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MPF Ministério Público Federal Procuradoria da República no Paraná Força-Tarefa

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 13ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CURITIBA/PR

Autos nº 5026655-62.2016.404.7000 Classe: Pedido de Prisão Preventiva Sigilo nível 4 no e-proc

O Ministério Público Federal, por intermédio dos Procuradores da República signatários, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais, vem a Vossa Excelência, face à representação da Autoridade Policial, expor e requerer o que segue.

I) Relatório

1. Trata-se de representação formulada pela Polícia Federal em que se objetiva:

a) expedição de mandados de busca e apreensão criminal em face dos investigados EDSON PAULO FANTON, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA, CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, MARILENE ALVES FERREIRA, ELIZABETH COSTA LIMA, EDSEL OKUHARA e CARLA FABIANA DI GIUSEPPE, bem como das pessoas jurídicas relacionadas FPB BANK, BT GESTORA DE ATIVOS FINANCEIROS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA e MINUCIA ASSESSORIA EM GESTÃO EMPRESARIAL LTDA;

b) quebra de sigilo telemático de EDSON PAULO FANTON, ELIZABETH COSTA LIMA, EDSEL OKUHARA, CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, CARLA FABIANA DI GIUSEPPE, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA e MARILENE ALVES FERREIRA para acesso ao conteúdo das caixas e cópia dos dados no momento das buscas, bem como sua extensão a todos os representantes, funcionários, diretores e gerentes do FPB BANK que atuem irregularmente em território nacional, cujos nomes serão indicados no momento do cumprimento da medida;

c) prisão preventiva de EDSON PAULO FANTON, CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, ELIZABETH COSTA LIMA, EDSEL OKUHARA e CARLA FABIANA DI GIUSEPPE;

d) prisão temporária de ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA e MARILENE ALVES FERREIRA;

e) proibição de se ausentar do país, com recolhimento dos passaportes, dos investigados EDSON PAULO FANTON, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA, CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, MARILENE ALVES FERREIRA, ELIZABETH COSTA LIMA, EDSEL OKUHARA e CARLA FABIANA DI GIUSEPPE.

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2. Em síntese, com o avançar das investigações conduzidas na Operação Lava Jato, notadamente a partir da apuração da utilização da empresa MOSSACK FONSECA & CO (BRASIL) S/C LTDA – ME [MOSSACK FONSECA] para abertura de offshores por réus e investigados pelo esquema de desvio de recursos públicos instituído em detrimento da PETROBRAS, chegou-se ao conhecimento da operação irregular da instituição financeira FPB BANK INC em território nacional.

3. Foram reunidas importantes provas de que os investigados EDSON PAULO FANTON, ELIZABETH COSTA LIMA, EDSEL OKUHARA, CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, CARLA FABIANA DI GIUSEPPE, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA e MARILENE ALVES FERREIRA, ao constituírem organização criminosa para fazer funcionar o FPB BANK INC no Brasil, com a intenção de ocultar e dissimular a origem de recursos de seus clientes, praticaram, em tese e ao menos, os delitos previstos nos art. 2º da Lei 12.850/13, art. 16 da Lei 7.492/86 e art. 1º da Lei 9.613/98.

II) Fatos

4. Antes de examinar as provas de autoria e materialidade delitiva trazidas pela Autoridade Policial quanto aos investigados EDSON PAULO FANTON, ELIZABETH COSTA LIMA, EDSEL OKUHARA, CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, CARLA FABIANA DI GIUSEPPE, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA e MARILENE ALVES FERREIRA (LENA), cumpre estabelecer a conexão dos fatos com as investigações já em curso na Operação Lava Jato, especialmente aquela que resultou na desestruturação da sede operacional da MOSSACK FONSECA no Brasil.

II.I Da origem das investigações quanto à operação ilegal do FPB BANK INC no Brasil

5. Parte dos agentes públicos e operadores do esquema de fraude às licitações da PETROBRAS, que por meio de um cartel formado pelas maiores empreiteiras do país, autodenominado “clube”, promoveu a ocultação do patrimônio ilicitamente obtido por meio de offshores abertas pela filial brasileira da empresa panamenha MOSSACK FONSECA, dentre eles ROBERTO TROMBETA, PEDRO BARUSCO, RENATO DUQUE e MARIO GÓES1:

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6. A investigação teve origem na aquisição de apartamento no Condomínio Solaris (anteriormente denominado “Mar Cantábrico”), localizado na Av. Gal. Monteiro de Barros, nº 638, Guarujá/SP, por MARICE CORREA DE LIMA, cunhada de JOÃO VACCARI NETO. O Empreendimento era originalmente da BANCOOP – Cooperativa Habitacional dos Bancários [BANCOOP], da qual VACCARI já havia sido presidente, tendo sido finalizado pela OAS EMPREENDIMENTOS S.A., integrante do Grupo OAS2.

7. Chegou-se, posteriormente, à offshore MURRAY HOLDINGS LLC, proprietária da unidade 163-B do edifício e formalmente vinculada ao nome de ELIANA PINHEIRO DE FREITAS. Referida empresa adquiriu a propriedade em processo de adjudicação em face da PAULISTA PLUS PROMOÇÕES LTDA, de NELCI WARKEN. As informações coligidas indicam que ELIANE seria pessoa interposta por NELCI para consecução de suas práticas ilícitas.

8. Para completa elucidação dos fatos foram propostas as medidas investigativas de quebra do sigilo telefônico e telemático dos investigados – autos n. 5044444-11.2015.404.7000 –, bem como de afastamento dos sigilos bancário e fiscal – autos n. 5044639-33.2015.404.7000.

9. Como resultado das quebras foi identificada a estrutura operacional da MOSSACK FONSECA no Brasil. Além de MARIA MERCEDES QUIJANO, de nacionalidade 2 Que teve seus gestores condenados pelas fraudes perpetradas em detrimento da PETROBRAS nos autos n. 5083376-05.2014.404.7000.

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panamenha e responsável pelo escritório, verificou-se que RENATA PEREIRA BRITO e RICARDO HONORIO NETO exerciam importantes funções na organização criminosa.

10. Diante das provas reunidas foram expedidos, a pedido deste órgão ministerial, mandados de busca e apreensão criminal, prisão temporária e condução coercitiva nos autos n. 5061744-83.2015.404.7000.

11. A representação da Autoridade Policial agora apresentada decorre daquela investigação, especialmente: i) do resultado da interceptação telefônica dos terminais números (11) 3251-4149 e (11) 97339-6700, ambos vinculados à MOSSACK FONSECA; ii) dos depoimentos prestados pelos funcionários da MOSSACK FONSECA, MARIA MERCEDES QUIJANO, RENATA PEREIRA BRITO e RICARDO HONORIO NETO, bem como por ADEMIR AUADA3; iii) dos documentos apreendidos na sede da MOSSACK FONSECA na Av. Paulista, n. 2073, Horsa I, 14º andar, e aqueles obtidos em bases de dados que tiveram o acesso franqueado à equipe policial.

II.II Das provas de autoria e materialidade delitiva reunidas

12. Partindo dos elementos de prova coligidos nos autos da investigação envolvendo a MOSSACK FONSECA, chegou-se à atuação de EDSON PAULO FANTON, ELIZABETH COSTA LIMA, EDSEL OKUHARA, CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, CARLA FABIANA DI GIUSEPPE, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA e MARILENE ALVES FERREIRA na gestão do FPB BANK INC no Brasil.

13. No cumprimento do mandado de busca e apreensão na sede da MOSSACK FONSECA foi encontrado um telefone destinado ao contato com os representantes do FPB BANK INC (p. 11 da representação policial). A funcionária RENATA PEREIRA BRITO relatou que o terminal foi instalado a pedido dos funcionários do FPB BANK INC e tinha como finalidade única o contato com EDSON PAULO FANTON, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA, ELIZABETH COSTA LIMA, MARILENE ALVES FERREIRA (LENA), EDSEL OKUHARA e CARLA FABIANA DI GIUSEPPE (autos 5003496-90.2016.404.7000, ev. 2, TERMOAUD5):

“[…] QUE alguns clientes que adquirem o produto offshore também solicitam a abertura de conta no país de registro da empresa, contudo esclarece que a MOSSACK não vende o serviço de abertura de conta e apenas indica um contato para abertura; QUE a MOSSACK Brasil geralmente indica o Banco FTB no Panamá, que é o mesmo banco em que a MOSSACK Brasil possui conta; QUE representam o BANCO FTB no Brasil o EDSON PAULO FANTON, EDSEL OKUHRA, ELIZABETH COSTA LIMA, CELINA, CARLA FABIANA GIUSEPPE […] QUE confirma que a MOSSACK Brasil possuía uma linha telefônica criptografada (voip) para falar exclusivamente com os representantes do Banco FPB (DORA, CELINA, LENA, BETH, EDSEL, FANTON, CARLA); QUE apenas a declarante fazia uso desse telefone; QUE a instalação do telefone foi uma exigência dos representantes do banco que adquiriram as empresas da 3 Que exercia função próxima aos funcionários da MOSSACK FONSECA, operando diversas offshores, dentre elas a MURRAY HOLDINGS LLC.

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MOSSACK e apenas em algumas circunstâncias a MOSSACK indicava a seus clientes o banco para abertura de conta no Panamá.”

14. Também no depoimento prestado por RICARDO HONÓRIO NETO (autos 5003496-90.2016.404.7000, ev. 2, TERMOAUD4) verifica-se que o FPB BANK INC prestava serviços no interesse de clientes brasileiros da MOSSACK FONSECA, possuindo, portanto, atuação em território nacional:

“[…] QUE a MOSSACK BRASIL possui quatro contas bancárias no Panamá, uma delas em nome da MOSSACK FONSECA DO BRASIL, no FPB BANK; uma conta em nome da offshore LYDFORD, no FPB BANK e outra no TOWER Bank […] QUE todos os pagamentos dos clientes que como o serviço no Brasil são realizados no exterior por meio de transferências internacionais na conta da MOSSACK BRASIL no FPB BANK”

15. ADEMIR AUADA relatou em maiores detalhes a estrutura de operação do FPB BANK INC no Brasil, indicando EDSON PAULO FANTON como responsável pela instituição financeira, sendo que ele exercia suas atividades em um escritório no Shopping Morumbi, em São Paulo/SP (autos 5003496-90.2016.404.7000, ev. 3, AUTO_QUALIFIC2):

“[…] QUE costuma indicar a seus clientes as instituições financeiras CREDCORP, CAPITAL BANK, FBP BANK e CREDIT ANDORRA todas sediadas no Panamá, e pela indicação recebe comissão das instituições financeiras FPB BANK e CREDIT ANDORRA, QUE o FPB tinha um representante no Brasil chamado FANTON e as contas eram abertas por intermédio desse que possuía escritório Shopping Morumbi (BRICKELL) [...]”

16. Na Informação n. 011/2016-GT/LAVAJATO/DRCOR/SR/DPF/PR (evento 1, autos 5015970-93.2016.404.7000, INF3) foi assinalado o vínculo entre a MOSSACK FONSECA e os alvos da presente medida cautelar.

Em ligação registrada com o número sequencial 77834563, de 05/10/2015, 14:04, RENATA PEREIRA BRITO entra em contato com pessoa posteriormente identificada como EDSEL OKUHARA para informar que os documentos estavam prontos e seriam entregues ao interlocutor e FANTON no Morumbi. É sabido, pelo depoimento de ADEMIR AUADA colacionado no ponto 15, que o escritório do FANTON é no Shopping Morumbi.

Partindo dessa ligação, foi verificado que EDSEL OKUHARA era sócio, junto com EDSON PAULO FANTON, das empresas MINUCIA ASSESSORIA FINANCEIRA E CONSULTORIA DE VALORES (CNPJ 12.428.065/0001-11) e ABENS ASSESSORIA DE NEGÓCIOS LTDA – EPP (CNPJ 07.085.131/0001-68).

No caso em tela, interessa a empresa MINUCIA, que teve o quadro societário integrado por OKUHARA e FANTON entre 22/01/2014 e 28/01/2016, conforme ficha cadastral obtida junto à Junta Comercial do Estado de São Paulo4. Também constam como sócias as representadas CELINA DAIUB PIRONDI e ELIZABETH COSTA LIMA.

Cumpre ressaltar que FANTON e OKUHARA deixaram o quadro societário da MINUCIA um dia após a deflagração da 22ª fase da Operação Lava Jato, em 27/01/2016, quando cumpridos mandados de busca e apreensão, prisão temporária 4 Página 7 da representação da Autoridade Policial.

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e condução coercitiva em desfavor dos funcionários da MOSSACK FONSECA. O fato é representativo da ilicitude das atividades exercidas pelos representados, que certamente tentaram se furtar da aplicação da lei penal.

17. Durante o período de monitoramento telefônico da MOSSACK FONSECA, foram encontradas outras ligações entre EDSON PAULO FANTON, possível líder da organização criminosa agora investigada, e RENATA PEREIRA BRITO. No Auto de Interceptação n. 797/2015 (evento 86 dos autos 5044444-11.2015.404.7000, AUTO2) destacam-se as de número sequencial 78093633, 78127427 e 78127520, em que EDSON FANTON realiza tratativas cotidianas de sua atividade criminosa com RENATA BRITO, o que corrobora os depoimentos prestados por RICARDO HONÓRIO, ADEMIR AUADA e pela própria RENATA.

Na primeira das ligações telefônicas referidas (número sequencial 78093633), EDSON FANTON pergunta a RENATA PEREIRA BRITO sobre a empresa ONTRIS5, pois precisa dos estatutos da pessoa jurídica, ao que ela responde que foram entregues no banco (FPB BANK), no PANAMÁ.

Nas outras duas ligações interceptadas, ambas do dia 16/11/2015, EDSON FANTON e RENATA PEREIRA BRITO demonstram preocupação com eventual publicidade da ata constitutiva da empresa offshore 1ROSSINAN COMMERCE S.A6.

Esses contatos telefônicos entre EDSON FANTON e a funcionária da MOSSACK FONSECA, RENATA PEREIRA BRITO, deixam claro o envolvimento da MOSSACK FONSECA com o FPB BANK, para constituição e operação de empresas offshores em paraísos fiscais.

18. Além das provas testemunhais e das ligações interceptadas no terminal da MOSSACK FONSECA e que partiram de EDSON PAULO FANTON, atesta as suspeitas de operação ilegal do FPB BANK INC no Brasil a análise da quebra de sigilo telemático implementada nos autos 5044444-11.2015.404.7000.

19. Consoante Informação n. 011/2016-GT/LAVAJATO/DRCOR/SR/DPF/PR, foram relatados vínculos encontrados entre o exercício das atividades da MOSSACK FONSECA Brasil e o FPB BANK INC por meio de e-mails trocados, sendo possível verificar a atividade dos representados EDSON PAULO FANTON, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA, ELIZABETH COSTA LIMA, MARILENE ALVES FERREIRA, EDSEL OKUHARA e CARLA FABIANA DI GIUSEPPE.

20. Entre os meses de Junho e Julho de 2015, a MOSSACK FONSECA auxiliou os responsáveis pelo FPB BANK INC CELINA DAIUB, MARILENE ALVES, ELIZABETH COSTA, ISIDORA CARMONA, CARLA GIUSEPPE, EDSEL OKUHARA e EDSON FANTON com viagem ao Panamá para participar de evento de networking. Do teor das 5 Referida empresa offshore, ao que indicam as provas que instruem o apuratório, foi aberta pela MOSSACK FONSECA para clientes do FPB BANK no Brasil, já que o próprio EDSON FANTON consta como reference da empresa nos dados extraídos do sistema do Panamá com clientes da MOSACK FONSECA.

6 1ROSSINAN COMMERECE S.A. consta das fichas de abertura e registro de offshores localizadas junto aos dados extraídos do sistema Panamá com clientes da MOSACK FONSECA – Autos 5003496-90.2016.404.700 – IPL 60/2016 SR/DPF/PR – Evento 26 – AP-INQPOL1 – fl. 16/23.

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mensagens trocadas infere-se que a MOSSACK FONSECA foi responsável por comprar as passagens aéreas e reservar estadia no interesse dos representados.

21. Ilustrativo o e-mail que dá início às tratativas, quando MARILENE ALVES FERREIRA (LENA), por ordem de CELINA DAIUB, encaminha o nome dos representados para que fossem compradas as passagens e reservado o hotel:

Ato contínuo, foi dado prosseguimento aos ajustes, tendo sido remetidas inclusive cópias dos passaportes por e-mail, momento em que todos foram copiados no endereçamento:

Foi possível concluir que a viagem de fato ocorreu, já que EDSON FANTON, ELIZABETH LIMA, EDSEL OKUHARA, CARLA DI GIUSEPPE, ISIDORA CARMONA, MARILENE FERREIRA e CELINA DAIUB realmente viajaram para o Panamá, em Julho de 2015, consoante informações dos registros migratórios dos investigados, com dados extraídos do Sistema de Tráfego Internacional – STI.

22. Foram relacionadas outras correspondências eletrônicas entre os representados e a MOSSACK FONSECA, as quais constituem indícios da operação irregular da FPB BANK INC no Brasil. Dentre elas, cumpre descarar sequencia de e-mails, datados do

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mês de junho de 2015, dos quais se infere que o FPB BANK INC opera no Brasil em conjunto com a MOSSACK FONSECA.

No dia 29/06/2015, RICARDO HONÓRIO, pela conta institucional da MOSSACK – brazil@mossfon.com – envia para CELINA DAIUB “a relação das sociedades adquiridas por vosso escritório nos meses de Maio e Junho, sendo que os documentos societários já foram entregues”7.

23. Conforme e-mail, as sociedades adquiridas são THORNBELL ASSETS CORPORATION, TINOX SERVICES CORP., ALLOWAY CONSULTANTS INC e TRIVEN BUSINESS AND INVESTIMENTS CORP.

Por meio dos dados extraídos das bases do sistema panamenho da MOSSACK, foi possível verificar que a offshore THORNBELL ASSETS CORPORATION tem listada como sua referência EDSON PAULO FANTON, ainda que em procuração constem como titulares de fato pessoas diversas8. A mesma situação pode ser observada quanto a outros representados, como EDSEL OKUHARA e ELIZABETH COSTA LIMA9.

Os fatos são reveladores da atuação estruturada de forma ilegal do FBP BANK INC no Brasil, dedicando-se à ocultação de recursos em contas bancárias secretas por meio de offshores abertas com esse fim.

24. Evidencia a dimensão do funcionamento do FPB BANK INC no Brasil e-mail enviado por RENATA PEREIRA BRITO para MERCEDES QUIJANO em 12/03/2015, quando são listadas as offshores da MINUCIA, a qual confunde-se com o próprio FPB BANK INC no Brasil, até em função do quadro societário, composto por EDSON FANTON, EDSEL OKUHARA, CELINA DAIUB PIRONDI e ELIZABETH COSTA LIMA.

A relação, colacionada entre as páginas 64 e 67 da representação policial, elenca 33 (trinta e três) offshores vinculadas a EDSON FANTON, 3 (três) a CARLA DI GIUSEPPE, 12 (doze) a EDSEL OKUHARA e 23 (vinte e três) a ELIZABETH COSTA LIMA, pelo que é possível concluir que os sócios do FBP BANK INC Brasil operam ao menos 71 (setenta e uma) contas ocultas.

25. Outras provas foram reunidas quando do cumprimento dos mandados de busca e apreensão referentes à 22ª fase da Operação Lava Jato – Triplo X. Em especial, foram apreendidas mídias de dados na sede da MOSSACK FONSECA e na residência de ADEMIR AUADA.

26. Da base de dados da MOSSACK FONSECA foi extraída ficha do FPB BANK INC com o título client information10.

7 Página 58 da representação policial.

8 IPL 60/2016 – Apenso 1 – volume 12/22 – fls. 3478 – Equipe SP-11 – MBA n. 700001495983. 9 Página 52 da representação policial.

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Da análise do documento é possível concluir que: I) o FBP BANK INC é cliente da MOSSACK FONSECA, ao menos desde 16/10/2014; II) os representantes do FBP BANK INC atuavam por meio da MINUCIA INVESTMENT ADVISORS; III) o FBP BANK INC atua como intermediário de clientes brasileiros; e IV) são indicados como contatos do FBP BANK INC: CELINA PIRODI, CARLA DI GIUSEPPE, ELIZABETH COSTA, EDSON FANTON e EDSEL OKUHARA (inclusive, quando da indicação dos contatos, verifica-se que o endereço de e-mail de todos tem a extensão @minucia.net, reforçando a tese de confusão entre as atividades da MINUCIA e do FBP BANK INC no Brasil).

27. Da mesma base de dados, foram obtidas as fichas cadastrais das offshores relacionadas ao FBP BANK INC no Brasil. Nessas fichas são indicados: nome do cliente, local de registro, nome da offshore, nome da pessoa física de referência, data de registro e endereço. No sistema da MOSSACK FONSECA foram identificadas 44 (quarenta e quatro) offshores em que no campo nome do cliente consta o FPB BANK INC11. Além de o

número ser expressivo, é certo que não é definitivo. 11 Tabela trazida entre as páginas 20 e 22 da representação policial.

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Consoante exposto no item 24 dessa peça, com base em e-mail trocado entre RENATA BRITO e MERCEDES QUIJANO, foram relacionadas 71 (setenta e uma) empresas offshore vinculadas aos representados por meio da MINUCIA12.

Os fatos constituem importantes indícios da atuação irregular do FPB BANK INC no Brasil, que exerceria papel tanto de intermediário na constituição e registros das offshores, quanto na constituição fraudulenta de offshores para futura venda aos interessados em por meio delas promover ocultação patrimonial.

28. Ressalta-se também memória eletrônica de reunião realizada no escritório do FPB BANK INC no Brasil, no dia 28/10/2015, entre os representados EDSON FANTON, CELINA PIRONDI, EDSEL OKUHARA e CARLA GIUSEPPE. No encontro teriam conversado “sobre os avanços dos diferentes projetos estabelecidos com o cliente, aquisições de sociedades, fundações e CAR pendentes”. Oportuno recordar que durante o monitoramento do terminal telefônico da MOSSACK FONSECA tomou-se conhecimento de que, em função de recentes alterações na legislação panamenha, que extinguiram a possibilidade de emissão de ações ao portador, uma das alternativas encontradas para manutenção de empresas offshores sem a identificação do seu titular foi a criação de fundações.

29. Além dos documentos apreendidos na sede da MOSSACK FONSECA no Brasil e daqueles extraídos do servidor panamenho da empresa, destaca-se a apreensão do celular utilizado por ADEMIR AUADA, no qual foram encontradas diversas mensagens trocadas entre ele e os representados EDSON FANTON e CELINA PIRONDI, inclusive com a confirmação do endereço do escritório do FPB BANK INC no Brasil. Dentre elas, ressai-se o seguinte dialogo:

▪ mensagem enviada por ADEMIR AUADA em 26/03/2014: “Boa tarde Fanton. Na 6 feira eu estive reunido com dois clientes de M.Gerais. Fanton muito provavelmente eles terão necessidade de abrir duas contas em nome de duas pessoas jurídicas do exterior. Posso falar de seu banco?” FANTON reponde na mesma data: “Pode falar sobre o banco”. Na sequência do dialogo FANTON confirma o endereço do escritório: “Ademir, favor anotar Rua Joaquim Floriano 466/10 andar torre corporate Brickell,Complexo Kinoplex 14 hs amanhã”. Ainda, FANTON confirma a participação da representada CELINA PIRODI na operação do FBP BANK: “Mas por favor, qualquer necessidade acione a Celina”.

30. Em síntese, esses os elementos de prova coligidos pela autoridade policial de que os representados EDSON PAULO FANTON, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA, CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, MARILENE ALVES FERREIRA, ELIZABETH COSTA LIMA, EDSEL OKUHARA e CARLA FABIANA DI GIUSEPPE, ao menos em tese, de forma estruturalmente ordenada pela divisão de tarefas, fizeram operar em território nacional, com a intenção ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, instituição financeira sem a devida autorização.

12 No mesmo sentido documentos apreendidos quando do cumprimento do Mandado de Busca Apreensão expedido para sede da MOSSACK FONSECA NO BRASIL, Av. Paulista, n. 2073, Horsa I, 14º andar. Páginas 40 e 41 da representação policial.

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31. Quanto ao funcionamento irregular do FBP BANK INC no Brasil cumpre ainda relatar, conforme verificado pela Polícia Federal:

(i) no site do Banco Central do Brasil não foi encontrado cadastro do FPB BANK, do que se depreende a ausência de autorização para seu funcionamento;

(ii) perante a Superintendência del Mercado de Valores – SVM do Panamá, na relação dos funcionários do banco, constam os representados EDSON FANTON, ELIZABETH LIMA, EDSEL OKUHARA, CELINA PIRONDI e CARLA DI GIUSSEPE13.

32. A análise do sítio eletrônico do FPB BANK INC revelou outro fato relevante: no campo “junta diretiva e gerência” consta pessoa de nome EDUARDO ROSA PINHEIRO:

33. Restou verificado que o Diretor do FBP BANK INC EDUARDO ROSA PINHEIRO é sócio da empresa BP GESTORA DE ATIVOS FINANCEIROS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA, que tem sede no mesmo andar que o escritório do FPB BANK no Brasil: Rua Joaquim Floriano, 466 – Edifício Corporate. A análise dos registros societários da empresa14 evidenciou que também a ora representada CELINA PIRONDI participou do quadro societário da BP GESTORA DE ATIVOS FINANCEIROS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA.

Bem ilustra o entrelaçamento dos representados o seguinte diagrama elaborado pela Polícia Federal15:

13 http://www.supervalores.gob.pa/files/iper/pn/pn_er/casas_valores/bco_cv/Bancos_Licencia.pdf. 14 Página 76 da Representação Policial.

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34. Constituem, além disso, indícios veementes de que o FPB BANK opera de maneira irregular no Brasil, as informações constantes do documento encartado ao Evento 26, AP-INQPOL8 – fl. 3582, dos autos 5003496-90.2016.404.7000 (IPL 60/2016 SR/DPF/PR), as quais se referem, ao que tudo indica, a uma conta da MOSSACK FONSECA no FPB BANK INC, e também revelam movimentações financeiras vinculadas às empresas offshores sob responsabilidade dos representantes do FPB BANK no Brasil (ora representados):

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Importante frisar que a abertura de contas no Brasil pelo FPB BANK restou demonstrada, ademais, pelas mensagens trocadas entre ADEMIR AUADA16 e EDSON FANTON, já colacionadas na representação da Autoridade Policial (item 4.2-”a”), que bem revelam que FANTON e CELINA, além dos outros funcionários do grupo, eram responsáveis pela operação e funcionamento do banco panamenho no Brasil, captando clientes em território nacional e possibilitando a abertura de contas, no FPB BANK, para empresas e pessoas físicas nacionais.

Em seu interrogatório, ADEMIR AUADA também referiu que EDSON FANTON era o representante do FPB BANK no Brasil e que as contas na instituição financeira panamenha eram abertas por intermédio dele (FANTON)17.

A sequência de e-mails colacionada pela Autoridade Policial nas fls. 56 a 59, por fim, comprova que o FPB BANK adquire empresas offshores para serem comercializadas no Brasil e bem demonstra que os investigados atuam como gerentes de contas no próprio FPB BANK, ou seja, abrem contas e as gerenciam no Brasil, operando como verdadeira extensão da instituição financeira panamenha no território nacional.

III) Requerimentos

35. Diante do que foi exposto, o Ministério Público Federal, entendendo plenamente justificáveis ao caso concreto as medidas indicadas, passa a descrever sucintamente a atuação de cada um dos envolvidos na operação irregular do FPB BANK INC no Brasil:

a) EDSON PAULO FANTON (CPF 608.499.088-68): principal agente do FPB BANK INC no Brasil, possivelmente seja o líder da organização criminosa ora investigada. Foram encontradas trocas de mensagens entre ele e ADEMIR AUADA, RENATA PEREIRA BRITO e RICARDO HONÓRIO NETO. Também corrobora seu papel de liderança o documento enviado por MARIA MERCEDES QUIJANO ao FPB BANK INC, no qual consta como responsável pelo banco EDSON FANTON18, que também é listado como referência em diversas offshores abertas pela MOSSACK FONSECA e vinculadas ao FPB BANK;

b) EDSEL OKUHARA (CPF 052.321.758-74): também ocupa lugar de destaque na organização criminosa, tendo mantido diversos contatos com os representantes da MOSSACK FONSECA e sendo listado como referência em 12 offshores vinculadas ao FPB BANK INC. Ademais, juntamente com FANTON, deixou o quadro societário da MINUCIA um dia após a deflagração da 22ª fase da Operação Lava Jato;

c) CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO (CPF 090.735.598-63): além de compor o quadro societário da MINUCIA e ter sido indicada a ADEMIR AUADA por FANTON

16 ADEMIR AUADA, conforme já referido, atuava como operador, figurando como responsável por diversas empresas offshores, dentre as quais a MURRAY HOLDINGS LCC, que tem como agente registrador a MOSSACK FOSNECA & CORPORATE SERVICES.

17 Autos nº 5003496-90.2016.404.7000. 18 Página 14 da Representação Policial.

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para solução de eventuais dúvidas nas tratativas para abertura de contas bancárias para offshores, o que de fato ocorreu19, tem atuação intensa nas atividades do FPB BANK INC no Brasil, o que se observa nos diversos e-mails e mensagens de celular que trocou com os representantes da MOSSACK FONSECA;

d) ELIZABETH COSTA LIMA (CPF 139.411.273-49): da mesma forma que CELINA, ainda participa do quadro societário da MINUCIA, tendo sido identificadas 23 empresas offshores do FPB BANK INC Brasil relacionadas ao seu nome. Ainda, foi indicada por RENATA PEREIRA BRITO como um dos contatos do FPB BANK;

e) CARLA FABIANA DI GIUSEPPE (CPF 712.044.826-91): dos dados extraídos dos sistemas da MOSSACK FONSECA foi verificado seu vínculo com 3 offshores relacionadas ao FPB BANK INC Brasil. Além disso, também é reconhecida por funcionários da MOSSACK como contato do banco panamenho, tendo participado da viagem ao Panamá realizada em Julho de 2015;

f) ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA (CPF 921.299.438-53): consta como uma das referências do FPB BANK INC no terminal telefônico encontrado na sede da MOSSACK FONSECA e que servia exclusivamente para contato a instituição financeira – da mesma forma que os demais representados. Além disso, reunidas provas de sua atuação na organização criminosa, tendo assinado o recebimento de documentos e participado da viagem ao Panamá organizada pelos funcionários da MOSSACK;

g) MARILENE ALVES FERREIRA - LENA (CPF 045.939.248-47): dos elementos de prova coligidos infere-se que seu papel nas atividades irregulares do FPB BANK INC no Brasil era semelhante ao de ISIDORA CARMONA, sendo listada como contato da instituição financeira para MOSSACK FONSECA, tendo auxiliado nas tratativas para viagem ao Panamá. Assim como ISIDORA, faz uso de e-mail com a extensão @cfpnet.com, cujo domínio encontra-se vinculado a um endereço de IP do próprio FPB BANK20;

h) FPB BANK INC: instituição financeira que atua, por coordenação das pessoas acima indicadas, de forma irregular em território nacional, especialmente na abertura, operação e venda de empresas offshores e contas bancárias fora do país, a princípio com o objetivo de ocultar e dissimular a origem de recursos de seus clientes. Embora possa funcionar regularmente no Panamá, não possui autorização para atuar no Brasil, conforme verificado pela Autoridade Policial junto ao BACEN;

i) MINUCIA ASSESSORIA E CONSULTORIA EM GESTÃO EMPRESARIAL LTDA, CNPJ 12.428.065/0001-11: empresa que a toda evidência confunde-se com o FPB BANK INC no Brasil, inclusive pela composição de seu quadro societário, até 28/01/2016, formado pelos representados EDSON FANTON, EDSEL OKUHARA, CELINA PIRONDI e ELIZABETH LIMA. Na ficha de cliente do FPB BANK na MOSSACK FONSECA consta como 19 Mensagens colacionadas na página 30 da Representação Policial.

20 Conforme informado pela Polícia Federal no Laudo n. 690/2016 – SETEC/SR/DPF/SP, evento 4 dos autos 5015970-93.2016.404.7000.

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former name – antigo nome – MINUCIA INVESTMENT ADVISORS. De se registrar que os representados FANTON e OKUHARA utilizam de e-mail com a extensão @minucia.net para realizar operações vinculadas ao FPB BANK INC.;

j) BP GESTORA DE ATIVOS FINANCEIROS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA, CNPJ 07.424.182/0001-77: empresa que tem como sócio EDUARDO ROSA PINHEIRO, diretor do FPB BANK INC, e que teve como sócia, até dezembro de 2015, a representada CELINA PIRONDI. Seu endereço é no mesmo edifício e no mesmo andar do escritório do FPB BANK INC no Brasil, conforme informado por FANTON e CELINA a ADEMIR AUADA nas mensagens antes mencionadas.

37. Todos esses fatos devem ser compreendidos dentro do contexto maior de um imenso esquema criminoso para desviar vultosas quantias de recursos da PETROBRAS e de outros setores da Administração Pública Federal, o qual já foi parcialmente objeto de acusações criminais formais perante esse i. Juízo. Em tal esquema, que vem sendo paulatinamente desvelado em decorrência das investigações da denominada Operação Lava Jato, encontram-se provas de utilização de empresas de fachada e offshores, a exemplo daquelas operadas pela MOSSACK FONSECA e vinculadas a RENATO DUQUE, PEDRO BARUSCO, MARIO GOES e ROBERTO TROMBETA, para fins ilícitos, sendo razoável averiguar a extensão do envolvimento do FPB BANK INC nos fatos em apuração, o que poderá ser feito caso deferidas as medidas aqui pleiteadas.

Apontados os indícios acerca da materialidade dos delitos praticados pelos agentes, passa-se doravante às considerações e pedidos de decretação de medidas cautelares em face dos representados, de acordo com os papéis por eles desempenhados na prática dos crimes.

III.I da medida cautelar de busca e apreensão criminal

38. O quadro probatório exposto acima permite a formação de plausível convicção acerca da existência de crimes gravíssimos em detrimento da sociedade e de fortes indícios de autoria por parte dos agentes em face dos quais se pede a decretação de medidas cautelares. Tais provas constituem base jurídica muito mais que suficiente para a realização de buscas nos endereços residenciais e profissionais dos envolvidos, a fim de que sejam apreendidos: documentos e objetos necessários à cabal comprovação de todos os delitos por eles praticados; numerários obtidos por meios criminosos e outros elementos de convicção para a completa identificação de todos os coautores e partícipes dos delitos.

39. Com efeito, a busca e apreensão no presente caso, sobretudo diante da natureza dos crimes praticados pelos indivíduos ora representados, trata-se de medida de fundamental importância para corroborar os elementos de prova já angariados no curso das investigações.

40. Nessa toada, requer o Ministério Público Federal, nos termos do art. 240, §1º, alíneas “b”, “c”, “e”, “f” e “h”, do Código de Processo Penal, a expedição de mandados de busca e apreensão criminal com a finalidade de apreender quaisquer

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documentos, mídias e outras provas encontradas relacionadas aos crimes de organização criminosa, operação irregular de instituição financeira em território nacional e lavagem de capitais, notadamente mas não limitando a:

a) registros, anotações e livros contábeis, formais ou informais, recibos, agendas, ordens de pagamento e de remessas de valores para o exterior, documentos relativos à titularidade de empresa offshore, documentos relacionados à abertura, manutenção e movimentação de contas no exterior, em especial junto ao FPB BANK, em nome próprio ou de terceiros; bem como quaisquer outros documentos relativos às condutas ilícitas narradas na presente representação;

b) HDs, laptops, pen-drives, smartphones e demais arquivos eletrônicos dos investigados, de suas empresas e do FPB BANK, que guardem relação com os delitos ora investigados;

c) arquivos eletrônicos pertencentes aos sistemas e endereços eletrônicos utilizados pelos representados EDSON PAULO FANTON, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA, CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, MARILENE ALVES FERREIRA, ELIZABETH COSTA LIMA, EDSEL OKUHARA e CARLA FABIANA DI GIUSEPPE, bem como pelas pessoas jurídicas FPB BANK INC, MINUCIO ASSESSORIA E CONSULTORIA EM GESTÃO EMPRESARIAL LTDA e BP GESTORA DE ATIVOS FINANCEIROS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA.

d) arquivos eletrônicos/dados armazenados em discos virtuais (computação em nuvem ou cloud computing como o Google Drive, Dropbox, iCloud e outros) pertencentes aos investigados e as empresas envolvidas no esquema criminosa, que poderão ser acessados em razão do acesso virtual a tais contas.

41. Além disso, requer o Ministério Público Federal autorização para que, no local do cumprimento dos mandados de busca e apreensão criminal, sejam acessados os dados armazenados em eventuais computadores, arquivos eletrônicos de qualquer natureza, arquivos armazenados nos denominados discos virtuais, inclusive os relacionados a comunicações eventualmente registradas (e-mail, mensagens eletrônicas, logs de acesso, registro de ligações, histórico de navegação dentre outros).

42. Especificamente, requer o Ministério Público Federal a expedição INDIVIDUAL de mandado de busca e apreensão PARA CADA LOCAL a seguir relacionado – a fim de que o conhecimento do conteúdo do mandado no momento da busca em um local não frustre o sucesso do cumprimento em outros endereços que porventura venham a ser cumpridos posteriormente –, a ser cumprido com respeito às normas constitucionais e legais vigentes, no momento mais oportuno a ser considerado do ponto de vista da captura de eventuais procurados e da colheita de provas:

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a.1) EDSON PAULO FANTON, CPF 608.499.088-68; a.2) EDSEL OKUHARA, CPF 052.321.758-74;

a.3) CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, CPF 090.735.598-63; a.4) ELIZABETH COSTA LIMA, CPF 139.411.273-49;

a.5) CARLA FABIANA DI GIUSEPPE, CPF 712.044.826-91;

a.6) ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA, CPF 921.299.438-53 a.7) MARILENE ALVES FERREIRA, CPF 045.939.248-47;

b) Na sede das empresas:

b.1) FPB BANK INC – escritório de EDSON PAULO FANTON e CELINA DAIUB PIRONDI;

b.2) BP GESTORA DE ATIVOS FINANCEIROS E VALORES MOBILIÁRIOS LTDA, CNPJ 07.424.182/0001-77;

b.3) MINUCIA ASSESSORIA E CONSULTORIA EM GESTÃO EMPRESARIAL LTDA, CNPJ 12.428.065/0001-11;

Anota-se que os endereços foram devidamente confirmados pela equipe policial e constam relacionados na representação que inaugurou estes autos.

41. A busca domiciliar em residências mostra-se fundamental, uma vez que consistem em locais que guardam vínculo muito próximo com os investigados, nos quais será possível arrecadar provas úteis à conclusão das investigações e que reforçarão o juízo positivo de probabilidade acerca da ocorrência dos crimes acima expostos.

42. Considerando ser comum que empresas utilizadas para a dissimulação de operações de lavagem de dinheiro mantenham salas e espaços à parte de seus endereços oficiais, justamente para esconder numerário (salas-cofre) ou documentos relacionados à prática de crimes, o Ministério Público Federal requer autorização para que a autoridade policial realize as buscas e apreensões em quaisquer unidades do mesmo edifício que sejam identificadas como de utilização das empresas/pessoas acima listadas e que possam ser de interesse da investigação e, no caso de imóveis de rua, em salas e imóveis adjacentes quando utilizados pela mesma pessoa ou empresa.

43. O Ministério Público Federal requer, ainda, autorização para que as diligências sejam efetuadas simultaneamente, permitindo-se o auxílio de autoridades policiais de outros Estados, peritos ou ainda de outros agentes públicos, incluindo agentes da Receita Federal e do Ministério Público do Estado.

III.II da medida cautelar de quebra do sigilo telemático

44. Conforme evidenciado na manifestação da Autoridade Policial, o contato entre os representados ocorre majoritariamente por e-mail. Em especial, como a sede originária do banco é no Panamá, de todo possível que parte dos dados seja mantida em servidores lá instalados.

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45. Do que se verificou nos e-mails obtidos no cumprimento do mandado de busca e apreensão na sede da MOSSACK FONSECA e naqueles conseguidos com o afastamento de sigilo telemático deferido nos autos 5044444-11.2015.404.7000, os representados fazem uso dos domínios @cfpnet.com e @minucia.net, bem como

@fpbbank.com. No Laudo de Perícia Criminal Federal n. 690/2016 – SETEC/SR/DPF/PR

(evento 4, LAU3, autos n. 5015970-93.2016.404.7000), evidenciou-se que as extensões

@cfpnet.com e @minucia.net encontram-se vinculadas às empresas sediadas no Panamá,

estando ligadas a um mesmo endereço de Internet Protocol – IP, sendo ele pertencente ao próprio FPB BANK INC (smtp.fpbbankinc.com).

46. Como comprovado nos e-mails analisados, os representados fazem uso simultâneo das extensões @cfpnet.com, @minucia.net e @fpbbank.com, razão pela qual o Ministério Público Federal, diante dos indícios de autoria e materialidade delitiva da prática dos crimes previstos no art. 2º da Lei 12.850/2013, no art. 16 da Lei 7.492/86, e 1º da Lei 9.613/98, não havendo outro meio de se colher a prova, já que, como amplamente demonstrado, o requinte com que praticados os delitos impede o acesso aos dados por outros meios, restando preenchidos os requisitos da Lei 9.296/96, requer:

a quebra de sigilo telemático dos representados EDSON PAULO FANTON, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA, CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, MARILENE ALVES FERREIRA, ELIZABETH COSTA LIMA, EDSEL OKUHARA e CARLA FABIANA DI GIUSEPPE para e-mails que utilizem as extensões @cfpnet.com, @minucia.net e

@fpbbank.com, notadamente, mas não se restringindo aos abaixo relacionados. A

quebra, caso deferida, deverá ser implementada pela Polícia Federal no momento de cumprimento dos mandados de busca e apreensão, com extração e cópia dos conteúdos:

a.1) EDSON PAULO FANTON, CPF 608.499.088-68: fanton@minucia.net;

a.2) EDSEL OKUHARA, CPF 052.321.758-74: edsel@minucia.net ;

a.3) CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, CPF 090.735.598-63:

celina@cfpgnet.com;

a.4) ELIZABETH COSTA LIMA, CPF 139.411.273-49: beth@cfpgnet.com;

a.5) CARLA FABIANA DI GIUSEPPE, CPF 712.044.826-91:

carla@cfpgnet.com;

a.6) ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA, CPF 921.299.438-53:

isidora@cfpgnet.com;

a.7) MARILENE ALVES FERREIRA, CPF 045.939.248-47:

lena@cfpnet.com.

47. Ademais, foram identificados, além dos representados, no sítio eletrônico da instituição financeira, outros possíveis funcionários do FPB BANK INC, como EDUARDO ROSA PINHEIRO, devendo a medida ser estendida, sob pena de ineficácia da diligência, a todos os representantes, funcionários, diretores e gestores do FPB BANK que

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tenham atuação no Brasil, sendo que a identificação ocorrerá no momento da busca e apreensão, quando a equipe policial estiver nos endereços alvo.

48. O lapso temporal da quebra deverá ser o mais amplo possível, a fim de que não sejam perdidos dados valiosos para investigação. Nesse sentido, constatou-se que existência de offshores relacionadas aos representados que datam de 23/03/2006, especificamente a BRIT SKY SERVICES INC, vinculada a EDSEL OKUHARA. Assim, estabelece-se o interregno entre 23/03/2006 até a preestabelece-sente data para implementação do afastamento de sigilo telemático ora requerido.

III.III) da medida cautelar de prisão preventiva

49. A par das demais medidas, o Ministério Público Federal requer seja decretada a prisão preventiva de EDSON PAULO FANTON, EDSEL OKUHARA e CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO.

50. De acordo com o que foi demonstrado, os representados, ao menos em tese, estruturalmente organizados e com divisão de tarefas, constituíram organização criminosa com a intenção fazer funcionar em território nacional instituição financeira com o objetivo de movimentar contas bancárias ocultas por meio de empresas offshores, viabilizando a dissimulação da natureza, origem, localização, disposição ou propriedade de bens direitos e valores.

A Autoridade Policial bem sintetizou a atividade exercida pelos representados21:

Oportuno acrescentar que a organização criminosa em tela tem por fim (i) negociar no Brasil empresas offshore; (ii) figurar como “referência” em tais offshore, de forma a ocultar os reais sócios e seus respectivos patrimônios e movimentações financeiras perante as autoridades nacionais; (iii) intermediar os pagamentos relativos ao custo de abertura e manutenção das empresas em paraísos fiscais; (iv) abrir contas bancárias junto ao FPB BANK no Panamá e, assim, movimentar valores de seus clientes de forma aparentemente ilícita; (v) viabilizar a realização de transações financeiras, via FPB BANK, com o fim de conferir aparência lícita a valores de origem supostamente criminosa.

51. Destarte, a medida cautelar em desfavor dos nominados representados justifica-se diante da vasta gama de gravíssimos delitos que foram, e possivelmente continuam sendo, praticados pelos gestores do FTB BANK INC no Brasil EDSON PAULO FANTON, EDSEL OKUHARA e CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO.

52. Assim, a decretação da prisão preventiva de EDSON PAULO FANTON, EDSEL OKUHARA e CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO afigura-se como necessária a fim de que seja interrompida a operação ilegal no FPB BANK INC no Brasil, que se acredita esteja ligada às atividades da MINUCIA ASSESSORIA EM GESTÃO EMPRESARIAL LTDA.

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53. Impede destacar, quanto a EDSON PAULO FANTON e EDSEL OKUHARA, que a prisão cautelar é fundamental diante da nítida tentativa dos representados de se furtarem da aplicação da lei penal brasileira quando, em 28/01/2016, um dia após a deflagração da 22ª fase da Operação Lava Jato (27/01/2016), deixaram o quadro societário da empresa MINUCIA, a qual, como exaustivamente demonstrado, tem estreito vínculo com a operação do FPB BANK INC no Brasil.

A conduta certamente caracteriza a hipótese autorizadora da prisão preventiva prevista no art. 312 do Código de Processo Penal de conveniência da instrução criminal e asseguração da aplicação da lei penal.

54. Em que pese FANTON e OKUHARA, com o intuito de se ocultarem das autoridades brasileiras, terem deixado o quadro societário da empresa MINUCIA na já referida data de 28/01/2016, permaneceram como sócios da empresa CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO e ELIZABETH COSTA LIMA.

CELINA DAIUB, como já destacado, tinha participação relevante e intensa nas atividades da instituição financeira panamenha no território nacional, sendo certo que seu envolvimento nos ilícitos perpetrados superava em muito a mera participação societária, conforme ficou evidente nas trocas de mensagem com ADEMIR AUADA e nos diversos e-mails que trocou com representantes da MOSSACK FONSECA, por exemplo.

Considerando que a atuação da MINUCIA é a atuação do próprio FPB BANK INC no Brasil, necessária também a segregação cautelar de CELINA DAIUB, para garantir a ordem pública, pondo fim ao funcionamento da instituição financeira irregular.

55. Ademais, em caso análogo, o Superior Tribunal de Justiça – STJ já se manifestou pela necessidade de custódia cautelar tendo por fundamento a gravidade concreta – não abstrata – dos fatos:

PRISÃO PREVENTIVA. DENÚNCIA PELO CRIME DE FORMAÇÃO DE QUADRILHA E OUTROS DELITOS GRAVES DIRECIONADOS AO DESVIO DE VERBAS PÚBLICAS. DECRETO SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADO. GRAVIDADE CONCRETA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. NECESSIDADE DA PRISÃO CAUTELAR EVIDENCIADA. COAÇÃO ILEGAL NÃO DEMONSTRADA. 1. Presentes fortes indícios de que o paciente faria parte de sólido esquema criminoso que tinha como principal atividade a prática de ilícitos direcionados ao desvio de verbas públicas, inclusive federais, em proveito dos agentes envolvidos e em detrimento do município lesado, desbaratado através da denominada "Operação Telhado de Vidro", e constando ainda que, para que esse fim tivesse êxito, vários crimes eram cometidos pelo grupo, tais como corrupção, extorsões, advocacia administrativa, falsidades e outras inúmeras fraudes, especialmente em licitações, que acarretaram enormes prejuízos aos cofres públicos, não se mostra desfundamentado o decreto de prisão preventiva e o acórdão que o manteve, sustentados na necessidade do resguardo da ordem pública, pois há sérios riscos das atividades ilícitas serem retomadas com a soltura. 2. Condições pessoais, mesmo que realmente favoráveis, não teriam, a princípio, o condão de, por si sós, ensejarem a revogação da preventiva, quando há nos autos elementos suficientes para a sua ordenação e manutenção. 3. Ordem denegada.(STJ - HC: 111151 RJ 2008/0157121-1, Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de Julgamento: 21/05/2009, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/08/2009)

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Frise-se, aliás, que se tem reconhecido a legitimidade da prisão preventiva em razão da gravidade em concreto do delito nos seguintes precedentes: STF, HC 122.370, 1ª T., j. 19/8/2014; HC 119.457, 2ª T., j. 13/5/2014; STJ, HC 279.334, 5ª T., j. 19/8/2014.

Não só a gravidade concreta do crime, mas a sua reiteração de modo profissional, ao longo dos últimos anos (pelo menos desde o ano de 2006, conforme já referido), engendra a necessidade, conforme reconhecido pela jurisprudência, de que a continuidade do crime seja estancada, para garantia da ordem pública.

56. Dessa forma, a custódia preventiva de EDSON PAULO FANTON, EDSEL OKUHARA e CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, diante da alta probabilidade de que persistam com as atividades criminosas em circunstâncias similares, é imprescindível para a garantia: i) da ordem pública, a fim de interromper a prática delitiva habitual, mormente em relação ao funcionamento irregular do FTB BANK INC no Brasil, o que fará cessar a operação de diversas offshores e contas ocultas; ii) da ordem econômica, para que não reste prejudicada a estabilidade econômica do setor, sobretudo porque o mercado financeiro é alvo de densa regulação em território nacional, sendo que seu funcionamento adequado serve ao interesse público; e iii) da instrução criminal, para que seja evitada a destruição e a ocultação de provas que porventura possam resultar em seu desfavor.

57. Ante o acima exposto, com fulcro no artigo 312 c/c artigo 313 do Código de Processo Penal, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL pugna pela decretação da prisão preventiva de EDSON PAULO FANTON (CPF 608.499.088-68), EDSEL OKUHARA (CPF 052.321.758-74) e CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO (CPF 090.735.598-63).

III.IV) da medida cautelar de prisão temporária

58. Revela-se no presente caso necessária, adequada e proporcional, ainda, considerando-se as provas angariadas nas investigações referidas acima, a decretação das prisões temporárias de ELIZABETH COSTA LIMA, CARLA FABIANA DI GIUSEPPE, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA e MARILENE ALVES FERREIRA.

59. Evidenciado que as representadas participaram de organização criminosa que fez – e ainda faz – operar em território nacional instituição financeira irregular, caracterizando, em tese, o delito previsto no art. 16 da Lei 7.492/86, nos termos art. 1º, incisos I e III “o”, da Lei 7.960/89, dada a imprescindibilidade para investigação criminal, justifica-se a prisão temporária de CARLA, ELIZABETH, ISIDORA e MARILENE.

60. No caso, faz-se fundamental a realização de diligências investigatórias complementares para a obtenção de mais provas acerca da materialidade dos delitos em tela, mormente tendo em vista a complexidade da operação irregular do FPB BANK INC no Brasil, que envolve complexa engenharia de operação e denso volume de dados, além da trasnacionalidade da organização criminosa.

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61. Ademais, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente, assegurando, dentre outros efeitos, que todos os envolvidos sejam ouvidos pela autoridade policial sem possibilidade de prévio acerto de versões entre si ou mediante pressão por parte das pessoas mais influentes do grupo.

Com relação às pessoas de CARLA FABIANA DI GIUSEPPE, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA e MARILENE ALVES FERREIRA, são funcionárias da MINUCIA e igualmente são reconhecidas por funcionários da MOSSACK FONSECA como sendo contato do FPB BANK no Brasil. Além disso, fazem uso de e-mail com a extensão @cfpnet.com, cujo domínio encontra-se vinculado a um endereço de IP do próprio FPB BANK.

Relativamente a ELIZABETH COSTA LIMA, consta no quadro societário da MINUCIA e foi verificado seu vínculo com 23 (vinte e três) empresas offshores relacionadas ao FPB BANK INC Brasil, além de ser referida como contato do FPB BANK pelos funcionários da MOSSACK FONSECA.

Diferentemente do que ocorre com CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, com relação à qual é postulada a custódia preventiva nessa oportunidade,

62. Assim, havendo suficientes indícios de materialidade e autoria delitiva, presentes os requisitos legais, o Ministério Público Federal requer, nos termos art. 1º, incisos I e III “o”, da Lei 7.960/89, a decretação da prisão temporária de ELIZABETH COSTA LIMA (CPF 139.411.273-49), CARLA FABIANA DI GIUSEPPE (CPF 712.044.826-91), ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA (CPF 921.299.438-53) e MARILENE ALVES FERREIRA (CPF 045.939.248-47).

III.V) da medida cautelar de proibição de se ausentar do país

63. Por fim, requer o Ministério Público Federal, por se tratar de organização criminosa transnacional com fortes vínculos com o Panamá, tendo os representados já viajado para aquele país e podendo, diante do cumprimento das medidas aqui pleiteadas, tentar viajar para lá, seja imposta proibição de que EDSON PAULO FANTON, ISIDORA MARIA SOLANO CARMONA, CELINA DAIUB PIRONDI TEDESCO, MARILENE ALVES FERREIRA, ELIZABETH COSTA LIMA, EDSEL OKUHARA e CARLA FABIANA DI GIUSEPPE deixem o país, com o recolhimento dos passaportes e comunicação às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional.

É certo que a medida encontra amparo nos arts. 319, IV, c/c o art. 320, ambos do Código de Processo Penal, uma vez que a permanência dos representados em território nacional é necessária para a investigação, resguardando-se também a aplicação da lei penal.

Deltan Martinazzo Dallagnol Procurador República Januário Paludo

Procurador Regional República

Carlos Fernando dos Santos Lima Procurador Regional da República

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Antônio Carlos Welter Procurador Regional da República

Isabel Cristina Groba Vieira Procuradora Regional da República Orlando Martello

Procurador Regional da República

Diogo Castor de Mattos Procurador da República Roberson Henrique Pozzobon

Procurador da República

Julio Carlos Motta Noronha Procurador da República Paulo Roberto Galvão de Carvalho

Procurador da República

Athayde Ribeiro Costa Procurador da República Laura Gonçalves Tessler

Procuradora da República

Jerusa Burmann Viecili Procuradora da República

Documento eletrônico assinado digitalmente. Data/Hora: 17/06/2016 15:17:57

Signatário(a): JERUSA BURMANN VIECILI:878

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