CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:
ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:
SUBÁREA: DIREITO SUBÁREA:
INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ INSTITUIÇÃO:
AUTOR(ES): SILVANE CARDOSO DA SILVA RIOS AUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): LUIS CARLOS PILEGGI COSTA ORIENTADOR(ES):
SUMÁRIO 1. Resumo ... 02 2. Introdução ... 02 3. Objetivos ... 03 4. Metodologia ... 03 5. Desenvolvimento: ... 04 5.1 A Pós-Modernidade ... 04
5.2 Como a Pós-Modernidade Reflete no Direito ... 06
6. Resultados ... 08
7. Considerações Finais ... 08
1 - RESUMO
A pesquisa é voltada a uma busca do conhecimento do que vem a ser a pós-modernidade e como isso pode repercutir na esfera do Direito, assunto de vital importância para os operadores do Direito que precisam acompanhar o progresso da sociedade a fim de aplicar as normas do sistema jurídico de forma justa.
2 - INTRODUÇÃO
O Direito tem acompanhado a história da humanidade desde que o homem teve necessidade de viver em sociedade, pois vem para regular as relações humanas, no entanto, embora o Direito sempre tenha estado presente, não tem acompanhado a evolução da sociedade com a mesma rapidez com que esta tem evoluído, a velocidade com que o Direito evolui tem se mostrado incompatível com o meio social principalmente no que tange à pós-modernidade.
3 - OBJETIVOS
O objetivo não é trazer as respostas, mas sim formular as perguntas corretas, pois a pós-modernidade no Direito é uma lacuna a ser preenchida, haja vista não existir uma dogmática constituída sobre o tema. Como objetivo principal buscou-se posicionar a ciência do Direito dentro da imensidão conceitual intitulada “pós-modernidade”. Os objetivos secundários, neste trabalho, dizem respeito à análise das diversas abordagens da ideia de pós-modernidade nos diferentes ramos do conhecimento, seja nas artes, na filosofia ou em outros ramos científicos. Daí a abordagem da pós-modernidade nos textos indicados.
4 - METODOLOGIA
Buscou-se apoiar a pesquisa pelo método indutivo, mediante o levantamento de bibliografia adequada e pertinente ao tema. A compilação dos textos constantes da bibliografia adotada serviu como ponto de partida para os resultados pretendidos.
5. DESENVOLVIMENTO
5.1 A PÓS - MODERNIDADE
Para que possamos falar do pós-modernismo, precisamos primeiro entender o que vem a ser o modernismo.
O modernismo, surgiu no final do século XIX em contrariedade à sociedade burguesa e suas regras, surgindo desde então um enaltecimento do eu em oposição aos costumes da burguesia, o hedonismo passa então a predominar sobre a arte convencionalista da burguesia que baseava-se no dinheiro, trabalho e
racionalismo.1 O narcisismo e a indiferença passaram então a servir de parâmetros
para a sociedade e caracterizaram esse movimento intelectual composto de ideias críticas e individualistas. Substitui-se a crença teocêntrica subordinada ao poder da Igreja por crenças na própria capacidade racional humana.
A cultura modernista apoiava o individualismo em que o homem deveria atender aos impulsos de sua própria personalidade. Acreditava-se que a salvação, diferentemente do teocentrismo, deixou de depender da bondade divina e passou a depender da capacidade humana de se obtê-la, a ética era laica e universal. As relações sociais baseavam-se na declaração dos direitos humanos
tornando o indivíduo o centro do mundo moderno.2
Outra característica importante da modernidade foi o advento da globalização, o que permitiu uma conexão instantânea de informações entre lugares distantes que até então mantinham-se isolados, modificando mundialmente as relações sociais e fortalecendo o capitalismo e a sociedade industrial dinamizando amplamente o ritmo das mudanças sociais.
O cenário se modificou surgindo as classes médias consumidoras, e as culturas em massa influenciaram a tradição, a religião e a moral com o objetivo do progresso. O modernismo iniciou-se no século XVI com as resistências ao modelo cultural do feudalismo e concretizou-se com o Iluminismo no século XVIII e seu fim ocorreu por volta de 1955 e início dos anos 1960 com o
1
LIPOVETSKY, Gilles. A era do vazio: Ensaios sobre o individualismo contemporâneo. São Paulo: Manole, 2005. P. 63.
2
surgimento do pós-modernismo.3 O modernismo antecedeu o capitalismo, no entanto sempre estiveram interligados, o capitalismo inicialmente liberal, passou a um capitalismo organizado de Estado e ao final da década de 60, o capitalismo passou a ser desorganizado e que marcou a crise da modernidade com o descumprimento daquilo que havia prometido e com a constatação de que a emancipação social e a autonomia individual se distanciavam cada vez mais da
realidade.4
A pós-modernidade surgiu diante do esgotamento da modernidade, no entanto uma não substituiu a outra, mas houve uma conexão entre o pós-moderno e o moderno que não desapareceu, mas que mantém ainda parte de seu movimento ativo, seus preceitos e valores baseados nas ideias burguesas, capitalistas e liberais, ainda estão presentes na sociedade, desmistificando a ideia
de que tenha havido uma superação do modernismo.5
O pós-modernismo veio consolidar-se a partir dos anos 70 mas, existe uma certa resistência em defini-lo simplesmente como um movimento, uma vez que o prefixo refere-se a uma crítica da incapacidade moderna em cumprir o prometido e não de um movimento dotado de autonomia. “De qualquer forma, pode-se indeferir que a pós-modernidade se estrutura como um movimento de rejeição da modernidade que, ao buscar superá-la, leva a própria modernidade
consigo.”6
Para Harvey o pós-modernismo nada mais é que uma reação ou afastamento do modernismo “como o sentido de modernismo também é muito
confuso, a reação ou afastamento conhecido como “pós-modernismo” o é
duplamente.7
Enquanto ingenuamente o modernismo acreditava ser a
resposta definitiva para os problemas humanos8, o pós-modernismo, por sua vez, vê
a si mesmo “como um movimento determinado e deveras caótico voltado para
resolver todos os supostos males do modernismo”9
embora Harvey afirme que é exagero os pós-modernistas descreverem o moderno de forma tão grosseira. Não se
3
PEREIRA, Daniela Buratto; MAGRO, Juliana Giordani; GOBBI, Sergio Leonardo. Liberdade e
pós-modernidade: elementos da abordagem centrada na pessoa. São Paulo: Vetor, 2011. p. 62-64.
4
DANTAS, Miguel Calmon Dantas. Constitucionalismo dirigente e pós-modernidade. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 345 e 346.
5
BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Revista Sequência, nº 57. p. 133, dez.2008. 6
DANTAS, Miguel Calmon Dantas. Constitucionalismo dirigente e pós-modernidade. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 348.
7
HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 2012. p. 19. 8
Ibidem, p. 144. 9
sabe ao certo se o pós-modernismo é revolucionário por se opor às formas metanarrativas (iluminismo, freudismo e marxismo...) e dar ouvidos aos que estavam silenciados (mulheres, gays, negros e etc.) ou se é apenas um modernismo
domesticado e comercializado.10
Mas, agora podemos nos indagar: O que isso tem a ver com o Direito? A resposta é bem simples: Tudo. Como veremos a seguir.
5.2 COMO A PÓS-MODERNIDADE REFLETE NO DIREITO
O modo como as culturas são afetadas, acabam por gerar crises e conflitos que atingem diretamente o mundo jurídico, visto que o Direito vem para regular as relações sociais, fundamentado em valores a fim de manter a paz social e evitar ou solucionar conflitos. Sendo então o Direito responsável pela estabilidade mediante a aplicação das normas, como então deverá aplica-las em um mundo de constante transformação? Esse é então o maior desafio atual do Direito, se adequar a uma sociedade pós-moderna que está em constante transformação.
Neste momento de constantes mudanças, sejam elas sociais, políticas, culturais ou mudanças na esfera legislativa, nessa nova era de indefinições, conhecida como pós-modernidade, o direito é constantemente desafiado. Sua efetividade é questionada diariamente perante a mutação que ocorre na sociedade atualmente e com a velocidade que vem ocorrendo, será o direito capaz de suprir essas necessidades, ou capaz de trazer respostas satisfatórias? A resposta a essa pergunta está bem longe de ser alcançada.
“Então passam a ser debates correntes: clonar pessoas ou proibir cientistas de realizar experiências genéticas com seres humanos?; autorizar casamentos entre homossexuais ou proibir a continuação destas sociedades maritais?; diminuir a idade penal e reconhecer a incapacidade da sociedade de atrair novas gerações à consciência social ou deixar relativamente impunes atrocidades cometidas por menores? Diferentemente de como se concebia o Direito como centro de especulações na ideologia burguesa e iluminista dos séculos XVIII e XIX, passa-se a concebê-lo, em meio a tantas transformações sócio-culturais, como um processo de
10
transformação permeável às novas demandas e adaptado aos novos atores sociais.”11
O fenômeno pós-moderno diminui o poder do direito que se vê influenciado pelo relativismo cultural, mas que aumenta a liberdade dos indivíduos, fortalecendo os direitos humanos e direitos individuais à diferença.
Outro fator importante é a participação ativa da sociedade de consumo neste fenômeno, com o consumo de massa, a globalização, as relações virtuais, a informação, especulações financeiras. O mundo mudou, e todas as ciências foram alcançadas pela crise do racionalismo, não obstante, seria impossível
o direito também não ser atingido por tal crise.12
É de se concluir que o Direito necessita moldar-se a fim de preencher a lacuna que é o pós-modernismo. Se até o presente momento, não adquiriu as respostas necessárias para o modo como esse preenchimento deverá ser feito, o importante é que se façam os questionamentos certos. Cabe ao mundo jurídico esmiuçar o que vem a ser o pós-modernismo e de que modo pode-se usar esse fenômeno para promover o progresso da sociedade.
11
BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Revista Sequência, nº 57. p. 135-136, dez.2008. 12
MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor – O novo regime das
6. RESULTADOS
Como resultado foi possível constatar a ausência de conceituação de pós- modernidade em todas as suas vertentes, principalmente sob o prisma jurídico. De fato, há uma lacuna dogmática a ser preenchida. O presente trabalho serviu como singela colaboração à consecução de tal fim.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho trouxe a impressão que a pós-modernidade pode ser um argumento válido para transformar o Direito em ferramenta de transformação social, tirando-o da velha posição de ciência conservadora de contenção social, repressora, estanque e, por vezes, estagnadora das evoluções sociais. A emancipação das minorias pode pautar-se na bandeira da pós-modernidade. Falta, entretanto, pontuar exatamente os contornos desse novo horizonte da ciência do Direito, trazendo-o para o séc. XXI e projetando-o para o futuro.
8. FONTES CONSULTADAS
BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Revista Sequência, nº 57. dez.2008.
DANTAS, Miguel Calmon. Constitucionalismo dirigente e pós-modernidade. São Paulo: Saraiva, 2009.
GOERGEN, Pedro. Pós-modernidade, ética e educação. Campinas: Autores Associados, 2005.
HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 2012.
LIPOVETSKY, Gilles. A era do vazio: Ensaios sobre o individualismo
contemporâneo. São Paulo: Manole, 2005.
MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor – O novo
regime das relações contratuais. São Paulo: RT, 2004.
PEREIRA, Daniela Buratto; MAGRO, Juliana Giordani; GOBBI, Sergio Leonardo.
Liberdade e pós-modernidade: elementos da abordagem centrada na pessoa. São