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COLETA E CONSERVAÇÃO DE INSETOS

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Douglas Henrique Bottura Maccagnan

Jaboticabal – julho – 2007

COLETA E CONSERVAÇÃO

DE INSETOS

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1. INTRODUÇÃO

Os insetos são organismos pertencentes à classe Insecta ou Hexapoda, que estão contidos juntamente com os quelicerados, crustáceos e miriápodos no filo Arthtopoda. Os insetos constituem o maior grupo de animais, tendo mais de 900.000 espécies conhecidas. Porém acredita-se que o número de espécies ainda desconhecidas pelo homem seja muitas vezes maior.

Os insetos possuem uma grande importância ambiental, médica e econômica. Eles são à base da alimentação de muitos organismos superiores, sendo um elo essencial na cadeia trófica. Os mosquitos, piolhos, pulgas, percevejos e uma legião de mosca podem contribuir diretamente para a miséria humana, além de que muitos insetos afetam-nos indiretamente como vetores de doenças humanas ou de animais domésticos: mosquitos (malária, dengue, febre amarela e elefantíase); mosca tse-tsé (doença do sono); piolhos (tifo e febre recorrente); mosca doméstica (febre tifóide e disenteria).

Na agricultura a importância é antagônica, enquanto alguns grupos são essenciais na produção (cerca de dois terços das plantas frutíferas dependem dos insetos para a polinização), outros, que representam uma minoria, acarretam danos incalculáveis às culturas. Estima-se que a perda média de produtos armazenados, devido ao ataque de insetos, gira em torno de 20% da produção mundial. Ressalta-se ainda que nas lavouras esses danos são muitos maiores, sendo gasto grandes quantias para controlar pragas de insetos, que podem reduzir grandemente as altas produções agrícolas necessárias para sustentar as grandes populações humanas.

Além das importâncias citadas acima, os insetos atraem a atenção de muitos pelas suas formas e cores, que são de uma variedade gigantesca, fazendo com que muitos tenham como hobby (principalmente no exterior) a coleta e coleção desses animais.

Com todas estas características não é por menos que os insetos sejam considerados um grupo fabuloso, no qual são feitos inúmeros trabalhos de pesquisa em que o papel do biólogo é fundamental.

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1.1. Morfologia

Ao contrário dos seres humanos, a estrutura de suporte do corpo dos artrópodos encontra-se externamente, ou seja, o corpo está revestido pelo esqueleto (exoesqueleto), formado principalmente por quitina, que é eliminado e renovado à medida que o animal cresce.

Os insetos são distinguidos dos demais artrópodos por terem três pares de

pernas e geralmente dois pares de asas, localizados na região média ou toráxica

do corpo. Além disso, a cabeça porta tipicamente um único par de antenas e um par de olhos.

Os insetos apresentam-se, no geral, com o corpo alongado e cilíndrico, de simetria bilateral, podendo-se distinguir facilmente as três regiões que o formam:

cabeça, tórax e abdome.

A cabeça é a parte anterior do corpo do inseto, que se apresenta fortemente quitinizada e em forma de cápsula, sem aparência externa de segmentação. Na cabeça encontram-se os olhos, as antenas e as peças bucais.

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O tórax é a região mediana do corpo do inseto, na qual se localizam as pernas e as asas. É formado por três segmentos: o protórax, que se une à cabeça; o mesotórax, porção mediana; o metatórax, que se liga ao abdome.

Em cada segmento do tórax encontra-se um par de pernas e no meso e metatórax inserem-se as asas.

O abdome é a porção posterior do corpo dos insetos que, ao contrário da cabeça e do tórax, apresenta segmentação bem mais visível, sendo composto de 9 a 11 segmentos.

Os segmentos do abdome são bastante semelhantes, com exceção dos posteriores que sofrem um processo de transformação, no sentido de serem adaptados ao acasalamento e a oviposição.

1.2. Diversidade

Os insetos têm vivido na Terra há cerca de 300 milhões de anos (o homem têm menos que 1 milhão) e, durante este tempo, evoluíram em muitas direções para se tornarem adaptados para a vida em quase todos os tipos de habitat. Na sua evolução, “resolveram” de muitas formas os vários problemas, como os referentes à obtenção de alimento, proteção contra inimigos e adaptação a condições ambientais específicas entre outros.

Alguns insetos têm estruturas que são admiráveis. As abelhas e as vespas e algumas formigas têm seu ovipositor desenvolvido como um punhal envenenado, o qual serve como um excelente meio de ataque e defesa. Algumas moscas têm seus olhos situados na extremidade de pedúnculos, que em algumas espécies são tão longo quanto as asas. Alguns besouros têm as mandíbulas com a metade do comprimento de seu corpo e ramificadas como chifres de um veado.

Um dos aspectos mais interessantes da estrutura dos insetos é a forma pela qual eles se assemelham ou imitam outras coisas. Muitos possuem uma coloração tão adaptada que se confundem perfeitamente com seu ambiente de fundo; alguns gafanhotos têm a cor do solo onde pousam; muitas mariposas têm a cor da casca das árvores; e uma grande quantidade de besouros, percevejos,

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moscas e abelhas têm as cores das flores que visitam. Esta semelhança de cor torna os insetos muito inconspícuos e provavelmente serve para protege-los contra ataques de inimigos.

Muitos insetos assemelham-se extraordinariamente a objetos de seu ambiente, tanto em cor como em forma. Bichos-pau e lagartas-mede-palmos assemelham-se a gravetos, algumas vezes tão bem, que se torna necessário uma visão muito aguçada para encontra-los quando estão imóveis. Certas cigarrinhas da família Membracidae assemelham-se a espinhos de plantas e algumas borboletas a folhas mortas.

Um dos tipos mais notáveis de mimetismo encontrado em insetos é aquele em que um inseto sem meios especiais de defesa se assemelha a um outro que tem um ferrão ou algum outro mecanismo defensivo efetivo. Esta semelhança pode ser na cor, forma, tamanho e comportamento. Por exemplo, algumas borboletas que são palatáveis para aves imitam a forma e cor de outras impalatáveis. A ninfas de alguns percevejos assemelham-se a formigas. Algumas moscas imitam mamangabas, borboletas e besouros imitam vespas. Este mimetismo é freqüentemente muito impressionante e apenas um observador treinado notará que estes insetos não são vespas e não picam ou ferroam. A arte da camuflagem é de fato altamente desenvolvida nos insetos.

2. COLETA

Uma das melhores formas de estudar insetos é fazer excursões e coleta-los, manuseá-los e preparar coleções. Isso revela ao estudante muitas coisas que ele não encontra nos livros de texto.

Um projeto de coleta de insetos depende dos objetivos a serem alcançados. Apenas por exemplo, os insetos podem ser coletados para estudos de morfologia, de ciclos de vida, de interação entre espécies, para a confecção de coleções didáticas, coleções científicas sobre a fauna de uma região, estudar a abundância de pragas ou ainda apenas como hobby.

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Durante as coletas deve-se levar um caderno para anotar dados (local, habitat, data, etc.) sobre os insetos coletados. Sempre que possível, devem ser coletados vários exemplares de uma mesma espécie, que constituirão uma série.

Como os insetos são muito abundantes, há pequena probabilidade que coletas, mesmo quando extensas, tenham algum efeito danoso nas suas populações. Assim, os conservacionistas não precisam preocupar-se com a exterminação das espécies ou com o rompimento do equilíbrio da natureza pelas coletas comuns.

2.1. Onde coletar insetos

A melhor época para coleta-los é o verão, mas no Brasil os insetos podem ser encontrados durante o ano todo. As melhores horas para se coletar a maioria das espécies de insetos é durante o dia, porém algumas espécies têm hábitos noturnos ficando, durante o dia, escondidos e com baixa atividade. Assim, como espécies diferentes são ativas em horas diferentes é necessário conhecer o hábito do inseto que se pretende coletar.

Más condições de tempo, como chuva ou baixa temperatura, reduzem a atividade de muitos insetos, tornando assim mais difícil encontrar ou coleta-los. Se soubermos onde procurar, podemos encontrar insetos a qualquer hora do dia, em qualquer dia do ano.

Os insetos, em conseqüência do seu avolumado número de espécies, se encontram presentes, praticamente, em todos os locais que se pode imaginar, desde as mais altas montanhas às cavernas mais escuras ou às águas mais frias ou profundas, e até mesmo no próprio homem (piolho). Existem relatos de coletas de insetos a 4 mil metros de altura.

Com essa variação tão grande de habitats, e levando-se em conta os seus diferentes hábitos, os insetos podem oferecer uma grande variedade de locais e de circunstancias para serem coletados.

Muitos insetos alimentam-se de plantas ou as visitam. Assim, as plantas constituem um dos melhores locais para coletá-los. Todas as partes das plantas podem conter insetos. A maioria estará provavelmente nas folhas ou nas flores,

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mas outros podem estar no tronco, fruto ou raízes, inclusive no interior destas estruturas.

Vários tipos de detritos freqüentemente contêm insetos. Algumas espécies podem ser encontradas em gravetos, folhas e cascas de árvores em decomposição, particularmente em locais onde a vegetação é densa; outras podem ser encontradas embaixo de pedras, tábuas, cortiça e objetos semelhantes; também são encontrados em material já apodrecido ou em decomposição, como fungos, plantas ou cadáveres de animais, frutas e esterco.

Muitos insetos podem ser encontrados em construções feitas pelo homem ou ao redor destas. Outros são encontrados alimentando-se de roupas, móveis, grãos, em alimentos ou ainda associados a animais domésticos como cachorro, aves e outros.

Em noites quentes, várias espécies de insetos são atraídas pela luz e assim podem ser coletados em paredes de casa iluminadas, praças, e outros locais de iluminação intensa. De fato, este é um dos processos mais fáceis para coletar muitos tipos de insetos.

Outros insetos, em alguns casos apenas os estágios imaturos e em outros todos os estágios, são aquáticos, vivendo em brejos, pântanos, água doce e até no mar. Tipos diferentes de habitats aquáticos e suas diferentes partes contêm espécies específicas. Eles podem ocorrer na superfície, nadar na coluna d’água, estar na vegetação aquática, preso em pedras ou embaixo delas e na areia ou no lodo do fundo onde cavam.

Os adultos de muitas espécies são mais facilmente obtidos coletando-se as formas imaturas. Porém, muitas vezes, é difícil de identifica-las ao nível de espécies, sendo necessário criá-las em laboratório. Isto envolve coleta de casulos, larvas ou ninfas e a manutenção destes em recipientes até que se tornem adultos, o que, no entanto, exige um pouco de conhecimento técnico e algumas condições especiais. A regra mais básica é que, para se obter sucesso na criação, deve-se reproduzir as mesmas condições em que os imaturos foram encontrados no campo.

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É importante ressaltar que, para uma coleta eficiente visando um levantamento faunístico de uma área, todos os diferentes habitats dessa área devem ser examinados minusiosamente, lembrando que muitos insetos têm tamanho reduzido podendo esconder-se nos mais inusitados lugares. Também sabemos que não há nenhuma técnica de coleta que seja, individualmente, suficiente para coletar todos os grupos de insetos vivendo em qualquer ambiente.

2.2. Como coletar

Existem diversos meios, processos e artifícios para se coletar ou apanhar insetos. Eles podem ser coletados diretamente em seus próprios esconderijos ou habitats, ou em vôo, ou ainda indiretamente, atraindo-os para iscas ou armadilhas de diversos tipos.

Dependendo dos métodos utilizados, as coletas podem ser divididas em duas categorias:

• Coletas ativas, onde a coleta depende da ação direta do coletor, que utiliza pinças, redes, aspiradores, “guarda-chuva” entomológico e outros aparatos compatíveis com o seu objetivo de coleta;

• Coletas passivas, onde o coletor deixa que as armadilhas façam o trabalho de captura, sem sua interferência direta.

O método mais adequado de se coletar determinada espécie de inseto vai depender dos habitats e comportamento que ela apresenta, pois muitos equipamentos são seletivos, isto é, coletam com maior probabilidade alguns grupos de insetos.

2.2.1. Equipamentos de coleta ativa

Pinças e pincéis. Alguns insetos são perigosos e agressivos, outros ainda

podem causar alergias em certas pessoas, assim é recomendável que não se utilize às mãos limpas para a coleta, a não ser que se conheça o inseto

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em questão. Em caso de insetos muito pequenos ou frágeis, o manuseio deve ser feito com pincéis.

“Guarda-chuva” entomológico. Este equipamento é especialmente

utilizado para a coleta de pequenos insetos que pousam em arbustos, como besouros, percevejos etc. Pode ser construído com 1 metro quadrado de pano branco e uma estrutura de madeira ou metal que o deixe aberto, ou ainda improvisado conforme as possibilidades (Fig. 2).

O guarda-chuva entomológico é utilizado colocando-o sob um galho de árvore ou um arbusto. Em seguida, bate-se com força ou chacoalhe o galho, provocando assim a queda dos insetos sobre o pano, onde serão imediatamente apanhados, ou com as mãos, com pinças ou pinceis.

Aspirador bucal. São aparelhos simples, usados para a coleta de

pequenos insetos, como microhimenópteros, microlepidópteros, pernilongos, pequenos percevejos e cigarrinhas, que se encontram sobre um substrato.

O tipo convencional consiste de um pedaço de tubo de vidro resistente, com 10 a 15 cm de comprimento por 2.5 a 4 cm de diâmetro com as duas aberturas fechadas com rolha; cada rolha é atravessada por um tubinho de vidro, com cerca de 8 a 10 cm de comprimento por 5 mm de diâmetro, tendo as extremidades externas ligados a tubos de borracha, um com cerca de 15 cm de comprimento e o outro menor (Fig. 3).

Figura 1. Pinças para coleta de insetos. A. pinças de ponta fina. B. pinças com mola frouxa.

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O tubinho de vidro ligado com a borracha maior deve ter a sua extremidade interna fechada com tela de náilon para evitar que os insetos aspirados atinjam a garganta do coletor.

Usa-se o aspirador, aplicando a extremidade de borracha menor o mais próximo possível do inseto que se pretende coletar, e a outra extremidade de borracha vai à boca do coletor, o qual aspira fortemente arrastando o inseto.

Rede entomológica para captura em vôo. Usada para capturar todo e

qualquer inseto em vôo. Consta de um aro de arame relativamente grosso, preso em um cabo de madeira e trazendo um saco em forma de coador.

As dimensões do aro, ou boca da rede, deve ter entre 25 e 40 cm de diâmetro. O cabo deve terno mínimo 1 metro de comprimento e deve ser o mais leve possível para permitir movimentos rápidos (Fig. 4).

O comprimento do coador deve ter, no mínimo, o dobro do diâmetro da boca; isto para, quando se capturar um inseto, seja a rede imediatamente dobrada sobre sua boca, impedindo que o inseto escape (Fig.5).

O tecido usado na confecção do coador deve ser fino, delicado, de malhas largas e resistentes. Vários tipos de tecidos podem ser usados, tais como filó de náilon, vual (voile), filó de cortina entre outros.

Rede entomológica de varredura. Esta rede destina-se a varrer a

superfície da vegetação nativa, rasteira ou arbustiva, como capins e outros matos, ou ainda culturas como amendoim, algodão, soja e outros.

De modo geral ela possui o mesmo formato que a anterior, porém deve ter um aro de tamanho maior e ser mais reforçada. O aro pode ser feito com ferro de construção 3/16’’ ou 1/4’’; o coador deve ser de pano grosso e resistente, como algodão cru, pano de saco de açúcar ou farinha; e o cabo, forte e resistente, como cabos de vassoura.

Usa-se esta rede, varrendo com relativo vigor a superfície da vegetação, da direita para a esquerda e vice-versa, colhendo deste modo folhas, botões, frutos pequenos, sementes e outros detritos, juntamente com os insetos. Esse material

Referências

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