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Andressa Carneiro Sarhan 1 Julia Pinheiro Krey¹ Daniela Maria Alves Chaud 2 Edeli Simioni De Abreu²

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AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL E ATITUDES ALIMENTARES DE ESTUDANTES DAS ÁREAS DE SAÚDE E HUMANAS

DE UMA UNIVERSIDADE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

Andressa Carneiro Sarhan1 Julia Pinheiro Krey¹ Daniela Maria Alves Chaud2 Edeli Simioni De Abreu² Resumo

O ideal de corpo passou por mudanças ao longo dos anos e o sobrepeso passou a ser alvo de discriminação. Os padrões de beleza impostos pela mídia e pela sociedade não respeitam os diversos biótipos existentes, fazendo com que as pessoas caiam na armadilha da dieta, um fator precipitante para os Transtornos Alimentares (TAs). Objetivo: Avaliar a percepção da imagem corporal e as atitudes alimentares de estudantes das áreas de saúde e humanas de uma universidade do município de São Paulo. Métodos: Responderam ao questionário Eating Attitudes Test (EAT-26), acompanhado de questões referentes ao peso e altura, 100 universitárias das áreas de saúde e humanas (18 a 25 anos), sendo o IMC calculado e a imagem corporal avaliada pela aplicação da escala de silhuetas (KAKESHITA et al., 2009). Resultados: O questionário EAT-26 mostrou que 24% das alunas da saúde e 28% das de humanas apresentaram risco para TAs. Sobre a imagem corporal, 95% apresentaram distorção (sendo 48% da área de saúde e 47% de humanas), com predomínio de superestimação. A maioria (81%) apresentou insatisfação da imagem corporal, sendo a distribuição percentual segundo o desejo de diminuir o tamanho corporal igual em ambas as áreas (35% em cada) e desejo de aumentar o tamanho corporal maior no curso de educação física (p<0,05). Conclusão: Houve destaque para a superestimação do tamanho do corpo, independente do curso ou da área de estudo. Sobre as atitudes alimentares, as estudantes da área de humanas obtiveram, ao contrário de outros estudos, maiores pontuações que as a área da saúde, o que sugere sua maior suscetibilidade para o desenvolvimento de TAs.

PALAVRAS-CHAVE: imagem corporal, atitude alimentar, estudantes universitárias. Introdução

Nas últimas décadas, os problemas associados à imagem corporal e aos comportamentos alimentares anormais entre os adolescentes têm aumentado muito, já que o corpo magro e ideal é vinculado à ideia de sucesso, controle, aceitação e felicidade, o que faz com que as pessoas acreditem que, com a magreza, alcançarão seus objetivos e que a perda de peso será a

1 Acadêmicas de graduação em Nutrição – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde –

Universidade Presbiteriana Mackenzie.

2 Docentes Adjuntas do Curso de Nutrição – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde –

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solução para todos os seus problemas (LAUS et al., 2009). A imagem que se tem na mente sobre o tamanho e a forma do próprio corpo e os sentimentos em relação a essas características é a definição de imagem corporal. O ideal de corpo passou por mudanças ao longo dos anos, com a propagação da atratividade representada pelo corpo musculoso nos homens e o corpo magro nas mulheres. O sobrepeso passou a ser alvo de discriminação, apontado por preguiça, falta de disciplina e motivação (ALVARENGA et al., 2010b).

A imagem corporal envolve três componentes: o perceptivo, o subjetivo e o comportamental. O perceptivo tem relação com a percepção do corpo, a noção do tamanho corporal e do peso. Adolescentes insatisfeitos com sua imagem corporal e que deixam esse fator ter grande influência em suas vidas apresentam um maior risco para o desenvolvimento de Transtornos Alimentares (TAs) (SOUZA et al., 2013).

O público feminino demonstra preocupação excessiva com a quantidade de gordura no corpo, evitando alimentos que “engordam”, adquirindo hábitos de fazer dietas e de consumir produtos dietéticos. No entanto, existem diversos biótipos e o padrão que é imposto não respeita todos eles, fazendo com que as pessoas caiam na armadilha da dieta, podendo aderir práticas compensatórias se não cumprir o que é proposto na dieta escolhida, o que pode vir a causar danos à saúde mais tarde (WITT; SCHNEIDER, 2011).

A insatisfação com a imagem corporal é entendida como um sentimento negativo que o indivíduo tem em relação ao seu peso e à sua forma corporal e está associada a fatores como baixa autoestima, depressão, estados de ansiedade social e, principalmente, a atitudes inadequadas de controle do peso, como uso de substâncias anorexígenas, esteroides anabólicos, técnicas purgativas e comportamentos alimentares inadequados (CARVALHO et al., 2013).

A importância dada à imagem, aparência, corpo, beleza e estética é notável, o culto ao corpo e ao belo é predominante, fazendo com que as pessoas busquem uma aparência física imposta (WITT; SCHNEIDER, 2011). Acredita-se que a mídia de massa é um transmissor e reforçador de ideias, que influenciam valores, normas e padrões estéticos impostos pela sociedade moderna. O papel da mídia no desenvolvimento dos TAs, tem uma relação muito importante, a leitura de revistas, a exposição a figuras de corpos magros em fotos e filmes e o assistir a televisão tem um impacto muito grande na insatisfação corporal, acometendo principalmente adolescentes e mulheres jovens, em países desenvolvidos e em desenvolvimento (ALVARENGA, 2010a).

Sabemos que os padrões estéticos são impostos desde o começo dos tempos, onde o formato corporal desejado e ideal variou bastante de acordo com o período histórico;

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Scagliusi e Lourenço (2011) refletem sobre essas questões históricas sob a ótica do discurso nutricional.

A prevalência dos TAs em brasileiros varia de 0,5 a 5,0% na faixa etária entre 18 e 30 anos, incidindo principalmente em mulheres (REIS; SILVA JUNIOR; PINHO, 2014). Não há uma causa específica que seja responsável pelos TAs, acredita-se que é uma condição multifatorial, envolvendo fatores biológicos, psicológicos, socioculturais e familiares (CORDÁS; SALZANO, 2011). Classicamente existem três fatores que interagem entre si e determinam a doença, sendo eles os predisponentes, os precipitantes e os mantenedores. Os fatores predisponentes aumentam a chance de aparecimento do TA, mas não o tornam inevitável, dos quais se podem ressaltar o sexo feminino, o histórico familiar, a baixa autoestima, entre outros. Entre os fatores precipitantes, que podem desencadear a doença e marcar o aparecimento dos sintomas, destacam-se a dieta, separação ou perda, alteração na dinâmica familiar e menarca. Os fatores mantenedores determinam se o transtorno vai ser perpetuado ou não, representados por alterações neuroendócrinas, distorção da imagem corporal, distorção cognitiva e práticas purgativas (MORGAN; VECCHIATTI; NEGRÃO, 2002).

Sabe-se que os TAs têm uma alta importância epidemiológica, são necessários mais estudos utilizando instrumentos específicos para seu rastreamento, para que o processo de intervenção e prevenção na população seja mais efetivo. Os questionários auto preenchíveis são recomendáveis pela facilidade de administração, eficiência e economia no rastreamento de TAs na população (MAGALHÃES; MENDONÇA, 2005).

A literatura, atualmente, aponta que há uma maior prevalência de TAs em acadêmicas de cursos universitários nos quais a aparência física é de grande importância, como o de educação física, enfermagem, medicina e nutrição (REIS; SILVA JUNIOR; PINHO, 2014). Supõe-se que pessoas já preocupadas com o seu peso e imagem corporal podem optar por estas áreas justamente por já terem um interesse pessoal pelo tema; entretanto, essa hipótese ainda é controversa (LAUS, 2009). O comportamento alimentar inadequado pode estar associado a fatores como mudança no estilo de vida, pressão psicológica e diminuição no tempo disponível para alimentação em decorrência da estrutura curricular e tempo para estudo, muito comum nos universitários (REIS; SILVA JUNIOR; PINHO, 2014).

O diagnóstico de um TA tem critérios estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde, ou seja, no Código Internacional de Doenças, e pela Associação de Psiquiatria Americana: Manual de Estatísticas de Doenças Mentais (DSM-V) (ARAÚJO; NETO, 2014).

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Entre os TAs, encontra-se também o transtorno da compulsão alimentar (TCA), apresenta comportamentos parecidos com anorexia nervosa ou bulimia nervosa. No TCA diferente da bulimia nervosa, os pacientes não apresentam comportamentos compensatórios seguidos à compulsão como vômito auto induzido, purgação, exercícios físicos excessivos. É um comportamento alimentar relacionado à obesidade, caracterizada por um consumo excessivo de alimentos e associado à perda do controle e da quantidade que ingere, em um período limitado de tempo (duas horas) subsequente a desconforto psicológico e angústia. Esse transtorno é diagnosticado por episódios de compulsão alimentar, pelo menos duas vezes por semana, durante o período de seis meses ou mais. Os indivíduos insatisfeitos com a imagem corporal tentam controlar a ingestão de alimentos, fazendo dietas altamente restritivas em calorias e mantendo-se por grandes períodos de jejum, até não ser possível suportar a fome e acabar ingerindo elevadas quantidades e ultrapassando o limite da dieta auto imposta, assumindo uma posição de “tudo ou nada” diante da alimentação (MOSCA et al., 2010).

O tratamento dos TAs deve ser realizado por uma equipe multiprofissional, constituída por psiquiatra, psicólogo e nutricionista e dependendo do caso até enfermeiro, terapeuta ocupacional e educador físico, para melhor prognóstico (CORDÁS; SALZANO, 2011).

Tendo em vista as premissas acima, justifica-se a realização de trabalhos como o ora proposto, cujo objetivo foi avaliar a percepção da imagem corporal e as atitudes alimentares de estudantes das áreas de saúde e humanas de uma universidade do município de São Paulo-SP.

Metodologia

Trata-se de um estudo exploratório descritivo de delineamento transversal, com abordagem quantitativa, realizado a partir de coleta de dados primários, realizado em uma Universidade Privada Confessional na Região Central da Cidade de São Paulo. A amostra de estudo foi constituída por 100 estudantes universitários, do gênero feminino, sendo 50 estudantes da área de saúde (25 estudantes do curso de Educação Física e 25 do curso de Nutrição) e 50 estudantes da área de humanas (Direito, Arquitetura e Urbanismo, Comércio Exterior, Jornalismo, Letras e Publicidade e Propaganda), entre 18 a 25 anos. Foram excluídos do estudo, indivíduos com idade menor de 18 anos, maior de 25 anos e que não tinham autonomia de responder ao questionário no momento da coleta de dados.

Os dados foram coletados nos meses de março e abril de 2015. Por meio do questionário Eating Attitudes Test (EAT-26) desenvolvido por Garner e Garfinkel, em 1979, e no Brasil foi validado por Bighetti (2003, apud LAUS et al., 2009). O questionário tornou-se

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o teste mais aplicado em estudos epidemiológicos para rastrear indivíduos com riscos ao desenvolvimento de TA, identificando casos clínicos em populações de alto risco e indivíduos com preocupações anormais em relação à alimentação e peso. Cada questão é composta por seis alternativas de resposta que variam do “sempre” ao “nunca”. Para cada alternativa escolhida são conferidos pontos que variam de 0 a 3 (sempre = 3; muito frequentemente = 2; frequentemente = 1; às vezes = 0; raramente = 0; nunca = 0). A única questão que apresenta pontos em ordem invertida é a 4, sendo que para as respostas mais sintomáticas, como “sempre”, “muito frequentemente” e “frequentemente”, não são dados pontos, e para as alternativas “às vezes”, “raramente” e “nunca” são conferidos 1, 2 e 3 pontos, respectivamente. O resultado do teste é a somatória de todos os pontos dados aos 26 itens, sendo considerado um indicador de risco para o desenvolvimento de TA o número de respostas positiva igual ou superior a 20. Adicionalmente à aplicação dos questionários, foi solicitado às estudantes que referissem seu peso e sua altura no momento do estudo para posterior classificação do estado nutricional. Questionários não preenchidos corretamente e questionário não preenchido em virtude da recusa da estudante foram excluídos do estudo.

Para a investigação da percepção da imagem corporal foi utilizada a escala de figuras de silhuetas (KAKESHITA et al., 2009), que consiste em um conjunto de quinze silhuetas de cada gênero, com variações progressivas na escala de medida, da figura mais magra para a figura mais larga, com IMC médio variando entre 12,5 e 47,5 kg/m². A escala foi colocada na mesa em ordem crescente. Primeiramente, foi solicitado ao voluntário que escolhesse o cartão que melhor representasse a silhueta de seu próprio corpo no momento, a seguir deveria indicar o cartão com a figura que indicasse a silhueta que gostaria de ter e por último deveria escolher a silhueta que melhor representasse o que o indivíduo considerava saudável.

A análise dos dados foi feita por meio das escalas de avaliação de cada um dos testes e do cálculo do índice de massa corporal (IMC), realizado a partir de dados de peso e altura referidos, sendo utilizada a classificação do estado nutricional preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002). Para análise dos dados coletados com a escala de figuras de silhuetas (KAKESHITA et al., 2009), primeiramente, foi calculada a distorção a partir da diferença entre o IMC referido (IMCr) e o IMC médio correspondente à figura apontada como “atual”; ou seja, uma vez que para cada uma das figuras disponibilizadas por essa metodologia há o IMC correspondente mínimo e máximo, sendo utilizado para esse estudo o IMC intermediário. Foi considerada a classificação de superestimação quando o resultado for positivo e subestimação quando for negativo. Para o cálculo de insatisfação foi calculada a diferença entre os IMCs médios correspondentes às figuras apontadas como “atual” e

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“desejado”, sendo classificados em resultados positivos (desejo de aumentar o tamanho corporal) e resultados negativos (desejo de diminuir o tamanho corporal), valores iguais a zero representam satisfação com o corpo.

Para analisar a diferença entre as variáveis de estudo segundo área ou curso foi utilizado o teste do qui-quadrado, com nível de significância de 5%.

Os dados foram tabulados no programa Microsoft Excel® 2010 e os resultados estão apresentados sob a forma de tabelas e gráficos, segundo suas distribuições percentuais, média e desvio-padrão.

Os procedimentos para o desenvolvimento deste estudo respeitaram as diretrizes e normas que regulamentam as pesquisas envolvendo humanos, aprovadas pela Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde.

O presente estudo foi realizado de acordo com a Resolução CNS 196/96, sendo aprovado previamente pelo Processo CIEP – nº N011/04/13.

Resultados e Discussão

Foram avaliadas 100 universitárias entre 18 e 25 anos, sendo 50 da área da Saúde, entre elas 25 do curso de Nutrição e 25 do curso de Educação Física e 50 da área de humanas, incluindo os cursos de Direito, Arquitetura e Urbanismo, Comércio Exterior, Publicidade e Propaganda, Letras e Jornalismo. Foram entrevistadas apenas estudantes do sexo feminino, pois os estudos revisados apontam alto índice de transtorno neste gênero. As pesquisas nacionais referentes às atitudes alimentares e à percepção da imagem corporal realizadas com estudantes universitárias se referem, geralmente, a alunas de Nutrição e Educação Física, porém poucos são os trabalhos que avaliam esses aspectos em alunas da área de Humanas (LAUS et al., 2009). Nos dias atuais, é consenso que estudos sobre atitudes alimentares devem analisar variáveis como percepção do peso corporal e satisfação corporal (NUNES et al., 2001).

Os resultados encontrados na análise do EAT-26 mostram que 24% (n=12) das estudantes da área da saúde, sendo 6 alunas da Nutrição e 6 da Educação Física, tiveram respostas pontuadas igual ou superior a 20, o que é considerado um indicador de risco para o desenvolvimento de TA. Já nos cursos da área de humanas, 28% (n=14) dos indivíduos apresentaram risco para transtorno alimentar (Gráfico 1). A maior e a menor pontuação obtidas no questionário EAT-26, foram, respectivamente, de 3 e 52 pontos, respectivamente, com média de 14,81 pontos (±8,59). O estudo de Nunes et al. (2001) detectou atitudes alimentares de risco, em cerca de 30% das mulheres estudadas. Já no estudo de Garcia et al.

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(2010) a prevalência de atitudes alimentares inadequadas observada por meio do EAT-26 foi de 11,8%, porém, o estudo foi realizado somente com estudantes de Nutrição, resultado inferior ao que foi encontrado no presente estudo. No estudo de Laus et al. (2009), no qual a área da saúde foi comparada com a área de humanas, encontrou-se uma diferença estatisticamente significante entre as áreas, com as estudantes da área da saúde apresentando maiores escores de risco para TA quando comparadas às estudantes da área de humanas, mostrando resultados distintos do presente estudo.

Gráfico 1 – Distribuição percentual dos individuos segundo o risco de TA de acordo com o resultado do Questionário EAT-26. São Paulo, 2015.

Além da avaliação do somatório de pontos do questionário EAT-26, foram também tabuladas as respostas positivas encontradas com maior frequência. A resposta de maior constância em todos os cursos foi “fico apavorado com a ideia de estar engordando”, diferente do que foi encontrado no estudo de Santos, Meneguci e Mendonça (2008), feito com estudantes de nutrição, enfermagem e ciências biológicas, no qual as respostas mais frequentes foram “hábito de fazer dieta” e “costumo comer produtos dietéticos”. Comparando as áreas separadamente, as respostas que surgiram com a segunda maior frequência entre as alunas da área de Humanas foi “preocupo-me com a ideia de haver gordura em meu corpo”, já no curso de Nutrição, a resposta mais presente foi “preocupo-me com o desejo de ser mais magra” e no curso de Educação Física a resposta mais constante foi “penso em queimar calorias a mais quando me exercito”.

As 100 alunas participantes da pesquisa referiram seu peso e sua altura para o cálculo do IMCr e classificação do estado nutricional, de acordo com a metodologia estabelecida. Segundo a classificação do IMC, pela OMS 2002, 9% estavam abaixo do peso, sendo 4% da

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área da Saúde e 5% da área de Humanas, 71% estavam eutróficas, sendo 34% da área de Humanas e 37% da área da Saúde, 18% com sobrepeso, sendo 9% da área da Saúde e 9% da área de humanas e 2% com obesidade, sendo a totalidade (dois indivíduos) da área de Humanas. Porém, não houve diferença significante entre os grupos. A maioria das estudantes que apresentaram EAT-26 positivo apresentavam-se eutróficas (Tabela 1). Em contrapartida, de acordo com Pinheiros et al. (2004), acredita-se na importância de gerar estratégias de saúde pública que conscientizem o quadro epidemiológico nutricional do Brasil, voltado para casos de desnutrição e obesidade na perspectiva de prevenção e controle das doenças, por se tratar de um conjunto de fatores. Lessa (2004) afirma que a obesidade é um dos fatores de risco perceptíveis para as Doenças crônicas não transmissíveis, correspondendo à maior proporção das mortes nos países industrializados e nos emergentes.

Tabela 1– Distribuição percentual da classificação do IMC das estudantes universitárias segundo a OMS 2002. São Paulo, 2015.

Estudantes Universitárias Baixo Peso (%) Eutrofia (%) Sobrepeso (%) Obesidade (%) Total (%) Área de Humanas 5 34 9 2 50 Área da Saúde • Nutrição • Educação Física 4 1 3 37 22 15 9 2 7 - - - 50 25 25 Total 9 71 18 2 100

*teste do qui-quadrado entre área de humanas e da saúde: valor p = 0,525

Para investigação da percepção da imagem corporal foi utilizada a escala de figuras de silhuetas (KAKESHITA et al., 2009), sendo que 90% das estudantes apresentaram resultados positivos, o que indica a superestimação do tamanho corporal. Apenas 5% das estudantes apresentaram resultados negativos, indicando a subestimação do tamanho corporal; os outros 5% das estudantes não apresentaram distorção. Todas as variáveis não apresentaram diferença significativa entre as duas áreas, indicando que a distorção existe independente do curso ou da área de estudo (Tabela 2). O estudo de Laus et al. (2009) também mostrou que grande parte

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das mulheres estudadas apresentou algum grau de distorção da imagem corporal, independente do curso, entre eles educação física, nutrição, publicidade e propaganda e administração de empresas. Porém, as principais limitações referentes aos desenhos das silhuetas estão diretamente relacionadas às formas lineares bidimensionais, que podem implicar falhas na representação total do corpo, na distribuição da massa de gordura e em outros aspectos da composição corporal que são importantes na formação da imagem corporal (COQUEIRO et al., 2008).

Tabela 2 – Distribuição dos indivíduos das áreas de Humanas e da Saúde segundo a Distorção da Imagem Corporal, Média, Desvio-Padrão e Valor p, segundo a aplicação da escala de silhuetas (KAKESHITA et al., 2009). São Paulo, 2015.

Estudantes Distorção Positiva (n) Distorção negativa (n) Sem distorção (n) Média do valor da distorção DP Valor p Área de Humanas 44 3 3 5,73 4,08 0,801 Área da Saúde 46 2 2 6 3,21 Total 90 5 5 5,86 3,65

Quando se comparam os cursos da área da saúde separadamente, pode-se observar que não há grande diferença entre eles quando se trata de distorção da imagem corporal, os resultados foram semelhantes em ambos os cursos (Tabela 3).

Tabela 3 – Distribuição dos indivíduos da área da Saúde segundo a Distorção da Imagem Corporal, Média, Desvio-Padrão e Valor p, segundo a aplicação da escala de silhuetas (KAKESHITA et al., 2009). São Paulo, 2015.

Estudantes da área da Saúde Distorção Positiva (n) Distorção negativa (n) Sem distorção (n) Média do valor da distorção DP Valor p Nutrição 23 1 1 6,16 3,43 0,895 Educação Física 23 1 1 5,84 3,03 Total 46 2 2 5,86 3,65

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Para avaliação da insatisfação corporal também foi utilizada a escala de figuras de silhuetas (KAKESHITA et al., 2009), sendo que 70% apresentaram resultados negativos, indicando o desejo de diminuir o tamanho corporal, 11% apresentaram resultados positivos, indicando o desejo de aumentar o tamanho corporal e 19% das estudantes apresentaram valor igual a 0, mostrando que estavam satisfeitas com seu corpo (Tabela 4). As medidas de percepção indireta do peso mostraram valores semelhantes aos encontrados na literatura, sendo que 70% das mulheres americanas e 48% das mulheres espanholas querem ser mais magras (RAICH et al., 1992). Já, no estudo de Martins et al. (2010), a prevalência de insatisfação com a imagem corporal encontrada em adolescentes foi de 25,3%. Pode-se destacar que o fato de se estar acima do peso, não foi determinante para a insatisfação com imagem corporal (GARCIA et al., 2010). Um dado importante que a literatura aponta é que a insatisfação com o corpo surge com a crença de “estar obeso”, apesar de se estar com peso corporal normal (NUNES et al., 2001).

Tabela 4 – Distribuição dos indivíduos das áreas de Humanas e da Saúde segundo a Insatisfação da Imagem Corporal, Média, Desvio-Padrão e Valor p, segundo a aplicação da escala de silhuetas (KAKESHITA et al., 2009). São Paulo, 2015.

Estudantes Insatisfação positiva (n) Insatisfação negativa (n) Satisfeitas Média do valor da insatisfação DP Valor p Área de Humanas 5 35 10 -3,7 5,53 0,930 Área da Saúde 6 35 9 -3,4 5,57 Total 11 70 19 -3,55 5,52

Quando se comparam separadamente os cursos da área da saúde em relação à insatisfação da imagem corporal, são observados valores bem diferentes entre os dois cursos. No curso de Nutrição existe um desejo maior em diminuir o tamanho corporal, enquanto no de Educação Física o que prevalece é o desejo de aumentar o tamanho corporal e as

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estudantes também se encontram mais satisfeitas com o próprio corpo, com diferença estatisticamente significante (Tabela 5).

Um estudo desenvolvido por Bosi et al. (2008) com estudantes de Nutrição, apontou presença de insatisfação corporal em 18,6% das universitárias, um número muito próximo do que foi encontrado no presente estudo (21%). Já, o estudo realizado por Garcia et al. (2010), apontou presença de insatisfação da imagem corporal em apenas 13,5% das estudantes de Nutrição.

Tabela 5 – Distribuição dos indivíduos da área da Saúde segundo a Insatisfação da Imagem Corporal, Média, Desvio-Padrão e Valor p, segundo a aplicação da escala de silhuetas (KAKESHITA et al., 2009). São Paulo, 2015.

Estudantes da área da Saúde Insatisfação positiva (n) Insatisfação negativa (n) Satisfeitas Média do valor da insatisfação DP Valor p Nutrição 2 21 2 -4,3 4,24 <0,001 Educação Física 4 14 7 -2,5 6,61 Total 6 35 9 -3,4 5,57

As figuras mais escolhidas pelas universitárias para representar o corpo ideal e mais saudável, foram as figuras de número seis e sete, representando respectivamente os IMCs médios de 25kg/m² e 27,5kg/m². De acordo com os valores de referência apresentados na escala, as figuras que representam o IMC de eutrofia variam da quatro até a seis, representando respectivamente o IMC médio próximo dos correspondentes à eutrofia (Gráfico 2).

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Gráfico 2 – Distribuição dos indivíduos segundo a representação do corpo considerado ideal e mais saudável pelas figuras segundo as universitárias das áreas de Humanas e da Saúde. São Paulo, 2015.

Nos cursos da área da Saúde, pode-se observar uma discrepância entre os valores, onde na Nutrição mais estudantes consideraram ideal e mais saudável as figuras menores que sete e no curso de Educação Física um maior número de estudantes considerou ideal e mais saudável as figuras maiores que sete (Gráfico 3).

Gráfico 3 - Representação do corpo ideal e mais saudável pelas figuras segundo as universitárias da área da Saúde, 2015.

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É importante lembrar que as práticas danosas para controle de peso e as atitudes alimentares inadequadas são praticadas por uma parcela importante das mulheres jovens e sua maioria apresenta peso adequado para estatura e idade e o desejo de um corpo mais magro aparece com muita frequência. Devido à insatisfação com o próprio corpo e o desejo de diminuir o tamanho corporal, as dietas para perda de peso são cada vez mais frequentes, tornando as jovens mulheres mais susceptíveis ao desenvolvimento dos TAs (NUNES et al., 2001).

Conclusão

Ambas as condições, distorção e insatisfação com imagem corporal, foram observadas entre as estudantes avaliadas, com destaque para a superestimação do tamanho do corpo, independente do curso ou da área de estudo.

Quanto às atitudes alimentares, as estudantes da área de humanas obtiveram maiores pontuações que as a área da saúde, o que sugere sua maior suscetibilidade para o desenvolvimento de TAs.

Deve haver uma atenção especial para a formação e a atualização dos profissionais da área da saúde, pois suas noções a respeito de alimentação e hábitos de vida saudáveis podem influenciar seus pacientes a fazer escolhas orientadas pela pressão sociocultural a favor das dietas, que serviriam mais a padrões estéticos que à saúde. Referências

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PERCEPTION ASSESSMENT OF BODY IMAGE AND FOOD ATTITUDES OF STUDENTS OF HEALTH AND HUMAN AREAS OF A UNIVERSITY IN SÃO

PAULO Abstract

Over the years, the ideal of human body has changed, and overweight has become the target of discrimination. The standards of beauty imposed by the media and society do not respect the diverse biotypes, making people fall into the trap of the diet, which is a precipitating factor for Eating Disorders (EDs). Objective: To evaluate the perception of body image and eating attitudes of students in the areas of health and human sciences of an university in São Paulo. Methods: 100 college students of health and human areas (18 to 25) answered the questionnaire EAT and reported their weight and height to be evaluated according to BMI. Body image was assessed by applying the scale of Kakeshita et al. (2009) silhouettes. Results: The EAT-26 questionnaire showed that 24% of health students and 28% of humanities students presented a risk for EDs. In relation of body image, 95% of the students had a distorted body image (48% of health area and 47% of the humanities area), with a predominance of overestimation in both areas. 81% of the students showed dissatisfaction with their body image. The desire to decrease the body size was the same in both areas (35% each) and the desire to increase the body size predominated in the health area of physical education students (p <0.05). Conclusion: There was emphasis on the overestimation of body size, regardless of course or area of study. As for the eating attitudes, the students of the humanities had higher scores than the health students, suggesting a higher susceptibility for the development of EDs.

Referências

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