiu escapar das críticas, principalmente a dos norte-americanos, que não conseguiam se

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adaptar a esse novo modelo de escritório. John Pile (1984, p. 8) aponta:

Os entusiastas atribuíram estrondoso sucesso, enquanto os duvidosos reportavam a complicados problemas relacionados ao excesso de barulho, à confusão e ao descontentamento dos executivos desprovidos de seus tradicionais nomes dispostos nas portas, de suas janelas e de suas fachadas. (PILE, 1984, p. 8).

Como resposta a essas críticas, os escritórios que adotaram o Landscape Office, ou escritório panorâmico como conceito, realizaram uma série de modificações para se adaptarem às exigências das críticas. Os escritórios americanos ainda assim continuariam com sua rigidez, porém adotaram elementos que davam a entender que eram mais humanos e flexíveis, como o uso de plantas ornamentais, obras de arte e cores primárias nos ambientes. Além de se abrirem também ao fluxo, que definia as comunicações em alguns setores das empresas (ANDRADE, 2007).

O ocidente, em especial os Estados Unidos, teve uma postura um tanto negativista a respeito dos modelos organizacionais vindos de fora. O ápice dessa descrença foi quando duvidaram da eficácia dos novos modelos que estavam em ascensão a partir de 1970, onde se dividiam os funcionários da empresa em equipes, criando assim, células de produção. Essa nova estratégia não só foi um sucesso como revolucionou os modelos de gestão de empresas em todo o mundo (ANDRADE, 2007).

O sistema de produção Toyota, ou também chamada ‘’produção enxuta’’ em resposta ao grande desperdício observado, seja de tempo, material ou esforço, no sistema de produção vigente até aquele momento, usou disso para fundamentar sua teoria baseada na economia de tempo em vez da economia de escala. Tal sistema era sustentado por três premissas, segundo Andrade (2007):

1 - O funcionário a partir daquele momento seria um gestor de qualidade, tendo certa autonomia nos processos de produção;

2 - Implantação do sistema de produção Just-in-time, onde todas as ferramentas necessárias eram solicitadas de acordo com a necessidade que se tinha da mesma na linha de produção, evitando o acúmulo desnecessário de peças nos estoques;

3 - Conhecer o gosto e o desejo de consumo dos clientes, para que a produção fosse realizada sob encomenda.

Alterando o foco na produção e demanda, além de inserir e integrar os funcionários da empresa, se tem por consequência uma nova demanda de espaços.

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Agora, mais flexível e dinâmico, surge então um novo conceito de ocupação chamado Open Plan, ou Planta Livre.

Nesse conceito, o mobiliário teve muito protagonismo, em especial, os biombos (Figura 5), que eram elementos que estruturam todo o sistema organizacional de uma empresa, gerando assim as estações de trabalho. Esse fato colaborou para a individualização da estação do trabalho ao mesmo tempo que integrava os membros de uma empresa em uma mesma sala. Com o tempo, outros mobiliários e equipamentos foram introduzidos junto aos biombos, como armários suspensos, prateleiras, telefones, computadores e afins (ANDRADE, 2007).

Figura 5 - Escritórios com Biombos no layout

Fonte: Moveis de escritórios, 2021

Diferentemente do Landscape Office, que tinha como foco o fluxo de comunicação e processos dentro de uma corporação, o Office Plan, olhando para o indivíduo, conseguiu desenvolver um sentimento de equipe, o que acarreta em um melhor desempenho no trabalho, além de fazer os gerentes não ficarem totalmente isolados como antes. Houve também significativas melhorias nas instalações elétricas e de telecomunicações, menor custo de fabricação devido a ausência de paredes, facilitando assim, as futuras mudanças de layouts (PILE, 1984).

Entretanto, algumas desvantagens foram observadas nesse sistema, sendo, talvez, a mais criticada, a aparência de ‘’baias’’ que as estações de trabalho tinham.

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Por estar em um ambiente repleto de pessoas, o ruído gerado poderia ser fonte de distração para os que estão trabalhando, reduzindo assim, sua capacidade produtiva, além de deixar o ambiente menos privativo ainda (PILE, 1984).

Segundo Andrade (2007), apesar da aceitação no Japão e também nos Estados Unidos, com o passar dos anos, boa parte da Europa ainda preferia manter suas salas privativas. O Open Plan se manteve no mercado como sistema de ocupação, porém precisou ser reformulado algumas vezes devido ao desenvolvimento das tecnologias, novas exigências de mercado, formações de equipes de trabalho, custos imobiliários que acabaram levando a reduções significativas dos espaços corporativos, e reformulação dos designers dos mobiliários, exigindo a integração de outros equipamentos.

2.3 O desenvolvimento das técnicas construtivas

A tecnologia possibilitou avanços nos mais diversos segmentos da sociedade, e na construção civil não foi diferente. Um fator que limitava muito o que poderia ser construído no passado era a utilização da parede de alvenaria como técnica construtiva, o que acabava limitando o número de pavimentos dos prédios, assim como reduzia a área útil dos ambientes. Devido a essa questão, a maioria dos prédios de escritórios que se tem conhecimento no passado eram edificações de pequeno porte e possuem muitas divisórias entre os seus cômodos (ANDRADE, 2007).

Com o passar dos anos, e o surgimento de novos métodos construtivos, foi possível realizar uma grande mudança dentro dessa tipologia de construção, que veio impactar de forma direta os modelos de ocupação em edifícios corporativos. Cláudia Andrade (2007), fala:

Somente em 1860, a partir do surgimento do uso de pilares com armadura de ferro e das vigas metálicas, seguindo pelo uso do aço estrutural, é que mudanças significativas foram introduzidas na forma e no uso desses edifícios. (ANDRADE, 2007, p.35)

Além dos novos modelos construtivos sendo aplicados na construção civil, melhorias nos sistemas de iluminação, tubulação de gás, acústica e proteção contra incêndios foram acontecendo em decorrência das novas possibilidades fornecidas graças à nova estrutura. Começou a serem utilizados grandes vãos nas esquadrias

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das edificações, o que antes era impossibilitado pela alvenaria estrutural.

Nesses vãos entravam grandes janelas de vidro, marcando a fachada com suas modulações (Figura 6), tornando-se uma grande tendência dos edifícios de escritórios em todo o mundo. Uma outra inovação que se tornou uma grande tendência, principalmente pela sua funcionalidade, foi a implementação de elevadores para a realização do transporte vertical nos prédios, facilitando o acesso aos andares mais superiores.

Figura 6 - Edifício Leiter, Chicago, EUA

Fonte: Wikiarquitectura, 2021

Com a ascensão da internet e toda a facilidade de comunicação e obtenção de dados, os edifícios corporativos precisam se adaptar novamente. Agora, em uma era tecnológica, a ponto de uma tecnologia se tornar ultrapassada em questão de meses, os escritórios investem em melhorias no seu sistema de controle predial, principalmente em relação ao uso e formas de minimizar os gastos com ar condicionado. À medida que foram se modernizando, expandiram e integraram outros sistemas a automação, fazendo com que todo o edifício consiga ser monitorado, aprimorando seus dados para redução de custos e melhor controle sobre a edificação.

Surgindo assim uma nova classificação para edifícios com tais características, os

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chamados “Edifícios Inteligentes” (ANDRADE, 2007).

Essa nova classificação, que abrange prédios capacitados a receber novas tecnologias, deve, além de fornecer dados para melhor controle, melhorar a qualidade dos ambientes de trabalho, quando se trata de edifícios corporativos. A necessidade de garantir o conforto ambiental influencia diretamente o usuário, e a forma que ele realiza suas atividades diárias, sendo importante, então, que sua experiência seja a mais agradável e menos danosa possível dentro do ambiente de trabalho. Vale ressaltar que a palavra ‘’inteligente’’, utilizada para denominar essa tipologia de edifício, se trata de uma estratégia de marketing dos incorporadores para agregar valor aos prédios, mesmo que algumas pessoas não entendam os requisitos para tal, banalizando e popularizando assim, o edifício moderno (REINGHANTZ, 1997).

Cláudia Andrade (2007) diz:

Edifícios desta natureza, ‘’inteligentes’’ ou nem tanto, têm sido projetados e construídos ao redor do mundo, facilitados pelo processo da globalização, o qual permite que evoluções tecnológicas sejam rapidamente absorvidas pelo mercado imobiliário e possam ser aplicadas imediatamente, independentemente das questões culturais, climáticas, sociais e econômicas de cada local [...]. (ANDRADE, 2007, p. 40)

É inquestionável o potencial da automação para melhorar a qualidade de vida dos usuários de um prédio, seja em segurança ou conforto. Entretanto, alguns problemas podem ser observados nesses edifícios ditos inteligentes. A ausência de sistemas de proteção contra reflexos, ambientes precários de trabalho escondidos por uma fachada ultramoderna, sistemas de ar condicionados não planejados para salas grandes e abertas, áreas de apoio descentralizadas, forte insolação causada pela grande quantidade de vãos e ausência de sistema de vidros com proteção térmica, são alguns exemplos de problemas que põem a vida dos usuários em situação alarmante e desconfortável. O termo ‘’síndrome do edifício doente’’ surgiu em 1980 para denominar essas edificações com condições adversas.

Roméro (1997), fala:

[...] em nome da automação predial estamos elevando um grande número de edifícios à categoria inteligentes, quando esta inteligência não está acompanhada de uma variável pouco considerada, que é a arquitetura inteligente. (ROMÉRO, 1997 p. 33)

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As construções foram cada vez mais se distanciando do meio ambiente, fazendo que a harmonia entre eles fosse abalada com o advento das novas tecnologias voltadas para a construção civil. A tentativa de dominar a natureza acabou gerando ambientes artificiais que mais se afastam do que se aproximam dela, seja no tamanho dos vãos, sistemas de ar condicionado, entre outros. Como resposta à

"Síndrome do edifício inteligente”, e principalmente com o objetivo de tornar mais saudável a relação homem-edíficio, visando estabelecer um ambiente mais natural, surgiu uma nova categoria de edifícios de escritórios, os Green Buildings, ou edifícios ecológicos.

Os edifícios ecológicos visam colaborar e cooperar com o meio natural no ambiente em que estão inseridos. Eles também buscam usar a natureza como fonte de energia e recursos, minimizando o desperdício. Esses edifícios devem buscar utilizar o máximo de ventilação e iluminação natural, fazendo uma análise do clima em questão e a forma do edifício para o melhor aproveitamento. Também se deve utilizar fontes naturais para a geração e armazenamento de energia, podendo ser provenientes do sol ou do ar, entre outras opções que se mostrarem interessantes para o contexto da edificação. O uso de materiais naturais no interior do ambiente, seja em mobiliários ou revestimentos, é uma solução para melhor se conectar ao ambiente de forma saudável (DANIELS, 1997).

Nesse contexto cultural e tecnológico que estamos vivendo, os escritórios podem moldar como será a relação do trabalhador com a empresa à qual presta serviço, e até mesmo com a vocação que está exercendo. A valorização dos relacionamentos dentro de uma corporação pode, em muitos casos, mostrar a cultura interna da empresa, seja ela boa ou ruim. E ao observar a necessidade de mais integração, espera-se que os escritórios tendam a ocupar edifícios menores, ocupação essa baseada em uma cultura descentralizada, que adota, em boa parte dos seus layouts, ambiente híbridos e orgânicos, além de uma postura ecológica saudável e integradora em relação ao meio ambiente (ANDRADE, 2007).

A cidade contemporânea vem moldando os espaços de uma maneira diferente quando comparado a alguns anos atrás. E a economia compartilhada pode ser uma das principais responsáveis por essas alterações que vem acontecendo, o que dedica uma maior compreensão sobre o que ela se propõe e como afeta os diversos setores da sociedade.

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3 A ECONOMIA COMPARTILHADA MOLDANDO OS ESPAÇOS NA CIDADE CONTEMPORÂNEA

Durante muitos anos, o desejo de ter / possuir foi alimentado pela sociedade, principalmente através das mídias sociais, como o objetivo de vida. Comprar um carro, construir a casa própria, montar um escritório físico, entre outros anseios como esses são ainda comuns de serem observados na população brasileira. Entretanto, em um mundo altamente acelerado e efêmero, com tantas informações disponíveis e uma cultura que valoriza cada vez mais as mudanças de perspectivas, baseadas em um movimento de desconstrução de ideias e estereótipos comumente atribuídos a algo ou alguém, esse pensamento de posse tem dado espaço a uma cultura de compartilhamento que tem se feito cada vez mais presente nos mais diversos segmentos da sociedade (BENNETT; LEMOINE, 2014).

A economia compartilhada, mesmo que ainda não percebida por muitos, está cada vez mais ativa no cotidiano dos brasileiros. Os produtos estão se tornando serviços extremamente necessários para as ações das mais diversas naturezas. Uber, Airbnb, Netflix e Spotify, são alguns dos grandes exemplos de empresas que atuam, segundo um modelo econômico baseado no consumo colaborativo, além de realizarem atividades de compartilhamento. Tais empresas fazem com que seus clientes tenham acessos aos seus produtos ou serviços por meio de um aluguel ou empréstimos, quase sempre apoiados por uma plataforma digital muito bem estruturada e de fácil interpretação, se tornando assim, acessível ao grande público (BOTSMAN; ROGERS, 2011).

A palavra ‘’compartilhado’’ se refere diretamente à mudança de mentalidade, que antes se voltava aos termos de propriedade dos bens e agora começam a olhar os termos de acesso aos serviços. Nesse modelo, não se compra um apartamento, mas sim um serviço de moradia. O foco está no uso e não na posse. Um dos fatores que colaboram com essa mentalidade é a redução de custos e resíduos.

Exemplificando, na compra de um carro se tem gastos como seguro, gasolina, estacionamento. Mesmo com todos esses gastos, o carro ficará parado a maior parte do tempo, fazendo assim com que seu dono acabe imobilizando o dinheiro investido, deixando que ele deprecie, além da perda de valor agregado do veículo com o passar dos anos. Essa mentalidade não foca na real necessidade do dono do veículo, que é a necessidade de transporte, mas sim no direito de posse que ele pode exercer. Um

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outro exemplo é a furadeira. Na grande maioria dos casos, ninguém precisa de uma furadeira em sua casa. As pessoas precisam realizar buracos, seja para pendurar um quadro, relógio e afins. O foco está na necessidade e não no canal que irá tornar realidade o real desejo.

Foi realizado um estudo pelo Global Intelligence Group, onde foram elencadas cerca de cem iniciativas colaborativas em São Paulo – com fins lucrativos ou não – em diferentes setores da sociedade, demonstrando a potência que o modelo econômico baseado no compartilhamento tem em diversos campos, como cultura, alimentação, transporte, etc. Na construção civil isso se repete, e diversos tipos de empreendimentos do tipo Coliving e Coworking, cujo este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento projetual realizar, estão surgindo em diferentes regiões do país (GUIA SÃO PAULO CIDADE COLABORATIVA 2015, 2015).

Seguem a seguir alguma formas de utilizar serviços e gerar receitas através da economia compartilhada (Figura 7).

Figura 7 - Modelos de economia compartilhada

Fonte: Unesc, 2021

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3.1 O advento da economia compartilhada

Por definição, entende-se que economia compartilhada é um mercado que reúne redes distribuídas de indivíduos ou organizações para compartilhar ou trocar ativos que de outra forma estariam subutilizados. Representa uma nova maneira de se pensar sobre negócios, trocas, valores e comunidade. Este modelo de negócio é construído em torno do compartilhamento, seja ele humano ou físico, incluindo assim, a criação, produção, distribuição, comércio e consumo compartilhado de bens e serviços por organizações ou pessoas (GANSKY, 2010). Vale ressaltar que a economia compartilhada também é chamada de Consumo Colaborativo (BOTSMAN;

ROGERS, 2011).

O ato de compartilhar sempre esteve conectado ao ser humano. Na economia compartilhada o fator social se mostra muito visível, pois no compartilhamento, duas pessoas ou mais podem desfrutar os benefícios dos bens e serviço, fazendo desse modelo econômico algo coletivo. Baseado nisso, Dubois, Schor e Carfagna (2014), apresentam o pensamento que a economia compartilhada é formada por práticas de consumo P2P (peer-to-peer) de bens e serviços subutilizados. Todo o contato, na maioria das vezes, é realizado de forma virtual, eliminando assim, a necessidade de intermediários para a contratação de algum serviço. Devido a esse contato online, acaba que as operações saem mais baratas do que as que são realizadas presencialmente.

Por estar em um ambiente online, as oportunidades de negócio acabam se tornando mais acessíveis às pessoas. Segundo Nunes e Vieira (2019):

O desenvolvimento da economia do compartilhamento deve-se a uma união de fatores sociais, econômicos e tecnológicos. Fica cada vez mais clara a preocupação com o fator social relacionado a questões de sustentabilidade e preservação do meio ambiente.

Ademais, a economia compartilhada permite a monetização do excesso e da ociosidade dos estoques individuais, o que gera um novo modelo econômico onde os indivíduos ficam menos dependentes de empregadores e mais capazes de encontrar outras fontes de renda, bem como possibilita a propagação de redes sociais e uma redução nos custos das transações peer-to-peer , conectando consumidores a produtores diretamente e reduzindo os custos de intermediação. (NUNES e VIEIRA, 2019, p. 35).

As grandes mudanças no estilo de vida e padrão social de consumo estão

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baseadas em três valores: a simplicidade de retornar aos relacionamentos ao se fazer um negócio, rastreabilidade, e transparência a partir do momento que o consumidor se preocupa com o produto e todos os seus processos, desde a produção até a distribuição. Tem se percebido que a geração millenials, nascidos entre 1980 e 1995, que são a 1ª geração que nasceu com a internet e com o mundo dos smartphones, têm se voltado mais a essas questões, se recusando a aceitar as atuais condições de consumo (BOTSMAN E ROGERS, 2011).

Durante uma conferência realizada pelo Unibes Cultural, as pessoas sempre emprestaram as coisas, mas como se viabiliza isso na cidade? Embora a lógica da economia compartilhada tenha sempre existido, foi preciso acontecer uma série de acontecimentos marcantes na sociedade para que ela fosse viável nos grandes centros. Os principais pontos levantados como fatores que viabilizaram a economia compartilhada são (UNIBES CULTURAL):

● Tecnologia: Para que seja possível o cruzamento de dados entre vendedor e cliente, muita tecnologia teve que ser aplicada nesse setor. Seria praticamente impossível viabilizar a quantidade de informação de forma não online.

● Confiança na rede: Em uma cidade grande, para se ter confiança em entrar no carro de um estranho, pegando como exemplo a Uber, foi necessário que houvesse um sistema eficaz que foi provado e comprovado pelos consumidores, gerando assim a confiança para o uso.

● Facilidade de pagamento: Por uma questão de segurança, o uso do dinheiro físico vem caindo cada vez mais em desuso nos grandes centros urbanos. Se a economia compartilhada não permitir o pagamento eletrônico em suas operações, ela não seria viável nos dias atuais. Em 2020, entrou em vigor a transferência por PIX, que só incentiva as operações de uso compartilhado.

A economia compartilhada pode reduzir o uso descontrolado de recursos naturais ao mesmo tempo que incentiva e estimula o crescimento econômico, indo desde pequenos empreendedores até grandes empresas. Tudo isso de forma sustentável, buscando a descentralização econômica, além de proporcionar uma melhor qualidade de vida a boa parte dos envolvidos (BOTSMAN; ROGERS, 2011).

3.2 O progresso da moradia compartilhada

A moradia coletiva teve sua ascensão quando a cidade precisou de novas

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maneiras para responder à grande demanda por habitações. No Brasil, moradias como os cortiços, estalagens e repúblicas de estudantes começaram a surgir desde então. No início, o compartilhamento desse tipo de habitação, muitas das vezes, possuía o foco na questão financeira das pessoas, fazendo que eles tivessem menos gastos com moradia. Com o passar do tempo, passou a se verticalizar as construções nas cidades brasileiras, e o compartilhamento era realizado agora em edifícios de apartamentos (McCAMANT e DURRET, 2011).

Uma nova variação de moradia compartilhada surgiu na Dinamarca em1972.

Cerca de 30 famílias se mudaram para casas construídas umas bem próximas das outras, criando uma espécie de vila, com áreas comuns de convívio. Mais tarde essa tipologia foi denominada “Cohousing” (Figura 8), que são moradias avulsas e privadas, mas que dividem o mesmo espaço no terreno, ocupando assim, uma mesma unidade nas áreas comuns (McCAMANT K.; DURRET, C., 2011 apud BEZERRA, 2015).

Figura 8 - Modelo de um cohousing

Fonte: Total Construção, 2021

Tem-se também uma preocupação ambiental despertada nessa tipologia, focando principalmente no aproveitamento de materiais. Nesse tipo de moradia não se tem o costume de haver uma hierarquia, fazendo com que todos os moradores possam participar ativamente na manutenção e gestão do espaço (McCAMANT e DURRET, 2011).

A moradia compartilhada se modificou, mais uma vez, a partir do conceito de

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cohousing e agora surge uma nova tipologia, o coliving, uma moradia com espaços privativos e compartilhados, geralmente alugados por pessoas que possuem necessidades de caratér transitório e não permanente. Atingindo grandemente um público jovem ou pequenos empreenderores, que buscam estabeler uma rede de networking em uma determinada região.

A tipologia Coliving pode, em muitas situações, ser confundida com as rupúblicas estudantis, entretanto, a grande diferença entre elas é que o Coliving tem toda uma estrutura pensada para o compartilhamento e integração entre os moradores, além da ausência de burocracia durante o processo de entrada para moradia, diferentemente das repúblicas, que muita vezes ocupam casas despreparadas para atender muitas pessoas, podendo gerar um certo desconforto entre os usuários e em muitas vezes uma percepção de falta de privacidade.

Quando um morador chega ao Coliving, o espaço já está todo equipado e montado, incluindo mobília, eletrodomésticos e eletrônicos. Já nas repúblicas, isso não acontece. São os próprios moradores que precisam dar conta das necessidades e buscar sua própria mobília. Outra grande diferença é o perfil das pessoas que habitam esses espaços. Em um Coliving, por exemplo, podem viver um universitário, um CEO de alguma empresa, assim como um aposentado. Já nas repúblicas, o perfil de moradores é geralmente sempre o mesmo: universitários.

Outra diferença é que nas repúblicas são os próprios universitários que determinam as regras, a convivência e compartilham os gastos mensais. Já em um Coliving, quem gerencia o imóvel são, geralmente, as empresas administradoras do imóvel. Elas que estabelecem as melhores condutas e regras de convivência. Com relação às contas, no Coliving, o morador paga uma taxa única mensal à empresa, que inclui, além do valor do aluguel, os gastos com água, luz, telefone, internet e gás (DECORFACIL, 2021).

Os Colivings, muitas vezes, também podem ser confundidos com condominios residenciais comuns. Enquanto em condomínios, o mais importante são as unidades residenciais, sua metragem, e, consequentemente, seu valor de mercado, no Coliving, as áreas colaborativas são o foco. Os studios são simples, com um tamanho reduzido, de forma a ser confortável e funcional, mas toda interação, que é de fato o objetivo do Coliving e de seus usuáros, é realizada nas áreas compartilhadas.

Uma outra tipologia que o Coliving pode ser confundido são com os apart- -hoteis. Entretanto, é importante destacar que em um Coliving não há serviço de

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limpeza, arrumação como em um apart-hotel e seus similares. Cada usuário é responsável pela manutenção do espaço, ficando livre para a contratação de tais serviços, se for de sua vontade. Novamente, o caráter do compartilhamento e integração difere o Coliving dessa tipologia, sendo o grande diferencial.

O conceito de moradia compartilhada continuou evoluindo até os dias atuais, e hoje o ato de morar junto se dá a partir de outras motivações econômicas, pessoais ou profissionais que acabam por reunir na mesma casa pessoas que possuem propósitos similares e que estejam abertos a experimentar um modelo residencial colaborativo. A revista Casa e Jardim (2018) fez uma reportagem a respeito dos empreendimentos tipo Coliving, onde conversou com alguns moradores dessa tipologia (Figura 9). Foi observado que o prazer de compartilhar espaços vai além da necessidade financeira e se transforma em uma opção com ganhos em qualidade de vida.

Figura 9 - Materiais sobre a tipologia tipo Coliving

Fonte: Revista Casa & Jardim, 2018

3.3 A junção Coliving + Coworking

A popularidade dos Coliving também é explicada a partir de alguns fatores da sociedade contemporânea, como o empreendedorismo jovem e dinâmico. Alinhado com um pensamento muito semelhante para ambientes de trabalhos compartilhados, se tornou muito coerente a junção de colivings com Coworkings, visando que ambos atendessem ao mesmo tipo de público alvo. Com isso, muitas empresas têm apostado

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nesses ambientes mistos como forma de alocar seus funcionários temporariamente para a realização de determinados trabalhos por uma razão de redução de gastos, ambiente criativo e colaborativo, além de gerar uma maior networking para a empresa em questão.

No Brasil, essa junção do Coworking com o Coliving está se tornando uma grande tendência, principalmente nos grandes centros urbanos. Um dos mais conhecidos atualmente é o coliving Kasa, situado em São Paulo (Figura 10). A estrutura do Kasa conta com academia, supermercados, lavanderia, restaurante, espaços multifuncionais, além de apartamentos com cerca de 30m² com layout bem otimizado e espaço de Coworking. Tudo isso com um estética moderna refletindo a personalidade dos seus usuários. Tal empreendimento será estudado de forma mais profunda no quinto capítulo deste trabalho.

Figura 10 - Coliving “Kasa”

Fonte: Coliving Kasa, 2021

Os chamados Millenials estão aderindo a novos comportamentos na sociedade, isso em diversos segmentos. Tal fato pode ser explicado porque essa geração acaba trabalhando e se divertindo a partir de novos conceitos e paradigmas. É esperado que graças à boa adesão, os colivings e coworkings se desenvolvam e cresçam ainda mais no Brasil, fazendo com que empreendedores apostem nessa tipologia, devido ao potencial que estes valores trazem para os seus respectivos empreendimentos, além

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de toda a ideologia e impacto da economia circular, que esses ambientes compartilhados trazem, tanto na obra finalizada, quanto no seu processo de construção.

Aliado a esse movimento colaborativo de ocupação, se faz necessário que os métodos construtivos estejam alinhados com o conceito da economia compartilhada, gerando a menor quantidade de resíduos possível, além de fomentar o mercado da construção civil com um vies mais sustentável e consciente.

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4 O IMPACTO DA ECONOMIA COMPARTILHADA / CIRCULAR NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A construção civil, ao longo dos anos, tem agravado crescentemente o consumo de recursos naturais, o que tem como consequência a degradação e a poluição ambiental. As atividades relacionadas a construção, manutenção e demolição, que estão inseridas na indústria da construção civil, têm se mostrado ineficientes, fazendo que tal modelo de produção e consumo se torne cada vez mais falho no que se refere à preservação de recursos. Kronka Mulfarth (2003) afirma que as cidades, com suas construções, atividades, serviços e transportes, utilizam mais de 50% das fontes mundiais de energia.

De acordo com o International Council for Research and Innovation in Building and Construction (2002), a construção civil, a nível global, gasta o equivalente a 12–

16% do consumo de água, 25% da madeira florestal, 40% da produção de matéria- prima extrativa, 20-30% de produção de gases com Efeito Estufa e 40% do total dos resíduos, dos quais 15-30% são depositados em aterros sanitários.

Ao se produzir uma tonelada de cimento, material comumente utilizado na construção civil, pode ser emitido entre 600kg e 1000kg de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Em uma construção residencial de 40m², tem-se o conhecimento que a geração de CO², em média, é de nove toneladas e meia, quando analisado o consumo de cimento, cal, metal, tijolo, areia e pedra brita (STACHERA, CASAGRANDE, 2004). Outras matérias como o plástico e o alumínio, que também são utilizados em larga escala, podem se tornam grandes emissores de CO², além de outros gases poluentes.

Olhando para esse cenário, muitas discussões visando uma construção civil com menor consumo de recursos naturais, energia e menor geração de resíduos vem sendo realizadas nas últimas décadas. Na medida em que as soluções vão sendo criadas e difundidas na sociedade, a conscientização aumenta, mostrando a importância da implementação de novas práticas, contribuindo para um modelo de desenvolvimento sustentável. Práticas essas que devem abordar todos os níveis do ambiente, assim como todo o seu ciclo de vida (SILVIO ROMERO FONSECA MOTTA, 2009).

4.1 Modelo linear X Modelo circular

Referências

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