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Academic year: 2021

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TÍTULO: ATROFIA DE MULTIPLOS SISTEMAS: RELATO DE CASO DR DIAGNÓSTICO REALIZADO EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA:

SUBÁREA: MEDICINA SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): LORENA FALEIRO RODRIGUES, LAIZE CRISTINE DOS SANTOS AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): MARIANA GARCIA DA FREIRIA DUARTE ORIENTADOR(ES):

COLABORADOR(ES): DEBORAH CRISTINA GOULART FERREIRA COLABORADOR(ES):

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Atrofia de Multiplos Sistemas: Relato de caso dr diagnóstico realizado em Hospital Universitário

RESUMO INTRODUÇÃO

A atrofia de múltiplos sistemas (AMS) é uma doença de início no adulto, neurodegenerativa, caracterizada por falência autonômica progressiva, características parkinsonianas, cerebelares e piramidais em várias combinações. ¹ A AMS tem uma variedade de apresentações clínicas, sendo um grande desafio diagnóstico não apenas em neurologia, mas também em outras especialidades incluindo cardiologia, gastroenterologia, urologia, otorrinolaringologia e medicina do sono. Apesar de ter uma progressão motora rápida, a AMS pode mascarar-se como doença de parkinson ou ataxia cerebelar de início tardio idiopática antes dos estágios avançados da doença. ¹

O termo atrofia de múltiplos sistemas foi inicialmente usado em 1969 para descrever três entidades neurológicas: atrofia olivopontecerebelar, a síndrome de Shy-Drager e a degeneração estriatonigral.

A prevalência pode ser estimada em 4.9 casos em 100.000 na população geral, podendo aumentar para 7.8 para população de 100.00 acima de 40 anos. ²

Os casos do subtipo parkinsoniano superam os casos de subtipo cerebelar na maioria dos países, embora no Japão o subtipo cerebelar seja mais frequente por provável influência de fatores genéticos. 3,4

O início da doença é usualmente na sexta década de vida e ambos os gêneros são afetados igualmente. A sobrevida média após o início dos sintomas é de 6 a 10 anos, com poucos pacientes sobrevivendo mais de 15 anos.

A doença é considerada esporádica. No entanto, os fatores genéticos desempenham um papel etiológico em algumas famílias. Em algumas linhagens japonesas e europeias, a AMS tem sido transmitida pelo padrão autossômico dominante ou herança recessiva.

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Figura 1. Características fisiopatológicas da Atrofia de Múltiplos Sistemas (AMS). Fatores genéticos e ambientais podem contribuir para o início da cascata fisiopatológica da AMS. Relocalização da p25α no oligodendrogliassoma é um evento precoce, seguido de inchaço celular e absorção ou a sobre-expressão de α-sinucleína anormal por oligodendroglia α-α-sinucleína e p25α precipitado em inclusões citoplasmáticas gliais, que dificultam o suporte neuronal trófico e induz a ativação da microglia. Erro de armazenamento de α-sinucleína a faz ser liberada pelos oligodendrócitos disfuncionais, podendo ser tomada por neurônios vizinhos para formar inclusões citoplasmáticas neuronais. Neuroinflamação, perda de apoio neurotrófico e disfunção neuronal devido a inclusões de α-sinucleína sinergicamente contribuem para a morte neuronal na via estriatonigral, olivopontocerebelar e via

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autonômica central, resultando em parkinsonismo com fraca resposta ao levodopa, ataxia cerebelar e falência autonômica de múltiplos domínios (conforme Figura 1).

Embora os mecanismos patogênicos subjacentes à atrofia de múltiplos sistemas permaneçam parcialmente obscuros, há uma convergência de evidências de modelos pré-clínicos e estudos post-mortem sugerindo que é uma oligodendrogliopatia primária.

Assim como a Doença de Parkinson, a AMS tem uma fase prodrômica pré-motora em 20 a 75% dos casos, incluindo disfunção sexual, retenção urinária ou urge-incontinência, hipotensão ortostática, estridor inspiratório, alteração no sono REM e desordens do humor meses a anos antes de aparecerem os primeiros sintomas motores.

O sintoma dominante pode ser o parkinsonismo (AMS-P) ou disfunção cerebelar (AMS-C). O parkinsonismo com lentidão dos movimentos, rigidez e tendência a quedas, caracteriza a apresentação motora da AMS-P 5. A degeneração progressiva do estriado é responsável pela fraca resposta ou não resposta a levodopa, o que é um critério diagnóstico mandatório para provável AMS subtipo parkinsoniano. Mesmo assim uma resposta transitória a levodopa pode ser observada em 40% dos pacientes durante o estágio inicial da doença, isso as vezes acompanhado de movimentos involuntários induzidos por drogas, como a distonia cabeça-pescoço. A ataxia cerebelar predomina na apresentação motora da AMS-C 5,6. O comprometimento consiste na marcha com base alargada, movimentos incoordenados dos membros, tremor de ação e espontâneo, entre outros sintomas. Quedas recorrentes, disfonia, disartria, aumento da salivação e disfagia são características de doença avançada. A insuficiência autonômica precoce e grave é uma característica fundamental da AMS, e os domínios mais frequentemente afetados são urogenital e cardiovascular. A hipotensão ortostática é a principal característica da falência autonômica cardiovascular clinicamente estabelecido em AMS. Em relação ao aparelho respiratório, o estridor inspiratório diurno ou noturno se desenvolve em 50% dos pacientes em algum momento, mas é mais frequente na doença avançada que em estágios iniciais e a apneia do sono afeta 40% dos pacientes. Outras características da falência autonômica na AMS inclui constipação intestinal, anormalidades pupilo-motoras, vasomotoras e falência termo reguladora com sudorese diminuída 7,8. Em relação aos sintomas psiquiátricos, os pacientes

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podem apresentar labilidade emocional, com mudanças de humor, depressão, ansiedade, ataques de pânico e ideação suicida.

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OBJETIVO

Evidenciar a boa resposta terapêutica de paciente com atrofia de múltiplos sistemas quando a associação levodopa/carbidopa foi substituída por levodopa/benserazida. JUSTIFICATIVA

A atrofia de múltiplos sistemas é caracterizada por um implacável agravamento dos sintomas motores e não motores durante um período médio de 10 anos, com uma progressão mais rápida no início. O melhor conhecimento desta patologia, seu desenvolvimento, sintomas e tratamento é de extrema importância para melhor qualidade de vida do indivíduo afetado.

METODOLOGIA

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RESULTADOS Relato do caso

Identificação: N. B. M, 66 anos, natural de São Paulo e procedente de Ribeirão Preto há aproximadamente 1 ano, costureira, católica, escolaridade 1º grau completo, casada, mãe de 4 filhos.

Queixa e duração: Piora progressiva da marcha e disfagia há 1 ano.

História da Moléstia Atual: Acompanhante refere que há 6 anos sua mãe iniciou com quadro de tontura, sendo tratada como labirintite. Neste período fez o tratamento, porém não houve resposta. Há 3 anos foi avaliada por outro especialista que a diagnosticou com doença de Parkinson. Há 1 ano houve piora acentuada da marcha. O agravamento da marcha ocorreu lentamente até 10 meses atrás e a partir disto uma piora abrupta. Há 7 meses fazia uso de andador e hoje é cadeirante para se locomover. Apresentou 3 quedas no período de 1 mês. Relata dificuldade de deglutição e alguns meses após, notou mudanças no tom de voz e surgiu a dificuldade em articular as palavras.

Exames: Trouxe ressonância magnética de crânio realizada em 2013, solicitada no serviço em que fazia acompanhamento devido à alteração da marcha, na qual foi evidenciada degeneração olivopontocerebelar esporádico de atrofia dos múltiplos sistemas com predomínio cerebelar.

Medicamentos em uso: carbidopa+levodopa 25/250 mg ½ comprimido pela manhã, ¼ a tarde e ¼ a noite.

Interrogatório dos diversos aparelhos: perda ponderal involuntária, constipação intestinal recente, incontinência urinária de urgência (em atual tratamento para infecção), alteração do sono com gritos e pesadelos durante a noite.

Antecedentes Pessoais: Nega etilismo, tabagismo, hipertensão, diabetes, cirurgias prévias, alergias ou internações.

Antecedentes familiares: nada digno de nota.

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Ao exame físico:

Geral: BEG, corada, hidratada, acianótica, anictérica, afebril ao toque, consciente e orientada.

Neurológico: Apresenta marcha lenta com base alargada, arrastada em passos pequenos e em bloco. Instabilidade postural e bradicinesia presentes.

Cardiovascular : PA em decúbito dorsal MSD: 110x70 mmHg; PA ortostático no 1° minuto MSD: 100x65 mmHg e PA ortostático no 3° minuto MSD: 85x65 mmHg. Hipótese diagnóstica: Atrofia de múltiplos sistemas possível

Conduta : A carbidopa+levodopa foi substituída por prolopa 100/25 mg (levodopa + benserazida) 1 comprimido às 7 horas, 11 horas, 15 horas e às 19 horas com orientação de tomada adequada. Iniciado lactulose xarope 667mg/ml 15 ml a noite e domperidona 10 mg antes das refeições principais. Retorno breve para reavaliação dos sintomas.

DISCUSSÃO

A patologia em discussão possui várias manifestações clínicas, as quais envolvem diversos sistemas. Dentre os sintomas mais prevalentes temos o parkinsonismo da atrofia de múltiplos sistemas, o qual é caracterizado por movimentos mais lentos, tendência a quedas e rigidez. Em média, 20-75% dos casos apresentam como sintomas pré-motores: hipotensão ortostática, incontinência urinária e alteração do comportamento do sono REM (rapid-eyes-movement) meses a anos antes dos sintomas motores ocorrerem.

O consenso de guidelines definiram 3 degraus para o diagnóstico da atrofia de múltiplos sistemas: definitivo, provável e possível 9. Onde o definitivo é post-mortem com a visualização de inclusões citoplasmáticas glial de α-sinucleína com atrofia olivopontocerebelar ou degeneração estriatonigral concomitantemente. O provável é definido como uma desordem esporádica e progressiva em adultos, caracterizados pela predominância de parkinsonismo refratário a levodopa e ataxia cerebelar. Finalmente, o possível, se caracteriza com uma desordem esporádica, progressiva, início na idade adulta com predominância de parkinsonismo ou ataxia cerebelar acompanhada de pelo menos algo sugestivo de falência autonômica.

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A paciente do caso relatado apresenta parkinsonismo, marcha lenta com base alargada, disartria, disfagia, desordem do sono REM, hipotensão postural, tonturas, constipação intestinal, incontinência urinária e uso de instrumentos que a ajudam na deambulação, além de ressonância compatível com atrofia de múltiplos sistemas com predomínio cerebelar. O que nos leva a um diagnóstico de possível atrofia de múltiplos sistemas.

O tratamento é sintomático e inclui medidas farmacológicas e não farmacológicas. Para aliviar os sintomas parkinsonianos, um aumento lento na dose de levodopa é aconselhável para minimizar a exacerbação de hipotensão ortostática, edema e náuseas, e é vista uma melhora transitória em 40% dos pacientes 5. A retirada de levodopa em pacientes que aparentemente não responderam a droga pode causar abrupta e as vezes irreversível piora dos sintomas motores. A paciente em questão estava fazendo o uso de carbidopa+levodopa, porém sem respostas significativas para o controle dos sintomas parkinsonianos. Entretanto, com o início do tratamento com levodopa+benserazida foi observado após 2 meses, melhora significativa da marcha em testes funcionais, equilíbrio, fala e disfagia, inclusive para alimentos líquidos. CONCLUSÃO

O tratamento com a levodopa+benserazida mostrou-se superior ao uso de carbidopa+levodopa neste caso específico de AMS avaliado em ambulatório de Geriatria de um Hospital Universitário. Consideramos que já será benéfico caso este efeito se prolongue o maior tempo possível, já que sabidamente estamos apresentando uma doença neurodegenerativa com piora progressiva.

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REFERÊNCIAS

1. Fanciulli A., M.D., and Wenning G. K., M.D., Ph.D.; Review Article: Multiple-System Atrophy; The new england journal of medicine 372;3 nejm.org January 15, 2015.

2. Bower JH, Maraganore DM, McDonnell SK, Rocca WA. Incidence of progressive supranuclear palsy and multiple system atrophy in Olmsted County, Minnesota, 1976 to 1990. Neurology 1997; 49: 1284-8.

3. Itoh K, Kasai T, Tsuji Y, et al. Definite familial multiple system atrophy with unknown genetics. Neuropathology 2014; 34: 309-13.

4. Stemberger S, Scholz SW, Singleton AB, Wenning GK. Genetic players in multiple system atrophy: unfolding the nature of the beast. Neurobiol Aging 2011; 32(10): 1924.e5-1924.e14.

5. Köllensperger M, Geser F, Ndayisaba JP, et al. Presentation, diagnosis, and management of multiple system atrophy in Europe: final analysis of the European multiple system atrophy registry. Mov Disord 2010; 25: 2604-12. 6. Bensimon G, Ludolph A, Agid Y, Vidailhet M, Payan C, Leigh PN. Riluzole

treatment, survival and diagnostic criteria in Parkinson plus disorders: the NNIPPS study. Brain 2009; 132: 156-71.

7. Lipp A, Sandroni P, Ahlskog JE, et al. Prospective differentiation of multiple system atrophy from Parkinson disease, with and without autonomic failure. Arch Neurol 2009; 66: 742-50.

8. Klein C, Brown R, Wenning G, Quinn N. The “cold hands sign” in multiple system atrophy. Mov Disord 1997; 12: 514-8.

9. Gilman S, Wenning GK, Low PA, et al. Second consensus statement on the diagnosis of multiple system atrophy. Neurology 2008; 71: 670-6.

Referências

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