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Vivências como bolsista PIBIC de um centro de alta complexidade em tratamento de câncer - CACON

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DCVida – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA CURSO DE ENFERMAGEM

VIVÊNCIAS COMO BOLSISTA PIBIC DE UM CENTRO DE ALTA

COMPLEXIDADE EM TRATAMENTO DE CÂNCER – CACON

FRANCIELI PRETTO FRANCO

Ijuí – RS 2012

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FRANCIELI PRETTO FRANCO

VIVÊNCIAS COMO BOLSISTA PIBIC DE UM CENTRO DE ALTA

COMPLEXIDADE EM TRATAMENTO DE CÂNCER – CACON

Trabalho de Conclusão do Curso, apresentado em forma de artigo ao Curso de Enfermagem do Departamento de Ciências da Vida da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, apresentado como requisito parcial para obtenção do título de enfermeiro.

Orientadora: Profª Enfª Marinez Koller Pettenon

Ijuí – RS 2012

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FRANCIELI PRETTO FRANCO

VIVÊNCIAS COMO BOLSISTA PIBIC DE UM CENTRO DE ALTA COMPLEXIDADE EM TRATAMENTO DE CÂNCER – CACON

Trabalho de conclusão de curso apresentado em forma de artigo ao Curso de Enfermagem do Departamento de Ciências da Vida, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. Para obtenção do título de enfermeira.

Banca Examinadora:

Orientadora _____________________________________________________ Profª Msc. Enfª Marinez Koller Pettenon

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ

Parecerista _____________________________________________________ Profº Msc. Enfº Gilmar Poli

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ

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DEDICATÓRIA

À minha família, meus pais, Gelson e Janete e meu irmão Eduardo que são as pessoas mais importantes da minha vida. Obrigado pelo amor e dedicação, por terem acreditado em minha capacidade, e me ensinado a valorizar cada momento da minha trajetória.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela vida e por todas as coisas boas que vivi, por não ter me deixado nos momentos difíceis da minha jornada. Por ter sido meu refúgio e minha fortaleza.

Aos meus pais, Gelson e Janete pela minha existência, pelo apoio e suporte nos momentos de dificuldades, dando-me forças para eu continuar em frente, vencendo todos os desafios e obstáculos que a vida me impôs. Agradeço pelos momentos de amor verdadeiro e por não medirem esforços para que eu fosse feliz e realiza-se esse sonho. Amo vocês!

Ao meu irmão Eduardo pela paciência e compreensão, pelos inúmeros momentos de ausência. Dedico a você essa conquista.

Ao meu namorado Rafael por todo o carinho e paciência, por ter entendido minha falta de atenção e tempo. Obrigado por ter caminhado comigo, me dando coragem para prosseguir.

À Marinez, professora, orientadora, a quem tenho muita admiração, por ter me acolhido e me dado suporte no momento em que mais precisei. Agradeço pelo voto de confiança e por ter me instruído na realização deste trabalho e acima de tudo ter acreditado em meu potencial. Muito Obrigada!

Agradeço a todos meus familiares, que de uma forma ou outra estiveram presentes nesta caminhada. Pelos conselhos e elogios que só vem de quem ama.

Obrigado a todos que, me incentivaram para que eu realizasse o meu grande sonho: SER ENFERMEIRA.

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“A Enfermagem não é uma escolha que se faz um dia, mas uma opção que se vive a cada dia”.

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VIVÊNCIAS COMO BOLSISTA PIBIC DE UM CENTRO DE ALTA COMPLEXIDADE EM TRATAMENTO DE CÂNCER – CACON1

Francieli Pretto Franco2 Marinez Koller Pettenon3 RESUMO

Introdução: O câncer é um processo que começa quando uma célula maligna anormal é transformada por mutação genética do DNA celular. Não é uma doença única com uma causa única, mas sim, um grupo de doenças distintas com diferentes causas, manifestações, tratamentos e prognósticos. Objetivo: Relatar a vivência acadêmica como Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Unijuí – PIBIC, dentro de um projeto de pesquisa em um Centro de Alta Complexidade em Tratamento de Câncer – CACON, bem como conhecer a realidade e compreender os sentimentos que acometem os usuários. As atividades foram desenvolvidas nos meses de maio a novembro nos turnos manhã e tarde, junto a Unidade de Quimioterapia de um CACON, localizado na região Noroeste do Rio Grande do Sul. Considerações Finais: Atuar em atividades que envolvem pacientes fragilizados nos favorece uma visão ampla da situação e realidade vivida pelos mesmos. Esse conhecimento contribui na aplicação do cuidado favorecendo o bem estar do indivíduo. A atenção de enfermagem vai além do profissional-paciente, pois visualizar a realidade do paciente nos permite criar um vínculo, onde eles sentem-se acolhidos e seguros. A troca de experiência oportuniza criar um laço de confiança onde aprendemos a importância de oferecer suporte mediante o sofrimento do paciente.

Palavras-chave: Oncologia, Neoplasias, Vivências.

1Trabalho de Conclusão de Curso, construído a partir de uma experiência vivenciada.

2Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul –

UNIJUÍ. e-mail: franzinhafranco@hotmail.com.

3Enfermeira, Mestre em Educação na Ciência, docente da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio

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EXPERIENCES AS A CENTER OF STOCK PIBIC HIGH COMPLEXITY IN TREATMENT OF CANCER – CACON1

Francieli Franco Pretto2 Marinez Koller Pettenon3 ABSTRACT

Introduction: Cancer is a process that begins when an abnormal malignant cell is transformed by genetic mutation of cellular DNA. It is not a single disease with a single cause, instead, is a group of distinct diseases with different causes, manifestations, treatment and prognosis. Objective: To describe my academic experience as a Fellow of the Institutional Program for Scientific Initiation Scholarships UNIJUÍ – PIBIC within a research project at a Center for High Complexity in Treatment of Cancer – CACON and know the reality and understand the signs and symptoms that affect users. I developed my activities in the months from May to November in the morning and afternoon, along with a Chemotherapy Unit CACON, located in the northwestern region of Rio Grande do Sul Final. Thoughts: Act on activities that involve patients in fragile favors a broad view situation and the reality experienced by them. This knowledge contributes to the implementation of care promoting the welfare of the individual. The nursing care goes beyond the professional-patient, for seeing the reality of the patient allows us to create a link where they can feel welcomed and safe. The exchange of experience provides an opportunity to create a bond of trust where we learn the importance of support through the patient’s suffering.

Keywords: Cancer, Neoplasms, Experiences.

1Completion of course work is built on an experience.

2Student of the Nursing Course at the Northwest Regional University of Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. e-mail:

franzinhafranco@hotmail.com.

3Nurse, Master of Science in Education, teaching at the University of the Northwest Regional State of Rio

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...10

2 RELATO DE VIVÊNCIAS ... 12

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 17

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho baseia-se em um relato de experiência/vivência desenvolvido como graduanda do curso de enfermagem, oportunizado no último semestre. Expressa a atuação como bolsista PIBIC, em um Projeto de Pesquisa Institucional intitulado: Qualidade de vida

de pacientes oncológicos assistidos em um Centro de Alta Complexidade em Tratamento de Câncer. O qual tem como objetivo avaliar o perfil e a qualidade de vida de pacientes

oncológicos, em tratamento quimioterápico e/ou radioterápico, assistidos em um Centro de Alta Complexidade em Tratamento de Câncer - CACON de um Hospital Geral do Estado do Rio Grande do Sul.

Ao longo da trajetória acadêmica muitas foram às oportunidades e contato com diferentes áreas de atuação da enfermagem, tanto no âmbito hospitalar, quanto em Unidades Básicas de Saúde, defrontando-me com várias realidades, relacionadas à assistência ao usuário, nos diferentes serviços de atenção à saúde.

Durante o processo de formação foram muitos os temas estudados nas diferentes áreas dos segmentos da enfermagem, despertando maior atenção a área da oncologia, o qual leva ao aprofundamento neste estudo.

O interesse pela temática é fortalecido e conduz a participação no processo de seleção para bolsista, e com aprovação no mesmo inicia a trajetória de pesquisadora.

Para melhor situar o leitor discorre brevemente a temática estudada.

O câncer é um processo que começa quando uma célula maligna anormal é transformada por mutação genética do DNA celular. Essa célula anormal forma um clone e começa a se proliferar de maneira anormal, ignorando os sinais de regulação do crescimento no ambiente que circunda a célula (SMELTZER; BARE, 2005). Corrobora dizendo que câncer não é uma doença única com uma causa única, mas sim, é um grupo de doenças distintas com diferentes causas, manifestações, tratamentos e prognósticos.

Segundo Instituto Nacional de Câncer (INCA) o nome Câncer é dado a um conjunto de mais de 100 doenças que tem um aumento desordenado de células que se alastram nos tecidos e órgãos, sendo capaz de espalhar-se para outras partes do corpo (INCA, 2012).

No Brasil, dados da mesma fonte, indicam as estimativas para o ano de 2012 que serão válidas também para o ano de 2013, onde aponta a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de câncer, incluindo os casos de pele não melanoma, reforçando a intensidade do problema do câncer no país. Contando com os casos de câncer de pele não melanoma, estima-se um total de 385 mil casos novos. Os tipos mais incidentes serão os

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cânceres de pele não melanoma, próstata, pulmão, cólon e reto e estômago para o sexo masculino; e os cânceres de pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon e reto e glândula tireóide para o sexo feminino.

Segundo dados do INCA ainda são esperados um total de 257.870 casos novos para o sexo masculino e 260.640 para o sexo feminino. Confirma-se a estimativa que o câncer de pele do tipo não melanoma (134 mil casos novos) será o mais incidente na população brasileira, seguido pelos tumores de próstata (60 mil), mama feminina (53 mil), cólon e reto (30 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (18 mil). No sexo masculino estima-se cinco tumores de maior incidência que será o câncer de pele não melanoma (63 mil casos novos), próstata (60 mil), pulmão (17 mil), cólon e reto (14 mil) e estômago (13 mil). Para o sexo feminino os cinco tumores de maior incidência se destacam os tumores de pele não melanoma (71 mil casos novos), seguidos pelos de mama (53 mil), colo do útero (18 mil), cólon e reto (16 mil) e pulmão (10 mil) (INCA, 2012).

Segundo os dados é possível ainda apurar como tipos de cânceres os seguintes: anal, bexiga, boca, colorretal, colo do útero, esôfago, estômago, fígado, infantil, laringe, leucemia, linfoma de Hodgkin, linfoma hodgkin, mama, ovário, pâncreas, pele melanoma, pele não-melanoma, pênis, próstata, pulmão, testículos, tumores de ewing (INCA, 2012).

Mediante os referenciais estudados e após aprovação no projeto como bolsista, inicia-se a caminhada de coleta de informações junto aos pacientes usuários do CACON.

O interesse se aprofunda a partir do andamento da pesquisa, pois, a cada dia que passa o desejo e a busca de novos conhecimentos e a procura por entender e compreender os sentimentos expressos pelos pacientes e principalmente conhecer a realidade dos usuários que procuram um CACON, a fim de realizar o tratamento da doença. Instiga a busca das experiências e novos conhecimentos que nos ajudam a aprofundar cada vez mais, as medidas preventivas e como combater essa patologia tão temida por todos nós seres humanos.

Objetivando relatar a experiência de acadêmica bolsista e descrever passos desta trajetória, com ênfase nos sentimentos emergidos pelos relatados dos pacientes foi o mote deste estudo.

Neste contexto, busco Relatar minha Vivência acadêmica como Bolsista do

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Unijuí – PIBIC, dentro de um

projeto de pesquisa em um Centro de Alta Complexidade em Tratamento de Câncer – CACON.

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2 RELATO DE VIVÊNCIAS

A inserção na Unidade Oncológica ocorreu por um longo período no ano de 2011. As atividades foram desenvolvidas nos meses de maio a novembro nos turnos da manhã e tarde, junto à Unidade de Quimioterapia de um CACON, de um Hospital classificado como Hospital Porte IV localizado na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

De acordo com a portaria 3.535 do Ministério da Saúde, CACON é conceituado como um Centro de Alta Complexidade em Oncologia, apto a assistir indivíduos com câncer, que necessitam de tratamentos diversificados, os quais compreendem cirurgia, quimioterapia, radioterapia. Oferecem assistência especializada e integral aos pacientes com câncer, atuando na área de prevenção, detecção precoce, diagnóstico e tratamento do paciente (BRASIL, 1998).

Inicialmente integraram o grupo de pesquisadores sete acadêmicos voluntários e uma bolsista PIBIC, totalizando oito integrantes. Com o andamento do projeto, passados alguns meses o grupo teve duas desistências, em função da impossibilidade de conciliar todas as atividades acadêmicas. Porém o grupo não ficou com esta lacuna conseguimos duas novas voluntárias bolsistas de uma das professoras integrantes da pesquisa.

O começo foi difícil, pois fazer parte de uma pesquisa requer muito esforço, dedicação e planejamento. Foram dias de reuniões em grupo para leituras sobre câncer, buscando artigos relacionados com a qualidade de vida, tratamento medicamentoso, reações adversas, até tudo ficar nos devidos conformes para começar os trabalhos em campo.

A inserção dos pesquisadores no referido local se deu por meio da apresentação como acadêmicas do curso de graduação em Enfermagem integrantes da referida pesquisa para a enfermeira responsável pela Unidade de Quimioterapia e toda a equipe. Fomos acolhidos por todos. Conhecemos a unidade de Quimioterapia e seu funcionamento. Estando, então aptos a iniciarmos nossas atividades de entrevistas com os pacientes usuários do serviço.

Uma das dificuldades iniciais era a articulação das conversas com os pacientes, pois não é fácil conversar com alguém que não conhecemos e tão pouco falar sobre sua saúde-doença e criarmos vínculos de afetividade. Em vários momentos senti-me retraída, pois alguns pacientes lançavam um olhar de ansiedade e preocupação em responder aos questionamentos, tendo a percepção de que muitas vezes não desejavam falar sobre o assunto. Dando a sensação de estar invadindo sua privacidade. No decorrer dos dias, o vínculo foi se formando e, aprende-se a respeitar o espaço cedido pelo paciente, como também seus

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princípios, crenças e valores. Para Araújo e Silva (2007) a comunicação verbal do paciente que vivencia a terminalidade está associada aos domínios considerados importantes para sua qualidade de vida. Para que a comunicação seja efetiva, é necessário que estes domínios sejam ponderados. Deste modo, frente a uma doença que traz sofrimento e ameaça a vida, é natural que os doentes evitem falar sobre sua condição.

Vencendo o desafio de enfrentamento com o paciente, a convivência se torna mais propícia ao acolhimento das situações de sofrimento.

Durante todo percurso como integrante de uma pesquisa, pude conviver com uma realidade que tão pouco conhecida, pois até então meu conhecimento era sobre a patologia, sua forma de tratamento, seus riscos e benefícios. Não fazia parte do cotidiano e da rotina conviver e conhecer pessoas fragilizadas em busca de tratamento, lutando frente às dificuldades impostas pela doença, buscando um prolongamento da vida, com esperança, fé, e otimismo muitas vezes, nos dando uma grande lição de vida. Para Carvalho (2008) o quadro da doença também deve ser considerado na questão do grau de sofrimento, ou seja, quanto mais avançada maior é o sofrimento do paciente. O mesmo autor salienta ainda que o câncer pode colocar os indivíduos e seus familiares em condições de fragilidade pelo próprio diagnóstico da doença, havendo dificuldades de lidar com a doença também devido ao estigma. Corrobora dizendo que a fragilidade imposta pela doença pode levar à “exclusão social” por terem que enfrentar uma sociedade que é excludente dos mais vulneráveis (CARVALHO, 2008).

A cada dia, a cada nova conversa, o convívio com os pacientes foi se intensificando, criou-se uma amizade, uma troca de saberes. Ao conversar com eles sobre perguntas do questionário que norteava a pesquisa, que tinha como variáveis a sua saúde, patologia e qualidade de vida, eles não só relatavam o que era solicitado, mas sim começavam a relatar fatos sobre sua vida, bem como sentimentos de medo, angústias, culpa por depender de familiares/cônjuges, dúvidas, dificuldades, incompreensão, situações de fragilidade, mudanças de hábitos e sobre os malefícios que a doença trouxe para sua vida. Nesse contexto o Câncer é representado pelos pacientes como um futuro incerto, algumas vezes sem perspectivas (SALCI; MARCON, 2011). De outra forma havia pacientes que queriam apenas conversar, expressar a alegria de estar vivo, embora outros, porém poucos tinham dificuldade de expressão e entendimento das questões, que podem ser atribuídas ao baixo grau de escolaridade ou entendimento correto das questões.

A entrevista com pacientes requer paciência, formação de vínculo, onde inicialmente fica mais comprometido, somando-se ao baixo grau de escolaridade ou a falta de

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entendimento das questões, ocasionando a não compreensão. Então, devemos lançar mão de um linguajar popular, acessível e de fácil compreensão, tentando associar uma coisa à outra de maneira simples, mas objetiva. A capacidade de falar não se manifesta naturalmente, mas depende da aprendizagem (SILVA; MOURA, 2002). Para os mesmos autores a linguagem é uma forma de ação no mundo, é um lugar de alegria e sofrimento. Não se reduz, portanto a regras do bem falar, na maior parte dos casos, completamente arbitrárias. Foucault (2004) corrobora dizendo que o centro da atenção é o sujeito, falando das formas de objetivação e subjetivação, devemos conhecer os sujeitos em sua individualidade respeitando sua subjetividade, e o espaço social a que estão inseridos. Assim, estaremos favorecendo a formação de vínculos entre a equipe e usuário do serviço. Para Freire (2000), devemos refletir sobre a necessidade de uma educação concebida como processo contínuo de construção e inclusão, impregnando de sentido tudo o que nos rodeia.

Uma situação vivenciada em determinado momento foi o caso de mulheres que enfrentam o câncer de mama de maneira tranqüila com naturalidade, o que chama a atenção, são mulheres submetidas por procedimento cirúrgico – mastectomia, tanto parcial ou total, que não se importam com a estética corporal e sentimento de perda. Mas, por outro lado há mulheres que expressam tristeza, baixa auto-estima, vergonha de se olhar no espelho, para elas a doença é vista como uma ameaça de morte e sofrimento, pois valorizam a estética corporal como algo muito importante.

Fontes e Alvim (2008) salientam que apesar dos aspectos semelhantes no viver com câncer, cada indivíduo tem características únicas para enfrentar a doença, pois cada um tem sua forma de ver o mundo, suas crenças e valores. Os sentimentos mais acentuados nesses pacientes são “o medo, a tristeza, a possibilidade de perda do controle de sua própria vida, a incerteza da cura, a terapêutica e o medo da recidiva”.

A maioria das mulheres após a mastectomia são acometidas por sentimentos de tristeza, vergonha, mutilação, retraimento, rejeição, desesperança, incapacidade e depressão, o que na grande maioria das vezes está relacionado à estima, ligada estreitamente a auto-imagem e à sexualidade (SILVA; JENERAL; DUARTE, 2008). Silva e Santos (2008) salientam que a mastectomia promove marcas visíveis no corpo e remete as mulheres permanentemente a sensação de perda. Gimenes e Queiroz (1997) enfatizam que a preocupação principal da mulher e sua família, após o diagnóstico do câncer de mama, é a sobrevivência, seguido da preocupação com o tratamento, condições econômicas para realizá-lo e, por fim, a preocupação com a mutilação, desfiguração e consequências para a vida sexual da mulher.

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Nesse mesmo contexto na oportunidade entrevistei pacientes idosos portadores de déficits de audição e déficits de memória, sabemos o quanto é complicado obter algo de paciente nessas condições de saúde, além dessas deficiências pode-se perceber no decorrer das conversas que muitos não tinham conhecimento algum sobre sua patologia, sabiam apenas que estavam doentes e precisavam receber medicação. Essa falta de informação deixava-me um tanto insegura, não sabia até que ponto eu poderia ir com as minhas perguntas, pois, até então não sabia se os familiares estavam omitindo essa informação, ou se por serem idosos com memória prejudicada poderiam ter esquecido. Para Visentin, Labronici e Lenardt (2007), é um momento que gera estresse e insegurança, tanto aos profissionais quanto aos pacientes. O idoso perde aos poucos a capacidade de ouvir os sons agudos (RODRIGUES, 2000). O autor salienta que a pessoa idosa pode tornar-se deprimida e desinteressada da vida em geral quando não consegue ouvir o que as outras estão dizendo. Francisconi e Goldim, dizem que a omissão de informações é uma situação que permite verificar a diferença entre segredo e sigilo.

Sabemos que lidar com o tema câncer, doença tão temida não é fácil, ainda mais quando se trata de pacientes portadores desta patologia, temos que ter cuidado para não aborrecer os usuários com algo que não lhes agrada. Foi nesse processo que percebi a negação da doença pelos pacientes e o medo da morte. Esse medo surge porque o indivíduo sabe ou sente a mudança em si, mas ao mesmo tempo, recusa-a (HAPCPILLE, 2000). Quando se trata da palavra câncer como sendo sua doença, eles negam, rejeitam, não aceitam e não mencionam estar doente por causa do câncer, mas sim estar com um “probleminha” de saúde. Observei que essa negação causa frustrações, dificultando o enfrentamento da realidade, como se eles estivessem procurando algo para mascarar sua doença, levando-os para um desvio do mal para um lado que eles acham ser o certo. Para Gonzalez (1994) quando uma pessoa, em sua vida normal, se defronta com a iminência da própria morte, fica como que fora de si, assumindo um comportamento estranho, e dedicando-se a atividades fúteis, como se nada de anormal estivesse acontecendo. O mesmo autor salienta que neste estágio, a pessoa não crê no diagnóstico médico nem no resultado dos exames, alega ter havido trocas, recusa-se aceitar o que está acontecendo e passa a procurar outros médicos, para que desmintam a notícia fatal (GONZALEZ, 1994).

Kubler-Ross (2008) diz que a negação é usada por quase todos os pacientes, ou nos primeiros estágios da doença ou logo após a constatação, ou, às vezes, numa fase posterior. Enfatiza ainda que a negação funciona como um pára-choque depois de notícias inesperadas e

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chocantes, deixando que o paciente se recupere com o tempo, mobilizando outras medidas menos radicais.

Por outro lado, também havia pacientes que tinham facilidade e desenvoltura para entender bem as colocações e os questionamentos apresentados. Esses pacientes encaravam sua doença com fé, de bem com si mesmo, pensando positivo, torcendo chegar ao término do tratamento com vida, pra poder dizer “venci”. Esses pacientes tinham em mente que para poder ter vitória na sua luta, não era preciso apenas seguir o tratamento corretamente, mas ter uma boa qualidade de vida. Para eles a qualidade de vida não significa somente ter uma boa alimentação, mas ter uma boa convivência com familiares e amigos, fazer o que gostam, mas claro com restrições. De acordo com o grupo Organização Mundial de Saúde (OMS) a qualidade de vida é conceituada como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (FLECK et al., 1999). Desta forma a avaliação da qualidade de vida, a qual permeia diversos fatores, como os aspectos físicos, emocionais e econômicos, tem auxiliado de maneira eficaz as avaliações médicas dos efeitos colaterais causados pelos antineoplásicos.

Durante minha trajetória na unidade percebi que quase todos os pacientes acessavam o serviço sempre acompanhados, a maioria por familiares e alguns por amigos próximos. Esse acompanhamento está se tornando uma realidade para muitas famílias. O que chama a atenção é de como esses familiares/amigos são prestativos e atenciosos. Uma boa relação afetiva entre o doente e o cuidador é de suma importância para que o paciente se sinta bem e seguro. Porém não podemos deixar de ressaltar que o cuidador precisar ser orientado para prestar esse cuidado. Para Boff (1999) “Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro”. Já para Perlini (2001) a fonte mais comum de apoio aos cuidados tanto os específicos quanto aos básicos é realizado frequentemente pelo familiar. Gonzalez (1994) corrobora que quando os familiares tomarem conhecimento de que um membro da família tem câncer, todos os outros se unem ao seu redor, querendo protegê-lo. Casciato (2008) salienta que os membros das famílias devem ser participantes ativos no cuidado do paciente. Um único membro da família deve ser apontado como “porta-voz” e devem ser educados sobre a doença do paciente, os planos de diagnósticos e as responsabilidades da família.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inserção neste local possibilitou-me como graduanda de enfermagem, a compreensão da complexidade de um trabalho desenvolvido a pacientes frequentadores de um Centro de Alta Complexidade em Oncologia, no cuidado ao seu estado de saúde físico e psicológico. Assim, posso afirmar que esse campo de prática proporcionou-me ampliar conhecimentos indispensáveis à minha atuação profissional, pessoal e acadêmica. Vivenciar a prática de ser bolsista me possibilitou trabalhar em grupo, percebendo como é importante a troca de saberes, bem como produzir e socializar conhecimentos no campo da enfermagem.

Durante minha trajetória senti-me útil por ter passado informações para aqueles pacientes que desconheciam o processo da doença, aprendi a escutar e entender o momento de ansiedade, fragilidade e superação de cada um, aonde cada paciente trazia consigo uma história de vida. Compreendo que mesmo sendo pacientes portadores de doenças crônicas podem gozar de uma vida social agradável, claro que, com algumas restrições. O trabalho realizado contribui positivamente para formação profissional e pessoal.

No desenvolvimento das entrevistas que ocorreram na unidade é percebível a grande contribuição para com os pacientes, pois por meio do conhecimento dispensado e obtido durante a graduação houve a possibilidade de esclarecer as dúvidas e anseios dos usuários que buscam o serviço.

Atuar em atividades que envolvem pacientes fragilizados nos favorece uma visão ampla da situação e realidade vivida pelos mesmos. Esse conhecimento contribui na aplicação do cuidado favorecendo o bem estar do indivíduo. A atenção de enfermagem vai além do profissional-paciente, pois visualizar a realidade do paciente nos permite criar um vínculo, onde eles possam sentir-se acolhidos e seguros.

Fazer parte de uma pesquisa favorece ao estudante à oportunidade de aprofundar seus conhecimentos, adquirir experiência dentro dessa área complexa e ampla que é a oncologia. Essa atividade é relevante para a formação acadêmica e para vida profissional. A troca de experiência oportuniza criar laços de confiança onde aprendemos a importância de oferecer suporte mediante o sofrimento do paciente, bem como conhecer os sentimentos expressos pelos mesmos.

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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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