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Políticas linguísticas e suas implementações nas instituições do Brasil: o tradutor e intérprete surdo intramodal e interlingual de línguas de sinais de conferência

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CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA TRADUÇÃO

Kátia Lucy Pinheiro

Políticas Linguísticas e suas implementações nas Instituições do Brasil: o tradutor e

intérprete surdo intramodal e interlingual de Línguas de Sinais de Conferência

Florianópolis 2020

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Kátia Lucy Pinheiro

Políticas Linguísticas e suas implementações nas Instituições do Brasil: o tradutor e

intérprete surdo intramodal e interlingual de Línguas de Sinais de Conferência

Tese submetida ao Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de Doutor em Estudos da Tradução.

Orientadora: Profª. Ronice Müller de Quadros Dra.

Florianópolis 2020

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,

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Kátia Lucy Pinheiro

Políticas linguísticas e suas implementações nas instituições do Brasil: o tradutor e

intérprete surdo intramodal e interlingual de línguas de sinais de Conferência

O presente trabalho em nível de doutorado foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguintes membros:

Profa. Dra. Silvana Aguiar dos Santos Universidade Federal de Santa Catarina

Profa. Dra. Cristine Gorski Severo Universidade Federal de Santa Catarina

Profa. Dra. Marianne Rossi Stumpf Universidade Federal de Santa Catarina

Profa. Dra Simone Gonçalves de Lima da Silva Instituto Federal de Santa Catarina

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado adequado para obtenção do título de doutor em Estudos da Tradução.

____________________________ Coordenação do Programa de Pós-Graduação

____________________________

Profa. Dra. Ronice Muller de Quadros Orientador(a)

(5)

Este trabalho é dedicado aos meus queridos pais, meus filhos e comunidade surda.

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AGRADECIMENTOS

A Deus e Jesus, Senhor Deus que me fez surda para testemunhar o quanto é importante

ser e respeitar as diferenças.

Aos meus pais, a vocês que me deram a vida e que muitas vezes renunciaram aos seus

sonhos para que eu pudesse realizar o meu. Souberam me fazer uma pessoa forte, disposta para enfrentar os obstáculos e conseguiram me fazer muito feliz e realizada. A vocês minha eterna gratidão.

Aos meus irmãos, Saulo e Estêvão, que estão longe geograficamente, mas sempre

perto, no coração.

A Celina e a Zuila, tia e amiga, toda a sua atenção e o seu carinho fizeram e fazem de

mim uma pessoa muito feliz. Desde a minha infância as senhoras são pessoas muito especiais na minha vida e ocupam um lugar privilegiado no meu coração.

Aos filhos Kevin e Katherine, os aprendizados que adquiri com vocês me auxiliaram

no meu trabalho e me fizeram compreender melhor o sentido da educação.

A Nazaré, toda sua atenção, amiga, agradeço pelo apoio e cuidados com minha família. A Vanessa Lilia, amiga, agradeço pelo apoio e cuidado com filha no momento dos meus

estudos.

Ao Departamento Letras Libras e Estudos Estudos - Delles da UFC, aos Professores

e funcionários do Centro Humanidades - CH pelo apoio meus estudos e liberação para afastamentos.

À Secretaria de Acessibilidade – UFC Inclui, minha amiga a Prof. Vanda Leitão, que

me incentiva e contribuiu no trabalho e também o apoio do setor às gravação em Libras para a minha trabalho de doutorado, incluindo os funcionários e, aos intérpretes, agradeço por compartilhar comigo conhecimentos, conceitos, ajudando com sinais e palavras, dentre outros.

A amiga e orientadora Profa. Dra. Ronice Müller de Quadros, pela competência e

seriedade com que me orientou neste trabalho. Por toda atenção, carinho e apoio.

Ao ex-orientador prof. Dr. Tarcísio de Arantes Leite, agradeço por ter me orientado

na primeira versão do projeto da pesquisa.

Aos sujeitos tradutores e intérpretes surdos de línguas de sinais, contribuição das

respostas que subsidiaram esta pesquisa e contribuição para política linguística voltada ao tradutor e intérprete surdo.

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Às professoras das bancas de qualificação e defesa, Dra. Silvana Aguiar dos Santos, Dra. Cristine Gorsoki Severo, Dra. Marianne Rossi Stumpf e Simone Gonçalves de Lima da Silva, pela leitura e avaliação deste trabalho.

Aos intérpretes e tradutores (Libras e Português) Mariana Farias Lima, Jocelma

Lima, Jefferson Lucinda, Saionara Figueiredo Santos, Marisa G. Berkenbrock, Viviane Barazzutti, Camila Luz, que contribuíram com a tradução e interpretação da tese e do projeto de pesquisa.

Aos Tradutores especiais Andréa Michiles e Diego Lial pela tradução durante a

redação da tese, de vídeo em Libras para Português brasileiro escrito.

Aos Intérpretes e Tradutores de Inglês para Português: Fernando Carvalho Parente

Junior, Igor Silva, Emily Arcego, Projeto de extensão em tradução – EXTRAD da Universidade Federal da Paraíba, obrigada pel contribuição na tradução.

A amiga especial e querida Mairla Pires Costa, que fez a revisão desta tese com

atenção, dedicação, competência e carinho.

Ao ilustrudor, amigo de intimo João Batista Alves de Oliveira Filho, contribuição os

desenhos.

Aos amigos, Mariana Farias Lima, Daniel Almeida de Lima e Marcus Wedyson

Pinheiro, João B. A. de Oliveira Filho, amigos que me apoiam sempre.

In memoriam, aos líderes surdos cearenses idosos, especialmente os irmãos Francisco

Suderland Bastos Mota e Francisco Suarez Bastos Mota. Líder intérprete cearense Ernando Chaves Pinheiro, sobrenome igual ao meu e Reginaldo de Sousa Silva

As Comunidades Surdas redor ao mundo: ASCE, Feneis, Apilce, Febrapils, Wasli e

WFD. Me comprometo, com mais esta vitória, a contribuir com meus conhecimentos e capacidades, ajudando a esta comunidade a crescer cada vez mais com o objetivo de fazer com que outras pessoas na mesma condição que a minha, possam conquistar e sentir tamanha felicidade.

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A primeira questão é apresentada para um intérprete surdo: “Como uma pessoa surda pode ser um intérprete em língua de sinais na sua própria comunidade? Não pode ser. Você é surdo!” (BOUDREAULT, 2005, p. 323); no entanto, ao mesmo tempo ele relata que “há uma nova tendência mundial para os intérpretes surdos prestadores de serviço tornarem-se parte essencial na vida surda” (BOUDREAULT, 2005, p. 323, Tradução ExTrad)1

1 The first is a question posed to a DI: “How can a Deaf person be a signed language interpreter in your own Deaf community? It can’t be. You’re Deaf!” (BOUDREAULT, 2005, p. 323); yet at the same time he reports that “There is a new trend around the world for the Deaf interpreter service provider to be an integral part of Deaf life” (BOUDREAULT, 2005, p. 323).

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RESUMO

Nesta pesquisa buscou-se mapear as políticas linguísticas e suas implementações nas instituições do Brasil, e investigar a atuação do tradutor e intérprete surdo intramodal e interlingual de línguas de sinais de conferência. Discutiu-se sobre o campo dos Estudos da Interpretação de Línguas de Sinais (ETILS), com foco específico no estudo da interpretação de duas ou mais línguas de sinais pelo intérprete surdo no Brasil e no mundo, com o intuito de possibilitar a implementação de políticas linguísticas voltadas para os tradutores e intérpretes surdos de línguas de sinais. No entanto, observamos que no Brasil são poucas as pesquisas que discutem sobre o tradutor e interprete surdo. O quadro teórico-metodológico envolve, basicamente, política linguística (CALVET, 2007; RAJAGOPALAN, 2004, 2013; QUADROS, 2014); a articulação entre legislações sobre direitos linguísticos e línguas de sinais (TURI, 1994; QUADROS, 2004, 2010; SEVERO, 2013; MEULDER, 2016; SILVA, 2017); e tradutor e intérprete surdo, tradução e interpretação intramodal e interlíngua (JAKOBOSON, 1995; BOUDREAULT, 2005; STONE, 2008; MOODY, 2009; ADAM, 2014; CAMPELLO, 2014; GRANADO, 2019; FERREIRA, 2019). Como pergunta dessa pesquisa, temos o seguinte questionamento: como as políticas linguísticas contemplam o intérprete surdo de Libras para outras línguas de sinais? O objetivo geral foi analisar as políticas existentes relacionadas com interpretação e tradução intramodal e interlingual da Libras de/e para outras línguas de sinais nacionais ou língua de sinais internacional nas conferências regionais, nacionais e internacionais realizadas por intérpretes surdos. Os objetivos específicos são: 1) averiguar o papel de intérpretes surdos de Libras para outras línguas de sinais nacionais ou língua de sinais internacional profissionais (interpretação intramodal e interlingual) no Brasil e no contexto regional, nacional e internacional nas conferências; 2) analisar como os intérpretes surdos de línguas de sinais reconhecem as políticas linguísticas nacionais e internacionais, bem como sua implementação na interpretação de Libras de/e para outras línguas de sinais nacionais ou língua de sinais internacional e; 3) apresentar uma proposta de política linguística adequada ao contexto das relações de interpretação de Libras para outra língua de sinais nacionais ou língua de sinais internacional. Trata-se de uma análise quanti-qualitativa dos dados, por meio de análise descritiva das listas dos eventos e questionários e entrevistas semiestruturada, e análise explorativa, através de entrevistas semiestruturada e participante, isto é, autoetnografia. Na análise descritiva e explorativa foram investigadas as listas de eventos em línguas de sinais que contavam com a atuaçaõ de tradutores e intérpretes surdos e, análise explorativa, os tradutores e intérpretes surdos de língua de sinais nacionais para outras línguas de sinais nacionais ou língua de sinais internacional foram entrevistados, no qual buscou-se identificar a competência linguística, formação, remuneração, atitude e perfil relacionando com as políticas linguísticas. O corpus do diário de campo da participante consiste na observação das conferências, além do corpus contendo: i) as listas dos eventos; ii) o corpus com as respostas dos questionários e entrevistas dos sujeitos tradutores e intérpretes surdos. Como conclusão, a proposta que se aspira é a elaboração do projeto de lei ou emenda, situando o tradutor e intérprete surdo, seja para difundir a formação profissional, planejamento linguístico pela proposição de certificação e elaboração/oferta de curso de formação e nova remurenação por direito. A contribuição dessa meta política e política linguística objetiva conquistar a presença dos tradutores e intérpretes surdos de línguas de sinais em todos os espaços de atuação, em todo o contexto: conferências regionais, nacionais, internacionais, judiciais, consulados, aeroportos, policiais, saúde, associações de/para surdos, instituições regionais nacionais e internacionais, Mercosul, ONU, dentre outros, sem barreiras linguísticas.

Palavras-chave: Políticas Linguísticas. Tradutor e Intérprete Surdo. Línguas de Sinais. Libras.

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ABSTRACT

This research mapped the Linguistic Policies and their implementations in the Brazilian institutions, and investigated the performance of the deaf translator and interpreter who works either in the intramodal and interlingual modalities at Sign Language conferences. To enable the implementation of the Linguistic Policies to the deaf translators and interpreters of Sign Language, this research also discussed the Sign Language Interpretation Studies (ETILS), focusing on the interpretation of two or more Sign Languages by the deaf interpreter in Brazil and worldwide, even though there are few types of research in Brazil that discuss the deaf translator and interpreter. The theoretical background is based on the Linguistic Policies (CALVET, 2007; RAJAGOPALAN, 2004, 2013; QUADROS, 2014); the articulation between the legislation when it comes to Linguistics rights and Sign Languages (TURI, 1994; QUADROS, 2004, 2010; SEVERO, 2013; MEULDER, 2016; SILVA, 2017); and deaf translator and interpreter, intramodal and interlanguage translation and interpretation (JAKOBOSON, 1995; BOUDREAULT, 2005; STONE, 2008; MOODY, 2009; ADAM, 2014; CAMPELLO, 2014; GRANADO, 2019; FERREIRA, 2019). There was also a question that guided this research: how do the Linguistic Policies include Libras deaf interpreter who translates to other Sign Languages? The general objective was to analyze the existing policies related to Libras intramodal and interlanguage interpretation and translation from/to other national Sign Languages or international Sign Language at regional, national, and international conferences conducted by deaf interpreters. The specific objectives are 1) to investigate the role of the deaf interpreters of Libras for other national Sign Languages or international professional Sign Language (intramodal and interlanguage interpretation) in Brazil and the regional, national and international conferences; 2) to analyze how the Deaf Sign Language interpreters recognize national and international Linguistic Policies, as well as their implementation in the Libras interpretation from/to other national Sign Languages or international Sign Language; and 3) to present a proposal with an appropriate Linguistic Policy related to Libras interpretation context for another national Sign Languages or international Sign Language. Furthermore, the methodology follows a quantitative and qualitative analysis of the data through descriptive analysis of the lists of events and questionnaires and semi-structured interviews, and exploratory analysis, through semi-structured and participant interviews, that is, self-ethnography. It was investigated in the descriptive and exploratory analysis of the lists of events interpreted by deaf translators and interpreters. In the exploratory analysis, the deaf translators and interpreters who generally work translating from national Sign Languages to other national Sign Languages or international Sign Language were interviewed to identify their Linguistic Competence, training, remuneration, and also their attitude and profile towards the Linguistic Policies. The corpus of the field research was based on the participant's diary, which was created during the observation of the conferences. Besides, there are i) the lists of events; ii) the corpus with the answers to the questionnaires, and the deaf translators' and interpreters' interviews. Finally, the proposal looks for the creation of a project, which can be a bill or an amendment that places the deaf translator and interpreter. Throughout this process, it will be possible to spread professional training, linguistic planning by certification and preparation/offer of a training course, and new remuneration by law. This political goal and Linguistic Policy ensure the presence of deaf Sign Language translators and interpreters in all areas of activity, in all contexts without language barriers: regional, national, international, judicial, consulates, airports, police, health, associations of/for deaf people, regional national and international institutions, Mercosul, among others.

Keywords: Linguistic Policies. Deaf Translator and Interpreter. Sign Languages. Libras.

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Banquete em homenagem a Michel de L’Épée – ano 1834 ... 54

Figura 2 - Variação linguística da Libras: VERDE ... 58

Figura 3 - Colégio Nacional ... 59

Figura 4 - DanceWriting ... 64

Figura 5 - Reconhecimento legal das línguas de sinais pela legislação (2017) ... 77

Figura 6 - Reconhecimento legal das línguas de sinais dos países (2017) ... 77

Figura 7 - Cartografia linguística familiar de línguas de sinais do mundo... 82

Figura 8 - Cartografia linguística familiar de línguas de sinais nacionais da América do Sul . 94 Figura 9 - Cartografia das legislações das línguas de sinais nacionais - LSN da América do Sul ... 95

Figura 10 - Sinal de Língua de Sinais Internacional (LSI) ... 99

Figura 11 - Dicionário do Gestuno ... 103

Figura 12 - Presença dos tradutores e intérpretes de línguas de sinais na European Union (EU) em 2016 ... 121

Figura 13 - Tradutor surdo de Flausino José da Gama (1875) ... 126

Figura 14 - Associações de tradutores e intérpretes de língua de sinais do Brasil ... 143

Figura 15 - Diferença entre tradução e Interpretação ... 146

Figura 16 - Interpretação interlingual ... 152

Figura 17 - Interpretação Intralingual ... 153

Figura 18 - Modelo adaptando da Interpretação Relay de Bienvenu e Colonomos ... 156

Figura 19 - Parte de interpretação relay ... 157

Figura 20 - Modelo de Interpretação com espelhamento ... 158

Figura 21 - Interpreação simultânea na cabine de conferência ... 159

Figura 22 - Classificação linguística de língua de sinais para intérprete de conferência ... 163

Figura 23 - A primeira situação de Conferência... 169

Figura 24 - A segunda situação de Conferência ... 170

Figura 25 - A terceira situação de conferência e teleconferência ... 170

Figura 26 - A quarta situação de Conferência - Mesa-redonda ... 171

Figura 27 - Google Forms: questionários para os sujeitos de pesquisa – Intérpretes Surdos 195 Figura 28 - Perfil dos participantes de intérpretes surdos de Libras para outra LSN ou LSI de nossa pesquisa ... 200

Figura 29 - Sinal de FAZER (Libras e LSF) ... 237

Figura 30 - Sinal de IRM@ (Libras e LSF) ... 237

Figura 31 - Formação específica como tradutor/intérprete ... 253

Figura 32 - Descrição do curso técnico em tradução e interpretação de Libras ... 256

Figura 33 - Exames de Prolibras para tradutor e intérprete surdo de Libras e português brasileiro ... 291

Figura 34 - Mapeamento de diversos termos do tradutor, intérprete e guia-intérprete de línguas orais ... 325

Figura 35 - Registros dos sujeitos da pesquisa competência linguística da língua de sinais (L1, L2 e L3) ... 329

Figura 36 - Raiz de línguas orais humanas e Raiz de língua de sinais internacional ... 330

Figura 37 - Tradutor e Intérprete Surdo (intramodal ou intermodal) interlingual de língua .. 333

Figura 38 - Mapeamento de tradutor e intérprete surdo presença nas conferências no Mundo (Libras para outra língua de sinais nacional ou língua de sinais internacional) ... 342

(12)

Figura 39 - Tradutor e intérprete surdo brasileiros de língua de sinais nacional ou língua de sinais internacional para Libras nas conferências e diversos contextos ... 349 Figura 40 - Tradutor e intérprete surdo americano e alemão nas conferências e diversos contextos ... 349 Figura 41 - Cartografia das legislações das línguas de sinais nacionais e Tradutor e Intérprete de línguas de sinais ... 353 Figura 42 - Tipos de cursos de Formação de Tradutores e Intérpretes de Libras/PB... 361 Figura 43 - Recursos tecnológicos em Libras para outra língua de sinais ou língua de sinais nacional ou língua de sinais internacional (vice-versa) ... 366

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Quais as línguas de sinais nacionais e língua de sinais internacional que mais

frequente intérprete surdo trabalha nas conferências ... 221

Gráfico 2 - Eventos ou em outras situações ... 222

Gráfico 3 - Atuação do Intérprete de língua de sinais - ILS ... 223

Gráfico 4 - Qual é a sua primeira língua de sinais? ... 230

Gráfico 5 - Qual é a sua língua de sinais como segunda língua? ... 232

Gráfico 6 - Qual é a sua língua de sinais como terceira língua? ... 240

Gráfico 7 - Onde aprendeu em língua de sinais como primeira, segunda e terceira língua ... 243

Gráfico 8 - Fez o curso de formação de ISLSLS? ... 252

Gráfico 9 - Existe curso de formação para ISLSLS ... 260

Gráfico 10 - Quais motivos você atribui para a maioria dos intérpretes de uma língua de sinais para outra língua de sinais serem surdos ... 270

Gráfico 11 - Trabalha como intérprete surdo de língua de sinais para outra língua de sinais, voluntariamente ou é remunerado?... 271

Gráfico 12 - Remuneração é igual a dos intérpretes ouvintes de Libras e Português ... 274

Gráfico 13 - Há legislação nacional ou internacional sobre tradutor e intérprete surdo de língua de sinais para outra língua de sinais - ISLSLS ... 285

Gráfico 14 - Resultado sobre trabalha como intérprete das línguas de sinais nacionais e língua de sinais internacional ... 301

Gráfico 15 - Continua a trabalha como interprete surdo de língua de sinais para outra língua de sinais - ISLSLS? ... 307

Gráfico 16 - Política linguística em relação à presença do intérprete surdo de língua de sinais para outra língua de sinais ISLSLS no Brasil e nos outros países ... 311

Gráfico 17 - Você considera que o ISLSLS é valorizado no Brasil? ... 314

Gráfico 18 - Interpretação da Libras para outra língua de sinais nacional - LSN ou língua de sinais internacional das conferências ... 346

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Línguas de sinais do Brasil ... 44

Quadro 2 - Sistemas de escritas da língua de sinais ... 65

Quadro 3 - Exemplos de línguas de sinais ... 70

Quadro 4 - Decreto 6.949/2009. Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinado em Nova York, em 30 de março de 2007 ... 78

Quadro 5 - Línguas de sinais nacionais da América do Sul ... 87

Quadro 6 - Línguas de sinais nacionais dos outros países do Mundo ... 96

Quadro 7 - Normas ISO para Tradução e Interpretação ... 116

Quadro 8 - Reconhecimento dos Intérpretes Surdos como Profissionais ... 136

Quadro 9 - Tradutores e Intérpretes ... 147

Quadro 10 - Classificação linguística do intérprete de língua de conferência (APIC e AIIC) ... 162

Quadro 11 - Modelo adaptação de diferenças entre ILO e ILS e ISLSs ... 167

Quadro 12 - Lei 11.091/2005 e Classificação Brasileira de Ocupações - CBO ... 175

Quadro 13 - Lei 12.319/2010, Lei 13.105/2015 e Lei 13.005/2014 ... 178

Quadro 14 - Decreto 5.626/2005 ... 181

Quadro 15 - Lei 12.319/2010 e Lei 13.146/2015 ... 184

Quadro 16 - Lista dos eventos ... 208

Quadro 17 - Lista complementar dos eventos ... 209

Quadro 18 - Perfil dos participantes (questionados) da competência das línguas de sinais nacionais e língua de sinais internacional como primeira, segunda e terceira língua ... 226

Quadro 19 - Disciplina de Libras do curso de Fonoaudiologia ... 244

Quadro 20 - Dois cursos de formações para tradutores e intérpretes (Libras e português brasileiro) e (duas línguas de sinais)... 264

Quadro 21 - Cursos de graduação de Letras Libras bacharelado ... 265

Quadro 22 - Sindicato Nacional dos Tradutores – SINTRA ... 280

Quadro 23 - Dimensões de bilinguismo ... 318

Quadro 24 - Diferentes conceitos dos termos de tradutor, intérprete e guia-intérprete de línguas orais ... 323

Quadro 25 - Competência linguística e competência tradutória e interpretativa ... 331

Quadro 26 - Tradutor e intérprete de língua: empírico e profissional ... 335

Quadro 27 - Tipos dos diversos contextos, da demanda, da remuneração e da contratação .. 336

Quadro 28 - Tradução e interpretação de línguas faladas e língua escrita e línguas de sinais da SINTRA ... 339

Quadro 29 - Modelo adaptação pré-evento, no momento do evento e pós-evento ... 344

Quadro 30 - Modelo adaptação do perfil de tradutor e intérprete surdo ... 347

Quadro 31 - Profissionais tradutores e intérpretes surdos intramodal e interlingual (plurilíngue e multilíngue) das línguas ... 351

Quadro 32 - Tradutor e intérprete surdo bilíngue, plurilíngue e multilíngue de línguas de sinais ... 351

Quadro 33 – Complementações (emendas) ou criação da legislação para profissional tradutor e intérprete surdo ... 355

Quadro 34 - Os aspectos das situações de remuneração, voluntário e remuneração e voluntário ... 356

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Quadro 35 - As diferenças do curso de língua como língua estrangeira - LE e curso de formação para tradutor e intérprete surdo ... 358 Quadro 36 - Tipos de cursos de Formação de Tradutores e Intérpretes surdos... 362 Quadro 37 - Recursos tecnológicos de línguas de sinais para avaliação ... 366 Quadro 38 - Disciplinas novas ou complementares para curso da formação: qualificação profissional, técnico ou superior ... 370 Quadro 39 - Algumas das disicplinas complementares para curso de letras Libras... 371

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Intérpretes profissionais por pares de línguas - AIIC ... 166

Tabela 2 - Gênero dos participantes ... 200

Tabela 3 - Faixa etária dos participantes ... 201

Tabela 4 - Formação dos participantes em nível de graduação ... 201

Tabela 5 - Formação dos participantes em nível de Pós-Graduação ... 202

Tabela 6 - Perfil profissional dos participantes da pesquisa ... 203

Tabela 7 - Cursos de Graduação para alunos surdos ... 266

Tabela 8 - Comparação de honorários de tradutores e intérpretes de línguas de sinais da Febrapils entre Libras/ outras línguas de sinais e Libras para português brasileiro (2017) ... 275

Tabela 9 - Tabela de valores de referência de tradução da Febrapils ... 278

Tabela 10 - Tabela de referência da interpretação e guiainterpretação de Libras ... 279

Tabela 11 - Valores de Guia-Interpretação/ ASL/Gestuno/sinais internacionais da SINTRA ... 281

Tabela 12 - Surdos no Prolibras de tradução e interpretação (certificação) ... 288

Tabela 13 - Certificação da Prolibras: proficiência na tradução e interpretação da Libras e língua portuguesa ... 293

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnica

ACATILS Associação Catarinense de Tradutores e Intérpretes de Língua de Sinais AIIC Associação Internacioal de Intérprete de Conferência

APIC Associação Profissional Intérprete de Conferência

APILCE Associação dos Profissionais Intérpretes e Tradutores de Libras do Ceará ASCE Associação dos Surdos do Ceará

ASL American Sign Laguage BSL British Sign Language

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética CBO Classificação Brasileira de Ocupações

CCHLA Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes CDI Certified Deaf Interpreter

CIAS Centro de integração da arte e cultura dos surdos CNCT Catálogo Nacional de Cursos Técnicos de Nível Médio CNE Conselho Nacional de Educação

CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNUDN Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Natural CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa

DGS Deutsche Gebärdensprache DI Deaf interpreter

DDI Developing Deaf Interpreting DII Deaf Interpreter Institute

DUDL Declaração Universal de Direitos Linguísticos DUDH Declaração Universal de Direitos Humanos EAD Educação à Distância

EFSLI European Forum of Sign Language Interpreters ELiS Escrita das línguas de sinais

ETILS Estudos da Tradução e da Interpretação de Sinais EU European Union

EUA Estados Unidos da América EUD European Union of the Deaf

EUMASLI European Master in Sign Language Interpreting

Febrapils Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais

Feneis Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos FINSL Finnish sign language

GI Guiaintérprete GIS Guiaintérprete Surdo GU Gallaudet University

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDA International Disability Alliance

ILO Intérprete de língua oral ILS Intérprete de língua de sinais

INDL Inventário Nacional da Diversidade Linguística INES Instituto Nacional de Educação de Surdos

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I-nS Intérprete não-surdo

IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IS Intérprete Surdos

ISL Irish Sign Language

ISLS Intérpretes Surdos de Língua de Sinais

ISLSLS Intérpretes Surdos de língua de sinais para outra língua de sinais

ISLSN/LSN Intérpretes Surdos de língua de sinais nacionais para outra língua de sinais nacionais

ISO International Organization for Standardization

KCC Kapi’olani Comunitária College – University of Hawai L1 Primeira Língua

L2 Segunda Língua L3 Terceira Língua L4 Quarta Língua

LBI Lei Brasileira de Inclusão LE Língua Estrangeira

LGP Língua Gestual Portuguesa LF Língua falada

LIBRAS Língua Brasileira de Sinais LIS Lingua dei segni Italiana LM Língua Materna

LS Língua de Sinais

LSA Lengua de Señas Argentina LSB Lengua de Señas Boliviana LSC Lengua de Señas Catalã LSC Lengua de Señas Colombiana

LSCB Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros LSCH Lengua de Señas Chilena

LSE Lengua de Signis Española LSEC Lengua de Señas Ecuadora LSF Langue des Signes Française LSI Língua de Sinais Internacional LSKB Língua de Sinais Urubu-Kaapor LSM Língua de Sinais Mexicana LSN Língua de Sinais Nacional LSP Lengua de Señas Peruana LSPY Lengua de Señas Paraguaia

LSQ Langue des signes québécoise ou Quebec sign language LSR Língua de sinais regional

LSU Lengua de Señas Uruguaia LSV Língua de Sinais Venezuelana MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NCIEC National Consortium of Interpreter Education Centers NG Nederlandse Gebarentaal

NRCPD The National Registers of Communication Professionais Working With Deaf and Deafblind People

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OGS Österreichische Gebärdensprache OIT Organização Internacional do Trabalho OMS Organização Mundial de Saúde

ONG Organização Não-Governamental ONU Organização das Nações Unidas

P Palestrante

PB Português brasileiro

PGET Programa de Pós-Graduação em Estudos em Tradução PPGL Programa de Pós-Graduação em Linguística

PL Política Linguística

POET Programa de Pós-graduação em Estudos em Tradução ProLibras Proficiência em Libras

Prostrad Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução PUC Pontifícia Universidade de Católica

RID Registry of Interpreters of the Deaf SEL Sistema de Escrita da Libras SI Sinais Internacionais

SINTRA Sindicato Nacional dos Tradutores SW Sign Writing

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TIGISC Tradutor, Intérprete e Guiaintérprete Surdocego TIL Tradutor e Intérprete de Língua

TILS Tradução e Interpretação em Língua de Sinais TILSP Tradutor e Intérprete de Libras e Língua Portuguesa TIO Tradutor e Intérprete Ouvinte

TIS Tradutor e Intérprete Surdo

Tradusp Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução

TUILSU Tecnicatura Universitaria en interpretación Lengua de Señas Uruguay UFAL Universidade Federal de Alagoas

UFC Universidade Federal do Ceará

UFES Universidade Federal do Espírito Santo UFG Universidade Federal de Goiás

UFGD Universidade Federal da Grande Dourados UFPB Universidade Federal da Paraíba

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRR Universidade Federal de Roraima UFSC Universidade Federal Santa Catarina UFSCar Universidade Federal de São Carlos UFT Universidade Federal do Tocantins UFU Universidade Federal de Uberlândia UnB Universidade de Brasília

VIPARO Vahvasti viittomakielistä vuorovaikutusta ja aitoa ammattilaisuutta VisoGrafia Escrita Visogramada das Língua de Sinais

Wasli World Association of Sign Language Interpreters WFD World Federation of the Deaf

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO ... 23

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA E OBJETIVOS ... 37

1.2 OBJETIVO GERAL ... 37

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 38

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA I: POLÍTICAS LINGUÍSTICAS DAS LÍNGUAS DE SINAIS ... 39

2.1 DIFERENTES VERTENTES DE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E AS PESQUISAS SOBRE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E LÍNGUAS DE SINAIS ... 39

2.2 CENÁRIO INTERNACIONAL: LÍNGUA DE SINAIS ... 51

2.3 CENÁRIO NACIONAL: LÍNGUA DE SINAIS ... 56

2.4 DEFINIÇÃO DAS LÍNGUAS DE SINAIS COMO PRIMEIRA, SEGUNDA E TERCEIRA LÍNGUA ... 66

2.5 LEGISLAÇÕES LINGUÍSTICAS DAS LÍNGUAS DE SINAIS POR AS IMPLICAÇÕES ... 74

2.6 GEOPOLÍTICA DAS LÍNGUAS DE SINAIS NACIONAIS NO MUNDO ... 79

2.6.1 Língua de Sinais Nacionais da América do Sul ... 83

2.6.2 Língua de Sinais Nacionais dos outros países no mundo ... 96

2.6.3 Língua de Sinais Internacional: uma língua ... 98

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA II: OS ESTUDOS SOBRE A ATUAÇÃO DOS TRADUTORES E INTÉRPRETES SURDOS ... 112

3.1 CENÁRIO NACIONAL E INTERNACIONAL DO TRADUTOR E INTÉRPRETE ... 112

3.2 CENÁRIO DE FORMAÇÃO E ESTUDOS DE TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS ... 129

3.3 TERMINOLOGIA DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA E ATUAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE SURDO ... 144

3.4 TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA NA CONFERÊNCIA ... 164

3.5 POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E PLANEJAMENTO LINGUÍSTICO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LÍNGUA PELAS LEGISLAÇÕES ... 173

4 PERCURSO METODOLÓGICO ... 189

4.1 TIPO DE PESQUISA E NATUREZA DA PESQUISA ... 189

4.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 194

4.3 OS SUJEITOS DA PESQUISA: INTÉRPRETE SURDO ... 199

4.4 ETAPAS DA PESQUISA ... 204

5 ANALISANDO DE INTÉRPRETE SURDO INTRAMODAL E INTERLINGUAL DE LÍNGUAS DE SINAIS ... 207

5.1 ANÁLISE DESCRITIVA DE DADOS DAS CONFERÊNCIAS ... 207

5.2 COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA DO INTÉRPRETE SURDO DE LÍNGUAS DE SINAIS NACIONAIS E LÍNGUA SINAIS INTERNACIONAL ... 225

5.3 FORMAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE SURDO DAS LÍNGUAS DE SINAIS ...251

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5.4 REMUNERAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE SURDO DAS LÍNGUAS DE

SINAIS NACIONAIS OU LÍNGUA DE SINAIS INTERNACIONAL ... 271

5.5 LEGISLAÇÃO, AVALIAÇÃO E CERTIFICAÇÃO SOBRE TRADUTOR E INTERPRETE SURDO ... 285

5.6 PERFIL DA PROFISSIONALIZAÇÃO DO INTÉRPRETE SURDO DE DUAS LÍNGUAS DE SINAIS ... 299

5.6.1 Trabalha com interpretação e tradução de Libras para outras línguas de sinais nacionais ou Sinas Internacionais ... 300

5.6.2 A continuidade no trabalho como intérprete surdo de Libras para outras Línguas de Sinais Nacionais ou Língua de Sinais Internacional ... 307

5.7 POLÍTICA LINGUÍSTICA E ATITUDE NO BRASIL E NO MUNDO ... 310

6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 323

6.1 A BASE DE COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA DAS LÍNGUAS DE SINAIS RELACIONA COM TRADUTOR E INTÉRPRETE SURDO ... 328

6.2 A ATUAÇÃO DE TRADUTOR E INTÉRPRETE SURDO INTERMODAL, INTRAMODAL, INTERLINGUAL E INTRALINGUAL NAS LÍNGUAS ORAIS ... 332

6.3 ATUAÇÃO DE TRADUTOR E INTÉRPRETE SURDO INTRAMODAL E INTERLINGUAL DE LIBRAS PARA OUTRAS LÍNGUAS DE SINAIS NOS DIVERSOS CONTEXTOS ... 335

6.4 A ATUAÇÃO DE TRADUTOR E INTÉRPRETE SURDO INTRAMODAL E INTERLINGUAL DE LIBRAS PARA OUTRA LÍNGUA DE SINAIS NACIONAL OU LÍNGUA DE SINAIS INTERNACIONAL NO CONTEXTO DE CONFERÊNCIA ... 340

6.5 POLÍTICA LINGUÍSTICA E PLANEJAMENTO LINGUÍSTICO FOCADO LEGISLAÇÃO DE TRADUTOR E INTÉRPRETE SURDO, LIBRAS, LÍNGUA DE SINAIS NACIONAL E LINGUA DE SINAIS INTERNACIONAL ... 352

6.6 A REMUNERAÇÃO PARA TRADUTOR E INTÉRPRETE SURDO ... 356

6.7 A FORMAÇÃO PARA TRADUTOR E INTÉRPRETE SURDO ... 357

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 375

REFERÊNCIAS ... 379

APÊNDICE A – Descrição ... 403

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1 INTRODUÇÃO

As investigações e estudos acerca do tradutor e intérprete surdo2 são recentes no Brasil. Ainda não existe uma formação profissional para a qualificação desses sujeitos na área da tradução e interpretação. De acordo com Silva (2016) “a palavra formação sempre se referindo à formação profissional ou profissionalização”, e nesse trabalho também terá esse sentido. Para além da área dos Estudos de Tradução e Interpretação de Línguas de Sinais – ETILS e do campo de estudo da Política de Tradução, há a pesquisa sobre tradução e interpretação intramodal e interlingual entre duas línguas de sinais que tem sido realizada por surdos que dominam a Libras e outras línguas de sinais nacionais (doravante LSNs) ou língua de sinais internacional (doravante LSI).

Nesse contexto, intramodal envolve os sistemas entre línguas de mesma modalidade (de uma língua oral-auditiva para outra língua oral-auditiva ou de uma visuo-gestual para outra língua visuo-gestual), enquanto a intermodal corresponde a interpretação entre línguas duas modalidades: a visuo-gestual e a oral-auditiva (SEGALA; QUADROS, 2015). O foco da pesquisa apresentada é, portanto, na tradução e interpretação entre línguas da mesma modalidade, ou seja, línguas de sinais, visuo-gestuais e interlingual, isto é, diferentes línguas de sinais, em especial entre uma língua de sinais nacional (doravante LSN) e uma LSI.

Woodward (1996 apud NONAKA, 2004) apresenta um modelo tripartido de variedades de línguas de sinais, que será também útil para a discussão da presente proposta: as línguas de sinais nacionais (LSNs) que desfrutam de algum reconhecimento e/ou políticas linguísticas que as colocam como língua oficial da comunidade surda de seus respectivos países. Dessa forma, LSN de cada país. A LSI é uma espécie de língua internacional, muitas vezes usada pelos surdos em conferências, esportes, reuniões, na associação de surdos, na mídia e em diversos outros contextos, seja eles regional, nacional e internacional, ou em situações informais sendo utilizada, por exemplo, em reuniões internacionais de surdos.

A qualificação dos surdos para a função de intérpretes, vem se dando numa formação empírica e baseada na sua competência tradutória e/ou interpretativa3, incluindo a competência

2O termo surdo será usado referindo-se ao indivíduo que, independentemente do grau de perda auditiva, aceita e

usa a língua de sinais como primeira língua, identificando-se como membro de uma comunidade surda – “[...] um grupo minoritário com direito a uma cultura própria e a ser respeitado na sua diferença” (MOURA, 2000, p. 72). 3 Embora qualquer falante bilíngue possua competência comunicativa nas línguas que domina, nem todo bilíngue possui competência tradutória. A competência tradutória é um conhecimento especializado, integrado por um

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linguística, geralmente ocorrendo, nos contextos de conferências, em interpretações de casos jurídicos, em interpretações em consulados, em atendimento de saúde, em diversos outros contextos.

Em minha pesquisa, que é relacionada às Políticas Linguísticas, o foco é nas interpretações que acontecem no contexto de conferência, no qual ocorram interpretações de Libras para outra LSN, tais como: língua de sinais americana - ASL, língua de sinais francesa - LSF, língua de sinais espanhola - LSE, língua de sinais argentina - LSA, língua de sinais venezuelana - LSV, língua de sinais alemã - DGS, dentre outras, e/ou para LSI. Segundo Silveira (2017, p. 14) a “pessoa surda tem sua experiência cultural e linguística (em língua de sinais - LS) e tem capacidade para formar-se como intérprete ou tradutor para atuar com uma língua de sinais nacional ou língua de sinais internacional para a Libras e vice-versa”.

O meu questionamento segue a linha de raciocínio de refletir se a experiência cultural e linguística do sujeito surdo é suficiente para transformá-lo num intérprete e tradutor, mesmo sem a formação específica. Essa grande discussão sobre o intérprete surdo e a tradução e interpretação intramodal e interlingual entre duas ou mais das línguas de sinais nacionais será melhor discutida no capítulo III, que traz a temática do tradutor e intérprete surdo, na análise de dados e no capítulo de discussão desse trabalho.

Hoje, ainda percebemos o número reduzido de intérpretes surdos que realizam interpretação intramodal e interlingual no Brasil, além da maioria ser voluntária e apenas com formação empírica. Ou seja, são poucos os profissionais existentes; é necessário o aumento de profissionais intérpretes surdos de LSNs ou LSI. Sobre o intérprete surdo, Laguna (2015) afirma:

Faço um parêntese aqui para explicar que entendo por Intérprete empírico como sendo o sujeito que não se constitui profissionalmente, com uma formação em bases teóricas e científicas que determinem seu perfil profissional. Ele é um sujeito que circula na sociedade com um conhecimento prático adquirido pela vivência no cotidiano com os surdos. A nomeação do intérprete empírico é normalmente atribuída àqueles que vêm da comunidade surda. (LAGUNA, 2015, p. 13).

O intérprete surdo de uma LSN para outra LSN ou LSI tem atuação empírica até hoje, mas provavelmente, já poderia ser, há muito tempo um profissional com formação de qualidade. Para Quadros (2004, p. 27), o profissional intérprete é aquele “que domina a língua de sinais e a língua falada do país e que é qualificado para desempenhar a função de intérprete. No Brasil, conjunto de conhecimentos e habilidades, que singulariza o tradutor e o diferencia de outros falantes bilíngues não tradutores (HURTADO ALBIR, 2003, p. 19).

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o intérprete deve dominar a língua brasileira de sinais e língua portuguesa” (QUADROS, 2004, p. 27). Dessa forma, o intérprete surdo também pode ser tradutor de Libras e português brasileiro4, porém, é mais comum o perfil de intérprete surdo intramodal e interlingual, aquele

que domina Libras e outra LSN ou LSI.

Para a formação dessa categoria profissional é preciso o estudo teórico e das técnicas de interpretação, garantindo direitos linguísticos à comunidade surda. É importante que o intérprete surdo de duas LSNs seja um profissional com experiência e competências nas línguas de sinais e, também, com competência interpretativa e tradutória, conhecimento adquirido em formações profissionais. Conforme Adam, Aro, Druetta, Duenna e Klintberg (2014, p. 6):

Nossa posição é que, como a maioria dos interpretes surdos - ISs fazem esta forma a interpretação em uma forma ou outra como profissão, ela é uma parte integrante do serviço do IS; além disso, os ISs que têm habilidade na tarefa interlinguística são geralmente capazes de fazer uma interpretação interlingual e vice-versa.5 (ADAM et al, 2014, p. 6, tradução ExTrad6).

No que se refere à atuação dos intérpretes surdos de Libras para outra LSNs ou LSI podemos encontrar algumas dificuldades para a profissionalização, devido à falta de cursos de formação e de um perfil profissional definido. Silveira (2017, p. 17) diz que “no Brasil, muitos intérpretes surdos não são formados nessa área e sim formados na área de ensino de Libras ou em outras áreas”. A falta de formação, digamos assim, acaba ocasionando a atuação voluntária na atividade interpretativa; logo, poucos são remunerados. Os surdos que trabalham como intérpretes de língua de sinais e têm algum nível de profissionalização são poucos, a maioria deles continua atuando “sem profissionalização” e com um foco restrito à prática da interpretação de uma LSN para outra LSN ou LSI.

É importante deixar claro que, para alguns autores, como Steiner (2005), Rónai (1976), Jakobson (1975), Schleiermacher (1992) e Quadros (2004), há diferenças entre a atividade da tradução e da interpretação. Esses autores defendem que, na tradução, o tradutor converte um

4 Segundo Bagno (2015, p. 27) “[...] se é verdade que o Brasil a língua falada pela grande maioria da população é o português brasileiro (que muitos já gostariam de chamar simplesmente de brasileiro), esse mesmo português brasileiro apresenta um alto grau de diversidade e de variabilidade, não é só por causa da grande extensão territorial do país”.

5 We argue that, as most DIs do this form of interpreting in one way or another in their professional employment,

it is an integral part of DI work; moreover, DIs who are skilled at interlanguage work are usually able to do intralanguage interpreting and vice versa (ADAM; ARO; DRUETTA; DUENNA; KLINTBERG, 2014). 6 ExTrad é um projeto de extensão do do Curso de Tradução do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba (CCHLA/UFPB) . Disponível em: http://www.cchla.ufpb.br/extrad.

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texto escrito em uma língua para outro texto escrito em outra língua, enquanto que na

interpretação, se faz uma tradução falada ou sinalizada de uma língua para outra língua falada

ou língua de sinais, em que os textos orais produzidos acontecem de forma síncrona, presencialmente ou remota, podendo ser simultânea ou consecutiva. Na

tradução-interpretação, termo usado nesta tese, é entendida como atividade de conversão de um texto

escrito para um texto videogravado em língua de sinais, de forma que estão presentes características da tradução e da interpretação. Esta possibilidade de conversão acontece, principalmente, em função da modalidade da língua de sinais, que traz implicações para o processo de conversão.

Outra diferença apontada por Steiner (2005) está relacionada com os tempos empregados na tradução e na interpretação. No primeiro, o tempo é mais alargado, envolvendo um período maior de reflexão para a realização da tradução; enquanto o segundo, o tempo é restrito, pois o ato da interpretação acontece quase que simultaneamente ao ato da produção do texto fonte (PÖCHHACKER, 2004; RODRIGUES, 2013).

É importante, para além da área dos Estudos da Tradução e da Interpretação, agregar à essa discussão as contribuições de áreas como a Linguística e a Sociolinguística, para que seja possível fazer a implementação de políticas linguísticas voltadas para os intérpretes surdos de língua de sinais. E também o contrário, as áreas da Linguística, Política Linguística e Sociolinguística podem agregar à discussão, contribuindo para as áreas de Estudos da Tradução e da Interpretação, é importante a troca de conhecimentos e epistemologias. Dessa forma, observamos que os estudos evidenciam a importância de garantir a presença do intérprete surdo de Libras para outra LSN ou LSI como forma de assegurar a compreensão linguística e os direitos linguísticos dos surdos.

O papel do intérprete surdo de duas LSNs e LSI de acordo com Adam, Aro, Druetta, Duenna e Klintberg (2014, p. 6, tradução ExTrad) é o seguinte: “[...] as perspectivas sobre o papel e o trabalho dos intérpretes surdos variam. Uma variação é que os intérpretes surdos são indicados quando um ou uma cliente utiliza seus próprios sinais ou sinais locais; quando usa uma língua de sinais estrangeira [...]”7. Dessa maneira, os intérpretes e tradutores profissionais

de línguas de sinais trabalhariam focados em interpretar e intermediar a comunicação entre clientes surdos brasileiros, surdo estrangeiro, surdo oralizado, surdo fronteiriço, surdo indígena,

7 As discussed, perspectives on the role and work of DIs vary. One is that DIs are assigned when a client uses his

or her own signs or home signs; uses a foreign sign language […] (ADAM; ARO; DRUETTA; DUENNA; KLINTBERG, 2014, p. 6).

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surdo imigrante, surdo refugiado, ouvinte brasileiro e estrangeiro. Neste sentido, as LSNs e LSI são para comunicação ou instrução entre pessoas surdas e/ou ouvintes, permite a oportunidade de compartilhamento linguístico entre as diferentes comunidades surdas e ouvintes.

A partir dessa reflexão, surgiram os questionamentos para essa pesquisa, que é voltada para a investigação de políticas linguísticas e suas implementações a cerca da presença do tradutor e intérprete surdo de língua de sinais para outra língua de sinais nas instituições do Brasil, considerando a Libras e outras LSNs ou LSI. Sobre a importância das políticas linguísticas, Calvet (2007) declara que:

a política linguística (determinação das grandes decisões referentes às relações entre as línguas e a sociedade) e o planejamento linguístico (sua implementação) são conceitos recentes que englobam apenas em parte essas práticas antigas e atual. Políticas linguísticas: decisões do poder para influir no uso da língua de um grupo ou de uma comunidade linguística, campo interdisciplinar entre Sociologia e Linguística. (CALVET, 2007, p. 11, grifo do autor).

A contextualização da pesquisa, voltada à questão societária e linguística, se dá no estudo sociológico focado em algumas instituições brasileiras das comunidades surdas regionais, nacionais e internacional. As primeiras (regionais e nacionais)possuem o direito à LSN, como a Libras, a DGS (Língua de Sinais Alemã), a LSF (Língua de Sinais Francesa), a ASL (Língua de Sinais Americana), entre outras; e a segunda (internacional) têm direito ao acesso à LSI, que podem ser utilizada por qualquer pessoa surda, uma espécie de língua, comumente usada na Europa em encontros internacionais e nas conferências internacionais, que podem incluir quaisquer países.

A presença do intérprete surdo de duas línguas de sinais, portanto, é importante para a instrumentalização e difusão das línguas de sinais para as comunidades surdas e sociedades8 no

Brasil. Dessa forma, precisa-se de política linguística para propor ações e organizar programas de cursos que englobem temáticas de formação de intérprete surdo dominantes com competência linguística de duas ou mais LSN ou LSI, com competência tradutória e interpretativa, perfil, profissional, atitudes, legislações e remuneração. Segundo Boudreault (2005):

8Sociedade é um conjunto de seres que convivem de forma organizada. A palavra vem do Latim societas, que

significa “associação amistosa com outros”. O conceito de sociedade se contrapõe ao de comunidade ao considerar as relações sociais como vínculos de interesses conscientes e estabelecidos, enquanto as relações comunitárias se consideram como articulações orgânicas dae formação natural. Comunidade Surda faz parte dasociedade.

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[...] de outro lado, apresenta uma breve descrição de diversos aspectos do trabalho de interpretação do surdo. Ele elenca situações variadas que podem demandar um surdo bilíngue com as habilidades tanto na língua oral quanto de sinais; as pessoas surdas que trabalham entre duas línguas de sinais; ou pessoas surdas que trabalham com uma única língua de sinais (ex. IS espelhando, facilitando, trabalhando com pessoas surdocegas. (BOUDREAULT, 2005 apud ADAM; ARO; DRUETTA; DUNNE; KLINTBERG, 2014, p. 6, tradução ExTrad).9

A Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano de 2016, informou que existe 360 milhões de pessoas com deficiência auditiva no mundo. De acordo com a World Federation of

the Deaf – WFD, há 70 milhões de pessoas surdas e mais de 300 línguas de sinais no mundo.

Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou a existência de 9,7 milhões de surdos e deficientes auditivos no Brasil.

No mundo globalizado, os surdos brasileiros e estrangeiros, ou seja, o povo surdo mundial tem contato constante, seja em conferências regionais, nacionais e internacionais, seja em situações de contatos não formais, do cotidiano; é importante ressaltar que esse contato, geralmente, acontece por meio da LSI, mas nem todos os surdos conhecem e dominam a LSI. Por isso, é importante e se faz necessário que surdos possam estudar e se apropriar dos estudos da tradução e dos estudos da interpretação, possibilitando-os, não somente conhecer sobre tradução e interpretação, mas também atuarem como tradutores e intérpretes de línguas de sinais diferentes. Nesse sentido, é fundamental haver ações afirmativas que possibilitem a formação desses sujeitos. Para isso, é salutar se pensar em legislações que possam favorecer esse cenário.

O movimento surdo brasileiro conquistou algumas legislações importantes. Dentre elas, estão: a Lei Federal nº 10.436 (BRASIL, 2002), o Decreto nº 5.626 (BRASIL, 2005a) e a Lei Federal nº 12.319 (BRASIL, 2010a). Além de outras legislações também importantes para o movimento de pessoas com deficiências, tais como: a Lei Federal nº 13.146 (BRASIL, 2015) e o Decreto Federal nº 6.949 (BRASIL, 2009).

Para além das legislações citadas, ainda há uma legislação internacional que é a Convenção Internacional da Pessoa com Deficiência. No que se refere aos intérpretes surdos de língua de sinais para outra língua de sinais, o decreto 5.626/2005 é a principal delas. Esse decreto regulamenta a Lei nº 10.436/2002, que em seu art. 19, cap. V “Da formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua portuguesa”, prevê a existência e atuação de: “profissional surdo,

9 […] on the other hand, presents a concise description of a range of aspects of Deaf interpreting work. He outlines various language situations that may call for a Deaf bilingual with skills in both a spoken and a signed language; Deaf people who work between two sign languages; or Deaf people who work within one sign language (i.e., DI mirroring, facilitating, working with deaf-blind people) (BOUDREAULT, 2005 apud ADAM; ARO; DUNNE; KLINTBERG, 2014, p. 6).

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com competência para realizar a interpretação de línguas de sinais de outros países para a Libras, para atuação em cursos e eventos” (BRASIL, 2005a).

Assim, este decreto garante que os surdos tenham a oportunidade de ter interpretação e comunicação10 com duas ou mais LSNs ou LSI, através da presença do intérprete surdo de duas

línguas de sinais nas instituições que tiverem participação de pessoas surdas. Entretanto, essa ainda não é uma realidade brasileira, não existe uma ação do poder público para a implantação de surdos tradutores/intérpretes nas instituições brasileiras. Não há propostas para organizar cursos de formação que levem em consideração a constituição do profissional intérprete e tradutor surdo de língua de sinais para outra língua de sinais, não há legislação que garanta e reconheça essa profissão.

Por consequência, raramente acontecem contratações desse profissional e ainda não existe reconhecimento da profissão e nem da necessidade do intérprete surdo de duas LSNs ou LSI nos contextos de conferência, jurídico, de saúde e outros, onde circulam, muitas vezes, diferentes línguas de sinais, como as línguas locais (centro-urbanos), de aldeias, regionais, nacional e internacional, principalmente, no encontro surdo-surdo.

O exame do ProLibras (Proficiência em Libras), que é um exame nacional para a certificação de proficiência no uso e no ensino de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e para a certificação de proficiência na tradução e interpretação da Libras-português-Libras, certifica pessoas surdas ou ouvintes, com ensino superior ou ensino médio completo. Os certificados obtidos pelo ProLibras asseguram a competência no uso e no ensino de Libras ou na tradução e interpretação desta língua, sendo aceitos por instituições de educação superior ou básica, conforme regulamentado pelo Decreto nº 5.626/2005 e pela Portaria Normativa nº 20/2010 promulgada pelo Ministério da Educação (MEC) e determinou a realização do exame até 2015.

A Prolibras é somente certificação, ou seja, não é formação, também não contempla a tradução e interpretação entre duas línguas de sinais. Para o surdo que deseja realizar o exame para tradução-interpretação, há somente a avaliação para tradutor-intérprete de Libras/ português brasileiro. Sem legislação específica, há uma falta de valorização do tradutor e intérprete surdo, logo, poucos são contratados pelas instituições, pela falta de reconhecimento,

10 Campello (2014) diz que os surdos usam a Língua de Sinais Brasileira envolvendo o corpo todo, no ato da comunicação. Sua comunicação é viso-gestual e produz inúmeras formas de apreensão, interpretação e narração do mundo a partir de uma cultura visual.Perlin e Miranda (2003) defendem que a experiência visual significa usar a visão como meio de comunicação. Dessa experiência visual surge a cultura surda, representada pela língua de sinais, pelo modo de ser, de se expressar, de conhecer o mundo, de entrar nas artes, no conhecimento científico e acadêmico

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e a maioria torna-se voluntário. Faz-se necessária a implementação de ações afirmativas, incluindo legislações, referentes à presença do intérprete surdo de LSN para outra LSN ou LSI e, consequentemente, às formações, às legislações, às atitudes, à remuneração, às línguas de sinais (competência linguística) e aos diversos contextos, principalmente, da conferência.

O principal aspecto que motiva essa pesquisa é saber como os surdos brasileiros estão enfrentando as barreiras da comunicação entre as diversas línguas de sinais vivenciadas no país, como por exemplo, como se dá a comunicação entre o surdo estrangeiro e o surdo brasileiro, as LSNs, a LSI e a Libras.

A importância da presença do tradutor e intérprete surdo de duas línguas de sinais é para facilitar a comunicação entre os surdos, dando um fim nas barreiras comunicativas que possam existir. Ointérprete surdo tem a responsabilidade da interpretação pela instrução das línguas sinalizadas e o tradutor tem a responsabilidade da tradução pela escrita de língua falada e de língua sinalizada. A valorização dos direitos linguísticos dos surdos e o empoderamento das línguas de sinais corrobora com a importância de haver um campo de atuação para o intérprete surdo de língua de sinais para outra língua de sinais não somente nas instituições públicas e privadas, mas em qualquer espaço e contexto que seja necessário.

É importante destacar que as pesquisas nessa temática ainda são recentes, porém, há uma quantidade significativa de pesquisadores e autores que começam a trabalhar com essa temática. Entra eles, Collins (2004), Quadros (2004, 2010, 2014), Boudreault (2005), Moody (2005), Stone (2008, 2009, 2011), Druetta (2008, 2014), Adams (2010, 2014), Campello (2014), De Meulder (2016), , Howard (2018), Russel (2018), Ferreira (2019), Granado (2019) e Rathmann (2010, 2019). Há também pesquisadores discutindo sobre os direitos linguísticos que contribuem diretamente para a nossa discussão, entre eles, cito Jakobson (1959), Ferguson (1959), Rajagopolan (2004, 2013) e Severo (2013).

Os questionamentos acima mencionados e a minha experiência pessoal com as línguas de sinais e como tradutora e intérprete surda foram o que me despertou para esse tema. Enquanto surda e enquanto participante da comunidade surda e de eventos junto a entidades, como a Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – Feneis, a Associação dos Surdos do Ceará – ASCE (da qual sou associada e sou vice-presidente), aAssociação dos Profissionais Intérpretes e Tradutores de Libras do Ceará – Apilce (da qual sou associada e ex-conselheira do conselho de Linguística). Participei de bancas para a seleção de tradutores e intérpretes de Libras/português brasileiro e fui professora de cursos de formação de tradutores e intérpretes de língua de sinais da Apilce e da Feneis, da Federação Brasileira das Associações dos

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Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais – Febrapils (atualmente sou coordenadora de grupo do trabalho de tradutores e intérpretes surdos e guia-intérpretes surdos), e outras associações de surdos, em universidades públicas e privadas, entre outras instituições. Sempre mantive a minha prática militante e vivenciei algumas experiências com tradução, interpretação e tradução-interpretação de línguas de sinais. A partir disso, construi o meu histórico de práticas comunicativas e práticas de tradução e interpretação das línguas de sinais.

A minha primeira experiência com a interpretação entre línguas de sinais (interpretação11 intramodal e interlingual) foi de forma consecutiva entre LSI e a Libras, em

Belo Horizonte no Encontro Latino-Americano de Surdos, no ano de 2004. Utilizei-me da língua sinais internacional - LSI para a comunicação com os surdos estrangeiros e, enquanto coordenadora e mediadora de mesa redonda, sinalizava em LSI e em Libras durante a conferência (não tinha intérpretes surdos no palco); fiz sinalização de LSI depois Libras e vice-versa. O público alvo era composto por surdos brasileiros e surdos estrangeiros da América do Sul, Estados Unidos e Finlândia. Os surdos estrangeiros sempre visitam as associações de surdos, dessa forma, precisei interpretar, de maneira informal, na interação entre pessoas surdas brasileiras e pessoas surdas estrangeiras e auxiliar na comunicação entreelas.

Sobre essa experiência, teve duas situações: na primeira, interpretei rápido e obtive êxito ao repassar de uma língua para outra. Escolhi sinais coerentes e claros para um melhor entendimento; na segunda experiência, tive mais dificuldade em organizar a estrutura linguística de uma língua para outra língua, por falta de prática e conhecimento do que é ser intérprete de duas línguas de sinais.

No ano de 2008, participei como membro da comissão do Encontro de Jovens Surdos do Cone Sul em Capão da Canoa – RS. Neste evento também me comuniquei com participantes surdos estrangeiros que possuiam diferentes línguas de sinais como a LSA – Língua de Sinais Argentina, a LSU – Língua de Sinais Uruguaia, outras LSNs e LSI, me comuniquei com os estrangeiros (de vários países da América do Sul) e suas várias línguas de sinais, somente com sinais básicos das línguas de sinais deles, nem todas as pessoas sabem LSI. Comuniquei-me

11 A palavra utilizada pelo autor Jakobson é Tradução, mas fiz a substituição pela palavra interpretação. Para Jakobson (1959), tradução interlingual ou tradução propriamente dita, que é definida como a interpretação de uma língua para outra; ou seja, uma interpretação de signos verbais de uma língua para outra língua. A tradução interlingual se dá entre duas línguas diferentes. A tradução utiliza o escrito. A tradução oral entre duas línguas chama-se de interpretação interlingual, que pode ser sinalizada, simultânea ou consecutiva.

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com surdos argentinos misturando sinais das línguas de sinais argentina - LSA e da LSI. Com surdos uruguaios, misturei sinais da LSU e da LSI. Esse tipo de comunicação difere da função realizado pelo intérprete.

Participei de algumas conferências internacionais, tentando entender e me aprofundar na LSI. Assisti atentamente aos palestrantes estrangeiros que tinham intérpretes surdos brasileiros das duas LSNs e LSI. Foi nessas conferências que agucei a minha curiosidade sobre o intérprete surdo de línguas de sinais. Como se dava o processo de formação? Qual é o perfil desse profissional? Como se estabelece a remuneração? E como acontece a apropriação das diferentes línguas de sinais?

Alguns anos depois, participei de dois eventos que me aproximaram bastante da LSI: o

The 5th Deaf Academics and Researchers Conference em Florianópolis no ano de 2010, e o Congresso Latino Americano para intérprete e tradutor de língua de sinais no Rio de Janeiro

em 2013. No início, senti um pouco de dificuldade em compreender a linguagem acadêmica, mas aos poucos fui me apropriando dessa linguagem, depois me aprofundei na linguagem acadêmica de LSI.

Nos anos de 2012, 2014, 2016 e 2018, tive a oportunidade de participar de dois congressos: o I e II Congresso Nacional de Pesquisas em Linguística e Língua de Sinais e o III,

IV, V e VI Congresso Nacional de Pesquisas em Tradução e Interpretação de Libras e Língua Portuguesa, todos os eventos foram realizados pela Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis.

Durante esses eventos, no ano de 2016, fiquei observando o trabalho de interpretação da equipe de profissionais de intérpretes surdos de Libras e LSI. Essas observações me fizeram refletir e levantar questionamentos sobre a remuneração do profissional de intérprete surdo de língua de sinais para outra língua de sinais, se essa remuneração é igual a do Tradutor e Intérprete de Libras e português brasileiro – TILSP, sobre a competência linguística das línguas de sinais e sobre organização do evento.

No ano de 2012, participei do Pan-americano de surdos, em São Paulo, onde conheci surdos argentinos e tive a experiência de vivenciar a língua de sinais argentina - LSA. Inicialmente nossas conversas ocorriam por meio de uma espécie de línguas de contato entre a Libras e a LSI. Um amigo argentino, por sua vez, comunicava-se através da LSA com outros argentinos, enquanto euobservava atentamente, pois tinha interesse em aprender a LSA. Como estratégia para aprendera língua, mantive contato virtual com um deles através da ferramenta

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intérprete de língua de sinais – TILS são coisas diferentes. Ser profissional TILS necessita de formação profissional para trabalhar com as línguas de sinais. Nós conversávamos em Libras e LSA e dessa forma, fui aprendendo e desenvolvendo a LSA.

Também participei da comunidade surda argentina e de associações de surdos na Argentina, principalmente em Córdoba e em Buenos Aires. Precisei me comunicar em LSA com os argentinos, e conheci a cultura argentina e cultura surda argentina, aprofundei e pratiquei a LSA no país. Posteriormente, no ano de 2014, acabei atuando como tradutora/intérprete empírica (voluntária), sem muita experiência, em uma palestra na Universidade Federal do Ceará, da professora Dra. Ronice Quadros. Interpretei em línguas de sinais(Libras para LSA), tanto para surdos brasileiros quanto para surdos argentinos.

No ano de 2017, fiz uma interpretação empírica de LSI para Libras e vice-versa no evento de Artes Surdas, na Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, na palestra do surdo francês David de Keyzed no qual estavam presentes intérpretes surdos cearenses, um deles atua profissionalmente como intérprete há muitos anos, diferente de mim e de outro intérprete surdo, que tivemos nesse espaço nossa primeira experiência. Fomos desafiados a interpretar de Libras para LSI e vice-versa.

Em relação ao desafio, ponderamos que tínhamos conhecimento e proficiência na LSI, mas acreditamos que, para além disso, precisamos de prática e de conhecimentos teóricos para qualificar a nossa formação nesse processo de interpretação intramodal. É imprescindível o aumento do número de profissionais intérpretes surdos nos estados para possibilitar a acessibilidade em todos os espaços e contextos.

Realizei dois cursos voltados para a área de LSI: sobre o uso e técnicas de intepretação, com carga horário de 40 horas em 2014 e, o curso virtual de sinais internacionais. Este último foi realizado juntamente com alunos de outras universidades. As aulas deste curso ocorreram através de vídeoconferências entre quatro instituições superiores: a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade Gallaudet (GU), em Washington/EUA e a Faculdade Comunitária Kapi’olani (KCC) no Havaí/Estados Unidos da América - EUA. A parceria foi estabelecida pelo projeto 4321.12

12 O projeto 4-3-2-1 inclui 4 Universidades, 3 Línguas de Sinais, 2 Países, 1 Visão. A Universidade Gallaudet (GU), em conjunto com a americana Faculdade Comunitária Kapi’olani (KCC), e duas universidades brasileiras, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e a Universidade Federal do Ceará (UFC), iniciou um consórcio de quatro anos para aprimorar e expandir esforços cooperativos na educação em uma nova área para agregar atividades no campo da Educação de surdos, a fim de fortalecer e expandir os programas existentes. O projeto proposto foi para propiciar trocas educacionais diversificadas entre os alunos dos Estados Unidos e do Brasil,

Referências

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