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GRUPO DE FORMAÇÃO REFLEXIVA: Espaços de formação docente

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Academic year: 2021

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GRUPO DE FORMAÇÃO REFLEXIVA:

Espaços de formação docente

RODRIGUES, Rodrigo Ferreira rofero@msn.com Mestre em Educação: Currículo, PUC-SP Professor do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES

RESUMO

O presente artigo apresenta um relato de experiência da trajetória de um Grupo de

Formação Reflexiva quereuniu alunos do mestrado de pós-graduação da Pontifícia

Universidade Católica, do Programa de Educação: Currículoque interessados pela melhor e maior aproximação e apropriação de suas pesquisas e práticas pedagógicas,analisaram, buscaram ressignificar e propor novas modalidades de atuação, reflexãoe formação no âmbito pedagógico, intervindo nele como sujeitos e agentes de mudança. O objetivo central dessa experiência foi proporcionar um espaço de diálogo acerca da profissão docente que se configurou como espaço de formação docente, de modo que o educador aprimore suas práticas pedagógicas em sala de aula, contribua à emancipação de seus alunos e constituição de pensamento crítico, compartilhando saberes, experiências e incertezas. O grupo funcionou com reuniões periódicas de estudos, que propiciaram reflexões sobre a educação e o papel do professor como produtor de saberes e aprendente nessa prática social.Indicando o cotidiano do espaço escolar como espaço para interações e formação. Este grupo identificou-se com ideaisdialético-críticose o presente trabalho apresenta o relato de constituição do grupo e algumas reflexões que configuram a identidade dialógica, reflexiva, crítica dos integrantes e dos trabalhos desenvolvidos na práxis pedagógica, colocando a epistemologia, metodologia, rigor científico e sensibilidade como categorias freireanas norteadoras da prática desse espaço de reflexão. Impelidos por essa experiência o autor/sujeito deste relato implementa outra prática baseada nos princípios e metodologia do grupo de formação reflexiva em espaços institucionalizados que congregam pesquisadores-educadores, na atual instituição de exercício: Grupos de Pesquisa como espaços de formação docente.

PALAVRAS-CHAVE: Grupo de Formação – Práxis – Formação docente

1. Introdução

Em mundo dominado pelo fluxo da informação e por processos que ocorrem de maneira frenética, intensa, imperceptível e as transformações acontecendo, muitas vezes, de forma vertiginosa, autores como Sevcenko (2009, pg. 17), chamam-nos a atenção para o caráter dinâmico e plural do processo:

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vigente passa por saltos qualitativos em que a ampliação, a condensação e a miniaturização de seus potenciais reconfiguram completamente o universo de possibilidades e expectativas.

Cientes desse panorama, mudanças na forma de concepção da educação tem sido foco das reflexões por parte de pesquisadores-docentes, que tendemao aperfeiçoamento do processo pedagógico.

A escola, tradicionalmente reconhecida como a detentora do conhecimento, divide, atualmente, seu espaço com outros meios produtores de saberes,devendo dialogar com as outras fontes de informação, ferramentas e linguagens de comunicação, para que possa produzir conhecimentos significativos e condizentes com as demandas que emergem da sociedade.

O docente torna-se um importante agente de transformação, pois, em uma nova concepção de educação, seu papel passa a ser o de mediador do conhecimento e de facilitador da aprendizagem, de modo que outras possibilidades na formação do professor podem abarcar também espaços para reflexões sobre a educação em constante transformação.

Novas concepções de formação trazem, como um dos eixos principais, os grupos de formação, que não se constroem somente por meio da acumulação de saberes, mas, sobretudo, por meio de um trabalho eminentemente reflexivo, o qual amplia e favorece as discussões e as trocas tão importantes para a construção do conhecimento.

Em lugar de um conteúdo predeterminado, fechado, transmitido em um curso convencional, de forma passiva e memorizada, cria-se um espaço especial de construção do conhecimento em que a reflexão é a mola propulsora do trabalho [...]. O grupo de formação reflexiva está voltado para que seus professores componentes tornem-se sujeitos de sua própria prática pedagógica e de seu processo de conhecimento. Nesse contexto, ser sujeito significa ser capaz de refletir sobre sua prática e transformá-la- tornando-a mais significativa, mediante o diálogo - pela tomada de consciência da teoria que a embasa.(ABRAMOWICZ, 2001, pg. 138-139).

O professor como profissional (técnico) do fazer pedagógico deve ter clareza em seus referenciais, projeto e planejamento para realizar essa atividade tão sensível e delicada para o desenvolvimento dos educandos, considerando os aspectos conjuntos e dialógicos, o projeto pedagógico que, nesse sentido, será o norteador do seu trabalho docente, da proposta curricular que se faz presente neste e as convicções pessoais e coletivas quanto ao papel e função da educação escolar.

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demestrado do programa de Educação: Currículo da PUC-SP no segundo semestre de 2009, surgiu a oportunidade de – a partir das necessidades em comum de alguns alunos de dar continuidade a um processo de construção coletiva de saberes – organizar um grupo de estudos denominado “Grupo de Formação Reflexiva” e convidar a professora Dra. Mere Abramowicz para coordená-lo, a fim de proporcionar um espaço de discussão dialógica, dialética, colaborativa e reflexiva acerca da educação em horário alternativo às aulas e pesquisas.

Este grupo propôs a articulação e aproximação de pesquisa com o ensino de modo a proporcionar reflexão, colaboração, cooperação, disposição e interesse formativo sobre questões voltadas à prática educacional, à produção de conhecimento e a reflexão coletiva sobre a prática docente considerando a indagação, a busca, a pesquisa.

No meu entender, o que há de pesquisador no professor não é uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que se acrescente à de ensinar. Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro.(FREIRE, 2001, pg. 14).

A formação precisa estar orientada pelo princípio da ação – reflexão – ação a partir da própria prática onde se iniciauma análise crítica, buscam-se os referencias teóricos requeridos para basear e iluminar essas práticas. É a partir desse olhar e desse movimento que se refaza prática em vista da aprendizagem dos alunos, concretizando a práxis pedagógica.

É na troca que o saber se complementa, pois cada pensamento se conecta a outro e vão se formando novas ideias que levarão a novas buscas e consequentemente a novos saberes tecendo assim uma teia de conhecimento construída coletivamente.

2. Os passos de uma jornada reflexiva

Ao partilharem suas individualidades no projeto coletivo (incentivo à produção científica) os pesquisadores trouxeram unidade para essa diversidade de olhares, criando subsídios para melhor compreensão dos processos integrados de pesquisa e formação e proposição de modelos formativos à docência, pois, segundo Abramowicz (2003):

No coletivo se desenvolvem vínculos de confiança e solidariedade contribuindo para um clima de convívio rico e estimulador (...) ninguém se educa isoladamente – e aqui se destaca a importante dimensão do coletivo nos grupos de formação reflexiva.

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No protagonismo de cada pesquisador teceu-se a construção coletiva com reflexões e discussões sobre as leituras, os questionamentos, os debates e as indagaçõesrespeitando-se as especificidades de cada sujeito-aprendiz-pesquisador.

Assim, os integrantes do grupo levaram às suas respectivas áreas profissionais e às suas pesquisas específicas as propostas sugeridas nos encontros promovidos.

O grupo, denominado então “Grupo de Formação Reflexiva” teve em sua naturezaa dinâmica dialógica, dialética e reflexiva atrelado à possibilidade de discussão crítica e aprofundamento pessoal, profissional e acadêmico, cada um a seu modo, em seus diversos níveis, aspectos e atuação a possibilidade de comunicação e formação em uma relação de igualdade, respeito, humildade e rigor acadêmico/científico.

Apoiados numa metodologia participativa, o confronto de saberes e práticas favoreceu a instauração de um sistema de trocas por meio de pesquisas. O protagonismo de cada um que fortaleceu a construção coletiva. Aprenderam imersos em leituras, questionamentos, debates e indagações, nas quais se respeitouas especificidades de cada sujeito-aprendiz. Estar em formação, neste grupo, implicou uma disponibilidade pessoal que favoreceu a analise ressignificada e proposição de novas modalidades de atuação no âmbito pedagógico, intervindo nele como agente de mudança.

De acordo com Freire (2002), a concepção da relação pedagógica está baseada no diálogo, e a educação se estabelece por meio de uma interação significando que aquele que educa esta também aprendendo.

O diálogo consiste em uma relação horizontal e não vertical entre as pessoas implicadas, entre as pessoas em relação. No seu pensamento, a relação homem, mulher, mulher-mulher e homem-mundo são indissociáveis. Como ele – Freire - afirma: „ninguém educa ninguém. Ninguém se educa sozinho. Os homens se educam juntos, na transformação do mundo.(GADOTTI, 1996, pg. 84).

O interesse pela pesquisa, pela reflexão teórica e sua articulação com a prática nos espaços colaborativos de interação e convivência – além da prática observada, registrada e analisada em sala de aula, em paralelo com a teoria discutida – possibilitou retornar a ela com ações transformadas.

Encontrou-se, nesse espaço formativo, condições favoráveis ao desenvolvimento pessoal e acadêmico, numa relação de respeito e reflexão dialógica nas práticas pedagógicas individuais. Dessa forma, a matéria-prima do grupo foi a prática pedagógica e os debates.

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Como aponta Abramowicz (2007), este se propõe a ser mais do que um grupo de pesquisadores em torno de uma investigação, mas constrói sua identidade, principalmente, através do trabalho coletivo, do diálogo (permanente) e de uma atitude de interrogação diante da realidade educacional brasileirao que torna este grupo ainda mais rico e heterogêneo não só nos saberes, mas também nas múltiplas culturas que o compõem.

Nesse sentido os grupos de formação reflexiva apresentam-se como possibilidade viável para essa prática, uma vez que pautam seu trabalho pela noção de reflexão coletiva, tendo a prática e a realidade docente como ponto de partida e chegada para a formação docente, orientando-se pela proposta de diálogo freireana e pela concepção de professor como produtor de saberes.

Outra dinâmica passível de futuras pesquisas que se aproximam dessa prática são os grupos de pesquisa como espaços de formação, com a mesma perspectiva e fluidez dinâmica do grupo de formação e em espaços institucionalizados que congregam pesquisadores-educadores.

Nesse percurso, espaços e “novas” dinâmicas de formação re-descobrir que, conforme afirma Freire (2002), faz parte da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa, ou seja, “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino” (FREIRE, 2002, pg. 14).

3. Referências Bibliográficas

ABRAMOWICZ, Mere. A importância dos Grupos de Formação Reflexiva Docente

no interior dos Cursos Universitários. In: CASTANHO, Maria Eugênia. (Org.).

Temas e Textos em Metodologia do Ensino Superior. 1 a. ed. Campinas-SP: Papirus Editora, 2003, p. 137-142.

ABRAMOWICZ, Mere; STANO, Rita de Cássia Magalhães Trindade. A Trajetória

de um grupo de pesquisa no programa de Pós-graduação em Educação: Currículo.

Revista E-Curriculum, v. 2, n.3, junho de 2007. Disponível em: http://www.pucsp.br/ecurriculum/artigos_v_2_n_2_jun_2007/3Artigo_revisado_para_re vista_eletronica_PUC_mere.pdf. Acesso em: 25-03-2009.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática

educativa.São Paulo: Cortez, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

GADOTTI, Moacir. Paulo Freire: Uma biobibliografia. São Paulo: Cortez / Instituto Paulo Freire. 1996.

IMBERNÓN, F. Formação permanente do professorado: novas tendências. Tradução Sandra Trabucco Valenzuela. São Paulo: Cortez, 2009.

SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI- No loop da montanha russa. 10ª reimpressão. Virando séculos v.7. Companhia das Letras. São Paulo 2009.

Referências

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