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IV Seminário de Iniciação Científica

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Academic year: 2021

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EFEITO DO pH DA ÁGUA NA SOBREVIVÊNCÌA E CRESCIMENTO DE ALEVINOS DE PACU (Piaractus mesopotamicus)

Thálita Stefann Ribeiro Nascimento1,4; Cheila de Lima Boijink3,4; Delma Machado Cantisani Pádua1,5. 1 Bolsista PBIC/UEG 2 Pesquisadora – Orientadora 3 Colaboradora 4

Curso de Zootecnia, Unidade Universitária de São Luís de Montes Belos, UEG

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Professora do Curso de Zootecnia, Universidade Católica de Goiás, UCG

RESUMO

O pH neutro ou levemente alcalino tem sido recomendado por vários autores para o desenvolvimento de várias espécies de peixes. No entanto, sabe-se que muitas vezes os peixes são expostos a condições adversas de pH em seu meio ambiente, que podem causar distúrbios fisiológicos. Portanto, o presente estudo verificou o efeito do pH da água (5.0, 6.0, 7.0, 8.0, 9.0) na sobrevivência e crescimento de alevinos de pacu. Para isso, exemplares de pacu (n=15) foram mantidos em caixas de 500 L com condições de temperatura controlada (25°C), fotoperíodo natural, aeração constante e expostos a diferente pHs por período de 60 dias. Nestas condições foram avaliados: sobrevivência, crescimento em comprimento, ganho de peso, taxa de crescimento específico (G) e coeficiente de variação em comprimento (CV). A sobrevivência dos alevinos em pHs alcalinos foi de aproximadamente 23,3% enquanto que nos pHs ácidos foi de aproximadamente 80%, havendo uma diferença significativa entre os dados. O desenvolvimento dos alevinos em pH alcalino foi afetado negativamente, sendo que o melhor desempenho foi nos animais submetidos aos pHs 7,0 e 6,0. Com isso, conclui-se que alevinos de pacu apresentam um melhor desempenho em pH neutro com tendência a ácido (intervalo de pH 7,0 a 6,0).

Palavras-chave: piscicultura, qualidade da água, desempenho produtivo.

Introdução

O Brasil tem grande potencial para aqüicultura, principalmente por deter recursos hídricos abundantes, ictiofauna privilegiada e praticamente inexplorada. Também apresenta

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As condições do meio em que os peixes vivem é de fundamental importância para que ocorra um bom desenvolvimento e sobrevivência dos peixes cultivados, de modo que deve existir sempre uma preocupação com a qualidade da água nos tanques de criação para o sucesso na produção (TAVARES, 1994).

Na escolha do local de cultivo devem ser sempre observadas as melhores condições físico-químicas da água as quais ditam se a espécie pode suportar o ambiente de criação ou não. Segundo SENHORINI (1993), a qualidade da água entre outros fatores, pode causar mortalidade, redução no crescimento e doenças.

No cultivo de peixes existem muitos fatores que alteram a qualidade da água, como a presença excessiva de fitoplâncton, plantas aquáticas e algas, as quais causam redução da concentração de O2, aumento de CO2 e conseqüente redução de pH. O inadequado programa

de alimentação também é um fator que favorece a redução da qualidade da água, pois os excessos de resíduos orgânicos são excelentes substratos para bactérias e fungos e servem de alimento a um grande número de parasitas (PAVANELLI et al., 2002). Isto afeta o desempenho produtivo, à saúde e sobrevivência dos peixes. Sendo assim, é de grande importância o estudo da tolerância e sensibilidade dos peixes aos diferentes pHs da água de cultivo, assim como observar o desempenho dos peixes nestas condições.

O pH é um parâmetro muito importante a ser considerado, já que possui um efeito direto sobre o metabolismo e os processos fisiológicos de peixes e outros organismos aquáticos. A faixa de tolerância de pH para os peixes está compreendida entre 4 e 9, enquanto o índice ideal é entre 6.5-8.0 (WURTS and DURBOROW, 1992).

Alterações no pH na água de cultivo pode afetar o funcionamento branquial, o que prejudica o equilíbrio osmótico e a respiração. Valores extremos de pH prejudicam o crescimento e a reprodução dos peixes e, até mesmo, podem causar mortalidade massiva nos sistemas aquaculturais, principalmente nas fases iniciais de desenvolvimento (KUBITZA, 2003). Por outro lado, o pH também é importante porque afeta a toxicidade de vários poluentes comuns (como a amônia) e metais pesados (como o alumínio).

Das espécies nativas pouco se sabe sobre a tolerância as variações na qualidade da água. O pacu, Piaractus mesopotamicus, encontrado na América do Sul, com distribuição entre a região Amazônica e bacia Paraná-Paraguai (SEVERI, 1991), é uma espécie tolerante as variações nas características físico-químicas da água. Habita a bacia Amazônica e é encontrado em lagos e planícies aluviais que estão muitas vezes hipóxicos ou mesmo anóxicos. Estes ambientes também estão sujeitos a grandes variações no conteúdo de CO2/pH

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devido à decomposição de considerareis quantias de matéria orgânica em elevadas temperaturas (RANTIN and KALININ, 1996).

A produção de pacu tem sido intensificada nos últimos anos dada as características que viabilizam seu cultivo em sistemas artificiais de produção (CASTAGNOLLI, 1992).

A escassez de conhecimentos sobre a biologia das espécies e as alterações naturais ou provocadas na qualidade da água conduzem muitas vezes a uma baixa produção, portanto o objetivo do presente projeto é testar a sobrevivência e o crescimento de alevinos de pacu (Piaractus mesopotamicus) em ambientes de pH ácido, neutro e alcalino.

Material e Métodos

Os animais foram adquiridos de uma piscicultura e transportados para o Setor de Piscicultura – UCG (Universidade Católica de Goiânia) e mantidos em tanques de 500 L, com fluxo de água e aeração constante, temperatura de 25°C e fotoperíodo natural para aclimatação, aproximadamente um mês. Os animais foram alimentados ad libitum duas vezes por dia com ração comercial (32% PB).

No início do período experimental, os animais foram pesados, medidos e distribuídos em 15 caixas plásticas com capacidade de 500 L. Em cada caixa foram colocados 15 animais (com peso médio de 2,35g e 3,3cm de comprimento), as caixas foram dotadas de aeração e temperatura (25°C) constante. Os animais ficarão 2 dias para aclimatação nas caixas antes de começar o experimento que teve duração de 60 dias.

A água foi acidificada pela adição de ácido sulfúrico (H2SO4) e alcalinizada com

hidróxido de sódio (NaOH). O controle do pH e temperatura será feito através de 4 análises diárias com pHmetro. Sempre que necessário, após as análises de pH, foram feitas as correções com H2SO4 para baixar (acidificar) ou com NaOHpara aumentar (alcalinizar). Os

valores de amônia, alcalinidade, nitrito e dureza da água foram determinados duas vezes por semana. Os valores de oxigênio dissolvido foram verificados com oxímetro digital, também medido duas vezes por semana. Os valores de pH utilizados durante o experimento foram: pH 5.0, 6.0, 7.0, 8.0 e 9.0, com três repetições cada tratamento.

A ração oferecida foi extrusada com 32% PB (comercial), à vontade. Diariamente, através de sifonagem, foi feita a limpeza das caixas para retirada dos peixes mortos, excrementos fecais e eventuais sobras de ração. A água retirada das caixas será substituída por outra com pH previamente corrigido, sendo renovada cerca de 10% do volume d’água.

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- comprimento total médio/tratamento

- taxa de crescimento específico (G), calculada segundo JOBLING (1994) Fórmula: G = ln wt2 – ln wt1 x 100

t

Onde: G = taxa de crescimento específico; ln = logaritmo neperiano; wt1 = peso total médio inicial; wt2 = peso total médio final; t = tempo em dias

- taxa de sobrevivência final (%)

Os tratamentos foram analisados por análise de variância (ANOVA) seguido pelo teste Tukey quando necessário. O nível de significância foi de P < 0,05.

Resultados e Discussão

A analise da água realizada antes e após a colocação dos animais nas unidades experimentais estão apresentadas na Tabela 1. Observa-se que houve uma variação normal dos parâmetros em função da colocação dos alevinos. Durante o decorrer do período experimental as características físico-químicas da água permaneceram dentro de limites toleráveis pela espécie (Tabela 2), não havendo diferença estatística entre os tratamentos. Sendo assim, os parâmetros analisados de qualidade da água não foram limitantes ao desenvolvimento dos peixes, conforme recomendado por SIPAÚBA-TAVARES (1995), para peixes de água doce de clima tropical.

Tabela 1. Média dos parâmetros físico-químicos da água das caixas antes do período

experimental. pH O2 (mg/L) T (C°) Alcalinidade CaCO3(mg/L) Dureza CaCO3 (mg/L) Na+ (mEq/L) K+ (mEq/L) Amônia (mg/L) Sem peixe 6,96 7,2 24,3 41,4 40 2,0 3,7 0,018 Com peixe 7,30 5,4 25,0 43,7 42 3,6 4,0 0,074

Tabela 2. Média dos parâmetros físico-químicos da água das caixas durante 60 dias

experimentais. O2 (mg/L) T (C°) Alcalinidade CaCO3(mg/L) Dureza CaCO3 (mg/L) Na+ (mEq/L) K+ (mEq/L) Amônia (mg/L) 6,1 25,5 41,8 37 1,8 3,5 0,107

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Quanto ao desempenho produtivo dos animais estão apresentados na Tabela 3. Observa-se que os animais em pHs alcalinos tiveram um desempenho prejudicado e nos pHs com ácido o desempenho foi melhor. Segundo FLORINDO (2002), tanto o tambaqui (Colossoma macropomum), quanto o pacu apresentam adaptações morfológicas e fisiológicas para suportar águas ácido, principalmente na época da seca.

Tabela 3. Efeito do pH da água sobre o peso final (PF, g); ganho de peso (GP, g); taxa de

crescimento (TCE, %) e sobrevivência (SBR, %)

Características de desempenho produtivo

pH PF GP TCE SBR 5.0 5,43 b 2,97 b 0,57 b 73,3 a 6.0 8,21 a 5,73 a 0,87 a 86,7 a 7.0 9,15 a 7,15 a 1,10 a 98,5 a 8.0 3,65 c 1,26 c 0,30 c 33,3 b 9.0 3,02 c 0,43 c 0,07 c 13,3 b

Valores, nas colunas, seguidos de letras diferentes, para um mesmo parâmetro, diferem (p>0,05), pelo teste de Tukey.

Existe crescente evidência de que os primeiros estágios da vida são os mais sensíveis na vida dos peixes. Muitos trabalhos confirmam que os efeitos do pH da água em peixes depende da idade e dos estágios de desenvolvimento (LLOYD and JORDAN, 1964), até mesmo a curto prazo a variação do pH pode influenciar negativamente a população de peixes.

A tolerância e a sensibilidade ao pH difere entre as espécies (DAYE and GARSIDE, 1997). Carpas (Cyprynus carpio), por exemplo, em pH 8.0 apresentaram 11% de mortalidade. Em pH 5.0 ocorreu mortalidade de 32% (JEZIESKA and WITESKA, 1995), diferente que ocorreu com os alevinos de pacu. Com relação à sobrevivência em águas alcalinas, certas espécies sobrevivem, e inclusive se reproduzem em locais com pH próximo de 10 (DANULAT and SELCUK, 1992). Quando teleósteos são expostos a água alcalinas, há uma imediata redução na excreção da amônia, de modo que sua concentração no plasma aumenta (WILKIE and WOOD, 1996). As brânquias também são as mais afetadas quando há um eventual estresse alcalino (altos valores de pH). WILKIE and WOOD (1996), em experiências com salmonideos demonstraram que o pH alcalino da água causa sérios distúrbios na excreção e regulação interna da amônia, balanço ácido-básico e regulação de íons.

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Os dados obtidos no presente estudo permitem concluirmos que o melhor desempenho e sobrevivência de alevinos de pacu, Piaractus mesopotamicus se dá em águas com pH neutro com tendência a ácido (intervalo de pH 7,0 a 6,0).

Referências Bibliográficas

CASTAGNOLLY, N. 1992. Criação de peixes de água doce. Jaboticabal. FUNEP. 189p. DANULAT, E.; SELCUK, B. 1992. Life history and environmental conditions of the anadromous Chalcalburnus tarichi (Cyprinidae) in the higlyly alkaline lake Van. Eastern Anatolia, Turkey. Arcch Hydrobiol. V. 126, p. 102-125.

FLORINDO, L.H. 2002. O papel dos quimiorreceptores de O2 e CO2/pH no controle dos reflexos cardio-respiratórios e da ARS em tambaqui: Respostas a longo prazo durante a hipóxia e a hipercarbia. Tese doutorado. UFSCar.

JEZIERKA, B.; WITESKA, M. (1995). The influence of pH on embryonic development of common carp . Arch. Ryb. Pol. Arch. of Polish Fish. v.3, n.1, p.85-94.

JOBLING, M. 1994. Fish bioenergetics. Chapman e Hall. 1ºed. London. 309 p.

KUBITZA, F. 2003. Qualidade da água no cultivo de peixe e camarões. Jundiaí, SC. Ed. F. Kubitza, 229 p.

LLOYD, R.; JORDAN, D.H.M. 1964. Some factors aftecting the resistance of rainbow trout,

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PAVANELLI, G.C.; EIRAS, J.C.; TAKEMOTO, R.M. 2002. Doenças de Peixes: Profilaxia,

Diagnósticos e Tratamentos. Editora da Universidade Estadual de Maringá. 305p.

RANTIN, F.T.; KALININ, A.L. 1996. Cardiorespiratory function and ASR in Colossoma

macropomum exposed to graded and acute hypoxia. In: Physiology and Biochemistry of the Fishes of the Amazon, pp. 169-180. Manaus: INPA.

SENHORINE, J. A. 1993. Procedimento para criação de larvas de peixes. IBAMA-CEPTA. Pirassununga- São Paulo. Apostila 21p.

SEVERI, W. 1991. Aspectos morfométricos e estruturais das brânquias de pacu

(Piaractus mesopotamicus - Holmbreg, 1887, Osteichthyes, Serraxalmidae). M.Sc. Thesis.

Federal University of São Carlos, SP. Brazil.

SIPAÚBA- TAVARES, L.H.S. 1995. Limnologia aplicada à aquicultura. Jaboticabal. FUNEP, 70p.

TAVARES, L.H.S. 1994. Limnologia aplicada à piscicultura. FUNEP, Jaboticabal,SP. 70p. VALENTE, W.C. 2000. Aqüicultura no Brasil: bases para um desenvolvimento

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WILKIE, M.P.; WOOD, C.M. 1996. The adaptations of to fishes extremely alkaline environments. Comp. Biochem Physiol. v113B, p.665-673.

WURTS, W.A.; DURBOROW, R.M. 1992. Interactions of pH, carbon dioxide, alkalinity and hardness in fish ponds. Aquaculture program. SRAC-public n .464. 4p.

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