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Ron Dunn - Por que Deus não me cura

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Academic year: 2021

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RONALD DUNN

Por que Deus não me cura?

Uma visão bíblica sobre os mistérios da fé

TRADUZIDO POR JOSUÉ RIBEIRO

ESTAÇÃO DO LIVRO MUNDO CRISTÃO São Paulo

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POR QUE DEUS NÃ0 ME CURA?

Categoria: Espiritualidade/vida cristã Copyright © 1997 por Ronald Dunn

Publicado pela Multnomah Publishers, Inc., USA.

Revisão: Lenita Ananias Nascimento Silvia Justino

Supervisão editorial e de produção: Jefferson Mango Costa Diagramação: Editae Ass. de Comunicação

Capa: H. Guther Faggion

Os textos das referências bíblicas foram extraídos de A Bíblia Anotada (versão Almeida Revista e Atualizada), salvo indicação especifica.

Dados Internacionais de Catálogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Dunn, Ronald.

Porque Deus não me cura?/ Ronald Duno; traduzido por Josué Ribeiro.— São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

Título original: Will God heal me? ISBN 85-7325-190-5

1. Cura pela fé 2. Deus — Vontade 3. Saúde — Aspectos religiosos— Cristianismo 4. Sofrimento — Aspectos religiosos —Cristianismo 1. Titulo.

99-1910 CDD-248.86

Índice para catálogo sistemático

1. Doentes: Guias de vida cristã: Religião 248.86

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19/02/1998. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização, por escrito, da editora. Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados pela: Associação Religiosa Editora Mundo Cristão

Rua Antônio Carlos Tacconi, 79, São Paulo, SP, Brasil, CEP O481O-020 Telefone (11) 2127-4147 — Home page: www.mundocristao.com.br

Editora associada a:

• Associação de Editores Cristãos • Câmara Brasileira do Livro

• Evangelical Christian Publishers Association A 1ª ediçlo brasileira foi publicada em setembro de 1999. Impresso no Brasil

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Para uma sogra maravilhosa,

EILEENE COOK MITCHEL,

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Sumário

Agradecimentos ... 6 Introdução ... 7

Parte um — Quando a enfermidade ataca ... 13

1. Quando surgem as dúvidas ... 13 2. O lado noite da vida ... 18

3. De onde procedem as enfermidades? ... 31 4. Nos rios de Babilônia ... 40

5. A sedução do enfermo ... 51 6. Os sedutores ... 56

Parte dois — Manejando bem a Palavra da Verdade ... 64

7. Que queremos dizer com “cura? ... 65 8. Manejando bem a Palavra da Verdade ... 70

9. Cortando em linha reta, Parte 1 ... 74 10. Cortando em linha reta, Parte 2 ... 85

11. Cura: O mesmo ontem, hoje e eternamente? ... 94 12. As curas operadas por Jesus e pelos apóstolos:

Um olhar mais detalhado ... 103

13. Cristo morreu para nos tornar saudáveis? ... 116 14. Deus quer que sejamos sempre saudáveis? ... 122

Parte três - Encontrando o propósito benéfico de Deus no

sofrimento ... 128

15. Templo divino ou vaso de barro? ... 129 16. Orando pelos enfermos ... 136 17. Quando Deus diz “não” ... 147 18. “Vim ajudá-la a morrer” ... 158 19. Algo melhor do que a cura ... 166

20. Não tema ... 173 Notas ... 179

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Agradecimentos

Dizem que ninguém escreve um livro sozinho. Isso nunca foi tão verdadeiro quanto a experiência deste. Agradeço profundamente a:

• Dan Benson, meu editor, que sabe exatamente o que

dizer a idéia fica truncada.

• Dr. Robert Sloan, Presidente da Universidade Baylor, que leu grandes porções do manuscrito e deu sugestões inestimáveis.

• Dr. Ron Hardin, de Little Rock, Arkansas, que leu cada parte do manuscrito relacionada com questões médicas, e até o último minuto deu valiosas contribuições.

• Les Stobbe, por seu conselho editorial e sugestões, e Lisa Lauffer, por sua ajuda competente na edição final.

• Joanne Gardner, minha secretária há trinta anos, parte fundamnental em todo livro que escrevo.

Stephen M. Dunn, meu filho — cuja perícia em meu computador e determinação me ajudaram a manter a sanidade, — pelas longas horas que gastou digitando e formatando o manuscrito. Certamente eu não teria conseguido sem sua ajuda.

• Às pessoas preciosas que de maneira desinteressada compartilharam suas experiências com enfermidades e tornaram este livro possível.

• Minha esposa, Kaye, que não somente ajudou a digitar, mas também leu minhas páginas com olhar atento e construtivo, e ofereceu ótimas sugestões que tornaram este livro melhor do que seria sem sua ajuda. A coisa mais inteligente que já fiz foi casar-me com essa moça.

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Introdução

Há um novo deus na cidade

Tinha de acontecer.

Eu sabia que cedo ou tarde teriam de fazer algo assim— e lá estava no jornal: um artigo sobre um novo folheto recém-lançado pelo Instituto Nacional de Saúde, intitulado “Nem tudo provoca câncer”. O relatório explicava que nos últimos anos têm-se dito tantas coisas sobre o câncer e suas múltiplas causas que a população adquiriu uma verdadeira paranóia com relação ao câncer. Era tempo de esclarecer: nem tudo causa câncer (quase tudo, mas nem tudo).

Para mim, o relatório foi oportuno. Estava começando a desenvolver meu caso pessoal dessa paranóia. Poucos dias antes um jornal local tinha mostrado a seguinte manchete na primeira página: “Pesquisas relacionam xampu com câncer”. Não é uma boa notícia para pessoas que apreciam cabelos limpos. O artigo prosseguia relatando que um rato de laboratório contraíra câncer depoia de ser alimentado com xampu durante seis meses. Bem, qualquer um que bebe xampu por seis meses merece o resultado, seja câncer ou cabelos com pontas duplas.

Entretanto, com manchetes desse tipo, não é de estranhar que fiquemos com medo de tocar, provar ou cheirar qualquer coisa sem o selo de aprovação do Ministério da Saúde, garantindo sua segurança — e também não confiamos mais em nenhum selo de aprovação.

Você já se perguntou como começou essa preocupação com a saúde e por que, como cristãos, estamos tão temerosos? Quando eu era criança, ninguém que eu conhecia se preocupava muito com o que comia. Julgávamos o que era bom para comer pelo sabor, não pelos ingredientes. Para nós, ovo frito, fatias de bacon pingando gordura, carne vermelha, leite integral e legumes cozidos na banha ou na manteiga eram a melhor expressão da verdadeira comida caseira.

Não me lembro de ter visto ninguém correndo, a não ser que estivesse atrasado para algum compromisso. Nunca ouvimos falar sobre aeróbica. DDT era a maior arma contra os insetos, e o

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amianto era a melhor defesa contra o fogo. Todos os homens que eu conhecia fumavam, bem como algumas mulheres escandalosas. Bebidas dietéticas e suplementos alimentares não faziam parte do nosso vocabulário. Cintos de segurança eram para aviões, e capacetes eram para carros de corrida.

Então, entramos nos anos 60. Se você tem idade suficiente, lembra dos primeiros relatórios sobre cigarro. De repente, as pessoas começaram a pensar em saúde, em escala nacional. A Coca- Cola inventou o diet os substitutos do açúcar apareceram em todas as cozinhas e restaurantes, e começamos a medir o conteúdo de sódio de cada guloseima que comíamos.

Nos anos 80, novos livros sobre dieta saltaram para o topo das listas de best-sellers. Fomos informados de que um em cada três americanos faz algum tipo de dieta e que um em cada cinco adultos participa de sessões de aeróbica. Salões de ginástica surgiram por toda parte. Recentemente passei por uma cidadezinha onde o salão de barbeiro local gabava-se de manter duas academias de ginástica. A pista de corrida que passa perto da nossa casa precisa de um guarda de trânsito.

Nem me lembro de quando foi a última vez que me sentei para uma refeição sem ter um “fariseu da boa saúde” apontando tudo o era saudável no meu prato. Uma reuniãozinha entre amigos pode ser perigosa, se você não medir suas palavras.

Recentemente, numa dessas reuniões, mencionei ousadamente que não sabia qual era o meu nível de colesterol. As frases pararam pela metade, as bocas se escancararam e os olhos se esbugalharam. “Você não SABE?”. Senti que devia cobrir meu rosto de vergonha e me arrepender com “pano de saco e cinzas Agora sei qual é o meu nível de colesterol, e ele é bom.

Quando eu era criança, costumava me esgueirar para trás da garagem para fumar escondido. Agora, escondo-me lá para comer um docinho.

A consciência da saúde é boa para os negócios

Você pode não saber, mas o cuidado com a saúde e com a forma fisica tornaram-se negócios lucrativos. Nas revistas e anúncios de TV, as clínicas competem entre si da mesma maneira que a Coca-Cola e a Pepsi disputam os consumidores. Lutam para chegar ao topo, não necessariamente para melhorar o cuidado com os pacientes e clientes dos centros de estética. Eu mesmo faço uso de um serviço telefônico gratuito para tirar dúvidas sobre saúde.

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Bons valores nutricionais se constituem numa das grandes jogadas da publicidade. Alto teor de fibras e baixa caloria é a combinação vencedora. Os cereais que comemos no café da manhã agora têm um sabor “honesto, natural”, e até a cerveja é menos pesada. Acabei de comprar um pacote de batatas fritas numa máquina no saguão do hotel onde estou. Diante de várias opções, escolhi um pacote que dizia: “Sem colesterol, baixo teor de gordura saturada”.

Algumas igrejas têm incluído saúde e boa forma em sua árvore de ministérios oficiais, oferecendo piscina olímpica e programas recreativos para toda a famiia. Tenho visto sessões de “Corrida para Jesus” e seminários sobre o tema “Esbeltos para o Salvador” — é a igreja buscando ministrar ao corpo, tanto quanto ao espírito. Nesse momento, em algum lugar, uma igreja está realizando uma sessão de ginástica aeróbica, ao som de urna reedição em ritmo de jazz do hino “Seu amor me transformou”.

Antes de me sentar para escrever esta manhã, minha esposa e eu caminhamos mais de dois quilômetros e depois bebemos um pouco de suco de laranja natural. À tardinha faremos outra caminhada igual.

Como resultado de tudo isso, estamos vivendo mais tempo e mais saudáveis do que qualquer outro povo na história moderna. No século II A.D., no auge do Império Romano, a expectativa de vida era inferior a 25 anos. Somente 4 por cento dos homens superavam a idade de 50 anos. Para que o Império pudesse manter uma população no mínimo estacionária, cada mulher tinha de ter cinco filhos.1

Ridicularizar a boa saúde não é bom negócio. Ninguém, em seu juízo perfeito, é contra saúde e boa forma. Não honramos a Deus quando desonramos nosso corpo, pois ele é o templo do Espírito Santo.

Há, porém, outro lado em toda essa questão. O biólogo Lewis Thomas fez uma observação surpreendente, afirmando que, numa época em que deveríamos estar comemorando nossa boa forma, “tornamo-nos convictos de nossa saúde precária, nosso medo constante da doença e da morte... rapidamente nos tornamos uma nação de hipocondríacos, vivendo cheios de cautela, sempre preocupados com a morte... tornamo-nos obcecados com a saúde”.2

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Um novo deus na cidade

Assim, há um novo deus na cidade. Este novo deus tem duas cabeças: Saúde e Estética; é o Bel eo Nebo* dos nossos dias. Os seguidores dessa nova divindade adoram desde o amanhecer até que caem as sombras da noite, sete dias por semana, às vezes sozinhos, outras em pequenos grupos ou em grandes concentrações. Adoram a portas fechadas ou ao ar livre, nas calçadas e nos parques, em casa e no escritório, no inverno e no verão. Formam uma congregação determinada. Esse último bezerro de ouro possui dimensões enormes, ultrapassa as barreiras denominacionais, preenche a lacuna entre as gerações e está acima de raça, credo ou cor.

É fácil reconhecer os discípulos verdadeiramente devotados desse deus. Podem ser vistos trajando roupas esportivas coloridas e tênis caros de corrida — ou, para fazer moda, podem simplesmente vestir velhos calções de ginástica, camisetas surradas e tênis empoeirados. Inspirando e expirando pelas alamedas ou pelas ruas, com sol ou com chuva, esses adoradores devotados inclinam-se diante do seu deus com sacrificios de suor e doces.

Novamente, tudo isso é bom para o corpo e grande diversão para o espírito. Mas o que acontece quando a enfermidade nos tira de cena, quando o sofrimento invade nossa vida normal? Naturalmente, nunca estaremos de fato preparados para isso. Ela nos pega de surpresa e nos desestrutura.

O medo alimenta a devoção pela saúde

Uma — se não a primeira — emoção que sentimos quando a enfermidade nos acomete é medo. Não é apenas medo da enfermidade em si, mas medo do que ela fará com o nosso futuro, nossos planos e para onde poderá nos levar. Medo de como as outras pessoas irão reagir. Nem mesmo a igreja parece pronta para responder, pois poucas igrejas tratam os enfermos da mesma maneira que tratam os sadios.

Na base do nosso medo da enfermidade está nossa insegurança sobre como Deus se encaixa no quadro geral. Deus se moverá para curar meu corpo? Ou terei de conviver com a doença? Ou terei de morrer por causa dela? São questões que

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* Bell, nome da principal deidade babilõnica, era considerado pai de Nebo, deua da erudição e, portanto, da escrita, da astronomia e de todas as ciên-cias. (N. do E.)

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tenho enfrentado e talvez você também. De fato, você pode estar passando por algo assim agora mesmo.

Quando abordamos essas questões extremamente difíceis, tenhamos em mente as magníficas palavras de esperança de Paulo:

“Àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória” (Ef 3:20,21).

A Deus seja a glória.

Deve haver algo mais do que dor no sofrimento.

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Parte um

Quando a enfermidade ataca

Estar doente é apenas outra maneira de viver, mas depois que passamos por um tempo de doença, vivemos de maneira diferente.

ARTHUR FRANK, ATTHE WILL OFTHEBODY

Religião é para as pessoas que têm medo de ir para o inferno. Espiritualidade é para pessoas que já estiveram lã.

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Capitulo 1

Quando surgem as dúvidas

Por que Deus simplesmente não libera

seu poder e cura todas as feridas?

Deus pode curar hoje?

A pergunta é tão relevante quanto a sua próxima dor de cabeça. Mais relevante ainda é a pergunta: “Deus vai me curar?”.

É fácil filosofar sobre sofrimento quando não estamos enfrentando nenhum. Entretanto, quando a fera espreita à sua porta, “são outros quinhentos” — as respostas não fluem tão facilmente, e as explicações em geral não satisfazem.

C. S. Lewis profetizou no prefácio do livro O Problema do

Sofrimente quando disse: “O propósito deste livro é resolver o

problema intelectual suscitado pelo sofrimento; nunca seria tolo de me considerar qualificado para a tarefa elevadíssima de ensinar sobre força e paciência e nem tenho nada que oferecer aos leitores, exceto minha convicção de que, quando surge a dor, um pouco de coragem ajuda mais do que muito conhecimento, um pouco de simpatia humana ajuda mais do que muita coragem, e um pingo do amor de Deus ajuda mais do que tudo”.1

O Problema do Sofrimento é um dos melhores livros que já

foram escritos sobre esse assunto. Entretanto, vinte anos mais tarde, quando a esposa de Lewis estava morrendo de câncer, ele não encontrou conforto no que escrevera. As coisas que tinha escrito não eram menos verdade, mas ele estava menos capacitado para afirmá-las.

Quando a filha de um colega pastor morreu subitamente, vítima de uma doença rara, alguém lhe perguntou se ainda acreditava em Romanos 8:28. Ainda cria que todas as coisas contribuem para o bem do povo de Deus?

“Sim, eu ainda creio”, o pastor respondeu; “mas por enquanto não me peça para pregar sobre isso.”

Quando acontece algo que faz parecer que não cremos mais, o problema não é a fé, mas a incapacidade de afirmar aquilo

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debaixo da mortalha das trevas. Como o pai do menino endemoninhado, clamamos: “Senhor, eu creio; me ajude na minha incredulidade!”.

O sofrimento ao qual não podemos nos resignar produz dentro de nós um cansaço que, segundo Kornelis Mashotte, “não é meramente a manifestação da exaustão, mas também da deterioração do poder da fé”.2

As enfermidades nos levam a fazer coisas estranhas. O ator Steve McQueen foi ao México fazer tratamento com base em ervas. Afligido por uma forma rara de tumor maligno, o comediante Andy Kaufman foi às Filipinas para consultar um médico espírita. De cristais a pirâmides, de ervas a sessões espíritas, as pessoas fazem qualquer coisa em busca de cura.

A dor pode nos levar ao desespero. Se não ficamos satisfeitos com os tratamentos convencionais, podemos buscar alternativas não endossadas pela medicina tradicional. Algumas alternativas podem ser válidas, até milagrosas. Outras revelam-se pura charlatanice, mas pelo menos representam algo para fazer e tentar. Nada está acima do nosso orgulho. Satanás disse a verdade quando afirmou: “Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida” (Jó 2:4).

Minha pesquisa pessoal

Não sou uma testemunha hostil na questão da cura divina. Este livro é resultado de minha própria pesquisa, uma pesquisa que começou quando minha fé colidiu subitamente com a enfermidade, o sofrimento e a morte.

“Pele por pele”, disse o diabo. Foi a minha pele e a pele da minha família. Minha motivação suprema era egoísta. A despeito de toda a minha oração e da oração da igreja, minha mãe morreu de câncer aos 60 anos de idade. Apesar das minhas orações e das de minha esposa, das orações da nossa igreja e de centenas de amigos por todo o país, nosso filho não foi curado do distúrbio maníaco-depressivo e suicidou-se aos dezoito anos de idade. Meu sogro morreu de câncer aos 62 anos, não obstante muitas orações e declarações de cura. No início dos anos 80 tive sérios problemas de saúde, de origem física. De 1976 a 1986 lutei com uma profunda depressão e só melhorei quando comecei a consultar um psiquiatra.

Na mesma época, estava escrevendo um livro sobre o poder da oração e pregando sobre a vida cristã vitoriosa, por todo o

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mundo. Minha vida tinha-se tornado um paradoxo.

Alguém me disse: “Você não tem fé suficiente para ser curado”. Este, porém, não era meu problema. Meu problema era que não possuía fé suficiente para permanecer doente, se era assim que as coisas deviam ser. Outras pessoas me disseram que eu tinha direito divino à cura, que minha família e eu sofríamos de modo desnecessário, e que provavelmente estávamos sob uma maldição por algo que meu pai ou meu avô fizera.

Bem, se eu estava perdendo algo, queria saber o que era. Pensei que sabia o que a Bíblia ensinava sobre essas questões, mas a dor pode nos levar a fazer coisas estranhas.

Lembro-me de uma vez em que tentei arrancar um arbusto do nosso quintal. O jardim se expandia e precisava de mais espaço. Era um arbusto pequeno e feio e estava bloqueando o progresso das margaridas. A terra era macia; seria fácil arrancá-lo. Coloquei as duas mãos ao redor da base do arbusto e puxei com toda força.

Quando consegui me erguer e a dor nas costas diminuiu, contei até dez, respirei fundo, abaixei novamente e dei outro puxão — seguido de outro, e mais outro. Finalmente meu obstinado adversário se rendeu. Quando ele saiu, uma dúzia de longas raízes espalharam-se em todas direções, como teias de aranha, levantando a terra. Eu não estava arrancando um pequeno arbusto, mas metade do quintal.

Semelhantemente, quando puxei o arbusto da cura, senti que estava lidando com algo mais — algo além do óbvio, do fato visível da cura fisica. Não seria suficiente encontrar a resposta sobre a cura fisica. A verdadeira questão transcendia essa problemática e eu não conseguiria encontrar a resposta certa a menos que fizesse a pergunta certa. Percebi que a cura física era apenas a “ponta do iceberg”, um fator secundário.

Quando analisamos a questão da cura física, imaginamos que estamos lidando com o mistério supremo, mas isso não é verdade, pois a cura física não é a questão suprema e certamente não é a realização suprema. Jó, o símbolo do sofrimento no Antigo Testamento, entendeu isso muito bem no final de sua história.

O mesmo aconteceu com meu amigo Manley Beasley. Ele sofreu durante vinte anos com várias enfermidades terminais, mas foi devido a esse sofrimento que ele se tornou um dos maiores homens de fé que conheço. Quando foi abordado por uma mulher que desejava orar por sua cura, ele respondeu:

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“Minha senhora ,já superei isso há muito tempo”.

Não são apenas gripes e câncer que criam o “desespero silencioso”. Um relacionamento rompido pode doer tanto quanto um osso quebrado. Muitas almas enfermas residem em corpos saudáveis. Pessoas “saudáveis” saltam de prédios todos os dias.

Não, a questão não é simplesmente: “Deus vai me curar da enfermidade?”. A questão é também: “Deus vai me curar do sofrimento?”. Sofrimento pode ser qualquer coisa que ameaça minha, vida ou minha capacidade de experimentar a plenitude designada por Deus. É mais do que perguntar: “Deus vai esticar minha perna?”. A verdadeira questão é: “Ele vai aprofundar minha fé?”.

Deus irá me curar da solidão, das dúvidas, da “dor interior”? Vai me curar da preocupação que tenho com meus filhos, do terror de atender o telefone depois da meia-noite? Deus curará corações feridos e restaurará esperanças perdidas? Há livramento para a agonia sem sentido da vida cotidiana, para as enfermidades do espírito tanto quanto para as enfermidades do corpo? Existe, deste lado do céu, algum lugar seguro que sirva como um escudo contra as crueldades inesperadas da vida?

Crer em Deus pode ser um jugo

Puxe o arbusto com um pouco mais de força, e outra raiz surge da terra: crer em Deus pode ser um jugo. A fé cria alguns problemas para o não-crente. Crer num Deus soberano que pode curar os enfermos, ressuscitar os mortos, aniquilar o diabo e purificar a terra de todas as forças malignas nos leva a encarar a questão: “Se ele pode, por que não faz? Por que Deus não libera seu poder e cura todas as feridas? Se eu fosse Deus, faria isso”.

Respondemos que esse não é o método de Deus. Por quê? Por que não é o método de Deus? Ele não é Deus? Pode utilizar qualquer método que queira. Por que seus métodos em geral exigem que eu sinta dor?

Realmente é assustador perceber que milhares de anos depois ainda estamos fazendo as mesmas perguntas feitas por Jó e por outros como ele, ainda que sejamos os primeiros a admitir este mistério. Apesar disso, não estamos mais próximos da resposta. Talvez essas questões nunca sejam plenamente respondidas nesta vida, mas mesmo assim nós as formulamos. Cada geração deve fazer essas perguntas. Isso inclui você e eu.

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relevante. Quero publicá-lo orando para que Deus o use para curar as feridas causadas por ensinos equivocados sobre enfermidade e cura, e para transformar o inimigo do sofrimento em um servo da santidade. Há mais coisas envolvidas no sofrimento do que aquilo que os olhos vêem.

Meu plano

Na Parte 1, “Quando a enfermidade ataca”, analisaremos como a enfermidade nos afeta como cristãos, o que podemos esperar quando ela nos aflige, o estigma que muitas vezes está ligado à dor e ao sofrimento, os obstáculos inesperados das enfermidades, e aqueles que, intencionalmente ou não, confundem o enfermo com interpretações não contextuais da Palavra de Deus.

Na Parte 2, “Manejando bem a Palavra da Verdade”, quero mostrar algumas regras importantes mediante as quais você mesmo poderá julgar o que as Escrituras ensinam sobre cura divina. Essas diretrizes, mais do que qualquer outra coisa, me ajudaram a caminhar no meio do labirinto dos ensinos sobre o assunto quando a enfermidade, o sofrimento e a morte irromperam em minha vida.

Não encontrei respostas fáceis, nem simples, e também não lhe oferecerei esse tipo de respostas, em sua temporada de sofrimento. O que eu encontrei, porém, foi a afirmação inequívoca do amor e da soberania de Deus e a paz que resulta da submissão ao seu propósito supremo. Este material deu-me paz e esperança nos tempos dificeis. Ele pode fazer o mesmo por você.

Na Parte 3, “Encontrando o propósito benéfico de Deus no sofrimento”, veremos como orar pela cura e também a mais difícil das questões: Quando Deus diz ‘não’. Analisaremos como ajudar um ente querido a encarar a morte e como vencer o medo. Conheceremos um homem maravilhoso que me ensinou mais sobre vitória no sofrimento do que qualquer outra pessoa (esta é a minha parte favorita da jornada que faremos juntos) e com ele conversaremos.

Para começar, vamos conversar com alguns indivíduos, pessoas comuns como eu e você, que já passaram por essa difícil prova.

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Capitulo 2

O lado noite da vida

As perdas e os ganhos do sofrimento

Era uma mulher de 35 anos, mãe de dois filhos; tinha cabelos avermelhados e pele levemente bronzeada. Passava a maior parte do tempo exposta ao sol, trabalhando no jardim ou numa pequena horta. A luz do sol causou efeitos em sua pele delicada e surgiu uma estranha mancha vermelha no lado esquerdo do rosto, perto do nariz. A princípio não parecia nada grave, mas finalmente ela resolveu fazer um exame.

— Câncer de pele — o médico disse. Estavam no ano de 1953, quando o tratamento do câncer era muito mais precário. — Vou transferi-la para a cidade de Oklahoma. Eles irão fazer um tratamento de radioterapia e veremos o que acontece.

Um semana antes de viajar para Oklahoma, minha mãe pediu que tirasse algumas fotos dela. Eu estava com quinze anos de idade e tinha uma câmara fotográfica barata. Confuso com o pedido, fiquei assombrado quando ela saiu do quarto lindamente vestida. Seu rosto estava maquiado, o cabelo bem penteado e ela vestia uma linda blusa branca e uma saia preta. Tirei várias fotos dela, na frente da lareira, sentada numa cadeira, e confortavelmente no sofá — uma foto após a outra, seus olhos nunca encaravam a câmara, mas ficavam fixos num ponto distante.

Quando terminamos, perguntei-lhe para que queria aquelas fotos. Ela respondeu que estava com tanto medo dos efeitos do tratamento do câncer que queria manter um registro da pessoa que era.

Ainda tenho as fotos. Elas me fazem lembrar da primeira vez que vi o medo de uma pessoa com a síndrome da destruição da identidade, causada por uma enfermidade.

Como você pode ver, a enfermidade é a Grande Interrupção da vida. Entra sem bater, atrapalhando todos os planos, zombando da idéia de segurança e diminuindo a esperança no futuro. Tocando cada parte da vida, a enfermidade arranca partes do ser, fazendo o indivíduo perguntar-se: “Quem sou eu na

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realidade?”.

Arthur Kleinman diz: “A fidelidade do nosso corpo é tão básica que nunca pensamos nisso — é a base certa das nossas experiências diárias. A enfermidade crônica é uma traição dessa confiança fundamental. Sentimo-nos sitiados: desconfiados, ressentidos com a incerteza e perdidos. A vida torna-se uma sucessão de sentimentos desencadeada pela traição física: confusão, choque, raiva, inveja e desespero”.1

Deixe-me compartilhar duas histórias que ilustram algumas das perdas e dos ganhos que experimentamos durante o trauma das enfermidades graves. Essas narrativas podem nos ajudar a colocar a enfermidade e sua relação com nossa fé em Deus na perspectiva correta.

A história de Julie

Julie é irmã de minha esposa. Casada e mãe de três filhos, é uma empresária muito bem-sucedida e uma das cristãs mais piedosas que conheço. Em 1986, um exame acusou que ela era portadora de um distúrbio crônico caracterizado por problemas na absorção de alimentos e nutrientes. O glúten mata as células de revestimento do intestino delgado, de maneira que a cura só pode ocorrer quando este elemento é totalmente removido da dieta. No entanto, o glúten está em quase todos os alimentos de sabor agradável.

Em média, são necessários cerca de 14 anos para chegar a um diagnóstico correto, e Julie foi abençoada com um diagnóstico feito em poucos meses. Ela, contudo, perdeu mais de 15 quilos enquanto os médicos tentavam identificar seu problema de saúde. O progresso da doença resulta no enfraquecimento dos ossos e em outros problemas decorrentes da falta de nutrientes, os quais evidentemente são essenciais para a vida.

— Quando me defrontei com o problema — disse Julie — senti-me diante do desconhecido, emagrecendo a cada dia enquanto não se chegava ao diagnóstico. Sempre pensava na possibilidade ser câncer, mas durante o período de visitas diárias ao médico, os exames e a perda de peso, parecia haver algo de irreal em tudo aquilo. Sentia como se estivesse presa, sem poder me soltar. Estava indo em direção a algum lugar e eu não gostava do passeio.

— Havia uma solidão especial. Ao mesmo tempo em que alguém é assolado pelos pensamentos de morte, também tem de

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encarar o ambiente horrível e impessoal dos consultórios médicos e hospitais: muito tempo sentado, esperando, sentindo-se apenas como um número — uma série de indignidades. Seus exames são tratados com indiferença, embora para você o resultado seja uma questão de vida ou morte. Você sente vontade de gritar: “Será que vocês não percebem o quanto isso é importante? É a minha vida!”. Mas, pelo contrário: você permanece quieto e soulitário com seus pensamentos; no final, sempre acaba sendo só você e Deus. O seu mundo pára, mas a vida das outras pessoas continua. De fato, até o seu mundo continua; só VOCÊ pára.

— Entretanto quando finalmente o distúrbio foi diagnosticado e soube que era uma enfermidade com a qual poderia conviver e que não iria morrer, fiquei tão feliz que não considerei mais minha condição como um peso. Para mim, é apenas uma inconveniência. É uma doença pela qual posso ser grata!

Em 1991, Julie procurou um médico por causa de uma mancha na pele que tinha aumentado de tamanho. Depois de examiriá-lá o dermatologista saiu da sala. Enquanto Julie esperava, ouviu-o dizer: — Vamos tratar primeiro do caso de melanoma. — Então, a porta se abriu. Ela perguntou: — Então você acha que é melanoma?

Julie disse: — Eu já tinha trabalhado para um cirurgião plástico que tratava de casos de melanoma fazendo a cirurgia corretiva e sabia que muitos casos terminaram em óbito. Por isso, não permiti que o dermatologista fizesse a biópsia que estava prestes a fazer. Não queria que ele cortasse a mancha. Pelo contrário, insisti para que fizesse as incisões com uma grande margem. Ele concordou e o teste de laboratório comprovou que era um melanoma maligno.

Assim, quando fui ao segundo cirurgião para fazer o acompanhamento, ele disse que a segunda cirurgia não precisava ser feita. Ele comentou: — Nunca tinha visto um dermatologista fazer isso antes.

Eu lhe contei que eu é que tinha insistido para que a incisão fosse feita daquela maneira. Assim, minha familiaridade com as cirurgias feitas pelo meu antigo patrão me deu a sabedoria necessária sobre o que solicitar aos médicos.

Junto com o melanoma, Julie novamente experimentou o medo e a solidão.

— Não creio que posso dizer que era exatamente “solidão”. Havia um desejo de que todas as conversas fossem profundas e

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significativas; queria conversar sobre a morte, mas esse tema, evidentemente, nunca era mencionado. Todas as conversas ficavam num nível superficial, de maneira que meus pensamentos sobre morte e solidão ficavam guardados. De fato, uma hora depois que a palavra “melanoma” fora pronunciada, eu estava de volta ao trabalho, pensando se a mancha havia se espalhado. Envolvi-me com os meus afazeres. Imagino que nesses momentos há uma quantidade enorme de “afazeres”.

— Percebi quanto eu era insignificante. Percebi que era finita. Percebi minha total falta de controle. Percebi que realmente estava nas mãos de Deus e nas mãos dos médicos. Tinha medo do desconhecido. No momento em que fui confrontada com o fato de que poderia me tornar apenas uma lembrança, senti-me menos capaz de produzir boas coisas para deixar para a posteridade.

— Em minha enfermidade, nunca pensei: “Por que eu?”.

Sempre achei que tivera uma vida tranqüila, que nunca passara pelos testes difíceis que outras pessoas enfrentam; na realidade, minha era: “Por que não eu?”. Outras pessoas enfrentam dificuldades muito piores; por isso não tenho tendência para a auto-piedade. Quando recebi o livramento, fui invadida por um sentimento tão grande de humildade por ter sido liberta que então me perguntava: “Por que eu? Por que estou viva?”.

Embora no caso de Julie parece ter havido mais ganhos do que perdas, isso é questionável na próxima história.

A história de Greg e Michelle

Greg e Michelle casaram-se no dia 28 de julho de 1995. Greg, 31 anos de idade, trabalhava como anestesista num hospital local. Sua noiva, então com 25 anos, era assistente administrativa de um dos pastores da igreja da qual eram membros. Greg e Michelle gastavam muitas horas tomando café e conversando sobre os sonhos que tinham para o futuro. O maior desejo de Michelle era ser esposa e mãe. Greg sonhava em construir uma casa.

No começo do mês de outubro daquele ano Greg começou a ter dores de cabeça semelhantes a sinusite, algo que nunca tinha sentido antes. A dor parecia localizar-se no alto da cabeça, logo acima da testa. A dor persistiu por vários dias e aumentava de intensidade. A capacidade de raciocinar de Greg começou a ficar comprometida e seu apetite diminuiu por causa da forte dor que

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tomou conta do lado esquerdo da cabeça, alguns centímetros acima da têmpora. Ele acordou na manhã do dia 6 de outubro com os mesmos sintomas, com a mesma dor forte. Greg ficou com medo.

Depois de muita insistência de Michelle, Greg decidiu ir ao pronto-socorro do hospital. Os exames revelaram aquilo que sua experiência já temia: um tumor cerebral. Menos de dois meses depois do casamento, surgira uma pequena massa de quatro centímetros na região frontoparietal do hemisfério esquerdo do cérebro. O neurocirurgião temia que o tumor fosse maligno.

— Meus temores tinham se confirmado — Greg disse — mas foi bem antes de o Senhor ter enchido meu coração e minha alma com sua paz. Deus imediatamente me lembrou de que eu orava para ser uma luz entre meus colegas, com os quais passaria nove dias, pois fui internado no próprio hospital onde trabalhava.

— A cirurgia foi feita no dia 16 de outubro, e Deus me assegurou que cada movimento do médico estaria sob seu controle soberano. Minha única preocupação era ser uma luz no meio das trevas.

— Enquanto Greg pensava em ser luz nas trevas — disse Michelle — eu pensava em todas as possibilidades e esperava que fosse um tumor benigno. Eu estava em paz, uma paz que sabia que somente o Senhor podia dar. Era um dos muitos momentos nos quais eu iria sentir a força e o conforto de Deus.

Greg foi levado para a cirurgia e começou a espera. Cinco horas mais tarde o cirurgião abriu a porta e dirigiu a Michelle palavras que ela não queria ouvir: — O tumor foi retirado com sucesso, mas seu marido tem um câncer terminal — um glioma nível 4. A menos que um Ser Superior intervenha, ele morrerá.

O irmão de Greg perguntou: — Quanto tempo?

— Doze meses — respondeu o médico.

— Nunça esquecerei o torpor — Michelle disse. — Sentia-me como se alguém tivesse sugado meu interior. Aquilo era verdade? Será que estava tendo um pesadelo do qual iria acordar e tudo aquilo estaria acabado? Saí do consultório sentindo-me como se estivesse fora do meu corpo e compartilhei as notícias com os familiares e amigos que esperavam ansiosos. Ondas de emoção logo se seguiram: raiva, desespero, confusão, perplexidade, medo, medo, medo.

— Greg tinha-me feito prometer que lhe diria a verdade. Quando me aproximei de sua cama, Deus novamente me deu

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forças. Beijei seu rosto e lhe contei o que estávamos enfrentando juntos. Sua única resposta foi: “Deus sabe” e apertou minha mão. Aquele era o início de uma jornada com Deus, pelo caminho do câncer.

— Aquela foi a noite mais escura da minha vida. Ficaria viúva aos 25 anos de idade? Era recém-casada; como aquilo podia acontecer? Meus sonhos de um 1ar, filhos, férias em família, nosso primeiro aniversáriø de casamento se desfaziam ao meu redor. A cavalgada da vida estava saindo fora de controle e eu não conseguiria parar nem fugir. Acordei na manhã seguinte em total desespero. Era mais do que eu podia suportar e não era um sonho. Era rea1idade. Deus, porém, abraçou-me gentilmente naquela manhã, fazendo-me lembrar de duas frases: “Não fique ansiosa” e “Seja forte e corajosa”.

— A semana foi extremamente desgastante — do ponto de vista. emocional, físico, mental e espiritual. As pessoas sempre são bem-intencionadas em seus telefonemas e visitas, mas muitas vezes dizem coisas idiotas e que nos causam dor. Enquanto Greg descansava sob o efeito dos medicamentos, eu lutava com o que aquele dia nos traria.

Fiz listas de perguntas para os médicos, uma lista de coisas que precisavam ser resolvidas (como recém-casada, eu precisava ser inscrita como beneficiária do seguro de vida de Greg e meu nome tinha de ser incluído na escritura do nosso terreno). Eu dava banho em Greg, passava horas lendo a Bíblia, para o conforto dele e o meu, e chorava a cada momento de privacidade que tinha.

— Ansiávamos nos sentir em casa. Tentávamos estar num mundo “normal” fora do hospital. Entretanto, quando chegamos em casa, nada era normal: tudo tinha mudado. Os dois recém-casados que tinham saído daquele quarto do hospital cheios de esperanças, sonhos e uma vida longa pela frente não eram as mesmas pessoas. Éramos um casal lutando para dar algum sentido àquilo que acontecia. Um casal que não mais sonhava com uma casa, mas que implorava por um futuro, implorava pela vida de Greg, implorava por um milagre.

— Duas semanas mais tarde começamos com a radioterapia e a quimioterapia. Embora Greg suportasse bem o tratamento, isto traria ainda mais mudanças. O cabelo de Greg começou a cair rapidamente (era mais traumático do que esperávamos, mas mesmo careca ele continuou bonito), seu apetite era desordenado e ele se cansava com facilidade.

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Devido ao pouco tempo que tínhamos de casados, o sexo ainda era algo novo para nós, mas tornara-se algo penoso, tanto física como emocionalmente. Acabávamos apenas abraçados, chorando. Nunca seríamos recém-casados de novo e não tínhamos certeza do que nos havíamos tornado.

— As semanas iam passando e Deus era fiel em nos ministrar por meio da Palavra, dos cartões que irmãos enviavam, das palavras de encorajamento dos amigos, abraços dos familiares, os versículos no calendário e até mesmo por meio do próprio nascer do sol — sempre dando-nos a certeza do seu amor por nós e da sua presença no meio das adversidades.

— Tínhamos mudado muito. Como um jovem casal, tínhamos experimentado uma profundidade em nosso relacionamento que alguns casais não têm mesmo depois de 50 anos de casados. Nenhuma noite passa sem que agradeçamos por mais um dia juntos, não tendo mais aquela certeza de que envelheceremos juntos. Cada momento que Deus nos dá nesta terra é uma bênção. O tempo tornou-se uma jóia preciosa, tratada com todo cuidado. Deus transformou nossos sonhos temporais em sonhos espirituais. Conhecemos o Senhor Jesus de uma maneira que nunca o conheceríamos sem o câncer.

— Não entendemos por que Deus permitiu que Greg tivesse um tumor cerebral fatal tão cedo na vida, tão cedo no nosso casamento; a verdade é que talvez nunca venhamos a saber. Entretanto, por meio de toda esta situação, descobrimos que “seus caminhos não são os nossos caminhos”, mas podemos confiar que “ele é bom e faz o bem”. Greg e eu lutamos com a possibilidade da sua morte? Sim. Desejamos que ele fosse simplesmente normal? Sim, muitas vezes, principalmente quando passávamos pelas pessoas e as ouvíamos sussurrar: “É ele que tem câncer”.

Agora somos olhados de forma diferente. Será que

passaríamos por tudo isso voluntariamente? Não. Mas será que abriríamos mão do que aprendemos ao longo do caminho? Não. Nem abriríamos mão da alegria e dos risos que compartilhamos.

— Ainda não chegamos ao final da nossa jornada. Por enquanto, vamos adiante, ainda tendo esperanças, ainda orando: “Senhor, tu vais nos curar?”.

As perdas no sofrimento

Em toda batalha há perdas, mesmo para aquele que vence. A enfermidade não é exceção; de fato, a dor, o sofrimento e a

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incerteza que acompanham as enfermidades graves geralmente ampliam o sentimento de perda tanto no paciente como nos entes queridos. Entre os sentimentos de perda mais comuns, podemos destacar algumas.

Perda do controle. Pode ser a primeira e a mais poderosa

perda que o paciente sofre. Subitamente, em vez de lhe obedecer, o corpo tem iniciativa própria e se comporta da maneira que quer. Você não pode mais controlar o funcionamento do próprio organismo. É como dirigir numa estrada cheia de poças de óleo. De repente o carro derrapa e você não tem mais controle. Pisar no freio, virar a direção freneticamente: nada resolve. Tudo o que você pode fazer é agarrar-se e esperar o impacto da batida. É um sentimento mórbido e desesperador. A direção e o pedal do freio lhe dão a ilusão de que está no controle do carro, e em quase todos os aspectos você está mesmo. Entretanto, pode acontecer algo que arranca o controle de suas mãos, e tudo o que lhe resta fazer é segurar-se e tentar salvar a vida.

Geralmente adotamos o conceito popular de que a vida pode ser administrada e passamos horas, e até mesmo anos, fazendo um mapa da nossa vida. A vida, porém, não é uma ciência exata. Não pode ser administrada: pode ser apenas vivida.

A sociedade, contudo, exige que o controle seja reassumido. Temos de lutar para evitar o embaraço de perder o controle em situações nas quais se espera que tenhamos controle. Também temos de evitar embaraçar outras pessoas, que precisam ser protegidas do espectro da perda do controle do corpo. Se não podemos reassumir o controle, então temos de esconder isso da melhor maneira possível.

Perda da identidade. Tolstoi, em seu conto “A morte de Ivan

Ilych”, ilustra essa perda de identidade: “Ivan Ilych trancou a porta e começou a examinar-se diante de um espelho — primeiro bem de perto, depois foi-se afastando. Pegou um retrato no qual aparecia ao lado da esposa e comparou com o que via no espelho. Havia uma tremenda diferença. Depois, arregaçou as mangas da camisa, desnudou os braços até o cotovelo, examinou os antebraços, e seus pensamentos tornaram-se mais negros do que a noite”.

Arthur Frank, falando sobre sua bata]ha pessoal contra o câncer, disse: “Eu não temia aquilo que poderia me tornar, mas lamentava o fim do que tinha sido. Era como despedir-me de um lugar onde tinha vivido e ao qual eu amava”.2 Era isso que minha

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Greg e Michelle experimentaram. As pessoas olham para você de maneira diferente. Tratam-no de modo diferente. Os amigos e os familiares ficam cautelosos nas conversas, com medo de dizer algo errado. Sentem-se desconfortáveis na sua presença. Você não é mais a mesma pessoa; você é a pessoa com câncer, que está desfigurada, que suporta dores terríveis e que está morrendo. Você é como um produto que estragou.

Ao conversar com uma paciente maníaco-depressiva, perguntei-lhe por que se recusava a tomar os medicamentos. Sua resposta foi simples:

— Como vou saber quem eu sou na realidade? Sou a verdadeira pessoa quando estou sem os medicamentos, ou sou a verdadeira quando tomo os remédios?

O poder de determinação do diagnóstico

Umas poucas palavras proferidas por um médico podem resultar na perda da identidade, mudando a visão que uma pessoa tem de si mesma. Aqui é onde caminhamos na “corda bamba”. Não devemos negar a realidade da enfermidade, mas também não devemos permitir que um diagnóstico determine quem somos: “Aquele é o vendedor que tem câncer”. “Ela é uma mãe maravilhosa, mas tem um problema de saúde grave”.

A esposa e os amigos de Jó passaram a vê-lo afravés da enfermidade. Mesmo as pessoas mais íntimas não conseguiam enxergar além das feridas. Ele não era mais uma pessoa — era um objeto de observação e diagnóstico, tanto físico como espiritual.

Á Bíblia nos leva a crer que o apóstolo Paulo tinha alguns problemas físicos, mas raramente referia-se a eles. Quando escrevia para as igrejas, identificava-se como o apóstolo de Jesus Cristo, e não como o apóstolo de Cristo com vista fraca.

Perda da certeza (se é que existe certeza). Quando você tem

uma enfermidade crônica, tudo o que faz acaba vinculado à sua condição. As férias são planejadas de acordo com seu estado de saúde. Você só vai trabalhar se a enfermidade permitir. Até o ato de levantar de manhã é controlado pela doença. Todos os seus planos devem ser feitos meio de improviso, pois você não tem mais certeza de como seu corpo vai reagir. Lembro de pessoas que me contaram sobre os planos que fizeram para quando se aposentassem — um até comprou um trailer, planejando viajar por todo o país — mas viram os planos feitos há tanto tempo serem destruídos pelas enfermidades. O que antes era previsível,

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torna-se provisório.

Perda do lugar na sociedade. Thomas Bernhard, no romance O sobrinho de Wittgenstein, descreve os sentimentos da pessoa

enferma que deixa o hospital para retornar à vida normal, mas descobre que devido à enfermidade perdeu seus direitos. “Ao retornar, o paciente sempre sente-se um intruso, numa esfera onde não tem mais nenhuma participação”.3

As perdas vão além do físico. As doenças com freqüência colocam obstáculos nos relacionamentos. É difícil retomar alguns relacionamentos, principalmente com aquelas pessoas que não aceitam a enfermidade. É surpreendente como pessoas com enfermidades graves criam novas amizades com pessoas que já sofreram a mesma coisa. Arthur Frank diz: “Durante o câncer, eu sentia que não tinha o direito de estar junto das outras pessoas. Embora não gostasse de ficar no hospital, pelo menos lá eu sentia que pertencia a alguma coisa”.4

Essas perdas são grandes e muito reais, e infligem um severo castigo sobre o enfermo. Entretanto, quando nos rendemos e submetemos nossa situação a Deus, confiando nossa vida a ele, podemos superar essas perdas por meio da suficiência de Cristo.

Os ganhos no sofrimento

Os chineses acreditam que antes de domar uma fera, primeiro é preciso torná-la bonita. Parece contraditório, mas apesar de todas as perdas que sofremos com a enfermidade, também temos a oportunidade de ganhar algo. Você pode lamentar as perdas, mas não permita que elas obscureçam seu senso daquilo que você pode se tornar. Você pode amaldiçoar a sorte, mas deve também contar as possibilidades.

Valores bem claros. Você se lembra do desejo de Julie, de

que toda conversa fosse significativa? Lembra-se do profundo senso de que era finita? Lembra como Greg e Michelle aprenderam a valorizar cada momento juntos, agradecendo a Deus diariamente por terem mais um dia de vida? Uma das coisas que mais me impressionaram quando conversei com pessoas portadoras de doenças graves foi o fato de que muitas dizem que a doença vale pelo que aprenderam sobre si mesmas e sobre Deus. Tenho certeza de que muitas pessoas doentes não pensam assim, mas estão perdendo uma das grandes bênçãos da vida.

Poucas coisas afetam tanto a mente quanto receber um diagnóstico de uma doença terminal. Sendo pastor por quarenta

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anos, tive o privilégio de estar ao lado da cama de muitos santos no momento em que partiam para se encontrar com Deus. Conversei com muitos empresários quando estavam morrendo. Sabe de uma coisa? Nenhum deles jamais disse: — Pastor, gostaria de ter passado mais tempo no escritório. — Sabe o que eles diziam? — Pastor, gostaria de ter passado mais tempo com minha família.

Lembro que depois que minha mãe soube que estava com câncer, conversava comigo sobre as folhas de uma árvore, sobre como a grama era verde, o formato das nuvens, o canto de um pássaro e a beleza de uma flor. Seus sentidos ficaram muito mais aguçados. Muitas vezes, só depois que enfrentamos uma doença grave percebemos que as “etiquetas de preço” realmente foram mudadas e que a maior parte do nosso esforço foi concentrado em coisas irrelevantes.

Renovação. Em muitos casos, a recuperação pode não ser

possível, mas a renovação, sim. A oportunidade de fazer uma reavaliação da vida e dos valores pelos quais você viveu oferece-lhe a chance de escooferece-lher uma nova vida, em vez de simplesmente viver aquela que você acumulou através dos anos. Em resumo, você responde à pergunta: “Vale a pena morrer por aquilo pelo que sempre vivi?”. Mesmo no caso de pacientes terminais, qualquer que seja o tempo que lhes resta, este pode ser investido numa vida resovada. A renovação vem por meio de um novo encontro com Deus, uma nova apreciação da sua Palavra e de sua graça e uma maior consideração pelos amigos e pela comunhão.

Liberdade. Pode parecer estranho, mas ouçamos novamente

Arthur Frank: “Naquele ano [em que estive doente] eu iria aprender que o enfermo ou o inválido podem ser, no sentido da realização da vida, muito mais livres do que uma pessoa saudável... O enfermo aceita sua vulnerabilidade... e esta aceitação representa sua 1iberdade”.5

Quanto mais eu aprecio a boa saúde e a transformo num requisito para uma vida feliz, mais torno-me escravo das instabilidades da vida e da imprevisibilidade do meu corpo. Se no processo de crescimento passei a acreditar que “prosperidade” é a norma e é meu direito, sofrerei um impacto ao me chocar contra o muro da realidade. Levarei tempo para me recuperar desse ataque surpresa contra minhas crenças. Então, gradualmente começo a me recuperar, aprendendo que “prosperidade” não é pré-requisito para a verdadeira vida.

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Devo fazer a seguinte pergunta para mim mesmo: “Minha fe-licidade, minha alegria, minha conciência de valor pessoal dependem da minha saúde?”. Somos livres quando não exigimos saúde para ser felizes e ter paz, mesmo preferindo ser saudável.

Uma nova e mais profunda confiança em Deus. Considere a

notável declaração feita pelo apóstolo Paulo em 2 Coríntios 1:3-11, em que fala sobre as adversidades em sua vida: “Não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto

de desesperarmos até da própria vida” (v. 8, grifos do autor).

Ele não menciona a natureza das tribulações, mas diz que foi pressionado de forma tão profunda e insuportável que chegou ao ponto de perder a esperança. Entretanto, ele prossegue: “Já em nós mesmos tivemos a sentença de morte” (v. 9). Uma tradução melhor seria: “Tivemos a resposta da morte”.

Quando Paulo clamou no meio da aflição, a única resposta que obteve foi: “Você vai morrer”. Depois ele diz o seguinte: “Para que não confiemos em nós, e, sim, no Deus que ressuscita os

mortos” (v. 9, grifos do autor).

“Para que não confiemos em nós, e, sim, em Deus”. Você não acha essas palavras uma confissão notável? Paulo estava confiando em si mesmo, e Deus estava tentando ensiná-lo a confiar nele. Não seria de estranhar se tais palavras viessem de um novato na fé, mas Paulo não era nenhum novato, não é mesmo? Tratava-se do grande apóstolo, que já tinha escrito parte das Escrituras, que fora levado ao terceiro céu e vira maravilhas que nem podia mencionar. Tinha visto pessoas curadas e ressuscitadas dentre os mortos. Apesar de tudo isso, quer dizer que mesmo naquele estágio da sua carreira, ainda tinha de aprender a confiar em Deus? Eu teria pensado que nessa altura de sua vida Paulo já havia sido aperfeiçoado nessa virtude.

Creio que esse era um problema crônico de Paulo: a confiança em si mesmo. Ele era tão inteligente, talentoso e forte que era natural que confiasse em suas habilidades. Se o próprio apóstolo às vezes tinha problemas por confiar mais em si mesmo do que em Deus, quanto mais você e eu? Entretanto, note que foi no meio de grandes aflições que ele estava aprendendo a confiar no Senhor.

Este tem sido um tema recorrente nos testemunhos narrados neste capítulo, e será assim em todo o livro. Vamos encarar o seguinte: a maioria das pessoas não confia em Deus até ser forçada a fazê-lo. Enquanto temos algum dinheiro no bolso,

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um manual para ler, um seminário para participar, “uma carta na manga”, não confiamos em Deus.

Não são os louvores feitos no meio da prosperidade que me impressionam, mas o louvor que emerge da adversidade. Por isso sinto-me feliz por você ter escolhido unir-se a mim, para juntos explorarmos profundamente “o propósito supremo de Deus” na enfermidade, no sofrimento e até mesmo na morte. E quando descobrimos e nos submetemos à obra que Deus planeja fazer em nós que podemos aceitar seus métodos para nos alcançar — e experimentar uma fé mais profunda, uma coragem mais forte e uma alegria mais genuína no meio do sofrimento.

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Capitulo 3

De onde procedem as enfermidades?

Deus realmente tem o controle soberano do Universo?

Você já se flagrou pensando “isso não é justo!”, quando se debatia com uma enfermidade ou com um período demorado de aflição? Tenho certeza de que todos nós já pensamos isso.

Você olha ao redor e vê um homem ímpio, perverso — e cheio de saúde. Também vê o mais piedoso dos santos sendo atacado por sofrimento após o outro. Não é de surpreender que filósofos, teólogos e pessoas comuns como nós tenham lutado durante séculos para desvendar esse enigma.

A busca tem levado a algumas respostas. Algumas, evidentemente, são simplistas demais e sempre devemos ser cautelosos com respostas muito simples para problemas complexos. Por exemplo, um escritor oferece esta explicação: “Quando uma pessoa fica doente, de alguma forma violou as leis da saúde. Para se recuperar, tal pessoa deve cooperar com a mesma lei”.1 Quando lí isso para o meu médico, ele ficou

impressionado. — Soa tão bem — ele disse — tão simples e tão verdadeiro. Pena que não seja.

Essa resposta é ingênua e insatisfatória, pois não leva em conta a pessoa que, sem nenhuma culpa individual, herda uma deficiência genética dos pais que resulta numa enfermidade grave. A obediência a todas as leis de saúde não evitará que fique doente e nem produzirá a cura.

Do mesmo modo, ninguém pode ter certeza absoluta de quais são as leis da saúde. Até mesmo a classe médica muda constantemente de opinião sobre a questão. Minha esposa, por exemplo, recebeu orientação médica para comer fígado, porque estava sofrendo de uma deficiência de ferro no organismo. Entretanto, agora sabemos que o fígado é um alimento gorduroso, com alto nível de colesterol que pode causar problemas cardíacos.

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da saúde violou, não saberá também com quais deve cooperar para restaurar a saúde.

Kaye adora fazer longas caminhadas todos os dias (eu a acompanho de carro). Uma longa temporada de chuvas a impediu de sair por vários dias. Para compensar, ela comprou uma mini-esteira. Um dia, enquanto ela fazia compras, fiquei esperando dentro do carro, lendo um artigo muito interessante, O título dizia: “Testes com animais demonstram a ligação entre exercícios e o câncer”.

Pesquisadores do Grupo de Bioenergética da Universidade da Califórnia descobriram por meio de testes com animais (ratos e porquinhos-da-índia) que os exercícios físicos geram grandes quantidades de substâncias no organismo que já foram relacionadas com o câncer e com o envelhecimento. O dr. Lester Packer disse: “Quanto mais pesquisamos, mais evidente fica que o perigo está presente em todos os lugares e que no final será uma questão de assumir riscos calculados”.2

Todos nós conhecemos ou já ouvimos falar de pessoas consideradas espécimes perfeitos: tinham uma alimentação adequada, dormiam bem, exercitavam-se regularmente, não bebiam, não fumavam e viviam numa área livre de testes nucleares; todavia, caíram mortas durante a corrida matinal. Nunca esquecerei uma foto que vi num jornal nos anos 60, no mesmo dia em que foi apresentado o relatório informando ao público que o hábito de fumar encurtava a vida. Na mesma página em que o relatório fora publicado, havia uma foto do famoso escritor Somerset Maugham celebrando seu nonagésimo aniversário com um cigarro pendurado nos lábios.

Como favorito nas explicações sobre as enfermidades e o mais citado por aqueles que acreditam que as enfermidades não podem ser parte da vontade de Deus, temos Satanás. Enfermidades, dizem, sempre são causadas por pecados e enviadas contra os homens por Satanás. Desde que as doenças provêm do diabo, devem ser contrárias à vontade de Deus. Conclusão? A vontade de Deus sempre é curar.

Deus é absolutamente soberano

Embora Satanás seja capaz de causar enfermidades, esta é uma questão discutível, porque a Bíblia ensina que Deus é absolutamente soberano sobre todas as coisas, até mesmo sobre o diabo. Satanás só pode operar dentro dos limites estabelecidos por Deus. Veja o caso de Jó. O diabo não pôde tocá-lo sem a

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permissão divina e mesmo assim somente dentro dos limites determinados (Jó 1:12; 2:6). Não estaríamos indo contra o ensino das Escrituras ao dizer que Deus muitas vezes usa o mal e o Maligno para realizar seus propósitos redentores. “Até a ira humana há de louvar-te” (Sl 76:10).

O profeta Isaías descreve a ímpia Assíria como instrumento da ira de Deus quando registra: “Ai da Assíria, cetro da minha ira! A vara em sua mão é o instrumento do meu furor. Envio-a contra uma nação ímpia, e contra o povo da minha indignação lhe dou ordens... Ela, porém, assim não pensa, o seu coração não entende assim” (Is 10:5-7). A Assíria é mencionada como servo inconsciente do Senhor, um peão involuntário na estratégia da redenção.

O mesmo foi verdade com relação a Ciro: “Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater às nações ante a sua face; e descingir os lombos dos reis... eu te chamei pelo teu nome, e te pus o sobrenome, ainda que não me conheces... eu te cingirei, ainda que não me conheces” (Is 45:1, 4,5).

Quando Habacuque reclamou que Deus não estava fazendo nada enquanto a nação se degenerava internamente e sofria ameaça de destruição externa pelos caldeus, Deus respondeu dizendo: “Vede entre as nações, olhai, maravilhai-vos, e desvanecei, porque realizo em vossos dias obra tal, que vós não crereis, quando vos for contada. Pois eis que suscito os caldeus...” (Hc 1:5,6).

Em seu livro Faith Healing and the Christian Faith (Fé Curadora e Fé Cristã), Wade H. Boggs diz: “Homens malignos, que vivem em rebelião contra Deus, mesmo assim são compelidos a servi-lo como instrumentos involuntários, pois Deus pode utilizar até mesmo o ímpio em seus desígnios... semelhantemente, o diabo está sob o poder de Deus, de maneira que enquanto luta contra Deus, é compelido a ser um instrumento involuntário dos seus propósitos”.3

A pessoa de Satanás e o princípio do mal são freqüentemente vistos como ingredientes reconhecidos por Deus em seu governo sobre este mundo e às vezes são apresentados como seus servos e não como inimigos. O rei Saul sentiu o resultado final desta verdade, quando “tendo-se retirado de Saul o Espírito do Senhor, da parte deste um espírito maligno o

atormentava (1 Sm 16:14, grifos do autor).

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diabo? Deus está no controle soberano do Universo? Se ele quisesse, poderia aniquilar Satanás? Só posso dar uma resposta afirmativa a tais perguntas, o que me leva a crer que se Satanás não tivesse nenhuma utilidade no programa redentor de Deus, este o «riscaria do mapa”.

Satanás não é o responsável por

todos os distúrbios físicos

Por isso considero errado atribuir todo tipo de distúrbio físico ao diabo, aos demônios ou a maldições. Recentemente ouvi um pregador dizer que artrite era uma maldição colocada sobre a pessoa devido a algo, que os avós fizeram. Atualmente, é muito comum a idéia de que tudo, de artrite a enxaqueca, é resultado de maldição recebida dos pais ou avós e que antes, de se conseguir obter a cura, essas maldições satânicas têm de ser quebradas.

Nos tempos do Antigo Testamento havia um provérbio popu-lar, citado com freqüência, que isentava as pessoas da responsabilidade. Era mais ou menos assim: “Os pais comem uvas azedas e os flhos passam mal”. Em outras palavras, os filhos não eram responsáveis por suas ações; estavam apenas sendo punidos pelo que os pais tinham feito.

Entretanto, sob a Nova Aliança que Cristo iria estabelecer por seu sangue derramado, tais palavras não seriam mais pronunciadas: “Cada um, porém, será morto pela sua iniqüidade; de todo homem que comer uvas verdes os dentes se embotarão” (Jr 31:30).

Concordo com M. Scott Peck que disse ao escrever sobre a sídrome dos “pecados dos pais”: “São os próprios pais que colocam seus pecados sobre os filhos”.4

Lembro-me de uma família de conhecidos cujos filhos são acometidos por várias enfermidades. Alguém lhes disse que a causa das doenças era uma coleção de estátuas de corujas que a mãe possuía. Foram as esculturas que deram aos demônios um ponto de contato, uma “pista de pouso” na família. As corujas foram destruídas. As crianças permaneceram doentes.

É assustador ver até que ponto algumas pessoas chegam nesta questão. Em vez do cristianismo do Novo Testamento, praticam algo que parece mais com religião vodu, com crenças baseadas em superstição, essas, sim, podendo ser os verdadeiros canais demoníacos na vida pessoal ou na família.

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batalha contra demônios, na qual Satanás e suas hostes são acusados pelos problemas de saúde, maus pensamentos e maus comportamentos, sem levar em consideração os fatores físicos, psicológicos e racionais na situação, uma contrapartida demoníaca extremamente prejudicial do mundo espiritual está sendo desenvolvida. Não há dúvida de que isso às vezes ocorre, e que é um dos maiores obstáculos para a maturidade moral e espiritual”.

Nunca esquecerei um pastor de Kansas que me perguntou se eu tinha fitas de estudos sobre o diabo, demônios e ocultismo para vender. Respondi que tinha.

— Qual é o preço da série toda? — ele perguntou. — Treze dólares — respondi.

O pastor ficou pensativo um instante. — Posso fazer um cheque de doze dólares e ficar-lhe devendo um dólar? — perguntou.

— Sim, sem problemas. Mas posso perguntar por quê?

Ele hesitou um momento e finalmente respondeu: — Não gosto de preencher cheques de treze dólares.

Era um pregador. Realmente precisava ouvir aquelas fitas. Talvez eu devesse ter dado a ele de graça. Em vez disso, porém, respondi: — Faça o seguinte: preencha um cheque de catorze dólares e eu fico-lhe devendo um dólar.

Ele aceitou. Faria qualquer coisa para evitar o número treze.

O espinhoso problema do espinho

Muito já foi falado sobre o espinho na carne de Paulo, referido como “um mensageiro de Satanás” (2 Co 12:7). Embora possamos apenas especular sobre a natureza da moléstia física descrita como o espinho, há algumas coisas que podemos dizer com certeza.

1. Foi um presente. “Foi-me posto um espinho na carne”*. Por meio do processo de oração e comunhão, o apóstolo parou de imp1orar pela sua remoção e aceitou o espinho como um dom da graça de Deus.

2. Duas vezes o apóstolo menciona a razão para a presença do espinho: “Para que não me ensoberbecesse”. Acho difícil acreditar que o diabo faria alguma coisa que fosse com o propósito de manter um servo de Deus humilde.

3. A resposta de Paulo ao espinho foi de júbilo e não de _____________________

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