• Nenhum resultado encontrado

RELATÓRIO E VOTO. disciplinar de folhas 172/173, proferido pela 3ª Comissão Disciplinar

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "RELATÓRIO E VOTO. disciplinar de folhas 172/173, proferido pela 3ª Comissão Disciplinar"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

Recursos Voluntários n° 272/2014

1º Recorrente: Procuradoria da Justiça Desportiva.

2º Recorrente: Cruzeiro Esporte Clube.

3º Recorrente: Clube Atlético Mineiro.

RELATÓRIO E VOTO

Contém os autos Recursos Voluntários interpostos pela Procuradoria da Justiça Desportiva, Cruzeiro Esporte Clube e Clube

Atlético Mineiro, respectivamente, contra o pronunciamento

disciplinar de folhas 172/173, proferido pela 3ª Comissão Disciplinar

deste egrégio Superior Tribunal de Justiça Desportiva, quando do

julgamento da denúncia de folhas 02/20, ofertada pela Procuradoria

da Justiça Desportiva.

Consta dos autos que o Cruzeiro Esporte Clube e o Clube Atlético Mineiro foram denunciados por suposta incursão nos

artigos 213, incisos I e III, §§1º e 2º, na forma do artigo 184, ambos

(2)

Isso porque, segundo relatado na peça vestibular, na

ocasião da partida realizada entre as equipes Recorrentes, realizada

em 21/09/2014, válida pelo Campeonato Brasileiro da Série A, edição

de 2014, no Mineirão, verificou-se uma desordem nas arquibancadas

do informado estádio, além de lançamento de artefatos explosivos

por torcedores de ambas as equipes, acarretando a paralisação do jogo aos 41 (quarenta e um) minutos, pelo tempo aproximado de 05 (cinco) minutos.

Ao analisar a controvérsia em desate, a 3ª Comissão

Disciplinar desta Corte Superior proferiu a seguinte decisão (folhas 172/173), in litteris:

“Por maioria de votos, multar em R$ 50.000,00 mais a perda do mando de campo por 01 partida, o Cruzeiro EC, por infração ao Art. 213 inciso I e III e §§1º e 2º do CBJD; ficando absolvida a segunda infração ao Art. 213 inciso I e III e §§1º e 2º do CBJD; multar em R$ 50.000,00 o CA Mineiro, por infração ao Art. 213 inciso I e III e §§1º e 2º do CBJD, ficando absolvida a segunda infração ao Art. 213 inciso I e III e §§1º e 2º do CBJD, contra o voto do Auditor Dr. Luis Felipe Procópio, que multava as equipes do CA Mineiro e Cruzeiro EC, em R$ 100.000,00 sem a perda do mando de campo;”

Inconformada com o decisum anunciado, a

(3)

177/197, em cujas razões, após breve arrazoado sobre o desenrolar

da lide e sobre a tempestividade da insurgência, entende que a

decisão proferida pela 3ª Comissão Disciplinar merece ser reformada, “para condenar as equipes recorridas duas vezes no artigo 213, incisos I e III, §§1º e 2º n/f do Art. 184, todos do CBJD e Art. 69-B do RGC/CBF do CBJD, majorando-se as penas e aplicando-se a pena de portões fechados, conforme será demonstrado abaixo”.

Sustenta esse raciocínio argumentando ser inegável os

prejuízos e a depredação ocorridos no interior do estádio, porquanto,

pelas imagens, é possível observar que artefatos explosivos foram apreendidos dentro do palco da partida, conforme demonstram o último vídeo apresentado pela Procuradoria, o que, sob sua ótica, deixa clara a desordem e o lançamento de objetos dentro do campo de jogo.

Considera que, fazendo-se uma análise do relatório do

árbitro, das imagens de vídeo e das matérias jornalísticas, a lição que

fica é a de que, de fato, não houve qualquer prevenção ou repressão por parte dos Recorridos.

Salienta que, em que pese o caput do artigo 213 determinar que medidas devem ser tomadas com o intuito de reprimir a desordem, a súmula do jogo e as imagens acostadas aos

(4)

autos demonstram que não houve qualquer repressão e prevenção

para que tais fatos não ocorressem.

Firme nesse raciocínio, aduz que “há que salientar que as

condicionantes do parágrafo primeiro estão presentes no caso em concreto, não apenas pela gravidade do fato (risco de morte, vandalismo), mas também pelo prejuízo ao andamento da partida, face à paralisação de aproximadamente 5 (cinco) minutos da partida para normalização das torcidas, razão pela qual, requer a aplicação pelos r. julgadores das penas previstas no 213, inciso I e III, §§1º e 2º, do CBJD (duas vezes), pelo descumprimento do referido artigo em dois momentos distintos destacados no relatório fático anteriormente esposado”.

Declara que, em razão dos fatos evidenciados, “o caso

merece punição severa, com a aplicação de multa e perda de mando de campo em patamares elevados, por infração ao artigo 213, incisos I e III, §§1º e 2º do CBJD, bem como aplicação da pena de portões fechados”.

Em sede de arremate, pugna pelo conhecimento da insurgência para que, no mérito, seja dado provimento, a fim de “reformar a decisão da 3ª. Comissão Disciplinar do STJD, no sentido de condenar as equipes recorridas DUAS VEZES nas penas do artigo 213, incisos I e III, §§1º e 2º n/f do artigo 184 do CBJD c/c artigo 69B do RGC/2014, majorando-se as penas pecuniárias e de perda de mando de campo, com aplicação da pena de portões fechados”.

(5)

Colaciona matérias jornalísticas extraídas de sítios

eletrônicos, posicionamentos doutrinários, bem como dispositivos do

Regulamento Geral das Competições da CBF, edição de 2014, e do

Código Disciplinar da FIFA que entende aplicáveis à espécie.

Igualmente descontente com o decisum hostilizado, o Cruzeiro Esporte Clube, através da petição de folhas 209/218,

interpõe recurso voluntário, em cujos fundamentos recursais, após dissertar sobre a tempestividade da medida e sobre o pedido de concessão de efeito suspensivo, verbera que não merece ser punido

por infração ao artigo 213 do CBJD.

Substancia esse argumento advertindo que “as provas dos autos, d.m.v., não justificam a aplicação de penalidade tão pesada ao Cruzeiro EC/MG, mormente por ter conseguido com muita dificuldade identificar e prender os baderneiros, atendendo ao disposto no §3º do artigo 213 do CBJD, conforme comprovam os diversos boletins de ocorrência juntados com a defesa. Tal conduta, por si só, o exclui de responsabilidade pelos deploráveis fatos narrados na denúncia”.

Ressalta que o acórdão recorrido, da lavra do Auditor

Relator Gustavo Alves Pinto Teixeira, não considerou os termos

circunstanciados de ocorrência juntados aos autos, apenas afirmando

(6)

acusatória, o que, à sua vista, não deve prevalecer, porque tal

declaração é totalmente vaga.

Nessa perspectiva, informa que resta ausente dos autos qualquer prova da Procuradoria impugnando a documentação

acostada, em sua forma e conteúdo, “além do que, a partir do momento em

que foram anexados aos autos com a identificação de cada infrator e respectiva conduta reprimida, devem ser considerados como prova plena do atendimento ao disposto no art. 213, §3§, do CBJD”.

Assinala, outrossim, que a própria prova juntada pela

autoridade denunciante, à folha 10 (dez) dos autos, “não desconsidera a

repressão realizada pelo Cruzeiro a fim de afastar a aplicação da excludente do §3º do artigo 213 do CBJD”, tendo em vista que dela se extrai declaração da empresa administradora do estádio no sentido de que “a segurança

compartilhada do Mineirão, feita pela Polícia Militar e empresa de segurança privada do estádio, permitiu que os torcedores responsáveis por praticar atos de violência fossem rapidamente identificados e os infratores detidos”.

Aponta que, em virtude do permissivo constante da redação final do §3º do artigo 213 do CBJD, que permite a produção

de outros meios de prova aptas a ensejar a aplicação de excludente de responsabilidade, e tendo em vista que o Clube denunciado “comprovou de forma robusta ter tomado todos os cuidados para gerenciar a partida

(7)

da melhor maneira possível”, “não há, portanto, que se considerar a reponsabilidade como objetiva a ferro e fogo, pois não é essa a interpretação constante no supra dispositivo legal”.

Sustenta, ainda, as teses de gravidade dos fatos deflagrados e da impossibilidade de prejuízo financeiro à Equipe

denunciada, eis que não verificada a existência de dolo ou culpa,

razão pela qual requer seja aplicada a excludente de culpabilidade do artigo 213 do CBJD.

Ao final, advoga pelo provimento do recurso interposto, para afastar a aplicação da multa e perda de mando de campo, por

ter sido atendida a norma do artigo 213, §3º, do CBJD. “Sucessivamente,

caso este E. Tribunal assim não entenda, que reduza substancialmente o valor da multa e, com fundamento no voto divergente, afaste a pena de perda do mando de campo.”

Semelhantemente irresignado com o pronunciamento disciplinar, o Clube Atlético Mineiro interpõe o Recurso Voluntário de folhas 223/231.

Nas razões recursais que apresenta, após ponderações acerca da tempestividade da medida, dos contornos da lide e do pedido de concessão de efeito suspensivo, defende que não houve, “como quer fazer crer a Procuradoria, desordens e graves tumultos caracterizados, sendo que o lançamento de objeto não foi provado – o que levou à absolvição dos clubes neste

(8)

tocante, até mesmo em razão da confissão pela Polícia Militar do uso de bombas de efeito moral naquela jornada (vide fl. 162 dos autos).

Menciona que a condenação aplicada, seguindo-se o

voto do Auditor Relator, relativamente à suposta desordem, não deve prevalecer, “pois o ocorrido envolveu apenas alguns cidadãos travestidos de torcedores – e caso seja praxe a responsabilização dos clubes, ao invés de buscar-se a detenção e condenação das pessoas físicas envolvidas, estaremos caminhando a passos largos para o fim do futebol”.

Aduz que, na condição de equipe visitante, adotou

todas as providências que estavam ao seu alcance visando à

prevenção e repressão de desordens, “bem como, após os incidentes, colaborou em tudo o que podia fazer junto às autoridades públicas, à administração do estádio” e a este Superior Tribunal de Justiça Desportiva.

Lista uma série de medidas que, a seu ver, foram

tomadas justamente para prevenir situações como a que se nos

apresenta, o que impõe sua absolvição pelo permissivo do artigo 213 do CBJD.

Nessa linha de objeção, assegura que o Clube Atlético

(9)

e identificar os infratores por ele responsáveis, “pelo que injusta sua condenação no caso em debate e imperativa a reforma da decisão de primeira instância. E mais: a melhor forma de se incentivar a identificação e punição dos torcedores é por meio de não punição aos clubes, e sim apenas aos torcedores – pelo que se impõe a absolvição, ainda mais se levarmos em consideração que a mídia tratou o caso com considerável exagero, haja vista que ninguém mais ter ficado ferido, além de um PM agredido por um torcedor, em ato isolado - mas com identificação e detenção imediata do agressor, conforma B.O. anexado pelo Clube Atlético Mineiro”.

Entende que as condutas dos clubes mandantes e visitantes devem ser analisadas sob diferente prisma, haja vista que, enquanto a responsabilidade daquele é objetiva, a deste é apenas subjetiva, só sendo aplicada na hipótese em que ficar comprovado

que este contribuiu para os atos da sua torcida, o que não aconteceu.

Ao final, visa o recebimento e processamento da medida aviada para, no mérito, dar-lhe provimento, a fim de que “o Recorrente seja absolvido, ou ‘ad argumentandum’, seja afastada a pena de perda de mando de campo e excluída ou, na pior das hipóteses, reduzida a pena de multa aplicada ao Clube atlético Mineiro”.

É o que tinha a relatar. Decido.

(10)

regular o preparo do segundo e do terceiro, razões pelas quais o

conhecimento é medida que se impõe.

Do compulso percuciente dos autos, percebo que o cerne das interposições gira em torno da decisão proferida pela 3ª

Comissão Disciplinar deste e. STJD que, ao analisar a contenda em

desate, entendeu como medida de acerto a condenação dos Clubes

denunciados às penalidades de multa (no valor de R$ 50.000,00, para cada um) e perda do mando de campo (por 01 partida, ao Cruzeiro Esporte Clube), em virtude das desordens verificadas na partida disputada por ambas as equipes, em 21 de setembro de 2014, no estádio “Mineirão”, partida essa válida pelo Campeonato

Brasileiro da Série A, edição de 2014.

De um lado, a Procuradoria da Justiça Desportiva defende que o pronunciamento disciplinar merece ser reformado para condenar os Recorridos por dupla infração ao artigo 213, incisos I e

III, §§ 1º e 2º, na forma do artigo 184, ambos do CBJD, “majorando-se as penas pecuniárias e de perda de mando de campo, com aplicação da pena de portões fechados”.

Do outro, o Cruzeiro Esporte Clube e o Clube Atlético Mineiro, a despeito das peculiaridades de cada recurso, almejam, ao

(11)

final, a modificação do decisum hostilizado para, reconhecendo a

excludente de culpabilidade do artigo 213, §3º, do CBJD, absolvê-los

quanto às supostas infrações veiculadas na peça pórtica.

De logo, percebo que os recursos sob análise merecem julgamento conjunto.

Pois bem, após minudente análise do conjunto

fático-probatório, da decisão recorrida e das razões despendidas pelos

Recorrentes, tenho que o decisum proferido pela 3ª Comissão Disciplinar merece ser prestigiado, porquanto, aplicou bem a norma codificada à situação fática retratada no caderno.

É que, conquanto seja extreme de dúvida, houve

mesmo desordens nas arquibancadas do estádio “Mineirão” quando da partida realizada entre as equipes (fato que pode ser percebido facilmente pela prova audiovisual anexada aos autos, além da

documentação acostada), também revela-se insofismável que, muito

embora ambos os Clubes tenham velado para que tais fatos não

fossem materializados, não tiveram pleno êxito nesse, tanto que o tumulto ocorreu.

Nesse sentido, extrai-se dos autos que algumas medidas, antes e pós-jogo, foram tomadas com vista à prevenção e

(12)

repressão às atitudes de indisciplinas, que, tristemente, marcaram o

jogo clássico disputado pelas Equipes mineiras.

Dessa forma, cumpre registrar que, do conjunto

fático-probatório aqui produzido, é possível identificar que o tumulto foi

causa inclusive da interrupção da partida, muito embora a situação

não tenha se proliferado pela praça desportiva.

Entretanto, não vejo sustentação para as teses

esposadas pela PJD que quer majoração das penas impostas,

especialmente para fixar a realização de partidas com portões

cerrados, como consequência daquele forfé havido no meio das torcidas de Raposa e Galo.

Assim, desde logo rejeito o apelo da Procuradoria, improvendo-o.

E, pelo que já mencionei, também não vejo que melhor sorte possa assistir aos dois Clubes mineiros Recorrentes, porquanto, a despeito das providências indicadas, não me parece tenham eles

logrado êxito em se ver acolhidos pela excludente do Parágrafo 3o. Do art. 213 do CBJD, posto que não há segurança que se extraia da

prova encartada nos autos de que todos os responsáveis pela desordem tenha sido identificados e punidos.

(13)

Ademais, os termos circunstanciados de ocorrência (folhas 63/76, 103/113 e 136/143), bem como as diversas reportagens extraídas de sítios eletrônicos comprovam que,

realmente, após a cessação do alvoroço, alguns dos responsáveis por toda a confusão (quebra de cadeiras, invasão de espaço destinado à

outra torcida e estouro de artefato explosivo) foram necessária e

corretamente identificados. Mas, não se pode dizer que as medidas

prévias e as punitivas adotadas tenham sido de todo eficientes,

afastando a punição como meio didático para os torcedores, até

porque, as equipes são reincidentes pelo que colho dos autos.

Assim, diante do enredo acima anunciado, percebo que as Agremiações Cruzeiro Esporte Clube e Clube Atlético Mineiro

merecem mesmo ser punidas pelos lamentáveis fatos evidenciados na partida do dia 21/09/2014, tendo sido bem dosada pela 3a. CD as penas impostas.

Ao teor do exposto, por tudo que dos autos consta e pelo fundamentos que venho de expor, conheço dos três Recursos

Voluntários, para, no mérito, NEGAR-LHES PROVIMENTO, a fim de

(14)

É como voto.

Florianópolis, 02 de dezembro de 2014.

Miguel Ângelo Cançado - Auditor STJD -

Referências

Documentos relacionados

O tamanho e a localização centro-oeste do município de Corumbá favorece um baixo percentual de desmatamento e observa-se que os municípios com maior percentual de área

Se acompanhada da falta da formação continuada, (aqui compreendida como considerável, que prioriza as práticas existentes e as contextualiza com bases teóricas sólidas de

máximos, em relação à Receita Corrente Líquida, para os gastos com pessoal e eles afetam tanto o Poder Executivo quanto o Poder Legislativo Municipal. Há

Pressione as teclas CIMA/BAIXO para selecionar a opção e pressione a tecla DIREITA/ESQUERDA para ajustar aquela configuração1. Pressione SAIR para sair

Quando você nos fornece informações pessoais, também podemos usar e compartilhar seus  dados pessoais, informações para entrar em contato com você, inclusive via e-mail,

de parasitos nas brânquias, bem como o fator de condição em matrinxã Brycon amazonicus Spix e Agassiz (1829) cultivados em três canais de igarapé da região

SISTEMA OERPACIONAL BANCO DE DADOS PALESTRA TREINAMENTO GP DEFINIÇÃO PROJETO PLANEJAMENTO PROJETO Gerenciamento de Escopo GERENCIAMENT O DE PROJETOS TESTES INTEGRADO TREINAMENTO

Desenvolvido pela Renault Sport Cars, nossa divisão de carros esportivos, apresenta toda a tecnologia das pistas em um modelo adaptado para a performance na cidade e nas