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A Arquitetura Bioclimática tem por objetivo de se beneficiar das condições climáticas locais de um determinado projeto em prol do conforto ambiental com pouco ou nenhum consumo energético. No Brasil, uma das estratégias eficientes para se obter o sombreamento, e consequentemente, um melhor conforto térmico nos edifícios, é o uso de Brises-soleil, que funcionam como barreira ou segunda pele nas fachadas dos projetos, protegendo seus interiores e criando ambientes especiais ao lidar com luz e sombra (ARCHDAILY, 2019).

Apesar dos brises já existirem há anos, sendo um dos componentes da arquitetura bioclimática, visando recuperar as propriedades térmicas dos materiais, o correto uso dos sistemas de sombreamento e ventilação natural, eles se modernizaram e podem ser encontrados dos mais diversos materiais, cores, modelos e tamanhos (Figura 12). Podendo estar dentro de um sistema fixo ou móvel, cada aplicação desse elemento requer uma solução personalizada, para atender às necessidades técnicas e estéticas de um projeto, além de precisarem estar em conformidade com a estrutura de suporte básica (ARCHDAILY, 2019).

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Figura 12 - Exemplo de brises

Fonte: Archdaily, 2019

A água é um dos principais recursos que necessitam de atenção, quando se está elaborando um projeto arquitetônico. É interessante que se planeje um sistema de coleta e aproveitamento de águas das chuvas por meio de calhas, reservatórios e demais componentes interligados ao sistema (Figura 13). As águas da chuva podem ser aproveitadas para os usos não potáveis da edificação, como por exemplo, reutilizadas em bacias sanitárias, lavagens de calçadas, e nos demais usos que não sejam direcionados ao consumo, voltados à alimentação e à higiene pessoal (HERMES STANZIONA VIGGIANO, M., 2010).

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Figura 13 - Sistema de Captação de águas das chuvas

Fonte: Esfera Jr, 2022

As águas cinzas, provenientes das máquinas de lavar, chuveiros e pias de banheiro, e as negras, proveniente de vasos sanitários, também podem ser tratadas e reutilizadas em algumas funções em uma edificação, desde que não seja de consumo direto dos usuários. O tratamento completo, devido ao seu elevado custo, só é aconselhável quando se dispõe de um grande volume de águas cinzas ou negras para o reuso. Estima-se que um sistema de reuso de águas cinzas com filtragem para 90 m³/mês proporcionará um retorno de investimento de 1,1 anos (não considerando os aumentos das tarifas acima da inflação e o custo financeiro do investimento aplicado) ou 1,25 anos (considerando as variantes de aumento de tarifa e aplicação) (HERMES STANZIONA VIGGIANO, 2010).

As ilhas de calor são um fenômeno climático característico de centros urbanos, onde a temperatura destes locais fica mais elevada do que em outras regiões mais afastadas (Figura 14). Isso ocorre em decorrência da ausência de áreas verdes, excesso de construções, asfalto, poluição extrema e uso de materiais com alto nível de absorção do calor. São um problema atual, especialmente em metrópoles e centros comerciais, podendo resultar numa elevação considerável da temperatura. Na China, por exemplo, já se demonstra variação acima de 10°C devido à formação das ilhas de

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calor. Com o desconforto térmico gerado pelas ilhas de calor, um maior consumo energético ocorre, além do clima em si, trazendo malefícios à saúde, como aumento de casos de alergias e bronquite, por exemplo (UGREEN, 2019).

Figura 14 - Ilhas de Calor

Fonte: CA2, 2020

Para reduzir os impactos das ilhas de calor é importante considerar o uso de materiais com alta refletância solar para calçadas, asfaltos, fachadas e telhados.

Geralmente cores mais claras possuem essa característica, refletindo mais a luz solar e retendo menos calor. O uso de vegetação em telhados também é uma solução eficiente, por ser capaz de esfriar o ambiente ao redor e no seu interior. Ao absorver o calor, a vegetação acaba diminuindo a necessidade de aparelhos de refrigeração na construção (CA2, 2020).

As áreas verdes com plantas são bem importantes para a qualidade do ar em uma situação de ilha de calor, uma vez que elas absorvem o dióxido de carbono ao mesmo tempo em que produzem oxigênio. Aumentar a área de solos permeáveis também contribui para a redução das ilhas de calor, já que a água da chuva pode penetrar no solo, aumentando assim o processo de evaporação realizado pelas plantas. Além dessas estratégias, a ventilação natural (se aplicadas corretamente) pode resfriar os edifícios, sendo capaz de diminuir a diferença existente entre temperaturas do interior e do exterior, minimizando os impactos das ilhas de calor (CA2, 2020).

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O método construtivo adotado pode contribuir muito para a implantação de uma arquitetura sustentável. A construção modular baseada em módulos industrializados, fabricados fora do canteiro de obras, pode ser uma solução para minimizar as perdas de materiais que ocorrem na construção in loco, o que consequentemente reduz o consumo e a quantidade de entulho gerada em uma construção, além de agilizar o tempo de obra de um edifício (Figura 15).

Figura 15 - Construção Modular

Fonte: Sustentarqui. 2020

Na economia circular, todo tipo de construção é observado como temporário, podendo ter outros usos no futuro. Devido a isso, é interessante que o método construtivo de um edifício sustentável permita o desmonte fácil e de forma acessível, para que seja possível a readequação da estrutura em um momento futuro. Isso pode ser aplicado com a estrutura metálica, por exemplo. Desde que ela esteja conectada por parafusos e não por solda, aliado a um projeto estrutural que apresenta as conexões específicas entre as peças do sistema, fazendo assim, que o desmonte dela seja possível sem danificar nenhum componente da estrutura (SUSTENTARQUI, 2020).

No interior dos edifícios, o uso de drywall, placa de gesso pré-fabricada, encapada com papelão ou fibra de vidro e que pode ser fixada em estruturas de aço galvanizado, permite uma rápida remodelagem do ambiente para atender as novas demandas, quando necessário. Essa abordagem reduz consideravelmente a quantidade de resíduos que uma reforma pode gerar, contribuindo para o processo da economia circular (PLACO SAINT-GOBAIN, 2022).

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Depois de compreender melhor quais estratégias sustentáveis podem ser aplicadas na construção civil, se faz necessário estudar de forma mais aprofundada as tipologias em questão no trabalho, Coliving e Coworking. Como a tipologia Coliving é menos difundida, foi realizado um estudo de caso em um empreendimento em São Paulo, o Coliving Kasa, visando compreender melhor seu uso e a ocupação por parte dos usuários.

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5 ESTUDO DE CASO: COLIVING KASA

Localizado na Vila Olímpia, um dos bairros mais desejados de São Paulo pela grande rede de suporte presente da região, o Coliving Kasa se aloca estrategicamente nessa área, visando a facilidade de seus usuários, pela proximidade a aeroportos, linhas de metrô, shoppings, parques, universidades, restaurantes e hospitais (Figura 16) (KASA, 2021).

Figura 16 - Coliving “Kasa”

Fonte: Archdaily, 2018

Com o intuito de proporcionar uma moradia mais flexível com aluguéis menos burocráticos, sem a necessidade de fiadores, cheque calção ou contratos de grande duração, o Kasa preza pela liberdade de ir e vir dos seus moradores. Sendo assim, seus usuários definem o tempo que gostariam de permanecer no empreendimento, sendo possível a realização de contrados, sejam de 1 mês, sejam de 5 anos. O poder de decisão fica restrito ao usuário devido ao sistema pey per use, ou “pague pelo uso”, Isso significa que, neste sistema, o consumidor paga somente por aquilo que utiliza (KASA, 2021).

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