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Os programas especiais para o Nordeste: o projeto sertanejo e o núcleo de Sumé - Paraíba.

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CENTRO DE HUMANIDADES CURSO DE MESTRADO EM ECONOMIA

Os Programas Especiais para o Nordeste;

o Projeto Sertanejo e o Núcleo

de Sumé - Paraíba

GIL VAN BRAZ DE MACEDO

lAMPINA GRANDE — PB. AGOSTO DE 1985

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CENTRO DE HUMANIDADES CURSO DE MESTRADO EM ECONOMIA

OS PROGRAMAS ESPECIAIS PARA O NORDESTE; -0 PROJETO SERTANEJO E O NÚCLEO DE SUMÉ - PARAÍBA

GILVAN BRAZ DE MACEDO

CAMPINA GRANDE - PU. AGOSTO DE 1985

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OS PROGRAMAS ESPECIAIS PARA O NORDESTE; O PROJETO SERTANEJO E O NÚCLEO DE SUMÉ - PARAÍBA

DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO CURSO DE MESTRADO EM ECONOMIA DA UNI VERSIDADE FEDERAL EA PARAÍBA, EM CUMPRIMENTO À EXIGÊNCIA PARA OB TENÇlO LO GRAU DE MESTRE.

AREA DE CONCENTRAÇÃO: ECONOMIA RURAL

NILSON ARAÚJO DE SOUZA ORIENTADOR

CAMPINA GRANDE AGOSTO DE 1985

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O PROJETO SERTANEJO E O NÚCLEO DE SUMÉ - PARAÍBA

GILVAN BRAZ DE MACEDO

DISSERTAÇÃO APROVADA EM: / / l 9

NILSON ARAÚJO DE SOUZA ORIENTADOR COMPONENTE DA MESA COMPONENTE DA MESA COMPONENTE DA MESA CAMPINA GRANDE AGOSTO DE I 9 8 5

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APRESENTAÇÃO 03 INTRODUÇÃO 06 CAPITULA I

1.1 REVISÃO LA LITERATURA 12 1.2 NOVAS TENDÊNCIAS LA POLÍTICA EE DESEITVOLVII.IEETC

REGIONAL: CONTEXTO HISTÓRICO 16

CAPÍTULO I I

2.1 INDUSTRIALIZAÇÃO: PANACEIA PARA 03 PROBLEMAS DO

NORDESTE 27 2.2 CARACTERIZAÇÃO LOS PROGRAMAS ESPECIAIS PARA C

NORDESTE SEMI-ÁRIDO .33

2.2.1 POLONORDESTE 34 2.2.2 PROHIDRO 35 2.2.3 PROCANOR 36 2.2.4 PROGRAMA LE DESENVOLVIMENTO DA AGROINDÚSTRIA

DO NORDESTE 38 2.2.5 PROGRAMA DE IRRIGAÇÃO DO NORDESTE 38

2.2.6 PROJETO NORDESTE 39 2.2.7 PROJETO SERTANEJO 4 1

CAPÍTULO I I I

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3.3 NÚCLEO DE SüEÍ - PARAÍBA 3.4 C O N C L U S Ã O

A N E X O S . . .

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O P r o j e t o S e r t a n e j o , um dos programas e s p e c i a i s c r i a d o s p e l o Governo F e d e r a l , v i s a n d o ao d e s e n v o l v i m e n t o econôm i c o e s o c i a l do N o r d e s t e seeconômiárido, teeconôm t i d o pouca r e p e r c u s

-são s o c i a l , uma vez que a população meta programada, a p a r t i r do diagnóstico e f e t u a d o , pouco u s u f r u i dos benefícios p r o p o s t o s , p o i s uma m i n o r i a de proprietários e p r i v i l e g i a d a e se enquadra na f i l o s o f i a traçada. Este p r o j e t o e s t i m u l a a criação de empre-sários r u r a i s , c a p a c i t a n d o - o s a p a r t i c i p a r e m do mercado consumi_ d o r de insumos agrícolas, de máquinas e equipamentos de o r i g e m i n d u s t r i a l , g a r a n t i n d o a produção e f o r n e c i m e n t o de matérias p r i m a s . A ausência de dados estatísticos comprobatórios da ex-tensão dos benefícios do P r o j e t o S e r t a n e j o aos t r a b a l h a d o r e s sem t e r r a , l e v a - n o s a d e d u z i r que e l e se r e s t r i n g e tão somente aos proprietários de t e r r a , m a r g i n a l i z a n d o a m a i o r i a da p o p u l a ção r u r a l do N o r d e s t e , p a r t i c u l a r m e n t e , dos p r o d u t o r e s e n c r a v a -dos nas áreas periféricas aos núcleos i m p l a n t a d o s .

E s t a dissertação, é o r e s u l t a d o de uma a v a l i a -ção dos Programas E s p e c i a i s c r i a d o s p a r a o N o r d e s t e , e de uma p e s q u i s a r e a l i z a d a no municcípio de Sumé, no Estado da Paraíba. Fizemos, i n i c i a l m e n t e , um l e v a n t a m e n t o da documentação r e l a c i o -nada ao programa a nível l o c a l e r e g i o n a l . A s e g u i r u t i l i z a m o s m a t e r i a i s r e f e r e n t e s a v i s i t a s , p e s q u i s a s e e n t r e v i s t a s s e m i e s t r u t u r a d a s com pessoas r e s i d e n t e s nos municípios que c o n s t i -tuem o núcleo e são a t i n g i d a s p e l o p r o j e t o , bem a s s i m com técni_ cos e funcionários e x e c u t o r e s desse núcleo. Após análise a c e r c a do p r o j e t o , deduzimos que e l e v i s a a p r o p o r c i o n a r p a r t e da am-pliação do campo de inversão de c a p i t a l ; à expansão do mercado de p r o d u t o s de o r i g e m i n d u s t r i a l , bem como a c r i a r condições de reprodução a m p l i a d a do c a p i t a l com inovação de técnicas de p r o

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dução, sem a l t e r a r a e s t r u t u r a fundiária. U a i , a prática do P r o -j e t o S e r t a n e -j o , a-judado p o r o u t r o s programas, pode s e r um dos m o t i v o s que c o n t r i b u e m com o p r o c e s s o de concentração fundiária no N o r d e s t e , p a r t i c u l a r m e n t e , na região dos C a r i r i s V e l h o s . F i n a l mente, as reflexões que f i z e m o s , levaram-nos a d e s c o b r i r as

con-tradições e x i s t e n t e s e n t r e os o b j e t i v o s c o l i m a d o s nos documentos o f i c i a i s do Geverno F e d e r a l e o que de f a t o se a p l i c a na o p e r a -cionalização prática, razão p e l a qua.1 achamos que a solução d e f i _ n i t i v a p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o sócio-econômico da região em e s t u do, passa i n d u b i t a v e l m e n t e p o r uma decisão de política n a c i o n a l que c o n t e m p l e , e s p e c i f i c a m e n t e , o N o r d e s t e semi-árido, no c o n t e x t o de uma decisão política g l o b a l .

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A p r e s e n t e dissertação é o r e s u i l a d o de reflexões que f o r a m sendo amadurecidas à medida que passamos a e n t e n d e r com mais c l a r e z a a função do Estado na s o c i e d a d e c a p i t a l i s t a e as f o r mas que e l e toma, numa região, num país, e t c .

Essas nossas reflexões dizem r e s p e i t o à criação de Programas E s p e c i a i s p a r a o N o r d e s t e , e s p e c i f i c a m e n t e , da imple_ mentação do P r o j e t o S e r t a n e j o , como política de d e s e n v o l v i m e n t o

sócio-econômico p a r a o N o r d e s t e semi-árido do B r a s i l . Nelas t e n t a mos e n t e n d e r a relação e x i s t e n t e e n t r e a criação d e s t e p r o j e t o e a c o n j u n t u r a político-econômica b r a s i l e i r a , notadamente, a p a r t i r do início da c r i s e do " m i l a g r e " b r a s i l e i r o , na segunda metade do ano de 1974.

Entendemos o P r o j e t o S e r t a n e j o , não como um p r o -grama e s t a n q u e , d e s l i g a d o do c o n t e x t o g e r a l da s o c i e d a d e , m a s como um i n s t r u m e n t o c r i a d o p e l o Estado p a r a s e r v i r ao p r o c e s s o mais amplo da reprodução c a p i t a l i s t a .

T r a t a - s e de a s s u n t o r e l a t i v a m e n t e novo do p o n t o de v i s t a da produção de c o n h e c i m e n t o , razão porque n e c e s s i t a de m a i o r aprofundamento e de novas reflexões de e s t u d i o s o s i n t e r e s s a dos no tema. Já dispomos de a l g u n s documentos que fazem referên -c i a a e s t e p r o j e t o , t o d a v i a -com pou-ca -contribuição. A Comissão I n t e r m i n i s t e r i a l do P r o j e t o N o r d e s t e que e l a b o r o u "Novos Rumos p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o R e g i o n a l " , f a z alusão aos a t u a i s Programas Espe_ c i a i s , e n t r e e l e s ao P r o j e t o S e r t a n e j o , e ao Programa de Emergên-c i a , embora de pouEmergên-ca p r o f u n d i d a d e .

O u t r o documento a c e r c a do P r o j e t o S e r t a n e j o é "0 Poder dos Donos" - P l a n e j a m e n t o e C l i e n t e l i s m o no N o r d e s t e , do P r o f e s s o r M a r e e i B u r s z t y n , e d i t a d o em 1984, que c r i t i c o u o p a p e l do Estado e a sua nova f o r m a de atuação no N o r d e s t e , notadamente,

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a p a r t i r da c r i s e do " m i l a g r e " b r a s i l e i r o .

Tentamos d a r uma visão mais ampla ao p a p e l do Estado no N o r d e s t e , através de análise desse Programa, à l u z de dados mais c o n c r e t o s s o b r e a operacionalizaeão do mesmo e do i n t e r e s s e em e n t e n d e r as suas formas õ^atuacão, t a i s como: c r i a ção de crédito s u b s i d i a d o , implementação de i n f r a - e s t r u t u r a de o b r a s , assistência técnica, e t c a f i m de i n t e g r a r p a r c e l a do s e t o r primário n o r d e s t i n o , ao c o n t e x t o g e r a l do p r o c e s s o de a c u mulação de c a p i t a l .

0 P r o j e t o S e r t a n e j o e vários o u t r o s programas e s p e c i a i s , surgem c o i n c i d e n t e m e n t e a p a r t i r do ano de 1974,quan do a economia n a c i o n a l começa a e x p e r i m e n t a r perdas s i g n i f i c a t i vas das t a x a s de c r e - c i m e n t o do p r o d u t o i n t e r n o B r u t o - P I B do B r a s i l , em relação ao período do " m i l a g r e " b r a s i l e i r o .

Embora c o n s c i e n t e s das limitações teórico-meto-dológicas, este estudo o b j e t i v a a d a r uma visão mais ampla do que s e j a os Programas E s p e c i a i s d e s t i n a d o s ao N o r d e s t e e q u a l a p o s t u r a dos agentes g o v e r n a m e n t a i s f r e n t e aos seus múltiplos p r o b l e m a s .

Para sua elaboração, várias contribuições f o r a m dadas, através de l e i t u r a de t r a b a l h o s , c o n s u l t a s de memórias e t e x t o s de vários p e s q u i s a d o r e s preocupados com o d e s e n v o l v i m e n -t o sócio-econômico do N o r d e s -t e . Mas, em e s p e c i a l , devemos agra-d e c e r ao S r . D i r e t o r G e r a l agra-do Departamento N a c i o n a l agra-de Obras C o n t r a as Secas - DNOCS, E n g e n h e i r o José Osvaldo P o n t e s , que não m e d i u esforços p a r a l i b e r a r r e c u r s o s s u b s t a n c i a i s d e s t i n a -dos a c u s t e a r despesas, d u r a n t e o período de n o s s a participação no m e s t r a d o de Economia da U n i v e r s i d a d e P e d e r a l da Paraíba, que

o r a c o n c l u i m o s .

A n o s s a gratidão ao Dr. Sebastião V i l a r de Car-v a l h o , Engenheiro Gerente do Núcleo do P r o j e t o S e r t a n e j o do Mu-nicípio de Sumé, ao E c o n o m i s t a Manoel C a r n e i r o p o r m u i t o s dados

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f o r n e c i d o s que v a l o r i z a r a m a p e s q u i s a , bera como, aos f u n c i o n a r i o s do Núcleo em g e r a l , p e l a p r e s t i m o s i d a d e no f o r n e c i m e n t o de dados estatísticos e informações técnicos indispensá -v e i s à elaboração d e s t e e s t u d o .

Ao P r o f e s s o r N i l s o n Araújo de Souza, p e l a contribuição p r e s t a d a , t a n t o teórica como pessoa.]-, d u r a n t e o d e s e n v o l v i m e n t o do t r a b a l h o , chamando-nos a atenção p a r a a abordagem de vários a s p e c t o s , p r i n c i p a l m e n t e p a r a a p e r s p e c t i v a histórica, com relação à c o n j u n t u r a político-econômica do B r a s i l , levandonos a r e f l e t i r e a m e l h o r compreendei" a l i g a ção e x i s t e n t e e n t r e o P r o j e t o S e r t a n e j o e o período do " m i l a -g r e " b r a s i l e i r o , no c o n t e x t o dos Pro-gramas E s p e c i a i s c r i a d o s p a r a o Nordeste semi-árido.

A t o d o s os p r o f e s s o r e s do m e s t r a d o , e s p e c i f i camente, G h i s l a i n a Duque, Paulo P. Campanário eT^aulo K a k a t a -n i e aos fu-ncio-nários da U -n i v e r s i d a d e P e d e r a l da Paraíba,Campus I I , Campina Grande, que c o n t r i b u i r a m , d i r e t a ou i n d i r e t a mente, p a r a a concretização d e s t a dissertação, os mais s i n c e -r o s a g -r a d e c i m e n t o s .

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Temos a intenção de m o s t r a r uma das formas de i n -tervenção do Estado na economia agropecuária do semi-árido n o r d e s t i n o a p a r t i r da análise dos programas e s p e c i a i s e dos p r o j e t o s de o b r a s c o n t r a aa secas, c r i a d o s p a r a essa região.

Essas políticas d i r i g i d a s a uma pequena p a r c e l a da população, vem p r i o r i z a n d o de d i f e r e n t e s formas e em regiões específicas, o p r o c e s s o de reprodução c a p i t a l i s t a , aumentando a s -s i m o-s problema-s -s o c i a i -s , p e l a -s razõe-s que -se -seguem: a e-s-sência desses programas é a introdução de modernas técnicas agrícolas que tendem a b e n e f i c i a r apenas um pequeno número de proprietários mó d i o s , d e i x a n d o à margem, os pequenos proprietários^e o t r a b a l h a d o r e s sem t e r r a ( p o s s e i r o s , o c u p a n t e s , a s s a l a r i a d o s ) .

As técnicas m o d e r n i z a n t e s no campo, p r o p i c i a m a que algumas regiões passem a u t i l i z a r máquinas e equipamentos mo-d e r n o s , f e r t i l i z a n t e s , mo-d e f e n s i v o s , híbrimo-dos, senmo-do a m a i o r i a mo-de o r i g e m i n d u s t r i a l .

P e l a s razões e x p o s t a s , essas técnicas a d o t a d a s no meio r u r a l podem e n c o n t r a r b a r r e i r a s , n o f u t u r o próximo, p o r p a r t e dos p r o d u t o r e s que não p a r t i c i p a m dos f r u t o s dessa m o d e r n i z a -ção, p o r se c o n s t i t u i r e m m a i o r i a m a r g i n a l i z a d a . Quais podem s e r os m o t i v o s básicos d e s t a s b a r r e i r a s p o r p a r t e dos p r o d u t o r e s r u -r a i s ? p -r i m e i -r o , po-rque essa c l a s s e já está o -r i e n t a d a at-ravés dos s i n d i c a t o s r u r a i s , p a r t i d o s políticos, associações, i g r e j a , s o b r e a questão agrária b r a s i l e i r a , de que a modernização da agropecuá-r i a nos moldes como estão se dando no B agropecuá-r a s i l , t e n d e l o g i c a m e n t e a p r i v i l e g i a r uma pequena p a r c e l a da população, em d e t r i m e n t o de uma m a i o r i a esmagadora. Segundo, porque grande p a r t e da r i q u e z a g e r a d a no campo, f r u t o do t r a b a l h o camponês, é t r a n s f e r i d a p a r a

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o u t r o s s e t o r e s p r o d u t i v o s que em nada tem c o n t r i b u i d o com a econo-m i a r u r a l do pequeno proprietário e do p r o d u t o r seecono-m t o r r a .

No N o r d e s t e , essa política de modernização no cam po, começa a s e r d e s e n v o l v i d a , b a s i c a m e n t e , nos f i n s dos anos ses s e n t a , tendo-se i n t e n s i f i c a d o a i n d a mais a p a r t i r do 1970.

"0 início dos anos 1970 marca a r e t o mada, p e l o p o d e r c e n t r a l , dos i n s t r u -mentos de intervenção no N o r d e s t e , a o mesmo tempo que se c a r a c t e r i z a uma mudança no comportamento das i n s t i t u

icões e n c a r r e g a d a s da questão das s£ c a s " .1

0 p r o c e s s o m o d e r n i z a n t e do meio r u r a l do N o r d e s t e , além de i m p l i c a r a b e r t u r a da economia r u r a l n o r d e s t i n a ao grande c a p i t a l n a c i o n a l e e s t r a n g e i r o , o b r i g a a que o Estado c o l o q u e as instituições a seu serviço, concedendo i n c e n t i v o s creditícios e f i s _ c a i s , e s t i m u l a n d o a criação de c o o p e r a t i v a s e a construção de o b r a s de i n f r a - e s t r u t u r a ( r o d o v i a s , f e r r o v i a s , grandes b a r r a g e n s ) . Ou s e j a , são r e c u r s o s públicos de programas de d e s e n v o l v i m e n t o s o c i a l ( P l a n o de Integração N a c i o n a l - PIN, PROTERRA, FINSOCIAL ) que se d i r i g e m a programas e s p e c i a i s de pouca repercussão s o c i a l no t o c a n -t e à m a i o r i a da população menos f a v o r e c i d a .

Todos os E s t a d o s n o r d e s t i n o s , do maranhão ao N o r t e de Minas G e r a i s , são contemplados com esses programas. 0 P r o j e t o S e r t a n e j o , nosso o b j e t o de e s t u d o , r e p r e s e n t a uma ação mais dinâmi-ca p a r a o semi-árido do N o r d e s t e , p o r e s t a b e l e c e r d i r e t r i z e s que, se fossem a p l i c a d a s i n t e g r a l m e n t e , além de c o n t r i b u i r com o nível tecnológico e c u l t u r a l dessa região, p o d e r i a m r e s o l v e r uma série de p r o b l e m a s econômicos e s o c i a i s , como p o r exemplo: t o r n a r a economia r e g i o n a l mais r e s i s t e n t e aos e f e i t o s das secas; g e r a r mais emprego d i r e t o e i n d i r e t o ; e s t i m u l a r a criação de m a i o r número de empresá-r i o s empresá-r u empresá-r a i s ; e s t i m u l a empresá-r o meempresá-rcado de bens de consumo necessáempresá-rio; ga r a n t i r o f o r n e c i m e n t o de matérias-primas de b a i x o c u s t o p a r a as p£ pulações p o b r e s e p a r a as agroindústrias i n s t a l a d a s n a p e r i f e r i a e 1 . BURSZTYN. M a r e e i . 0 Poder dos Donos P l a n e j a m e n t o e C l i e n t e l i s

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m e l h o r a r a e s t r u t u r a fundiária. 0 p r o b l e m a que sempre o c o r r e u no semi-árido f o i que s u r g i r a m vários programas com abordagens das mais p r o m i s s o r a s , mas na prática são d e s v i a d o s dos o b j e t i v o s p l a -n e j a d o s , a exemplo do que o c o r r e com o P r o j e t o S e r t a -n e j o , c r i a d o p e l o D e c r e t o 78.299, de 23 de a g o s t o de 1976, que e s t a b e l e c e u o s e g u i n t e : " A criação do P r o j e t o S e r t a n e j o v i s a a o r g a n i z a r e re o r g a n i z a r as u n i d a d e s p r o d u t i v a s a f i m de a s s e g u r a r ao p r o c e s s o de produção, o nível de emprego no meio r u r a l e, com i s s o , r e d u z i r as repercussões s o c i a i s ; d a r aos imóveis r u r a i s um padrão p r o d u t i v o e de emprego s e m e l h a n t e s aos dos perímetros i r r i g a d o s ; d a r às p r o p r i e d a d e s , dotando-as de i n f r a - e s t r u t u r a ; d e s e n v o l v e r moder nas técnicas agrícolas e e s t i m u l a r os p r o d u t o r e s r u r a i s do semi -árido a se a s s o c i a r e m às c o o p e r a t i v a s com o f i m de a s s e g u r a r o

^ , 2 a p o i o as suas a t i v i d a d e s agropecuários" .

Alguns desses o b j e t i v o s estão sentia a t i n g i d o s mas em relação à m a g n i t u d e dos grandes p r o b l e m a s s o c i a i s acumulados ao l o n g o de vários anos, como o desemprego no campo, o aumento da concentração fundiária, t a i s programas estão t e n d o pouca s i g n i f i -cação .

P a r t i n d o dessas indicações p r e l i m i n a r e s , f o r m u l a -mos o conteúdo d e s t a dissertação, na t e n t a t i v a de m o s t r a r como e quando s u r g i r a m os Programas E s p e c i a i s p a r a o N o r d e s t e , e em p a r t i c u l a r o P r o j e t o S e r t a n e j o , q u a i s os m o t i v o s que contribuíram pa r a a sua criação e q u a l a população meta do meio r u r a l que e l e irá a t i n g i r . Além do que, a n a l i s a m o s em p a r t i c u l a r , o P r o j e t o Ser t a n e j o i m p l a n t a d o no município de Sumé, na Paraíba, v i s a n d o mos-t r a r os e f e i mos-t o s sócio-econômicos que vem p r o v o c a n d o , sua ligação com a região e com a economia n a c i o n a l , num nível mais amplo. Ne£ sa análise, pretendemos i n v e s t i g a r apenas a l g u n s p o n t o s fundamen-t a i s no c o n fundamen-t e x fundamen-t o hisfundamen-tórico da criação desse programa j u l g a d o s c£ mo uma possível forma a l t e r n a t i v a p a r a o N o r d e s t e , v i s a n d o a c r i a

ção de mecanismos de superação da c r i s e da economia agropecuária n o r d e s t i n a .

2. MINTER/SUDENE - P r o j e t o S e r t a n e j o - O b j e t i v o s e Concepções do Programa - R e c i f e - Pe. - 1977 - p.15.

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Apesar d e s t a s questões serem c o n s i d e r a d a s fundamen t a i s , estamos c o n s c i e n t e s de que e s t e não s it^ n i f i c a um t r a b a l h o a-cabado. Temos a intenção de a l i n h a r pontoo p a r a exercício de r e f l e xão que, c e r t a m e n t e , servirão a o u t r o s i n t e r e s s a d o s na questão pa-r a uma análise mais a c u pa-r a d a .

As análises e conclusões a q u i i n c o r p o r a d a s podem s e r v i r de i n s t r u m e n t o que levem as a u t o r i d a d e s b r a s i l e i r a s à c o r r e ção de e r r o s c o m e t i d o s , a s s i m como formulação de política g o v e r n a m e n t a l capaz de o b s e r v a r o cumprimento dos programas c r i a d o s p a r a o N o r d e s t e e daí c r i a r condições o b j e t i v a s que b e n e f i c i e a m a i o r i a da população r u r a l dessa região, até então à margem do d e s e n v o l v i -mento.

P a r t i m o s de um r e f e r e n c i a l teórico que nos p o s s i b i -l i t a s s e compreender as transformações i n t r o d u z i d a s no meio r u r a -l do N o r d e s t e e que nos desse c l a r e z a sobre o p a p e l do Estado e a função que e l e vem assumindo ao l o n g o do tempo, com a criação de programas e s p e c i a i s em g e r a l , e do P r o j e t o S e r t a n e j o em p a r t i c u l a r . A ação e s t a t a l no N o r d e s t e , é v i s t a n e s t a dissertação, como uma das formas de patrocinacão do p r o c e s s o de reprodução de c a p i t a l a p a r t i r da modernização tecnológica no meio r u r a l dessa região.

Baseando-nos nas informações o b t i d a s , d e f i n i m o s c£ mo o b j e t i v o g e r a l d e s t e e s t u d o , v e r i f i c a r m o s em que medida a i m -plantação do P r o j e t o S e r t a n e j o responde às n e c e s s i d a d e s g e r a i s do p r o c e s s o de reprodução c a p i t a l i s t a , no momento de c r i s e da econo -m i a n a c i o n a l .

Como o b j e t i v o específico procuramos e x p l i c a r o ní-v e l de dominação do c a p i t a l na economia agropecuária do N o r d e s t e ,

ou s e j a , como o Estado vem p a t r o c i n a n d o a reprodução c a p i t a l i s t a com a criação de programas e s p e c i a i s , a exemplo do P r o j e t o Sertane_ j o ; a repercussão econômico-social do P r o j e t o S e r t a n e j o nos municí_ 3 . De acordo com a pesquisa r e a l i z a d a no Núcleo do P r o j e t o Sertane_ j o de Sumé, nenhum proprietário com área i n f e r i o r a 30 h e c t a r e s , bem como nenhum p r o d u t o r sem t e r r a r e c e b e u benefícios do mesmo.

Mais de 70^ dos proprietários da região abrangida,não dispõe de p r o p r i e d a d e s com áreas s u p e r i o r e s a 30 h e c t a r e s ^/>~+~~»

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-p i o s que c o n s t i t u e m o Núcleo de Surae'; até que -ponto os o b j e t i v o s t r a çados estão sendo alcançados e q u a i s os e f e i t o s p o s i t i v o s e n e g a t i -v o s .

A introdução de t e c n o l o g i a modernn no meio r u r a l v i -sa a acompanhar o movimento g e r a l de elevação dos f a t o r e s de produ-ção. T a l constatação nos l e v a a f o r m u l a r as s e g u i n t e s hipóteses:

1 . expansão do campo de inversão p a r a o c a p i t a l que d u r a n t e o momento de c r i s e se d e f r o n t a com problemas de valorização;

2. ampliação do mercado de p r o d u t o s i n d u s t r i a i s , que d i a n t e do p r o c e s s o de recessão da economia n a c i o n a l , c r i a condições p a r a acumulação 9 reprodução em o u t r o s e t o r da economia;

3. a introdução de t e c n o l o g i a moderna no meio r u r a l pode g e r a r c o n f l i t o s s o c i a i s , mesmo que não provoque mudanças p r o f u n das na e s t r u t u r a fundiária.

0 P r o j e t o S e r t a n e j o a n a l i s a d o a d i a n t e com mais p r o f u n d i d a d e , enquadra-se n e s t a f i l o s o f i a de a t e n d i m e n t o dos r e q u i s i t o s acima e x p l i c i t a d o s como hipóteses. A e s p e c i f i c i d a d e da região Nordes t e , que o r a se a g r a v a p o r f o r t e s e n c h e n t e s , o r a p o r l o n g o s períodos de seca, impõe e s p e c i f i c i d a d e s também nos o b j e t i v o s e r e s u l t a d o s na política de modernização agrícola a d o t a d a . As forças p r o d u t i v a s a c u muladas no N o r d e s t e , além de e s t a r e m sendo d e s t r u i d a s p e l a c r i s e eco nômica que se abate sobre o país, a i n d a estão sendo d e v a s t a d a s p e l a n a t u r e z a , com s u r g i m e n t o s a l t e r n a t i v o s de l o n g o período de seca e

c u r t o período de grandes c h e i a s .

A intervenção do Estado nessas circunstâncias, b u s c a , além de c r i a r condições de superação da c r i s e g e r a l de acumulação de c a p i t a l , p r e s e r v a r as forças p r o d u t i v a s e amainar as tensões s o c i a i s no N o r d e s t e .

P o r t a n t o , o P r o j e t o S e r t a n e j o é m o s t r a d o a q u i , como p a r t e da política g e r a l c r i a d a p a r a o N o r d e s t e , a p a r t i r s o b r e t u d o 3 o bem nenhum benefício desse programa e s p e c i a l c r i a d o para a região. Ponte: Censo Agropecuária da Paraíba - IBGE - 1980.

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de 1974, e v i s a a s e r v i r de colchão a m o r t e c e d o r l o s c o n f l i t o s s o -c i a i s no -campo, e a -c r i a r -condições a l t e r n a t i v a s p a r a superação da c r i s e de acumulação de c a p i t a l , com introdução de modernas técnicas agrícolas. R e f e r i d a s técnicas m o d e r n i z a n t e s , v i s a m a reforçar a e s t r u t u r a dos programas já e x i s t e n t e s (Perímetros I r r i g a d o s , P o l o n o r -d e s t e , e t c ) , na t e n t a t i v a -de a -d i a r p o r algum tempo, a implantação de uma política que provoque mudança e s t r u t u r a l no campo, tão neces

' . 4 s a n a ao s e m i - a n d o do N o r d e s t e .

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Antes de e n t r a r m o s na análise do p r o c e s s o de i n -tervenção do Estado na economia r u r a l do N o r d e s t e semi-árido, ne-c e s s i t a m o s r e f e r e n d a r a l g u n s e s ne-c r i t o s notáveis s o b r e o p a p e l do Estado na economia b u r g u e s a . Não temos intenção alguma de d i s c o r -r e -r s o b -r e uma t e o -r i a do E s t a d o , t o d a v i a , p a -r a m e l h o -r e s c l a -r e c e -r aos l e i t o r e s sobre e s t a p e s q u i s a , a ação i n t e r v e n c i o n i s t a do E s t a do é o p r o d u t o do antagonismo das c l a s s e s s o c i a i s , com relação

aos i n t e r e s s e s econômicos de cada uma d e l a s . Ele aparece sempre quando e l a s se c o n c i l i a m , e, p e l a própria n a t u r e z a dos i n t e r e s s e s contraditórios inconciliáveis, o Estado aparece sempre como mod£ r a d o r dos c o n f l i t o s e n i s s o c o n s i s t e a sua existência. Todas as passagens em l e i t u r a s e f e t u a d a s sobre as obras de í"arx e Engels , p e l o menos as mais e s s e n c i a i s que t r a t a m do p a p e l do Estado,devem s e r e n t e n d i d a s com as mais c u i d a d o s a s reflexões, p a r a que se pos sa t e r uma i d e i a p e s s o a l f i r m e e s e g u r a sobre t a l questão. Comec£ mos p e l a o b r a de Engels que se p o p u l a r i z o u p e l a sua r i q u e z a de

conhecimento e s a b e d o r i a a c e r c a do tema:

"0 Estado não é, de f o r m a alguma, uma força i m p o s t a , do e x t e r i o r à s o c i e d a de. Não é também, a r e a l i d a d e da i d e i a m o r a l , a imagem e a r e a l i d a d e da razão, como p r e t e n d i a H e g e l . É um p r o d u t o da s o c i e d a d e numa c e r t a f a s e do seu d e s e n v o l v i m e n t o . É" a c o n f i s _ são de que essa s o c i e d a d e se embara çou numa insolúvel contradição i n t e r na, se d i v i d i u em antogonismos i n c o n ciliáveis de que não se pode desven c i l h a r - s e . Mas, p a r a que essas clas_ ses antagônicas, com i n t e r e s s e s eco nômicos contrários, não se entredev£ rassem e não devorassem a s o c i e d a d e numa l u t a estéril, s e n t e s e a n e c e s -s i d a d e de uma força que -se c o l o q u e a p a r e n t i m e n t e acima da sociedade,com

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t e s da ordem. Essa f o r c a que s a i dã sociedade f i c a n d o , porém, p o r cima d e l a e d e l a se a f a s t a n d o cada vez m a i s , é o E s t a d o " . 5

0 Estado m a t e r i a l i z a os i n t e r e s s e s das c l a s s e s do m i n a n t e s uma vez que, h i s t o r i c a m e n t e , t a n t o na época do e s c r a v a g i s mo, como do f e u d a l i s m o , o Estado sempre se c o l o c o u c o n t r a os e s c r a vos e os s e r v o s , em f a v o r dos senhores de e s c r a v o s e dos senhores

f e u d a i s . Já no Estado de modo de produção c a p i t a l i s t a c r i a r a m - s e e r e c r i a r a m - s e novas formas de exploração da f o r r - a do t r a b a l h o em p r o v e i t o da burgu.esia.

0 Estado r e p r e s e n t a a c l a s s e d o m i n a n t e e g a r a n t e o seu domínio sobre as dv ..ais c l a s s e s , quando se t o r n a necesário a£ segurá-lo. C caráter de c l a s s e do Estado se r e v e l a também, na exis_ tência dos a p a r e l h o s r e p r e s s o r e s e ideológicos e a i n d a , na p o s t u r a que e l e assume d i r e t a m e n t o no s e t o r p r o d u t i v o , c r i a n d o e r e c r i a n d o condições p a r a a acumulação c a p i t a l i s t a .

Quando, em momento específico e histórico o c a p i -t a l i s m o s o f r e c r i s e em d e -t e r m i n a d o s e -t o r , e l e in-tervém d i r e -t a m e n -t e . Essa intervenção se d a r , v i a de r e g r a , através de gestões no s e t o r p r o d u t i v o , realização de i n v e s t i m e n t o , que em situações n o r m a i s se_ r i a m p a t r o c i n a d o s p e l o s e t o r p r i v a d a , e t c .

0 Estado a i n d a intervém através da criação de "o b r a s s o c i a i s " capazes de r e d u z i r os c u s t o s de reprodução da força do t r a b a l h o e de g a r a n t i r elevação da t a x a de l u c r o , n a e s f e r a de produção. T a i s obras servem de colchão a m o r t e c e d o r das l u t a s t r a b a l h i s t a s ( g r e v e s , paralizações, p r o t e s t o s públicos) o r g a n i z a d a s nos s i n d i c a t o s , nas federações, nas associações, e t c .

Os c a p i t a l i s t a s d e t e n t o r e s dos meios de produção , em causa comum com o Estado burguês, d i a n t e de c r i s e s s o c i a i s g e r a

5 . EKGELS, F r i e d r i c h , A Origem da Família, da Propriedade P r i v a d a e do Estado - S t u t t g a r t , 1894-, 6§ Ed. - p. 08/09.

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das e s t r i t a m e n t e p o r f a t o r e s de ordem econômica e política e, d i a n t e dos movimentos p o p u l a r e s de reivindicações c o n c r e t a s , passam a f a z e r algumas "concessões" aos t r a b a l h a d o r e s , t a n t o no meio r u r a l como no meio u r b a n o . No meio r u r a l , quando e x i s t e m f o c o s de t e n soes s o c i a i s , o Estado p a t r o c i n a , através de seus órgãos de c o l o r i

zação, distribuição de g l e b a s de t e r r a ; e s t i m u l a a criarão de c o o p e r a t i v a s e de o u t r o s órgãos p a l i a t i v o s , a f i m dc escamotear a questão f u n d a m e n t a l do meio r u r a l , que é a questão da t e r r a , da es t r u t u r a fundiária e da subordinação do homem ao p r o c e s s o de acumu lação de c a p i t a l .

Quanto à população t r a b a l h a d o r a do meio u r b a n o , os proprietários dos meios de produção, em dados momentos, negociam a

elevação dos seus salários em condições mais favoráveis, mas, caso os S i n d i c a t o s e as Federações não concordem em tais^condições, con tam com o a p o i o do E s t a d o , no acionamento dos t r i b u n a i s de que dis_ põem em seu f a v o r . C Estado p e r m i t e o aumento da j o r n a d a de t r a b a l h o ou a i n t e n s i d a d e de t r a b a l h o ou a i n d a , p e r m i t e a que o aumento dos c u s t o s o p e r a c i o n a i s p r o v e n i e n t e s de uma "melhora" do salário do t r a b a l h a d o r s e j a repassado ao consumidor f i n a l através do aumen t o de preço das m e r c a d o r i a s . Além dessas " v a n t a g e n s " c o n c e d i d a s , o aumento dos salários se v e r i f i c a m u i t o a b a i x o do aumento do c u s t o de v i d a , empobrecendo o t r a b a l h a d o r b r a s i l e i r o , p e l a redução acele_ r a d a do seu poder de compra.

Essas formas u t i l i z a d a s p e l o s c a p i t a l i s t a s , a p e s a r de serem aparentemente contraditórias, p o r algumas "concessões" da das aos t r a b a l h a d o r e s , são i n e r e n t e s à f o r m a de acumulação. P o i s , mesmo com a distribuição i s o l a d a de t e r r a , com a criação de coope_ r a t i v a s , com subsídios e i n c e n t i v o s , com " m e l h o r i a s " s a l a r i a i s , es_ t e s c o n t i n u a m com a orientação e c o n t r o l e do c a p i t a l . Daí a s u p e r exploração da força do t r a b a l h o , que i m p l i c a a m a i o r apropriação do t r a b a l h o e x c e d e n t e .

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país de produção c a p i t a l i s t a , e x p l i c a - s e a p a r t i r do processo de produção s o c i a l , que e n v o l v e , c o n c o m i t a n t e m e n t e , a s p e c t o s econômi cos, políticos e s o c i a i s . 0 Estado sempre exerce o p a p e l fundamen t a l , t a n t o através de f a v o r e c i m e n t o s f i s c a i s e tributários, como de políticas de proteção alfandegária e de patrocinação de invés t i m e n t o s de i n f r a - e s t r u t u r a , em f a v o r da c l a s s e d o m i n a n t e .

Marx a s s i n a l o u na sua. o b r a 0 C a p i t a l , quando r e f l e t i a sobre o caráter do Estado e o e s t u d o do d e s e n v o l v i m e n t o histórico da s o c i e d a d e , o s e g u i n t e :

"Em p a r t e , e s t e s métodos se baseiam como o c o r r e u no s i s t e m a c o l o n i a l , na mais a v a s s a l a d o r a das f o r c a s . Porem, t o d a s e l a s se v a l e m do po d e r do E s t a d o , da força c o n c e n t r a -da -da s o c i e d a d e para a c e l e r a r a passos a g i g a n t a d o s , o p r o c e s s o de transformação do regime c a p i t a l i s r * -t a . " 6

A história do c a p i t a l i s m o tem m o s t r a d o que é a p a r t i r de suas próprias contradições i n t e r n a s que a intervenção do Estado aparece de f o r m a mais ampla e das mais d i f e r e n t e s manei_ r a s , p o i s f o i a p a r t i r da c r e s c e n t e dimensão que tomou o c a p i t a l , que o Estado a m p l i o u suas formas de atuação. Além de f a v o r e c e r e p r o p i c i a r a reprodução do c a p i t a l , e l e c r i a mecanismo que ameni_

zam as contradições básicas e x i s t e n t e s e imanentes na relação ca p i t a i t r a b a l h o . C Estado que aparentemente se c o l o c a acima das

c l a s s e s s o c i a i s , na essência e x e r c e o p a p e l de d e f e n s o r da c l a s s e b u r q u e s a , a f i m de g a r a n t i r o domínio dessa c l a s s e s o b r e as d£ mais e, com i s s o g a r a n t i r a manutenção das relações s o c i a i s de

exploração. Nesse s e n t i d o F r e i r e ( 1980 ) se e x p r e s s a : " 0 Estado e x e r c e um p a p e l fundamen

t a l na manutenção da s o c i e d a d e ca p i t a l i s t a , daí a tendência ao r e

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forçamento do a p a r e l h o de Estado que se o b s e r v a em t o d a p a r t e . E quanto mais p r o f u n d a s forem as contradições no i n t e r i o r da so ciedade c a p i t a l i s t a , m a i o r s e r a a tendência ao reforçamento do a p a r e l h o do Estado".7

1.2 - Novas Tendências da Política de D e s e n v o l v i m e n t o R e g i o n a l : C o n t e x t o Histórico.

A p a r t i r da seca de 1970, no N o r d e s t e semi-árido é marcado um momento i m p o r t a n t e p a r a a economia r e g i o n a l . As novas tendências de d e s e n v o l v i m e n t o do B r a s i l , s i m b o l i z a d a s p e l a Trans_ amazônica e p e l o P r o t e r r a , têm suas o r i g e n s na ocorrência da seca e na c r i s e da produção g e r a d a p o r e l a .

D i a n t e d i s s o , observa-se a n e c e s s i d a d e de a j u s t a r os o b j e t i v o s das políticas r e g i o n a i s aos r e q u i s i t o s do d e s e n v o l v i -mento n a c i o n a l , ou s e j a , s u r g i u a n e c e s s i d a d e a i n d a m a i o r de i n t e _ g r a r o p r o c e s s o de produção c a p i t a l i s t a ao C o n t r o s u l do país, r a zão p o r que s e r i a m necessários d i r e t r i z e s com r e s p e i t o a essa meta. As indicações no programa Estratégico de D e s e n v o l v i m e n t o - PED já recomendavam t a i s ações.

Segundo a l g u n s a u t o r e s , as políticas novas que se implementaram no Nordeste a p a r t i r dos anos s e t e n t a , marcaram a quase c o m p l e t a marginalização da p r i n c i p a l instituição e n c a r r e g a d a e p r e p a r a d a p a r a d e s e n v o l v e r esses programas no N o r d e s t e , que e r a a SUDENE. Qual a razão dessa marginalização? Encontramos em Mara-nhão ( 1 9 8 4 ) a r e s p o s t a a e s t a questão. " P r i m e i r o porque as forças políticas i n t e r e s s a d a s em f o m e n t a r a criação de um mercado consu m i d o r de p r o d u t o s i n d u s t r i a i s no N o r d e s t e e de um mercado f o r n e c e -d o r -de matérias-primas -de b a i x o c u s t o às in-dústrias, argumentavam

7. FREIRE, P a u l o . M u l t i n a c i o n a i s e T r a b a l h a d o r e s do B r a s i l , 3§ e d . R i o de J a n e i r o , B r a s i l i e n s e , 1980 - p.59.

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que a Sudene h a v i a s i d o •extremamente l e n t a em r e c o n h e c e r o estado de emergência que a f a l t a de chuva - ou sua i r r e g u l a r e d a d e - h a v i a c r i a d o d u r a n t e o i n v e r n o de 1970 nas zonas semi-áridas do Nor d e s t e . Segundo, porque f i c o u e v i d e n c i a d o que a Sudene não e s t a v a e q u i p a d a t e c n i c a m e n t e ou de q u a l q u e r o u t r o modo - p a r a a eventoia l i d a d e da seca. F i n a l m e n t e , p o r causa da repetição no N o r d e s t e da mesma situação de secas a n t e r i o r e s : o Governo t e v e de r e c o r r e r a medidas a s s i s t e n c i a i s de emergência e de empregar m i l h a r e s de t r a b a l h a d o r e s r u r a i s em o b r a s públicas, algumas de d u v i d o s a u t i l i d a -de econômica".^

P o r t a n t o , as críticas a c i r r a d a s ao p a p e l da Sudene e os r e f l e x o s da seca de 1970, f i z e r a m com que, no c o n t e x -t o dessa si-tuação, o Governo F e d e r a l c r i a s s e uma nova polí-tica de d e s e n v o l v i m e n t o r e g i o n a l do N o r d e s t e . Deii-se aí, i n i c i a l m e n t e a

criação de programas g i g a n t e s c o s como o Plano de Integração K a c i o n a l PIN, P r o t e r r a e P r o v a l e . 0 Programa de Integração N a c i o -n a l - PIN v i s a basicame-nte à co-nstrução da Tra-nsamazô-nica e da r o d o v i a CuiabáSantarém, além da. criação de p r o j e t o s de c o l o n i z a -ção de áreas m a r g i n a i s a essas grandes r o d o v i a s e da implanta-ção, no N o r d e s t e , de p r o j e t o s de colonização dos v a l e s úmidos e da po-lítica de irrigarão.

Com relação ao PROTERRA e PROVALE, embora o enunciado desses d o i s programas t e n h a s i d o a integração n a c i o n a l , na prática o b j e t i v a r a m o d e s e n v o l v i m e n t o p l a n e j a d o da produção a grícola e pecuária no N o r d e s t e , ou s e j a , a integração geo-econômi ca do N o r d e s t e ao Cen t r o s u l do país, a t r e l a n d o essa região ao c o n t e x t o n a c i o n a l e e s t r a n g e i r o da reprodução c a p i t a l i s t a , em ca ráter mais amplo.

Essas políticas de d e s e n v o l v i m e n t o r e g i o n a l , além do caráter de integração econômica do N o r d e s t e ao C e n t r o s u l e ao c a p i t a l e s t r a n g e i r o , não d e s c a r t a v a m a p o s s i b i l i d a d e de a-8. MARANHÃO, S i l v i o , A Questão N o r d e s t e ; Estudos Sobre Formação H i s

tórica, D e s e n v o l v i m e n t o e Porcessos s Políticos e Ideológicos. R i o de J a n e i r o , Paz e T e r r a , 1984, p.95.

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m a i n a r as tensões s o c i a i s , no campo, a p a r t i r rli, c r i s e da seca de 1970, que g e r o u fome e desemprego no campo. Então, a intenção f u n damental da criação desses d o i s programas, e r a e s t i m u l a r "o desen v o l v i m e n t o de novas a t i v i d a d e s agrícolas o pecuárias, na t e n t a t i v a de r e d u z i r as pressões demográficas r e g i s t r a d a s no N o r d e s t e , causa das p e l a s secas.

F i n a l m e n t e , a p a r t i r de ano do 1974, c o i n c i d i n d o com o ano em que se v e r i f i c o u a c r i s e do " m i l a g r e " 'erasi l o i r o , f o i dada uma nova orientação p a r a a política de d e s e n v o i v i m e n t o régio n a l do N o r d e s t e , em que a Sxidene é novamente chamada ?n'•'vilmente a essas a t i v i d a d e s , "através da substituição do I V Plano D i r e t o r pe_ l o Plano de Desenvolvimento H e g i o n a l " . ^

No b o j o desse p l a n o , f o r a m c r i a d o s p e l o Governo p£ d e r a l , vários programas e s p e c i a i s , em a t e n d i m e n t o à exposição de m o t i v o i n t e r m i n i s t e r i a l , como o P o l o n o r d e s t e , em 1974; o Programa de D e s e n v o l v i m e n t o da. Agroindústria, em 1974; o Pi-oje-bo S e r t a n e j o , em 1976; o P r o h i d r o , em 1979; o P r o c a n o r , em 1980 e p o r último, o P r o j e t o N o r d e s t e , em 1984. Todos esses programas e s p e c i a i s p e r s i s _ tem até h o j e (maio de 1 9 8 5 ) , como orientação básica de novas p o l i t i c a s de d e s e n v o l v i m e n t o do N o r d e s t e . D i a n t e d i s s o , i n f e r e - s e que t o d o s esses programas, d e i x a r a m de s e r t r a t a d o s de f o r m a d i f e r e n c i _ ada; t o d a v i a , a p a r t i r de 1974, estão c o n s o l i d a d o s no S i s t e m a Na c i o n a l de Planejamento e obedecem às decisões do c e n t r o mais dinâ mico do d e s e n v o l v i m e n t o c a p i t a l i s t a n a c i o n a l .

No capítulo s e g u i n t e a n a l i s a m o s cada um desses pr£ gramas de f o r m a mais d e t a l h a d a , n a t e n t a t i v a de m o s t r a r m o s a i n t e r relação e n t r e e l e s , a superposição de a t i v i d a d e s e os o b j e t i v o s e£ t a b e l e c i d o s p o r cada um, nos documentos o f i c i a i s que os c r i a r a m D e n t r o dessa p e r s p e c t i v a , é possível a v a l i a r m o s as "distorções" en

t r e os o b j e t i v o s programados e os r e s u l t a d o s a t i n g i d o s na prática,

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t a n t o p e l a SUDENE, como p e l o s o u t r o s órgãos r e g i o n a i s de d e s e n v o l v i m e n t o do N o r d e s t e .

0 estudo dos Programas E s p e c i a i s c r i a d o s p e l o GrO v e r n o F e d e r a l p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o do N o r d e s t e , em p a r t i c u l a r o e s t u d o do P r o j e t o S e r t a n e j o , e x i g e a compreensão do c o n t e x t o h i s tórico da política econômica g e r a l do País. P o i s , como meios, esses programas estão i n s e r i d o s na dinâmica g e r a l da economia b r a s i l e i r a e fazem p a r t e do corpo de medidas d e s e n v o l v i d a s p e l o go v e r n o , no N o r d e s t e . Assim, n e s t e capítulo procuramos d e s t a c a r ele mentos característicos do período mais r e c e n t e , bem como c e r t o s a s p e c t o s teóricos que servem, de base p a r a a nossa análise.

Mudada a política p a r a o N o r d e s t e , s o b r e t u d o a p a r t i r do ano de 1970 e d e p o i s com novas medidas complementares , a p a r t i r de 1974, através da criação de novos p r o g r a m a s , c o n f i g u r o u - s e novo p a c t o de p o d e r , c u j o o b j e t i v o básico, é a realização do " d e s e n v o l v i m e n t o " n a c i o n a l concedendo a i n d a m a i s , a b e r t u r a da nossa economia aos i n t e r e s s e s do c a p i t a l e s t r a n g e i r o . 0 r e g i m e m i l i t a r que se i m p l a n t o u em 1964, d i a n t e das amplas mobilizações p o p u l a r e s , da resistência de s e t o r e s c l a s s i s t a s o r g a n i z a d o s , de p r o n u n c i a m e n t o s contrários de p a r c e l a da c l a s s e média e da burgue s i a n a c i o n a l i s t a remanescente, em relação à a b e r t u r a d e s v a i r a d a da economia n a c i o n a l aos i n t e r e s s e s e s t r a n g e i r o s , somente v e i o a se c o n s o l i d a r no ano de 1968, com a aplicação de a t o s i n s t i t u c i o -n a i s de exceção, que excluíam das gra-ndes decisões políticas e

econômicas, os segmentos p o p u l a r e s o r g a n i z a d o s da s o c i e d a d e c i v i l b r a s i l e i r a . 0 ano de 1968 c u l m i n o u com o início do p r o p a l a d o " mi-l a g r e " b r a s i mi-l e i r o , de que já f a mi-l a m o s a n t e r i o r m e n t e .

No ano de 1970, p o r t a n t o no auge do " m i l a g r e " , o Governo F e d e r a l m o b i l i z a v a os seus i n s t r u m e n t o s de ação r e p r e s s o -r a e o a p a -r e l h o ideológico, v i s a n d o à implementação p-rática do modelo econômico f o r j a d o p e l o s t e c n o c r a t a s da política econômica

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do B r a s i l , n a q u e l a época. T a l política v i s a v a à integração p l a n e j a da da economia n o r d e s t i n a ao C e n t r o - S u l do País, que se i n t e g r a v a aos monopólios e s t r a n g e i r o s . No b o j o desses grandes Programas são c r i a d o s os e s p e c i a i s p a r a o N o r d e s t e . Recomendados do cima p a r a b a i x o , p e l a s cúpulas políticas e p e l o s t e c n o c r a t a s , com a p o i o do r e g i m e m i l i t a r em vigência, d e i x a r a m de c o n t e m p l a r os segmentos ma i s i n t e r e s s a d o s , como as associações de m o r a d o r e s , os S i n d i c a t o s R u r a i s e Urbanos, a Ordem dos Advogados do B r a s i l - OAB, as Federa ções de T r a b a l h a d o r e s , e t c . Razão p o r q u e , os problemas s o c i a i s e econômicos do N o r d e s t e , em relação ao C e n t r o - S u l , tendem a aumen t a r , ao l o n g o dos anos. T a i s programas acima, r e f e r i d o s , v i s a m i n t e _ g r a r a economia n o r d e s t i n a a°s monopólios nacionaáo e e s t r a n g e i r o s t o c a n t e ao p r o c e s s o de acumulação de c a p i t a l , sem mexer com p r o f u n d i d a d e na e s t r u t u r a p r e e x i s t e n t e , consequentemente, sem s o l u c i o -n a r os g r a v e s problemas sócio-eco-nômicos acumulados há deze-nas de anos.) A t e n t a t i v a de " r e s o l v e r " os problemas do N o r d e s t e , v i a P r o -gramas E s p e c i a i s , vem causando grandes p r e j u i z o s aos t r a b a l h a d o r e s

e pequenos empresários do campo e da c i d a d e , em f a c e da política de proteção g o v e r n a m e n t a l aos grandes g r u p o s econômicos e de ações discriminatórios em benefício de uns pou.cos.

P o r t a n t o , o " m i l a g r e " b r a s i l e i r o , tão d i v u l g a d o p£ l a i m p r e n s a burguesa n a c i o n a l e e s t r a n g e i r a e p e l o s e c o n o m i s t a s a pologéticos, como um sucesso do modo de produção c a p i t a l i s t a , na r e a l i d a d e s i g n i f i c o u um m i l a g r e das c l a s s e s t r a b a l h a d o r a s em g e r a l e de p a r c e l a dos pequenos e médios empresários n a c i o n a i s , t e r e m s o b r e v i v i d o .

A reanimação da economia b r a s i l e i r a n a q u e l e perío-do, deu-se m u i t o mais p e l o s mecanismos adotados p e l o E s t a d o , as_

10. 0 período do " M i l a g r e " d i v i d e - s e em duas f a s e s . A p r i m e i r a de 1968 a I97O ( p r i m e i r o s e m e s t r e ) eia que o P r o d u t o I n t e r n o B r u t o - PIB do B r a s i l c r e s c e u a t a x a de 1 0 / ao ano. 0 segundo perío-do f o i de 1970 a 1974, em que o PIB perío-do B r a s i l , c r e s c e u a t a x a s de 1 3 / ao ano.

SOUZA, N i l s o n Araújo de, I n C r i s e s Y Iuchai de C l a s s e s en B r a s i l , México, D.F. j u l h o / 1 9 8 0 , P. 263.

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s o c i a d o s à grande b u r g u e s i a , do que p o l o dinamismo l i v r e da economia de mercado. Além dos mecanismos já c i t a d o s , podemos a c r e s c e n t a r o desmantelamento dos s i n d i c a t o s e organizações p o p u l a r e s , c o n t r o l e de preços agrícolas, liberação dos preços dos p r o d u t o s i n d u s t r i a i s , e t c .

D i a n t e de t a n t a s f a c i l i d a d e s p a r a i n v e s t i m e n t o s do grande c a p i t a l , o l e v a n d o em consideração a i n d a que o Estado p r e p a -r a , desde o início dos anos c i n q u e n t a , t o d a i n f -r a - e s t -r u t u -r a de t -r a n s

p o r t e , e n e r g i a , comunicação, construção de grandes b a r r a g e n s , e a i n d a da existência, no B r a s i l , de um parque i n d u s t r i a l construído na mes ma década, com grande p e r c e n t u a l de capacidade o c i o s a , a b u r g u e s i a passou a a t u a r fundamentalmente na área d i r e t a da produção i n d u s t r i a l de bens de l u x o e de bens de c a p i t a l , e na área e s p e c u l a t i v a do capi_ t a l f i n a n c e i r o , já que os i n v e s t i m e n t o s ie i n f r a - e s t r u t u r a ^e p r o d u

cão, d i a n t e das falências dos pequenos e médios empresários n a c i o n a i s , eram a d q u i r i d o s p e l o s grandes g r u p o s e s t r a n g e i r o s . De c e r t o m£ do, i s s o v e i o c o n t r i b u i r p a r a a elevação do p o t e n c i a l de produção e p r o d u t i v i d a d e , como também do p o t e n c i a l de acumulação de c a p i t a l em s e t o r e s específicos de economia, uma vez que a ação combinada de vá r i o s f a t o r e s , m a t e r i a l i z a d a na elevação da t a x a g e r a l de l u c r o p e r m i t i a a reanimação da economia com rápida concentração e centralização de c a p i t a l que se denominou " m i l a g r e " b r a s i l e i r o , período em que r e g i s t r o u - s e uma grande e n t r a d a de c a p i t a l e s t r a n g e i r o em nosso país.

Nesse s e n t i d o , o p r o f e s s o r N i l s o n Araújo f a z a s e -g u i n t e afirmação:

" I s t o tem a v e r com a f o r m a de i n t e -gração da economia b r a s i l e i r a ao s i s t e m a c a p i t a l i s t a i n t e r n a c i o n a l , ao imperialismo„ A penetração massi_ va de c a p i t a l e s t r a n g e i r o r e g i s t r a -da a p a r t i r de 1968 p e r m i t i a de um l a d o , e e x i g i a de o u t r o , a i m p o r t a ção de máquinas,equipamentos e i n s u mos básicos, desde as m a t r i z e s " .1 1

CU s e j a , a expansão i n t e r n a da produção de bens de c a p i t a l no B r a s i l até o início do " m i l a g r e " b r a s i l e i r o ( 1 9 6 8 ) , e r a de

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pouca significação. P a r t e da b u r g u e s i a n a c i o n a ] através da a b e r t u r a da economia ao c a p i t a l e s t r a n g e i r o , e n c o n t r a v a mecanismos dc a r t i c u -lação com os monopólios e x t e r n o s , v i s a n d o a Formas que p o s s i b i l i t a s sem e x p a n d i r a importação de bens de c a p i t a l e com i s s o g a r a n t i r a manutenção da elevação da t a x a de l u c r o .

A p a r t i r de 1 9 7 1 , as importações de bens de c a p i t a l cresceram c o n s i d e r a v e l m e n t e , em relação a r e c e n t e s períodos a n t e r i o r e s

"De 1969 a 1970, as importações b r a s i l e i r a s c r e s c e r a m em 22,7?' ao passo que, de 1971 a 1974, as importações

de bens de c a p i t a l cresceram na ordem de 36,4^. Por o u t r o l a d o , as compras i n t e r n a s de bens de c a p i t a l de o r i g e m n a c i o n a l a p r e s e n t a r a m um p e r c e n t u a l de c r e s c i m e n t o m u i t o i n f e r i o r , nesses mesmos períodos. De 1969 a 1970,a pr£ dução de bens de c a p i t a l c r e s c e u ape_ nas 11> ao ano. No período de 1971 a 1974, o c r e s c i m e n t o f o i de 167'".12

Por o u t r o l a d o , a a g r i c u l t u r a b r a s i l e i r a e o s e u ní v e l tecnológico, que até o f i m dos anos s e s s e n t a v i n h a cumprindo o seu p a p e l no c o n t e x t o g l o b a l da acumulação c a p i t a l i s t a n a c i o n a l , f o i chamada a i m p r i m i r novas técnicas de produção, uso de insumos quí_ m i c o s , de máquinas e equipamentos modernos, daí a criação e e x e c u

ção de vários programas e s p e c i a i s p a r a o B r a s i l e p a r a o N o r d e s t e , a p a r t i r , s o b r e t u d o , de 1970. Essa p o s t u r a f a z p a r t e do novo c i c l o m£ d e r n i z a n t e do c a p i t a l , no B r a s i l , e da n e c e s s i d a d e de b u s c a r na eco nomia agropecuária, a l t e r n a t i v a s p a r a a reprodução c a p i t a l i s t a .

A produção agrícola de nível tecnológico " a t r a s a d o " r e v e l a v a que a a g r i c u l t u r a não e s t a v a i n t e g r a d a ao p r o c e s s o de p r o d u ção c a p i t a l i s t a ao nível n a c i o n a l . P o r t a n t o , e r a necessário a ado ção de produção moderna v o l t a d a p a r a o mercado de p r o d u t o s de o r i gem i n d u s t r i a l e de p r o d u t o s agrícolas não alimentícios, como adu bos químicos, d e f e n s i v o s , e t c .

A p a r desse estágio de d e s e n v o l v i m e n t o da a g r i c u l t u 1 2 . Idem, Ibidem, p. 274.

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r a b r a s i l e i r a , novas políticas foram implementadas, com as s e g u i n t e s argumentações: 1 ) as técnicas agrícolas empregadas no moio r u r a l b r a s i l e i r o , comparadas ao nível tecnológico g e r a l do o u t r o s s e t o r e s da economia, passavam a s e r incompatíveis, n a q u e l e momento, ao p r o c e s s o g e r a l de reprodução c a p i t a l i s t a e p o r i s s o , a a g r i c u l t u r a t e r i a de c u m p r i r o p a p e l de i n s t r u m e n t o acumulador, a taxas de l u c r o mais sa tisfatórias; 2 ) se não contribuía s a t i s f a t o r i a m e n t e em relação a ou t r o s s e t o r e s da economia, n e c e s s i t a v a m o d e r n i z a r - s e a f i m de a t r a i r novos i n v e s t i m e n t o s ; 3 ) a a g r i c u l t u r a t e r i a de c u m p r i r o seu p a p e l de e s t i m u l a d o r à criação de mercado de p r o d u t o s , máquinas e e q u i p a -mentos i n d u s t r i a i s , p o r um l a d o , e f o r n e c e d o r de matérias-primas pa r a as agroindústrias que p r o p i c i a s s e m redução dos c u s t o s o p e r a c i o n a i s e do c u s t o de reprodução da força do t r a b a l h o , p o r o u t r o , i m p l i c a n d o o aumento da t a x a de l u c r o da b u r g u e s i a n a c i o n a l e dos monopólios es t r a n g e i r o s .

A produção agrícola a l i m e n t a r , que no B r a s i l se o r i _ g i n a b a s i c a m e n t e do pequeno p r o d u t o r r u r a l , s o f r e grandes prejuísos, além da política de preços mínimos, a nível de p r o d u t o r , l e v a d a a e f e i t o p e l o Governo F e d e r a l , não c o r r e s p o n d e r à r e a l i d a d e , as conce£ soes de i n c e n t i v o s f i s c a i s e f i n a n c e i r o s - não a t i n g e m s a t i s f a t o r i a m e n t e à m a i o r i a . Por essas razões, e n t r e o u t r a s , o pequeno p r o d u t o r não tem meios de m o d e r n i z a r as suas u n i d a d e s p r o d u t i v a s , o que r e s u l t a o declínio p r o g r e s s i v o do nível de produção e de p r o d u t i v i d a d e , na p e r da g r a d a t i v a dos seus meios de produção, na redução da o f e r t a de a l i _ mentos que i m p l i c a o aumento dos preços desses p r o d u t o s , m o t i v a n d o i n e v i t a v e l m e n t e , inflação de o f e r t a , no País e no n o r d e s t e . Esse ó o quadro da economia agrícola, n o t a d a m e n t e , no período autoritário, ou s e j a , de 1964 a março de 1985.

D i a n t e dessa situação, t a n t o s o f r e o s e t o r de p r o d u -ção de bens de consumo necessário, de o r i g e m agrícola, como o s e t o r de produção de bens de consumo necessário, de o r i g e m i n d u s t r i a l . TO d a v i a , g r o s s o modo, i s s o até p a r e c e contraditório, do p o n t o de v i s t a da ótica c a p i t a l i s t a . Mas, está i n t i m a m e n t e l i g a d o ao p l a n o

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econômi-co montado, a p a r t i r do ano de 1970, que c o n s i s t i u em i n t e g r a r s e t o r e s específicos da economia b r a s i l e i r a aos i n t e r e s s e s da grande b u r g u e s i a n a c i o n a l e ao c a p i t a l e s t r a n g e i r o , p e n a l i z a n d o a m a i o r i a do povo b r a s i l e i r o , i n c l u s i v e l e v a n d o à falência, c o n c o r d a t a e p e r d a de suas p r o p r i e d a d e s r u r a i s e meios m a t e r i a i s de produção, m i l h a r e s de pequenos empresários e p r o d u t o r e s sem t o r r a .

No t o c a n t e à c l a s s e t r a b a l h a d o r ; - , v e r i f i c a - s e , so b r e t u d o , a p a r t i r de 1970, um grande r e b a i x a m e n t o s a l a r i a l que t o r na incompatível a sua sobrevivência e a g a r a n t i a de reprodução da força de t r a b a l h o de sua família. 0 t r a b a l h a d o r , s o b r e t u d o do cam-po, se o b r i g a , o r a a t r a b a l h a r mais i n t e n s a m e n t e p a r a p r o d u z i r m a i s , numa jornada, de t r a b a l ! o f i x a , o r a se o b r i g a a i n c o r p o r a r membros da família ao mercado de t r a b a l h o , v i s a n d o a complementar a r e n d a f a m i l i a r necessária à sobrevivência. T o d a v i a , i s s o não s i g n i f i c a v a aumento da'renda f a m i l i a r , uma vez que, com a política de " a r r o c h o " s a l a r i a l , a r e n d a r e a l do t r a b a l h a d o r t e n d i a a se r e d u z i r cada. vez m a i s . Os salários pagos às m u l h e r e s e aos f i l h o s de menor i d a d e , ram sempre abaixo do v a l o r do salário mínimo o f i c i a l do t r a b a l h a d o r a d u l t o m a s c u l i n o . Essa f o i o u t r a a l t e r n a t i v a u t i l i z a d a p e l a b u r g u e s i a n a c i o n a l e e s t r a n g e i r a e i m p o s t a às c l a s s e s menos f a v o r e c i d a s , p r i n c i p a l m e n t e no período do " m i l a g r e " , quando os g r a n d e s p r o p r i e -tários r u r a i s optavam com frequência p e l a contratação de mão-de-obra em caráter temporário, como f o r m a de se l i v r a r e m das pressões dos s i n d i c a t o s r u r a i s e do cumprimento dos d i r e i t o s t r a b a l h i s t a s . Somen t e n a época do p i q u e das a t i v i d a d e s v i t a i s na agropecuária se con-t r a con-t a v a m con-t r a b a l h a d o r e s como a s s a l a r i a d o s e v e n con-t u a i s , sem o d e v i d o pa gamento de obrigações s o c i a i s p e r t i n e n t e s ao vínculo empregatício.-^

13. No B r a s i l , em 1972, h a v i a 6 milhões e 845 m i l t r a b a l h a d o r e s as s a l a r i a d o s temporários, c o n t r a 975 m i l t r a b a l h a d o r e s permanen -t e s . Os -t r a b a l h a d o r e s permanen-tes em 1967 somavam 1 milhão e 400 m i l , enquanto em 1972, esse número se r e d u z i u p a r a 975 m i l .

Porrte: GUIIvlARÃES, A l b e r t o Passos. A g r i c u l t u r a e Complexo A g r o i n d u s -t r i a l . R e v i s -t a Opinião, novembro de 1975, p. 8.

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A modernização no campo, noa moldes c a p i t a l i s t a s , a-lem de d e s t r u i r a produção f a m i l i a r camponesa, d e s p o j a a m a i o r i a dos p r o d u t o r e s r u r a i s dos seus meios de produção, t r a n s f o r m a n d o - o s cm t r a b a l h a d o r e s a s s a l a r i a d o s no campo e nas c i d a d e s .

Por não e s t a r e m p r e p a r a d o s p a r a e x e r c e r c e r t a s f u n çoes e s p e c i a l i z a d a s no meio u r b a n o , e em razão de o mercado de t r a b a l h o não a b s e r v a r t o d a a mãodeobra e x c e l e n t e no campo, t r a n s f o r m a m -se em m a r g i n a i s que -se aglomeram em f a v e l a s das p e r i f e r i a s das c i d a des, em péssimas condições de v i d a . f o r o u t r o l a d o , se c o n s t i t u e m n u ma grande r e s e r v a de mãodeobra que do p o n t o de v i s t a do c a p i t a l i s -mo, f a v o r e c e m à compressão s a l a r i a l p a r a b a i x o e com i s s o r e d u z a

c o m p e t i t i v i d a d e do t r a b a l h o e os c u s t o s o p e r a c i o n a i s no s e t o r de p r o dução i n d u s t r i a l e de serviços.

P o r t a n t o , mesmo com uma grande expansão do c a p i t a l i s mo no campo, r e g i s t r a d a no período do " m i l a g r e " , em que as relações

de prodiição f o r a m s i g n i f i c a t i v a m e n t e modernizadas e se r e g i s t r a r a m e levadíssimas t a x a s do P r o d u t o I n t e r n o B r u t o - P I B do B r a s i l , com uma.

contribuição do s e t o r agrícola e pecuário n a c i o n a l , a c r i s e que se abatei.i no c a p i t a l i s m o i n t e r n a c i o n a l , sobre toldo na década de s e t e n t a , t r o u x e r e f l e x o s n e g a t i v o s p a r a o B r a s i l , uma. vez que a economia b r a l e i r a , p e l o seu g r a u de dependência, e s t a v a i n t i m a m e n t e l e g a d a aos i n t e r e s s e s hegemônicos do c a p i t a l e s t r a n g e i r o . Houve então, t r a n s f e -rência de c r i s e p o i s , a a b e r t u r a da economia b r a s i l e i r a ao c a p i t a l e s t r a n g e i r o , c o m participação e f a v o r e c i m e n t o s do E s t a d o , a p a r t i r do c u r t o período de maturação desses i n v e s t i m e n t o s m o d e r n i z a n t e s no cara po e nas c i d a d e s , o c a p i t a l e s t r a n g e i r o passa a c o n t r o l a r o mercado i n t e r n o e d e t e r m i n a r a n o s s a f o r m a de organização da produção. Esse c o n t r o l e é mais f o r t e na área de produção i n d u s t r i a l e no s e t o r f i -n a -n c e i r o . 0 B r a s i l que há pouco tempo t i -n h a i m p r e s s i o -n a d o o mu-ndo,

com obtenção de elevadas t a x a s de c r e s c i m e n t o do seu P r o d u t o I n t e r n o B r u t o em um p e r i o d o c u r t o , p a s s a do d e n o m i n a d o " m i l a g r e " b r a s i l e i r o , p a r a r e g i s t r a r uma grande c r i s e do " m i l a g r e " , c r i s e essa que se man tém até os d i a s a t u a i s .

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Além do que a n t e s se expõe, o u t r o r e f l e x o n e g a t i v o p a r a os países dependentes, a exemplo do B r a s i l , c que o c o n t r o l e e x e r c i d o p e l o grande c a p i t a l , notadamente em épocas de c r i s e , i m p l i c a quase sempre, a elevação dos preços dos Loas de c a p i t a l e de "bens de l u x o , que garantem aos g r u p o s m o n o p o l i s t a s , m a i o r t a x a de l u c r o nas f i l i a i s , compensando as p e r d a s r e g i s t r a d a s nas suas ma t r i z e s , t o d a v i a , i s s o só e possível o c o r r e r na prática, se as a u t o r i d a d e s políticas e econômicas não se m a n i f e s t a r e m c o n t r a essas gestões p r e j u d i c i a i s ao país, em f a v o r da pátria e do sou povo.

R e g i s t r a d a , a. c r i s e do " m i l a g r e " , com a economia na c i o n a ] a t i n g i n d o nível z e r o de c r e s c i m e n t o , e l e v a d o índice de d£ semprogo, miséria e violência g e n e r a l i z a d a s ; o Governo p r e s s i o n a d o p e l a b \ i r g u e s i a passa a c r i a r programas d e s t i n a d o s a a m p l i a r o cam po de inversão de c a p i t a l no meio r u r a l , o b j e t i v a n d o a redução de e f e i t o s da c r i s e sobre a economia n a c i o n a l , bem como amainand.o as tensões s o c i a i s no campo e na c i d a d e .

0 N o r d e s t e b r a s i l e i r o , p o r s e r uma. p a r t e do B r a s i l em que a l g u n s s e t o r e s da economia a i n d a não estavam d e v i d a m e n t e i n t e g r a d o s , n e c e s s i t a v a da criação de políticas específicas v i s a n d o a essa integração.

D e n t r e vários Programas E s p e c i a i s c r i a d o s a p a r t i r de 1970, d e s t a c a - s e o P r o j e t o S e r t a n e j o , o b j e t o d e s t e estudo.Ê* a-través da siia análise que procuramos m o s t r a r uma. das f o r m a s de r e produção do c a p i t a l i s m o no meio r u r a l n o r d e s t i n o e as formas de i n tegração da economia r e g i o n a l ao c o n t e x t o mais amplo da economia n a c i o n a l .

Conforme a sua análise, observamos que o E s t a d o , a través desses programas, tem cumprido um p a p e l m u i t o i m p o r t a n t e , n a t e n t a t i v a de superação dessa crise„ Além d i s s o , a expansão do capi_ t a l i s m o no meio r u r a l e a f o r m a de intervenção do E s t a d o nos e s t i mula a d e d i c a r m a i o r tempo ao e s t u d o dos Programas E s p e c i a i s c r i a dos p a r a oNordeste a p a r t i r do ano de 1974, e se c o n s t i t u e m o b j e t o do nosso próximo capítulo.

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2.1 - Industrialização: Panaceia p a r a os problemas do N o r d e s t e .

"Quando se c r i o u a SUDENE, se p r e t e n deu que a industrialização f o s s e ba seada no me r c a d o da região, l i g a d a à sua própria r e a l i d a d e . H o j e , c r i o u se um d e s e n v o l v i m e n t o considerável, mas se r e d u z i u a v e l h a s o c i e d a d e nu ma dimensão m u i t o m a i o r " . 1 4

D i a n t e das tensões s o c i a i s r e g i s t r a d a s nos f i n s da década de c i n q u e n t a , t a n t o no campo como nas c i d a d e s , o N o r d e s t e , p o r s e r a região b r a s i l e i r a de m a i o r e s problemas s o c i a i s e p e l o desní v e l de s e u d e s e n v o l v i m e n t o em relação ao Sudeste, acumulava a cada ano os m a i o r e s índices de miséria e p o b r e z a do país, quiçá do mundo. T o d a v i a , essas distâncias s o c i a i s estavam r e l a c i o n a d a s d i r e t a m e n t e

ao d e s e n v o l v i m e n t o d e s i g u a l da economia n o r d e s t i n a , em relação com o d e s e n v o l v i m e n t o g e r a l do c a p i t a l i s m o a nível n a c i o n a l .

As pressões s o c i a i s e econômicas que se r e g i s t r a v a m no país, somadas à n e c e s s i d a d e de c r i a r condições de integração do d e s e n v o l v i m e n t o do c a p i t a l i s m o n a c i o n a l , f i z e r a m com que o P r e s i d e n t e J u s c e l i n o K u b i t s c h e c k d e t e r m i n a s s e a criação do Grupo de T r a b a l h o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o do N o r d e s t e (GTDN) a f i m de e s t u d a r e p r o p o r política p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o r e g i o n a l com o o b j e t i v o de t i r a r a

economia n o r d e s t i n a do e s t a d o de l e t a r g i a em que se e n c o n t r a v a p r i n -c i p a l m e n t e a p a r t i r da -c r i s e do modelo primário e x p o r t a d o r -c u j a base de sustentação e r a a produção de cana-de-açúcar0

A p r o p o s t a econômica básica do GTDN e r a a i n d u s t r i a -lização do N o r d e s t e , acompanhada de indicações técnicas p a r a a trans_ formação na organização da produção agrícola que, n a q u e l e momento, e_ r a c o n s i d e r a d a como um dos obstáculos ao d e s e n v o l v i m e n t o r e g i o n a l .

P o r t a n t o , a saída p r o p o s t a e r a a industrialização, que d e v e r i a f u n c i o n a r como elemento d i n a m i z a d o r e a i n d a p r o p i c i a d o r 14. FURTADO,Celso. E n t r e v i s t a P u b l i c a d a p e l o COOJORNAL, ns67,

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setem-do c r e s c i m e n t o setem-do P r o d u t o I n t e r n o B r u t o - PJ ]•; r e g i o n a l , a exemplo das a t i v i d a d e s a g r o - e x p o r t a d o r e s em épocas a n t e r i o r e s . "0 o b j e t i v o p r i n c i p a l s e r i a a i n t e n sificação dos i n v e s t i m e n t o s i n d u s t r i a i s , v i s a n d o a c r i a r no KordeIT t e , um c e n t r o autônomo de expan são m a n u f a t u r e i r a m e d i a n t e o i n c e n t i v o à, 1 ) indústrias de base, c 2) indústrias que a p r o v e i t a s s e m ma térias-primas r e g i o n a i s " . 1 5

Argumentavase que a saída da c r i s e p e l a v i a i n -d u s t r i a l v i n h a c o i n c i -d i r com " c e r t a s " con-dições favoráveis, como criação de mercado r e l a t i v a m e n t e g r a n d e ; d i s p o n i b i l i d a d e de mate r i a s - p r i m a s e existência de um grande c o n t i n g e n t e de mão-de- obra. de c u s t o r e d u z i d o em relação ao preço da mão-de-obra do C e n t r o s u l .

Por último, o modelo i n d u s t r i a l p r e c o n i z a d o p e l o Grupo de T r a b a l h o para. o D e s e n v o l v i m e n t o do n o r d e s t e , c r i a r i a um grande mercado de emprego u r b a n o a p a r t i r da produção siderúrgica e das a t i v i d a d e s de transformação de f e r r o e aço e indústrias m£ cânicas s i m p l e s , como as de i m p l e m e n t o s agrícolas, móveis metáli_ cos, e t c , e em termos de indústrias básicas, do i n c r e m e n t o regio_ n a l da produção de c i m e n t o e de adubo.

0 D e s e n v o l v i m e n t o da economia n o r d e s t i n a pela. v i a i n d u s t r i a l , tendo p o r base os próprios r e c u r s o s da região, melii£ r a r i a o nível de c o m p e t i t i v i d a d e e p r o d u z i r i a um e f e i t o ps.icológi_ co capaz de t r a n s m i t i r dinamismo ao r e s t o do a p a r e l h o p r o d u t i v o .

O u t r a preocupação f u n d a m e n t a l e r a com relação a existência do parque i n d u s t r i a l já i n s t a l a d o e a modernização das indústrias têxteis, o b j e t i v a n d o o e n f r e n t a m e n t o da concorrência com s i m i l a r e s do Sudeste do país.

0 Grupo de T r a b a l h o p a r a o D e s e n v o l v i m e n t o do Ror d e s t e (GTDN) ao e l a b o r a r sua p r o p o s t a de criação e d e s e n v o l v i m e n -t o das indús-trias acima mencionadas, v i s a v a a d o -t a r essa região de uma base econômica que f u n c i o n a s s e como novo f o c o de dinamismo 1 5 . ARAÚJO, Tânia Bacelar de. A Questão Nordeste, Paz e T e r r a Rio

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