• Nenhum resultado encontrado

Estrutura produtiva brasileira na era dos serviços : uma análise baseada na matriz de insumo-produto

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Estrutura produtiva brasileira na era dos serviços : uma análise baseada na matriz de insumo-produto"

Copied!
162
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

ALEXANDRE RICARDO DE ARAGÃO BATISTA

Estrutura Produtiva Brasileira na Era dos Serviços Uma Análise Baseada na Matriz de Insumo-Produto

(2)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

ALEXANDRE RICARDO DE ARAGÃO BATISTA

Estrutura Produtiva Brasileira na Era dos Serviços Uma Análise Baseada na Matriz de Insumo-Produto

Professor Dr. Renato de Castro Garcia - Orientador

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Econômica da Universidade estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre em Ciência Econômica

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO ALEXANDRE RICARDO DE ARAGÃO BATISTA E ORIENTADO PELO PROF. DR. RENATO DE CASTRO GARCIA.

Orientador

(3)
(4)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ALEXANDRE RICARDO DE ARAGÃO BATISTA

Estrutura Produtiva Brasileira na Era dos Serviços Uma Análise Baseada na Matriz de Insumo-Produto

Defendida em 14/02/2019

COMISSÃO JULGADORA

Prof. Dr. Renato de Castro Garcia Instituto de Economia/Unicamp

Prof. Dr. Marcelo Pereira da Cunha Instituto de Economia/Unicamp

Prof. Dr. Paulo Henrique Assis Feitosa Universidade de São Paulo

A ata de defesa, assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica do aluno.

(5)

Para todos aqueles acometidos por depressão e outros transtornos psicológicos: sempre há uma saída e é possível vencer.

(6)

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Agradeço ao Prof. Dr. Célio Hiratuka e aos brasileiros pela alocação destes recursos.

Agradeço à minha Mãe Helena Toyoko Nakai por ter me ajudado de todas as maneiras a vida toda. Ao meu tio Hiromi pelos papos e apoio. Também aos demais da minha família e minha quase família Adriana Teixeira. Não posso deixar de agradecer a meu cachorro Salsicha, fonte de minha vontade de viver.

Agradeço aos meus companheiros da URSAL, Renan, Jão, Vítor, Andrés, Fortaleza, Chicão. Sem a ajuda do Renan e do Jão eu não poderia ter feito o curso no IE. Tenho enorme gratidão ao meu orientador Prof. Dr. Renato de Castro Garcia que me aguentou durante um ano enviando trilhões de zaps e me fez refazer a dissertação 2 bilhões e uma vez. Tenho muita honra de poder ter trabalhado ao seu lado. Da mesma maneira o Prof. Dr. Marcelo Cunha que acreditou no meu potencial e me ajudou a crescer como pessoa e profissional.

Estendo minha gratidão aos demais professores doutores do IE/UNICAMP: André Biancarelli, Lopreato, Simone de Deos, Fracalanza, Ivete, Marcelo Pereira, Adriana e demais.

Não posso deixar de agradecer também a Professora Doutora Anita Kon da PUC/SP, uma das principais colaboradoras deste trabalho e ao Prof. Dr. Claílton Freitas da UFSM.

Agradeço aos professores da FEA/USP que contribuíram para este trabalho, em especial ao professor Haddad por ajuda metodológica. Da mesma maneira o pessoal do IME/USP, sejam professores, sejam alunos, do curso de BMAC. Sempre foi bom perder um bom tempo debatendo política e mandando memes nos grupos de zap uspianos.

Agradeço ao meu amigo Prof. Dr. Paulo de Tarso da FEA/USP por ter me ajudado de todas as maneiras nos meus momentos mais difíceis.

Sem a amizade, o carinho e a paciência de meus amigos eu não sobreviveria jamais. Portanto deixo meus agradecimentos de amizade à Patty, Denise, Daniel, Lau, Sertanejo, Pércio, pessoal do UEFANSO, Ahmad, Raquel, Rayanne, Tiagão, Tabiner, Gabriel, à Ana e Pedro do BMAC, ao Makoto, Biagioni, Márcia Muller, Maikão, Paulão e todos que não citei porque a folha tá acabando.

Agradeço, finalmente, a Monique Marques, por mudar minha vida em tão curto espaço de tempo e fazer acreditar que ainda existe esperança na busca da felicidade.

(7)

RESUMO

O estudo tem como objetivo verificar as ligações intersetoriais entre as atividades produtivas expressas na Matriz de Insumo-Produto, com especial atenção para o Setor Terciário. Nesse sentido, procura responder qual o impacto de Serviços para o estímulo das atividades econômicas no Brasil, dado que sua participação relativa ultrapassou 70% do Produto Interno Bruto na década de 2010. Especificamente, é realizado um conjunto de medições, cujos indicadores apresentam, a destacar: a) o número de empregos e de produção adicionados com uma unidade monetária (dada em milhões de reais) de uma determinada atividade. b) as atividades que têm maior encadeamento ou que são setores-chave, isto é, identificar as que conseguem estimular o ambiente econômico acima das demais. c) o quão heterogêneos, em termos de oferta e produção, são os setores Primários, Secundário e Terciário, baseados em desigualdades dos coeficientes técnicos de Leontief. d) o quão concentradas ou dispersas estão as atividades em termos de oferta e demanda de produtos e serviços, com base nos coeficientes técnicos de Leontief. Para tanto, utiliza-se metodologia baseada na Matriz de Insumo-Produto, provida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2015. A partir desta, são feitas avaliações por meio de Indicadores de Rasmussen-Hirschman, de Indicadores Puros Normalizados de GHS, de Multiplicadores de Produto e Emprego, de Extração Hipotética, da Matriz de Impacto, do Campo de Influência, de um indicador desenvolvido a partir do Gini - o Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial, de Análise de Sistema de Redes e, por fim, é desenvolvido um Ranking para tentar capturar, como um saldo, as atividades mais importantes nestes indicadores. Os principais resultados indicam que os setores-chave, em comum, nos índices mais importantes de ligação intersetorial (Rasmussen-Hirschman e GHS), são os de Refino de petróleo e coquerias (19), Transporte Terrestre (41) e Telecomunicações (50). Outras atividades com altas pontuações nestes indicadores são Comércio de atacado e varejo (41), Abate e produtos de carne (8),

Intermediação financeira (53), Outros produtos alimentares (10), Construção (40), Administração pública (61), Agricultura (1), Fabricação de químicos, resinas (21). Os

resultados indicam que as atividades do Terciário que têm melhor desempenho nos índices utilizados estão relacionadas a canais de transporte, distribuição, telecomunicação, financiamento e público-burocrático, ou seja, serviços que complementam a produção do Secundário. Já as atividades mais destacadas no Secundário e Primário estão vinculadas à exploração e transformação de recursos naturais, tais como agricultura e refino de petróleo. A indústria da construção também desempenha importante papel no Brasil, assim como a química, que mostra forte encadeamento na Economia. As informações atualizadas neste trabalho corroboram maior encadeamento do Setor de Serviços frente aos trabalhos anteriores. Isto pode ser decorrente da evolução do processo de flexibilização de segmentos produtivos, especificamente fabris, nos quais terceirizam atividades, mas mantém vínculos operacionais.

Palavras-chave: Indústria de Serviços; Estrutura Industrial e Mudança Estrutural; Insumo-Produto

(8)

ABSTRACT

The study aims to verify the inter-sectoral links between productive activities expressed in the Input-Output Matrix, with special attention to the Tertiary Sector. In this sense, it seeks to answer the impact of Services to stimulate economic activities in Brazil, since its relative share exceeded 70% of the Gross Domestic Product in the decade of 2010. Specifically, a set of measurements is performed, whose indicators show the highlight: a) the number of jobs and production added with a monetary unit (given in millions of reais) of a given activity. b) activities that have the greatest linkage or are key sectors, that is, identify those that can stimulate the economic environment above the others. c) how heterogeneous, in terms of supply and production, are the Primary, Secondary and Tertiary sectors, based on inequalities in Leontief's technical coefficients. d) how concentrated or dispersed are the activities in terms of supply and demand of products and services, based on the Leontief technical coefficients. For that, a methodology based on the Input-Output Matrix, provided by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) in the year 2015, is used. From this, evaluations are made through Rasmussen-Hirschman Indicators, Pure Indicators of GHS, of Product and Employment Multipliers, of Hypothetical Extraction, of the Impact Matrix, of the Influence Field, of an indicator developed from Gini - the Indicator of Intersectorial Technological Inequality, System Network Analysis and, finally, a ranking is developed to try to capture, as a balance, the most important activities in these indicators. The main results indicate that the key sectors in common in the most important indices of intersectoral linkage (Rasmussen-Hirschman and GHS) are Petroleum Refining and Coking (19),

Land Transport (41) and Telecommunications (50). Other activities with high scores in

these indicators are: Wholesale and retail trade (41), Slaughter and meat products (8),

Financial intermediation (53), Other food products (10), Construction (40), Public administration (61), Agriculture (1), Manufacture of chemicals, resins (21). The results

indicate that the Tertiary activities that perform better in the indexes used are related to transport, distribution, telecommunication, financing and public-bureaucratic channels, that is, services that complement Secondary production. On the other hand, the most outstanding activities in the Secondary and Primary are linked to the exploration and transformation of natural resources, such as agriculture and petroleum refining. The construction industry also plays an important role in Brazil, as does chemistry, which shows a strong link in the economy. The updated information in this work corroborates the greater connection of the Service Sector with the previous works. This may be due to the evolution of the flexibilization process of productive segments, specifically manufacturing, in which they outsource activities, but maintain operational links.

Keywords: Manufacturing and Service Industries; Industrial Structure and Structural Change; Input–Output Models

(9)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Produto Interno Bruto brasileiro, em milhões de reais a valores de 2018, de

2010 a 2018. ... 30

Figura 2: Taxa de crescimento do PIB brasileiro, de 2010 a 2018. ... 31

Figura 3: Composição (%) do PIB do Brasil em relação aos setores entre 1947 e 2013. ... 32

Figura 4: Composição (%) do PIB do Brasil em relação aos setores entre 1995 e 2017. ... 32

Figura 5: Participação no Valor Adicionado a Custo de Fatores das 67 atividades, em 2015. ... 69

Figura 6: Participação no Consumo Intermediário das 67 atividades, em 2015. ... 71

Figura 7:Participação na composição do Salário das 67 atividades, em 2015. ... 72

Figura 8: Participação na composição do Consumo das Famílias das 67 atividades, em 2015. ... 74

Figura 9: Participação na composição da Formação Bruta de Capital Fixo das 67 atividades, em 2015. ... 75

Figura 10: Participação na composição da pauta de exportações das 67 atividades, em 2015. ... 77

Figura 11: Participação na composição dos Gastos do Governo das 67 atividades, em 2015. ... 78

Figura 12 : Índice de Ligação para Frente (Ui) de RH, com 67 setores, em 2015. ... 80

Figura 13: Índice de Ligação para Trás, (Uj) de RH, com 67 setores, em 2015. ... 81

Figura 14: Índice de Dispersão para Frente, (Vi) de RH, com 67 setores, em 2015. ... 83

Figura 15: Índice de Dispersão para Trás, (Vj) de RH, com 68 setores, em 2015. ... 84

Figura 16: Distribuição dos coeficientes do índice PBLN de GHS, em 2015... 90

Figura 17: Distribuição dos coeficientes do índice PFLN de GHS, em 2015. ... 92

Figura 18: Distribuição dos coeficientes do índice PTLN de GHS, em 2015. ... 94

Figura 19: Distribuição dos Multiplicadores de Produção do Tipo I, em 2015. ... 97

Figura 20: Distribuição dos Multiplicadores de Produção do Tipo II, em 2015. ... 99

Figura 21: Distribuição dos Multiplicadores de Emprego do Tipo I, em 2015. ... 100

Figura 22: Distribuição dos Multiplicadores de Emprego do Tipo II, em 2015. ... 101

Figura 23: Distribuição das reduções percentuais causadas sobre a demanda das atividades econômicas no PIB, após extração Hipotética, em 2015. ... 103

Figura 24: Distribuição das reduções percentuais causadas sobre a demanda das atividades econômicas, após extração Hipotética do Setor 42, em 2015. ... 105

Figura 25: Distribuição dos coeficientes dos IDTI-DT e IDTI-OT na economia e por setores, em 2015. ... 106

Figura 26: Topografia da Matriz de Intensidade para a Economia Brasileira em 2015. ... 109

Figura 27: Campo de Influência, em 2015. ... 113

Figura 28: Grafo da tabela de recursos e usos da MIP de 2015 com aplicação de filtro. ... 115

(10)

Figura 30: Centralidade de grau 2015 – destacam-se os setores 1, 19, 38, 40, 41, 42, 52. ... 117 Figura 31: Centralidade de grau ponderado 2015 – destacam-se os setores 1, 8, 10, 19, 42, 41, 52. ... 118 Figura 32: Loop 2015 – destacam-se os setores 19, 21, 38, 40, 41, 42, 52. ... 120 Figura 33: Desempenhos das atividades considerando o Ranking de PTS, em 2015. . 124 Figura 34: Desempenhos das atividades considerando o Ranking de PTP, em 2015. . 125

(11)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas no Valor Adicionado a Custo de Fatores em 2015. ... 68 Quadro 2: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas no Consumo Intermediário em 2015. ... 70 Quadro 3: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas na composição de Salários em 2015. ... 71 Quadro 4: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas no Consumo das Famílias em 2015. ... 73 Quadro 5: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas na Formação Bruta de Capital Fixo em 2015. ... 74 Quadro 6: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas na pauta de exportação em 2015... 76 Quadro 7: As dez maiores e menores participações relativas das atividades econômicas nos Gastos do Governo em 2015. ... 77 Quadro 8: Os 10 maiores e menores coeficientes de Ligação para Frente (Ui) de RH, em 2015. ... 79 Quadro 9: Os 10 maiores e menores coeficientes de Ligação para Trás (Uj) de RH, em 2015. ... 80 Quadro 10: Os 10 Menores e maiores coeficientes de Dispersão para frente (Vi) de RH, em 2015. ... 82 Quadro 11: Os 10 maiores e menores coeficientes de Dispersão para Trás (Vj) de RH, em 2015. ... 83 Quadro 12: Atividades consideradas chave para a Matriz Insumo-Produto de 2015 pelo índice de RH. ... 85 Quadro 13: Os dez maiores coeficientes PBL e PBLN do Índice de GHS, em 2015. ... 89 Quadro 14: Os dez menores coeficientes PBL e PBLN do Índice de GHS, em 2015. .. 89 Quadro 15: Os dez maiores coeficientes PFL e PFLN do Índice de GHS, em 2015. .... 90 Quadro 16: Os dez menores coeficientes PFL e PFLN do Índice de GHS, em 2015. ... 91 Quadro 17: Os dez maiores coeficientes PTL e PTLN do Índice de GHS, em 2015. .... 92 Quadro 18: Os dez menores coeficientes PTL e PTLN do Índice de GHS, em 2015. ... 93 Quadro 19: Atividades consideradas chave para a Matriz Insumo-Produto de 2015 pelo método GHS. ... 94 Quadro 20: Atividades com os 10 maiores e menores Multiplicadores de Produção MP do Tipo I, em 2015. ... 97 Quadro 21: Atividades com os 10 maiores e menores Multiplicadores de Produção MP do Tipo II, em 2015. ... 98 Quadro 22: Atividades com os 10 maiores e menores Multiplicadores de Emprego ME do Tipo I, em 2015. ... 99 Quadro 23: Atividades com os 10 maiores e menores Multiplicadores de Emprego ME do Tipo II, em 2015 ... 101

(12)

Quadro 24: Dez maiores e menores reduções percentuais causadas sobre o PIB, após extração Hipotética de uma atividade, em 2015. ... 102 Quadro 25: Dez maiores reduções percentuais causadas sobre a demanda das atividades econômicas, após extração Hipotética do Setor 42, em 2015. ... 104 Quadro 26: Atividades com os maiores e menores coeficientes de ligações para trás (demanda) na Matriz de Intensidade, em 2015... 107 Quadro 27: Atividades com os maiores e menores coeficientes de ligações para frente (oferta) na Matriz de Intensidade, em 2015 ... 108 Quadro 28: Os dez maiores Coeficientes na Matriz de Intensidade com os setores ofertantes e Demandantes, em 2015 ... 108 Quadro 29: Atividades com os maiores e menores coeficientes do Campo de Influência de oferta, em 2015 ... 110 Quadro 30: Atividades com os maiores e menores coeficientes do Campo de Influência de demanda, em 2015. ... 111 Quadro 31: Atividades com os maiores e menores coeficientes do Campo de Influência no total, em 2015 ... 112 Quadro 32: As dez atividades com maiores e menores interações em Centralidade de Grau, em 2015. ... 116 Quadro 33: As dez atividades com maiores e menores interações em Centralidade de Grau Ponderado, em 2015. ... 117 Quadro 34: As dez atividades com maiores e menores interações em nível de Loop, em 2015. ... 119 Quadro 35: Resumo dos Indicadores utilizados no Trabalho com suas principais

vantagens e algumas limitações. ... 121 Quadro 36: Indicadores contidos no Ranking Geral. ... 122 Quadro 37: As dez melhores atividades no Ranking Geral, considerando os PTS, em 2015. ... 123 Quadro 38: As dez melhores atividades no Ranking Geral, considerando os PTP, em 2015. ... 124 QUADROS DO APÊNDICE A

Quadro A 1: Índice Rasmussen-Hirschman de Ligação Para Frente Ui, para Trás Uj, Dispersão Para Frente Vi e Para Trás Vj, para o Ano de 2015 ... 147 Quadro A 2: Índice GHS de Ligação Para Frente Ui, para Trás Uj, Dispersão Para Frente Vi e Para Trás Vj, para o Ano de 2015 ... 149 Quadro A 3: Multiplicador de Produto (MP) e Emprego (ME) Tipo I e Tipo II, para o Ano de 2015 ... 151 Quadro A 4: Extração Hipotética dos Setores e impacto percentual em termos de

retração na Produção Nacional, em 2015. ... 153 Quadro A 5: Coeficientes da Matriz de Intensidade pelo lado da Oferta e da Demanda, em 2015 ... 155 Quadro A 6: Coeficientes do Campo de Influência em 2015. ... 157

(13)

Quadro A 7: Ordem de classificação no Sistema de Análise de Redes para Centralidade Grau, Grau Ponderado (GrauP) e Loop, em 2015. ... 159 Quadro A 8: Pontuação Simples (PTS) e Ponderada (PTP) no Ranking Geral, em 2015 ... 161

(14)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Atividades da Economia agrupadas em três grandes setores. ... 65 Tabela 2: Coeficientes do Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial ... 105

(15)

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas DECOMTEC Departamento de Competitividade e Tecnologia

DT Demanda Tecnológica

FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo GHS Guilhoto, Sonis e Hewings

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDTI Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal MEI Multiplicador de Emprego Tipo I MEII Multiplicador de Emprego Tipo II

MIP Matriz Insumo-Produto

MPI Multiplicadores de Produção Tipo I MPII Multiplicadores de Produção Tipo II

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OT Oferta Tecnológica

PAEG Programa de Ação Econômica do Governo PAC Plano de Aceleração ao Crescimento

PIA Pesquisa Industrial Anual

PBL Índice Puro de Ligação para Trás

PBLN Índice Puro de Ligação para Trás Normalizado

PBM Plano Brasil Maior

PED Programa Estratégico de Desenvolvimento PFL Índice Puro de Ligação para Frente

PFLN Índice Puro de Ligação para Frente Normalizado

PIA Pesquisa Industrial Anual

PIB Produto Interno Bruto

PME Pesquisa Mensal de Emprego

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PND Plano Nacional de Desenvolvimento

(16)

PRIM Primário

PS Pontos Simples

PTP Pontos Totais Ponderados

PTL Índice Puro de Ligação Total

PTLN Índice Puro de Ligação Total Normalizado

PTS Pontos Totais Simples

RAIS Relação Anual de Informações Sociais

RH Rasmussen-Hirschman

RMSP Região Metropolitana do Estado de São Paulo

SEC Secundário

SNA System Network Analysis

SNC Sistema de Contas Nacionais

TER Terciário

TI Tecnologia de Informação

Ui Índice de Ligação para Frente

Uj Índice de Ligação para Trás

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas Vi Índice de Dispersão para Frente

(17)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 19

2. CONTEXTUALIZAÇÃO ... 24

2.1 SÍNTESE HISTÓRICA PELO VIÉS DO PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL ... 24

2.2 INDICADORES DE PIB E DEBATES ATUAIS ... 29

2.2.1 INDICADORES ECONÔMICOS ... 30

2.2.2 DESINDUSTRIALIZAÇÃO ... 33

2.2.3 SERVIÇOS ... 38

2.3 ESTUDOS PRÉVIOS COM UTILIZAÇÃO DE MATRIZ INSUMO-PRODUTO ... 44

3. METODOLOGIA ... 51

3.1 MATRIZ INSUMO-PRODUTO ... 53

3.2 ÍNDICE DE RASMUSSEN-HIRSCHMAN ... 54

3.3 ÍNDICE PURO DE GUILHOT, HEWINGS E SONIS (GHS) ... 56

3.4 MULPLICADORES DE PRODUÇÃO E EMPREGO ... 57

3.5 EXTRAÇÃO HIPOTÉTICA ... 59

3.6 INDICADOR DE DESIGUALDADE TECNOLÓGICA INTERSETORIAL .... 61

3.7 MATRIZ DE INTENSIDADE ... 63

3.8 CAMPO DE INFLUÊNCIA ... 64

3.9 ANÁLISE DE SISTEMA DE REDES ... 64

3.10 RANKING ... 67

4. RESULTADOS E ANÁLISE... 68

4.1 ABORDAGEM DA MATRIZ INSUMO-PRODUTO... 68

4.2 ÍNDICE DE RASMUSSEN-HIRSCHMAN (RH) ... 78

4.2.1 ÍNDICES DE LIGAÇÃO PARA FRENTE E PARA TRÁS ... 78

4.2.2 ÍNDICES DE DISPERSÃO PARA FRENTE E PARA TRÁS ... 81

4.2.3 SETORES-CHAVE ... 84

4.3 ÍNDICE PURO DE GUILHOTO, HEWINGS E SONIS (GHS) ... 88

4.4 MULTIPLICADORES DE PRODUTO E DE EMPREGO ... 96

4.5 EXTRAÇÃO HIPOTÉTICA ... 102

4.6 INDICADOR DE DESIGUALDADE TECNOLÓGICA INTERSETORIAL .. 105

(18)

4.8 CAMPO DE INFLUÊNCIA ... 110

4.9 ANÁLISE DE SISTEMA DE REDES ... 114

4.10 ANÁLISE GERAL ... 120

4.10.1 RANKING GERAL ... 120

4.10.2 ANÁLISE COMPARATIVA SINTÉTICA DOS PRINCIPAIS RESULTADOS ... 126

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 129

BIBLIOGRAFIA ... 139

(19)

1. INTRODUÇÃO

O Setor Terciário (ou de Serviços) mostra elevada participação no Produto Interno Bruto (PIB) na maioria dos países. Dados do Banco Mundial mostram que mais de 50% das localidades avaliadas, em seus levantamentos, tem Serviços com participação relativa acima de 50% do Valor Adicionado na composição do PIB para o ano de 2015. Estas estatísticas incluem países como os Estados Unidos com aproximadamente 75%, Reino Unido com 70%, Japão com 70% e França com 70%.

Isso não é novidade. Em 1999, Téboul (1999) lançou o livro ―A Era dos Serviços‖, cujo título sugestivo mostrou um novo arranjo estrutural em que havia uma preponderância pautada no Terciário. Serviços detinha participação relativa do PIB em torno de 70% nos Estados Unidos, Reino Unido, Suécia, França, Alemanha e Itália, dentre outros. Para o ano de 2001, Wölfl (2005), apresentou dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em que Suécia, Estados Unidos, Dinamarca, Países Baixos, França, Austrália e Reino Unido tinham o setor com participação superior a 70% no Valor Adicionado Bruto de seus respectivos PIBs.

No caso brasileiro, a história econômica nacional mostra que a partir da Era Vargas e o início de políticas governamentais em direção a diversas reformas, um novo patamar estrutural com grande peso na indústria foi forjado. De país extremamente agrário, passa-se a ter um crescimento industrial em que sua participação relativa no PIB chegou ao ponto máximo por volta das décadas de 1970 e 1980, com farta diversificação que ia desde o processamento de alimentos até o fabrico de veículos militares. É nessa época que há indícios de um começo de crescimento acelerado do setor Terciário. Enquanto em meados dos anos de 1980 a faixa percentual deste beirava a ordem de 50% do PIB, os finais dos anos 2010 apresentavam valor estabilizado ao redor de 70%.

O ganho de espaço do Terciário tem duas principais explicações no Brasil que são aprofundadas no capítulo 2, mas que se adianta aqui:

A primeira frente diz respeito a um processo de desindustrialização. Neste caso, conforme FIESP e DECOMTEC (2013), após uma fase de industrialização bem-sucedida com aumento de renda per capita, há uma ampliação de serviços mais especializados como comunicações, internet, consultorias, etc., e Serviços acaba por ganhar espaço na composição relativa do PIB. Contudo, o caso brasileiro apresentou uma desindustrialização precoce em que serviços mais intensivos em conhecimento não

(20)

conseguem absorver a mão de obra desempregada pela indústria. Desta feita, proliferaram atividades com baixa produtividade e subempregos.

A segunda frente é associada a um próprio processo dinâmico natural que aparece em certas atividades de Serviços. Conforme observado em Kon (2015), esta dinamicidade seria decorrente, por exemplo, de aspectos relacionados à necessidade de diferenciação de produtos e qualidades, não apenas preços. Nesta ilustração, por meio de uma interação entre a manufatura e Serviços, os mercados são atendidos e ocorre a geração de riqueza. Além disso, inovação e tecnologia melhoraram a produtividade e vantagens competitivas do setor. Com a modernização tecnológica, uma das consequências foi que muitos serviços auxiliaram nas implementações do comércio internacional de forma mais acelerada das mais variadas atividades produtivas. Outro ponto a destacar é a ampliação de terceirização - a empresa dedicar-se-ia mais às atividades fins e transferiria a outrem as atividades meio. Nesta perspectiva, muitas empresas passaram a ser particionadas e se concentraram em suas atividades de maior interesse.

Dado este cenário, o estudo tem como objetivo verificar as ligações intersetoriais entre as atividades produtivas expressas na Matriz de Insumo-Produto, com especial atenção para o Setor Terciário. Nesse sentido, procura responder qual o impacto de Serviços para o estímulo das atividades econômicas no Brasil, dado que sua participação relativa ultrapassou 70% do Produto Interno Bruto na década de 2010. Especificamente, é realizado um conjunto de medições, cujos indicadores apresentam, a destacar: a) o número de empregos e de produção adicionados com uma unidade monetária (dada em milhões de reais) de uma determinada atividade. b) as atividades que têm maior encadeamento ou que são setores-chave, isto é, identificar as que conseguem estimular o ambiente econômico acima das demais. c) o quão heterogêneos, em termos de oferta e produção, são os setores Primários, Secundário e Terciário, baseados em desigualdades dos coeficientes técnicos de Leontief. d) o quão concentradas ou dispersas estão as atividades em termos de oferta e demanda de produtos e serviços, com base nos coeficientes técnicos de Leontief.

Por ter o Setor Terciário com maior peso relativo no PIB brasileiro, há um arranjo intersetorial, ou de encadeamento, da estrutura produtiva brasileira em que suas atividades impactam na economia como um todo. Este trabalho ajuda a investigar estes efeitos de encadeamento e, principalmente, identificar as atividades que mais estimulam a criação de produto. Os resultados obtidos na pesquisa permitem que agentes

(21)

econômicos tenham melhor previsibilidade no que se refere aos fluxos de insumos e produtos. Como consequência, fornece ferramenta auxiliar em planejamentos econômicos, que serve aos interesses tanto de entes privados, quanto públicos. A organização de informações providas nesta pesquisa permite que os recursos sejam mais bem aproveitados e a economia, em sua totalidade, possa ser impulsionada com incentivos a determinados setores de modo mais racional. Possibilita, também, encontrar estrangulamentos em determinados segmentos que necessitam maiores investimentos ou modernizações, dentre outros. Em adição, este trabalho contribui para a atualização de trabalhos prévios, de modo a acreditar que a conquista de maior participação no Terciário possa ter alterado alguns resultados obtidos de pesquisas anteriores. Além disso, ao fazer uso de vários indicadores, permite confrontar seus resultados e verificar se estes convergem a resultados similares.

Para o tratamento dessa problemática levantada, faz-se uso, como metodologia, de indicadores baseados na Matriz de Insumo-Produto (MIP) de 2015, provida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além da própria MIP, os Índices de Rasmussen-Hirschman (RH), os Índices Puros Normalizados de Guilhoto, Sonis e Hewings (1996) (GHS), a Análise de Sistema de Redes (ou System Network Analysis – SNA), a Extração Hipotética, são utilizados, principalmente, para identificar setores-chave e as atividades com maior encadeamento, bem como adensamentos intersetoriais. Assim como a Análise de redes, a Matriz de Impacto e o Campo de Influência auxiliam a prover informações de modo visual da estrutura produtiva brasileira baseada nos segmentos econômicos e seus efeitos de encadeamento. Os Multiplicadores de Produto e Emprego são usados para mostrar os números de produção e empregos gerados com uma unidade monetária de uma dada atividade. Para a pesquisa, foi desenvolvido um indicador a partir do Gini - o Indicador de Desigualdade Tecnológica Intersetorial que permite identificar a desigualdade tecnológica entre os grandes setores.

Ainda na metodologia, foi elaborado um Ranking para tentar capturar, como um saldo, as atividades mais importantes dos principais indicadores. O desenvolvimento desta métrica se valeu pela ressalva posta por Guilhoto et al.(1994). O autor alertou que índices como o de Rasmussen-Hirschman para a identificação de setores-chaves podem não ter muito acordo entre os pesquisadores, mas existe consenso na existência de que alguns setores contribuem de modo acima da média para a economia, fazendo com que esta, como um todo, acabe sofrendo mudanças. É decorrente desta observação que se

(22)

faz uso, neste trabalho, de mais de um índice nas medições e, portanto, como um indicador-resumo, foi desenvolvido o Ranking.

Em virtude da dificuldade de se empregar o método aqui utilizado ano a ano até o presente, opta-se, neste estudo, por comparar os resultados obtidos com trabalhos anteriores tais como os de Pereira (2012), Pereira (2014) e Lugli (2015), dentre outros. Estes trabalhos abrangeram anos variados e/ou fizeram uso de técnicas ou temáticas similares. Desta maneira, com a ajuda de outros autores é possível tecer considerações atualizadas e, mesmo com a obtenção de resultados diferentes, identificar tendências de divergências/convergências, da estrutura produtiva nacional e, em especial, do setor de Serviços, que enriquecerá deveras o debate.

Neste sentido, alguns trabalhos cuja temática e metodologia são similares merecem ser destacados. Pereira (2012) apresentou uma análise sistêmica do setor de serviços com o estudo de sua evolução estrutural de interações. Isto é, procurou responder as questões de como era a demanda de seus insumos pelos Primário e Secundário, qual era sua estrutura de interação e o impacto de variações na produção entre os demais segmentos produtivos da economia. Além de fazer uso da metodologia de insumo-produto, utilizou também os Multiplicadores de Produto e Emprego e os índices relacionados ao encadeamento produtivo tais como o de Rasmussen-Hirschman (RH). O autor aplicou a metodologia para os anos de 2000 e 2005. Seus principais resultados indicaram que havia alta capacidade de geração de emprego por parte do setor de serviços, mas baixa capacidade de geração de produto. Também encontrou inexistência de atividades de Serviços como setor-chave em ambos os anos.

Já Pereira (2014), avaliou se o processo de terciarização da economia brasileira, entre os anos de 2000 e 2009, deslocou força de trabalho para atividades com maior contribuição para o crescimento. Utilizou a metodologia da matriz de insumo-produto, dos multiplicadores de produção e emprego, dos índices de RH e de GHS. Concluiu que o setor de serviços elevou sua participação de emprego na economia, mas o rendimento médio do setor e a produtividade caíram, uma vez que a terciarização brasileira é sustentada com baixos salários, efeitos multiplicadores em salário e produto e índices de ligação. Não encontrou setores-chave por RH, mas encontrou Comércio, Intermediação

Financeira e Transporte Terrestre como atividades-chave pelo método de GHS.

Lugli (2015) analisou de forma detalhada o setor de serviços no Brasil entre os anos de 2000 e 2012. O estudo compreendeu o entendimento da mudança estrutural dentro do terciário, dinâmica e seus impactos sobre o desenvolvimento econômico

(23)

brasileiro. Na metodologia usou também as matrizes de Insumo-Produto. Dentre alguns resultados, a autora não encontrou setores-chave do setor de Serviços para a economia ao utilizar o índice de RH. Também notou que os multiplicadores de emprego são muito baixos em relação aos da indústria, em que se destaca o refino de petróleo e coque e produtos de fumo.

Assim, além da Introdução, o trabalho está dividido em mais quatro capítulos com subcapítulos. O Capítulo 2 inicia com um resumo por viés histórico, cujos detalhes mostram as principais decisões que fomentaram a alavancagem da estrutura produtiva brasileira. Em seguida, é apresentado um quadro com alguns indicadores macroeconômicos relacionados ao Produto Interno Bruto para se capturar o cenário econômico nacional. Ainda no capítulo são abordados dois temas que tentam explicar a crescente participação de Serviços na economia, a desindustrialização e reflexões teóricas e empíricas acerca do Setor de Serviços no Brasil. Finalmente, são apresentadas algumas contribuições de outros autores para a problemática aqui determinada.

O capítulo 3 é o capítulo onde a metodologia é exposta. Esta é baseada na Matriz Insumo-Produto (MIP) de 2015, provida pelo IBGE. A partir desta, uma série de índices são aplicados.

O capítulo 4 traz os resultados de todas as aplicações sobre a MIP. Apresenta análises objetivas baseadas nas métricas obtidas e em seguida são verificados os aspectos qualitativos. Além disso, comparam-se os resultados de trabalhos anteriores com o do presente estudo.

O Capítulo 5 traz as considerações finais com um resumo geral do que foi encontrado na pesquisa, as principais perspectivas, respostas para os problemas propostos, limitações encontradas e sugestões futuras.

Há também um apêndice que traz os quadros com os resultados encontrados nos indicadores.

(24)

2. CONTEXTUALIZAÇÃO

Este capítulo tenta prover uma visualização panorâmica da estrutura produtiva brasileira em termos históricos, dos principais debates, de alguns indicadores estatísticos e trabalhos correlacionados com o escopo deste estudo. Acredita-se ser apoio necessário para ajudar a entender o desenvolvimento intertemporal da estrutura produtiva nacional, de modo que se possa contextualizar aos resultados obtidos nesta pesquisa.

É sabido que existem diversas opções para se abordar o processo histórico econômico nacional. Dentre estas, o viés do planejamento governamental é escolhido e resumido aqui, ainda que já tenha sido extensamente explorado na literatura. Explica-se pelo fato de que grande parte da estrutura produtiva moderna brasileira foi impulsionada, de alguma maneira, por várias decisões estratégicas de governos que passaram, sobretudo, a serem mais ativos a partir da Era Vargas. Isto se verá em seguida, a partir do item 2.1.

2.1 SÍNTESE HISTÓRICA PELO VIÉS DO PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL

A análise histórica aqui apresentada é fundamentada nas políticas de planejamento, uma das principais artífices para o fortalecimento da estrutura produtiva nacional. Para o Brasil, Tavares (1998) analisa que o processo de acumulação de capital oriundo do complexo cafeeiro e sua diferenciação urbano-rural explicariam o surgimento da indústria bem como sua articulação com o movimento cíclico da própria economia cafeeira. O assalariamento e a urbanização criou um mercado interno em expansão de bens o qual abriu alternativas para aplicações de capitais financeiros, inclusive voltados à indústria, ainda que não tão rentáveis, a princípio. Tais investimentos se materializavam quando não havia espaço no núcleo básico do café. O desenvolvimento da indústria no Brasil não passou pelo processo clássico de industrialização com uma acumulação ―originária‖ e a passagem da manufatura para a grande indústria. No país, nasceu certa grande indústria que produzia bens de consumo e em seguida a indústria leve de bens de produção.

Este estágio corresponderia à primeira fase de industrialização caracterizada pela predominância dos interesses dos setores comercial e agrícola, com rara intenção de industrializar o Brasil. Já a segunda fase compreenderia o período dos anos 1930 e 50,

(25)

quando a política econômica passou a apoiar o crescimento da produção industrial (Suzigan, 1975). É a partir da era varguista que surge uma política deliberada de desenvolvimento industrial, sendo esta apresentada por Vargas a qual mostraria contornos precisos de um planejamento governamental (nacional) desenvolvimentista (Suzigan, 1975; Bastos, 2009).

Este período inicial consolidou os segmentos produtores de bens de consumo não duráveis, duráveis menos complexos, alguns empreendimentos de produtos intermediários e bens de capital no processo de substituição de importações. O próximo grande programa seria o Programa de Metas (1956/60) que atribuía prioridade absoluta à complementação industrial. Contudo, já em 1962, elaborava-se o Plano Trienal para o período 1963/65 cuja conjuntura econômica apresentava desgaste do modelo de substituição de importações, com o agravante de aceleração da taxa de inflação e queda da taxa de crescimento. Abandonado o plano Trienal, sobretudo decorrente de instabilidade política, adotou-se o Programa de Ação Econômica do Governo (PAEG) (1964/66) que pouco se diferenciava do anterior, mas com foco no controle do processo inflacionário (Guimarães e Ford, 1975).

Vindo a público em 1967, o Programa Estratégico de Desenvolvimento (PED) para o período 1968/70 seria um novo ponto de inflexão na história econômica brasileira. Imbuído de ideário progressista, poderia ser resumido a partir daquele que seria o futuro Ministro da Fazenda:

―O ideal que desejamos atingir pode resumir-se em duas proposições básicas: 1) a maximização da taxa de desenvolvimento econômico do País, com uma extensão tão rápida quanto seja possível dos benefícios de tal desenvolvimento a todos os cidadãos;

2) uma descentralização do poder político que torne possível a todos os cidadãos desfrutar, livremente, desses benefícios.‖ (DELFIM NETTO, 1966, p. 11)

Contudo, nem a primeira e nem a segunda proposição vingaram no curto prazo, exceto o rápido e exuberante crescimento que o país vivenciou no período 1967/73. Conforme atesta Lago (1990), o PED intencionava operar no momento inicial por meio de melhor utilização da capacidade existente até então, em seguida elevar a taxa de investimento, cujo este governamental deveria ser concentrado em infraestrutura, mineração, habitação, saúde, educação e agricultura. Também enfatizava promover uma redução progressiva da participação do setor público global. Como consequência do PED, o Brasil apresentou taxas de crescimento superiores a 8% desde 1968, culminando

(26)

em torno de 10% em 1973. Além disso, foi celebrado o controle inflacionário e o balanço superavitário. Este suposto milagre foi ―[...] o corolário da aplicação de um modelo econômico bem estruturado e acompanhado de um bom tempero de pragmatismo [...]‖ (SIMONSEN; CAMPOS, 1974, p.1).

O documento de Metas e Bases para o período 1970/71 dava continuidade à ênfase do PED com prioridades na educação, saúde, saneamento, agricultura e abastecimento, desenvolvimento científico e tecnológico e o fortalecimento da competitividade da indústria nacional. Já o I Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) entra em uma conjuntura distinta quando da elaboração do PAEG e do PED, pois sua formulação era baseada na retomada do processo de crescimento e manutenção de elevada taxa de expansão. Seus objetivos incluíam colocar o Brasil no rol das nações desenvolvidas, duplicar até 1980 a renda per capita, alcançar taxas de crescimento na ordem de 8% a 10%, expandir o emprego e reduzir a inflação (Guimarães e Ford, 1975). O II PND foi o último grande plano e trouxe como aspiração principal levar o país à fronteira do desenvolvimento pleno, cuja configuração definitiva seria o Brasil com perfil industrial. A ênfase seria dada nas Indústrias Básicas, sobretudo o setor de Bens de Capital e Eletrônica Pesada, assim como a produção de Insumos Básicos, cujo intuito ainda se mantinha no ideário de substituição de importações. Além destes setores considerados prioritários, entrou na pauta a mineração (Lessa, 1998).

O modelo para subsistir em seu intento se valeu principalmente de endividamento externo, seja pelas empresas estatais, seja por empresas privadas que, posteriormente, acabaram por socializar suas dívidas. Não se tratava de algo incomum para a época esse tipo de mecanismo. Contudo, com as duas crises do petróleo de 1973 e 1979, o programa teve de alterar suas táticas, mas conservava a estratégia de desenvolvimento a qualquer custo em essência como o original. Isso pode ser observado, conforme Hermann (2005), com os embates de Simonsen, cuja baixa tolerância à inflação e preconização de necessidade de recessão descontentou o empresariado nacional, além de gerar sérios debates. Sua renúncia foi o apogeu da questão que levou Delfim Netto a assumir o Ministério do Planejamento em 1979.

O fato foi que se criou um grande endividamento externo com consequências macroeconômicas futuras. Dado que as crises internacionais fizeram aumentar os juros da dívida e surgiu relativo clima de instabilidade com aversão aos riscos relacionados aos países em desenvolvimento, principalmente após a moratória mexicana de 1982, que contraiu a cessão de investimentos oriundos do exterior, o Brasil entrou numa

(27)

espiral de insolubilidade da dívida externa e aumento inflacionário. Porém, se por um lado alguns autores atestam o II PND como fracasso (Lessa, 1977), outros veem que o intento foi praticamente um sucesso (Hermann, 2005), o qual levou o país a ter uma estrutura que não mais caracterizaria o subdesenvolvimento (Castro e Souza, 1985).

Após o II PND, embora houvesse sido elaborado o III PND em 1979, dada a conjuntura econômica da época, este sequer funcionou como plano, mas apenas como um conjunto de intenções. Já na Nova República, seguiram-se o I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República, o Plano de Ação Governamental (ambos anteriores à Constituição de 1988) e os Planos Plurianuais (91, 96 e 2000). Este conjunto de planos do período pós – II PND até 1996 é praticamente a falência do planejamento no Brasil, consumado com enorme descrédito de seu potencial. É somente a partir de 1996 que há a retomada da importância do planejamento (Matos, 2002).

Findado os problemas estruturais de 1981/84 no que diz respeito à falta de balança superavitária, o novo viés de importância econômica se concentrou na estabilização econômica por meio do combate à inflação. De 1985 a 1994 podem-se destacar os planos Cruzado I, Bresser, Verão, Collor I, Collor II e, finalmente, o Plano Real. Alcançada a estabilização inflacionária, o período de 1995-2002 foi marcado, de acordo com Giambiagi (2005), com reformas aprofundadas em termos de privatizações, fim dos monopólios estatais nos setores petrolíferos e de telecomunicações, mudança do capital estrangeiro, saneamento do sistema financeiro, reforma (parcial) da Previdência Social, renegociação das dívidas Estaduais, aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), ajuste fiscal a partir de 1999, criação de agências reguladoras de serviços de utilidade pública e estabelecimento do sistema de Metas de Inflação.

A nova orientação de diminuição da participação do Estado na estrutura produtiva econômica acompanhada da LRF trouxe mudanças institucionais cuja intenção era fechar os canais de descontrole monetário, desmontar a forma de atuação do Estado modelado sob a égide do PAEG e, ao mesmo tempo, intervir na disciplina dos entes subnacionais. Definir-se-ia a integração da economia brasileira ao movimento da economia globalizada. Ainda assim, apesar de tais restrições impostas, e sem desrespeitá-las, o período de 2003/11 é marcado novamente por um aparente caráter desenvolvimentista cujo alvo era acelerar o crescimento. O Plano de Aceleração ao Crescimento (PAC), iniciado a partir de 2007, trouxe de volta o espírito do planejamento. Articularam-se ações entre empresas públicas e privadas, instituições públicas e de instrumentos fiscais apoiariam o crédito, cujos esforços eram direcionados

(28)

a projetos de infraestrutura e programas sociais. Além de políticas anticíclicas contra a eclosão da crise mundial de 2008, ações sistêmicas de apoio ao campo industrial são tomadas tal como a Política de Desenvolvimento Produtivo (Lopreato, 2013).

Já em agosto de 2011 foi anunciado o Plano Brasil Maior (PBM) que apresentava um conjunto articulado de medidas de apoio à competitividade do setor produtivo brasileiro baseado em política industrial, tecnológica e de comércio exterior pelo governo federal. Estas medidas podiam ser dividas em três blocos que enfatizavam os propósitos de redução dos custos dos fatores de produção e oferta de crédito para investimentos; desenvolvimento das cadeias produtivas, indução de desenvolvimento tecnológico e qualificação profissional e; por fim, promoção das exportações e defesa do mercado interno. No seu curto espaço de tempo até 2014, fora diagnosticado que a política industrial tinha contribuído para impedir uma recessão no Brasil e garantido crescimento de emprego e qualidade de renda da população brasileira (ABDI, 2014).

Tal estratégia industrialista já sinalizava contradições em 2013 devido à elevação da taxa de juros e o abrir de mão por parte do governo da regulação cambial. A partir de junho de 2013 a política fiscal teve um escopo expandido para compensar os impactos negativos do aumento de juros (Mello e Rossi, 2017). Ainda em um cenário adverso, ao final de 2014, diante de novos choques econômicos, ocorreu forte desaceleração da atividade. Disto acarretou retração de arrecadações e pioras significativas de resultados fiscais. Como consequência, medidas restritivas foram adotadas em 2015, que levou a um dos maiores ajustes fiscais da história recente (Dweck; Teixeira, 2017).

Por fim, conforme Oreiro e Marconi (2016), o final de 2015 apresentou um cenário econômico com retração do PIB anual na ordem de 3,8%, desemprego perto de 9% e inflação por volta de 11%. Dado que para os autores a indústria de transformação seria a locomotiva de crescimento da economia no longo prazo, a estagnação da produção industrial foi responsável também pela estagnação do PIB. Isto seria derivado do fato de que o estímulo de demanda transbordava para o exterior na forma de importação e o setor de serviços tradicional (não vinculado às operações industriais), de menor produtividade, foi beneficiado pela apreciação cambial.

(29)

2.2 INDICADORES DE PIB E DEBATES ATUAIS

Conforme dito anteriormente, este estudo tem como objetivo verificar as ligações intersetoriais entre as atividades produtivas expressas na Matriz de Insumo-Produto, com especial atenção para o Setor Terciário. Isto permite responder qual o impacto de Serviços para o estímulo das atividades econômicas no Brasil, dado que sua participação relativa ultrapassou 70% do Produto Interno Bruto na década de 2010. Um suporte estatístico e teórico, baseado nos principais debates, ajuda a explicar o porquê do ganho de participação do Terciário. Este subcapítulo tenta contribuir ao prover detalhes de alguns indicadores econômicos interessantes ao objeto de estudo, o caso da ―desindustrialização‖ e o entendimento do que seja ―Serviços‖, bem como suas características.

Os indicadores econômicos retratam como têm sido o desempenho nas últimas décadas do PIB brasileiro. Além disso, este é dividido em participações compostas por Agropecuária, Indústria e Serviços, conforme metodologia de IBGE (2007). A partir de então, graficamente, é possível retirar informações visuais da composição da estrutura produtiva brasileira.

O resgate do tema de desindustrialização é relevante ao trabalho porque traz possíveis respostas teóricas e empíricas que ajudam a explicar o processo de transformação estrutural que culminou com o domínio do Terciário no país. Assomado aos indicadores, fica viável tecer algumas considerações de como foi o processo de domínio do Setor de Serviços, intertemporalmente, na economia nacional. Contudo, o texto apenas tenta fornecer um suporte básico, sem aprofundamento no assunto, de modo que é recomendável consulta bibliográfica apresentada no final do texto principal, caso existam maiores interesses no tema.

Analogamente, ainda neste subitem, faz-se breve relatório de discussões inerentes às conceituações de ―Serviços‖. O texto levanta a dificuldade de sua definição e características. Além disso, recupera trabalhos inerentes às últimas pesquisas relacionadas quanto ao caso brasileiro, no que se refere às tendências do setor. Tal perspectiva colabora no entendimento dos resultados obtidos conforme o objetivo proposto.

(30)

2.2.1 INDICADORES ECONÔMICOS

O Produto Interno Bruto do Brasil (PIB), a preços de 2018, de acordo com dados do Banco Central Brasileiro e IBGE, mostrou inclinação positiva desde 2010 até 2014. Houve queda no PIB de 2014 a 2016 e a partir daí começou a haver uma recuperação gradual. O desempenho do PIB pode ser visto no gráfico da Figura 1.

Figura 1: Produto Interno Bruto brasileiro, em milhões de reais a valores de 2018, de 2010 a 2018.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central Brasileiro e IBGE.

As quedas do PIB nos anos de 2015 e 2016 estão na faixa de 3,55% e 3,31% respectivamente. Castro e Camara (2017) avaliam que uma das principais causas para as retrações está relacionada às questões dos desencontros políticos da época, que afetou as conduções das políticas econômicas. Tal fato notadamente ficou evidenciado no aumento da taxa de desocupados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Já Carvalho (2018), avalia que os números revistos apontam a queda de 2015-2016 para em torno de 8,2%. O gráfico das taxas de crescimento conforme dados do Banco Central Brasileiro e do IBGE podem ser visualizados no gráfico 2.

(31)

Figura 2: Taxa de crescimento do PIB brasileiro, de 2010 a 2018.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central Brasileiro e IBGE.

No que diz respeito à estrutura produtiva do Brasil, a Figura 3 mostra a composição relativa do PIB entre os setores da economia para os anos de 1947 a 2013 a valores de 2000. Verifica-se que, a partir de meados da década de 1980, há aumento significativo do ganho relativo de participação do Setor de Serviços. Visualmente, há correlação negativa entre este e a Indústria1. A Agropecuária demonstra queda relativa até a metade da década de 1990, quando aparenta ter adquirido certa estabilidade. Com esta análise, entende-se que Serviços ganhou importância percentual não apenas sobre o Setor Industrial, mas também sobre o Agropecuário.

Cabe, contudo, certas ressalvas, a primeira é que a década de 1980 até 1994 foi bastante marcada por problemas crônicos de inflação e cambiais. Bem como uma série de planos baseados em congelamento de preços foram postos em prática. De acordo com Bonelli e Pinheiro (2012), as perdas da indústria de transformação foram mais acentuadas em 1981-83 e 1987-92 (neste caso coincidiu com anos de abertura comercial mais intensa) e durante períodos de valorização do câmbio real (1996-99 e 2004-09). A segunda grande ressalva diz respeito ao processo de avaliação metodológica do IBGE que não foi constante ao longo do tempo.

1 Coeficientes de Correlação, usando as observações 1947 – 2013, 5% valor crítico (bicaudal) = 0,2404 para n = 67, apontam correlação entre Agropecuária e Indústria = 0,1882, Agropecuária e Serviços = -0,6628 e Serviços e Indústria = -0,6107.

(32)

Figura 3: Composição (%) do PIB do Brasil em relação aos setores entre 1947 e 2013.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IPEADATA e IBGE.

Já ao se analisar a série de 1995 a 2017, a preços de 2010, cuja metodologia do IBGE não contempla o período de maior volatilidade inflacionária, a tendência do ganho de espaço de Serviços, em termos relativos, também é evidente em comparação com a série a partir de 1947. O gráfico em colunas da Figura 4 mostra forte evidência da grande presença do Setor de Serviços, quando a partir de 2014 ultrapassa 70% de participação relativa no sistema produtivo para não mais cair abaixo desse patamar. A Indústria mantém queda de 2010 a 2017, mas aparenta estabilidade, assim como o setor Agropecuário.

Figura 4: Composição (%) do PIB do Brasil em relação aos setores entre 1995 e 2017. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 19 47 19 51 19 55 19 59 19 63 19 67 19 71 19 75 19 79 19 83 19 87 19 91 19 95 19 99 20 03 20 07 20 11 Agropecuária Indústria Serviços 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 Agropecuaria Industria Serviços

(33)

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IPEADATA e IBGE.

Observa-se que estes indicadores econômicos corroboram uma era preponderantemente dominada por serviços, na participação relativa do PIB brasileiro, na mesma tendência já observada por Téboul (1999) em nível mundial. Dentre as várias vertentes que tentam explicar essa questão, destacam-se dois grupos de pesquisas: Primeiro aqueles que defendem uma causa relacionada à desindustrialização. Segundo aqueles que veem Serviços como um processo de desenvolvimento natural econômico. Um breve resumo de ambos os debates são mostrados nos itens 2.2.2 e 2.2.3 subsequentes.

2.2.2 DESINDUSTRIALIZAÇÃO

Conforme exposto, o tema de desindustrialização é de relevo ao trabalho. Isto porque apresenta um debate teórico e empírico no qual apresenta uma alternativa para compreender o processo de transformação estrutural, que culminou com o domínio do Terciário. O texto aqui se limita a discutir sua tipologia, mas apresenta alguns escritos que discutem o fenômeno, em nível nacional. Os principais questionamentos gravitam em torno de tentar entender se a desindustrialização é benéfica ou prejudicial ao país e se isso traz como consequência uma maior preponderância do setor de Serviços no Brasil.

Ante de discutir a desindustrialização, é necessário comentar acerca da indústria, um dos temas mais recorrentes na história do pensamento econômico. Além das fortes relações comerciais que propulsionaram o sistema capitalista, a questão industrial é, talvez, o âmago deste, desde seus primórdios. A partir da Indústria foram argumentados a Divisão do Trabalho por Adam Smith (1723-1790), a Mais-Valia por Karl Marx (1818-1883), a economia de aglomeração de Alfred Marshall (1842-1924), o modelo de ―big-push‖ de Rosenstein-Rodan (1902-1985). Foi também argumentado como o caminho para o desenvolvimento pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), nos anos de 1948-60, dentre muitos outros temas organizados por autores e agências pesquisadoras.

Dentre outras qualidades, a Indústria gera empregos diretos e indiretos e provém ampliação de encadeamento entre os vários setores econômicos. A capacidade de ampliar tais efeitos permite o acesso ao consumo a uma variedade de produtos. Estes aspectos virtuosos podem ser vistos no trabalho de Squeff (2012), que abrange a relevância da Indústria por meio de Nicholas Kaldor (1908-1986). Neste, destaca-se que

(34)

o setor detém nível de produtividade maior que os demais, locus onde ocorre grande parte da inovação tecnológica, economias de escala que permitem crescimento mais rápido que o Produto, e o dinamismo intersetorial que gera externalidades positivas ao resto da economia.

Todos esses efeitos benéficos podem ser alterados quando ocorre a desindustrialização. Neste caso, segundo Oreiro e Feijó (2010), o conceito ―clássico‖ de ―desindustrialização‖ está em muito associado a uma redução persistente tanto da participação do emprego industrial quanto do valor adicionado total de um país ou região. Em regra geral, vê-se que, ainda que haja uma redução absoluta da produção em termos físicos, não necessariamente ocorre desindustrialização, uma vez que a medida que a qualifica se pauta nas variáveis valor adicionado e emprego em termos relativos ao restante da economia. Disto deriva dois tipos conceituais de desindustrialização bastante citados na literatura, a ―positiva‖ e a ―negativa‖:

1) Desindustrialização ―positiva‖: Neste caso, a redução de emprego industrial e valor adicionado total pode ser acarretada em função da transferência para o exterior das atividades manufatureiras mais intensivas em trabalho e/ou com menor valor adicionado. Caso ocorra um aumento produtivo decorrente de melhoria tecnológica e maior valor adicionado na pauta de exportações, a desindustrialização pode ser considerada ―positiva‖ (Oreiro e Feijó, 2010).

2) Desindustrialização ―negativa‖ ou no sentido ―pejorativo‖: Nesta situação não há melhorias tecnológicas industriais nem tampouco transferências de atividades na forma mão de obra intensiva ao exterior. Contudo, podem surgir agravantes de retorno à exportação de bens primários, inclusive, decorrente de questões macroeconômicas associadas tais como apreciação da taxa real de câmbio resultante da descoberta de recursos naturais escassos num determinado país ou região (Oreiro e Feijó, 2010).

Na literatura, uma explicação bastante comum das causas da desindustrialização é o caso da ―Doença Holandesa‖, muito levantado por Bresser-Pereira (2008) e de ordem macroeconômica. O autor a define como uma falha de mercado decorrente da existência de ―recursos humanos‖ ou ―naturais‖ que sobrevalorizam a moeda de um país por tempo indeterminado. Isso faz com que a produção de bens comercializáveis que utilizam tecnologias mais atuais não seja lucrativa. Se um país sofre de Doença Holandesa, é a demanda pela manufatura da indústria local que está ―doente‖. O país pode incorrer na desindustrialização precoce e voltar à condição de especialização em indústrias intensivas em recursos naturais.

(35)

Com base nessas conceituações expressas acima, os países desenvolvidos teriam passado por algum tipo de desindustrialização já a partir da década de 1970 e a América Latina, a partir dos anos 1990. (Oreiro e Feijó, 2010). Cardoso et al. (2012) apontam que o caso mais comum de desindustrialização ―positiva‖ é a observada nos países desenvolvidos. Estes transferem produção com menor valor agregado ou intensivo em trabalho para países em desenvolvimento. Os produtos nacionais intensivos em tecnologia e com alto valor agregado aumentam, de modo que estes passam também a fazer parte da pauta de exportação. Nesta situação não ocorria desemprego, pois os trabalhadores passaram a ser empregados naturalmente no setor de serviços, caracterizando o sucesso do desenvolvimento econômico no país.

No trato à questão nacional, Nassif (2008) verificou se o Brasil sofreu algum processo de desindustrialização seja por via da ―doença holandesa‖, seja pela via ―natural‖, isto é, quando um país já atingiu determinado estágio avançado econômico e passa a desindustrializar. Observou também queda da participação industrial no PIB na segunda metade dos anos 1980 em meio a um cenário de forte retração da produtividade do trabalho e estagnação econômica. Já entre 1991 e 1998, houve manutenção do peso da indústria, com aumento na produtividade do trabalho, mas com queda na formação bruta de capital fixo. Após 1999 houve retração da produtividade e continuidade de baixas taxas de investimento. O autor encontrou que desde o período de 1990 até os anos 2000 não teria ocorrido ―desindustrialização‖.

Oreiro e Feijó (2010) analisaram o caso brasileiro e encontraram evidências conclusivas de desindustrialização, no sentido ―pejorativo‖, no período de 1986-1998. Já para o período posterior à mudança de regime cambial, a desindustrialização não pode ser tão conclusiva por conta da metodologia de apuração das Contas Nacionais pelo IBGE em 2007. Segundo os autores, a mudança inviabilizou a comparação entre as séries da participação do valor adicionado na indústria no PIB nos períodos anterior e posterior a 1995. Ainda assim, verificaram perda de importância relativa da indústria e fortes sinais de ―doença holandesa‖ no Brasil. Isto se deveria ao fato de que setores intensivos em escala, diferenciado e baseado em ciência, tiveram participação no valor adicionado da indústria reduzida na ordem de 53,72% em 1996 para 50,15% em 2004.

Bonelli e Pessôa (2010) verificaram pouca evidência indicativa de desindustrialização, no sentido ―pejorativo‖, no Brasil. Contudo, observaram que haveria o risco de ocorrer o caso da ―Doença Holandesa‖ no país. Os principais resultados decorrentes de suas pesquisas indicaram que:

(36)

 Houve breve perda de participação da indústria desde os anos de 1970.

 Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a ocupação manufatureira teve pequeno aumento de 1992 a 2008.

 Com dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME-IBGE) houve perda de importância da indústria desde 1991.

 Os dados de emprego das Contas Nacionais indicaram que não houve perda de participação do emprego industrial entre 1992 e 2007 sobre o total.

 Pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), houve evolução de emprego formal na participação industrial entre 1995 e 2009, embora concentrada entre 1995 e 1998.

 Pela Pesquisa Industrial Anual (PIA-IBGE) houve forte aumento de emprego desde 1996 até 2007.

 Houve forte aumento de investimento entre os anos de 1996 e 1997.

Já Morceiro (2012) concluiu que está em curso um processo de desindustrialização, no sentido ―pejorativo‖, reiniciado desde 2005, tornando-se agudo nos anos 2009-2011. Com exceção de 1999 a 2004, o fenômeno, vem acontecendo desde a segunda metade dos anos 1980. Já no período recente à sua pesquisa, houve geração expressiva de emprego que poderia contradizer a conclusão principal. Contudo, observou que a desindustrialização brasileira ocorre pelo encolhimento de valor adicionado manufatureiro no PIB, tanto em valores correntes, quanto constantes. Também, pela deterioração da posição da indústria de transformação local frente ao exterior. Esta se manifesta em três modos: nível de demanda, estrutura de demanda e investimentos.

Squeff (2012) obteve resultados antagônicos que tanto corroboram, quanto contrariam a hipótese de que o Brasil passa por um processo de desindustrialização no sentido ―pejorativo‖. A avaliação foi baseada na estrutura e dinâmica da indústria de transformação vis-à-vis o restante da economia e sob a ótica intraindustrial a partir da classificação econômica, segundo a intensidade tecnológica da OCDE. Dos principais resultados, encontrou:

 Redução da participação da indústria de transformação no valor adicionado total desde meados dos anos 1980.

 Uma forte associação entre a razão deflator da indústria de transformação e o deflator do PIB, o qual proveu reforço na justificativa teórica em que mudanças

(37)

de preços relativos é artefato estatístico. Isto contrariou a hipótese de desindustrialização prematura, visto que claramente a mudança metodológica de 1995 por parte do IBGE beneficiou o setor de serviços em detrimento dos demais setores.

 Que dentro da indústria de transformação não houve concentração de baixo valor adicionado e de ocupações em atividades de baixo valor agregado.

 Que desde 1995 a proporção das ocupações na indústria de transformação em relação às ocupações totais está praticamente constante.

Outras perspectivas de desindustrialização são consideradas no estudo de Hiratuka e Sarti (2015). Os autores chamaram atenção para a ascensão chinesa – e outros produtores asiáticos - que combinam custos de trabalho, escala, câmbio e incentivos governamentais potentes. Nesta situação, a estrutura brasileira se defronta com acirrada competição oligopolística global que reforça ativos, sobretudo intangíveis, como marcas, canais de comércio, tecnologias, que comandam cadeias globais de valores. Observaram que, frente aos novos desafios, soluções simples, para a problemática da desindustrialização, tais como ajustes de taxas de câmbio, são insuficientes. Sugerem, para a resolução do problema, principalmente, adequações nos âmbitos institucionais, de modo que estas sejam pautadas em políticas industriais, científicas e tecnológicas.

Finalmente, destacam-se alguns trabalhos que resumem os principais debates a respeito de desindustrialização e suas vertentes, tais como o de Vergnhanini (2013). Além de conceituações teóricas acerca do tema, Torres e Cavalieri (2015) também apresentaram críticas em relação a indicadores usuais de diagnóstico de desindustrialização, em especial o valor da transformação industrial e o valor bruto da produção industrial.

Referências

Documentos relacionados

No Estado do Pará as seguintes potencialidades são observadas a partir do processo de descentralização da gestão florestal: i desenvolvimento da política florestal estadual; ii

Na primeira, pesquisa teórica, apresentamos de modo sistematizado a teoria e normas sobre os meios não adversarias de solução de conflitos enfocados pela pesquisa, as características

Dois termos têm sido utilizados para descrever a vegetação arbórea de áreas urbanas, arborização urbana e florestas urbanas, o primeiro, segundo MILANO (1992), é o

A regulação da assistência, voltada para a disponibilização da alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cidadão, de forma equânime, ordenada, oportuna e

Movimentos Políticos Pan-Europeus: os movimentos escolhem também os candidatos principais para mobilizar o eleitorado e organizam a estratégia de campanha em diferentes níveis:

Na investigação da variação sazonal dos subgrupos que compunham os grupos de alimentos que não apresentaram variações sazonais significativas, verificou-se que também

This is a self-archived document from Instituto de Biologia Molecular and Celular in the University of Porto Open Repository For Open Access to more of our publications, please visit

O objetivo deste estudo quase-experimental foi avaliar o impacto de um curso EAD de Estomatologia associado ao uso da rede social Facebook™ como ferramenta de facilitação no