EFEITO DO HERBICIDA ALACHLOR NA VELOCIDADE E PERCENTAGEM DE EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS DE MAMONA
Josilda Cavalcante Amorim Damasceno¹, Maria de Fátima da Silva Pinto Peixoto², Adailton Conceição dos Santos¹
¹CCAAB/UFRB, josildaufba@yahoo.com.br, ágape_323@yahoo.com.br, ²Professora adjunta do CCAAB/UFRB, fpeixoto@ufba.br
RESUMO - A mamoneira como toda cultura, está sujeita à interferência das plantas daninhas, as quais competem por recursos do meio (luz, nutrientes minerais, água) tornando-os menos disponíveis à cultura e refletindo na diminuição do crescimento e decréscimo da produção. Este trabalho objetivou avaliar a influência de diferentes dosagens do herbicida alachlor na percentagem e velocidade de emergência de sementes de mamoneira, em condições de casa de vegetação. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado constando de 4 tratamentos e 5 repetições (T1 - dose zero – testemunha; T2 - 5,0 L ha-1; T3 - 7,0 L ha-1 e T4 - 10,0 L ha-1 do herbicida alachlor aplicado em pré-plantio incorporado. Avaliaram-se a percentagem e velocidade de emergência de plântulas. Conclui-se neste estudo preliminar que para este tipo de solo e genótipo utilizado, o herbicida prejudicou a percentagem e velocidade de emergência das plântulas.
Palavras-chave: Ricinus communis L, velocidade de emergência, ervas daninhas.
INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa de relevante importância econômica e social, cujo óleo possui inúmeras aplicações na área industrial e perspectiva de utilização como fonte energética na produção de biocombustíveis. Constitui-se em uma cultura com grande potencial para a economia do semi-árido nordestino, tanto como cultura alternativa, com características de resistência à seca, quanto fator fixador de mão de obra, gerador de emprego no campo e matéria prima (óleo) para a obtenção de produtos necessários ao desenvolvimento da indústria nacional.
Do ponto de vista agrícola, toda planta é aproveitada. A torta de mamona pode ser utilizada na alimentação animal, se desintoxicada, e como adubação orgânica. A fabricação do óleo gera subprodutos como a glicerina para fabricação de fármacos, casca para adubos e polpa para ração animal (VIEIRA et al., 1997). A mamoneira como toda cultura, está sujeita à interferência das plantas daninhas, as quais competem por recursos do meio (luz, nutrientes minerais, água) tornando-os menos disponíveis à cultura e refletindo na diminuição do crescimento e decréscimo da produção.
Constata-se na literatura que os herbicidas alachlor, diuron e pendimethalin vêm sendo utilizados para o controle químico das plantas daninhas (BELTRÃO, 2003).
O herbicida alachlor pertence ao grupo químico das acetanilidas, com persistência de 6 à 10 semanas, a solubilidade em água: 242 ppm à 25 ºC, pressão de vapor: 1,6 x 10-5 mmHg à 25 ºC e Kom de 794 (RODRIGUES; ALMEIDA, 1998). Controla algumas mono e dicotiledôneas e é indicado para as culturas de algodão, amendoim, café, cana-de-açúcar, milho e soja. Este herbicida impede o crescimento e desenvolvimento da parte aérea das plantas às quais ele não é seletivo, sendo que a absorção ocorre pelo coleóptilo nas gramíneas e pelo epicótilo ou hipocótilo nas dicotiledôneas, durante o trajeto pela zona do solo onde se encontra o produto. Interfere também com a atividade da giberelina e/ou com a elongação de lipídeos na célula.
Sem a giberelina a enzima alfa amilase não é produzida na camada de aleurona e não há decomposição do amido em glicose no endosperma, ocorrendo falta de energia para o desenvolvimento das plântulas, após a germinação das sementes. Por outro lado, a falta de lipídios de cadeia muito longa nas células da folhagem nova, impede a formação de ácidos graxos e de cera cuticular, diminuindo a proteção das folhas contra perda de água. A conseqüência final desses processos em espécies suscetíveis é o atraso da elongação e da divisão celular, levando à morte da planta (VIDAL; FLACK, 2001).
Maciel et al. (2006), avaliando a fitotoxicidade dos herbicidas: alachlor (2400 g i.a./ha), trifluralin (2400 g i.a./ha), clomazone (1000 g i.a./ha), clomazone+trifluralin (1000 +1200 g i.a./ha), imazaquin+trifluralin (150 + 1200 g i.a./ha), ou em pré-plantio incorporado (PPI): trifluralin (1350 g i.a./ha), pendimenthalin (1000 g i.a./ha), alachlor + pendimenthalin (2400 + 1000 g i.a./ha), alachlor + trifluralin (2400 + 1350 g i.a./ha), verificaram que os herbicidas mais promissores quanto à seletividade foram alachlor, trifluralin, clomazone, clomazone+trifluralin em pré-emergência (PRÉ), e trifluralin, pendimenthalin, alachlor + pendimenthalin e alachlor + trifluralin em pré-plantio incorporado (PPI).
Ramos et al., (2006), estudaram os efeitos dos herbicidas [trifluralin (980 g ha-1), pendimethalin (1500 g ha-1), metolachlor (2880 g ha-1), alachlor (2880 g ha-1), sulfentrazone (500 g ha-1), imazaquin (150 g ha-1), flumetsulan (130 g ha-1) e isoxaflutole (60 g ha-1), na emergência e desenvolvimento inicial das cultivares de mamona (IAC-Guarani, Experimental 2028, Experimental PB25, Experimental Padam05, Savana e Iris) e concluíram que, apenas o trifluralin aplicado em pré-plantio-incorporado é seletivo às cultivares de mamonas estudadas. Os herbicidas pendimethalin e isoxaflutole aplicados em pré-emergência causam danos fracos a moderados, enquanto o metolachlor, alachlor, sulfentrazone, imazaquin e flumetsulan não foram seletivos.
Dessa forma, este trabalho teve por objetivo avaliar a influência de diferentes dosagens do herbicida alachlor na percentagem e velocidade de emergência das plântulas de mamoneira, em condições de casa de vegetação.
MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi realizado em casa de vegetação do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em Cruz das Almas - BA. O solo utilizado como substrato foi o Latossolo Amarelo Coeso, representativo do Recôncavo Baiano e pertencente a zona dos Tabuleiros Costeiros, que apresenta um teor de matéria orgânica de 9,72 g kg-1 na camada superficial (0-20 cm). A coleta foi feita com o auxílio de um trado a 20 cm de profundidade em uma área não cultivada.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado constando de 4 tratamentos e 5 repetições. Os tratamentos foram: T1 - dose zero – testemunha; T2 - 5,0 L ha-1; T3 - 7,0 L ha-1; T4 - 10,0 L ha-1 do produto comercial do herbicida alachlor (concentração do ingrediente ativo de 480 g L-1 ) aplicado em pré-plantio incorporado. Para a aplicação, utilizou-se um pulverizador costal manual. As sementes de mamona utilizadas foram da cultivar BRS 188 Paraguaçu, obtida na EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola). O plantio foi feito em bandejas plásticas com 70 cm x 50 cm x 10 cm. Cada bandeja recebeu vinte e cinco sementes. As avaliações da percentagem de emergência foram realizadas de acordo com Brasil (1976). O índice de velocidade de emergência foi determinado com base na fórmula utilizada por Maguire (1962).
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se que houve um declínio na porcentagem de emergência à medida que se aumentou a dose do herbicida alachlor, ocorrendo redução de 81,6% a 60,8%, em relação à testemunha, indicando que este afetou a percentagem de emergência (Figura 1). Resultado semelhante foi observado em relação ao índice de velocidade de emergência, no entanto, houve uma diminuição mais acentuada em decorrência do aumento das doses do herbicida, variando de 3,21 (tratamento – zero) a 1,52 (tratamento usando 10 L ha-1) (Figura 2).
Provavelmente, um dos fatores que ter contribuiu para a redução da percentagem e velocidade de emergência das plântulas, é a interferência desta molécula na atividade da giberelina e/ou elongação de lipídeos (mecanismo de ação). De acordo com Vidal e Flack (2001), sem a giberelina, a enzima alfa amilase não é produzida na camada de aleurona e não há decomposição do amido em glicose no endosperma, ocorrendo falta de energia para o desenvolvimento das plântulas, após o processo germinativo. Por outro lado, deve-se considerar também como coadjuvantes, o baixo teor de matéria orgânica do solo em questão (9,77 g kg na camada superficial), favorecendo ä uma menor adsorção da molécula. e ao fato de que, segundo Severino et al. (2004), a mamoneira ser muito sensível a diversos herbicidas.
CONCLUSÃO
Para este tipo de solo e genótipo utilizado, o herbicida reduziu a velocidade e a percentagem de emergência das plântulas de mamona.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, N. E. de M. Informações sobre o biodiesel, em especial feito com o óleo de mamona. Campina Grande: Embrapa-CNPA, 2003. (Embrapa CNPA, Circular Técnica, 177).
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MAGUIRE, J. D. Speed of germination – aid in selection and evolution for seedling emergence and vigor. Crop Science, Madison, v. 2, n. 2, p. 176-177, 1962.
RAMOS, N. P.; DEUBER, R.; NOVO, M. do C. de S. S.; KIKUTI, H.; FILHO, A. S. Seletividade de herbicidas em cultivares de mamona. In: In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 2., 2006, Aracaju. Cenário atual e perspectivas: anais. Campina Grande: Embrapa Algodão; Embrapa Tabuleiros Costeiros; SAGRI, 2006. 1 CD-ROM.
RODRIGUES, B. N.; ALMEIDA, F. S. de. Guia de herbicidas. 4. ed. Londrina: [s.n.], 1998. 648 p.
SEVERINO, L. S.; SILVA, M. I. de L.; BELTRÃO, N. E. de M.; CARDOSO, G. D. Sintomas do herbicida 2,4-D em plântulas de mamoneira. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, 2004. 1 CD-ROM.
VIDAL, R. A.; FLACK, N. G. Inibidores da polimerização da tubulina. In: VIDAL, R. A.; MEROTO JUNIOR. A. (Ed.). Herbicidologia. Porto Alegre: Evangraf, 2001. p.131-137.
VIEIRA, R. de M.; LIMA, E. F.; BATISTA, F. A. S. Diagnóstico e perspectivas da mamoneira no Brasil. In: REUNIÃO TEMÁTICA MATÉRIAS-PRIMAS OLEAGINOSAS NO BRASIL: DIAGNÓSTICOS, PERSPECTIVAS E PRIORIADES DE PESQUISA, 1., 1997, Campina Grande. Anais... Campina Grande: EMBRAPA-CNPA/MAA/ABIOVE, 1997. p 139-150. (EMBRAPA-CNPA. Documentos, 63).
Figura 1. Percentagem de emergência de plântulas de mamona em função de diferentes doses do herbicida alachlor: zero (testemunha); 1 (5,0 L ha-1 ); 2 ( 7,0 L ha-1) e 3 (10,0 L ha-1).
Figura 2. Índice de velocidade de emergência de plântulas de mamona em função de diferentes doses do herbicida alachlor: zero (testemunha); 1 (5,0 L ha-1 ); 2 ( 7,0 L ha-1) e 3 (10,0 L ha-1).
y = 2,4x2 - 13,92x + 81,28 R2 = 0,9918 0 20 40 60 80 100 0 1 2 3 Dose s P e rc e n ta g e m d e E m e rg e n c ia y = 0,0195x2 - 0,6704x + 3,4399 R2 = 0,9913 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 0 1 2 3 Doses V e lo c id a d e d e E m e rg e n c ia
