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BRENDA CAROLINE SANTOS CARVALHO GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA:FATORES DETERMINANTES E PREVENTIVOS

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BRENDA CAROLINE SANTOS CARVALHO

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA:FATORES

DETERMINANTES E PREVENTIVOS

SÃO LUÍS-MA 2018

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BRENDA CAROLINE SANTOS CARVALHO

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: FATORES

DETERMINANTES E PREVENTIVOS

Projeto apresentado ao Curso de Enfermagem da Instituição Faculdade Pitágoras

Orientador(a): Ângela Gabriela

São Luís - MA 2018

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BRENDA CAROLINE SANTOS CARVALHO

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA:FATORES

DETERMINANTES E PREVENTIVOS

Trabalho de conclusão ao curso apresentado

á instituição Pitágoras, como requisito parcial

para obtenção do título de graduação em Enfermagem.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________ Prof(a). Andréia Menezes

________________________________________ Prof(a). Eduardo Alves de Lima Júnior.

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AGRADECIMENTOS

Não poderia deixar de agradecer imensamente a DEUS, por ter me concedido saúde, força e disposição para fazer a faculdades de superar todos os obstáculos. Sem ele, nada seria possível.

Agradeço a minha mãe, Maria do Socorro quem sempre foi minha fonte de inspiração Ao meu pais, Glauber Carvalho que sempre acreditou no meu potencial, Manoel Dias, quem sempre acreditou em mim, hoje ele não se faz mais presente, te amarei pai. Agradeço a minha vozinha, Domingas Costa, que sempre me incentivou, hoje ela não se faz mais presente.

Agradeço a minha tias, Marta, Lucilene, Suelene, Kadja que sempre me apoiaram nessa trajetória.

Agradeço a minha Prima, Suelena Layse que sempre me ajudou nas horas que eu mais precisei.

Agradeço aos meus primos, Dayvid, Luanderson, Orlanielson e Enderson, que sempre me alegraram.

E agradeço minha família, de forma geral obrigado por acredita que eu ia chegara até aqui.

Agradeço ao meu esposo, Reginaldo Franklin por toda paciência, compreensão carinho e amor e me ajudar muitas vezes achar soluções quando elas pareciam não aparecer. Obrigado por compartilhar o momentos ruins e bons.

Agradeço asa minhas amigas, Luciana e Lilian Braga que sempre acreditaram em mim.

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CARVALHO, Brenda Caroline Santos. Gravidez na Adolescência: Fatores determinates e preventivos. 2018 30 folhas. Trabalho de Conclusão ao Curso (Graduação em Enfermagem) – Faculdade Pitágoras São Luís 2018.

RESUMO

A adolescência é um período caracterizado pelo processo evolutivo do ser humano, no qual ocorrem inúmeras modificações, psicológicas, emocionais, sociais e biológicas. Durante essa fase surgem novos desejos, dúvidas, curiosidades e descobertas. Dentre esses conflitos vivenciados, encontra-se a descoberta do próprio corpo e do prazer sexual, que na maior parte é desprotegida, daí resultando em riscos para uma gravidez indesejada. Há décadas, a gravidez na adolescência tem sido estudada por ser considerado um grave problema social e que tem mobilizado diversos níveis como saúde educação e sociedade a criar ações envolvendo essas jovens. Para alcançar o objetivo proposto, foi realizado uma revisão bibliográfica cuja a trajetória metodológica percorrida apoiou-se na leitura exploratória. A coleta dos dados envolveu pesquisa nos bancos de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Scientific Library Online (Scielo) LILACS (LITERATURA Latino Americano e do Caribe em Ciências da Saúde). O desafio maior tem sido o de como criar um trabalho que contribua efetivamente para a prevenção desse agravo. Nota-se que apesar dos esforços, o número de gestações precoces tem-se mantido elevado. Embora com a modernidade e a divulgação de métodos previníveis, o índice de gravidez precoce, ainda é preocupante. Resta-nos uma grande dúvida: O que leva essas meninas engravidarem no momento em que seria decisivo para a sua evolução física, emocional e também profissional. Concorda-se que a gravidez na adolescência está intimamente relacionada a fatores como: nível socioeconômico,

escolaridade, educação familiar recebida, e a utilização incorreta de métodos contraceptivos.

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CARVALHO, Brenda Caroline Santos. Pregnancy in Adolescence: Determinants and preventive factors. 2018 23 sheets. Graduation in Nursing - Pitágoras São Luís 2018

ABSTRACT

Adolescence is a period characterized by the evolutionary process of the human being, in which numerous changes occur, psychological, emotional, social and biological. During this phase new desires, doubts, curiosities and discoveries arise. Among these conflicts are the discovery of one's body and sexual pleasure, which is mostly unprotected, resulting in risks for an unwanted pregnancy. For decades, teenage pregnancy has been studied for being considered a serious social problem and it has mobilized various levels like health education and society to create actions involving these young women. In order to reach the proposed objective, a

bibliographic review was carried out, whose methodological trajectory was based on the exploratory reading. Data collection involved research in the Virtual Health Library (VHL) and Scientific Library Online (Scielo) databases. LILACS (Latin American and Caribbean LITERATURE in Health Sciences). The biggest challenge has been how to create a work that effectively contributes to the prevention of this problem. It is noted that despite the efforts, the number of preterm pregnancies has remained high. Although with the modernity and the disclosure of preventable methods, the rate of early pregnancy, is still worrying. There remains a big question: What causes these girls to become pregnant when it would be decisive for their physical, emotional and also professional evolution. It is agreed that teenage pregnancy is closely related to factors such as: socioeconomic level, schooling, family education received, and incorrect use of contraceptive methods.

Keywords:Sexuality; Adolescence; Pregnancy; Determinant factors.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...10

2 IDENTIFICAR FATORES DETERMINANTES DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA...12

2.1 FATORES EMOCIONAIS DA GARVIDEZ PRECOCE...13

2.2 FATORES BIOLÓGICOS DA GARVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA...15

2.3 FATORES SOCIAIS...16

2.4 FATORES PSICOLÓGICOS...18

3 REALIZAR MEDIDAS EDUCATIVAS COMO FORMA DE PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ PRECOCE...20

3.1 A PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA...20

3.2 AÇÕES EDUCATIVAS DA ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA...26

4 INDENTIDICAR A GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA COMO PROBLEMA SOCIAL...29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERENCIAS...30

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1 INTRODUÇÃO

O relacionamento dos pais com o adolescente é bastante questionado quando o jovem faz associação entre valores, ideologia, estilo de vida, dentre outras. Geralmente, esses questionamentos geram intriga, ocasionando em tensão familiar. A sexualidade, por exemplo, em muitas famílias continua sendo um grande tabu. Entretanto, apesar da quantidade de informações sobre sexualidade e métodos anticoncepcionais, as adolescentes engravidam de forma inconsequente, gerando efeitos sociais, psíquicos e econômicos.

Este estudo baseia-se na busca de entender os reais motivos que levam as adolescentes a engravidar, e compreender porque a prevalência continua crescendo apesar de tantas informações sobre métodos anticonceptivos.

É natural, no grupo de amigos, surgir namoros e experimentos sexuais, onde os sentimentos surgem com intensidade e a busca pelo novo torna-se atraente, com informações erradas e incompletas. Desse modo, a família deve ser participativa e ser essencial na vida de seus filhos através de diálogo e confiabilidade.

A adolescência é um período de transição entre a infância e a vida adulta, é uma fase em que ocorrem grandes mudanças e transformações psicológicas e fisiológicas. Gerando vários conflitos em sua personalidade, entre elas, o despertar para a sexualidade, fase esta que se exige maior atenção por parte da família, educadores e profissionais da saúde, pois é nessa fase que eles estão mais suscetíveis a riscos, como a gestação precoce.

A adolescência é a fase do desenvolvimento compreendida entre 10 e 19 anos, essencial para que o ser humano atinja sua maturidade biopsicossocial. Nela há também a descoberta da sexualidade, de novas sensações corporais e a busca do relacionamento interpessoal entre os jovens, fase também denominada de Estagio Genital segundo Freud. Assim, neste quadro de novas e surpreendentes necessidades se dão os primeiros contatos sexuais, e, com isso, muitas vezes, acontece uma gravidez não planejada.

O aumento da gravidez nessa fase da vida configura-se como um problema de saúde pública no Brasil, uma vez que neste momento os jovens deveriam estar se preparando para a idade adulta, especialmente em relação aos estudos e melhor ingresso no mercado de trabalho.

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O trabalho em questão fala sobre a gravidez na adolescência, fato esse de grande incidência vivenciada durante as atividades desenvolvida no nosso trabalho como Agente Comunitário de Saúde. Convivemos com um número elevado de adolescentes que engravidaram e também pela reincidência das mesmas em outra gestação. O trabalho tem como objetivo a discussão das situações que leva uma adolescente engravidar nessa fase da vida e propor ações educativas com essa população citada no trabalho.

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2 IDENTIFICAR FATORES DETERMINANTES DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

2.1 Fatores emocionais da gravidez precoce:

A gravidez é uma experiência transformadora na vida da adolescente, pois, provoca sentimentos de incerteza e insegurança diante da nova realidade em que está vivendo, terá agora que se reorganizar, é preciso deixar de ser filha para se dedicar à maternidade A adolescente que engravida, além de exercer o papel de filha, passa a exercer o papel de mãe, e ressignifica, nesse processo, a sua relação com a própria mãe (Andrade, Ribeiro, & Silva, 2006; Daadorian, 2003). “A família também passa a ter expectativas em relação ao seu desempenho como mãe e em relação ao seu futuro. Independente de ter ou não desejado ser mãe, o papel materno se impõe para a adolescente e passa a assumir um espaço significativo na sua vida” (Falcão & Salomão, 2005; Silva & Salomão, 2003).

Tendo essa nova identidade a menina se sente com responsabilidade de enfrentar a sociedade e provar que é capaz de desenvolver o seu papel como mãe, mesmo que seja ainda muito jovem. De acordo com Organização Mundial de Saúde “World Health Organization” (WHO) 2004.

A gravidez na adolescência é uma “questão mundial”. Cerca de 16 milhões de mulheres de 15 a 19 anos engravidam a cada ano.

Dessas gravidezes 95% ocorrem em países de baixo ou médio desenvolvimento. A proporção de nascimentos de crianças de mães

adolescentes segundo áreas no mundo é: 2% na China 18% na América Latina e Caribe e mais de 50% África Sub- Saariana. Metades dos partos em adolescentes no mundo ocorrem em sete países: Bangladesh, Brasil, República Dominicana do Congo, Etiópia

Índia Nigéria Estados Unidos.

Nos países desenvolvidos a ocorrência desse tipo de gravidez é menor, no Japão ocorrem apenas quatro partos entre 1000 a dolescentes/ano, na Holanda oito, no Canadá 24, mas No Estado

Unidos Ocorrem 60 partos em 1000 adolescentes/ano. A designação de que uma adolescente grávida configura-se em um “problema”, é algo que pode causar constrangimentos e bloqueios nesta jovem, acarretando em baixa autoestima e isolamento por vergonha de estar grávida. Sabe-se que é difícil de imediato para a família aceitá-la, mas se houver acolhimento, respeito e colaboração no ambiente familiar, esta gravidez tem maior chance de ser levada até o final, sem maiores transtornos. Porém, sendo contrário, relacionamento gestante e família, ela poderá sentir-se imensamente solitária nesta experiência difícil e desconhecida e ainda tem se o risco de submeter-se a qualquer atitude em que acredita resolver o seu “problema”, como por exemplo, tentar o aborto.

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13 2.2 Fatores biológicos da gravidez na adolescência:

Um dos motivos da gravidez na adolescência estar ocorrendo de maneira desenfreada é que as meninas têm entrado cada vez mais cedo na menarca (primeira menstruação). Esse início precoce da fertilidade traz inúmeras transformações corporais e o despertar para os desejos sexuais começa a se aflorar rapidamente ficando quando engravidam precocemente estas jovens precisam enfrentar tanto os processos de transformação comuns na adolescência como também os da gestação, trazendo uma sobrecarga de esforços físicos e psicológicos que são muito grandes para que ela possa suportar sozinha, sendo suportável se essa jovem tivesse um desejo claro de se tornar mãe. Mas geralmente não é essa a realidade, se vendo grávida fica angustiada, constatando que lhe aconteceu algo imprevisto na qual não desejava. Este fato exige cuidados apropriados tanto de profissionais da saúde, quanto da família, mas nem sempre é possível contar com ambos.

Muitas vezes essa jovem tem dificuldades em contar para sua família que esta gravida, com medo de constatar esse fato, inicia tardiamente o pré natal possibilitando a ocorrência de complicações em sua gestação.

Para (YAZLLE; FRANCO; MICHELAZZO, 2009)

A gravidez nessa fase da vida tem sido considerada como fator de risco, do ponto de vista médico tanto para a mãe como para o filho psicológicos e sociais. Vários estudos fazem referências a maior incidência de complicações durante a gestação de adolescentes, tais como

abortamento espontâneo, restrição de crescimento intrauterino, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, parto prematuro, sofrimento fetal intraparto e parto por cesárea. Por ocasião do parto normal, tem sido referida maior incidência de lesões vaginais e perineais. São citados, ainda, maior frequência de deiscência de sutura e dificuldade de amamentação Em relação às repercussões psicológicas, tem sido relatado aumento do número de casos de depressão pós- parto. Dentre as complicações referentes ao recém-nascido, observam-se maus tratos e descuidos, o que pode se estender à criança com mais idade. Na infância, principalmente no primeiro ano de vida, tem sido referida maior incidência de desnutrição e acidentes domiciliares.

MACHADO et al, (2007), relata que “dentre os fatores de riscos biológicos para a gravidez na adolescência destaca-se o baixo peso ao nascer, a prematuridade, a não adesão ao aleitamento materno e o abortamento Além disso, a reincidência da gravidez é prevalente quando ações de educação em saúde são ausentes durante o pré-natal quanto ao que diz respeito aos métodos contraceptivos”.

Para SOUZA e GOMES, (2009), “A idade da mãe ao ter o filho constitui importante fator relacionado ao óbito infantil, sobretudo quando há precocidade. Existem

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evidências de bipolarização das chances de ocorrência do óbito para filhos de mães muito jovens (menos de 20 anos), em função de uma série de fatores comportamentais, socioeconômicos e biológicos”. Oliveira, & Freitas, et al ((2009) afirmam que:

Há evidências de que gestantes adolescentes podem sofrer mais intercorrências médicas durante gravidez e mesmo após esse evento que gestantes de outras faixas etárias. Algumas complicações como tentativas de abortamento, anemia, desnutrição, sobrepeso, hipertensão, (pré) eclampsia, desproporção céfalo-pélvica, hipertensão e depressão pós-parto estão associadas à experiência de gravidez na adolescência. 2.3 Fatores sociais:

Mães adolescentes e seus filhos representam uma população de riscos, não só ao que ocorre pela imaturidade biológica, mas também ao que se refere à situação socioeconômica, uma vez que este último possui grande impacto no desenvolvimento cognitivo e de saúde dos filhos.

MACHADO, et al, (2007), relata que o “abandono escolar, menor acesso ao mercado de trabalho, bem como atividade de lazer diminuída” são consequências da gravidez ainda na adolescência

. É real que a pouca escolaridade aliada à pobreza e a falta de orientação familiar quanto aos métodos contraceptivos, associadas à baixa qualidade nessas informações, levam essas jovens muitas vezes a iniciar sua vida sexual, totalmente despreparada e consequentemente engravidam sem maturidade para assumir as novas responsabilidades. Nota-se outra realidade entre as camadas economicamente mais favorecidas e mais instruídas da população, que em sua maioria, considera a adolescência um período da vida no qual os jovens devem, ter um maior comprometimento com os estudos e seu futuro profissional e na medida do possível, explorar tais possibilidades antes de tomar decisões como casar e ter filhos. Este fato não indica que estas jovens não tenham uma vida sexual, mas que elas buscam métodos contraceptivos para evitar a gravidez.

A família tem relação direta com o início da atividade sexual. Sendo assim, adolescentes que tem relações precoces ou engravidam nessa fase, provavelmente vem de famílias cujas mães também tiveram iniciado sua vida sexual muito cedo ou engravidaram na mesma fase. Desse modo, quanto mais jovens e imaturos os pais, maiores as chances de desorganização e desajuste familiar.

A maternidade na adolescência é considerada, desde o final da década de 40, um problema de saúde pública, fenômeno esse que se intensificou a partir da década de 60, tornando-se um marco histórico de mudanças socioculturais na vida das mulheres. Dentre as conquistas femininas desse período, a dissociação entre prática sexual, casamento e reprodução a partir da acessibilidade que as mulheres tiveram em relação aos métodos contraceptivos pode ser considerada um marco muito importante na construção e sua autonomia e no processo da liberdade reprodutiva.

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Mas, tais mudanças não foram acompanhadas por políticas públicas educacionais e de saúde direcionadas às necessidades vivenciadas pelo contexto sexual, o que colaborou para o aumento da gravidez na adolescência. Sem conhecimento do próprio corpo e de como lidar com suas necessidades e desejos, sem informação adequada e com dificuldade de acesso aos contraceptivos, adolescentes passaram a utilizar anticoncepcionais de modo irregular e, muitas vezes, sem acompanhamento pelo serviço de saúde.

Na literatura científica, foi constatada uma diversidade de motivações para a gravidez na adolescência, que pode simplesmente emergir da vontade que a adolescente tem de idealizar de ter um filho nessa fase da vida, o desejo de prender o namorado, ou para poder sair da escola ou da casa dos pais. Outras, para dar mais sentido a sua vida vazia, ou mesmo por causa do desejo de querer sentir-se mais mulher. A gestação na adolescência nem sempre é um fato equivocado, inconsequente ou danoso; inclusive, em alguns casos, pode ser resultado de um planejamento prévio consciente e decorrente da vida afetiva estável.

Estudos mostram que a maternidade na adolescência está associada à baixa renda, mas apesar de a gravidez nesta fase ocorrer com maior frequência nos grupos mais empobrecidos, não se pode negar que o fenômeno acontece em todos os estratos populacionais, porém suas consequências podem ser mais negativas para adolescentes cuja inserção social restringe o acesso a bens materiais e imateriais. Para Yazlle e cols. (2002) e Kassar e cols. (2006), “a ocorrência de problemas de saúde tanto na adolescente quanto em sua criança pode estar mais relacionada ao estado de pobreza do que à idade da jovem propriamente”. Esses autores observam que uma boa parte desta população encontra-se em condição socioeconomicamente precária, estando também suscetível a ausência de condições de higiene adequada, alimentação, habitação e saúde.

É um problema da sociedade moderna a gravidez indesejada na adolescência, que ocorre de forma desestruturada. As nossas avós casavamse bem novas, mas tinham um lar e proventos necessários para criar seus filhos. “Os filhos eram recebidos com satisfação, porque a mulher era preparada desde o nascimento para casar e procriar. A adolescência da sociedade moderna tem outros sonhos e necessidades” (MAGALHÃES et al., 2008)

2.4 Fatores psicológicos:

A sexualidade se torna algo muito importante para os adolescentes, ou seja, a formação como ser humano e o despertar da sexualidade. Mas em muitas vezes essas relações não são protegidas, a falta de perspectiva para o futuro, o desconhecimento de métodos contraceptivos e o não uso dos mesmos, contribuem para a gravidez precoce. Esses jovens apenas relacionam o ato sexual como algo prazeroso, deixando de lado aspectos emocionais, a responsabilidade, o planejamento e a proteção pela sua saúde.

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A gravidez na adolescência, por muitas vezes, ocorre de maneira indesejada, inesperada, levando a jovem a mudar completamente seu modo de viver e de estar na sociedade. Os hormônios nesta fase estão em plena erupção e são normais os desejos e impulsos sexuais e o início da atividade sexual, porem o que preocupa é a falta de preparo destas jovens para uma gravidez precoce e também para doenças sexualmente transmissíveis.

Reis e Ribeiro (2010, p.2), afirmam que “hoje, os meninos e meninas entram na adolescência cada vez mais cedo”.

Afirmam ainda que:

Ao adquirir personalidade própria, o jovem geralmente se distancia da família, procurando maior autonomia. Com isso, a sua vida social se modifica: passa a preferir a companhia de outro adolescente, recusando a dos pais e irmãos. Os amigos de mesma idade passam a ser as pessoas mais importantes. Começa a vestir-se de acordo com o figurino do grupo, a falar a sua linguagem, a frequentar lugares diferentes, a chegar mais tarde em casa. Ao engravidar, a jovem tem de enfrentar, paralelamente, tanto os processos de transformação da adolescência com os da gestação. Isto, nesta fase, representa uma sobrecarga de esforços físicos e psicológicos tão grandes que para ser bem suportada necessitaria apoiar-se num claro desejo de tornar-se mãe. Porem, geralmente não é o que acontece: as jovens se assustam e angustiam-se ao constatar que lhes aconteceu algo imprevisto e indesejado. Só este fato torna necessário que seja alvo de cuidados materiais e médicos apropriados, de solidariedade humana e amparo afetivo especial. A questão e que, na maioria dos casos, essas condições também não existem.

Alguns jovens creem que ao assumir tal responsabilidade terá maior prestígio perante a sociedade passando a ocupar papel de destaque e até mesmo considerando-se um adulto com capacidade para assumir grandes desafios. Para essas jovens a gravidez parece ser vantajosa e também prazerosa, visto que a mesma acha que terá maior independência, não levando em conta as privações que tal ato lhe trará, mas ao mesmo tempo, enfrentam críticas, descaso e preconceitos pela sociedade em que vive. Desta forma acredita-se que a maternidade na adolescência é compreendida pelos jovens como uma alternativa para se lidar com frustrações e uma série de conflitos presentes em seu cotidiano, tendo essa carência afetiva que muitas vezes está associada às limitações das perspectivas futuras para seu projeto de vida, tornando assim um fator determinante para que ocorra a gravidez, principalmente em classes mais empobrecidas e desprivilegiadas da sociedade.

Outro problema relacionado à gestação na adolescência é a imaturidade psíquica dos jovens pais, que se mostram pouco preocupados com o desenvolvimento do bebê e com a educação da criança. Tal imaturidade pode aumentar as chances da criança contrair doenças infecto- contagiosas e sofrer acidentes. Notam-se algumas particularidades no relacionamento da mãe adolescente com seu filho. “Há uma menor percepção das necessidades do bebê, são oferecidas menos atividades de

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estimulação para a criança, há pouca comunicação entre mãe e filho e há certa indiferença em relação aos pedidos da criança” (SANTOS et al., 2010).

OLIVEIRA et al., (2010), relata que, “Há maior probabilidade de morte durante o primeiro ano de vida, comparado aos de mães com 20 anos e mais de idade”

3 REALIZAR MEDIDAS EDUCATIVAS COMO FORMA DE PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ PRECOCE

3.1 A PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

Devido às repercussões que a gravidez na adolescência representa, tanto à mãe quanto ao concepto, deve ser estudada de maneira mais abrangente, de tal forma a não somente saber-se dar a assistência necessária à jovem grávida, mas também diminuir o índice de gravidez indesejada na adolescência por meio de ações educativas e preventivas.

Acredita-se que a ausência de uma educação sexual mais efetiva, bem como a falta de acesso a informações e programas de saúde relativos à vida sexual e reprodutiva, principalmente destinados a adolescentes, são fatores determinantes para que aconteça a gravidez indesejada.

A prevenção deve ser entendida como uma reação em cadeia, com ações protetoras em cada etapa de crescimento e desenvolvimento do ser humano, para evitar danos em etapas posteriores da vida.

Na adolescência, os aspectos biopsicossociais estão intimamente ligados, de forma que a maturação sexual e o despertar da sexualidade podem gerar grande ansiedade. O conhecimento a respeito das modificações que ocorrem podem atuar como um fator protetor tanto em nível biológico como emocional (MONTEIRO; TRAJANO; BASTOS, 2009). De acordo com Monteiro et al (2009), a ação preventiva da gravidez na adolescência faz-se por meio da educação sexual, do adiamento do início da atividade sexual e da contracepção. Esta, idealmente, deveria começar antes da primeira

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gestação. Caso contrário, deve-se tentar evitar a reincidência da gravidez durante a adolescência.

De um jeito ou de outro, antes ou depois da primeira gravidez, faz-se mister planejar cada atividade para evitar dispersão de recursos e tempo e, principalmente para se obter sucesso nas atividades.

A educação sexual deve ser a primeira a ser examinada, por uma questão cronológica. A adolescente precoce (menor de 16 anos) ainda apresenta, até o momento, baixa prevalência de gravidez na adolescência em comparação com a faixa de 16-19 anos. Este é o momento último para a educação, uma vez que a maioria já iniciou sua atividade sexual e a exerce sem contracepção em mais de 80% dos casos (MONTEIRO et al, 2009).

Para esses autores, o ideal seria que a educação sexual começasse com a instalação da menarca (média de 12,2 anos), informando à adolescente das transformações pelas quais seu corpo está passando, o que serviria de apoio psicológico para as dúvidas e angústias que acompanham a entrada neste período de transação. Pensa-se que a educação sexual nesse período é oportuna, ainda, para tentar retardar o início da atividade sexual, que na maioria das adolescentes ocorre apenas 2 anos após a menarca (por volta dos 14,5 anos), protelando a gravidez na adolescência, que ocorre em quase 70% dos casos no primeiro ano de atividade sexual, por falta de contracepção.

É importante uma atitude franca diante da atividade sexual do adolescente, reconhecendo-a. Ignorá-la é dificultar as ações necessárias para prevenção da gravidez na adolescência.

Deve-se oferecer a contracepção, hoje tecnicamente adequada, para a adolescente. A crítica ao uso de pílula anticoncepcional pela adolescente não procede. Note-se que, apesar de ser o método mais eficaz, não é obrigatória como forma de contracepção. Outros métodos, ainda que menos eficazes, podem e devem ser incluídos (métodos naturais, embora com falhas; preservativo, diafragma) (PAIVA; CALDAS; CUNHA, 2009).

Observe-se que a pílula, embora seja o método mais eficaz quanto à contracepção, não oferece proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis (DST?s). Assim,

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deve-se orientar para o uso simultâneo de pílula e preservativo quando houver maior risco de DST?s.

O grande objetivo da contracepção deve ser a prevenção da primeira gravidez. Infelizmente, por razões diversas, a contracepção só é valorizada após a ocorrência da gravidez. Entre as razões da falha, Alguns dos aspectos citados ficam bem mais demonstrados por Paiva, Caldas e Cunha (2009), quando concluem que há contradição entre a grande importância teórica atribuída à saúde pelos adolescentes, que, entretanto, expõem-se a fatores de risco, como etilismo, tabagismo e ignorância do período fértil da adolescente. Lamentam a ineficácia dos sistemas de atenção primária e educação na prevenção de importantes fatores de risco para a saúde do adolescente. Dentre os profissionais que podem contribuir para a educação na prevenção da gravidez na adolescência e fatores de risco para a saúde da mulher, está o enfermeiro, cuja principal função é o cuidado humanizado de seus clientes.

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3.2 AÇÕES EDUCATIVAS DA ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

A gravidez na adolescência tem sido considerada por alguns autores como um dos maiores problemas da Saúde Pública, devido ao alto índice de gestações nesta faixa etária.

Estatísticas mostram que a incidência de gravidez na adolescência aumentou progressivamente nos últimos anos. Os índices de atendimento do SUS apresentam o crescimento do número de internações para atendimento obstétrico nas faixas etárias de 10 a 14; 15 a 19; e 20 a 24 anos. As internações por gravidez, parto e puerpério correspondem a 37% do total de internações entre mulheres de 10 a 19 anos nos hospitais públicos ou conveniados pelo SUS (BRASIL, 2005). Esse fato foi atribuído principalmente à elevação da taxa de fecundidade entre os jovens de 15 a 19 anos, e ainda pelo início precoce da atividade sexual das jovens, geralmente explicado pela difusão de valores culturais que favorecem a atividade sexual nessa idade (SOUZA apud PELOSSO, CARVALHO E VALSECCHI, 2002). Esses dados revelam que a saúde dos adolescentes brasileiros merece a atenção dos profissionais de saúde, no que diz respeito à proteção, prevenção e recuperação, sendo necessário o estabelecimento de estratégias que atenda a essa população de forma mais personalizada, humana e qualificada.

De acordo com Monteiro et al (2009), "os profissionais da saúde desempenham um papel de fundamental importância no cuidado e na educação de jovens e adolescentes. Médicos e enfermeiros, além de cuidadores, são formadores de opinião”. O enfermeiro é talvez, de acordo com esse autor, o profissional da saúde mais importante no controle e prevenção da gravidez na adolescência, pois é ele que passa mais tempo com a comunidade. Ele deve proporcionar meios que viabilizem o contato com as escolas, igrejas e grupos sociais, a fim de alcançar eficientemente esses jovens. Desta forma, não somente a questão da gravidez na adolescência será amenizada, mas também problemas como doenças sexualmente transmissíveis e aborto.

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Para tanto, os profissionais de enfermagem precisam conhecer a adolescência não só sob os aspectos físicos e emocionais, mas também sob o aspecto sócio-político para poderem exercer em plenitude a sua função.

Dentro desta perspectiva, em 1989, o Ministério da Saúde, criou o Programa Saúde do Adolescente (PROSAD), que tem por finalidade assistir o adolescente de maneira integral, com participação de outros setores, objetivando promover a saúde e a prevenção de agravos em que este grupo está sujeito, de forma holística, multissetorial e interdisciplinar. Neste programa, o enfermeiro é um dos principais responsáveis pela educação e prevenção de problemas relacionados à prática sexual, como gravidez na adolescência e doenças sexualmente transmissíveis (SATELES, 2009).

A prevenção se faz, de acordo com essa autora, com garantias sociais no atendimento integral, multiprofissional e intersetorial; no acesso a uma educação que compreenda os aspectos da adolescência normal, seus riscos e seus desafios; na criação de espaços onde a adolescente possa falar de suas dúvidas, de seus problemas, de seus sonhos; no incentivo do amor pelo conhecimento e pelos livros, num resgate das raízes da nossa identidade e da nossa tradição.

A prevenção também se faz através de garantias de acesso à cultura e esportes, como uma forma de incentivar um potencial criador; de garantias no processo de formação profissional de acordo com a vocação; de garantias de direitos iguais entre os homens e as mulheres; de garantias de falar, ouvir e ser compreendido; de garantias de conviver com estilos de vida saudáveis que levem a adolescente a ser um agente multiplicador de sua saúde, da saúde de seus companheiros e da comunidade em que vive (PAIVA; CALDAS; CUNHA, 2009).

Para Hoffmann e Zampieri (2009), as práticas educativas, ao trabalharem questões do cotidiano do adolescente, parecem ser um dos caminhos para o atendimento das necessidades desse grupo, a fim de fortalecer suas capacidades, auxiliando-o a decidir sobre sua vida, sobretudo a reprodutiva:

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Chamam a atenção alguns fatores que reforçam a necessidade de estudos mais aprofundados e práticas envolvendo os adolescentes, entre eles: a iniciação sexual precoce; os tabus relativos à sexualidade; o desconhecimento e a desinformação sobre o corpo referente à anatomia e à fisiologia dos órgãos reprodutores; a desigualdade de gêneros no que se refere à sexualidade; a desvinculação da prática sexual da possibilidade de gravidez; a alta incidência de doenças sexualmente transmissíveis; o desconhecimento dos métodos contraceptivos; e os altos índices de morbidade e mortalidade decorrentes das complicações com o parto puerpério e abortos nessa faixa etária (HOFFMAN E ZAMPIERI, 2009)

Neste sentido, Sateles (2009) esclarece que diversas são as atividades desenvolvidas pelo Enfermeiro, dentre as quais destacam-se àquelas voltadas para a prevenção da gravidez e das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) na adolescência, tendo em vista que os adolescentes representam um grupo de vulnerabilidade por ser uma fase de transformações que exigem um acompanhamento, orientação e educação sobre a sexualidade.

Corrêa (2010), ao abordar sobre o compromisso da enfermagem com o adolescente, especialmente no que diz respeito a ações educativas e preventivas, destaca que somente a partir da década de 1970, surgem às primeiras ações planejadas a adolescentes, no Brasil, constituindo-se ações planejadas do trabalho de Enfermagem. Desde então, a enfermagem vem atuando neste campo, através de práticas assistenciais, com outros profissionais da saúde e educação, acompanhando o crescimento e desenvolvimento, no controle de DST/ AIDS, prevenindo a gravidez indesejada, e diversas necessidades de saúde grupais, na atenção materno-infantil1994).

Kobayashi (2006 apud SATELES, 2009) acrescenta que, com relação aos adolescentes, é necessário se criar estratégias de prevenção de agravos direcionados a esse grupo, considerando as peculiaridades e as vulnerabilidades dessa faixa etária, que compreende dos 10-19 anos, sendo que não é possível delimitar exatamente o início e o fim dessa fase.

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O principal propósito de se trabalhar com grupos de adolescentes é ampliar o acesso e aumentar a adesão aos serviços de saúde, visando atender às especificidades dessa faixa etária, com a atenção especialmente voltada aos aspectos preventivos. Quando o adolescente procura a unidade de saúde, a grande maioria se sente envergonhado, com medo de ser repreendido ou intimidado pela figura profissional, fazendo da atitude de procurar a unidade de saúde um ato difícil e que necessita de certa coragem. Por esse motivo, é importante que o adolescente sinta-se confortável, ajudado e respeitado para que possa confiar seus medos e dúvidas. A adolescência é a etapa da vida marcada por complexo processo de desenvolvimento biológico, psíquico e social, como discutido nos capítulos anteriores. É principalmente nesta fase que as influências contextuais, externas à família, tomam maior magnitude, pois vão implicar na tomada de decisões, de condutas e contribuir para a definição de estilos de vida. Neste período, o jovem se "arrisca", oscilando entre as situações de risco "calculado", decorrentes de ação pensada, e as de risco "insensato", nas quais, expondo-se gratuitamente, pode comprometer sua vida de forma irreversível. Assim, com a expressão mais efetiva dos impulsos sexuais em função da maturação reprodutiva, a gravidez precoce e as DST são problemas cada vez mais relevantes nesta população (FAÇANHA; MENEZES; FONTENELE, et al., 2004).

Para Vilela (2004) não há dúvidas que o papel da atenção primária de saúde está em diagnosticar e promover medidas educativas que possam favorecer as expectativas dessas adolescentes, pois apesar de a sociedade ter criado tantas formas de meios de informação sobre doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce, é elevado o número de adolescentes que engravidam. A maioria dos pais prefere tratar sobre a sexualidade como foram educados, com repressão e silêncio. Acreditam que se falarem abertamente sobre o assunto, pode despertar o adolescente precocemente para a vida sexual.

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24 4 INDENTIDICAR A GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA COMO PROBLEMA SOCIAL.

Considera-se a gravidez na adolescência, um problema de saúde pública de ordem crescente no Brasil e no mundo. Quanto mais precoce for a gravidez nessa fase, mais prejudicado se tornará o futuro tanto para ela quanto para o bebê, diminuindo ou até mesmo eliminando por completo qualquer perspectiva de vida para mães e filhos, pois, na maioria das vezes está jovem terá que abandonar os estudos que até então seria sua única prioridade para o momento, e quando se dá o retorno aos estudos, ele pode ser em menores proporções, tornando-se difícil sua profissionalização e o ingresso no grupo de população economicamente ativa, torna-se preocupante devido às repercussões psicossociais acarretadas pela gestação precoce.

Agravando as condições de vida dessas pessoas já em situações economicamente desfavoráveis e assim perpetuando ainda mais a pobreza, exclusão social. Essa mãe na maioria dos casos terá de assumir a responsabilidade materna sozinha sem a companhia do pai da criança, que muitas vezes a abandona, não tem recursos e nem mesmo se preocupa em dar atenção necessária para esse fim.

Isso se dará a partir da construção do perfil socioeconômico dessas adolescentes, o que possibilitará a compreensão de que forma as expressões da questão social se apresentam na vida dessas adolescentes e suas famílias. Além disso, se dispõe a expor a gravidez na adolescência a partir do olhar das adolescentes, e trazer a discussão do assistente social como defensor dos direitos humanos da criança e do adolescente.

O significado da gravidez varia muito de acordo com o contexto social em que a adolescente está inserida. Nas classes socioeconômicas mais baixa renda observa- se que o desejo de se ter filhos aparece mais precocemente, assim como há uma valorização maior de gravidez. As perspectivas restritas de estudos e carreiras promissoras no mercado de trabalho fazem com que essas adolescentes encontre na gravidez e no papel social de ser mãe um objetivo para suas vidas. Há uma idealização

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que uma criança possa trazer um conforto, companhia e apoio de seu parceiro amado (ROCHA; MINERVINO, 2008)

A partir dessa única ótica, a gravidez na adolescência se apresenta como solução então necessária um problema social para essas jovens. Deve se lembrar que essa jovem mãe tem mais risco de abandonar a escola e deve ter mais dificuldade para se inserir no mercado de trabalho após seu parto. Seu companheiro, muitas vezes adolescentes também, pode não ter condições para assumir financeiramente essa criança. (HOGA, 2008.)

(ROCHA; MINERVINO, 2008) afirma que quando chega pela puberdade, ali pelos seus 12 a 13 anos, meninos e meninas estão preparados biologicamente para serem pais e mães, entretanto não se está ainda nem preparado nem psicológica e nem social para arcar com a responsabilidade de uma nova família.

Socialmente a gravidez perfeita é vista como um processo no qual há participação efetivais de duas pessoas um, futuro pai e uma futura mãe. As adolescentes gravidas optam, ou não podem contar com a participação do parceiro, pode sofrer, em algumas realidades, discriminação. O próprio termo de mãe solteira da forma como é usado, muitas vezes tem uma conotação pejorativa ( DUARTE)

Para (MOURA, 2010), a gestação adolescente vê-se na contingência de expor a sua gestação ao juízo crítico da comunidade que pertence. A identificação com postura da religião adotada se relacionar com o comportamento sexual. Alguns trabalhos mostra que a religião tem participação importante como preditora e atitudes sexuais. A adolescente que tem atividade religiosa apresentam um sistema de valores que os encorajam a desenvolverem comportamento sexual responsável. No nosso meio, nos últimos anos as novas religiões evangélicas tem florescido, e são modo geral, bastante rígida no que diz pratica sexual pré-marital. Alguns profissionais de saúde tem a impressão de que as adolescentes que frequentam essas as igrejas iniciam a pratica sexual mais tardiamente, porém, não há pesquisas comprovando essas impressões.

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Para Netto (2001), a expressão questão social surgiu para dar conta do fenômeno mais evidente da história da Europa Ocidental, que experimentava impactos da onda industrializante que se iniciou na Inglaterra no ultimo quartel do século XVIII: trata-se do fenômeno do pauperismo. Com a propagação do modo de produção capitalista, a pauperização foi à primeira consequência que foi sentida pela grande massa da classe trabalhadora, se espalhando por toda sociedade. Nesse sentido, à medida que o contexto de industrialização trazia avanços tecnológicos e riquezas, estas eram centralizadas nas mãos de apenas um aparcela da população, a classe burguesa. O que gerou desigualdades sem procedentes na sociedade.

Pela primeira vez na história registrada, a pobreza crescia na razão direta em que aumentava a capacidade social de produzir riquezas. Tanto mais a sociedade se revelava capaz de progressivamente produzir mais bens e serviços, tanto mais aumentava o contingente de seus membros que, além de não ter acesso efetivo a tais bens e serviços, viam-se despossuídos das condições materiais de vida que dispunham anteriormente. (NETTO, p.42, 2011)

Para Netto (2011), nas sociedades anteriores a ordem burguesa, as desigualdades, as privações, etc, decorrem de uma escassez que o baixo nível de desenvolvimento das forças produtivas não poderiam suprir. Na ordem burguesa constituída, decorre de uma escassez que resulta necessariamente da contradição entre as forças produtivas e as ralações de produção. A resposta da classe trabalhadora a pauperização acentuada em que estavam vivendo foi à organização e o protesto, o que para o autor se configurou como um ameaça as instituições sociais existentes, fazendo com que a burguesia intervisse de alguma forma em tal realidade. Tal intervenção partiu de um viés conservado, partindo de uma reforma moral dos homens, ou seja, as expressões da questão social que atingiam a classe trabalhadora eram vistas como um problema individual dos sujeitos. Vale ressaltar que, para Netto (2011), o enfrentamento de suas manifestações deveria preservar antes de tudo a propriedade privada dos meios de produção. Ou seja, se deveriam enfrentar as expressões da questão social sem modificar os princípios burgueses.

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A questão social tem a ver com a emergência da classe operária e seu ingresso no cenário político, por meio de lutas desencadeadas em prol dos direitos inerentes ao trabalho, exigindo seu reconhecimento como classe pelo bloco do poder, e, em especial pelo Estado.

Nesse sentido, a questão social é historicamente determinada pela relação capital x trabalho, relação essa que é baseada na exploração e desigualdade entre as classes sociais fundantes da sociedade capitalista: burguesia e proletariado.

No âmbito do Brasil, a questão social e suas manifestações se darão de forma particular, tendo em vista o processo de constituição do modo de produção capitalista no país, em comparação a sua consolidação e um contexto mundial.

Para Santos (2012), os elementos da formação social brasileira remetem a construção ideopolítica e cultural de suas classes sociais, bem como o sistema político nacional. Essas são características que particularizam a inserção periférica e tardia do capitalismo brasileiro.

O processo de industrialização brasileiro acorreu nas décadas de 1940-1950. Vale lembrar que, nesse momento histórico da sociedade brasileira, predominavam relações sociais arcaicas. Para a autora, a “industrialização restringida” consolida as relações de trabalho da época sob bases corporativistas, e atrai uma parcela dos trabalhadores rurais para os centros urbanos.

Diante de tal realidade, o processo de organização da classe trabalhadora não possuía força. Segundo Santos (2012), o processo de organização dos trabalhadores brasileiros foi impactado pela longa tradição escravista do país, e pela ausência de antecedentes organizativos de homens livres. Nesse sentido, compreende-se que essas características sócio históricas representam a dificuldade de organização da classe trabalhadora.

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Perspectiva, para Iamamoto (2011), com a expansão do capitalismo monopolista se aprofunda as disparidades econômicas, sociais e regionais, na medida em que favorece a concentração social, regional e racial de renda, prestigio e poder.

Assim, o Nordeste vai sofrer os impactos dessa industrialização de forma negativa, pois de acordo com Santos (2012), se antes essa região protagonizou o desenvolvimento nacional, agora se torna mero coadjuvante, e o sudeste assume posição privilegiada, à medida que sua função agora é absorver a matéria-prima nordestina e processa-la em suas indústrias.

A região que, contraditoriamente, já ocupou a posição central na economia brasileira, ao final do período colonial havia perdido esse status para a região sudeste, que assumiu, desde então, a condição de vanguarda econômica, reproduzindo, internamente, a principal particularidade da formação social brasileira, a heteronomia. No caso regional, a relação centro periférica estabelece-se entre o Nordeste, subordinado e dependente, e o sudeste, industrializado e desenvolvido. (SANTOS, p. 258, 2012)

Ainda para a autora, a desigualdade social e a concentração de renda são características que exacerbam no Nordeste brasileiro, existindo para ela um acirramento alarmante das expressões da questão social nessa região.

Diante disso, a questão social para Iamamoto (2011), expressa, portanto, desigualdades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por disparidades nas relações de gênero, características étnicoraciais e formações regionais.

Assim, a questão social se expressará na vida dos sujeitos nas suas mais diversas formas. Quando são atingidos pela pobreza, exclusão social, a violência, o desemprego, a desigualdade social, entre tantas outras mazelas sociais inerentes ao modo de produção capitalista, que incide sobre a vida das classes subalternas.

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Diante do exposto, a gravidez na adolescência, quando ocorre no âmbito das classes mais empobrecidas, cujas condições socioeconômicas e ao acesso aos bens e consumos produzidos são precários, se caracteriza como uma das faces da expressão social, haja vista as violações de direitos a qual essa classe está submetida.

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5 CONSIDERAÇOES FINAIS

A realização deste trabalho ajudou a desmitificar a ideia de que gravidez na adolescência trouxe experiências negativas ás jovens gravidas e suas famílias. A partir dessa revisão de literatura consegue se apontar os aspectos psicológicos positivos dessa vivencia, principalmente naquelas situações em que se encontra uma boa rede de apoio social. Apesar dos aspectos psicológicos positivo encontrado durante a gestação da adolescente essa gravidez gera um Ônus social que contribui para a perpetuação do ciclo de pobreza e baixo desenvolvimento humano nas populações onde ela prevalece.

Muitas meninas padecem por constrangimentos e duvidas tanto na hora da prevenção quanto a hora de procurar ajuda da família e da equipe de saúde, pois, a sexualidade é considerada como um grande tabu entre uma sociedade carregada de preconceitos que estão ligados às suas culturas e o silêncio muitas vezes é seu mecanismo de defesa.

Almeja-se ainda que que haja uma melhoria no planejamento familiar, no território de saúde da família, para que as adolescentes se conscientizem da importância de uma família bem estruturada, dos impactos causados por uma gravidez precoce, além do meios para preveni-la

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