Lúcia Dias Vargas
Chefe de Divisão dos Julgados de Paz
Aspectos a considerar
- Apresentação genérica dos julgados de paz
- O papel das diversas Entidades que integram a Rede Nacional dos Julgados de Paz;
-A Lei 78/2001 de 13 de Julho (LJP) A) A competência dos JP
B) A tramitação processual nos JP
O que são ?
Os julgados de paz são tribunais com características especiais, competentes para resolver pequenas causas de natureza cível:
São tribunais de proximidade, onde as formalidades processuais são reduzidas ao mínimo;
Visam a resolução de conflitos de uma forma rápida e a custos reduzidos;
Visam a resolução do conflito por acordo, sempre que possível;
São criados através de parcerias entre o Ministério da Justiça e os municípios.
Julgados de Paz
INÍCIO: 4 Julgados de Paz em projecto experimental, instalados em Janeiro e Fevereiro de 2002.
SITUAÇÃO ACTUAL: 24 Julgados de Paz, abrangendo 60 Concelhos e cerca de 3.100.000 hab.
2002 - 4 Julgados de Paz 4 Concelhos (18 Freguesias) 2004 - 12 Julgados de Paz 28 Concelhos 2006 - 16 Julgados de Paz 32 Concelhos
2007 – Elaborado e apresentado o Plano de Desenvolvimento da Rede dos Julgados de Paz 2008 - 19 Julgados de Paz 41 Concelhos 2009 - 23 Julgados de Paz 57 Concelhos 2010 - 24 Julgados de Paz 60 Concelhos
Julgados de Paz
Competência em razão do valor: litígios até 5.000,00 €.
Competência material: conflitos entre proprietários, questões de condomínio, cumprimento de obrigações, arrendamento urbano, acções possessórias, responsabilidade civil, incumprimento contratual, acções que respeitem à garantia geral das obrigações e pedidos de indemnização cível em certos tipos de crimes.
Prazo médio de resolução do litígio: 2 meses.
Custas: taxa única de 70 Euros (50 Euros se alcançado acordo em sede de mediação).
Sentença: constitui título executivo (igual Tribunal de Primeira Instância).
Princípios: informalidade, oralidade e absoluta economia processual.
Criação de Julgados de Paz
• Lei n.º 78/2001, de 13 de Julho (aprovada por
unanimidade);
• 3 passos para a criação de um Julgado de Paz: protocolo,
entre uma, ou mais, autarquia(s) e o Ministério da Justiça
(parceria); criação por Decreto-Lei e instalação por
O papel das diversas Entidades que
integram a rede dos Julgados de Paz
-O GRAL
-O Conselho de Acompanhamento dos Julgados de Paz
-As Autarquias
A gestão e o bom funcionamento dos Julgados de Paz requer das Entidades envolvidas
O GRAL tem por missão promover o
acesso ao direito, aos meios extrajudiciais
de resolução de conflitos, aos tribunais
arbitrais e aos julgados de paz.
(
I - O GRAL - Gabinete para a Resolução
Alternativa de Litígios
Simplificação no acesso à justiça Maior celeridade e participação do cidadão na justiça Desjudicialização de processos
(…)
d) Promover a criação e apoiar o funcionamento de centros de arbitragem, julgados de paz e sistemas de mediação.
Dupla missão dos JP:
A) retirar dos Tribunais Judiciais litigância de valor reduzido B) possibilitar a resolução de litígios que de outra forma não chegariam a ser dirimidos por não existir um meio directamente vocacionado para este tipo de conflitos
Preâmbulo da Lei Org. do GRAL Dec. Lei. n.º
127/2007, de 27 de Abril
O Conselho de Acompanhamento dos Julgados de Paz (CAJP) é um órgão que funciona na dependência da Assembleia da República, com mandato de Legislatura. (art.º 65 LJP)
II - O Conselho de Acompanhamento dos
Julgados de Paz
a) Uma personalidade designada pelo Presidente da Assembleia da República, que preside;
b) Um representante de cada Grupo Parlamentar representado na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República
c) Um representante do Ministério da Justiça; d) Um representante do Conselho Superior da Magistratura;
e) Um representante da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
a) Nomear os Exmos. Juízes de Paz;
b) Exercer sobre os Juízes de Paz o poder disciplinar (lato sensu);
(art.º 2.ºLJP)
c) Acompanhar a criação, instalação e o funcionamento dos Julgados de Paz;
Competências do Conselho de Acompanhamento dos Julgados de Paz
d) Apresentar relatório anual de avaliação à Assembleia da República entre 1 e 15 de Junho de cada ano
- formular sugestões de alteração legislativa relativas à organização, competência e ao funcionamento dos julgados de paz e outras recomendações que devam ser tidas em conta, designadamente, pelo Governo ou pela Assembleia da República, no desenvolvimento do projecto.
Competências do CAJP:
- Os julgados de Paz são descentralizados numa lógica de proximidade com o cidadão
A criação e instalação dos Julgados de Paz depende de uma parceira pública-pública entre o Poder Local e o Ministério da Justiça
O Plano de Desenvolvimento da Rede dos Julgados de Paz, é um plano a longo prazo que envolve a realização de investimento público, de forma:
• faseada e
• sustentada
traduzindo-se na criação de uma parceria pública/pública entre o Ministério da Justiça e as autarquias, através da celebração de
Protocolos
Definem a repartição de competências do Ministério da Justiça e da Autarquia
em relação ao Julgado de Paz.
Exemplos de Protocolos
Repartição de competências
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
Proceder ao acompanhamento de instalação e funcionamento do julgado de Paz.
Promover a formação dos meios humanos que integram os Serviços de Atendimento e de Apoio Administrativo.
Suportar os encargos relativos à remuneração dos Juízes de Paz e deslocações em serviço.
Elaborar e actualizar, nos termos da lei, a lista dos Mediadores que prestam serviço no Julgado de Paz.
Suportar os encargos decorrentes da actividade dos Mediadores.
Proceder ao acompanhamento pós formativo dos meios humanos.
Instalar o sistema informático que permita a gestão integrada do Julgado de Paz.
Proceder à divulgação do Julgado de Paz.
MUNICÍPIOS
Disponibilizar as instalações necessárias ao regular funcionamento do Julgado de Paz.
Realizar e suportar os encargos com a execução das obras das instalações afectas ao Julgado de Paz, (privacidade, climatização e insonorização)
Dotar as instalações de mobiliário e equipamentos informáticos assegurando a sua manutenção.
Dotar as instalações com os meios de segurança adequados a proteger as instalações do Julgado de Paz.
Fornecer os bens consumíveis e documentação técnica necessária.
Suportar encargos com abastecimento de água,
fornecimento de electricidade e despesas de comunicação Assegurar a manutenção e limpeza das instalações
Disponibilizar os meios humanos para os Serviços de Atendimento e Apoio Administrativo e suportar os encargos referentes à remuneração.
Suportar os encargos com a aquisição de módulos ou passes de transportes públicos ou facultar o meio de transporte necessário, de forma a permitir a prática do acto de citação ou notificação pessoal das partes ou outras deslocações em serviço que se revelem necessárias.
Apoiar a divulgação do Julgado de Paz.
No âmbito da repartição de competências MJ/Autarquia cabe ainda à Autarquia
A coordenação, representação e gestão do Julgado de Paz compete ao juiz de paz que, de entre os que exerçam aí funções, tenha obtido a classificação mais elevada no respectivo concurso de recrutamento e selecção.
Cabe ao CAJP designar o Juiz Coordenador
Os JP de Sintra, Porto, Lisboa, Vila Nova de
Gaia e Seixal têm um movimento processual
que justifica a existência de dois juízes de paz
sendo um deles juiz coordenador.
A coordenação, do Serviço de Atendimento e do Serviço de Apoio Administrativo é assegurada por quem para o efeito vier a ser designado pelo juiz de paz-coordenador
Compete ao juiz de paz proferir, de acordo com a lei ou equidade, as decisões relativas a questões que sejam submetidas aos julgados de paz, devendo, previamente, procurar conciliar as partes.
Não está sujeito a critérios de legalidade estrita, podendo decidir segundo juízos de equidade se as partes assim acordarem
Os processos são distribuídos pelos juízes de paz de forma a garantir a repartição, com igualdade, do serviço do Julgado de Paz
O Juiz de Paz/Recrutamento
Requisitos cumulativos:
a) Ter nacionalidade portuguesa; b) Possuir licenciatura em Direito; c) Ter idade superior a 30 anos;
d) Estar no pleno gozo dos direitos civis e políticos;
e) Não ter sofrido condenação, nem estar pronunciado por crime doloso;
f) Ter cessado, ou fazer cessar imediatamente antes da assunção das paz, a prática de qualquer outra actividade pública ou privada.
O Juiz de Paz/Recrutamento
– O Director do GRAL é competente para autorizar a abertura do concurso através da publicitação na Internet e no D.R.
– Decorrido o prazo de candidatura de 10 dias o júri procede à verificação dos requisitos de admissão ao concurso, produzindo a lista de admitidos e excluídos.
– Os excluídos, após a participação dos interessados, podem recorrer. – Aos admitidos são aplicados os métodos de selecção. Após a
Hipótese
Imagine que vai ser criado um Julgado de Paz
1) Quem tem competência para elaborar o Decreto-Lei que o cria e a Portaria que o instala?
2) Quem nomeia o(s) Juiz(es) de Paz? 3) Quem disponibiliza as instalações?
4) Quem designa o coordenador do Serviço de
A Lei 78/2001, de 13 de Julho
• Regula a competência, organização e funcionamento
dos julgados de paz e a tramitação dos processos da sua competência.
• A competência e a tramitação do processo nos JP
espelha os princípios: simplicidade, adequação,
A Competência
Art.º 6/1 LJP - A competência dos julgados de paz é exclusiva a
acções declarativas.
JP competência exclusiva ou alternativa ?
• Competência exclusiva – A competência dos julgados de paz nas matérias estatuídas no art.º 9.º da LJP, cujo valor não exceda a alçada do Tribunal de Primeira Instância é exclusiva aquando da instauração da acção, sendo obrigatória a interposição da providência nos julgados de paz. A parte não tem a faculdade de escolher entre a instauração no julgado de paz ou no tribunal judicial;
• Competência alternativa - as partes podem optar entre os Julgados de Paz e os Tribunais Judiciais para dirimirem os seus conflitos.
Da competência
Durante algum tempo, coexistiram duas posições antagónicas sobre a competência dos Julgados de Paz: exclusividade ou alternatividade
- Uns, consideravam que o Julgado de Paz tinha competência exclusiva e outros defendiam a sua competência alternativa, para conhecer das acções a que se reporta o art. 9º da LJP.
A Competência
Na jurisprudência, os
Ac. do STJ de
03/10/2006 e 25/01/2007
, consideraram a
competência material exclusiva dos
Julgados de Paz e o
Ac. do STJ de
23/01/2007,
entendeu que essa
competência seria meramente alternativa
A Competência
Acórdão de Uniformização de Jurisprudência STJ
Nº 11/2007 de 24/05/2007
Defende que, a competência material dos julgados de paz para apreciar e decidir as acções previstas no art. 9, nº 1 da Lei 78/2001, de 13 e Julho, é alternativa relativamente aos tribunais judiciais de competência territorialmente concorrente
A Competência
Acórdão de Uniformização de Jurisprudência
do Tribunal da Relação de Lisboa 12/07/2007
Relançar a discussão em torno da competência dos Julgados de Paz, afirmando (contrariamente ao Acórdão de Uniformização do STJ) que esta é exclusiva e não alternativa.
A nossa posição: A competência nos Julgados de Paz é exclusiva
Trabalhos preparatórios da LJP
A intenção do legislador foi a de instituir os Julgados de Paz como meio alternativo, no sentido de complementar a via judicial, passando a responder a questões que até então não eram apreciadas – procura suprimida
} Se a competência fosse meramente alternativa (desvio à regra) justificava-se que o legislador tivesse prevenido da inexistência de obrigatoriedade de recorrer à jurisdição dos Julgados de Paz.
Regras gerais de direito processual civil, aplicáveis aos Julgados de Paz, por remissão do disposto no art. 63º da
LJP
A competência material é atribuída, por via negativa
Art.º 66º do CPC
São da competência dos tribunais judiciais as causas que não sejam atribuídas a outra ordem jurisdicional.
A nossa posição: A competência nos Julgados de Paz é exclusiva
A nossa posição: competência nos Julgados de Paz é exclusiva
Art.º 67º da LJP - “as acções pendentes à data da criação e instalação dos julgados de paz seguem os seus termos nos tribunais onde forem propostas”.
Se o legislador teve o cuidado de referir que, perante a criação dos julgados de paz, as acções pendentes nos tribunais judiciais ali permanecem, depois da criação e instalação dos julgados de paz, passam a pertencer, em exclusivo, à competência dos JP
Esta norma só faz sentido se os JP tiverem competência exclusiva
Artigo 9º LJP - competência dos Julgados de Paz em razão da matéria
1 — Os julgados de paz são competentes para apreciar e decidir:
a) Acções destinadas a efectivar o cumprimento de obrigações, com excepção das que tenham por objecto prestação pecuniária e de que seja ou tenha sido credor originário uma pessoa colectiva (prevenir a “colonização”);
b) Acções de entrega de coisas móveis;
c) Acções resultantes de direitos e deveres de condóminos, sempre que a respectiva
assembleia não tenha deliberado sobre a obrigatoriedade de compromisso arbitral para a resolução de litígios entre condóminos ou entre condóminos e o administrador
(prevalência em meios urbanos);
d) Acções de resolução de litígios entre proprietários de prédios relativos a passagem
for-çada momentânea, escoamento natural de águas, obras defensivas das águas, comunhão de valas, regueiras e valados, sebes vivas; abertura de janelas, portas, varandas e obras semelhantes; estilicídio, plantação de árvores e arbustos, paredes e muros divisórios (prevalência em meios de cariz mais rural);
Artigo 9º LJP - competência dos Julgados de Paz em razão da matéria
1 — Os julgados de paz são competentes para apreciar e decidir:
(…)
e) Acções possessórias, usucapião e acessão;
f) Acções que respeitem ao direito de uso e administração da compropriedade, da superfície,
do usufruto, de uso e habitação e ao direito real de habitação periódica;
g) Acções que digam respeito ao arrendamento urbano, excepto as acções de despejo; h) Acções que respeitem à responsabilidade civil contratual e extracontratual (direito do
consumo);
i) Acções que respeitem a incumprimento contratual, excepto contrato de trabalho e arrendamento rural;
Artigo 9º LJP n.º 2 — Os julgados de paz são também competentes para apreciar os pedidos de
indemnização cível
- Quando não haja sido apresentada participação criminalou após desistência, acções emergentes de:
a) Ofensas corporais simples;
b) Ofensa à integridade física por negligência; c) Difamação;
d) Injúrias;
e) Furto simples; f) Dano simples;
g) Alteração de marcos;
h) Burla para obtenção de alimentos, bebidas ou serviços.
3 — A apreciação de um pedido de indemnização cível, nos termos do número anterior, preclude a possibilidade de instaurar o respectivo procedimento criminal.
Tramitação nos JP
• 1- Requerimento inicial- art. 43.º • 2- Citação do demandado- art. 45.º • 3- Contestação- art. 47.º
• 4- Pré -Mediação- art. 49.º • 5- Mediação- art. 53.º
• 6- Homologação de Acordo art. 56.º • 7- Audiência de Julgamento- art. 57.º • 8- Conciliação- art. 26.º, n.º 1
• 7- Decisão- art. 60.º e 61.º
- homologação de acordo - sentença
Tramitação nos JP - Fase inicial (art.º 43.º LJP)
• Na presença do demandante, o técnico de atendimento do JP preenche:
• o requerimento inicial (quando apresentado verbalmente); • o formulário com os dados do demandante e do demandado;
• É atribuído um número de processo e é criada uma área de processo na plataforma, onde consta um resumo do mesmo.
• No caso de a parte ser cega, surda, muda, analfabeta, desconhecedora da língua portuguesa ou, se por qualquer outro motivo, se encontrar numa posição de manifesta inferioridade é obrigatória a assistência por advogado. Caso a parte não apresente, o técnico de atendimento nomeia um defensor oficioso através da plataforma (n.º 2 do art.º 38.º LJP) SINOA.
Tramitação nos JP - Fase inicial (art.º 43.º LJP)
• O técnico de atendimento imprime o requerimento inicial • O demandante assina o requerimento inicial
• É entregue uma cópia ao demandante e outra é
arquivada (art.º 43.º n.º 6 LJP – não há entrega de duplicados legais – princípio da simplicidade)
• O técnico de atendimento recebe o valor das custas
Adesão/recusa da pré-mediação (art.º 49.º e ss. LJP)
• O demandante decide se pretende a
pré-mediação
ou se a recusa
(n.º 7 do art.º 43.º LJP)▼
• O técnico de atendimento regista na plataforma
a escolha do demandante
Demandante afasta a pré-mediação (art.º 49.º e ss. LJP)
• O técnico de atendimento:
• regista a recusa da pré-mediação
• consulta a agenda do JP, disponível na plataforma • marcação da Audiência de Julgamento
• notificação do demandante e do demandado sobre a data/hora da Audiência de Julgamento
Demandante aceita recorrer à pré-mediação
• Selecção do mediador da pré-mediação (n.º 4 do art.º 50.º LJP)
• No JP existe uma lista com os mediadores que prestam serviço no JP (art.º 33.º LJP)
• Demandante selecciona o mediador
• Caso o demandante não tenha preferência por nenhum mediador, o JP selecciona um mediador (n.º 2 do art.º 51.º LJP)
• Marcação da sessão de pré-mediação - o técnico de atendimento: • Consulta a agenda do Julgado de Paz, disponível na plataforma
• Marca na agenda a sessão de pré-mediação (local, dia, hora e duração)
• Notifica o demandante (em princípio, presencialmente) da data da sessão de pré-mediação
Fase Citação + Articulados
(art.º 45.º LJP)• O técnico de atendimento
cita
o demandado,
enviando cópia do requerimento inicial
• Indica as
cominações
em que incorre no caso
de não oferecer contestação
• Indica a data/local da sessão de
pré-mediação
Fase Citação + Articulados (art.º 45.º e ss. LJP)
• Apresentação de contestação (e reconvenção) –(art.º 48.º LJP)
• O técnico de atendimento regista na plataforma a apresentação da contestação (e reconvenção) pelo demandado ou a não recepção da mesma dentro do prazo legal
• O técnico de atendimento notifica o demandante sobre a recepção da contestação (e reconvenção)
Fase de Pré-Mediação
(art.º 50.º LJP- Objectivos)• Sessão de pré-mediação
-
Resultados
possíveis:
• Sessão tem lugar e as partes
acordam
recorrer
à mediação
• Sessão tem lugar e as partes declaram
não
pretender a mediação
• Sessão não tem lugar devido à
falta justificada
de uma (ou ambas) as partes
• Sessão não tem lugar devido à
falta injustificada
Fase de Pré-Mediação
Partes acordam recorrer à mediação
– O mediador imprime, através da plataforma, o termo de consentimento
– As partes assinam o termo de consentimento
– O técnico de atendimento designa mediador escolhido pelas partes ou o seguinte da lista existente no JP
– O técnico de atendimento agenda a sessão de mediação e notifica as partes da data/hora da sessão de mediação
– Nota: o técnico de atendimento agenda tantas sessões de mediação quanto as indicadas pelos mediadores, seguindo a vontade das partes (art.º 53.º n.º 6 LJP)
Fase de Pré-Mediação
• Partes declaram não pretender a mediação
• O mediador dá conhecimento deste facto ao técnico de atendimento
• O técnico de atendimento:
• consulta agenda do JP
• marca a Audiência de Julgamento na agenda do JP • notifica as partes da data/hora da audiência de
julgamento
• informa o Juiz de Paz sobre a data/hora da audiência de julgamento deste processo
Fase da Mediação
(art.º 53.º n.º 1 LJP- Objectivos)
• Sessão de mediação - Resultados possíveis:
• Sessão(ões) tem(êm) lugar e as partes chegam
a um
acordo
(n.º 1 do art.º 56.º LJP)• Sessão(ões) tem(êm) lugar e as partes
não
chegam a um acordo
(n.º 2 do art.º 56.º LJP)• Sessão não tem lugar devido à
falta justificada
de uma (ou ambas) as partes
(n.º 2 do art.º 54.º LJP)• Sessão não tem lugar devido
à falta injustificada
Fase da Mediação
• Partes chegam a um
acordo
na mediação
▼
• O mediador introduz na plataforma o
acordo de mediação
• Especifica se o acordo foi total ou parcial
• O mediador imprime o acordo obtido na
mediação, que é
assinado
pelas partes
• O Juiz de Paz
homologa
o acordo de
Fase da Mediação
• Partes não chegam a um acordo na mediação
• O mediador introduz na plataforma a informação de que não foi possível obter o acordo na mediação
• O mediador dá conhecimento deste facto ao técnico de atendimento
• O técnico de atendimento:
• consulta agenda do JP
• marca a Audiência de Julgamento na agenda do JP
• notifica as partes da data/hora da Audiência de Julgamento
• informa o Juiz de Paz sobre a data/hora da audiência de julgamento deste processo
• O Juiz de Paz profere a Sentença (art.º 60.º e ss)
• No caso de remessa dos autos para outro Tribunal ou JP, o Juiz de Paz deve indicar qual o destino, assim como o motivo
• No caso de decidir a questão, o Juiz de Paz deve indicar se o demandado foi condenado ou absolvido (do pedido/da instância), assim como indicar por conta de quem correm as custas do processo
Fim do Processo no JP
Prova pericial (n.º 3 art.º 59.º LJP)
ou incidente processual (art.º 41.º LJP)
O Juiz de Paz:
– profere despacho que ordena a
remessa dos
autos para o Tribunal Judicial competente
– indica na plataforma a causa do termo do
processo e qual o tribunal judicial para onde
foi enviado o processo
Fim do Processo no JP
Incompetência – Outro Tribunal ou JP competente
• O Juiz de Paz profere despacho que ordena a
remissão dos autos para o Tribunal Judicial ou
JP competente
(art.º 7.º LJP)• O Juiz de Paz indica na plataforma a causa do
termo do processo
• O Juiz de Paz indica na plataforma o Tribunal
Judicial ou JP para onde foi enviado o processo
Fim do Processo no JP
Recurso
art.º 62.º LJP
• Desde que o valor da acção seja superior
a
€2500
• Interposto pela parte no
tribunal judicial
Execução das sentenças
(
n.º 2 do art.º6.º LJP
)
• Execução da sentença do Julgado de Paz
• Para a execução das decisões dos JP
aplica-se o disposto no Código de
Processo Civil e legislação conexa sobre
execuções das decisões dos Tribunais de
1.ª instância
Diferenças entre o processo e os
procedimentos adoptados pelos
tribunais judiciais
e pelos
julgados de paz
(exercício)
1.
Na fase dos articulados
Nos Julgados de Paz:
• Cabe à Secretaria facultar às partes cópia das peças processuais - não há lugar à entrega de duplicados legais;
• A distribuição dos processos é feita por meios informáticos e determinada pela entrada dos processos; • Não há citação edital;
• As notificações podem ser efectuadas pelo telefone; • Aplica-se um regime de custas simplificado.
2.
Na fase da mediação
Em cada Julgado de Paz existe um serviço
de mediação, que disponibiliza a qualquer
interessado a mediação, como forma de
3.
Na fase do julgamento
Nos Julgados de Paz:
– A fase do saneamento do processo tem lugar em plena audiência de julgamento;
– As partes podem apresentar toda a prova até ao dia da audiência;
– O que se pretende é pacificar conflitos sociais – os diversos operadores nos JP tem de ter a preocupação de pacificar, estabelecendo o elo de comunicação entre os intervenientes e atribuindo-lhes a confiança para que resolvam o diferendo pelos próprios meios.
3.
Na fase do julgamento
(continuação)
– O juiz de paz pode julgar de acordo com juízos de equidade, desde que haja acordo das partes e o valor do processo não exceda metade da alçada da primeira instância;
– A sentença deve ser proferida na audiência de julgamento e é notificada às partes imediatamente, podendo ser notificada por carta em casos especiais; – A falta do demandante à audiência de julgamento
sem a consequente justificação implica a desistência do pedido;
– Se a falta é do demandado, os factos alegados no requerimento inicial consideram-se confessados.
4.
A competência (art. 9.º LJP)
Os Julgados de Paz:
• Não têm competência para julgar incidentes; • Não podem solicitar a prova pericial;
• Não têm competência executiva;
• Não têm competência em matéria de recursos.
As acções superiores a metade da alçada em 1ª instância são susceptíveis de ser revistas pelos tribunais judiciais por via do recurso.
5. As partes no processo
• Nos Julgados de Paz as partes têm de
comparecer pessoalmente, podendo
fazer-se acompanhar por advogado,
advogado estagiário ou solicitador.
6.
Quanto ao objecto do
processo
Nos Julgados de Paz:
• O processo é mais flexível e menos rigoroso quanto aos formalismos;
• Quer em mediação, quer em conciliação, a discussão entre as partes extravasa o objecto do processo.
Outras diferenças:
• Celeridade dos processos;
• Utilização de meios alternativos – mediação e conciliação;
• A comunicação é o meio para alcançar a verdade;
• As partes são, elas próprias, os principais artífices da solução do conflito;
• Proximidade e participação cívica e efectiva dos interessados.
Reflexões
• Precisar o âmbito das competências dos JP Art.º 9 LJP
- Alargamento das competências em razão do valor e da matéria - Decisões cautelares
Não faz sentido que uma parte careça de recorrer aos Tribunais Judiciais para a instauração de procedimentos cautelares (nas causas de matérias e valor abrangidas pela competência dos Julgados de Paz), quando a acção principal deva ser (posteriormente) deduzida nos Julgados de Paz.
Se estes são competentes para a acção definitiva também o deveriam ser para a decisão provisória
Reflexões
- Admissibilidade da dedução da Reconvenção
Se o desiderato dos Julgados de Paz é resolver o litígio entre as partes, não deve subsistir quaisquer questões que sejam um entrave ou criem limitações à obtenção de um acordo
A decisão deve ser o mais ampla possível, designadamente nas matérias conexas, passíveis de dedução de reconvenção.
Reflexões
É injustificável a remessa do processo ao Tribunal Judicial, apenas porque requer a realização de perícia.
A simples formulação de requerimento para realização de perícia, implica a remessa automática do processo para o Tribunal Judicial de Primeira Instância (art.º 59.º, n.º 3 da LJP).
Deturpação do princípio da sujeição do processo ao Julgado de Paz
Reflexões
Maior valorização da mediação dos Julgados de Paz
Lei n.º 29/2009, de 29 de Junho - Regime Jurídico do Processo de Inventário, aditou o artigo 279.º – A CPC “Mediação e suspensão da instância:
n.º 1 determina que o juiz pode remeter o processo para mediação, em qualquer estado da causa e sempre que o entenda conveniente,
suspendendo para tal a instância, ressalvando os casos de oposição expressa de alguma das partes,
n.º 2 que, desde que estejam de acordo, as partes podem optar por resolver o litígio por mediação, acordando na suspensão da instância nos termos e pelo prazo máximo de seis meses.
Reflexões
Maior valorização da mediação dos Julgados de Paz
A mediação extra-competência veio permitir, a quem queira, superar um conflito, através da mediação, excluído da competência jurisdicional dos julgados de paz, utilizar para tal os serviços de mediação nos JP
Art.º 16 n.º 3 da Lei 78/2001
e
Artigo 14.º da Portaria n.º 1112/2005, de 28 de Outubro ▼
Reflexões
Repensar o papel do Juiz de Paz Art.º 25.º a 28.º LJP
PARA MAIS INFORMAÇÕES
CONTACTOS
Gabinete para a Resolução Alternativa de Litígios Av. Duque de Loulé, n.º 72
1050-091 Lisboa Tel.: 21.318.90.36 Fax.: 21.304.13.49
www.gral.mj.pt