Recrutamento de juvenis de Priolo Pyrrhula murina em 2010

Recrutamento de juvenis de Priolo

Pyrrhula murina em 2010

Povoação, Janeiro 2011

Este relatório foi realizado no âmbito d pelo Preventing Extinctions

condições para a protecção e sobrevivência das espécies de aves selvagens mais ameaçadas de extinção em todo o mundo

Re

crutamento de juvenis

Pyrrhula murina

Po

voação

relatório foi realizado no âmbito da monitorização da população do Priolo, apoiada

Preventing Extinctions Program da Birdlife International, que visa assegurar as

condições para a protecção e sobrevivência das espécies de aves selvagens mais s de extinção em todo o mundo.

crutamento de juvenis

de Priolo

Pyrrhula murina

em 2010

voação

, Janeiro 2011

a monitorização da população do Priolo, apoiada , que visa assegurar as condições para a protecção e sobrevivência das espécies de aves selvagens mais

_3

Trabalhar para o estudo e conservação das aves e seus habitats, promovendo um desenvolvimento que garanta a viabilidade do património natural para usufruto das gerações futuras.

A SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves é uma organização não governamental de ambiente que trabalha para a conservação das aves e dos seus habitats em Portugal. Como associação sem fins lucrativos, depende do apoio dos sócios e de diversas entidades para concretizar as suas acções. Faz parte de uma rede mundial de organizações de ambiente, a

BirdLife International, que actua em mais de 100 países e tem

como objectivo a preservação da diversidade biológica através da conservação das aves, dos seus habitats e da promoção do uso sustentável dos recursos naturais.

Recrutamento de juvenis de Priolo Pyrrhula murina em 2010

Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, 2011

Direcção Nacional: Clara Casanova Ferreira, José Manuel Monteiro, Michael Armelin, Lourenço Nogueira Marques, Adelino Gouveia, José Paulo Monteiro, Jaime Ramos

Direcção Executiva: Luís Costa

Coordenação do projecto: Joaquim Teodósio

Coordenação técnica: Hugo Sampaio

Agradecimentos: Jaime Ramos

Fotografia da capa: Priolo juvenil, à esquerda, a par com um adulto, à direita, Daniel Jareno

Citação: Sampaio, H. 2011. Recrutamento de juvenis de Priolo Pyrrhula murina em

2010. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa (relatório não

ÍNDICE

RESUMO/SUMMARY

05

1. NOTA INTRODUTÓRIA

07

2. METODOLOGIA

08

3. RESULTADOS

09

3.3 Apresentação dos registos por transecto 11

3.4 Registos de alimentação 12

3.5 Recapturas visuais de priolos anilhados 12

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

15

ANEXOS

16

_5

RESUMO

Este relatório pretende apresentar os resultados obtidos no censo de recrutamento de juvenis de Priolo Pyrrhula murina para a população, efectuado em Setembro de 2010 e compará-los com os resultados dos anos anteriores. Esta medida de monitorização da população foi realizada anualmente de 2006 a 2008, no âmbito do Projecto LIFE Priolo. Após um ano de interregno foi possível voltar a realizar este censo através do Preventing Extinctions Program.

O censo de recrutamento de juvenis foi efectuado por via da “captura visual” de priolos em 20 transectos realizados a pé, na área de distribuição da espécie, de 8 a 30 de Setembro e com boas condições climatéricas. Cada transecto foi realizado por duas vezes, com um intervalo aproximado de 10 dias e em períodos diferentes: de manhã, das 7:00 – 12:00 e de tarde, das 15:00 – 19:00. Os priolos observados foram distinguidos entre juvenis e adultos e os resultados analisados por via do rácio juvenis/adultos. Durante os transectos anotaram-se ainda os registos de alimentação e despistou-se a presença de anilhas coloridas nos tarços dos priolos.

Foram registados 212 priolos: 143 juvenis e 69 adultos. Houve um aumento considerável do número de registos obtidos da primeira para a segunda volta, o que aliado ao facto de se verem juvenis em estados de maturação diferentes leva a crer que alguns adultos tenham realizado uma segunda postura.

O rácio mais elevado de 2010 foi de 2,30 juvenis/adultos e, à semelhança dos anos anteriores, foi obtido na quinzena 18 do ano. Este valor indica que a época de reprodução correu de forma favorável e, ao compará-lo com os resultados de anos anteriores leva-nos a crer que este foi provavelmente o melhor destes verões.

Os transectos onde se obtiveram mais registos foram Miradouro da Tronqueira (14%), Lomba da Igreja (13%), Paupique (11%), Mata dos Bispos (11%) e Piquinho da Vereda (10%), os quais perfazem 59% dos priolos registados. Estes cinco transectos situam-se na parte sul da área de distribuição do Priolo, zona que igualmente reuniu mais detecções de priolos durante os censos populacionais.

Obtiveram-se 25 registos de priolos em alimentação, 14 dos quais de bagas de Leycesteria formosa. A área de distribuição desta espécie invasora tem-se expandido, permanecendo inclusivamente em áreas alvo de remoção de plantas exóticas, razão pela qual deve ser dada atenção à evolução da sua distribuição.

Foi visto apenas um indivíduo anilhado, o qual havia sido capturado como adulto em Agosto de 2005. Este indivíduo teria pelo menos 6 anos de idade na altura de realização deste censo o que faz dele o registo de maior longevidade obtido para esta espécie.

É importante aumentar significativamente a capacidade de suporte do meio, nomeadamente em termos alimentares, para que épocas de reprodução favoráveis como esta possam resultar no estabelecimento dos juvenis e num incremento do efectivo populacional do Priolo.

SUMMARY

This report aims to present the results of the census of Azores bullfinch Pyrrhula murina juveniles’ recruitment to the population in 2010, performed in September, and compare them with results from previous years. This population monitoring activity was conducted annually from 2006 to 2008, under the LIFE Priolo Project. After an interruption of one year it was possible to carry out again due to the Preventing Extinctions Programme.

This census consisted on recording Azores bullfinches that were observed while walking on 20 survey routes established within this specie’s geographic range, between 8th _{– 30}th _{September and}

under good weather conditions. Each survey route was performed twice with an interval of approximately 10 days and at different periods: morning (7:00 - 12:00) and afternoon (15:00 - 19:00). Azores bullfinches were distinguished into juveniles and adults and the results showed as the ratio of juveniles / adults. During the survey routes there were also recorded the feeding records of the Azores bullfinch and colour rings were searched on their tarsus.

There were obtained 212 records: 143 juveniles and 69 adults. There was a considerable increase in the number of records from the first to the second round, which coupled with the fact that some juveniles were seen in different states of maturation suggests that some adults have raised a second brood.

The highest ratio obtained was 2.30 juveniles / adults, which corresponded to the 18th half month of 2010, such as what happened in previous years. This value indicates that the breeding season went favourably, and by comparing it with the results from previous years leads us to believe that this was probably the best summer.

The survey routes where more records were obtained were Miradouro da Tronqueira (14%), Lomba

da Igreja (13%), Paupique (11%), Mata dos Bispos (11%) and Piquinho da Vereda (10%), which

account for 59 % of all records. These five transects are located in the southern part of the geographic range of the Azores bullfinch, where there were also obtained more detections during the population census.

There were obtained 25 feeding records, 14 of which were of Leycesteria formosa berries. The range of this invasive species has been expanding and can even be found in areas subject to the removal of exotic plants. For this reason attention should be paid to the evolution of its distribution. Only one individual was seen banded, which had been captured as an adult in August 2005. This individual would have at least 6 years when observed in September which means that this is the largest record of longevity obtained for this species.

It’s important to increase the carrying capacity of the Azores bullfinch habitat, particularly in terms of food availability, so that favorable breeding seasons such as this one can result in the establishment of juveniles and subsequently on population growth.

_7

1. NOTA INTRODUTÓRIA

O Priolo Pyrrhula murina é uma ave endémica de São Miguel e grandemente associada à floresta nativa de laurissilva desta ilha açoriana. Esta vegetação, outrora abundante em todo o arquipélago, foi sendo removida por acção humana e substituída por pastagens ou plantações florestais, por exemplo. Em São Miguel, o principal remanescente de floresta nativa está abrangido pela Zona de Protecção Especial do Pico da Vara/Ribeira do Guilherme, situada na parte Leste da ilha. Este núcleo de Floresta Laurissilva encontra-se degradado principalmente devido à invasão por espécies exóticas agressivas (Ceia 2008).

Durante o século XX, devido a perseguição humana e posteriormente por perda e degradação de habitat, a população de Priolo reduziu drasticamente tendo atingido um mínimo de 100 casais distribuídos por uma área restrita de cerca de 500ha (Bibby & Charlton 1991).

Anteriormente listado como “Criticamente Ameaçado”, o seu estatuto de conservação foi recentemente alterado pela BirdLife International e pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) para “Em perigo de Extinção”, devido à estabilização e gradual crescimento da sua população, assim como pela relativa expansão da sua área de distribuição (IUCN 2010).

Este aumento da população poderá dever-se em parte aos resultados positivos obtidos pelos projectos que, desde a década de 90 do século passado, têm vindo a ser desenvolvidos com o objectivo de promover a conservação do Priolo e do seu habitat. Estes incidiram principalmente na remoção das principais espécies invasoras, bem como no estudo e monitorização da população deste passeriforme (Ceia 2008).

Uma das acções de monitorização levadas a cabo foi o censo de recrutamento de juvenis para a população, realizado por três vezes durante o Projecto LIFE Priolo (2003 - 2008), como parte integrante da Acção F6 (Ceia 2008). Após uma interrupção em 2009, por não haver fundos disponíveis para dirigir a esta acção, este censo voltou a ser realizado em 2010 graças ao

Preventing Extinctions Program.

Esta acção, realizada no período pós-reprodutor do Priolo, serve para avaliar o sucesso anual da sua época de reprodução, por via do cálculo do rácio juvenis/adultos. Após abandonarem o ninho os juvenis de Priolo são facilmente distinguidos dos adultos pela coloração da cabeça, a qual apresenta uma tonalidade castanha, contrastante com a típica coroa preta dos adultos. Esta diferença permite a separação dos priolos observados em dois sectores etários, base para o cálculo do rácio juvenis/adultos (Ceia 2008).

O presente relatório pretende apresentar os resultados obtidos no censo de recrutamento de juvenis para a população realizado em 2010 e compará-los com os resultados dos restantes anos em que esta monitorização foi executada (Ceia 2008), de modo a avaliar diferenças inter-anuais no sucesso reprodutivo.

2. METODOLOGIA

O censo de recrutamento de juvenis para a população foi efectuado por via da “captura visual” de priolos em transectos pré-definidos, realizados a pé, na actual área de distribuição do Priolo. A escolha dos transectos foi limitada à existência de trilhos ou estradas em áreas com ocorrência regular de priolos.

Foram seleccionados 20 transectos (fig.1), realizados entre os dias 8 e 30 de Setembro de 2010, com condições climatéricas favoráveis (ausência de chuva, vento forte e nevoeiro cerrado) e em dois períodos do dia, de manhã (7:00 – 12:00) e de tarde (15:00 – 19:00). Ao longo de cada transecto foram registados os priolos observados, desde que tenha sido possível distingui-los em duas faixas etárias: juvenil ou adulto. Adicionalmente foi anotada a hora de cada observação, se os priolos se encontravam anilhados (com anilha, sem anilha ou ?) e, no caso dos indivíduos se terem alimentado, anotaram-se a espécie e a parte da planta consumidas. Houve ainda o cuidado de não contabilizar o mesmo indivíduo repetidamente, o que levou a que, em caso de dúvida, algumas observações não fossem registadas.

Cada transecto foi percorrido por duas vezes, com um intervalo aproximado de 10 dias, ora de manhã, ora de tarde, para assegurar que as diferenças no número de priolos registados entre transectos não se deveram à realização dos mesmos em períodos do dia menos favoráveis à observação desta espécie. A repetição dos transectos pretendeu ainda verificar diferenças no número de priolos registados e na proporção de juvenis e adultos ao longo do mês de Setembro. Os resultados foram analisados como o número de juvenis observados por adulto (nº de juvenis / nº de adultos).

Os nomes atribuídos aos transectos foram retirados das cartas militares, correspondendo ao nome de um dos locais atravessados pelos percursos. No anexo A é disponibilizado o percurso de cada transecto, bem como os resultados aí obtidos.

Figura 1_Localização dos 20 transectos realizados na área de distribuição do Priolo:

_9

3.

RESULTADOS

3.1 Resultados gerais

Ao todo foram registados 212 priolos, dos quais 143 foram identificados como juvenis e 69 como adultos (Tabela 1). Houve um aumento do número de detecções da primeira (34,4%) para a segunda volta (65,6%) – fig.2, embora a proporção de juvenis e adultos tenha variado pouco (fig.3). Foram registados mais priolos da parte da manhã (128 de manhã, 84 de tarde) e a percentagem de juvenis e adultos observados foi semelhante nas duas fases do dia.

Juvenis Adultos Total

1ª volta 48 25 73 2ª volta 95 44 139 Total 143 69 212 48 95 143 25 44 69 0 50 100 150 200 250

1ª volta 2ª volta Total

65,8% 68,3% 67,5% 34,2% 31,7% 32,5% 0% 20% 40% 60% 80% 100%

1ª volta 2ª volta Total

Tabela 1_Número de detecções para cada idade nas duas voltas realizadas.

Figura 2_Gráfico com o número de priolos registados em cada volta (n=212):

•

•

Figura 3_Gráfico com a percentagem de juvenis e adultos registados em cada volta (n=212):

•

•

1,61

2,30

1,40 1,80 2,20

Quinzena 17 (1 - 15 Set) Quinzena 18 (16 - 30 Set)

1,92 2,16 1,90 2,00 2,10 2,20

1ª volta (8 - 18 Set) 2ª volta (19 - 30 Set)

3.2 Rácio juvenis/adultos

A primeira volta dos transectos foi realizada entre 8 e 18 de Setembro e foram registados 1,92 juvenis/adultos. Na segunda volta, completada a 30 de Setembro, este valor foi superior e atingiu 2,16. Uma vez que em anos anteriores os resultados foram analisados consoante a quinzena do ano em que os indivíduos foram registados e de modo a poder comparar rácios de anos diferentes, os resultados deste ano são apresentados das duas formas (Tabela 2 e figura 4).

Na Tabela 3 são apresentados os resultados obtidos para o rácio juvenis/adultos de cada ano, desde que foi iniciada esta medida de monitorização, em 2006. Os resultados de 2010, disponíveis apenas para as duas quinzenas de Setembro, apresentam valores superiores aos da generalidade dos anos anteriores.

n

Juvenis

Adultos

Rácio Juv/Ad

1ª volta (8 - 18 Set)

73

48

25

1,92

2ª volta (19 - 30 Set)

139

95

44

2,16

Quinzena 17 (1 - 15 Set)

60

37

23

1,61

Quinzena 18 (16 - 30 Set)

152

106

46

2,30

Total

212

143

69

2,07

Mês Quinzena Juv/Ad n Juv/Ad n Juv/Ad n Juv/Ad n

13 0 50 0 175 0 105 - 0 14 0 50 0,02 151 0,04 269 - 0 15 0,04 82 0,03 122 0,38 172 - 0 16 0,36 95 0,16 147 0,57 74 - 0 17 0,79 125 0,21 140 1,54 61 1,61 60 18

0,90*

0,70*

4,00*

2,30*

Tabela 2_Rácio juvenis/adultos analisando os registos por volta dos transectos e por quinzena do ano 2010.

Figura 4_Gráficos com a variação do rácio juvenis/adultos entre as duas voltas dos transectos, à esquerda, e entre as quinzenas 17 e 18 de 2010, à direita (n=212).

Tabela 3_Comparação do rácio juvenis/adultos, por quinzena do ano, desde 2006.

_11

3.3 Apresentação dos registos por transecto

Dos 20 transectos seleccionados na área de ocorrência do Priolo cinco não obtiveram qualquer registo e nos restantes 15 houve diferenças notórias no número de priolos avistados. Os transectos onde se obtiveram mais registos foram Miradouro da Tronqueira (14%), Lomba da Igreja (13%), Paupique (11%), Mata dos Bispos (11%) e Piquinho da Vereda (10%), os quais perfazem 59% dos priolos registados (Tabela 4). Estes cinco transectos situam-se na parte sul da área de distribuição do Priolo, como se pode ver na figura 5.

Os transectos onde foram observados mais juvenis por adulto foram o Pico do Salto do Cavalo, Paupique, Bardinho, Lomba da Igreja, Miradouro da Tronqueira, Mata dos Bispos e Serra da Tronqueira (Tabela 4).

Nº

Nome

Juvenis

Adultos

Total Priolos

Rácio juvenis/adultos

8

Miradouro da Tronqueira

21

8

29

2,63

16

Lomba da Igreja

20

7

27

2,86

13

Paupique

19

5

24

3,80

15

Mata dos Bispos

17

7

24

2,43

14

Piquinho da Vereda

11

10

21

1,10

1

Bardinho

11

3

14

3,67

17

Madeira Velha

7

7

14

1,00

6

Outeiro Alto

8

5

13

1,60

9

Duas Águas

6

4

10

1,50

4

Criação

5

4

9

1,25

10

Serra da Tronqueira

6

3

9

2,00

19

Pico do Salto do Cavalo

7

1

8

7,00

11

Bartolomeu

3

2

5

1,50

5

Malhada

1

3

4

0,33

18

Espigão da Ponte

1

0

1

Erro

Tabela 4_Ordenação dos transectos realizados pelo número total de priolos registados (foram excluídos os transectos sem qualquer registo).

Figura 5_Número de priolos registados em cada transecto (n=212):

_--

_--

3.4 Registos de alimentação

Obtiveram-se 25 registos de priolos em alimentação, conseguidos na sua maioria da parte da manhã (16 de manhã, 9 de tarde) e principalmente de priolos adultos (17 adultos, 8 juvenis). A espécie mais consumida foi claramente Leycesteria formosa, com mais de metade dos registos (Tabela 5).

3.5 Recapturas visuais de priolos anilhados

Dos 212 registos de priolos, foi possível verificar a presença de anilhas em 192. Os restantes 20 indivíduos afastaram-se antes que se conseguisse ver claramente os seus tarços. Destes 192 priolos observados apenas um se encontrava anilhado e, através da combinação de cores das anilhas coloridas, foi possível averiguar o número da anilha metálica: C049618.

Este registo corresponde a um Priolo adulto, fêmea, anilhado no Miradouro da Tronqueira a 27 de Agosto de 2005, mesmo local onde foi avistado a 11 de Setembro de 2010.

Parte da

Nº de

Nome comum

Nome científico

planta

registos

Cedro do mato

Juniperus brevifolia

Fruto

1

Patalugo maior

Leontodon filii

Semente

1

Uva da serra

Vaccinium cylindraceum

Fruto

4

Louro

Laurus azorica

Botão floral

1

Silvado manso

Rubus hochstetterorum

Fruto

1

Folhado

Clethra arborea

Botão floral

1

Polígono de jardim

Polygonum capitatum

Semente

2

Silvado manso

Leycesteria formosa

Fruto

14

Espécie (Sjögren 2001)

_13

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após um interregno de um ano, em 2010 voltou a ser monitorizado o sucesso reprodutivo do Priolo por via do cálculo do rácio juvenis/adultos. Apesar de o período de amostragem ter sido mais curto do que nos anos anteriores, cobrindo apenas três semanas, a julgar pelos registos obtidos de 2006 a 2008, este terá decorrido na altura em que é avistado maior número de juvenis por adultos. Nos três anos amostrados a quinzena 18 foi sempre aquela em que se obteve maior rácio juvenis/adultos, razão pela qual se considera que o período escolhido para realizar os transectos foi adequado. Este ano não fugiu à regra, tendo sido obtido um rácio de 2,30 juvenis/adultos na segunda quinzena de Setembro, valor elevado e que significa que o período reprodutor correu de forma bastante favorável. Desde que se iniciou esta monitorização apenas um ano apresentou um valor mais elevado. Contudo, na quinzena em questão (quinzena 18 de 2008) a amostra foi de apenas 10 priolos, número baixo e que pode ter resultado facilmente num rácio inflacionado.

Neste período foi obtida uma boa amostra, principalmente devido aos registos da segunda volta dos transectos, que correspondem a cerca de dois terços do total de priolos registados. A razão para o número de priolos observados ter aumentado tanto pode dever-se ao surgimento de juvenis provenientes de uma segunda postura. De facto, durante as três semanas foram vistos juvenis em estados diferentes de maturação: enquanto alguns juvenis apresentaram a coroa já praticamente mudada, outros aparentavam ter deixado o ninho há poucos dias, tendo inclusive sido avistados a ser alimentados por um progenitor.

A escolha dos locais de realização dos transectos pretendeu abranger uma parte significativa da área de distribuição do Priolo no período pós-reprodutor, nomeadamente alguns locais que não haviam sido alvo de monitorização nos anos anteriores. O crescente número de cortes de

Cryptomeria japonica para exploração da sua madeira tem facilitado o acesso a novas áreas, bem

como propiciado zonas abertas apelativas para o Priolo, que aproveita estas áreas em regeneração para se alimentar de sementes de espécies pioneiras que benificiam da oferta de luz. Alguns destes cortes florestais contribuiram para o elevado número de priolos observados em áreas como Lomba da Igreja, Paupique e Mata dos Bispos. Em oposição é importante salientar o facto de o transecto com maior número de registos ter sido o Miradouro da Tronqueira, área sujeita a controlo de espécies invasoras desde 2005 e que se encontra num bom estado de sucessão ecológica, representando claramente uma das melhores manchas de floresta nativa de São Miguel.

De um modo geral os transectos com maior número de priolos registados situam-se na zona sul da área de distribuição desta espécie, resultado que vai de encontro aos obtidos nos censos populacionais realizados desde 2008 (Sampaio 2010). No que diz respeito à localização das áreas com maior importância para a reprodução não é possível tirar grandes conclusões, dado que o rácio juvenis/adultos registado em cada transecto, resulta de uma amostra demasiado pequena para este efeito. Por outro lado, a partir das recapturas visuais de priolos anilhados obtidas durante o Projecto LIFE Priolo foi possível registar deslocações significativas de juvenis acompanhados pelos progenitores e ainda alimentados quase exclusivamente por estes, o que significa que os juvenis observados num transecto podem ser provenientes de áreas de reprodução mais ou menos distantes.

Apesar da boa amostra conseguida em termos de priolos observados, foram obtidos poucos registos de alimentação. A maior parte foi conseguida de manhã, período mais propício a tal. O facto de mais de metade destes registos ser de L. formosa, espécie com carácter invasor, alerta para o aumento da distribuição desta planta arbustiva com preferência para a ocupação de espaços abertos. Uma área significativa dos transectos foi percorrida em cortes florestais em regeneração, onde as plantas invasoras predominam, contudo metade dos registos de alimentação de L. formosa foi obtida no transecto Miradouro da Tronqueira. Por não ser, até ao momento, considerada uma espécie invasora preocupante e devido à sua importância para o Priolo em termos alimentares, a sua presença tem sido tolerada em núcleos importantes de vegetação nativa. Não obstante, possíveis alterações na sua distribuição devem ser acompanhadas e controladas no futuro, caso se considere necessário. Foi apenas observado um Priolo anilhado, número baixo que se justifica em parte pelo facto de as sessões de anilhagem com incidência nesta espécie terem terminado em 2008. Contudo, a mortalidade de indivíduos adultos não justifica, por si só, o facto de não terem sido observados mais priolos anilhados, pelo que uma amostragem com maior esforço dirigido às áreas onde decorreram as sessões de anilhagem resultaria seguramente na obtenção de maior número de recapturas

visuais. O avistamento de um indivíduo anilhado como adulto em 2005 não deixa de ser surpreendente dado que este terá pelo menos seis anos de idade. Até ao momento este é o registo de maior longevidade obtido para esta espécie.

Face aos resultados favoráveis desta época de reprodução espera-se que o Priolo possa recuperar do ligeiro decréscimo do índice populacional registado nos últimos dois anos, caso o Inverno deste ano não seja tão prolongado e rigoroso como o anterior. Contudo, enquanto a capacidade de suporte do seu habitat não for significativamente aumentada, nomeadamente em termos de disponibilidade alimentar, não se pode esperar que boas épocas de reprodução resultem efectivamente num incremento populacional substancial.

_15

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bibby, C.J. & T.D. Charlton 1991. Observations on the São Miguel Bullfinch. Açoreana, 7: 297-304.

Ceia, R. 2008. Monitorização da população de priolo. Relatório da acção F6 do Projecto LIFE

Priolo. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa (relatório não publicado).

IUCN 2010. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2010.2. Acedido em

www.iucnredlist.org a 06 de Agosto 2010.

Sampaio, H. 2010. Censo Anual do Priolo Pyrrhula murina - 2010. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa (relatório não publicado).

Sjögren, E. 2001. Plantas e flores dos Açores. Secretaria Regional do Ambiente e Direcção Regional da Cultura dos Açores.

ANEXOS

A – Localização, percurso e resultados dos trancectos realizados

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 8 3

2ª 3 0 14 3,67

1 - Bardinho

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 0 0

2ª 0 0 0

-2 - Atalhada

Figura 6_Localização do transecto Bardinho (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

_--

_--

Figura 7_Localização do transecto Atalhada (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

_--

_--

_17 Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 0 0

2ª 0 0

3 - Rechão das Vacas 0

-Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 0 0

2ª 5 4

4 - Criação 9 1,25

Figura 8_Localização do transecto Rechão das Vacas (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

--

_--

Figura 9_Localização do transecto Criação (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

_--

--

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 1 3

2ª 0 0

5 - Malhada 4 0,33

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 7 2

2ª 1 3

6 - Outeiro Alto 13 1,60

Figura 10_Localização do transecto Malhada (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

--

--

Figura 11_Localização do transecto Outeiro Alto (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

--

--

_19 Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 0 0

2ª 0 0

7 - Cancela do Cinzeiro 0

-Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 2 3

2ª 19 5

8 - Miradouro da Tronqueira 29 2,63

Figura 12_Localização do transecto Cancela do Cinzeiro (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

--

--

Figura 13_Localização do transecto Miradouro da Tronqueira (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 2 0

2ª 4 4

9 - Duas Águas 10 1,50

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 1 1

2ª 5 2

10 - Serra da Tronqueira 9 2,00

Figura 14_Localização do transecto Duas Águas (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

_--

--

Figura 15_Localização do transecto Serra da Tronqueira (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

_21 Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 2 1

2ª 1 1

11 - Bartolomeu 5 1,50

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 0 0

2ª 0 0

12 - Selada 0

-Figura 16_Localização do transecto Bartolomeu (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

_--

--

Figura 17_Localização do transecto Selada (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

_--

_--

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 7 1

2ª 12 4

13 - Paupique 24 3,80

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 3 3

2ª 8 7

14 - Piquinho da Vereda 21 1,10

Figura 18_Localização do transecto Paupique (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

_--

--

Figura 19_Localização do transecto Piquinho da Vereda (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

_23

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 4 3

2ª 13 4

15 - Mata dos Bispos 24 2,43

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 5 1

2ª 15 6

16 - Lomba da Igreja 27 2,86

Figura 20_Localização do transecto Mata dos Bispos (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

--

--

Figura 21_Localização do transecto Lomba da Igreja (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 3 3

2ª 4 4

17 - Madeira Velha 14 1,00

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 1 0

2ª 0 0

18 - Espigão da Ponte 1

-Figura 22_Localização do transecto Madeira Velha (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

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_--

Figura 23_Localização do transecto Espigão da Ponte (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

_25 Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 2 1

2ª 5 0

19 - Pico do Salto do Cavalo 8 7,00

Transecto Volta Juvenis Adultos Total Priolos Rácio juvenis/adultos

1ª 0 0

2ª 0 0

20 - Pico da Areia 0

-Figura 24_Localização do transecto Pico do Salto do Cavalo (à esquerda) e percurso realizado (à direita):

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Figura 25_Localização do transecto Pico da Areia (à esquerda) e percurso realizado (à direita):