• Nenhum resultado encontrado

A histeria e suas formas de apresentação na contemporaneidade

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A histeria e suas formas de apresentação na contemporaneidade"

Copied!
31
0
0

Texto

(1)

CESAR AGOSTINHO MULLER DE ALMEIDA

A HISTERIA E SUAS FORMAS DE APRESENTAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE

(2)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCACAO CURSO DE PSICOLOGIA

A HISTERIA E SUAS FORMAS DE APRESENTAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE

CESAR AGOSTINHO MULLER DE ALMEIDA ORIENTADORA: ELISIANE FELZKE SCHONARDIE

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de formação em Psicólogo.

(3)

À Adriana, Pedro e Anita, pelo apoio, suporte e compreensão, o meu carinho e o meu agradecimento.

(4)

RESUMO

Este trabalho de pesquisa tem como objetivo principal a ampliação do conhecimento sobre as formas de apresentação da histeria no contexto contemporâneo. Para tanto, o primeiro capítulo vai discorrer sobre as formas de diagnósticos pelas quais a histeria já passou, indo da teoria religiosa à orgânica, além de mencionar os principais desdobramentos apresentados nesse percurso, até chegar ás concepções freudianas. O segundo capítulo visa, então, direcionar o estudo relacionado á histeria, com a pós-modernidade, buscando identificar e compreender seus vínculos com o contexto atual, incluindo as suas formas de apresentação no gênero masculino.

(5)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 5

1 A EVOLUÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA HISTERIA ... 6

2 A ORGANIZAÇÃO HISTÉRICA NA CONTEMPORANEIDADE ... 13

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 26

(6)

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é, inicialmente, apresentar um histórico sobre as manifestações histéricas e as interpretações que estas tiveram através dos tempos e dos contextos culturais aos quais estiveram relacionadas. Para tanto, o primeiro capitulo vai discorrer sobre as formas de diagnósticos pelas quais a histeria já passou, as quais foram da teoria religiosa á orgânica e mencionando os principais desdobramentos apresentados neste percurso, até chegar ás concepções freudianas.

O longo período em que permaneceu sem um diagnóstico comprovado, levou a histeria a ser vista pelos mais diferentes ângulos, e a passar pelas mais variadas formas de tratamento ou de repreensão, até ser finalmente estudada e interpretada por Freud e Breuer, os quais, então, perceberam que esta era de origem psíquica, e a partir disso puderam desenvolver uma forma de tratamento mais racional, visto que se baseavam em dados cientificamente comprovados. Contudo, apesar de ser um fato de grande relevância no que se refere a origem e tratamento das pacientes histéricas, isso não erradicou a histeria e nem fechou o assunto. Sabe-se que esta consegue evoluir e se adequar ao contexto sociocultural no qual estiver inserida. Surgem, então, alguns pontos que, acredita-se que provocam questionamentos à qualquer profissional da área da psicologia ou psicanálise.

Como ela se apresenta hoje? O que a desencadeia? Ela ainda é um sintoma exclusivamente feminino? Quais os grupos mais suscetíveis a ela, e quais são os sintomas histéricos na contemporaneidade? O segundo capítulo visa, então, direcionar o estudo sobre estes pontos, relacionando a histeria com a contemporaneidade e buscando identificar e compreender seus vínculos com o contexto atual, incluindo, neste contexto, suas formas de apresentação no gênero masculino. Em suma, busca-se ampliar os pontos de vista e a discussão sobre o tema, visando, com isso, um esclarecimento cada vez maior da questão.

(7)

1 A EVOLUÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA HISTERIA

No primeiro capítulo, este trabalho visa discorrer sobre as formas de apresentação e tipos de diagnósticos e tratamentos pelos quais a histeria passou desde os tempos mais remotos até sua descoberta e conceituação segundo Freud, passando por seus fatores desencadeantes, seus sintomas, a influencia que esta sofre do social, e a sua origem, desde a ideia de que sua origem era espiritual, orgânica e, finalmente psíquica. Serão citadas também algumas das formas distorcidas e equivocadas segundo as quais a histeria foi diagnosticada e, por vezes, combatida ao invés de ser tratada, antes de ser estudada e identificada por Freud.

De origem grega, a palavra histeria significa matriz, útero (lugar matriz, lugar onde algo se origina), referindo-se a uma doença orgânica e tipicamente feminina, que tinha como particularidade a “sufocação da matriz”.

Nas mulheres, o que chamamos de matriz ou útero é [...] um animal dentro delas que tem o apetite de fazer filhos. E quando, apesar da idade propícia, permanece um longo tempo sem fruto, ele se impacienta e suporta mal este estado. Erra por toda parte no corpo, obstrui as passagens do fôlego, impede a respiração, produz angústias extremas e produz outras doenças de todo tipo. E isso dura enquanto o apetite e o desejo dos dois sexos não os levam a uma união onde possam colher, como em uma árvore, seu fruto. Como em uma terra trabalhada, eles vão semear na matriz seres vivos invisíveis por causa de seu pequeno tamanho e feitos de partes diferenciadas. Depois, para conferir-lhes uma organização, os farão crescer interiormente nutridos na matriz; após o que lhes darão a luz, acabando assim a geração dos seres vivos (PLATÃO apud SWAIN, 1986, p. 21).

Por volta do século IV A.c., segundo Trillat (1991), atribuía-se ao útero as mesmas características de um ser vivo independente do restante do corpo. Este (útero) era comparado a um animal andarilho e voraz, capaz de se movimentar e com autonomia sobre seus movimentos, assim como os demais órgãos da anatomia humana. Quanto mais leve e vazio estivesse, mais facilmente circularia. Conforme a direção tomada pelo útero, seriam os sintomas surgidos. Estas ideias são reforçadas por Trillat (1991), ao citar a forma bastante rudimentar e sem nenhuma fundamentação com que eram apontados os casos clínicos:

[...] a matriz ao se fixar sobre o coração, provoca ansiedade, tonturas, vômitos biliares; sobre os hipocôndrios, vômitos ardentes e azedos, dores de cabeça e no pescoço, resfriamento das pernas, uma perda da palavra;

(8)

sobre a cabeça, esta se torna “pesada”; sobre a bexiga ou contra os lombos, a sufocação provoca doenças (TRILLAT, 1991, p. 20).

O alvo desta patologia seria então, as mulheres cuja vida sexual não estava de acordo com seus desejos ou necessidades, mulheres sem filhos em geral, viúvas ou solteiras. Seguindo a mesma linha de raciocínio, o tratamento sugerido também era bastante simples: casamento, coito ou gravidez, conforme a situação de cada paciente em questão.

A histeria foi, por muito tempo, “tratada” sem ser vinculada á questão psicológica, mas principalmente à orgânica ou religiosa. A insatisfação das mulheres em épocas mais remotas, quando estas eram vistas apenas como seres “usados” para procriar e cuidar dos filhos, e a falta de oportunidade de expressar essa insatisfação se manifestavam no corpo, como uma forma de externar um ‘não dito’, um não percebido pelo outro. Tanto a força física quanto a imposição da cultura impediam a possibilidade de qualquer manifestação que estivesse em desacordo a este sistema. Contudo, o recato, o pudor e a vergonha não tiravam das mulheres suas questões sexuais nem amenizavam suas carências, apenas forçavam o recalcamento e, com isso, o surgimento dos sintomas. Pode-se dizer que esse quadro seria o resultado do conflito psíquico vivido pelas mulheres divididas entre sua subjetividade desejante e insatisfeita, e a cultura que as ignorava enquanto sujeito e ditava regras cada vez mais rígidas e controladoras.

As reminiscências de que sofriam as histéricas, eram inconscientes, ou seja: as histéricas sabiam, mas não sabiam que sabiam; ou elas se lembravam, mas não sabiam disso ou não queriam saber nada disso. Não queriam saber nada de suas lembranças da infância e, nem tampouco, de suas fantasias não tão infantis assim, fantasias de amor em geral. Poderíamos dizer, então, que as histéricas sofriam de amor também, mas de um amor recusado á consciência, um amor que, embora consciente um dia, fora recalcado, reprimido (SCOTTI, 2002, p. 234).

A diversidade de conceitos e teorias de origem pelas quais passou ao longo da história é muito ampla. Durante a idade média, sob o olhar (e desconhecimento) da igreja, a histeria foi ligada a ato pecaminoso, visto que os sintomas apresentados pelas histéricas representavam um prazer sexual proibido, e que naquele momento estava sendo satisfeito por um demônio que possuía e satisfazia as mulheres através da simulação de uma doença. Em nenhum momento se fez um vínculo do

(9)

problema com a opinião médica, o que resultou em varias décadas ‘de caça ás bruxas’, na tentativa de conter as “possessões demoníacas”.

As convulsões e as famosas sufocações da matriz eram consideradas a expressão de um prazer sexual e, por conseguinte, de um pecado. Por isso, foram atribuídas a intervenções do demônio: um demônio enganador, capaz de simular doenças e entrar no corpo das mulheres para “possuí-las”. A histérica tornou-se a feiticeira, redescoberta de maneira positiva no século XIX por Jules Michelet (1798-1874). (ROUDINESCO; PLON, 1997, p. 338).

Na idade média, com a Europa abalada socialmente por guerras e epidemias e com a igreja exercendo um papel muito forte e decisivo em todos os segmentos da sociedade, além da medicina estar relegada a um segundo plano, a punição divina ou o caráter diabólico fez das histéricas a encarnação do demônio. Associada ao fato de que a igreja necessitava se opor e se impor diante de certos costumes pagãos de alguns grupos, a caça ás bruxas surgiu como uma atitude cristã diante da visualização do demônio no corpo das mulheres impuras, onde qualquer comportamento tido como suspeito era passível de punição. Por isso, todas as mulheres que foram condenadas e jogadas á fogueira eram bruxas, pois reconhecê-las como histéricas seria o mesmo que admitir que ereconhecê-las foram usadas como bodes expiatórios, tirando assim todo o caráter punitivo e cristão imposto pela igreja.

No inicio do século XVIII, Franz Mesmes fez a passagem da histeria da concepção religiosa para a científica, defendendo a ideia de que a doença se originava de um desequilíbrio do “fluído universal”, o que desencadeava crises convulsivas nos pacientes. Cabe ressaltar aqui, que essa teoria tirou a exclusividade feminina na histeria.

Já no final do século XIX, ao trabalhar como pesquisador no Hospital Geral de Viena, Freud, que já demonstrava interesse pela questão da histeria, encontra Joseph Breuer, médico já de renome que o acolheu e apoiou, e que tinha um grupo significativo de histéricas entre suas pacientes. Perceberam então uma quantidade muito grande de situações não elaboradas pelas pacientes, e que, consequentemente, as traumatizaram. Esse trabalho serviu como ponto de partida para o estudo psicopatológico da histeria e do método catártico.

Freud e Breuer percebem que há um sentido no fato de suas pacientes não apresentarem nenhuma lesão ou distúrbio orgânico passível de ser ligado, e no aparecimento e desaparecimento destes sem razão aparente: o sintoma provocado

(10)

pela situação não elaborada pela paciente, era resultado de uma situação ocorrida em um passado distante o suficiente para que nem a própria paciente se recordasse dele, ou seja, tratava-se de um trauma psíquico.

A partir desta constatação, Freud e Breuer criaram um método de intervenção para estes pacientes. O novo método criado por eles consistia em fazer com que esse “corpo estranho” que gerava os sintomas em suas pacientes fosse externado verbalmente, o que, segundo seus escritos, surpreendeu a eles próprios:

Para nossa grande surpresa, descobrimos que de fato, todos os sintomas histéricos desapareciam imediatamente e sem retorno quando se conseguia trazer à luz do dia a lembrança do incidente desencadeante e despertar o afeto ligado a ele e, depois disso o doente descrevia o que lhe tinha acontecido de forma bastante detalhada e dando uma expressão verbal a sua emoção. (QUINODOZ, 2007, p. 22).

No entanto, uma lembrança que não fosse acompanhada de sua carga afetiva não surtiria efeito curativo. Segundo os autores, a paciente deve trazer, em seu discurso, toda a carga emocional do ato primitivo e então descarregá-la através da palavra, após ter revivido e redirecionado a emoção inicial.

Mas o ser humano encontra na linguagem o equivalente do ato, equivalente graças ao qual o afeto pode ser verdadeiramente “ab-reagido” mais ou menos da mesma maneira. Em outros casos, são as próprias palavras que constituem o reflexo adequado, por exemplo, as queixas, a revelação de um segredo opressivo (confissão). Quando não ocorre esse tipo de relação pelo ato, pela palavra e, nos casos mais leves, pelas lágrimas, a lembrança do acontecimento preserva todo o seu valor afetivo (QUINODOZ, 2007, p. 22).

Porém, o interesse investigativo de Freud na questão da histeria fazia com que ele quisesse avançar cada vez mais, o que não era compartilhado por seu colega. Além disso, Breuer discordava da relevância dos fatores sexuais na origem das questões histéricas, o que fez com que Freud se desestimulasse o suficiente para abandonar a parceria com o amigo e desse, assim, continuidade ao desenvolvimento de sua técnica.

Após dois anos de trabalho no Hospital Geral de Viena, Freud consegue uma bolsa de estudos em Paris, junto a Charcot, retomando, assim, seus estudos com as histéricas. Ao distinguir pacientes histéricos dos epiléticos, por estes reagirem ou não ás zonas histerógenas, Charcot da á histeria uma definição clínica que esta não tinha até então, além de estabelecer um comportamento paralelo entre a paralisia

(11)

histérica e a hipnose, e concluir que em ambos os casos, a paciente respondia á ideias que dominavam o seu cérebro sem que, contudo, essas ideias estivessem presentes na sua consciência. Com isso, Freud percebe a existência de mais questões envolvidas e de novos ângulos possíveis para a observação e estudo da patologia, já com a convicção de que esta não é orgânica e que, sendo de origem psíquica, é provocada por um acontecimento anterior traumático que ficou registrado no inconsciente do sujeito, ou por um desejo que não pode ser articulado e que, por interditos morais, sociais ou pela imaturidade, acabou sendo recalcado. Freud percebe que há uma cisão no psiquismo: consciente e inconsciente. No inconsciente há o registro traumático que foi recalcado e que provocará o sintoma histérico, visto que não teve condições de ser elaborada, enquanto que o consciente, por não ter acesso á essa informação, permanece sem saber o porquê dos acontecimentos.

Essa elaboração foi inibida ou impedida de acontecer, devido ás circunstancias em que as mesmas ocorreram, tendo como efeito a formação sintomática. Esse sintoma, impulsionado pela carga afetiva que o mantinha ativo, consegue superar o recalcamento e emergir.

Antes de vir à tona, essas representações ficavam no inconsciente, recalcadas. A carga psíquica ligada á cena desencadeadora era muito intensa para a capacidade de elaboração do sujeito, e o recalque surgia então como mecanismo responsável pela proteção do ego. Contudo, não é essa situação externa e traumatizante a origem da histeria, mas sim o conteúdo psíquico deixado no sujeito. Na origem da histeria está esse conteúdo, carregado de afeto e extremamente prejudicial para o eu, um “resto” psíquico de origem sexual prematura e traumática: “[...] a sexualidade parece desempenhar um papel principal na patogênese da histeria como fonte de traumas psíquicos e como motivo para ‘defesa’ – isto é, para reprimir ideias da consciência” (BREUER; FREUD, 1895, p. 35).

As histéricas passam, então, a produzir no real aquilo que não conseguem simbolizar, transformando em sintoma um conflito ainda não trabalhado. Buscam vínculos no erotismo para, quando correspondidas, revoltar-se contra a pessoa que lhe correspondeu e se colocar como uma vítima que foi tomada como objeto, provocando uma inversão de afetos (coloca repugnância onde deveria haver prazer), sentindo-se ameaçada por seu próprio desejo. Há uma instabilidade entre desejo e proibição.

(12)

O meio externo, a parte corporal, passam a ser “usados” para a manifestação dos sintomas produzidos por manifestações internas que são extremamente perturbadoras, fazendo do próprio corpo um palco para suas representações. A recordação traumática em uma fase posterior se da em virtude de um acontecimento atual que, devido ao seu contexto, provoque um enlace com a cena primária, quando então a paciente, justamente por ser infantil, era a-sujeitada, não tinha uma constituição psíquica suficientemente formada para responder por si própria.

Há a necessidade de uma maturação sexual, geralmente na puberdade, para que haja condições de se dar um significado ás experiências vividas na fase infantil.

Quando ainda utilizava o método de hipnose para tratar suas pacientes, Freud percebeu que as histéricas tinham necessidade de falar das questões conflitivas que se encontravam no inconsciente, e que após isso o sintoma era eliminado.

Ao tratar Emmy Von N., Freud utilizou pela primeira vez o método catártico. Esta paciente havia se casado com um homem de negócios que, além de ser muito rico, era quarenta anos mais velho que ela e pai de dois filhos. Com a morte do marido, da qual ela foi suspeita de ser a responsável, a paciente herdou sua fortuna e passou a ter uma vida errante, tendo sido, inclusive, amante de vários de seus médicos.

Em 1889 Freud passou a tratá-la, visto que ela apresentava quadros de fobia por certos animais. Durante o tratamento, Freud prescreveu banhos, utilizou técnicas de massagem, hipnose e diálogo na tentativa de obter resultados satisfatórios. Porem, durante uma crise de pânico, Emmy lhe ordena que se afaste: “Não se mexa! Não diga nada! Não me toque!” (BREUER; FREUD, 1893-1895, p. 80). A partir disso e do pedido da paciente para que “a deixasse falar”, Freud percebeu que não havia necessidade de utilizar a hipnose (já que esta não era mais vista como algo espontâneo da paciente), e a “associação livre” passou a ser utilizada. As pacientes passaram então a falar tudo o que lhes viesse à mente, e, desta forma, ao tornar consciente as suas reminiscências, tinham a possibilidade de elaborá-las, dar a estas uma recolocação e um novo sentido que pudesse ser compatível com as suas condições. Ao falar de suas questões conflitivas que estavam inconscientes, o sintoma também acabava sendo eliminado.

Para Freud (1925), a passagem pelo complexo de Édipo será definitiva para o desenvolvimento ou não de um quadro histérico. Para a menina o caminho é inverso em relação ao menino, e esta entra no complexo de Édipo ao perceber a castração

(13)

materna, momento em que há a troca do objeto de desejo e o pai é escolhido como sua referencia sexual, já que a mãe não lhe deu o falo. Contudo, o pai também não poderá reparar sua falta da forma que ela imaginou, o que fará dele alguém impotente, e levará a histérica a uma busca infindável, onde tudo o que ela encontrar não será suficiente. A percepção das diferenças sexuais levará a menina ao complexo de castração, sendo que se o caminho trilhado por esta for o afastamento da sexualidade, chegará então a uma neurose histérica. Ela abre mão de sua própria feminilidade e, posicionando-se no lugar de desejo do pai, tenta identificar o que a mulher tem de desejável para que, dessa forma, possa conhecer a sensação de possuir o falo.

A histérica tem uma demanda fálica, um desejo de reconhecimento, por isso ela sempre esta numa relação amorosa sem estar, como se deixasse uma “saída”. Quanto mais difícil o parceiro, mais ela se assegura de que aquele parceiro é o ideal. (SIMÕES, 2007).

Essa busca da histérica pelo parceiro impossível de ser encontrado, surge como um gozo parcial, onde é a falta dessa completude que se apresenta como queixa e que a coloca no lugar de vítima, no lugar de alguém que permanentemente esta sendo privada de algo. Ou seja, ela goza de estar sendo privada.

Ao se posicionar nessa busca por ser o falo, o objeto mais precioso para o Outro, a histérica o provoca, não para satisfazê-lo no seu gozo, mas apenas para provocar o seu desejo sem, contudo, ser seu objeto de gozo. Ela entra em contato com o masculino justamente para, ao não se suportar na posição de objeto, impor a insatisfação do gozo ao outro.

As mulheres se consideram como tendo sido imerecidamente privadas de algo e injustamente tratadas; e a amargura de tantas filhas contra suas mães provem, em última análise, da censura contra estas por as terem trazido ao mundo como mulheres e não como homens. (FREUD, 1916, p. 72).

É uma situação de identificação onde há uma recusa por parte da histérica, ao se relacionar com o portador do falo, para não ser cúmplice de alguém que goza. Segundo Backes (2008, p. 30), “o principal esta mesmo na montagem da sedução muito mais do que na conquista”.

(14)

2 A ORGANIZAÇÃO HISTÉRICA NA CONTEMPORANEIDADE

Nesse processo identificatório da feminilidade, a mãe ocupa um lugar fundamental em relação á filha, já que fracassou a busca por um significante do sexo feminino por parte da menina na figura materna, visto que esta não possui este significante especificamente, e terá que se articular, posteriormente, para encontrar um modo identificatório que lhe permita um posicionamento, tanto para outra quanto para o homem, com o questionamento sobre o que é ser mulher.

Ao se dar conta da impossibilidade da transmissão da feminilidade, esta relação entre mãe e filha mantida na infância é rompida pela mãe, a qual passa a recorrer a artifícios que compensem essa falta da qual ela não deu conta. Roupas, perfumes, joias e outros recursos dessa ordem são utilizados como atenuantes dessa falta que nunca poderá ser preenchida, e permitirão á menina traçar um percurso de feminilidade que mais tarde permita a ela ser desejada pelos homens como a mãe é pelo pai. Seria uma tentativa de aceitar a perda, de libertar-se da mãe e de se reconhecer como mulher.

[...] assim como o menino considera seu pênis como um falo que nunca deve ser perdido, a menina tem seus órgãos genitais na conta de um falo a ser preservado de qualquer ataque. Efetivamente, a visão da mãe com o corpo nu e imponente despertaria na garotinha a inquietação de um perigo ameaçador para a integridade de seus órgãos genitais. (NASIO, 1991, p. 54).

Segundo Nasio (1991), é a garantia, representada pela insatisfação, de que seu ser não será violado.

A concepção bio-psico-social defendida por Freud em “A Psicologia das Massas e Análise do Eu” (1921), demonstra o condicionamento imposto pelas instituições ao sujeito e as influencias sofridas por este ao se inserir no social. A inserção na cultura e no processo civilizatório, segundo Freud, impõe ao sujeito a impossibilidade de estabelecer formas harmoniosas de relacionamento entre suas pulsões e as regras estabelecidas pelo processo civilizatório. Ou seja: o ser humano paga um preço muito alto pelo grau de civilização alcançado, visto que sua existência se equilibra, as vezes de forma precária, entre suas pulsões e es leis do social.

(15)

Roudinesco coloca que:

[...] a depressão tornou-se a epidemia psíquica das sociedades democráticas [...] É claro que a histeria não desapareceu, porem ela é cada vez mais vivida e tratada como uma depressão [...] Tratado como uma depressão, o conflito neurótico contemporâneo parece já não decorrer de nenhuma causalidade psíquica oriunda do inconsciente. No entanto, o inconsciente ressurge através do corpo, opondo uma forte resistência ás disciplinas e as práticas que visam a repeli-lo (ROUDINESCO, 2000, p. 17-18).

A intensidade com que esse mal-estar se mostra atualmente, é algo que, se para uns pode parecer absurdo, para outros é aceito de forma não só banal como também invejável, um modelo a ser seguido. As exigências as quais a cultura atual nos submete faz com que as consequências continuem sendo descarregadas no corpo, alterando apenas a sua forma de adequação ao social. A magreza esquelética se contrapõe a obesidade mórbida e incontida, mas que também pode, através de um procedimento cirúrgico, fazer com que o corpo volte a uma forma aceitável a um determinado padrão. Alguns corpos são esculpidos através de exercícios físicos e de alimentação direcionados a essa finalidade, segundo um modelo escolhido. Outros podem ser adequados para ser tanto objeto de consumo, quanto consumidores de objetos, dependendo apenas do discurso em que estes corpos estiverem incluídos e da tendência pela qual forem influenciados.

Assim como nas paralisias e cegueiras apresentadas pelas histéricas de Freud, ainda hoje a histeria continua ignorando e desrespeitando as formas anatômicas e fisiológicas apresentadas pela medicina, e em muitas situações, utilizando a própria medicina para por em pratica sintomas histéricos. Contudo, os ideais de feminilidade permanecem inalcançáveis, fazendo com que a sua angustia continue se mostrando de forma inabalável e exibindo sua eterna falta e inadaptação ás metas que lhe são impostas.

A cultura contemporânea em que vivemos nos instiga a não aceitar o mal-estar ao qual estamos expostos e a não compreender que este é estrutural. O objeto de desejo do sujeito contemporâneo é tão diverso quanto instável, podendo cair tão rápido quanto surge, amparado que está por um sistema capitalista que propõe o consumo imediato e ilimitado dos mais diversos produtos, como se isso fosse a única forma capaz de abrandar a falta. Segundo Bauman (2007, p. 121), “O consumismo não se refere a satisfação dos desejos, mas a incitação dos desejos

(16)

por outros desejos, sempre renovados – preferencialmente do tipo que não se pode, em principio, saciar.”

Se a histeria se propõe a acompanhar e se adequar ao social pelo qual esta cercada, há que se interrogar como se comportam, nesse novo contexto, as histéricas? No século XIX a ferocidade com que se reprimia a sexualidade e o descaso com a feminilidade levaram as mulheres ao adoecimento, sob um ideal falso de moral e comportamentos corretos, restando como única possibilidade de vazão dessa insatisfação não reconhecida, a denúncia feita pelo corpo através do sintoma histérico.

Quais são os comportamentos e sintomas das histéricas hoje, quando, ao invés de proibições, há a incitação, a convocação a agir diante de uma sociedade que diz “mostre-se” o tempo todo? Ou, como questionou Lacan (1977), em seu discurso Propôs sur I’hysterie - ocorrido na conferência em Bruxelas: “Para onde foram aquelas mulheres maravilhosas, as Annas O. e as Doras?”. As representações sólidas que existiam no século XIX diminuíram sua representatividade, seja pelo enfraquecimento ou pelas drásticas mudanças que sofreram, fazendo com que instituições como igreja, estado e família não representem mais a sustentação nem a condução da sociedade.

Para Lipovetsky (2004, p. 85), “É inegável que, ao celebrar o sempre novo e os gozos do aqui e agora, a civilização consumista opera continuamente para enfraquecer a memória coletiva, acelerando o declínio da continuidade e da repetição ancestral”. Esse avanço e a instalação do pós-modernismo provocaram mudanças não só nas relações interpessoais como também na organização familiar, onde, leis, proibições e diferenças vão sendo flexibilizadas e alteradas de forma cada vez mais rápida e mais abrangente, tendo como consequência a sensação de desamparo, visto que há o rompimento de vínculos que, mesmo que não fossem percebidos pelas pessoas, eram sólidos o suficiente para sustentá-las.

Se para as histéricas de Freud e Charcot os impulsos eram contidos e reprimidos sem a menor possibilidade de serem postos em atos, hoje a vida privada praticamente deixou de existir, visto que quase tudo é exposto ou divulgado de forma instantânea e com poucas restrições. Se o corpo histérico denuncia a dor sentida pela impossibilidade, quais são os papéis desempenhados por esse corpo, atualmente, para que consiga conciliar a expressão do não dito com a aceitação pelo social?

(17)

Ávila (2010) relata que:

Hoje a histeria reside em todos os quadros clínicos em que há indefinição, confusão, duvidas diagnósticas prolongadas, curso incerto da doença, multiplicação de sintomas, além de aspectos de má relação médico-paciente (algumas vezes com ameaças de parte a parte), não adesão a tratamento, persistência de queixas, conflitos interpessoais em diversos contextos e inabilidade familiar em lidar com as questões do paciente (ÁVILA; TERRA, 2010, p. 334).

Para Backes et al (2008, p. 59), “o sintoma articula-se no discurso social, Não há como dissociar o individuo do tempo em que ele vive”, o que faz com que cada indivíduo mantenha, com o seu meio, laços que os aproximem e relacionem, o que faz com que, segundo ela, a nova histeria seja resultado da articulação existente entre a época e o social. Se no século XIX a cultura reprimia a sexualidade e excluía as mulheres de qualquer possibilidade de manifestação ou posicionamento e estas adoeciam, os sintomas histéricos é que “falavam”, e o corpo então dizia o quanto estas se sentiam incomodadas. Hoje, o corpo continua dramatizando como forma de resposta ao modelo contemporâneo, individualista, frio, vazio, de relacionamentos breves, onde a imagem e os bens de consumo que a complementam passam a ter uma importância tão grande quanto enganosa, pois esses excessos tentam em vão tamponar uma falta; o ter exagerado denuncia uma carência do ser, um desequilíbrio muito grande entre estes. É como se a rigidez permanente que existia no século XIX desse lugar, hoje, a outro extremo, a possibilidade de uma manifestação ilimitada e de uma exposição completa, onde esse pedido de ajuda tem a liberdade plena e as formas mais variadas possíveis: exposição diferenciada, medicalização, queixas, consumismo, baixa capacidade de assimilar frustrações, busca pelo “brilho social”, enfim, a eterna perseguição ao eu ideal.

A velocidade imposta pelos meios de comunicação, de produção, de consumo e do viver como um todo, leva as pessoas a uma falta de tempo para questionamentos, o que faz com que as interferências sofridas pelo sujeito em relação a sua percepção e seu próprio contexto sejam colocadas de fora para dentro. Ao invés de serem questionamentos e elaborações de conteúdo subjetivo, são, na verdade, a aceitação de imposições de uma sociedade que promove, cobra e enaltece exatamente aparte exterior, ou seja, o corpo, o qual passa a ser alvo de todo o investimento.

(18)

As roupas, a higiene, os adereços, a estética, cirurgias plásticas e a postura, são, entre outros, tendências ditadas pelo meio e que passam a ser absorvidas pelo sujeito, num processo em que a subjetivação cada vez mais utiliza o corpo como palco para sua apresentação. Sintomas histéricos e modelos de comportamento contemporâneo transitam livremente em um espaço onde não há uma definição clara de onde é o lado de um e o lado de outro.

Quando a estabilidade dos relacionamentos estava garantida por valores morais reconhecidos, podia-se observar que a solidão, o vazio e o tédio, próprios da existência humana, estavam escamoteados por um caminho a seguir, definidos por convenções sociais marcadas pela tradição e pelo respeito a normas consagradas. Na sociedade atual, onde tudo se transforma e novos valores são rapidamente consumidos e substituídos por outros que serão também logo desmanchados, o nível de angustia tende a aumentar por causa da insegurança gerada pelas contínuas mudanças. (HEGENBERG, 2000. p.14).

Na constituição histérica, houve uma estagnação em relação ao seu lugar no desejo da mãe, no processo de constituição do eu, quando é exatamente esse desejo que fará com que essa criança possa vir a ser um sujeito. É o narcisismo dos pais ressurgido que é investido na criança, onde, na relação mãe/bebe, a imagem de um é refletida no outro, até que o pai faça a ruptura dessa relação, ou seja, a castração, que no caso da menina, dará início ao complexo de Édipo, como já foi exposto no capítulo anterior.

A criança, que até então era o eu ideal – principalmente por efeito do discurso dos pais, que investiram narcisicamente nesta todas as qualidades imagináveis -, passa para o ideal do eu, a partir do rompimento dessa relação narcísica mãe/bebe, da descontinuação dessa relação amorosa.

Se da, a partir de então, por parte da criança, uma tentativa no sentido de recuperar o narcisismo após a castração através da identificação com os pais, como forma de compensar a renúncia que ela teve que fazer, incluindo, nesse processo de identificação, a opção pelas questões sexuais, como por exemplo, ser sujeito ou objeto de desejo.

[...] a histérica jamais se sente o bastante revestida por essa imagem corporal, como se essa vestimenta imaginária ameaçasse sempre se entreabrir para a realidade repulsiva de um corpo que ela não pode reconhecer como tal. É quando a carne aponta sob o vestido, sob a maquiagem ou sob a mascara da sedução que a histérica se vê suja, feia repugnante, reduzida ao estado de vianda. (SERGE, 1987, p. 109)

(19)

A histérica apresenta uma resistência muito grande em separar o eu ideal do ideal do eu, permanecendo ligada, como objeto, ao desejo materno, não encerrando de forma satisfatória, as questões narcísicas na passagem pelo Édipo. Essa não resolução das questões edípicas a impedirão de evoluir à genitalidade e a feminilidade, mantendo-a alienada ao seu desejo.

Ao se lançar incessantemente nessa busca ao eu ideal, impulsionada pela insatisfação consigo mesma, a histérica tenta em vão alcançar aquilo que para ela seria a perfeição, segundo modelos culturais e ideológicos aos quais ela aderiu. Por não ter o falo e ser incompleta e injustiçada, busca se inspirar em outras mulheres, acreditando que estas sejam completas, sejam “mais mulheres” que ela. Se conseguir atingir o nível dessas mulheres ela poderá provocar no outro tanto desejo quanto gostaria, mesmo que não vá além da provocação.

A esse gozo alheio e fugidio trata ela de mimar, fazendo semblante dele [...] oferecendo ao Outro um corpo anestesiado ou morto, que é observado desde fora por um olhar ansioso de captar o que esse Outro faz ante seu corpo deixado no abandono e na anestesia. (BRAUNSTEIN, 2007, p. 220).

Conforme a teoria Lacaniana é esse Outro que poderá validar ou não aquilo que decorre de cada individuo, como seus desejos, sua visão de mundo e suas concepções sobre coisas ou situações. Diferente do ‘outro’ que representa os demais seres humanos com os quais convivemos e nos relacionamos, esse Outro é representado por palavras que nos são dirigidas de forma direta, ou que ouvimos e nos apropriamos.

O significante produzindo-se no campo do Outro faz surgir o sujeito de sua significação. Mas ele só funciona como significante reduzindo o sujeito em instancia a não ser mais que um significante, petrificando-o pelo mesmo movimento com que o chama a funcionar, a falar, como sujeito. (LACAN, 1964, p. 197).

Geralmente produzido pela cultura ou pela família, essa forma discursiva que chamamos de Outro nos atinge com uma força de verdade muito grande, tornando-se um imperativo que, associado a outros, passara a determinar nossas escolhas e atitudes, tornando-se um norteador de nosso comportamento enquanto sujeito. Qualquer mudança no rumo de nossas atitudes poderá ser entendida com uma forma de posicionamento frente a esse Outro.

(20)

Clinicamente, a histérica comumente apresenta dois pontos principais em seu discurso, que são a regulação do gozo e a ação do supereu sobre o sujeito, visto que aqueles desejos surgidos na infância se mostram impossíveis de serem realizados na fase adulta, diante das proibições e regras culturalmente impostas, ou seja, a regulação do Outro. O surgimento da mera possibilidade de que eles venham a serem postos em prática, traz a tona os enunciados morais proibitivos (Como será a reação do outro? O que pensarão de mim?).

O ser mulher é colocar-se na posição de objeto na fantasia masculina, buscando o gozo tanto quanto o homem busca. Contudo, esta situação remeteria a histérica ás questões maternas, onde esta foi objeto de desejo e de gozo da mãe, o que faz com que ela acabe barrando, como forma de proteção, o próprio gozo e o gozo do outro. É a partir deste posicionamento que ela se afasta de sua feminilidade e se aproxima da função viril, por não se suportar na posição de objeto, dando margem então a dúvida sobre ela ser um homem ou uma mulher.

Se o pênis é o símbolo fálico, a histérica, por ser desprovida deste, se sente desprestigiada e diminuída, pois, segundo Zalcberg (2007, p. 30), “[...] a vagina é bem conhecida como um órgão, um pedaço do corpo, mas não é conhecida a nível simbólico, como sexo feminino. A sedução surge então como uma possível forma de dominação, uma tentativa de obter, de alguma forma, certo controle, utilizando-se para isso de artifícios ligados ao corpo, os quais estão permanentemente sendo oferecidos pelo contexto cultural no qual ela esta inserida. Há uma constante tentativa de diminuir a diferença através da anulação da subjetividade.

Percebe-se que na pós-modernidade, as questões subjetivas não figuram como as mais relevantes, as que efetivamente são capazes de mostrar a realidade de cada indivíduo. O valor dado a imagem, segundo os conceitos de beleza, estética e comportamentos preconizados pela cultura midiática e capitalista, atualmente, passam a significar a felicidade e a completude, alternando-se, no caso da histérica, com suas conversões, atualizadas e reeditadas segundo o meio em que esta se encontra. São sintomas que se apresentam, entre outras formas, como somatizações das mais variadas, crises de pânico, anorexia, depressão, fibromialgia e ansiedades. São as questões pulsionais que constantemente sacrificadas ás custas do atendimento as normas da civilização, se mostram através de sintomas.

É inegável que a medicina e a indústria farmacêutica se mostram, então, como um dos principais rumos tomados pela histérica, pois além de se relacionarem

(21)

com a somatização, são ricos em possibilidades de aceitação de tratamento para posterior recusa. É o clássico método histérico posto em pratica: eleger um mestre para em seguida derrubá-lo.

Segundo Quinet (2001, p. 73),

[...] enquanto os critérios de diagnóstico têm variado e se ampliado na psiquiatria contemporânea, a psicanálise tem lidado praticamente com as mesmas referencias diagnósticas empregadas por Freud. Ao passo que as formas dos sintomas mudam de acordo com o discurso dominante na civilização, as estruturas clínicas permanecem as mesmas, e se declinam para a psicanálise em neurose, perversão e psicose, ou seja, a maneira de o sujeito lidar com a falta inscrita na subjetividade, que condiciona a modalidade de cada um se haver com o sexo, o desejo, a lei, a angústia e a morte.

Há que se considerar que nem todas as queixas trazidas para o campo da medicina são sintomas histéricos, e é justamente nesse ponto que a escuta clinica se torna imprescindível, para avaliar e especificar cada caso, tanto nas situações que envolvem o orgânico quanto nas que se evidenciam no comportamento. O mesmo corpo, que por muitas vezes é hiperinvestido, exibido como um troféu obtido por atender a todos os quesitos de beleza, pode, por outro lado, mostrar-se como fonte de sofrimento, principalmente pela insatisfação onde “o inconsciente ressurge através do corpo” (ROUDINESCO, 2000, p.18).

Um diagnóstico, um tratamento médico ou uma cirurgia são, para a histérica, como uma proteção, uma desculpa à sua insatisfação, ou uma tentativa de se afirmar no que se refere a sua feminilidade, em sua relação a posição de objeto que é o que a leva a se questionar o que é ser mulher e se ela é uma mulher. Por outro lado, a estética proporcionada por atividades físicas que condicionam o corpo ou por cirurgias plásticas, aliadas às jóias ou as roupas condizentes com a moda, ao mesmo tempo que cultuam o corpo, atenuam o medo de que esse corpo seja descoberto dessexualizado como é, e, portanto, histericizado.

Culto ao corpo esta sendo entendido aqui como um tipo de relação dos indivíduos com seus corpos que tem como preocupação básica o seu modelamento, a fim de aproximá-lo o máximo possível do padrão de beleza estabelecido. De modo geral, o culto ao corpo envolve não só a pratica de atividade física, mas também as dietas, as cirurgias plásticas, o uso de produtos cosméticos, enfim, tudo o que responda á preocupação de se ter um corpo bonito e/ou saudável (GARCIA, 2005, p. 25-6).

(22)

As mudanças sociais e a liberdade trazida com estas trouxeram também o desamparo e consequentemente novas formas de sofrimento. Contrapondo-se às proibições e a moral que imperava até há pouco tempo, a pós-modernidade não só apresenta uma liberdade cada vez mais completa e mais explícita, como também convoca as mulheres a ela.

Segundo Birman (1999), a realidade apresentada pelo mundo contemporâneo apresenta uma velocidade superior a capacidade interpretativa do ser humano, o que faz com que nem sempre se tenha tempo de ponderar as possíveis consequências das decisões tomadas.

O que no século XIX era apenas sugerido ou imaginado, hoje é exibido sem maiores constrangimentos, gerando assim, na histérica, um conflito um tanto quanto inusitado: manter-se uma mulher tradicional, recatada e inatacável, recusando todas essas oportunidades que são colocadas ao seu dispor, ou aderir ao modernismo e se expor as suas consequências.

Ampliando o foco sobre esta linha de raciocínio, pode-se lançar também um olhar sobre os efeitos que foram produzidos nessa nova mulher, após tantas mudanças sociais, econômicas, culturais e familiares por ela compartilhada, e após toda a conquista e independência no campo profissional e financeiro por ela conquistada, tendo condições, hoje, de competir com o homem em condições iguais ou até superiores.

Esse contexto, inicialmente moderno, evoluído e até surpreendente, trás também novas formas de inquietação e de inibições, como, por exemplo, a queixa por não encontrar um homem que, segundo suas exigências, esteja ao seu nível. O que inicialmente se enquadrava como um sonho tipicamente feminino, como casar ou ter filhos, transforma-se num dilema, pois entra em conflito com situações não afetivas que agora adquiriram uma relevância que na se cogitava enquanto a mulher tinha como funções básicas apenas ser mãe e dona de casa.

Há, no cenário sociocultural atual, uma permeabilidade entre os lugares ocupados e as funções desempenhadas pelos grupos que, de forma rígida, já foram definidos como masculino e feminino. Essa socialização das obrigações e atividades domésticas ou até a inversão de funções dentro do contexto familiar fazem com que o narcisismo masculino fique abalado, visto que a sua posição de grande provedor deixou de existir.

(23)

Outro aspecto a ser considerado neste contexto, é que, por muito tempo, a histeria foi vista pela grande maioria como exclusividade feminina, já que, por “ter origem no útero”, era impossível imaginá-la em um homem. Porém, o próprio Freud já defendia a ideia de que os homens também poderiam apresentar comportamentos histéricos, com o atenuante de que, nestes, as manifestações não eram tão explicitas quanto nas mulheres, pois em uma sociedade extremamente machista, os traumas masculinos exigiam uma apresentação que mantivesse traços de coragem e heroicidade, o que mantinha a condição honrosa do histérico e o diferenciava e distanciava da histérica, a qual era relegada a um diagnóstico comum. Porem, esses movimentos ocorridos em relação a histeria e suas apresentações e incidências, não eliminou por completo a intenção de deixar o universo masculino a salvo desta.

O reconhecimento da histeria em homens não se faz, até os dias de hoje, sem resistências e reservas, tanto dos homens que dela sofrem quanto dos médicos que a diagnosticam, e não são poucas, até hoje, as tentativas de empurrá-las para o lado das mulheres. A identificação que se faz da histeria com as mulheres faz com que, muitas vezes, chamar um homem de histérico seja tomado por este como ofensa, como se lhe dissessem que não é um homem (ALONSO; FUKS, 2004, p. 174).

Segundo Nasio (1997), ao descartar a crença infantil da universalidade do pênis, a menina conforma-se com o clitóris, atribuindo a ele as características de um pênis pequeno, até perceber a castração consumada em sua mãe, voltando a odiá-la e passando a sentir, então, a inveja do pênis, já que este tem toda a representatividade de força e poder, ou seja, representa o falo.

Já para o menino, a visão da mulher nua o remete a percepção de que a mãe também é castrada, e o que até então era só uma ameaça verbal de castração, por parte do pai, passa a ser mais real e passível de se concretizar com ele, dando origem a ‘angustia de castração’ e levando-o a se afastar da mãe para transferir seus desejos a outras mulheres.

Para Freud (1923, p. 158), a questão fálica é correlata ao pênis, a tê-lo. Enquanto isso, a castração significa sua ausência, um poder que a pessoa não possui.

[...] a característica principal dessa ‘organização genital infantil’ é sua diferença da organização genital final do adulto. Ela consiste no fato de, para ambos os sexos, entrar em consideração apenas um órgão genital, ou seja, o masculino. O que está presente, portanto, não é a primazia dos órgãos genitais, mas uma primazia do falo.

(24)

As restrições impostas ás fantasias incestuosas e ao inicio das estimulações das zonas genitais do menino, ambas sofrendo certa contenção devido as ameaças sofridas pelo mesmo, serão internalizadas por ele como lei, o nome-do-pai sendo instaurado com seu conjunto de normas e regras, o que serão evento fundador do superego.

A continuação do desdobramento do complexo de Édipo, no menino, passa pela decepção deste ao perceber que a mãe, seu objeto de amor, não possui o falo, e associar esta falta as ameaças sofridas. Nesse momento, a ameaça que foi expressa apenas verbalmente passa a ter mais sustentação, pois há uma comprovação concreta. Diante do perigo ao qual ele se vê exposto, prefere abrir mão do amor que sente pela mãe e investi-lo em outra mulher, e garantir a sua integridade peniana, o que significa admitir a sua submissão a lei paterna.

Nos sujeitos histéricos, ao invés de uma reorganização dos desejos incestuosos e de um redirecionamento destas pulsões a outras mulheres, há o recalcamento dos mesmos, o que faz com que o histérico permaneça inconformado com a possibilidade da continuidade da relação com o seu objeto de amor. Ao pai será atribuído, inconscientemente, o ódio, visto que este, além de possuir a mãe que era seu objeto de amor, impossibilitou seus desejos incestuosos.

A tarefa do filho consiste em desprender de sua mãe seus desejos libidinais, para ligá-los a um objeto real e estranho, em reconciliar-se com o pai; se tiver conservado alguma hostilidade quanto a ele, ou emancipar-se de sua tirania, quando, como reação contra sua revolta infantil, torna-se escravo submisso. Essas tarefas são impostas a todos e cada um, devendo-se observar que raramente sua realização é feita de maneira ideal [...]. Os neuróticos fracassam totalmente nessas tarefas, permanecendo o filho submisso a autoridade paterna durante a sua vida, sendo incapaz de transferir sua libido para um objeto sexual estranho (FREUD, 1916 apud CHEMAMA, 1995, p. 141)

Em um paralelo entre o século XIX e a atualidade, percebe-se que apesar da resistência e das formas dissimuladas de como se apresenta, a histeria masculina encontrou uma diversidade de formas de apresentação muito grande, acompanhando, como já foi salientado anteriormente, as alterações do social, como as mudanças de paradigmas e a aproximação dos discursos feminino e masculino. Atualmente, admitir a dor, queixa ou o sofrimento é visto como formas de cuidados e busca por mais qualidade de vida, e não como um enfraquecimento do homem e diminuição de sua masculinidade.

(25)

Se a honra, a coragem e a capacidade de suportar as mais variadas adversidades sem queixas e sem demonstração de fraqueza caracterizavam o homem do século XIX, hoje a atenção que era dirigida a esses valores transferiu-se para o corpo. As questões físicas e biológicas passam a ter um valor não visto até então, sendo respaldadas por necessidades tanto de atenção á saúde quanto a aparência. A todo o momento surgem aberturas para que o sintoma histérico masculino, que antes era contido nas formas clássicas de alcoolismo, ejaculação precoce e impotência, surja, não somente sem tira-lo do lugar de homem, mas inclusive valorizando-o como tal, sob a aprovação do olhar do social. Em algumas situações, o homem histérico se escuda em uma questão de saúde para apresentar seu sintoma sem se afastar de sua masculinidade.

Conforme Bollas (apud FIORAVANTE, 2005), “Podemos compreender as constantes visitas dos histéricos aos hospitais como um contínuo apelo para que a mãe volte a cuidar deles e para que ela redescubra o corpo do bebe como algo agora desejável.”

O homem histérico atual apresenta-se extremamente charmoso e sedutor, buscando convencer o outro, através de seu comportamento e aparência, de que ele porta o objeto que o faz ser diferenciado. Em relação à mulher, ele busca se fazer reconhecer por ela como sendo sua imagem, só que melhorada, num comportamento típico do estágio do espelho, onde um dos dois tem que permitir que sua imagem seja ofuscada para que, com isso, a imagem do outro possa ser elevada.

Ele é charmoso e sedutor. [...] Para isso, ele desdenha habitualmente, ou mesmo desacredita, o recurso ao cenário tradicional daquele que se reclama do significante mestre: o andar marcial e a roupa de caçador não convém á sua elegância, a menos que um pedido expresso ou paródico seja feito. É como mulher que ele quer seduzir uma mulher, sem mandamento nem violência. (MELMAN, 1985, p. 143).

Contudo, apesar das mudanças ocorridas na sociedade e da mobilidade existente entre os papéis desempenhados por homens e mulheres, a histeria masculina sofre uma influencia diferente por parte do social, consequentemente apresentando-se de forma diferente da feminina, ao mostrar-se de forma menos frágil e carente e dando menos ênfase ao corpo e a imagem. O sintoma histérico masculino pode mostrar-se através de taquicardias, distúrbios gastrointestinais,

(26)

crises raivosas, endividamento exacerbado, tendência ao jogo patológico e demais transtornos compulsivos. Além disso, por também ter o desejo inconsciente de ser objeto de desejo do outro, o histérico tem dificuldade em manter vínculos amorosos, visto que estes se estabelecem, perdem o atrativo e caem, sendo necessária uma nova busca.

Percebe-se que, tanto quanto a mulher, o homem histérico encontra dificuldades em se posicionar diante das mudanças apresentadas pelo pós-moderno. Tentar se opor a esse processo significaria ser derrotado, e deixar-se levar sem resistir não é algo com o que ele concorde, pois seria o mesmo que abrir mão de um lugar privilegiado que, por muito tempo, foi exclusivamente seu, da mesma forma que a mulher ainda não sebe muito bem o que fazer com tantas conquistas e possibilidades alcançadas em um passado bastante recente. Os sintomas surgem, então, como uma válvula de escape, como o atenuante de um conflito psíquico que, enquanto não for enfrentado e trazido á tona para que seja reorganizado, vai continuar produzindo sofrimento.

(27)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de pesquisa tem como objetivo principal a ampliação do conhecimento sobre as formas de apresentação da histeria no contexto contemporâneo, sendo que os pontos de partida foram de autores sobre casos bastante remotos sobre a doença, e os estudos de casos clínicos de Freud e Breuer (século XIX).

Mesmo sem se ater muito a uma investigação mais profunda sobre a época em que surgiram as primeiras manifestações histéricas, já que não é este o foco da pesquisa, é impossível não perceber que o assunto é mais remoto do que se possa inicialmente imaginar. Somando-se a este longo espaço de tempo o desconhecimento das pessoas que buscaram, quase que de forma errante, o tratamento para a histeria, ficam justificadas as conclusões ás quais estes chegaram e as formas de tratamento que foram por eles sugeridas.

Antecedendo os trabalhos de Freud e Breuer, a histeria esteve aberta para ser estudada por qualquer segmento, como se, por estar insolúvel, aceitasse todo o tipo de ajuda. Como as apresentações da doença eram tipicamente femininas, atribui-se ao útero a origem desta, tornando-a exclusividade das mulheres. Uma das teorias (século IV A.c.) defendia a ideia de que, por não ter uma vida sexual ativa, o útero agia como um animal feroz e errante, e que podia atingir qualquer parte do corpo feminino e aí provocar alterações. Desse pressuposto é que surgiu a palavra “histeria”, a qual significa “útero, matriz”.

Dentro desse contexto, surgiu a intervenção da igreja que, buscando formas mais contundentes de se impor diante de seus fiéis, acabou utilizando as histéricas como exemplo de pecadoras. Segundo sua ótica e interesse e sem nenhum fundamento cientifico, atribuiu às histéricas todas as formas de possessões demoníacas, onde as “possuídas” eram lançadas a fogueira para que fossem purificadas. Ou seja, uma forma de tratamento proporcional ao diagnóstico.

Segundo as justificativas religiosas para a caça ás bruxas, estas eram mulheres que cediam ás tentações de um comportamento pecaminoso, o qual era imcompatível com o modelo de comportamento defendido pela igreja. Os sintomas que estas apresentavam, como contorções, espasmos, e distúrbios de sensibilidade ou da atividade sensorial, eram provas de que o demônio as possuía e satisfazia seus desejos.

(28)

No século XVIII é que, apesar de ser através de um diagnóstico equivocado, a histeria foi apontada sob a visão científica, quando Franz Mesmes a atribuiu a um desequilíbrio do fluido universal, o qual seria o desencadeante de todos os sintomas. Somente no século XIX é que Freud e Breuer descobrem que as histéricas “sofrem de reminiscências”, e que apresentam seus sintomas segundo o contexto no qual estão inseridas. O fato de suas pacientes não apresentarem nenhuma lesão ou distúrbio que pudesse ser ligado aos sintomas foi o fator determinante para que eles descartassem a hipótese de causa orgânica para os sintomas, e ligassem estes a causas psíquicas.

A partir da escuta de suas pacientes, Freud percebe que os quadros apresentados por estas são, na verdade, a somatização desencadeada por traumas psíquicos, e que estes, ao serem externados verbalmente, proporcionariam uma descarga afetiva e uma reorganização das questões que até então se apresentavam de forma patológica, surgindo então o método catártico.

Se no século XIX, onde a sociedade tipicamente machista reprimia qualquer tipo de manifestação das mulheres, e estas expunham suas questões através de contorções e espasmos musculares, este trabalho busca novos olhares sobre a histeria, só que agora observando-a no contexto contemporâneo.

Num contexto em que as apresentações dramáticas não existem mais, mas que por outro lado se sabe que a histeria não desapareceu, uma das indagações que se faz é como ela se apresenta e quem realmente sofre de histeria hoje, junto a essa multiplicidade de diagnósticos. Além disso, este trabalho tentou provocar uma discussão sobre a incidência da mesma no gênero masculino, pois como se sabe, este também é suscetível a ela. Em um contexto sócio cultural que muda e se transforma muito rapidamente e que é dominado, principalmente, por um sistema capitalista bastante agressivo e por modelos impostos pela mídia, torna-se muito oportuno trazer este assunto á discussão, pois é sabido que pessoas histéricas se mostram através do corpo, o que faz com que seja imprescindível saber identifica-la dentro de cada contexto, para que, a partir de então, cada situação possa ser avaliada e considerada dentro de suas particularidades e, a partir desses indicativos, se busque a melhor forma de tratamento.

(29)

REFERÊNCIAS

ÁVILA, L. A.; TERRA, J. R. Histeria e somatização: o que mudou? 2010.

ALONSO, S. L.; FUKS, M. P. Histeria (Coleção “Clinica Psicanalitica”). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

BACKES, C. et al (Orgs.). A clínica psicanalítica na contemporaneidade. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2008.

BAUMAN, Z. Vida líquida. Rio de Janeiro: JZE, 2007.

BIRMAN, J. O mal-estar na atualidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.

BRAUNSTEIN, N. Gozo. São Paulo: Escuta, 2007.

BREUER, J.; FREUD, S. (1985). Estudos sobre a histeria. In. FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro; Imago, 1990.v. 2.

______ (1893-1895). Estudos sobre a histeria. In. FREUD, S. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro; Imago, 1990.v. 2.

CHEMAMA, R. Dicionário de psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

FIORAVANTE, C. As máscaras da histeria. 2005. Disponível em: <Fapesp.br/2005/11/01/as-mascaras-da-histeria>. Acesso em: 04 nov. 2015.

FREUD, S. (1923). A organização genital infantil (Uma interpolação na teoria da sexualidade). In: Obras psicológicas completas. Rio de Janeiro: Ed. Standard Brasileira (ESB), IMAGO, 1996, v. XIX.

______. (1916). In: Obras psicológicas completas. Rio de Janeiro: Ed. Standard Brasileira (ESB), IMAGO, 1996, v. XIX.

GARCIA, L. A. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro. Zahar, 2005.

HERENBERG, Mauro. Bordeline. Coleção Clínica Psicanalitica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

LACAN, J. Os 4 conceitos fundamentais da psicanálise. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1964.

______. Propos sur l'hysterie. Bruxelles, 26 fev. 1977. Intervention publiée dans Quarto: supplément belge à La lettre mensuelle de l’École de la cause freudienne, 1981, n. 2. Transcrit par J. Cornet au départ de ses propres et plus fidèles notes manuscrites ainsi que de celles d’I. Gilson. Disponível em: <http://aejcpp.free.fr/lacan/1977-02-26.htm>. Acesso em: 04 dez. 2015.

(30)

LIPOVETSKY, G. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.

MELMAN, Charles. Novos estudos sobre a histeria. Tradução de David Levy. Porto Alegre, Artes Medicas, 1985. (Série discurso psicanalítico, v. 2/85)

NASIO, J. D. A histeria. Rio de Janeiro: JZE, 1991.

______. O livro da dor e do amor. Tradução Lucio Magalhães; Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

QUINET, A. Como se diagnostica hoje? In. ______ (Org.). Psicanalise e Psiquiatria: controvérsias e convergências. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2001. QUINODOZ, Jean-Muchel. Estudos sobre a histeria. In: ______. Ler Freud: guia de leitura da obra de S. Freud. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 19-29.

ROUDINESCO, Elizabeth; Plon, Michael. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1997.

ROUDINESCO, E. Porque a Psicanálise? Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

SCOTTI, S. A histeria em Freud e Flaubert. Estudos de Psicologia, v. 7, n. 2, p. 333 341, 2002.

SERGE, André. O que quer uma mulher? Tradução de Dulce Duque Estrada Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987.

SIMÕES, Regina Borba Fernandes. A recusa histérica a satisfação do desejo. Psicol. Am. Lat., México, n.11, set. 2007. Disponível em:

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1870-350X2007000300010&script=sci_arttext>. Acesso em: 16 nov. 2015.

SWAIN, G. As metamorfoses da histeria no final do século XIX. Rio de Janeiro: Campus,1986.

TRILLAT, E. História da histeria. São Paulo. Escuta 1991.

(31)

Referências

Documentos relacionados

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

Como já destacado anteriormente, o campus Viamão (campus da última fase de expansão da instituição), possui o mesmo número de grupos de pesquisa que alguns dos campi

Considerando que, no Brasil, o teste de FC é realizado com antígenos importados c.c.pro - Alemanha e USDA - USA e que recentemente foi desenvolvido um antígeno nacional

By interpreting equations of Table 1, it is possible to see that the EM radiation process involves a periodic chain reaction where originally a time variant conduction

O desenvolvimento desta pesquisa está alicerçado ao método Dialético Crítico fundamentado no Materialismo Histórico, que segundo Triviños (1987)permite que se aproxime de

Assim procedemos a fim de clarear certas reflexões e buscar possíveis respostas ou, quem sabe, novas pistas que poderão configurar outros objetos de estudo, a exemplo de: *