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Relatório do estágio curricular supervisionado em medicina veterinária

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Bárbara Luísa Basso

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

MEDICINA VETERINÁRIA

Ijuí, RS, Brasil

2017

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Bárbara Luísa Basso

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório do Estágio Curricular’ Supervisionado apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, Área de Clínica Médica de Pequenos Animais, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau em Medicina

Veterinária.

Orientadora: Profª Méd. Vet. MSc Cristiane Elise Teichmann

Ijuí, RS, Brasil 2017

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Bárbara Luísa Basso

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório do Estágio Curricular Supervisionado apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, Área de Clínica Médica de Pequenos Animais, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau em Medicina

Veterinária.

Aprovado em 10 de junho de 2017:

___________________________________ Cristiane Elise Teichmann, MSc. (UNIJUÍ)

(Orientadora)

___________________________________ Cristiane Beck, Dra. (UNIJUÍ)

(Banca)

Ijuí, RS 2017

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente a Deus, pela vida e pela família a qual me enviaste. A família que nunca mediu esforços para a realização desse sonho, assim como de todos eles. Que sempre me apoiou em todas minhas decisões, mesmo quando elas não pareciam convenientes.

A minha mãe Maristela Basso, que sempre foi pai e mãe, me deu muito mais do que eu precisava e muito mais do que lhe era cabível, só para me ver feliz. Que abriu mão dos projetos dela, para ver os meus se realizarem.

Ao meu avô Assis, que sempre disse que eu era a princesa dele e que ‘eu poderia ser tudo aquilo que eu queria’. Minha avó Helena, minha maior defensora. Aos meus tios e tias que sempre foram como pais e mães para mim. Ao meu irmão, e os meus primos, que estiveram do meu lado em todos momentos. Aos meus amigos de verdade, que estiveram ao meu lado ‘na boa e na ruim’, colecionaram histórias comigo e me deram forças e ânimo para chegar até aqui.

Aos mestres, que trabalham diariamente repassando todas suas experiências. A minha orientadora, Cristiane Teichmann pela atenção que me deste, pela disposição e dedicação que tem com seus orientados. A professora e amiga Cristiane Beck, que sempre me auxiliou nas minhas escolhas com seus conselhos e paciência.

A toda equipe da Adharas Clínica Veterinária Integrada, que me acolheu tão bem e me fez sentir parte de uma equipe, que além de ser profissionalmente incrível, é de um caráter indiscutível.

E, acima de tudo, aos animais que foram meu objeto de estudo durante esses 5 anos. Posso afirmar com toda certeza que eles me ensinaram muito mais do que a medicina veterinária. Me ensinaram o significado da palavra ‘respeito’ e da expressão ‘amor incondicional’.

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“De tudo ficarão três coisas: a certeza de que estamos começando, a certeza de que é preciso continuar e a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança. Do medo, uma escada. Do sonho, uma ponte. Da procura, um encontro”.

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RESUMO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

AUTORA: Bárbara Luísa Basso ORIENTADORA: Cristiane Elise Teichmann

O estágio final supervisionado em Medicina Veterinária é a oportunidade do aluno em colocar em prática os ensinamentos recebidos em sala de aula durante o período de graduação. É importante tanto de conhecimentos na área da Medicina Veterinária, quanto na formação de conduta e caráter profissional. O Estágio Final em Medicina Veterinária foi realizado na Adharas Clínica Veterinária Integrada, na cidade de Itajaí – Santa Catarina, na área de clínica médica de pequenos animais, sob orientação da Prof.ª MSc. Cristiane Elise Teichmann e supervisão interna da Médica Veterinária Ellen Cristina Bett Blageski. Durante a realização do estágio foram acompanhadas consultas, realização de exames complementares, procedimentos ambulatoriais e de internação, e cirúrgicos. Para o relatório de conclusão de curso foram relatados dois casos clínicos, sendo um deles “Sialoadenite Séptica em um canino”, e outro, “Uveíte associada ao Vírus da Imunodeficiência Felina”. O estágio curricular supervisionado em medicina veterinária nos coloca frente a novos desafios, que estimulam nossa busca por conhecimento e formam a nossa conduta individual. Este período proporciona momentos inesquecíveis e é chave na escolha da área de conhecimento a ser seguida.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fachada da Adharas Clínica Veterinária Integrada, localizada na Avenida Sete de Setembro, 1084, Bairro Fazenda, cidade de Itajaí – Santa Catarina...14

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Procedimentos específicos realizados e/ou acompanhados durante o cumprimento do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017...17 Tabela 2 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os diferentes sistemas

orgânicos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017...18 Tabela 3 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema digestório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017...18 Tabela 4 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema endócrino durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017...19 Tabela 5 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017...19 Tabela 6 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções musculoesqueléticas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017...19 Tabela 7 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções neurológicas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017...20 Tabela 8 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções oftálmicas e oncológicas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017...20

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Tabela 9 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções reprodutivas e urinárias durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017...20 Tabela 10 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções respiratórias durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017...21 Tabela 11 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções tegumentares e anexas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017...21 Tabela 12 - Exames complementares solicitados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017...22

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LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 - Imagens exame ultrassonográfico da região cervical de paciente diagnosticado

com sialoadenite séptica (Caso clínico

3.1)...46 Anexo 2 - Laudo citológico de paciente diagnosticado com sialoadenite séptica (Caso clínico 3.1)...47

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

% Porcentagem

ACTH Hormônio Adrenocorticotrófico AINE Anti-inflamatório Não Esteroidal ALT Alanina Aminotransferase

AST Transaminase Glutâmico Oxalacética

BID Bis in die

FA Fosfatase Alcalina

FeLV Feline Leukemia Vírus ou Vírus da Leucemia Felina

FIV Feline Immunodeficiency Virus ou Vírus da Imunodeficiência Felina

Gama GT Gamaglutamiltranspeptidase

HA Humor Aquoso

Hg Mercúrio

Kg Quilograma

Med. Vet. Médico(a) Veterinário(a)

Mg Miligrama

MSc Mestre

Nº Número

PAAF Punção Aspirativa por Agulha Fina Profª Professora

QID Quor in die

RNA Ácido Ribonucléico SC Santa Catarina SID Sie in die

T4 Tiroxina

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 14 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 16 3 DESENVOLVIMENTO ... 23 3.1 Caso Clínico 1: ... 23 3.1.1 Introdução ... 23 3.1.2 Metodologia... 24 3.1.3 Resultados e Discussão ... 25 3.1.4 Conclusão ... 29 Referências ... 29 3.2 Caso Clínico 2: ... 32 3.2.1 Introdução ... 32 3.2.2 Metodologia... 34 3.2.3 Resultados e Discussões ... 35 3.2.4 Conclusão ... 39 Referências ... 39 4 CONCLUSÃO ... 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 42 ANEXOS ... 45

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1 INTRODUÇÃO

O estágio final supervisionado em Medicina Veterinária é a oportunidade do aluno de colocar em prática os ensinamentos recebidos em sala de aula durante o período de graduação. É importante tanto para obtenção de conhecimentos na área da Medicina Veterinária, quanto na formação da conduta e caráter profissional individual.

A Adharas Clínica Veterinária Integrada está localizada na Avenida Sete de Setembro, 1084, no Bairro fazenda, em Itajaí/SC. Foi inaugurada no ano de 1993, sendo patrimônio particular do Sr. Elton José Blageski e família. A clínica presta serviços veterinários 24 horas por dia, na área de clínica médica e cirúrgica de animais de companhia. Abrange as especialidades de clínica geral, cirurgia geral e ortopédica, patologia clínica, oftalmologia, cardiologia, endocrinologia, dermatologia, ortopedia e traumatologia e odontologia veterinária. A estrutura abrange três consultórios, sala de vacinas, sala cirúrgica e pré-cirúrgica, internação de cães, internação de gatos, internação para doenças infectocontagiosas, laboratório de patologia clínica, sala de radiografia e ultrassonografia. As especialidades e exames não oferecidos na clínica, quando necessários, são terceirizados. Em anexo a clínica são oferecidos serviços de pet shop e farmácia veterinária.

Figura 1 – Fachada da Adharas Clínica Veterinária Integrada.

Fonte: Arquivo Pessoal.

O corpo clínico é composto por onze médicos veterinários, entre eles especialistas nas mais diversas áreas, e plantonistas. A escolha de realização do estágio final em medicina

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veterinária na Adharas ocorreu por indicações de profissionais que conheciam o excelente trabalho da clínica, e por ser bastante conhecida em todo estado de Santa Catarina. Outro fator determinante para a escolha foi o desejo futuro de trabalhar na região, sendo importante conhecer a cidade e os diagnósticos de maior casuística.

A realização do estágio é importante na ampliação dos conhecimentos já vistos em sala de aula, sendo uma oportunidade de coloca-los em prática e estabelecer a conduta individual. Durante a realização do mesmo, o aluno é instigado a pesquisar, discutir, analisar e relacionar diversos casos nas mais variadas áreas da Medicina Veterinária, auxiliando na escolha da futura especialização e atuação profissional.

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2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O estágio curricular em medicina veterinária foi realizado na área de clínica médica de pequenos animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada. As atividades eram realizadas de segunda a sexta-feira, nos horários das 08:00h às 12:00h e das 14:00h às 17:00h, totalizando 30 horas semanais. As atividades acompanhadas foram consultas, procedimentos ambulatoriais, realização de exames complementares, auxílio na internação e procedimentos cirúrgicos. A clínica funciona 24 horas por dia, sendo que os serviços especializados são oferecidos em horário comercial, no qual estive presente. As consultas acompanhadas foram na clínica geral, e especialidades como oftalmologia, odontologia, dermatologia, endocrinologia, ortopedia e neurologia. Quando não havia rotina ou pacientes na internação, foram acompanhadas também algumas cirurgias, entre elas algumas especializadas, como as ortopédicas.

Na clínica haviam veterinários responsáveis somente por cuidar da internação, sendo que pude acompanhar e auxiliar nas atividades a eles incumbidas, como a manutenção dos acessos venosos, trocas de curativo, coleta de material para exame, preparo pré-cirúrgico, administração de medicações e acompanhamento dos parâmetros vitais. A clínica conta também com laboratório de patologia clínica próprio, no qual pude acompanhar a realização de alguns exames complementares como hemograma, bioquímico, culturas fúngicas, e análises de lâminas. Cabia inclusive aos estagiários a coleta e entrega destes materiais para a veterinária patologista.

Outras atividades como manutenção da organização do espaço físico da clínica, contenção dos animais, aferição de parâmetros vitais e auxilio na escolha dos protocolos terapêuticos, também foram realizadas.

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Tabela 1 - Procedimentos específicos realizados e/ou acompanhados durante o cumprimento do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017.

Procedimentos Nº de Cães Nº de Gatos Total %

Acesso venoso 11 4 15 7,9

Cistocentese 1 1 2 1,1

Coleta de sangue 21 13 34 18,0

Colocação de tala ortopédica 2 - 2 1,1

Consulta pré-cirúrgica 1 2 3 1,6 Consultas 62 15 77 40,7 Crioterapia 2 - 2 1,1 Curativo 5 - 5 2,6 Drenagem torácica - 3 3 1,6 Eutanásia 1 - 1 0,5 Reanimação Cardio-pulmonar 2 - 2 1,1

Remoção de pontos cirúrgicos 4 2 6 3,2

Retirada de dreno 1 - 1 0,5 Retirada de miíase 2 1 3 1,6 Sedação 2 - 2 1,1 Sondagem uretral 3 - 3 1,6 Sutura 1 - 1 0,5 Transfusão sanguínea 1 - 1 0,5 Vacinação 18 8 26 13,8 TOTAL 140 49 189 100

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Tabela 2 - Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os diferentes sistemas orgânicos, doenças infectocontagiosas e oncológicas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017.

Sistema Nº de Cães Nº de Gatos Total %

Digestório 3 4 7 9,1 Endócrino 1 - 1 1,3 Infectocontagiosas 4 - 4 5,2 Metabólico 2 - 2 2,6 Musculoesquelético 4 3 7 9,1 Neurológico 3 - 3 3,9 Oftálmico - 1 1 1,3 Oncológico 2 - 2 2,6 Reprodutivo 3 - 3 3,9 Urinário 2 1 3 3,9 Respiratório 1 3 4 5,2 Tegumentar e anexos 37 3 40 51,9 TOTAL 62 15 77 100

Tabela 3 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema digestório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017.

Diagnóstico Nº de Cães Nº de Gatos Total %

Corpo Estranho Intestinal - 1 1 14,3

Diarreia induzida por dieta 1 - 1 14,3

Fístula Perianal - 2 2 28,6

Gastrite aguda - 1 1 14,3

Gastroenterite parasitária 1 - 1 14,3

Sialoadenite séptica 1 - 1 14,3

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Tabela 4 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema endócrino e metabólico durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017.

Diagnóstico Nº de Cães Nº de Gatos Total %

Eclâmpsia 1 - 1 33,3

Hiperadrenocorticismo 1 - 1 33,3

Intermação 1 - 1 33,3

TOTAL 3 0 3 100

Tabela 5 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções infectocontagiosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017.

Diagnóstico Nº de Cães Nº de Gatos Total %

Cinomose 2 - 2 50,0

Giardíase 1 - 1 25,0

Suspeita de Leptospirose 1 - 1 25,0

TOTAL 4 - 4 100

Tabela 6 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções musculoesqueléticas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017.

Diagnóstico Nº de Cães Nº de Gatos Total %

Fratura de dígito 1 - 1 14,3

Luxação de patela 1 - 1 14,3

Trauma por atropelamento 1 - 1 14,3

Trauma por mordedura 1 - 1 14,3

Trauma por queda - 3 3 42,9

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Tabela 7 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções neurológicas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017.

Diagnóstico Nº de Cães Nº de Gatos Total %

Convulsão por intoxicação 1 - 1 33,3

Convulsão por sequela de cinomose 1 - 1 33,3

Epilepsia 1 - 1 33,3

TOTAL 3 3 3 100

Tabela 8 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções oftálmicas e oncológicas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017.

Diagnóstico Nº de Cães Nº de Gatos Total %

Carcinoma de Células Escamosas 1 - 1 33,3

Osteocondroma 1 - 1 33,3

Uveíte - 1 1 33,3

TOTAL 3 3 3 100

Tabela 9 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções reprodutivas e urinárias durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017.

Diagnóstico Nº de Cães Nº de Gatos Total %

Doença renal crônica 1 1 2 33,3

Nódulos mamários 1 - 1 16,7

Piometra 2 - 2 33,3

Urolitíase renal e vesical 1 - 1 16,7

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Tabela 10 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções respiratórias durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017.

Diagnóstico Nº de Cães Nº de Gatos Total %

Bronquite crônica 1 - 1 25,0

Pneumotórax - 3 3 75,0

TOTAL 1 3 4 100

Tabela 11 - Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções tegumentares e anexas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017.

Diagnóstico Nº de Cães Nº de Gatos Total %

Abcesso subcutâneo 1 1 2 5,0

Demodicose 2 - 2 5,0

Dermatite alérgica a saliva de pulga 1 - 1 2,5

Dermatite atópica 4 - 4 10,0

Dermatite de dobra cutânea 1 - 1 2,5

Dermatite psicogênica - 1 1 2,5

Dermatite úmida aguda 1 - 1 2,5

Dermatofitose 1 - 1 2,5

Foliculite bacteriana superficial 4 - 4 10,0

Furunculose interdigital 1 - 1 2,5

Impetigo 1 - 1 2,5

Lipoma 1 - 1 2,5

Malasseziose 1 - 1 2,5

Nódulo região anal 1 - 1 2,5

Nódulo região axilar 1 - 1 2,5

Otite 12 1 13 32,5

Pododermatite 3 - 3 7,5

Seborreia oleosa 1 - 1 2,5

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Tabela 12 – Exames complementares solicitados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Adharas Clínica Veterinária Integrada, no período compreendido entre 01 de março a 04 de abril de 2017.

Exame Nº de Cães Nº de Gatos Total %

Biópsia de pele 2 1 3 1,6 Biópsia óssea 1 - 1 0,5 Bioquímicos 21 9 30 15,6 Citologia de ouvido 9 1 10 5,2 Citologia de pele 9 - 9 4,7 Cultura e antibiograma 1 - 1 0,5 Cultura fúngica 6 - 6 3,1 Ecocardiograma - 1 1 0,5 Eletrocardiograma 5 2 7 3,6

Estimulação com ACTH 1 - 1 0,5

Exame neurológico 5 - 5 2,6

Fundoscopia - 1 1 0,5

Hemograma 25 9 34 17,7

Lâmpada de Wood 2 1 3 1,6

Mensuração de fenobarbital sérico 2 - 2 1,0

Otoscopia 1 1 2 1,0

Punção aspirativa por agulha fina (PAAF) 5 1 6 3,1

Radiografias 23 8 31 16,1

Raspado cutâneo 13 - 13 6,8

SNAP test cinomose 4 - 4 2,1

SNAP test Fiv/Felv - 1 1 0,5

SNAP test giárdia 2 - 2 1,0

SNAP test pancreatite 1 - 1 0,5

SNAP test parvovirose/coronavirose 1 - 1 0,5

Tonoscopia - 1 1 0,5 Ultrassonografia abdominal 10 1 11 5,7 Ultrassonografia cervical 1 - 1 0,5 Ultrassonografia ocular 1 - 1 0,5 Urinálise 2 1 3 1,6 TOTAL 153 39 192 100

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3 DESENVOLVIMENTO

3.1 Caso Clínico 1:

Sialoadenite Séptica em um canino – Relato de Caso

Bárbara Luísa Basso; Cristiane Elise Teichmann

3.1.1 Introdução

As glândulas salivares são responsáveis pela produção de saliva, que tem como função facilitar a mastigação e a digestão (ARGENZIO, 2006). Nos caninos, as glândulas salivares encontram-se pareadas, sendo representadas principalmente pelas parótidas, zigomáticas, mandibulares e sublinguais (CARVALHO, 2004). A infecção das glândulas salivares, ou sialoadenite, é uma doença de ocorrência rara na clínica de animais domésticos, sendo os cães de idade avançada os mais acometidos (GUEDES, et. al., 2017; SMITH e REITER, 2015). Conforme descrito por Willard (2015) a etiologia da doença é desconhecida, porém a condição ocorre geralmente como eventos idiopáticos ou secundária a vômitos e regurgitações.

Guedes et. al. (2017) citam a ocorrência mais frequente da doença por via ascendente, causada por corpos estranhos ou sialólitos, sendo que a via hematógena e traumatismos também podem ser fatores desencadeantes. Segundo Smith e Reiter (2015) a obstrução dos ductos salivares é um fator desencadeante da inflamação do tecido glandular. A sialoadenite também pode ocorrer como sinal clínico de doenças sistêmicas, como a raiva e a cinomose (GELBERG, 2009). McGill (2009) também relaciona o surgimento da sialoadenite como sinal clínico de doenças imunomediadas, sendo esta responsiva a corticosteróides.

Os sinais clínicos da doença são febre, apatia, dor, glândulas salivares aumentadas e relutância em movimentar a cabeça e o pescoço (KAHN et. al., 2008). Conforme descrito por McGill (2009) quando as glândulas parótidas ou mandibulares são afetadas, comumente é evidenciado odinofagia, náuseas e vômitos. Já em caso de acometimento da glândula salivar zigomática, podem ocorrer sinais clínicos relacionados ao sistema oftálmico, devido a conformação anatômica.

O diagnóstico é obtido através de biópsia e citologia ou histopatologia (WILLARD, 2015). A ultrassonografia é um exame de imagem importante no diagnóstico de doenças das glândulas salivares, pois permite a avaliação das estruturas extra glandulares, assim como a coleta segura de material para análise (BABICSAK et. al., 2013). Outros exames como

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tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ser auxiliares no diagnóstico (SMITH e REITER, 2015).

Conforme descrito por Smith e Reiter (2015) as doenças que acometem as glândulas salivares e servem como diagnóstico diferencial da sialoadenite são a sialocele, a sialometaplasia necrotizante e as neoplasias. O diagnóstico diferencial para estas afecções deve ser realizado conforme os achados clínicos e de anamnese, procurando histórico de trauma e aparecimento dos sinais clínicos (PIGNONE et. al., 2010). Segundo Kahn et. al. (2008) as infecções discretas não requerem tratamento, e na ocorrência de abscessos, os mesmos podem ser drenados pela pele subjacente e administrados antibióticos sistêmicos. Em caso de dor e inflamação consideráveis, Mawby et. al. (1991); Willard (2015) indicam a excisão cirúrgica das glândulas acometidas.

O presente relato tem como objetivo descrever o caso clínico de um canino, macho, sem raça definida, de nove anos de idade, acompanhado durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, diagnosticado com Sialoadenite Séptica.

3.1.2 Metodologia

Neste relato é descrito o caso clínico de um animal da espécie canina, macho, sem raça definida, com idade de nove anos, que foi acompanhado durante a realização do Estágio Final Supervisionado em Medicina Veterinária na Adharas Clínica Veterinária Integrada, localizada na cidade de Itajaí – Santa Catarina. Na anamnese a proprietária relatou que o animal estava relutante em alimentar-se, apático, com emagrecimento progressivo e aumento de volume na região do pescoço. A mesma afirmou que não percebeu a evolução do aumento de volume, somente evidenciou esta alteração quando o animal deixou de alimentar-se. O mesmo estava bebendo pouca água e com dificuldade para latir. A proprietária também relatou que havia aferido a temperatura retal do animal em casa, e estava em 39,5ºC. Este canino já havia comparecido na clínica há três meses, com episódio de vômito intenso e tosse, e neste atendimento foi prescrito omeprazol e prednisolona, obtendo-se melhora. O canino era vacinado, tinha alimentação a base de ração e contato com mais seis cães.

Ao exame clínico apresentava-se apático, porém com temperatura retal, frequência cardíaca e respiratória de acordo com os parâmetros fisiológicos. Ao palpar a região do pescoço, evidenciou-se aumento de toda região ventral, assim como dos linfonodos submandibulares. Foram solicitados exames complementares de hemograma, bioquímica sérica (ALT, AST, gamaGT, creatinina, uréia, albumina, colesterol, glicose, proteínas totais e triglicerídeos), e

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dosagem de tiroxina (T4 livre) e hormônio tireoestimulante (TSH), devido suspeita de envolvimento da glândula tireóide.

Com os resultados dos exames específicos para tireóide dentro dos parâmetros de referência, foi solicitada ultrassonografia da região cervical para análise das estruturas. Durante a realização do exame de imagem foram coletadas amostras por punção aspirativa por agulha fina (PAAF) das glândulas salivares mandibulares e linfonodos submandibulares. A secreção serosanguinolenta, de aparência densa foi distribuída em sete lâminas e enviadas para análise citológica. Baseado na análise do material foi estabelecido o diagnóstico de sialoadenite séptica. O tratamento instituído foi primariamente clínico, com administração de Prednisolona por via oral, na dose de 0,5mg/kg BID pelo período de quatro dias e Amoxicilina com Clavulanato de Potássio por via oral, na dose de 15mg/kg BID por 10 dias. A proprietária foi alertada que em caso de piora no quadro clínico, seria necessária a realização de cirurgia para remoção das glândulas salivares mandibulares. Posterior ao termino do tratamento e pela falta de resposta do animal ao mesmo, realizou-se o procedimento cirúrgico de sialoadenectomia. Ambas glândulas salivares mandibulares, sublinguais e linfonodos submandibulares foram excisados e enviados para análise histopatológica.

Após a realização do procedimento cirúrgico o animal permaneceu internado na clínica por 12 horas para monitoração. Foram prescritos como medicamentos pós cirúrgicos a Amoxicilina com clavulanato de potássio, via oral, BID, na dose de 15mg/kg por sete dias e Meloxicam por via oral, SID, na dose de 0,1 mg/kg, por seis dias. Passados dez dias, foram removidos os pontos, e o animal apresenta-se em bom estado de saúde. O laudo histopatológico será fornecido para a proprietária posterior ao recebimento dos resultados.

3.1.3 Resultados e Discussão

A sialoadenite é uma doença incomum nas glândulas mandibulares e sublinguais na ausência de ruptura do ducto, porém é de ocorrência mais relevante em casos de ruptura ou secundárias a sialoceles (KNECHT, 1996). Willard (2015) relaciona o surgimento da doença secundária a vômitos e regurgitações. No canino atendido, não se pode estabelecer a causa do surgimento da doença, porém o mais provável é que ele tenha este comprometimento devido aos episódios de vômitos esporádicos evidenciados três meses anteriores. Este animal não possuía nenhuma desordem sistêmica, o que exclui outras etiologias. O mesmo estava na faixa dos nove anos, compatível com o descrito por Smith e Reiter (2015), que cães mais velhos são os mais acometidos.

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Os sinais clínicos da sialoadenite são principalmente depressão, edema das glândulas salivares, linfadenopatia, febre, dor associada a palpação da glândula ou abertura da boca e movimentação da cabeça e disfagia (KAHN, et. al., 2008; SMITH e REITER, 2015). Dos sinais listados pela literatura, o animal apresentava depressão, aumento das glândulas salivares mandibulares e linfonodos regionais. A febre não foi evidenciada durante o atendimento, entretanto, a proprietária relatou o aumento de temperatura do animal horas antes da consulta. O mesmo também apresentava emagrecimento progressivo, relacionado a relutância em alimentar-se. Os demais parâmetros como frequência cardíaca e respiratória estavam dentro da normalidade.

Sob suspeita de desordens da glândula tireóide, foram realizados exames complementares como dosagem de TSH e T4 sérico, que apresentaram valores dentro da normalidade, descartando essas patologias. Para avaliação do estado geral do animal foi realizado hemograma, que apresentou discreta leucocitose por neutrofilia, com desvio a esquerda regenerativo e monocitose, sendo este um quadro compatível com infecção. Na análise de soro foram avaliadas as enzimas hepáticas e renais, e também albumina, colesterol, glicose, proteínas totais e triglicerídeos. As alterações constatadas foram somente a hiperalbuminemia e aumento da fosfatase alcalina (FA). Segundo González e Silva (2008) a hiperalbuminemia é causada apenas por decorrência de desidratação, o que era passível no caso, devido ao animal estar ingerindo pouca água e não se alimentando. O aumento na enzima FA não está relacionada ao curso da doença. Pela falta de especificidade dos resultados, o animal foi submetido ao exame de ultrassonografia da região cervical, para melhor avaliação das estruturas.

Para o diagnóstico das doenças que afetam as glândulas salivares podem ser realizados exames de palpação simples, sialografia, tomografia computadorizada e ressonância (TRAXLER et. al., 1992). A ultrassonografia também é um exame importante para avaliação das estruturas e auxiliar na coleta de amostras (BABICSAK et. al., 2013). Outro método diagnóstico que pode ser empregado é a sialografia, porém esta é pouco utilizada devido à dificuldade de realização (KNECHT, 1996). No canino relatado, foram escolhidos os exames de ultrassonografia e citologia, devido a maior facilidade de realização e custos menores.

No exame ultrassonográfico de imagem a glândula tireóide apresentava-se em topografia habitual, sem alterações em textura e ecogenicidade. Foram constatadas cadeias linfáticas cervicais aumentadas, sugerindo linfonodopatia. As glândulas salivares parótidas apresentavam-se com contornos definidos, dimensões simétricas e aumentadas. As glândulas salivares mandibulares apresentavam-se com contornos definidos, formato globoso, dimensões simétricas e muito aumentadas. Ambas, esquerda e direita, com contornos delimitados e

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ecotextura grosseira, preenchidas por acentuado conteúdo anecogênico com ecos em suspensão, sugerindo alta celularidade e processo inflamatório (Anexo 1). Segundo Traxler (1992) em processos inflamatórios as glândulas salivares afetadas apresentam-se aumentadas, sendo que a aparência da glândula depende da duração da inflamação. Inicialmente, a glândula pode apresentar-se hipoecogênica ou anecogênica, com contornos pouco claros. Muitas vezes, podem ser evidenciados estruturas grosseiras hiperecóicas, em suspensão.

Em estudos de imagem realizados por Babicsak et. al. (2013) as glândulas salivares mandibulares de um cão diagnosticado com sialoadenite mostraram ecos de textura heterogênea, e diminuição da ecogenicidade, compatíveis também com os resultados encontrados no canino relatado. Segundo Carvalho (2004); Traxler et. al. (1992), as glândulas salivares em condições fisiológicas apresentam parênquima homogêneo, com maior ecogenicidade relacionada com a musculatura circundante. Baseado nas descrições da literatura, evidenciou-se nas imagens que as glândulas salivares do animal haviam alterações compatíveis com inflamação.

Com auxílio da imagem ultrassonográfica foi realizada a PAAF das glândulas mandibulares e linfonodos submandibulares, sendo obtido um exsudato serosanguinolento, que foi enviado para análise citológica. Na sialoadenite, citologicamente, o influxo inflamatório salivar inicial é composto de neutrófilos e macrófagos, juntamente com células epiteliais envoltas em muco basofílico ou eosinifílico. Sequencialmente, linfócitos substituem o componente neutrofílico e se tornam um componente celular importante. Macrófagos espumosos também podem estar presentes (ANDREASEN et. al., 2011). A análise citológica das amostras coletadas das glândulas salivares do canino revelou baixa celularidade, fundo amorfo acidofílico e cristais de hematoidina. Evidenciou-se a presença de neutrófilos e moderada quantidade de células espumosas, linfócitos típicos e reativos, e debris ceratináceos. O que corresponde com a microscopia descrita por Andreasen, et. al. (2011).

Na análise dos linfonodos, foi constatada linfadenite neutrofílica séptica, sendo essa relacionada a infecção das glândulas salivares. Baseada na análise do laudo ultrassonográfico e citológico (Anexo 2) o animal foi diagnosticado com sialoadenite séptica, descartando os diferenciais como sialocele, sialometaplasia necrotizante e neoplasias, descritos por Smith e Reiter (2015).

A sialoadenite pode ser classificada em aguda ou crônica, quanto ao seu curso, e em serosa, seromucosa e purulenta, quanto ao seu exsudato (COELHO, 2002). Quanto ao curso, não se pode dizer se foi de caráter agudo ou crônico pois a proprietária não percebeu o tempo decorrido desde o início dos sinais clínicos. Quanto a secreção, na coleta de material para exame

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citológico, foi visualizada um exsudato serosanguinolento e denso. Conforme descrito por Babicsak et. al. (2013) os processos supurativos das glândulas salivares geralmente afetam as parótidas, diferindo do caso descrito, onde as glândulas mais afetadas foram as mandibulares.

Após o diagnóstico foi instituído o tratamento clínico, a base de Prednisolona por via oral, na dose de 0,5mg/kg BID pelo período de quatro dias e Amoxicilina com Clavulanato por via oral, na dose de 12,5mg/kg BID por 10 dias. Dose e posologia coincidindo com o descrito por Papich (2012). Os corticosteróides como a prednisolona não são citados na literatura como terapêutica da sialoadenite, porém foram utilizados no intuito de reduzir o edema e a inflamação das glândulas. Segundo Viana (2014); Papich (2012) a amoxicilina com clavulanato de potássio é um antibiótico beta-lactâmico bactericida de amplo espectro, resistente as beta-lactamases, que apresenta bom desempenho no tratamento de infecções cutâneas e dos tecidos moles. Devido ao amplo espectro e aos poucos efeitos colaterais, o mesmo foi instituído no caso. Para a escolha do antibiótico correto, é necessária a identificação do agente etiológico envolvido, e realização do antibiograma da secreção. Quando não for possível a identificação, deve-se presumi-lo com base no quadro clínico (SPINOSA et. al., 2010). No desconhecimento do agente, empiricamente, Spinosa et. al. (2010) citam a penicilina G como a primeira escolha no tratamento de abscessos, e as cefalosporinas de primeira geração, como segunda. Mawby et. al. (1991) empregaram o uso de penicilina G e dexametasona em um caso de sialoadenite, não obtendo resultados positivos. Em estudos feitos por Traxler et. al. (1992) 54% dos animais diagnosticados com sialoadenite e tratados com antibiótico obteram a cura clínica. O cão relatado por Babicsak et. al. (2013) obteve melhora clínica após administração de dois dias de antibiótico.

Segundo Smith e Reiter (2015); Willard (2015) em caso de dor e inflamação consideráveis, a excisão cirúrgica das glândulas salivares é indicada, o que se fez necessário no canino relatado, devido à falta de resposta clínica ao tratamento. Devido a ineficácia do tratamento clínico, foi realizado o procedimento cirúrgico de sialoadenectomia, onde foram removidas as glândulas salivares mandibulares e sublinguais e linfonodos adjacentes. Hedlund e Fossum (2008) indicam a remoção das glândulas sublinguais juntamente com as mandibulares, pelo fato das mesmas serem intimamente ligadas, podendo a remoção de uma traumatizar a outra. Amostras do material removido foram enviadas para análise histopatológica. Após a realização do procedimento cirúrgico o animal permaneceu internado na clínica por 12 horas para monitoração. Como medicamentos pós cirúrgicos foi utilizada Amoxicilina com Clavulanato de Potássio, via oral, BID, na dose de 15mg/kg por 7 dias com intuito de controlar infecções no pós-cirúrgico. Também foi prescrito o anti-inflamatório

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Meloxicam por via oral, SID, na dose de 0,1 mg/kg, por 6 dias, sendo que este é um anti-inflamatório não esteroidal efetivo para cães no tratamento da inflamação e da dor de leve a moderada (JUNIOR et. al., 2015).

Passados dez dias, foram removidos os pontos cirúrgicos de pele, e o animal apresentava-se em bom estado de saúde. A retirada das glândulas salivares mandibulares, assim como outras de ductos longos pode causar prejuízos a deglutição e digestão dos animais devidos as mesmas serem responsáveis pela maior parte da formação da saliva e produção de uma secreção mista, mucosa e serosa, responsável também pela digestão dos carboidratos (DYCE et. al., 2004), o que neste caso, até o presente momento, não foi evidenciado. Hedlund e Fossum (2008) citam como complicações das sialoadenectomias a formação de seroma no espaço morto criado pela remoção, e a infecção, o que não ocorreu no pós-operatório deste cão. O resultado do laudo histopatológico será fornecido à proprietária assim que realizado pelo laboratório terceirizado responsável. Segundo Willard (2015) o prognóstico para caninos com sialoadenite é excelente.

3.1.4 Conclusão

A realização de exames complementares de imagem e citologia são de extrema importância para o diagnóstico da sialoadenite, e diferenciação das outras doenças que acometem as glândulas salivares. No caso relatado a citologia e ultrassonografia foram importantes para a instituição do tratamento adequado para o paciente. Quando não há resposta no tratamento clínico, a remoção cirúrgica é a melhor alternativa, e que se demonstrou eficiente na obtenção da cura do animal relatado.

Palavras-chave: glândulas salivares; inflamação; glândula mandibular;

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3.2 Caso Clínico 2:

Uveíte associada ao Vírus da Imunodeficiência Felina – Relato de Caso

Bárbara Luísa Basso; Cristiane Elise Teichmann

3.2.1 Introdução

O olho é um órgão especializado e responsável pela captação e focalização da luz, sendo ele constituído por três túnicas, dispostas de fora para dentro: fibrosa, vascular e nervosa (LEITE et. al., 2013). A úvea é a túnica média ou vascular do olho, formada pela coróide, corpo ciliar e íris (WILKIE, 2008; SAMUELSON, 2007). Segundo Tilley e Smith (2008) a uveíte anterior é definida como a inflamação dos tecidos da úvea, incluindo a íris (irite), o corpo ciliar (ciclite), ou ambos (iridociclite). A uveíte posterior ou coroidite é definida a inflamação da coróide, e a panuveíte inflamação da íris, corpo ciliar e coróide (CUNHA, 2008).

Os tecidos da úvea contém componentes das barreiras oculares que regulam a passagem de proteínas para o humor aquoso (ESSON, 2015). A etiologia da uveíte está relacionada ao aumento da permeabilidade da barreira hemato-aquosa, que permite a entrada de proteínas e outros componentes sanguíneos no humor aquoso (TILLEY e SMITH, 2008). O aumento da permeabilidade se dá pela liberação de mediadores inflamatórios como histamina, serotonina, prostaglandinas e leucotrienos, após danos teciduais ou vasculares (CUNHA, 2008). Segundo Del Sole et. al. (2005) os felinos são predispostos a uveíte devido a descontinuidade da camada de células endoteliais da íris, que permite a passagem de proteínas, eritrócitos e leucócitos do lúmen vascular para o humor aquoso.

Conforme descrito por Daniel (2015) as causas de uveíte podem ser endógenas ou exógenas. Kahn et. al. (2008) citam traumas penetrantes ou não penetrantes, neoplasias e parasitas intra-oculares como fatores exógenos e doenças imunomediadas e infecciosas como causas endógenas do surgimento da uveíte. Quando o acometimento é unilateral, devem ser procurados indícios de trauma, todavia quando bilateral, a causa mais provável da uveíte é uma doença sistêmica (TURNER, 2010).

Em felinos, a uveíte é uma doença comum e dolorosa, que pode levar a cegueira (CARTER e CHANG, 2009), e está comumente associada a causas infecciosas como toxoplasmose, vírus da imunodeficiência felina, vírus da leucemia felina, peritonite infecciosa felina e micoses sistêmicas (WILKIE, 2008). O Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV) é um vírus RNA da família Retroviridae, responsável por causar a diminuição na imunidade dos animais acometidos, predispondo a diversas síndromes clínicas e agentes oportunistas

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(LAPPIN, 2015). As características clínicas da doença cursam de acordo com a ocorrência das infecções oportunistas, podendo acometer diversos sistemas orgânicos, entre eles o trato ocular, causando uveíte anterior, pars planitis e glaucoma (BARR, 2010).

Segundo Towsend (2009), os sinais clínicos da uveíte são decorrentes da inflamação da região vascular do olho, sendo eles secreção ocular serosa ou mucóide, blefaroespasmo, miose e fotofobia. Também podem ser constatados edema de córnea, precipitados ceráticos, hipópio, hiperemia de conjuntiva, hipotonia, flare aquoso, hifema e cegueira (WILKIE, 2008). A pressão intra-ocular menor que 10mmHg, ou diferença de pressão de 5mmHg entre os olhos também são indicativos de uveíte (CUNHA, 2008). Kahn et. al. (2008); Cunha (2008) citam glaucoma secundário, catarata, opacificação da córnea e hiperpigmentação de íris como sinais crônicos.

O diagnóstico baseia-se na anamnese, exame físico, e realização de exames complementares como sorologia sanguínea, exame com foco de luz, tonometria, exame de fundo de olho e citologia (WILKIE, 2008; KAHN et. al., 2008; TILLEY e SMITH, 2008). Vários casos de uveíte são de origem sistêmica, portanto é importante certificar-se da ocorrência de doenças anteriores (TURNER, 2010). Quando a causa da uveíte é desconhecida recomenda-se realização de hemograma, perfil bioquímico sérico, urinálirecomenda-se, sorologia e radiografias de tórax e abdômen para investigação da causa primária (ETTINGER e FELDMAN, 2008). Em felinos a uveíte muitas vezes tem início silencioso, já estando em processo crônico quando diagnosticada (TURNER, 2010). Tilley e Smith (2008) citam conjuntivite, glaucoma, ceratite ulcerativa e Síndrome de Horner como diagnósticos diferenciais. O diagnóstico de felinos portadores de FIV é importante para o controle das síndromes clínicas, como a uveíte, assim como para manutenção do ambiente, pois estes animais são mais propensos a disseminar agentes (LAPPIN, 2015).

Conforme descrito por Cunha (2008) o tratamento deve ser realizado precocemente para evitar que o comprometimento da lesão seja permanente. Quando elucidada a causa de base, a terapia deve incluir a resolução desta afecção, associado ao tratamento da alteração ocular (DANIEL, 2015). Na abordagem terapêutica são indicados fármacos midriáticos, corticósteróides e anti-inflamatórios não esteroidais (TOWSEND, 2008). Os fármacos midriáticos tópicos, como a atropina, são indicados para diminuição da dor e do desenvolvimento da sinéquia posterior, pela estabilização da barreira hemato-aquosa (TURNER, 2010). Os corticosteróides tópicos, como a prednisolona, são os fármacos de eleição para a redução da inflamação (WILKIE, 2008). Os anti-inflamatórios não esteroidais tópicos, como diclofenaco ou flubiprofen são indicados em casos de uveíte associada a úlcera de córnea (TURNER, 2010; DANIEL, 2015).

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Conforme descrito por Turner (2010) felinos podem ser beneficiados pela administração de corticosteróides sistêmicos, ou por via subconjuntival, principalmente quando o mesmo não aceita a aplicação da medicação tópica diariamente. Barr (2010) cita a importância do cuidado na administração de corticosteróides em animais portadores de FIV, pois podem levar a uma imunossupressão maior.

Medicamentos imunossupressores, como a azatioprina, podem ser utilizados se necessário em animais que não correspondam as terapias convencionais (WILKIE, 2008; CUNHA, 2008). Antibióticos tópicos não são usualmente indicados na maioria dos casos crônicos de uveíte, a menos que a suspeita seja de trauma penetrante (TURNER, 2010). Para Turner (2010) os métodos cirúrgicos não são recomendados para o tratamento de uveíte, porém nos casos que o animal apresentar glaucoma secundário e dor a enucleação pode ser uma opção. Para Tilley e Smith (2008) o prognóstico é reservado, pois depende da doença concomitante e da resposta terapêutica obtida.

O presente relato tem como objetivo descrever o caso clínico de um felino, fêmea, sem raça definida, acompanhado durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, diagnosticado com Uveíte associada à Imunodeficiência Felina.

3.2.2 Metodologia

Neste relato é descrito o caso clínico de um felino, fêmea, sem raça definida, com idade de aproximadamente três anos, que foi acompanhado durante a realização do Estágio Final em Medicina Veterinária na Adharas Clínica Veterinária Integrada, localizada na cidade de Itajaí – Santa Catarina.

Na anamnese a proprietária relatou que o animal estava aproximadamente quinze dias com ambos os olhos com coloração avermelhada e pupilas de conformação alterada. O mesmo estava produzindo maior quantidade de secreção ocular, e ‘piscando’ em demasia. A mesma encaminhou o animal a um veterinário que receitou colírio de ciprofloxacino, que gerou melhora clínica por alguns dias, porém no momento da consulta, o animal estava aparentando não enxergar, com dificuldade de movimentar-se em relação a objetos e demonstrando medo. Na consulta anterior o felino passou por exame diagnóstico para doenças infecciosas, obtendo o resultado positivo para o Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV). A proprietária relatou que o animal estava alimentando-se bem, bebendo água normalmente, com fezes e urina sem alterações. Negou também espirros e tosse, assim como manifestações clínicas anteriores. A paciente era castrada e convivia com um canino.

(35)

No exame clínico o animal estava o animal estava alerta, com temperatura retal dentro dos parâmetros fisiológicos, ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações. Ao examinar os olhos do animal, evidenciava-se leve lacrimejamento, blefaroespasmo, pupilas com conformação alterada, íris de coloração avermelhada, conjuntiva hiperêmica, flare aquoso e hiperemia irídica. A córnea apresentava-se levemente opaca. O animal não apresentava reflexo de ameaça em ambos os olhos. Para estabelecimento de diagnóstico e conduta terapêutica, foram realizados exames oftálmicos específicos como exame com foco de luz, fundoscopia e a tonometria. Ao exame com foco de luz, o animal demonstrou pupilas arreativas.

Para realização da fundoscopia foi aplicado colírio a base de Tropicamida 1% em ambos os olhos, e aguardado quinze minutos, sendo que o animal apresentou resistência a dilatação farmacológica. Posteriormente, foi realizado o exame de fundo de olho com lupa de pala e lanterna, que demonstrou sinéquia posterior. Também foram evidenciadas células como precipitados no interior da câmera anterior. No exame de tonoscopia, realizado com o equipamento TONO-PEN® foi constatada a pressão de 10mmHg, caracterizando hipotonia. Baseado nestes sinais foi estabelecido o diagnóstico de uveíte.

O tratamento estabelecido foi tópico, com colírio a base de Acetato de Prednisolona 1%, uma gota em ambos os olhos, QID por 15 dias, e BID nos 30 dias posteriores. Como exames complementares foi indicada a realização de hemograma, bioquímica sérica e eletrorretinografia, não autorizados pela proprietária até a descrição desse relato. Devido ao diagnóstico positivo para FIV e sabendo que esta predispõe a diversas outras doenças, foi indicado o uso de suplementação diária com lisina. Recomendou-se o retorno do animal para reavaliação após o termino do tratamento, ou em caso de piora no quadro clínico. Até o presente momento não houve retorno do animal à clínica, não havendo informações sobre a eficiência do tratamento instituído.

3.2.3 Resultados e Discussões

A uveíte nos felinos é uma doença oftálmica que está em 70% casos, relacionada com enfermidades sistêmicas que desencadeiam lesões tissulares, comprometendo a barreira hemato-ocular e causando aumento da permeabilidade vascular (DEL SOLE et. al., 2005).

A infecção por FIV tem como característica a imunossupressão crônica, que pode causar a manifestação de uveíte crônica leve a moderadamente grave nos animais portadores do vírus (GELATT, 2003). Para Teixeira e Souza (2003) a uveíte em gatos infectados natural ou experimentalmente por FIV ocorre em decorrência tanto da ação direta do vírus na úvea, quanto

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por infecções oportunistas, como a toxoplasmose. O felino descrito nesse relato já havia sido diagnosticado como portador do vírus da FIV anterior ao aparecimento das lesões oculares. Kern et. al. (2013) sugerem que os complexos imunológicos em animais infectados por FIV têm papel desencadeante na formação da uveíte, sendo que a citologia do HA pode revelar quantidades variáveis de plasmócitos e linfócitos. A técnica de paracentese da câmara anterior pode ser realizada para método diagnóstico (TURNER, 2010), o que não foi empregado no caso relatado.

O histórico de animais acometidos por uveíte pode ser bastante variável (TURNER, 2010). Conforme descrito por Cunha (2008); Parry e Maggio (2007) na anamnese de pacientes acometidos pela doença, relata-se a ocorrência de fotofobia, blefaroespasmo, lacrimejamento, vermelhidão, córnea de coloração azul ou branca, e déficit visual. Os dados descritos pela proprietária na anamnese e os sinais observados no animal coincidem com os descritos pela literatura, exceto a fotofobia, que não foi constatada.

Na avaliação oftálmica, o felino apresentou flare aquoso, hiperemia irídica, infiltrados celulares na câmara anterior, edema de córnea, diminuição da PIO e precipitados ceráticos. Outros sinais clínicos descritos por Gelatt (2003), porém não evidenciados no felino são ingurgitamento ciliar, protusão da glândula da terceira pálpebra, hipópio e nódulos irídicos (GELATT, 2003). Wilkie (2008) inclui também a miose como um sinal clínico. O olho pode parecer turvo, pela combinação do flare, precipitados ceráticos, hipópio e catarata (TURNER, 2010). Segundo Chacaltana (2011) o flare é causado pelo aumento da permeabilidade hemato-aquosa, que causa a liberação prostaglandinas e proteínas na câmera anterior.

Conforme descrito por Gelatt (2003) infiltrados celulares no vítreo anterior são comuns em felinos infectados por FIV, assim como no estágio crônico da doença é comum a formação de sinéquias posteriores, cataratas corticais, e glaucoma secundário. As sinéquias posteriores são resultantes da ação dos infiltrados inflamatórios na forma e mobilidade da íris, sendo que a fibrina faz com que a mesma fique aderida na lente, configurando a sinéquia (PARRY e MAGGIO, 2007). O animal atendido apresentava pupilas arreativas a luz e a tropicamida, agente midriático de escolha para dilatar a pupila para realização da fundoscopia (WEBSTER, 2005), devido a sinéquia posterior. A íris apresentava-se avermelhada, o que segundo Parry e Maggio (2007) ocorre pela dilatação dos vasos e neovascularização da superfície, que fica mais escura e densa.

No animal relatado, o diagnóstico de uveíte foi obtido através do histórico do mesmo, avaliação visual das lesões pelos exames complementares. Conforme descrito por Cunha (2008) é importante o conhecimento da causa primária de uveíte, se ainda desconhecida, para que a

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mesma também seja tratada adequadamente. A avaliação dos sinais clínicos pelos exames de fundoscopia e foco de luz, assim como a constatação de hipotonia, obtido pelo exame de tonoscopia foram indicativos de uveíte. Turner (2010) cita a importância da fundoscopia para observação de lesões coriorretinianas, que não foram evidenciadas no felino. Exames como hemograma, bioquímico e urinálise encontram-se frequentemente dentro dos parâmetros fisiológicos, podendo haver alterações relacionadas a causa subjacente da uveíte (TILLEY e SMITH, 2008). A obtenção do diagnóstico correto é importante tanto na exclusão de outras patologias como conjuntivite, glaucoma, ceratite ulcerativa e Síndrome de Horner (TILLEY e SMITH, 2008), quanto na escolha da terapia adequada para o animal.

O tratamento instituído para o felino relatado foi tópico, com o uso de colírio a base de prednisolona, uma gota em ambos os olhos, QID por 15 dias, e BID nos 30 dias posteriores. Os anti-inflamatórios tópicos são indicados quando as afecções se restringem apenas a parte anterior do olho, sendo o acetato de prednisolona a suspensão oftálmica de escolha, pois atinge maior concentração intraocular comparada as demais (WILKIE, 2008). Webster (2005) indica a aplicação dos corticosteróides a cada quatro ou seis horas, pela sua ação relativamente curta. O fármaco escolhido foi condizente ao citado pela literatura, assim como a posologia, na primeira quinzena. Turner (2010) indica a realização do teste de flurosceína para descartar possíveis ulcerações, que alterariam o protocolo terapêutico instituído, entretanto esse teste não foi realizado. Os anti-inflamatórios não esteroidais tópicos como o diclofenaco, cetorolaco, flurbiprofeno e suprofeno podem ser utilizados como suplemento aos corticosteróides, ou como substitutos quando os mesmos forem contraindicados (WEBSTER, 2005; WILKIE, 2008).

Segundo Cunha (2008) o uso de anti-inflamatórios esteroidais e não esteroidais são importantes na inibição da inflamação e da resposta imunomediada, na diminuição da congestão dos vasos, além de tornar os capilares impermeáveis as hemácias e moléculas proteicas. Os corticosteróides sistêmicos são indicados em casos de uveíte posterior ou uveíte anterior grave, como suplementação ao tratamento tópico (WILKIE, 2008). Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) são indicados em casos onde a terapia com corticosteróides seja contraindicada (CUNHA, 2008). No caso relatado, a médica veterinária responsável não julgou necessário o uso de medicamentos de uso sistêmico, pois sendo o animal portador do vírus da FIV, a imunossupressão causada por corticosteróides poderia favorecer o surgimento de outras manifestações clínicas.

Parry e Maggio (2007); Kahn et. al. (2008); Cunha (2008); Webster (2005) descrevem o uso de fármacos midriáticos cicloplégicos, como a atropina tópica, para manutenção da movimentação e dilatação pupilar e redução na permeabilidade dos vasos inflamados. Estes

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fármacos reduzem a dor associada e a tendência de formação de sinéquia posterior (WILKIE, 2008). Todavia, alguns gatos se demonstram extremamente sensíveis a atropina tópica, que causa sinais de hipersalivação e agitação da cabeça (PARRY e MAGGIO, 2007). Este tipo de tratamento não foi empregado no felino relatado, pois o mesmo já apresentava sinais de sinéquia posterior, e pupilas arresponsivas a fármacos midriáticos.

Fármacos antibióticos não foram empregados no caso, pois somente são necessários quando houver infecção secundária, ou de forma preventiva quando for estabelecido tratamento imunossupressor (CUNHA, 2008). Terapias imunossupressoras com azatioprina podem ser necessárias quando o animal não responder nem a altas doses de anti-inflamatórios (WILKIE, 2008; CUNHA, 2008). Outros cuidados como manter o animal em sala escura, uso de compressas mornas e exames oculares periódicos são indicados (CUNHA, 2008). Estes cuidados não foram indicados pela medica veterinária, porém foi recomendado retorno para reavaliação do animal ao termino do tratamento.

A suplementação diária com lisina foi indicada para o felino atendido com o intuito deste ser um aminoácido importante na síntese de proteínas para cães e gatos. Na literatura este tipo de tratamento adjuvante não é indicado para casos de uveíte, nem de FIV. Sua indicação está atribuída as doenças respiratórias infecciosas felinas, onde os estudos demonstram eficácia. O prognóstico de felinos com uveíte é reservado, pois depende da gravidade da causa subjacente e da resposta terapêutica obtida (TILLEY e SMITH, 2008). O paciente era portador do vírus da FIV, o que torna o mesmo suscetível a outras manifestações da doença, nos mais variados sistemas orgânicos.

Várias complicações podem ser decorrentes da uveíte nos felinos, estas geralmente estão relacionadas diretamente com a duração e a causa da inflamação (GELATT, 2003). Wilkie (2008) cita como sequelas decorrentes da uveíte glaucoma secundário, sinéquias, catarata, edema de córnea e cegueira, destes o felino já apresentava sinéquia posterior, edema de córnea e déficits visuais. Foram recomendados exames complementares de eletrorretinografia, para avaliação do segmento posterior e comprometimento da visão, e de hemograma e bioquímica sérica para o acompanhamento da causa subjacente. Até o presente momento, o animal não havia retornado a clínica para realização dos mesmos.

Não é possível estabelecer medidas preventivas para a uveíte, porém o tratamento adequado e imediato da lesão e de sua etiologia, reduzem a possibilidade de sequelas permanentes e complicações graves decorrentes da doença sistêmica (WILKIE, 2008). Ao animal atendido a terapia foi instituída imediatamente, assim como o emprego de suplemento a base de lisina e outros aminoácidos importantes para os felinos.

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3.2.4 Conclusão

A uveíte é uma doença oftálmica muito frequente na clínica de felinos, e geralmente é uma manifestação ocular de outras doenças sistêmicas. No caso relatado, o felino era portador do Vírus da Imunodeficiência Felina, o que predispôs o animal à infecção. O diagnóstico rápido e a escolha das medidas terapêuticas adequadas são de extrema importância para a recuperação dos sinais clínicos e manutenção da visão do animal. O tratamento da causa de base também é importante para o fortalecimento da imunidade do animal e diminuição dos efeitos virológicos.

Palavras-chave: úvea; iridociclite; oftalmologia;

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