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Se Deus disser “não”, lembre-se

No documento Ron Dunn - Por que Deus não me cura (páginas 155-157)

1. Existe o mal no mundo. Este é um mundo caído, mesmo para os cristãos. Tudo o que há de errado no mundo é culpa do homem; o mundo não é como Deus o criou originalmente. Além disso, Deus não nos prometeu nenhuma isenção do sofrimento. A Bíblia está repleta de exemplos de homens e mulheres excelentes que sofreram sem terem feito nada de errado, principalmente Cristo. Não podemos esperar que a graça de Deus faça por nós o que não fez por Cristo — isentar-nos do mal, do sofrimento e da morte.

2. Deus é onipotente, mas honra a liberdade humana. A liberdade é a maior bênção da humanidade e também sua maior maldição. Temos liberdade para escolher, mas temos de sofrer as conseqüências das escolhas erradas. A história da raça humana é uma história de escolhas erradas. É interessante como estaríamos dispostos a tirar a liberdade de pessoas como Hitler e Stalin, para que não pudessem praticar as crueldades que praticaram. Entretanto, se Deus remove a liberdade de uma pessoa, teria de remover a de todos. Nenhum de nós deseja que sua liberdade pessoal seja arrebatada.

3. Liberdade não significa controle. Podemos exercer nossa liberdade para escolher com a melhor sabedoria possível, mas no final não podemos controlar as circunstâncias da vida. A única coisa que podemos controlar é nossa reação àquilo que não podemos controlar.

4. Deus intervém para realizar seu propósito redentor na terra. “Comprometido com a redenção” era a frase usada pelos

realizar seu propósito redentor. Oração “em nome de Jesus” é mais do que uma fórmula: significa que oramos de acordo com a revelação do caráter e do propósito de Deus manifestados em Jesus Cristo. Ele responde às orações e opera milagres que fazem com que nós e os outros o glorifiquemos e lhe demos honra.

5. Abrace o Deus sofredor e sua vontade. Deus escolhe estar presente na finitude e na fragilidade do seu povo. Ele entra em nosso sofrimento e experimenta nossa vida, não somente por experimentar, mas também para agir com criatividade dentro dela. O relato de Marcos sobre a oração de Jesus no Getsêmani e sua crucificação (Mc 14-15) traz consigo o tema do poder divino e a necessidade do sofrimento.

Sharyn Echols Dowd diz: “A conciliação dessas duas ênfases antagônicas ocorre numa cena de oração. A oração, que ante- riormente na narrativa foi associada à acessibilidade do poder, agora torna-se a atividade na qual o sofrimento é enfrentado e aceito... O que... Jesus finalmente escolheu na oração não foi po- der ou sofrimento, mas sim a vontade de Deus. Jesus é a única personagem no Evangelho que faz a vontade de Deus quando ela implica participação no poder divino e também quando implica sofrimento e morte... O que faz com que o poder e o sofrimento sejam redentores é sua característica de vontade de Deus... Seus seguidores são exortados a orar, esperando poder e aceitando o sofrimento”.6

6. Não esconda sua dor. Não quero dizer aqui que você deve falar sobre a enfermidade, o diagnóstico e os médicos, mas sim sobre os seus sentimentos e seus temores relacionados ao seu estado de saúde. Muitas pessoas doentes privam-se da conversa. Quando tentamos expressar nossa “enfermidade”, simplesmente não conseguimos dizer como nos sentimos — como cristãos, cremos que temos de assumir uma atitude espiritual aceitável, a qual quase sempre é inadequada: nossos sentimentos de medo e de terror devem ser “falta de fé”, portanto, pecado; esse pensamento apenas acrescenta culpa a tudo o mais que estamos sentindo.

A enfermidade arranca partes da sua vida e essas perdas de- vem ser lamentadas, comentadas e compartilhadas. Arthur Frank diz: “Pessoas enfermas têm muito que dizer sobre si mesmas, mas raramente nós as ouvimos falando sobre suas esperanças e temores, sobre como sentem dor, sobre o que pensam do sofri- mento e a perspectiva da morte. Tais conversas nos embaraçam e por isso nós não as praticamos”.7

Para elevar nossa doença acima do mero sentimento de dor e perda, temos de aprender a falar sobre ela, e os outros têm de aprender a ouvir com compaixão, sem uma atitude de julgamento.

7. Deus é Salvador antes de ser Criador. Tenho ótimas notícias para todos aqueles que estão sofrendo. Em nosso pensamento, geralmente colocamos a Criação como o primeiro ato revelado de Deus, mas a Bíblia deixa claro que ele era Redentor antes de ser Criador:

“Conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós” (1 Pe 1:20).

“Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mun- do...” (Ef 1:4).

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daque- les que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:28-29).

Jesus era o Cordeiro que foi morto por nosso pecado antes da fundação do mundo. Antes que houvesse um Jardim do Éden, já havia uma colina chamada Calvário; antes que houvesse uma árvore da vida, havia a cruz de Cristo; antes que houvesse pecado, havia o Salvador. Para nós, isso deve significar que, seja o que for que nos aconteça nesse mundo, jamais devemos questionar o amor de Deus por nós — mesmo quando ele nos diz “não”.

Termino este capítulo com as palavras encontradas numa placa de um hospital de reabilitação. A origem das palavras é incerta; acredita-se que foram escritas por um soldado da Guerra Civil que suportou muito sofrimento pessoal.

Credo para aqueles que sofrem

No documento Ron Dunn - Por que Deus não me cura (páginas 155-157)