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Proposição e aplicação de um índice de relevância, temporalidade e abrangência para valoração de danos ambientais

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Academic year: 2021

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Débora do Vale Schaper

PROPOSIÇÃO E APLICAÇÃO DE UM ÍNDICE DE RELEVÂNCIA, TEMPORALIDADE E ABRANGÊNCIA PARA

VALORAÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS

Dissertação submetida ao Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Ambiental.

Orientador: Profª. Nadia Bonumá Drª.

Florianópolis 2015

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Débora do Vale Schaper

PROPOSIÇÃO E APLICAÇÃO DE UM ÍNDICE DE RELEVÂNCIA, TEMPORALIDADE E ABRANGÊNCIA, PARA

VALORAÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de “Mestre em Engenharia Ambiental”, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Ambiental.

Florianópolis, 25 de setembro de 2015

________________________ Prof. Maurício Luiz Sens, Dr.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________ Prof.ª Nadia Bernardi Bonumá, Dr.ª

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof.ª Cátia Regina Silva de Carvalho Pinto, Dr.ª Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof. Guilherme Farias Cunha, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof. Pablo Heleno Sezerino, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

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AGRADECIMENTOS

Ao término de um curso de mestrado a realização pessoal vem da certeza que conseguimos progredir academicamente, tecnicamente e humanamente. A convivência durante todo este período com professores, colegas e orientadores, todos dedicados ao meio ambiente, renova as esperanças de que podemos ter um futuro melhor. Tratar de questões ambientais é tratar de um bem coletivo, é pensar no todo e em todos, agora e no futuro.

Eu gostaria de agradecer especialmente aos meus colegas de mestrado que fizerem com que esses meses de aulas, mesmo após o cansaço de um dia de trabalho, fossem mais leves, e diversas vezes muito divertidos.

Ao Gustavo gostaria de agradecer pelo amor, companheirismo e por ser a minha melhor torcida sempre! A vida e todas as conquistas são mais felizes estando ao seu lado.

Aos meus queridos pais, Vilma e Wando, que se dedicaram e se doaram tanto à nossa família. O amor e os ensinamentos de vocês me possibilitaram seguir o meu caminho com confiança. A minha irmã Marinão por ser mais que parte da minha família e ser também uma grande amiga.

A Universidade Federal de Santa Catarina que se propôs a fornecer um curso de mestrado que pudesse atender a profissionais que estão no mercado de trabalho, mas que têm o desejo de se aperfeiçoar e ampliar seus conhecimentos sem abrir mão da qualidade. Esta iniciativa eleva o padrão do que vem sendo desenvolvido nas empresas, e aproxima o conhecimento acadêmico da prática.

A Giani, Marta e Joaquim pelos meus primeiros fundamentos em meio ambiente aplicado à mineração e por compartilharem comigo seus conhecimentos.

A Professora Nadia Bonumá pela disponibilidade em me orientar e pelas contribuições para este trabalho.

Ao Professor Geraldo Wilson Fernandes da UFMG que com seu entusiasmo pela natureza cultivou em mim o encantamento pela área ambiental.

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“Tendo em conta as condições de que dispõe e na medida do possível, é a natureza que faz sempre as coisas mais belas e melhores.” Aristóteles

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RESUMO

Em situações específicas, onde se comprova a ocorrência de danos ambientais, a valoração econômica do recurso ambiental afetado pode constituir em uma ferramenta que fornece embasamento técnico para o alcance da reparação integral dos mesmos. Existem diversos métodos de valoração que objetivam captar as distintas parcelas do valor econômico dos recursos naturais. No caso de danos ambientais a avaliação tem foco nas alterações causadas no meio ambiente que direta ou indiretamente causaram uma degradação ambiental. Esta diretriz encontra-se alinhada com o disposto nos legislação ambiental vigente, que prevê primeiramente, a recuperação do bem lesado; e posteriormente, de forma subsidiária, a indenização pecuniária. O objetivo deste trabalho é consolidar um índice passível de ser aplicado na valoração econômica de danos ambientais. O referido índice integra fatores de relevância, temporalidade e abrangência. O Fator de Relevância - FR – é composto por indicadores ambientais que foram selecionados com base nas restrições e grau de proteção impostos pelos instrumentos e dispositivos legais, e busca representar a relevância ambiental da área afetada por determinado dano. O Fator de Temporalidade - FT busca refletir o período em que o recurso ambiental ficou comprometido em decorrência do dano, enquanto o Fator de Abrangência – FA busca refletir a extensão total da degradação. O somatório dos fatores de relevância, temporalidade a abrangência compõe o índice que pode chegar ao valor máximo de 1 ou 100%. O valor obtido a partir do índice pode ser aplicado sobre o total da valoração ambiental realizada buscando representar alguma parcela do recurso que não havia sido computada ou ainda fornecer subsidio técnico para cálculo de multa e indenizações. Um exemplo prático de valoração de danos ambientais e da aplicação do índice foi realizado para o caso da ruptura da Cava C1, ocorrida em junho de 2001 em Nova Lima, MG. Devido à ruptura, a estrutura utilizada para contenção de rejeitos do beneficiamento de minério de ferro da extinta Mineração Rio Verde Ltda., liberou 530.000 m³ de lama ao longo do vale a jusante causando elevada degradação ambiental em 79 hectares de Mata Atlântica no interior de Unidades de Conservação. A valoração realizada estimou o valor do dano ambiental em R$ 22.520.286,29, sendo R$ 5.662.934,49 referentes

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somente às ações de recuperação. Considerando a relevância da área afetada e a abrangência e temporalidade do dano ambiental ocorrido, o índice representou um valor numérico de 0,64 (ou 64%) que foi incidido sobre os custos de recuperação. Em valores pecuniários a aplicação do índice resultou em um montante de R$ 3.595.963,40, para o qual foram propostas três alternativas de aplicabilidade: composição da valoração ambiental, subsídio técnico para cálculo de multa, e por fim, sinalização do valor que poderia ter sido gasto com medidas de controle e prevenção do risco.

Palavras-chave: Valoração Ambiental; Valoração de Danos Ambientais, Recuperação de Áreas Degradadas, Serviços Ecossistêmicos.

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ABSTRACT

In specific situations which prove the occurrence of environmental damage, economic valuation of the affected environmental resource can be a tool that provides technical basis for achieving full reclamation. There are several methods of valuation that aim to capture the different portions of the economic value of natural resources. For environmental damage the assessment focuses on the changes that caused, directly or indirectly, degradation. This guideline is aligned with the requirements of environmental regulations, which primarily, establish the obligation for reclamation; and later, on an alternative way, the monetary compensation. The objective of this project is to consolidate an index that can be applied to the economic valuation of environmental damages. That index address issues about environmental relevance, temporality and coverage of the damage. The Relevance Factor consists in environmental indicators which were selected based on constraints and degree of protection imposed by legal instruments, and aim to represent the environmental significance of the area affected by damage. The Factor of Temporality aim to reflect the period which the environmental resource has been compromised due to damage, while the Coverage Factor objective to reflect the extension of degradation. The sum of the relevance, temporality and coverage factors comprises the index that can achieve the value of 1 or 100%. The value obtained from the index can be applied to the total environmental valuation carried out in order to represent some portion of the natural resource that had not been computed, or provide technical subsidies for fine calculation or financial provision. A practical example of environmental valuation and index application was developed with the failure of the pit Cava C1, which took place in June 2001 in Nova Lima, Minas Gerais. Due to the failure, the structure used to contain tailings from iron ore beneficiation owned by Rio Verde Mining released 530,000 cubic meters of mud along the downstream valley causing high environmental degradation in 79 hectares of Mata Atlântica Tropical Forest located in protected areas. The valuation performed estimated the value of environmental damage at R$ 22,520,286.29, of which R$ 5,662,934.49 was related only to the reclamation actions. Considering the relevance of the affected area and the extent and timeliness of

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environmental damage occurred, the index represents a numerical value of 0.64 (or 64%) which was applied on the reclamation costs. In monetary value the index application resulted in an amount of R$ 3,595,963.40, for which were proposed three applicability alternatives: composition of the environmental valuation, technical subsidy for fine calculation, and finally, signaling the value that could have been spent on control measures and risk prevention.

Keywords: Environmental Valuation; Environmental Damage Valuation; Reclamation, Ecosystem Services.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Representação do valor econômico de um recurso ambiental .. 29

Figura 2 - Impactos socioeconômicos da ruptura de barragens de rejeitos ... 56

Figura 3 - Croqui esquemático da ruptura da Cava C1 ... 59

Figura 4 - Imagem da ruptura da Cava C1 ... 59

Figura 5 - Vista do Vale Taquaras após ruptura da Cava C1 ... 64

Figura 6 - Análise temporal da recuperação das áreas degradadas pela ruptura da Cava C1 ... 73

Figura 7 - Análise comparativa de um mesmo trecho afetado pela ruptura da Cava C1 em 2002 e em 2012 ... 74

Figura 8 - Valores dos serviços ecossistêmicos da Mata Atlântica ... 81

Figura 9 - Centro da cidade de Miraí após a ruptura da Barragem São Francisco ... 88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tipos de Valores Captados pelos Métodos de Valoração ... 32 Tabela 2 - Índice de Relevância, Temporalidade e Abrangência para Valoração de Danos Ambientais. ... 52 Tabela 3 - Histórico de Acidentes com Estruturas de Contenção de

Rejeitos em Minas Gerais ... 55 Tabela 4 - Valores de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas ... 77 Tabela 5 - Arrecadação Referente às Unidades de Conservação do

Município de Nova Lima, entre Janeiro e Junho de 2010 ... 79 Tabela 6 - Estimativas da Valoração Ambiental dos Danos da Ruptura da Cava C1 ... 80 Tabela 7 - Alternativa para Valoração Ambiental dos Danos da Ruptura da Cava C1 ... 82 Tabela 8 - Índice de Relevância Aplicado ao Estudo de Caso Prático de Valoração dos Danos Ambientais pela Ruptura da Cava C1 ... 84 Tabela 9 - Aplicação do Índice na Valoração Ambiental dos Danos da Ruptura da Cava C1 ... 85 Tabela 10 - Razão Danos Reais/Danos Potenciais ... 87

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LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

APA – Área de Proteção Ambiental APE- Área de Proteção Especial APP – Área de Preservação Permanente

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente COPAM - Conselho Estadual de Política Ambiental DAP – Disposição A Pagar

DAR – Disposição a Receber EIA – Estudo de Impacto Ambiental FA- Fator de Abrangência

FEAM – Fundação Estadual de Meio Ambiente FR – Fator de Relevância

FT – Fator de Temporalidade

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMBIO – Instituto Chico Mendes

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços MCV – Método do Custo Viagem

MMA- Ministério do Meio Ambiente

MPMG- Ministério Público do Estado de Minas Gerais MVC – Método Valoração Contingente

NA – Nível de Água

ONU – Organização das Nações Unidas PIB – Produto Interno Bruto

RIMA- Relatório de Impacto Ambiental

RMBH – Região Metropolitana de Belo Horizonte SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação UC – Unidade de Conservação

VE – Valor de Existência

VERA – Valor Econômico do Recurso Ambiental VO – Valor de Opção

VUD – Valor de Uso Direto VUI – Valor de Uso Indireto

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 21 2. OBJETIVOS ... 25 2.1 OBJETIVOGERAL ... 25 2.2 OBJETIVOSESPECÍFICOS ... 25 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 27 3.1 VALORAÇÃOAMBIENTAL ... 27

3.2 RESPONSABILIDADEPORDANOSAMBIENTAIS ... 33

3.3 LEGISLAÇÃOAPLICÁVEL ... 35

4. METODOLOGIA ... 39

4.1 JUSTIFICATIVA ... 39

4.2 COMPOSIÇÃODOSFATORESDOÍNDICE ... 41

4.2.1 Fator de Relevância ... 41

4.2.2 Fatores de Temporalidade e Abrangência ... 49

4.3 COMPOSIÇÃODOÍNDICEPARAVALORAÇÃODE DANOSAMBIENTAIS ... 51

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO: APLICAÇÃO PRÁTICA DO ÍNDICE NO CASO DA RUPTURA DA CAVA C1 – MINERAÇÃO RIO VERDE – NOVA LIMA-MG ... 53

5.1 ASPECTOSDASEGURANÇADOSSISTEMASDE DISPOSIÇÃODEREJEITOS ... 53

5.2 INFORMAÇÕESDISPONÍVEISREFERENTESÀRUPTURA DACAVAC1 ... 57

5.2.1 Aspectos da Ruptura... 58

5.2.2 Danos Ambientais Decorrentes da Ruptura ... 60

5.2.3 Aspectos da Sentença ... 69

5.3 VALORAÇÃOAMBIENTALDOSDANOSDECORRENTES DARUPTURADACAVAC1 ... 70

5.3.1 Seleção dos Danos Ambientais Passíveis de Serem Valorados 71 5.3.2 Estimativa do Período de Comprometimento dos Recursos Naturais ... 72

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5.4 APLICAÇÃOPRÁTICADOÍNDICEDERELEVÂNCIA, TEMPORALIDADEEABRANGÊNCIA ... 82

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1. INTRODUÇÃO

Com a Constituição Federal Brasileira de 1988, o meio ambiente foi trazido para o foco das decisões políticas, com o reconhecimento da ligação entre desenvolvimento social e econômico e qualidade do meio ambiente. Aos poucos se começou a delinear uma abordagem integradora, que se opõe à visão desenvolvimentista clássica adotada até então. Esta mudança gradual de paradigma é verificada não somente na esfera federal, mas também nos Estados, e Municípios, que passaram a dividir, com o Governo Federal, parcela considerável de responsabilidade pela condução das políticas ambientais (MMA, 2002).

A Constituição de 1988 estabeleceu no Artigo 225 que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Adicionalmente, a Constituição estabeleceu que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. No Brasil, portanto, a responsabilidade por danos ambientais tem três aspectos: penal, administrativo e civil, consagrando-se, assim, um regime de responsabilização que, por seu rigor e abrangência, se mostra proporcional à importância do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, corolário do direito à vida (BADINI, 2011).

A Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei nº 6.938 de 1981, já consagrava a imposição ao poluidor da obrigação de indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade, sem obstar a aplicação das penalidades previstas e independentemente da existência de culpa. Em síntese, ambos os instrumentos legais supracitados, instituem a obrigação primeira de reparar os danos causados ao meio ambiente.

Segundo Marques (2011), a reparação do dano, com tentativa de restabelecimento da situação anterior, é sempre preferencial, não podendo ser substituída pela indenização. Em contrapartida, não se pode conceber que uma vegetação que se tenta recompor, com o mero plantio, tenha o mesmo valor daquela que preexistia. Não se pode, com a nova situação, em pouco tempo, recompor a biodiversidade, possibilitar a mesma proteção ao solo e aos recursos hídricos. Há evidente depreciação do bem ambiental. O degradador deverá indenizar por essa depreciação, estimando-se um período em que a situação (tentativa de

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recomposição) vai persistir, considerando-se até que haja completo restabelecimento.

Assim, em situações específicas, onde se comprova a ocorrência de danos ambientais, a valoração econômica do bem ou serviço ambiental afetado pode constituir em uma ferramenta que fornece embasamento técnico para o alcance da reparação integral dos mesmos. Segundo Badini (2011), a valoração neste sentido trata de atribuir a tal bem ou serviço uma expressão econômica, que incidirá, no campo jurídico, numa prestação pecuniária a ser imposta ao agente degradador, e cujo valor deverá ser revertido em ações de recuperação e melhoria da qualidade ambiental, podendo ainda ser destinado a fundos, entidades ou organizações que tenham compromisso formal com o retorno de recursos ao local do dano constatado.

No âmbito da valoração ambiental existem diversos métodos de valoração que objetivam captar as distintas parcelas do valor econômico dos recursos naturais. Cada método apresenta limitações em suas estimativas, as quais estarão quase sempre associadas ao grau de sofisticação metodológica, à necessidade de dados e informações, às hipóteses sobre comportamento dos indivíduos e da sociedade e ao uso que será dado aos resultados obtidos (MOTTA, 1997).

Diversos trabalhos de valoração ambiental têm sido realizados ao redor do mundo (Costanza et al. 1997, de Groot et al. 2012), porém poucos têm se concentrado em países em desenvolvimento (Adams et al. 2008). No Brasil, trabalhos envolvendo essa temática já foram feitos tendo como enfoque a Mata Atlântica (Santos et al. 2001, Camphora & May 2006, Adams et al. 2008), Amazônia (Peters et al. 1989, Fearnside 1999) e Pantanal (Shrestha et al. 2002, Moraes et al. 2009). Raros foram desenvolvidos no bioma Cerrado (Resende et al. 2013).

Assim para a valoração de danos ambientais, além das limitações metodológicas há ainda as limitações de referências e estudos que tratem da biodiversidade específica de determinados ecossistemas típicos dos estados brasileiros. Em muitos casos é necessário fazer aproximações ou utilizar dados mais amplos para se conseguir estimar economicamente todos os atributos de determinado recurso natural, o que pode refletir em uma valoração super ou subestimada.

Neste contexto, este trabalho propõe um índice numérico capaz de expressar a relevância ambiental dos ecossistemas afetados e a dimensão do dano em termos de temporalidade e abrangência. O valor obtido constituirá em um fator multiplicador da valoração do dano ambiental, refletindo em um valor pecuniário que poderá fornecer subsidio técnico para cálculo de multa e indenizações, ou ainda compor

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a valoração ambiental na ausência de valores específicos para determinados atributos do recurso natural.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Propor um índice passível de ser aplicado na valoração econômica de danos ambientais.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Estabelecer fatores de relevância ambiental através da consolidação da legislação ambiental vigente no que tange ao grau de proteção imposto pela mesma;

 Estabelecer fatores de temporalidade e abrangência para diferentes tipos de danos ambientais através de sistemas classificação existentes e/ou avaliação de danos anteriores;  Realizar estudo de caso prático para a ruptura da Cava C1,

desenvolvendo a valoração dos danos ambientais ocorridos e aplicando o índice proposto;

 Avaliar comparativamente o valor obtido, a partir da valoração realizada e aplicação do índice proposto, com os valores reais praticados no caso da ruptura da Cava C1.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 VALORAÇÃO AMBIENTAL

A crescente preocupação com a escassez dos recursos naturais e com o futuro das próximas gerações fez surgir o conceito de desenvolvimento sustentável, uma solução conciliadora entre crescimento econômico e o uso sustentável dos recursos naturais (MAIA, 2004).

Uma das discussões correntes desde a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, é justamente a mensuração do desenvolvimento sustentável. Até então, as estatísticas sobre o meio ambiente eram totalmente dissociadas da economia. Embora produzissem índices considerados úteis para organizar e apresentar dados ambientais em quantidades físicas eram incapazes de incorporar dados monetários para permitir a conexão com variáveis econômicas (MAIA, 2004).

Alguns argumentam que a valoração de ecossistemas é impossível ou mesmo imprudente, e que não é possível precificar aspectos intangíveis como a vida humana, a estética ambiental, ou benefícios ecológicos no longo prazo. Mas, de fato, nós fazemos isso todos os dias. Quando desenvolvemos regras de trânsito e normas construtivas para estradas e pontes, nós valoramos a vida humana, porque despendemos mais dinheiro na construção para salvarmos vidas. Assim, faz sentido perguntar como as mudanças na quantidade ou qualidade de vários tipos de capital natural e dos serviços ecossistêmicos pode ter um impacto sobre o bem-estar humano. (COSTANZA, 1997)

Encontramos na literatura uma série de métodos de valoração capazes de fazer esta conexão entre a provisão dos recursos naturais e a estimativa econômica de seus benefícios. Entretanto, ainda não há um consenso quanto à eficiência de um método em relação ao outro, mesmo porque não há como precisar o real preço de um bem ou serviço ambiental. Temos ainda um profundo desconhecimento das complexas relações da biodiversidade, da capacidade de regeneração do ambiente, e seu limite de suporte das atividades humanas. (MAIA, 2004)

Segundo Seroa da Motta (1997), o valor econômico dos recursos ambientais é derivado de todos os seus atributos, que podem ou não estar associados a um uso, e ainda, podem ser relativos ao uso pelas gerações atuais ou pelas gerações futuras. Assim, é comum na literatura desagregar o Valor Econômico do Recurso Ambiental (VERA) em

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Valor de Uso (VU) e Valor de Não-Uso (VNU). Os Valores de Uso podem ser, por sua vez, desagregados em: Valor de Uso Direto (VUD), Valor de Uso Indireto (VUI) e Valor de Opção (VO). O Valor de Não-Uso representa o Valor de Existência (VE) que está dissociado do uso e deriva-se de uma posição moral, cultural, ética ou altruística em relação aos recursos naturais, mesmo que estas não representem uso atual ou futuro para o indivíduo.

Por fim, o Valor Econômico de um Recurso Ambiental (VERA) pode ser representado da seguinte forma:

VERA = (VUD + VUI + VO) + VE

(1) Onde:

VUD = valor de uso direto = valor que os indivíduos atribuem a um recurso ambiental em função do consumo direto, por exemplo, na forma de extração, ou outra atividade de produção.

VUI = valor de uso indireto = valor que os indivíduos atribuem a um recurso ambiental quando o benefício do seu uso deriva de funções ecossistêmicas.

VO = valor de opção = é o valor que os indivíduos estão dispostos a pagar para manterem a opção de um dia fazer uso, de forma direta ou indireta, do recurso ambiental.

VE = valor de não-uso ou de existência = é o valor que deriva de uma posição moral, cultural, ética ou altruística em relação ao recurso ambiental.

A desagregação do valor econômico dos recursos ambientais é representada na Figura 1.

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Figura 1- Representação do valor econômico de um recurso ambiental

(Fonte: Maia, 2004)

Existem diversos métodos de valoração que objetivam captar estas distintas parcelas do valor econômico do recurso ambiental. De forma didática os autores costumam dividir os métodos de valoração econômica em métodos indiretos ou da função de produção, e em métodos diretos ou da função de demanda (Tolmasquim et al., 1999; Seroa da Motta, 1998; e Dixon, 1984).

Os métodos indiretos são aqueles aplicados quando a produção ou o consumo de um bem ou serviço privado for afetada pela variação da quantidade e/ou qualidade de bens e serviços ambientais, isto é, o recurso ambiental é um insumo ou um substituto do bem ou serviço privado. Como estes efeitos sobre a produção ou consumo podem ser expressos em termos de mudanças na quantidade de bens ou serviços privados comercializáveis, o valor destas mudanças, usando seus preços de mercado, pode ser tomado como medida indireta dos benefícios ou perdas decorrentes da mudança no recurso ambiental (REIS, 2001).

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Método da Produtividade Marginal: avalia-se o valor da produtividade e/ou da produção através de preços observáveis no mercado.

Métodos de Mercado de Bens Substitutos: parte do princípio de que a perda de qualidade ou escassez do bem ou serviço ambiental irá aumentar a procura por substitutos na tentativa de manter o mesmo nível de bem estar da população. Muitas vezes não conseguimos obter diretamente o preço de um produto afetado por uma alteração ambiental, mas podemos estimá-lo por algum substituto existente no mercado. Os Métodos de Mercado de Bens Substitutos contemplam:

- Custo das Despesas de Reposição: no custo de reposição a estimativa dos benefícios gerados por um recurso ambiental será dada pelos gastos necessários para reposição ou reparação após o mesmo ser danificado. Suas estimativas baseiam-se em preços de mercado para repor ou reparar o bem ou serviço danificado, partindo do pressuposto que o recurso ambiental possa ser devidamente substituído.

- Custos Evitados: estima o valor de um recurso ambiental através dos gastos com atividades defensivas substitutas ou complementares, que podem ser consideradas uma aproximação monetária sobre as mudanças destes atributos ambientais. - Método das Despesas de Prevenção/Controle ou Mitigação: representam os gastos necessários para evitar a variação do bem ambiental e garantir a qualidade dos benefícios gerados à população. Por limitar o consumo presente do capital natural, o controle da degradação contribui para manter um nível sustentável de exploração, permitindo o aproveitamento dos recursos naturais pelas gerações futuras.

- Custos de Oportunidade: reflete o custo de oportunidade das atividades econômicas que poderiam estar sendo desenvolvidas na área de proteção, representando, portando, as perdas econômicas da população em virtude das restrições de uso dos recursos ambientais.

Os métodos diretos procuram captar as preferências das pessoas utilizando-se de mercados hipotéticos ou de mercados de bens complementares para obter a disposição a pagar (DAP) dos indivíduos pelo bem ou serviço ambiental (MAIA, 2004).

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Métodos de Preferência Revelada: utilizam a consulta a mercados reais e hipotéticos para mensuração do valor de uso de um recurso ambiental.

- Método de Preços Hedônicos: é a quantificação no mercado real da variação do bem estar associada a um bem privado complementar a um bem ambiental.

- Método de Custos de Viagem: estima a demanda por um bem ou serviço ambiental (sítio natural) com base na demanda de atividades recreacionais e turísticas associadas.

- Método de Valoração de Contingente: consiste na simulação de mercados hipotéticos, através da realização de pesquisas de campo, com questionários que indagam ao entrevistado sua disposição a pagar ou a aceitar (sua valoração contingente) em face das alterações quantitativas ou qualitativas na disponibilidade de bens ou serviços. A vantagem deste método é a possibilidade de captar valores de existência.

Cada método apresenta uma eficiência específica para determinado caso, mas a maior dificuldade de todos encontra-se na estimativa de valores não relacionados ao uso, sem utilidade atual ou futura, ou seja, as parcelas de valor de opção e existência, conforme pode ser visualizado na Tabela 1.

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Tabela 1 - Tipos de Valores Captados pelos Métodos de Valoração

Métodos de Valoração VU* VE*

VUD VUI VO Métodos Indiretos Produtividade Marginal Mercado de Bens Substitutos Custos Evitados Custos de Controle Custos de Reposição Custos de Oportunidade Métodos Diretos DAP Indireta Mercado Real Custo de Viagem Preços Hedônicos DAP Direta Mercado Hipotético Avaliação de Contigente

(*) VU = Valor de Uso; VUD = Valor de Uso Direto; VUI = Valor de Uso Indireto; VO = Valor de Opção; VE = Valor de Existência

(Fonte: Maia 2004)

Conforme apresentado, a valoração econômica dos recursos naturais atribui valores aos bens e serviços ecossistêmicos vinculados à utilidade derivada, direta e indiretamente, do seu uso atual e potencial. Para tanto, utiliza instrumentos de análise, tais como o conceito de excedentes do consumidor e do produtor, custo de oportunidade e a noção de disponibilidade a pagar e a receber (DAP e DAR, respectivamente) (MUELLER, 2007). Baseia-se em hipóteses entendendo que o bem-estar é o fim último das relações econômicas. A grandeza-chave para medir o bem-estar é a utilidade, a qual pode ser devidamente expressa por meio do ordenamento das preferências individuais (AMAZONAS, 2006).

Silva (2003) reforça a importância da valoração pelo fato da mesma ser essencial para criar um valor de referência que indique uma sinalização de mercado, possibilitando, assim, o uso racional dos recursos ambientais. A partir de então, os agentes públicos e privados terão subsídios para avaliação econômica de tomadas de decisões públicas sobre a utilização eficiente desses ativos. Assim sendo, a criação de um valor de referência para um bem ambiental fornece informações ao poder público, à sociedade civil organizada e às

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organizações não-governamentais, possibilitando um gerenciamento mais eficaz desses recursos.

Como exemplo de estimativa de valores de referência, tem-se o trabalho de Constanza et al. (1997), que estimou, com base em estudos publicados e em alguns cálculos originais, o valor econômico de 17 serviços ecossistêmicos para 16 biomas. Para toda a biosfera, o valor estimado estava entre US$ 16-54 trilhões por ano, com uma média de US$ 33 trilhões por ano. Digno de nota é que essa foi considerada uma estimativa mínima, mas que representou quase o dobro do Produto Global Bruto (PIB) calculado na mesma época como sendo cerca de US$ 18 trilhões por ano. Assim a biodiversidade e os serviços ambientais obviamente são elementos críticos para o funcionamento da vida da Terra e para o bem-estar humano, quer direta ou indiretamente, e, portanto, representam parte do valor econômico total do planeta. Diversos esforços são feitos para estimar o valor global atribuível à biodiversidade e aos serviços ambientais, embora em sua maioria careçam de grande precisão. Com tamanha importância econômica, torna-se fácil entender a necessidade de se conhecer detalhadamente a biodiversidade do planeta, sendo consenso que sua perda deve ser evitada através de esforços empreendidos por todos os países (BIOTAMINAS, 2009).

3.2 RESPONSABILIDADE POR DANOS AMBIENTAIS

Segundo Braga (2013), sabe-se que grande parte dos danos ambientais causados não é passível de recuperação, tendo em vista a improbabilidade de se restabelecer, na natureza, o status quo ante. Contudo, os danos, sejam diretos ou indiretos, são passíveis de mitigação e de compensação, in natura ou em pecúnia. A quantificação do dano é tarefa bastante tormentosa, tendo em vista não haver critérios para apurar o cálculo da totalidade do dano. Nessas situações, recorre-se aos critérios de arbitramento ou de fixação do valor com base no lucro obtido com a atividade poluidora. Registre-se, ademais, que os pedidos de reparação do dano e de indenização podem ser cumulados.

Em situações específicas onde se comprova a ocorrência de danos ambientais a responsabilidade civil se destaca como o instituto jurídico mais importante na defesa e na reparação do meio ambiente, já que obriga aquele que alterou as propriedades do meio ambiente, de modo a prejudicar a saúde ou as condições de vida da população, a restaurar o que foi degradado ou também a indenizar com uma quantia compensatória os que foram prejudicados pela degradação.

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Ao contrário da regra geral, em que a responsabilidade civil decorre da culpa, quando há que se provar que houve uma conduta ilícita que deu origem ao prejuízo, em matéria ambiental é necessário apenas o nexo de causalidade entre o ato e o dano para que haja a responsabilidade civil do agente causador do dano, independente de decorrer ele de ato lícito ou de risco. Assim, basta o nexo causal entre a atividade do agente e o dano dela decorrido para que haja a obrigação de repará-lo. Esta é a teoria da responsabilidade objetiva, doutrina que encontra acolhida no Direito Ambiental Internacional e na legislação de diversos países.

A adoção da teoria da responsabilidade objetiva significa que mesmo se uma pessoa jurídica se encontrar em total adequação às normas ambientais, ainda assim ela tem de reparar os danos causados ao meio ambiente de uma forma geral e a terceiros de uma maneira específica, de acordo com a redação da lei. Além do mais, terá o poluidor de arcar com todos os custos e despesas processuais. Em síntese o que é levado em consideração não é a conduta do poluidor, mas o resultado prejudicial que ela traga ao homem e ao meio ambiente.

Este é o princípio do poluidor-pagador, segundo o qual o degradador assume os riscos de sua atividade arcando com todos os prejuízos em matéria ambiental, seja perante as pessoas com quem se relacionou ou perante terceiros. Em se tratando dos danos materiais causados ao meio ambiente, a única providência indispensável é a tentativa de reparação ou compensação dos prejuízos por parte de quem os ocasionou. Enquanto as sanções penais e administrativas têm um caráter de penalização, a reparação do dano busca a recomposição quando possível do que foi danificado. Para tais casos a indenização em dinheiro serve como uma forma de compensação ou de reparação indireta para os atingidos pelo dano.

A Constituição Federal dispõe que os prejuízos não traduzíveis em pecúnia, a exemplo dos sofrimentos de ordem moral, psicológica ou emocional, também devem ser indenizados. De fato, são valores subjetivos como a vergonha, intranquilidade e medo que se pretende indenizar, fazendo com que a integridade física, intelectual e moral dos indivíduos sejam respeitadas. De um modo geral, danos ambientais promovem desequilíbrios no ecossistema que se refletem diretamente sobre as condições de vida da sociedade (FARIAS, 2007).

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3.3 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece no Artigo 225 que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

A Lei nº 6.938 de 1981 institui a Política Nacional de Meio Ambiente e impõe ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por sua atividade, independentemente da existência de culpa. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

A Lei nº 7.347 de 1985 disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. O Artigo 13 da referida legislação estabelece que havendo condenação em dinheiro para estas tipologias de dano, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.

A Lei n° 9.605 de 1998, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente. Conforme Artigo 2º da Lei dos Crimes Ambientais:

“[...] quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade [...]”.

Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Segundo disposição na referida legislação, as penas podem constituir em restritivas de direitos ou privativa de liberdade. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de

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liberdade quando (i) tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; ou (ii) quando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. Qualquer outra situação que não se enquadre nessas duas ressalvas legais, poderá incidir a pena privativa de liberdade.

As penas restritivas de direito constituem em: prestação de serviços à comunidade; interdição temporária de direitos; suspensão parcial ou total de atividades; prestação pecuniária; recolhimento domiciliar.

As circunstâncias que atenuam a pena contemplam: Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

Arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;

Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;

Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:

Reincidência nos crimes de natureza ambiental; Ter o agente cometido a infração:

– para obter vantagem pecuniária;

– afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;

– concorrendo para danos à propriedade alheia;

– atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas a regime especial de uso;

– atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

– em período de defeso à fauna; – em domingos ou feriados; – à noite;

– em épocas de seca ou inundações;

– no interior do espaço territorial especialmente protegido;

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– mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;

– no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;

– atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;

– facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.

A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.

A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.

A verificação da reparação será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental.

Em relação especificamente ao crime de matar espécies silvestres, a pena é aumentada de metade se o crime é praticado: contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção; durante a noite; em unidade de conservação.

Em relação aos crimes contra a flora, a pena será reduzida à metade se o crime for culposo. A pena é aumentada de um sexto a um terço se: do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático; se o crime é cometido no período de queda das sementes, no período de formação de vegetações; contra espécies raras ou ameaçadas de extinção; em época de seca ou inundação; durante a noite, em domingo ou feriado.

Em relação aos crimes de poluição ambiental, se estes foram considerados dolosos, as penas serão aumentadas de um sexto a um terço se: resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral; de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem; até o dobro, se resultar a morte de outrem.

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Quanto à infração administrativa ambiental, esta é considerada como toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções: advertência; multa simples; multa diária; apreensão de instrumentos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; suspensão de venda e fabricação do produto; embargo de obra ou atividade; demolição de obra; suspensão parcial ou total de atividades; restritiva de direitos.

Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador. O valor da multa em relação à infração administrativa é fixado no regulamento desta Lei, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).

Conforme Artigo 70 da Lei de Crimes Ambientais:

“§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.

§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de corresponsabilidade.”

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4. METODOLOGIA

4.1 JUSTIFICATIVA

No ordenamento jurídico brasileiro, o dever de reparar os danos causados ao meio ambiente está expresso nos artigos 225, parágrafo 3º da Constituição Federal e no artigo 4º, inciso VII da Política Nacional do Meio Ambiente.

Conforme os dispositivos citados, existindo um dano ambiental há o dever de repará-lo integralmente. Neste sentido, a legislação ambiental prevê uma ordem hierárquica de atuação: a restauração, seguida da recuperação, compensação in natura e por último a compensação financeira. Ou seja, primeiramente, busca-se a recuperação do bem lesado; posteriormente, de forma subsidiária, a indenização pecuniária.

A valoração ambiental surge nesse contexto como uma ferramenta a auxiliar nas estimativas do valor econômico dos recursos ambientais, podendo ser utilizada para cálculo do valor a ser gasto com a recuperação, dos valores de possíveis multas, e ainda sinalizar a aplicabilidade de indenizações.

De especial relevância destaca-se o Método das Despesas de Reposição, integrante do Mercado de Bens Substitutos, que vai de encontro ao princípio da reparação estabelecido pela Constituição Federal e Política Nacional de Meio Ambiente.

No Método das Despesas de Reposição a estimativa dos benefícios gerados por um recurso ambiental será dada pelos gastos necessários para reposição ou reparação após o mesmo ser danificado. Suas estimativas baseiam-se em preços de mercado para repor ou reparar o bem ou serviço danificado, partindo do pressuposto que o recurso ambiental possa ser devidamente substituído. Uma desvantagem do método é que, por maiores que sejam os gastos envolvidos na reposição, nem todas as complexas propriedades de um atributo ambiental serão repostas pela simples substituição do recurso. É o caso do reflorestamento em áreas desmatadas que estão longe de recuperar toda a biodiversidade existente em uma floresta nativa. O Método das Despesas de Reposição não capta ainda os valores de existência e opção de determinado recurso natural.

Outro ponto crítico que afeta a mensuração dos custos de reposição é a ausência de valores de referência específicos para recuperação de determinados recursos naturais e de suas funções ecossistêmicas.

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O trabalho de Costanza et al. 1997 estimou o valor econômico de 17 serviços ecossistêmicos para 16 biomas de forma a chegar em um valor anual global. O valor estimado para os serviços ecossistêmicos das florestas tropicais, no qual a Floresta Amazônica e Mata Atlântica se enquadram, foi de US$2.007 ha/ano. Como indicado pelo próprio autor, possivelmente esse valor está subestimado e a classificação em “florestas tropicais” é muito abrangente. Cada bioma e cada serviço ecossistêmico necessitam de considerações especiais.

Assim, ainda que os custos da recuperação sejam essenciais para a valoração de danos ambientais, além de ser uma obrigação legal, é necessário que a relevância ambiental da área em questão, bem como a temporalidade e abrangência do dano causado sejam também imputados. Não se pode assumir que um dano ambiental que ocorre dentro de áreas protegidas com alto grau de preservação, seja igualmente valorado a um dano que aconteça em áreas já descaracterizadas, porque os custos de reflorestamento com espécies nativas, por exemplo, é o mesmo para determinada região ou fisionomia vegetal.

De igual forma os danos que atingem Áreas de Preservação Permanente, Unidades de Conservação, mananciais responsáveis pelo abastecimento público, ecossistemas endêmicos e espécies ameaçadas de extinção merecem atenção especial e podem constituir em fatores multiplicadores da valoração.

Com base na problemática apresentada o objetivo do presente trabalho é propor um índice que vise representar a relevância de determinados aspectos ambientais, associado à abrangência do dano ambiental e o período em que o recurso natural ficou comprometido devido ao dano ocorrido.

De um modo geral a composição do índice pode apresentar diferentes formas de aplicabilidade, dentre elas:

Refletir de maneira sintética e numérica a relevância ambiental da região afetada, e a temporalidade e abrangência do dano ambiental;

Fornecer subsídio técnico para cálculo de multas e sinalização de agravantes;

Compor a valoração ambiental do dano atuando como um fator multiplicador ou representando alguma parcela de valor do recurso natural.

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4.2 COMPOSIÇÃO DOS FATORES DO ÍNDICE

O índice foi embasado em uma metodologia de gradação de impactos ambientais e procedimentos para fixação e aplicação da compensação ambiental estabelecido pelo Decreto nº 45.175, de 17 de setembro de 2009 do Estado de Minas Gerais. A metodologia do referido decreto estabelece que a compensação ambiental incida nos casos de licenciamento de empreendimentos considerados, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório – EIA/RIMA, como causadores de significativo impacto ambiental pelo órgão ambiental competente. A partir da definição do grau do significativo impacto ambiental, limitado a 0,5%, o valor encontrado é aplicado sobre o valor de referência do empreendimento.

Similar à metodologia estabelecida pelo referido decreto, a metodologia proposta no presente trabalho buscou compor um índice para valoração de danos ambientais, composto pelo somatório dos fatores de relevância ambiental, temporalidade e abrangência. O valor total pode ser incido sobre o montante calculado através de metodologias de valoração ambiental do dano, sendo limitado a 100%, o que pode significar dobrar o montante valorado.

4.2.1 Fator de Relevância

O Fator de Relevância - FR – é composto por indicadores ambientais que foram selecionados com base nas restrições e grau de proteção impostos pela legislação ambiental vigente, considerando:

Relação de superioridade (ordenamento jurídico) entre as legislações;

Esferas de abrangências das legislações consideradas (nacional, estadual, municipal, etc.);

Objetivos e definições das legislações, se estes estão estabelecidos no sentido de reconhecer, proteger, demarcar, proibir e/ou regulamentar, etc.;

Possibilidades de intervenção, transferência, realocação, recomposição e/ou compensação previstos nos instrumentos legais.

Para composição do fator também foi avaliado o que vem sendo considerado como entrave ambiental nos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos.

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Os indicadores ambientais selecionados compõe o Fator de Relevância – FR que busca refletir a relevância ambiental da área afetada pelo dano/acidente. De forma geral nove aspectos ambientais foram avaliados, sendo eles: Terras Indígenas e Comunidades Quilombolas; Unidades de Conservação e Áreas de Proteção Especial, Áreas de Preservação Permanente; Mata Atlântica; Cavidades Naturais e Sítios Arqueológicos; Espécies Ameaçadas de Extinção; Enquadramento de Cursos d’Água; Paisagens Notáveis; e Áreas Prioritárias para Conservação.

a) Terras Indígenas e Comunidades Quilombolas

A Constituição Federal de 1988 estabelece em seu Art. 231, que são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Os parágrafos 4º e 6º complementam o artigo 231 e devem ser considerados por tratarem especificamente da questão da posse e exploração das terras indígenas.

O parágrafo 4º estabelece que as terras indígenas são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis. O parágrafo 6º determina que são nulos e extintos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras indígenas, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União.

A proteção às terras das Comunidades Quilombolas também é instituída pela Constituição Federal que estabelece no Art. 68 do Título X que, aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

Por se tratarem de territórios especialmente protegidos pela Constituição Federal, as áreas abrangidas por Terras Indígenas e/ou Quilombos serão consideradas de especial relevância. Danos ambientais que ocasionalmente apresentem interferências com essas áreas recebem pontuação de 0,055 na composição do Fator de Relevância.

b) Unidades de Conservação e Áreas de Preservação Especial As Unidades de Conservação são regulamentadas pela Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) com base no artigo 225 da Constituição Federal. A Lei de SNUC estabelece as categorias de unidades de conservação bem como seus objetivos e

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modalidades de utilização, sendo a categoria de Proteção Integral mais restritiva que a categoria de Uso Sustentável.

O Grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de Unidade de Conservação:

I - Estação Ecológica; II - Reserva Biológica; III - Parque Nacional; IV - Monumento Natural; V - Refúgio de Vida Silvestre.

Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de Unidade de Conservação:

I - Área de Proteção Ambiental;

II - Área de Relevante Interesse Ecológico; III - Floresta Nacional;

IV - Reserva Extrativista; V - Reserva de Fauna;

VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.

As categorias do grupo de Uso Sustentável possuem como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais, exceto a categoria Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). No caso das categorias do grupo de Proteção Integral o objetivo principal é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.

A Lei de SNUC estabelece que as unidades de conservação devem dispor de um plano de manejo, que constitui em um documento técnico que, com fundamento nos objetivos gerais da unidade, estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais.

O Art. 28 da legislação determina que ficam proibidas nas unidades de conservação quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo com os seus objetivos, o seu plano de manejo e seus regulamentos. Em relação à possibilidade de redução de limites ou desafetação das unidades, o § 7º do artigo 22 estabelece que esta só pode ser feita mediante lei especifica.

Adicionalmente a Constituição Federal estabelece no Art. 225, parágrafo 1o, inciso III, que: em todas as unidades da Federação, os espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, só podem ser alterados ou suprimidos mediante lei, sendo vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.

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As Áreas de Proteção Especial são regulamentadas pela Lei Federal nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano. O artigo 14 da referida legislação estabelece que os Estados definirão, por decreto, as áreas de proteção especial quando localizadas em áreas de interesse especial, tais como as de proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico.

A experiência tem mostrado que interferências em Unidades de Conservação de Proteção Integral e em Reservas Particulares do Patrimônio Natural constituem em grandes entraves e fatores de risco ao licenciamento ambiental de empreendimentos.

A título de exemplo, a hidrelétrica de Tabajara, na região amazônica, teve seu processo de avaliação paralisado depois que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) conseguiu mostrar que o projeto afetaria diretamente 0,18% da área do Parque Nacional dos Campos Amazônicos. O parque foi criado em 2006 e possui 873.570 hectares. O ICMBio barrou o projeto no início de 2007 evitando a emissão do termo de referência para realização dos estudos ambientais, primeira etapa para obtenção de licenças. Somente cinco anos mais tarde, a Medida Provisória nº 558, de 5 de janeiro de 2012 alterou os limites do Parque Nacional dos Campos Amazônicos, entre outras disposições.

Considerando o exposto, danos ambientais que ocasionalmente apresentem interferências com Unidades de Conservação de Proteção Integral e RPPNs recebem pontuação de 0,055 na composição do Fator de Relevância. Interferências com Unidades de Conservação de Uso Sustentável e Áreas de Proteção Especial recebem pontuação de 0,040.

c) Áreas de Preservação Permanente

A Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, altera o Código Florestal e dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, definindo em seu artigo 3º como Áreas de Preservação Permanente a área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Conforme referida legislação, considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, as seguintes áreas:

I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, com largura mínima estabelecida de acordo com a largura do curso d’água;

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III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento;

IV – as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;

V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;

VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

VII - os manguezais, em toda a sua extensão;

VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;

IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°;

X - as áreas em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação;

XI – em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado.

Conforme artigo 7º, a vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. O artigo 8º prevê que a intervenção ou supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental.

Considerando que danos ambientais não se enquadram nos requisitos citados no artigo 8º da Lei Federal nº 12.651/12, aqueles que ocasionalmente resultem em intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente recebem pontuação de 0,050 na composição do Fator de Relevância.

d) Mata Atlântica

Conforme artigo 225 da Constituição Federal a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

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A Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica. Conforme artigo 6º, a proteção e a utilização do Bioma Mata Atlântica têm por objetivo geral o desenvolvimento sustentável e, por objetivos específicos, a salvaguarda da biodiversidade, da saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime hídrico e da estabilidade social. O corte e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica ficam vedados, somente sendo autorizados nos casos previstos na referida legislação, de utilidade pública, interesse social, pesquisa científica e prática conservacionista. A vegetação primária ou a vegetação secundária em qualquer estágio de regeneração do Bioma Mata Atlântica não perderão esta classificação nos casos de incêndio, desmatamento ou qualquer outro tipo de intervenção não autorizada ou não licenciada.

A Resolução CONAMA nº423, de 12 de abril de 2010 estabelece os padrões básicos para identificação da vegetação primária e dos estágios sucessionais da vegetação secundária de Mata Atlântica.

Os danos ambientais que ocasionalmente resultem em intervenção ou supressão de vegetação protegida, nos termos da Lei 11.428/06, do Bioma Mata Atlântica recebem pontuação de 0,050 na composição do Fator de Relevância.

e) Cavidades Naturais de Máxima Relevância e Sítios Arqueológicos

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 20, item X, determina que as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos são bens da união.

O Decreto nº 99.556, de 01 de outubro de 1990, dispõe sobre a proteção das cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional. A cavidade natural subterrânea será classificada de acordo com seu grau de relevância em máximo, alto, médio ou baixo, determinado pela análise de atributos ecológicos, biológicos, geológicos, hidrológicos, paleontológicos, cênicos, histórico-culturais e socioeconômicos, avaliados sob enfoque regional e local. A cavidade natural subterrânea com grau de relevância máximo e sua área de influência não podem ser objeto de impactos negativos irreversíveis.

A Lei Federal nº 3.924, de 26 de Julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos estabelece que estes monumentos e todos os elementos que neles se encontram ficam sob a guarda e proteção do Poder Público, sendo qualquer ato que importe na

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destruição ou mutilação dos monumentos será considerado crime contra o Patrimônio Nacional e, como tal, punível de acordo com o disposto nas leis penais.

Os danos ambientais que ocasionalmente resultem em impacto negativo irreversível em cavidades de máxima relevância ou resultem na destruição de monumentos arqueológicos e pré-históricos, recebem pontuação de 0,050 na composição do Fator de Relevância.

f) Espécies Ameaçadas de Extinção

O Brasil é signatário de importantes acordos e convenções internacionais, tanto no que diz respeito à conservação de espécies quanto de habitats ameaçados. Além da implementação desses instrumentos por parte dos países, legislações e normas nacionais também foram criadas, visando conservação da biodiversidade brasileira e proteção dos ecossistemas naturais (MMA).

No âmbito internacional, três Convenções fornecem o arcabouço legal para o tratamento diferenciado das espécies consideradas ameaçadas de extinção: a Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América; a Convenção de Washington sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES), e a Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB.

No âmbito nacional, a Lei nº 12.651/10, considera, em seu artigo 6º (alínea IV), como área de preservação permanente as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção.

A Lei dos Crimes Ambientais, nº 9.605/98, estabelece que as sanções aplicáveis às infrações cometidas contra as espécies são ampliadas no caso destas serem ameaçadas de extinção.

A Portaria nº 443/2014 reconhece como espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção aquelas constantes da "Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção" constantes no anexo da referida portaria. De igual modo, a Portaria nº 444/2014 e a Portaria nº 445/2014 reconhecem, respectivamente, como espécies da fauna brasileira, e de peixes e invertebrados aquáticos, ameaçadas de extinção aquelas constantes da no anexo das referidas portarias.

Os danos ambientais que ocasionalmente resultem em supressão vegetal de áreas destinadas a abrigar espécies ameaçadas de extinção ou resultem na morte das mesmas, recebem pontuação de 0,045 na composição do Fator de Relevância.

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