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A C Ó R D Ã O. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 12ª Câmara de Direito Privado. Registro: 2017.

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Registro: 2017.0000101046

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 1003243-50.2015.8.26.0020, da Comarca de São Paulo, em que é apelante SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA, é apelada MARIA APARECIDA SILVA DE LIMA (JUSTIÇA GRATUITA).

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da(o) 12ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento parcial, nos termos que constarão do acórdão. V. U.", de conformidade com o voto da Relatora, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Excelentíssimos Desembargadores JACOB VALENTE (Presidente sem voto), CASTRO FIGLIOLIA E CERQUEIRA LEITE.

São Paulo, 21 de fevereiro de 2017

(assinatura digital)

SANDRA GALHARDO ESTEVES Desembargadora – Relatora.

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Voto nº 18.626

Apelação Cível nº 1003243-50.2015.8.26.0020

Comarca de São Paulo-Foro Regional Nossa Senhora do Ó/3ª Vara Cível Juiz(a): Sabrina Salvadori Sandy Severino

Apelante(s): Sky Brasil Serviços Ltda.

Apelado(a)(s): Maria Aparecida Silva de Lima

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (tv por assinatura). AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. COBRANÇA DE INDEVIDA DO VALOR DO PLANO DE ASSINATURA DE TV SKY CONTRATADO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS FATOS NARRADOS NA INICIAL, POR FORÇA DA APLICAÇÃO DOS EFEITOS DA REVELIA.

Restando incontroverso nos autos que houve cobrança indevida do serviço, não havia porque exigir-se da autora valor superior ao contratado, sendo mesmo medida de rigor a adequação do valor inicialmente estipulado como alegado pela consumidora.

DANOMORALNÃOCONFIGURADO.

O caso concreto não revela hipótese de padecimento de dano moral. Não se nega que as cobranças indevidas causaram aborrecimento à autora. Isso é óbvio. No entanto, o mero aborrecimento, o transtorno porque teve de passar não autoriza condenar a ré à reparação de um dano moral

inexistente. Desacompanhadas de consequências

extraordinárias, não implicam ofensa a direito da

personalidade.

REPETIÇÃODOINDÉBITO.

A repetição do indébito deve se dar de forma simples, e não em dobro. Não se pode concluir que a ré efetuou as cobranças dolosamente, maliciosamente. À míngua de demonstração de má-fé (ou seja, de manifesta intenção de lesar a consumidora) não se lhe aplica a penalidade prevista no art. 42 da Lei nº 8.078/90.

Apelação provida em parte.

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1. Trata-se de recurso de apelação interposto contra a r. sentença, prolatada as fls. 109/113, que julgou procedentes em parte os pedidos formulados na inicial dessa ação declaratória de inexistência de débito com pedido de tutela antecipada e indenização por danos morais e materiais que MARIA APARECIDA SILVA DE LIMA move em face de SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA.

A autora narra na inicial que em 2012 contratou junto a ré um plano de TV por assinatura no valor mensal de R$ 39,90 e, sem aviso, ela passou a enviar faturas em valores que não reconhece. Diz que a ré reconheceu o erro ao cobrar em duplicidade o valor da mensalidade no cartão de crédito da autora, mas não procedeu à devolução da quantia de R$ 301,53, cobrada indevidamente. Requer tutela antecipada para a imediata suspensão/cancelamento das cobranças em valor superior ao contratado, sob pena de multa diária. Aduz que se aplica o código consumerista com a inversão do ônus da prova. Assevera que faz jus à reparação por danos morais no equivalente a 100 (cem) salários mínimos em razão das cobranças de valores superiores ao contratado e em duplicidade. Alega que pagou faturas em duplicidade indevidamente, pugnando pela repetição do indébito em dobro e pela condenação da ré ao pagamento de honorários advocatícios contratuais a título de perdas e danos, fixado em 30% sobre o valor da condenação.

Foi recebido o aditamento à inicial para esclarecer que a forma de contratação do plano de TV por assinatura no valor mensal de R$ 39,90 se deu por via telefone (fls. 84).

Foi deferida tutela antecipada para determinar à ré a suspensão da cobrança em valor superior ao plano de TV por assinatura contratado pela autora, segundo o alegado, no valor mensal de R$ 39,90 (trinta e nove reais e noventa centavos) por mês, até o julgamento final da lide, tudo sob pena de incidência de multa diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), limitados à R$ 2.000,00 (dois mil reais) (fl. 85/86).

A ré citada (fl. 102) não apresentou defesa.

Sobreveio a r. sentença de fls. 109/113 que julgou procedentes em parte os pedidos formulados na inicial dessa ação para o fim de “A)

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contratados, no importe de R$39,90, observada eventuais correções desde que referente ao mesmo plano contratado, sob pena de multa no valor de R$500,00, até o limite de R$2.000,00, confirmando a liminar deferida, para cada fatura em desacordo; B)Condenar a requerida a devolução em dobro do valor cobrado em duplicidade (R$79,90), corrigidos monetariamente desde o desembolso, conforme tabela prática, com juros de mora desde a citação em 1% ao mês e; C) Pelos danos morais, a SKY pagará à autora a quantia de R$2.000,00, com correção monetária pela Tabela Prática do TJSP a partir de hoje (Súmula 362 do STJ), mais juros moratórios e 12% ao ano a contar da citação. Restando improcedentes os demais pedidos. Considerando a sucumbência recíproca, cada parte arcará com metade das custas e despesas processuais, bem como com os honorários advocatícios de seus respectivos patronos.” (fl. 112).

A ré apelou as fls. 116/125. Sustentou, em suma, que: a) a autora aderiu ao pacote LIGHT no valor de R$ 89,90 com possibilidade de desconto de R$ 10,00 nos casos de pagamento por meio de débito automático em cartão de crédito ou conta corrente; b) no histórico financeiro da autora não consta qualquer pagamento da suposta mensalidade de R$ 39,90 que alega ter contratado; c) o valor cobrado estava correto e era devido pela autora, descabendo discussão e muito menos devolução por ter sido pago indevidamente; d) requer a conversão da obrigação de fazer em perdas e danos ou a determinação de cancelamento da assinatura sem ônus ao cliente, tendo em vista que ser inviável fornecer o pacote de serviço escolhido no valor fixado na r. sentença; e) descabe reparação por danos morais e, se mantida, pugna pela sua redução e f) a repetição em dobro deve ser afastada ante a ausência de má-fé. Pede provimento do recurso com a reforma da r. sentença.

A autora não ofereceu contrarrazões.

Sem oposição ao julgamento virtual (fl. 138). É o relatório do essencial.

2. Em sede recursal, a ré alega que a cobrança da mensalidade do plano de TV por assinatura contratado pela autora foi o pacote LIGHT no valor de R$ 89,90 com possibilidade de desconto de R$ 10,00 nos casos de pagamento por meio de débito automático em cartão de crédito ou conta corrente.

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No entanto, desse ônus não se desincumbiu de provar em sede de defesa, deixando operar a revelia para presumir-se como verdadeira a alegação da autora de que contratou via telefone o plano pelo valor R$ 39,90 sem aditivos.

Dano moral

A reparação por danos morais sustentados pela autora com a cobrança indevida e em duplicidade não comporta guarida.

O caso concreto não revela hipótese de padecimento de dano moral.

Para caracterização do dano moral, é necessária a perturbação nas relações psíquicas, na tranquilidade, nos sentimentos e nos afetos da pessoa.

Na lição de ANTÔNIO JEOVÁ SANTOS:

“O dano moral somente ingressará no mundo jurídico, com a

subsequente obrigação de indenizar, em havendo alguma grandeza no ato considerado ofensivo a direito personalíssimo. Se o ato tido como gerador do dano extrapatrimonial não possui virtualidade para lesionar sentimentos ou causar dor e padecimento íntimo, não existiu o dano moral passível de ressarcimento. Para evitar abundância de ações que tratam de danos morais presentes no foro, havendo uma autêntica confusão do que seja lesão que atinge a pessoa e do que é mero desconforto, convém repetir que não é qualquer sensação de desagrado, de molestamento ou de contrariedade que merecerá indenização. O reconhecimento do dano moral exige determinada envergadura. Necessário, também, que o dano se prolongue durante algum tempo e que seja a justa medida do ultraje às afeições sentimentais. As sensações desagradáveis, por si sós, que não trazem em seu bojo lesividade a algum direito personalíssimo, não merecerão ser indenizadas. Existe um piso de inconvenientes que o ser humano tem de tolerar, sem que exista o autêntico dano moral.” (in, “Dano moral indenizável”, 4 ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 113).

Nesse sentido:

“CIVIL. DANO MORAL. NÃO OCORRÊNCIA. O recurso especial não

se presta ao reexame da prova. O mero dissabor não pode ser alçado ao patamar do dano moral, mas somente aquela agressão que exacerba a naturalidade dos fatos da vida, causando fundadas aflições ou angústias no espírito de quem ela se dirige. Recurso especial não conhecido” (STJ,

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REsp. nº 403.919/MG, 4ª Turma, Rel. Min. CESAR ASFOR ROCHA, j. em 15.05.2003, in DJ 04.08.03, p. 308).

A reparação do dano moral não está diretamente relacionada a qualquer problema, contrariedade, aborrecimentos que a pessoa possa momentaneamente sofrer. O dano moral deve ser analisado casuisticamente, com certa cautela, a fim de que não seja exageradamente reconhecido, criando-se uma indústria dos danos morais como fonte de enriquecimento.

Não se nega que a falha na prestação do serviço e as cobranças indevidas causaram aborrecimento à autora. Isso é óbvio. No entanto, o mero aborrecimento, o transtorno porque teve de passar não autoriza condenar a ré à reparação de um dano moral inexistente.

Desacompanhada de consequências extraordinárias, não implica ofensa a direito da personalidade.

Repetição do indébito.

A repetição do indébito deve se dar de forma simples, e não em dobro. Não se pode concluir que a ré efetuou as cobranças dolosamente, maliciosamente. À míngua de demonstração de má-fé (ou seja, de manifesta intenção de lesar a consumidora) não se lhe aplica a penalidade prevista no art. 42 da Lei nº 8.078/90.

Prevalece a orientação de que a condenação desse jaez, de tão grave e desproporcionada, só é admissível diante de inconcussa e irrefragável comprovação de má-fé e dolo.

3. Em face do exposto, dá-se provimento em parte ao recurso para afastar a condenação por danos morais e determinar que a repetição do indébito seja feita de forma simples. Levando em conta o trabalho adicional realizado em grau de recurso, assim como o acolhimento parcial da pretensão recursal, arbitram-se honorários advocatícios de R$500,00, a serem pagos pela autora ao patrono da ré, observado o disposto no art. 98,

§3º, do Código de Processo Civil.

(assinatura digital)

SANDRA GALHARDO ESTEVES Desembargadora Relatora.

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