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DT\1049422PT.doc PE549.150v01-00

PT

Unida na diversidade

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PARLAMENTO EUROPEU 2014 - 2019

Comissão dos Assuntos Jurídicos

6.2.2015

DOCUMENTO DE TRABALHO

sobre a proposta de diretiva do Parlamento Europeu e do Conselho relativa às sociedades unipessoais de responsabilidade limitada

Comissão dos Assuntos Jurídicos Relator: Luis de Grandes Pascual

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A. Introdução

Em 9 de abril de 2014, a Comissão Europeia apresentou uma proposta de diretiva relativa às sociedades unipessoais de responsabilidade limitada. O objetivo da proposta é tornar mais fácil para qualquer potencial fundador de empresas e, em especial, de pequenas e médias empresas (PME), a criação de empresas no estrangeiro, de modo a estimular o espírito empresarial e fomentar o crescimento, a inovação e o emprego na União Europeia.

Segundo a avaliação de impacto, 2 % das PME investem no estrangeiro através da criação de novas empresas. A explicação desse facto reside nomeadamente na diversidade de legislações nacionais, incluindo as diferenças em matéria de direito nacional das sociedades, e na falta de confiança nas empresas estrangeiras por parte dos clientes e dos parceiros comerciais. Por esta razão, a maioria das empresas opta por criar filiais no estrangeiro, o que tem a vantagem de fornecer aos clientes a garantia de lidarem com uma empresa nacional. No entanto, a criação de uma filial no estrangeiro implica uma sobrecarga administrativa e custos diretos e indiretos significativos.

A proposta de estatuto da sociedade privada europeia (SPE)1pretendia facilitar as atividades transfronteiras das PME através da criação de um novo tipo de sociedade europeia

transnacional. No entanto, a incapacidade de obter a unanimidade no Conselho exigida pelo Tratado levou a Comissão a retirar a sua proposta e a anunciar que iria apresentar uma proposta alternativa onde seriam abordados alguns dos problemas encontrados na SPE2.

B. Generalidades

A proposta da Comissão foi acolhida com algumas críticas por parte de determinados atores sociais. Optar por um documento de trabalho antes da elaboração do correspondente relatório pelo relator constitui uma decisão devidamente ponderada.

O debate que teve lugar na comissão JURI, na sequência da apresentação da iniciativa pela Comissão, revelou uma série de divergências sobre o projeto e muitas dúvidas sobre a sua viabilidade e, inclusivamente, sobre a existência de um valor acrescentado europeu.

Por conseguinte, e no exercício responsável das funções que lhe incumbem, o relator julga ser conveniente verificar, antes da elaboração do relatório, todas as variadas circunstâncias que prevaleceram na forma como o relator se comprometeu no debate em sede de comissão JURI. Por outras palavras, sem pretender ser exaustivo, trata-se de explorar os pontos que, na sua opinião, são mais controversos e indicar soluções possíveis.

1Proposta de regulamento do Conselho relativo ao estatuto da sociedade privada europeia, COM(2008) 396

final.

2A retirada da proposta relativa à SPE foi anunciada no anexo à Comunicação sobre o «Programa para a

adequação e a eficácia da regulamentação (REFIT): resultados e próximas etapas», COM(2013) 685 de 2.10.2013.

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C. Valor acrescentado da proposta

De acordo com o programa de trabalho da Comissão para 2015 – Um novo começo: “Os cidadãos esperam que a UE imprima um novo rumo em relação à resolução dos grandes desafios económicos e sociais — uma elevada taxa de desemprego, um crescimento lento, níveis elevados de dívida pública, um défice de investimento e falta de competitividade no mercado mundial. E querem menos interferência da UE nas questões em que os Estados-Membros estão melhor preparados para dar uma resposta adequada aos níveis nacional e regional.”

A pergunta que nos devemos colocar, uma vez examinado e debatido o presente documento de trabalho, é a de saber se a presente proposta pode fazer toda a diferença em matéria de emprego, crescimento e investimento e gerar benefícios palpáveis para os cidadãos.

D. Principais elementos da proposta

I. Natureza e base jurídica

A proposta é composta por duas partes distintas: a primeira é constituída por um conjunto de regras de coordenação a aplicar a todas as sociedades unipessoais de responsabilidade

limitada existentes nos Estados-Membros e ao regime da Societas Unius Personae (SUP), com base nas disposições da Diretiva 2009/102/CE1, com algumas alterações; a segunda regula a SUP.

Embora partilhe do mesmo objetivo que a sociedade privada europeia (SPE), a proposta de SUP afasta-se da ambição de criar uma sociedade europeia transnacional por via de um regulamento. A proposta SUP obriga os Estados-Membros, por via de diretiva, a incluir nos ordenamentos jurídicos nacionais um novo tipo de sociedade unipessoal de responsabilidade limitada, com requisitos de constituição e operacionais harmonizados, deixando a cargo da legislação nacional a regulação de todos os aspetos não previstos na diretiva. A SUP é, por conseguinte, uma empresa nacional.

O relator está consciente da controvérsia em torno da base jurídica escolhida pela Comissão. No entanto, perante o objetivo da proposta de “facilitar as atividades transfronteiras das PME e a criação de sociedades unipessoais como filiais noutros Estados-Membros, [reduzindo] os custos e os encargos administrativos envolvidos na criação dessas sociedades” e a afirmação de que «a disponibilidade de um quadro jurídico harmonizado para a constituição de

sociedades unipessoais, incluindo a criação de um modelo uniforme de estatutos, deve contribuir para a supressão gradual das restrições à liberdade de estabelecimento quanto às condições de constituição de filiais nos territórios dos Estados-Membros, bem como conduzir a uma redução dos custos” (considerandos 7 e 8), o relator considera que ficam preenchidas as condições estabelecidas no artigo 50.º, n.ºs 1 e 2, alínea f), do TFUE.

1Diretiva 2009/102/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de setembro de 2009, em matéria de

direito das sociedades relativa às sociedades de responsabilidade limitada com um único sócio (versão codificada). Uma vez aprovada a Diretiva SUP, a Diretiva 2009/102/CE será revogada.

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II. Âmbito de aplicação (artigo 1.º)

Após ter analisado a proposta de parecer da comissão IMCO e a avaliação de impacto da Comissão, o relator interroga-se sobre se efetivamente não teria mais sentido reduzir o âmbito de aplicação às pequenas e médias empresas (PME), tal como identificadas no Diretiva 2013/34/UE1, uma vez que são elas que sentem maiores dificuldades para se estabelecerem nos diferentes Estados-Membros.

III. Separação entre a sede social e a administração central ou estabelecimento principal (artigo 10.º)

A possibilidade de estabelecer em diferentes Estados-Membros a sede social e o centro de atividade, suscita dúvidas sobre o risco de “forum shopping” por parte empresas que procuram furtar-se, nomeadamente, à participação dos trabalhadores nos seus conselhos de administração ou beneficiar de regimes fiscais ou de proteção social menos rigorosos.

O relator considera que a separação ou não entre a sede social e o estabelecimento principal é uma questão que deverá ser regulada pelo direito nacional.

Procurar harmonizar uma questão tão sensível é quase um convite provocatório a que os Estados se sintam inclinados a rejeitar o projeto de SUP com base neste argumento.

No entanto, o relator convida a uma reflexão sobre se os gestores devem ou não ser obrigados a residir no país onde está situada a sede social. Deste modo, seria possível gerir sociedades utilizando exclusivamente meios eletrónicos, e seria contemplada uma das razões de ser da presente proposta: adequar a gestão à era digital.

IV. Modelo uniforme dos estatutos2(artigo 11.º)

Elemento fundamental do registo em linha é um modelo uniforme dos estatutos, que deve abranger as questões da constituição, das partes sociais, do capital social, da organização, das contas e da dissolução de uma SUP. A Comissão propõe que este modelo uniforme seja adotado por via de um ato de execução.

O relator não concorda que a definição de um elemento fundamental da proposta seja

decidido por um ato de execução, não só porque o controlo do modelo escapa ao Parlamento, mas, sobretudo, pelo facto de, em sua opinião, não serem observadas as condições previstas no artigo 291.º do TFUE. Embora consciente de que as futuras alterações do modelo

exigiriam o recurso ao processo legislativo ordinário, o relator apoia a inclusão do modelo

1Diretiva 2013/34/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de junho de 2013, relativa às demonstrações

financeiras anuais, às demonstrações financeiras consolidadas e aos relatórios conexos de certas formas de empresas, que altera a Diretiva 2006/43/CE do Parlamento Europeu e do Conselho e que revoga as Diretivas 78/660/CEE e 83/349/CEE (JO L 182 de 29.6.2013, p. 19).

2A versão espanhola da proposta faz incorretamente referência a “escritura de constitución”, quando se trata

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constante do anexo da diretiva.

V. Registo em linha (artigo 14.º)

A proposta obriga os Estados-Membros a permitir que o registo de novas SUP possa ser efetuado por via eletrónica, sem que seja necessário que o sócio fundador compareça junto de uma autoridade do Estado-Membro de registo.

Não há dúvida de que este procedimento, que existe em alguns Estados-Membros,

simplificará consideravelmente o processo de registo e reduzirá os custos de constituição da sociedade. O relator receia, no entanto, a falta de segurança jurídica que advém do facto de não ser exigida a intervenção de um notário ou a presença física do fundador e que este sistema possa ser utilizado para fins ilícitos, como, por exemplo, o branqueamento de capitais ou a evasão fiscal.

Este risco pode ser reduzido se os Estados-Membros estabelecerem normas seguras, através da assinatura eletrónica ou da intervenção de um notário, para a verificação da identidade do sócio fundador, sem prejuízo, em qualquer caso, da possibilidade de registo em linha.

O relator considera, além disso, que os Estados-Membros devem ser autorizados a não

reconhecer os sistemas de identificação eletrónica estrangeiros que não cumpram os requisitos do Regulamento (UE) n.º 182/20111.

Quanto a esta questão, o texto da alteração 22 do projeto de parecer da comissão IMCO propõe uma possível solução capaz de integrar os dois diferentes modelos de registo existentes nos Estados-Membros2.

VI. Capital social de 1 EUR (artigo 16.º)

O capital social de uma SUP é pelo menos igual a 1 EUR. Nos Estados-Membros cuja moeda nacional não é o euro, o capital social deve ser pelo menos equivalente a uma unidade da respetiva moeda.

O relator, proveniente de uma tradição jurídica em que o capital social constitui uma garantia para os credores, está preocupado com esta norma, especialmente quando à inexistência de capital social se acrescenta a possibilidade de a SUP não ser obrigada a constituir reservas

1Regulamento (UE) n.º 910/2014 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de julho de 2014, relativo à

identificação eletrónica e aos serviços de confiança para as transações eletrónicas no mercado interno e que revoga a Diretiva 1999/93/CE (JO L 257 de 28.8.2014, p. 73).

2A exatidão dos dados, de identidade e autenticidade dos documentos revestem-se de particular importância para

garantir a segurança dos registos nacionais e a constituição de sociedades em linha. Os Estados-Membros devem ter a possibilidade de manter regras relativas à verificação do processo de registo a fim de proporcionar controlos de legalidade da identidade do sócio fundador ou do seu representante, bem como dos documentos apresentados para registo, incluindo a participação de notários ou advogados, desde que o procedimento de registo no seu todo tenha sido concluído por via eletrónica e à distância. Os Estados-Membros deverão estabelecer claramente os requisitos nacionais do procedimento de identificação eletrónica em linha no seu sítio Web de registo.

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legais. A proposta «compensa» esta inexistência de capital com uma série de garantias de liquidez necessárias para se poder proceder a uma repartição de dividendos: um teste de equilíbrio orçamental e uma declaração de solvabilidade.

O relator considera que uma eventual solução consistiria em permitir que os Estados-Membros que o desejassem impusessem a obrigação de constituição de reservas.

E. Conclusão

O relator acredita no potencial da proposta da Comissão enquanto motor para a criação de crescimento e de emprego. Num momento em que a União ainda não recuperou da crise, é essencial promover o espírito empresarial mediante a redução dos encargos e dos custos administrativos.

O relator está também ciente do risco de que os potenciais benefícios oferecidos por esta nova forma de sociedade sejam muito limitados se se multiplicarem as opções deixadas ao critério dos Estados-Membros. Por conseguinte, defende uma harmonização indispensável para preservar o valor acrescentado europeu que justifica o projeto.

O relator convida os relatores-sombra e, em geral, todos os membros da comissão, a

prosseguirem o debate e a procurarem em conjunto soluções aceitáveis para não desperdiçar esta última oportunidade de estabelecer um quadro jurídico harmonizado para a criação de PME, que facilite a atividade transfronteiriça e reduza os custos e os encargos administrativos. Sendo a Agenda Digital uma prioridade para a Comissão nos próximos cinco anos, será indesculpável não levar a cabo a adaptação da forma de constituição de empresas à era digital. Trata-se, em qualquer caso, de conjugar a modernidade e a redução das formalidades

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