A DIVISÃ
O
REGIONAL
DO
ESTADO
DE
S
Ã
O PAULO
ANAIS DOSGEÓGRAFOS BRASILEIROS,
São Paulo. Vol.I,
1949,
p.
19- 36.
r
i
s
--Pierre Monbeig
PIERREMONBEIG (1908-
1987).
Geógrafo.
Chegou ao Brasil noanode1935
,
com27 anos,
comoprofessor deGeografiaFísicaeHumanadaUSP
,
masapartir de 1938concentrou-
se somente emGeografia Humana
.
Muito atuante,
contribuiu paraa criaçãodoConselhoNacional deGeografia em1937eficouà frentedaAGB
poronzeanos (1946),quandoretornoua seu paísde origem
.
Hápoucos escritos sobre Monbeig, mas os que o conheceram são unânimes em afirmar que era idolatrado por seus alunos
.
Noslegou obras de referência como Pionniers et planteurs de São
Paulo (1952) e Aspectos geográ
ficos
do crescimento da cidadedeSão Paulo (1954)
.
Relat ório apresentado à Assembleia Geral da
A
.
G.
B.
,
reunida em Lorena, em nome da Secção sRegional de SãoPauto
.
ji
A Diretória da Associação dos Geógrafos Brasileiros entendeu que
seria interessante aproveitar esta Assembleia Geral para discutir o
f
problemadadivisãoregional do Brasil
,
organizada peloConselhoNacional ;j
de Geografia.
O núcleo paulista estudou cuidadosamente oque,
nestadivisão
,
diz respeito ao Estado de São Paulo,
sem,
todavia,
limitar-seestritamente aos seus limites políticos
.
Fui encarregado,
pelos meuscompanheiros
,
de redigir um relatório contendocríticas,
tãoconstrutivasquanto possível
.
São este relatório e o mapa,
que o acompanha,
que constituem a contribuiçãopaulista à espécie de seminário,
que ora se abre.
Este
"
seminário”
constitui uma excelente oportunidade para quetodos nós
,
que temos um conhecimento direto de certo número deregiõesbrasileiras
,
possamosconfrontarosnossos pontosde vistaquantoà interpretação dos fatos geográficos; e
,
ao mesmo tempo,
para que possamos transmitir o que vimoseo que conhecemos,
proporcionando,
assim,
umreciproco proveito.
Lançaremos deste modo,
as sementesde trabalhos futuros,
o que justifica plenamente o qualificativo de“
seminário”,
que convé
ma estareunião.
CONSIDERAÇÕ
ES PRELIMINARESDesejo acentuar
,
deinicio,
a importância do trabalhotão sugestivoefetuado pelos nossos companheiros do Conselho Nacional de Geografia
.
Porque nãoé uma tarefa pequena o empreender -se,
pelaprimeira vez
,
um estudo sério da divisão regional geográfica destecontinente
,
que é o Brasil.
Para isso,
torna-se preciso uma grande vontade de trabalhar,
à
qual cumpre rendermos nossas homenagens,
euma extraordináriadocumentação,
como,
sóo C.
N.
G.
pode possuir.
Mas
,
boa vontade e documentação não são suficientes: torna, seimprescindível uma grande capacidade
,
que não falta aos geógrafosI
doC
.
N.
G.
Foiestudando,
de perto,
oproblema da divisãoregional do Estado de São Paulo que pudemos,
verdadeiramente,
avaliar as dificuldades deste empreendi -mento.
Veremos,
a seguir,
que nem sempre encaramos os fatos da mesma maneira que o C.
N.
G.
; divergências que provêm de pontos de partida diferentes,
mas divergências que devem ser fecundas.
Há uma f
ó
rmula de Atbert Demangeon,
que não me canso de repetir:
a tarefa do geógrafo consiste em localizar,
descrever eexplicar
.
Para localizar
,
é preciso entender e tambémcalcular a extensãodofenômenoquesedesejaestudar
.
Mas este fenômeno,
emsi mesmo,
precisa ser compreen- dido; definí
-
lo de iní
ciocomcuidado,
baseando-se em estudos anteriores
,
deixa margem a modificações eaperfeiçoamentosdessadefinição
,
quandovenhaa serfeitaumanova experimentação.
Ora,
o fato que nos interessa agora é a divisãojI
geográficadoBrasil;localizaredefiniras grandesregiõesgeográficas
?! bra-sileiras e
,
em seguida, as unidades regionais mais modestas,
osBOLETIMPAULISTADEGEOGRAFIA,SÃO PAULO, p
.
45-70,2009quadros das atividades humanas
.
Não penso em retornar,
mesmo sumariamente,
àimportantequestão deregião;nemtãopoucoreferir-me ao estado do problema no Brasil
.
' Entretanto,
torna-
seindispensável
,
antes de cartografar as regiões,
ficar-se de acordo arespeito do critério escolhido
,
a fim de que se saiba quais os funda-mentosda unidade regional
.
Ora
,
devo confessar,
sobre esta questão a Secção Regional de SãoPaulo sentiu-se deveras embaraçada
.
Procuramos nas publicações doC
.
N.
G.
informa-ções quepudessem nos esclarecer arespeito do que seentende por
“
grande região”
,
“
região”
,
“
sub-região”
e"
zona”
;infelizmente
,
nada encontramos que pudesse nos esclarecer.
Naturalmente,
pudemos nos guiar pelas explicações rápidas,
que nos foram dadaspor Jorge Zarur;e,
também,
analisando os textos, foi-nos possível vislumbrar alguma cousa.
Entretanto,
creio que seria melhor queviessem osquadros dedivisãoregional acompanhados de informações e definições tão curtas quanto claras,
sem excessos cientí
ficos,
para queoleitor,
que nãoénecessariamente um geógrafoprofissional,
possa entender o assunto.
Depoisderefletirsobreessapreliminar
,
ficamosdeacordoarespeito dos princípios seguintes:1
.
° - as“
regiões”
correspondem a vastasunidades fisiográficas;2
.
° - as“
sub-regiões”
são delimitadas levando-se em conta,
essencialrnente
,
a paisagem geográfica; por isso mesmo,
suanomenclatura deverá
,
tanto quanto possível,
fazer ressaltar o traçodominante dessa paisagem;
3 / -as
“
zonas”
sãoencaradassobretudotendo-se emvistaos fatoseconómicos e
,
particularmente,
as relações regionais que se organizam em função de umcentro urbano.
Admitidos esses conceitos
,
passemos à prá
tica.
A tarefanãoésimples;elogoseélevadoa verificar
,
uma vez mais,
que a críticaé
fácil,
mas a arte é difícil.
Quando se critica a divisão‘O artigo clássicode Fábio deMacedoSoares Guimarães,publicadona Revista Brasileira
deGeografia (ano III,n
.
“ 2),constituiuma excelente exposiçãodo problema.regional brasileira e quando se procura oferecer sugestões positivas
,
“
choca-
se”
logo com as própriascondiçõesdo país.
Estouquasea dizerquea essênciamesma doBrasil éum obstáculoàsuadivisãogeográfica precisa
.
Por exemplo,
as dimensões do país são gigantescas e nestepedaçodo continenteamericano tudoévasto.Ogeógrafo
,
aqui,
parece forçadoareconheceraexistência de unidadesfisiográficasqueocupamsuperfíciesenormes
.
Em seguida,
seseprocuram elementos na paisagem,
depois na ocupaçãodo solo enasrelaçõesentreos gruposhumanos,
um outroobstáculo surge: a posse do solo pelo homem éainda recente.
Deum lado
,
otrabalho dos homensnão teve tempoainda de modelaraspaisagensa pontode lhesdar uma personalidade queseimponha;de outroladoa consciência popular nãoatribuiu
,
senão raramente,
nomesoriginais às unidades territoriais
.
Dos deslocamentos contínuos da populaçãoà exploraçãoespasmódicadaterra,
correspondeumaespéciededinamismo constante dasregiões
,
queas tornam de difí
cildefiniçãooulimitação
.
A estasdificuldades juntam-seoutras,
quesãodesvantagens deordemtécnicaeque todos nósmuito bem conhecemos:as lacunas da cartografia,
por exemplo,
teriam aqui umlugarde honra.
0
PROBLEMA
DAS REGIÕES PAULISTASO núcleopaulista da A
.
G.
B.
,
elaborando uma divisão regional do Estado,
esforçou-seporharmonizá-lacomas regiõesbrasileirasvizinhas.
Fizemos o possível por considerar os fatos como o fez oC
.
N.G.
, istoé,
sob oponto devista nacionale
,
não,
estritamenteestadual.
Eisporqueasquatro grandes
“
regiões fisiográficas”
por nós admitidas-
oLitoral,
oPlanaltoAtlântico,
aDepressãoPaleozoicaeoPlanaltoOcidental-eque figuram no mapa que acompanha este relatório
,
não devem ser consideradas como exclusivamente paulistas.
A região do
“
Litoral”
é um vasto conjunto que apresenta,
semnenhuma d
ú
vida,
variaçõeslocais,
mascujaunidadeèpatente,
atravésde diversosEstados (SantaCatarina
,
Paraná,
SãoPaulo,
Estado do Rio,
DistritoFederal).
Omapa do C.
N.
G.
indicaumlimiteentreduas grandesregiõesdo Litoral
,
atém deSantos;uma separação tão radicalnão nospareceaceitável.Seria preferívelreconhecer
,
corno ofizemos,
uma sóregiãodo Litoral
,
emboramais extensa.
í i 1 | I í 48
BOLETIM PAULISTA DEGEOGRAFIA,SÁOPAULO,n°89,p
.
45-70,2009Podia-se
,
também,
discutir a distinção feita pelo C.
N.
G.
entre o“
PlanaltoCristalino”
e asduasregiõesqueoprolongampara o norte— a“
Encosta"
e o“
Planalto”
.
A qualificaçãode“
cristalino”
tem,
talvez,
oy
defeito de generalizaremdemasiaede esquecerosdepósitosterci
á
rios dovale do Paraíba eda bacia da capital paulista.
Parece-nos,
por isso,
preferívelutilizar
,
omais frequentemente possível,
termos geográ
ficosV
e não geológicos
.
Daí julgarmos que se poderiaconsiderar aexistência•£
de uma vasta região fisiográfica
,
abrangendo vários Estados,
a qualreceberia o nome de
“
Planalto Atlântico”
.
Pessoalmente,
preferiria a expressão“
MaciçoAtlâ
ntico”
,
que me parecemelhor evocar aomesmotempo o caráter montanhoso
,
aaltitudee,
oque nãoé desprezível,
as dificuldades de comunicações.
O epíteto“
atlântico”
lembrasuaposiçãogeográfica; além disso
,
sabemos todos queagénese dasterrasaltas do Brasil Oriental é insepará
vel da do oceano,
assim como a vida que asanima desde a descoberta
.
Adenominação de
“
SedimentarPermiana”
,
adotadapeloC.
N.
G.
,
ésignificativa para nossos amigos geólogos
,
mas é desprovida designificação geogr
á
fica.
Por outro lado,
a idade atribuída não é aceitapor todososgeólogos
,
umavezquealgunsaconsideram permo-triássica.
Enfim,
a expressãoexclui as rochasexistentes naregião eque não têm probabilidade de ser peruvianas..
.
Por que não conservar o nome,
jáconsagrado
,
de“
Depressão”
? Semdúvida,
osleigos podem achar esquisita umadepressão ondeosolo é acidentado e cuja altitude é superior aosclássicos 200 metros; dos melhores manuais escolares
.
Mas,
os leigos não compreenderão melhor os termos"
sedimentar”
e“
permiana”
.
Quantoàdepressão,
é ela relativa àsaltitudes que a limitam; e,
neste ponto,
pelar menos,
o fato é indiscutível: A fim de conservar alguma cousa da preocupação geológicadoG.
N.
G.
(quenãoécensurávelsenãoquandolevaa uma exclusãomuito radicaldos caracteresgeográficos)
,
ligamos aotermo
“
Depressão”
oqualificativo“
Paleozoica”
,
maisamploe menos passível de dúvidas
.
jQuanto
ao restante do interior do Estado,
sua divisão entre duasgrandes regiões fisiográficas pareceu
-
nos bastante duvidosa.
Qs qué,
dentre nós,
fizeram a viagem São Paulo-Rio Paraná
,
seja pela E.
F.
Sorocabana
,
seja pela E.
F.
Nordeste do Brasil,
ou para,
acachoeira doMarimbondo
,
norio Grande,
surpreenderam-sesemprepelacontinuidade 49topográfica
.
Que verdadeira diferença,
de natureza física,
pode ser encontradaentreo"
Planalto Ocidentalda SerraGeral”
(doisnomesque não têm o menorsentidoparaospaulistas)eo“
SertãodoRio,
Paraná”
,
da nomenclatura do G..
N.
G.
?.
..
O termo“
sertão”
não depende do domíniodageografia física;seuconceitoé dadopelageografiahumana ou,
quandomuito,
pela geobotânicã.
Deve-selamentar,
nocaso,
osú
bitoaparecimento de um novo critério para a nomenclatura das Regiões
,
j
que
,
por definição,
são fundadas na fisiografia.
Há mais ainda:'
admitamos
,
por, úmmomento,
a justezada expressãoem causa;neste\
caso
,
não há
dúvida que este sertão deveria prolongar-se ao longo da!
margem esquerda do rio e,
no entanto,
vemos,
no mapa do G.
N.
G.
,-,
! esta faixa sertanejainterromper-
se no Estado do Paraná,
a fim dedeixara região do Planalto Ocidental da Serra Geral atingir o grande rio no
curso inferior do rio Ivaí
.
Sobre que fatos geográficos repousa talcartografia ? Omapageológiconão traznada que possademonstraresta
soluçãodecontinuidade
,
salvose correspondeadadosnovos,
arespeito dos quais não temosconhecimento e qué teríamosmuito interesse emconhecer
.
Pensamos nos estudos de Reinhard Maack sobre a idadedos terrenos chamados Caiuá; más,
sefoiestaa base,
lógico seria suprimirinteiramente apalavra
“
Sertão”.
Supressão essa que
,
alé
m do mais,
parece-
nos indispensável em relação ao Estado deSão Paulo,
pois não mais existe,
na verdade,
nointerior desteestado
,
extensãoapreciáveldesoloquemereçaaindaumnome assimpomposo
.
Tendoem contatodosessesargumentos,
aSecçãoRegional deSãoPaulo denossaA
.
G.
B.
sugerequesejaconsiderado,
cornouma
ú
nicaevastaunidade,
QPlanaltoOcidental,
sem prejuízo desub-regiõesque seremoslevados a referir
,
mais além.
A REGIÃO DO LITORAL
j
Dentro da regiãolitorânea do Estado de São Paulo
,
a distinção detrêssub-regiõescorresponde bem a diferenças na paisagem
.
Propomos
,
porém,
mudaronome da sub-regiãodó
“
Litoral de Iguapé
”
para sub
-
região da“
Baixada do Ribeira”
.
Os mapas,
por mais simplesquesejam
,
mostrammuito bem a“
bolsa”
formadapelasterrasbaixasdo rio Ribeira de Iguapé,
acidentegeográfico quenãodeixa deseassemelharBOLETIMPAULISTA DE GEOGRAFIA,SÃOPAULO,n°89,p.45-70,2009
ao vale do rio Itajaí; merece
,
portanto,
como aquele,
ser indicado na nomenclatura regional,
ainda mais porque- fato-bem raro no Brasil—parece tersido consagrado pela consciência popular
.
Nesta Baixada do Ribeira
,
o mapa que traçamosindica duas zonas distintas: ade“
Iguapé”
e a de“
Registro”
.
Taldistinçãoimpôs-
sequer pelas diferenças morfológicas; quer pelas gradações de povoamento ede g
ê
neros de vida.
0
PLANALTO
ATLÂ
NTICOA divisão organizadapelos nossos amigosdo C
.
N.
G.
prevêsetesub-regiões nas terras
-
altas atlânticas do Estado.
Conhecendo bemá
s similitudesde paisagens,
assimcomoasformasderelevoeorevestimento vegetal,
ògrupopaulistada A.
G.
B.
preferelimitarasubdivisãoregionalà três grandes unidades: 1
.
A sub-região Serrana,
Cujo nome evoca vantajosamente a paisagem montanhosa queseencontratanto naserra daBocaina,
comonoaltodaserra do Mar ou nosarredoresde Apiaí;2.
A“
Planí
ciedoParaíba”
expressãoque exprimeo traçofundamentaldesta grande viadepassagem; embora compreendendooquese possaentenderpela expressão
“
Zona dá Mata”
,
usada pelo C.
N.
G,
rejeitá
mo-la sem hesitação,
porque é abusivamente enganadora; 3.
Finalmente,
a sub -regiãoda“
Mantiqueira”
,
tomado taltermono seumaislato sentido.
1
.
A sub-
regiãoSerranoA sub
-
região Serrana foi,
por sua vez dividida em quatro zonas,
que nos parecem representar,
na verdade,
cada uma,
um organismo vivo e uma diferenciação na paisagem: a) a zona da Bocaina; b) a zona doAlto Paraíba; c) azona de São Paulo; d) a zona daSerra deParanapiacaba
.
As duas primeirasse justificam demaneira fácil: ada
“
Bocaina”
,
por sua altitude,
sua situação marginale,
mesmo,
seu isolamento; e azonado“
Alto Paraíba”
,
com uma série de velhas pequenascidades serranas,
que serviram de pontos de passagem nos antigos caminhosque conduzemao litoral
.
51
' •
I .V
Sugerimos oreconhecimentodazona de
“
SãoPaulo”
,
tãooriginalpela existênciade suas colinas argilo
-
arenosas de umladoe de outro davárzea do Tietê,
como também pela sua intensa vida urbana.
Nãomantivemoso vocábulo
"
Industrial”
,
da nomenclatura oficial,
porque a estrita honestidade obriga-nos a reconhecer que a extensão do parque industrial paulista nãoé
tão grande,
como a que lhe foi atribuída peloC.
N.
G.
,
alé
m de nãopoder ficar noesque-
cimento sua ativa vida rural.
E’
um cuidado idêntico que faz com que,
segundon
ó
s,
deva o pequeno município,
de Salesó
polis ser ligado à zona do Alto Paraíba: êle nãopossui,
verdadeiramente,
nada de comum coma indústria paulista
,
nem mesmo com o raio de ação imediato dametr
ó
pole bandeirante.
Toca-se,
aqui,
numdospontosmais espinhosos dessa divisão regional: o respeito aos; limites municipais.
A divisão do C.
N.
G.
incluiu o municipio de São Roque na Zona Industrial,
ao passo que excluiu dela o de Itapecerica da Serra,
cuja sede é um verdadeirosubúrbioda Paulicéia.
Arealidadeéainda mais complexa:estes dois municípios
,
aos quais se podem juntar o de Cotia,
não,
seacham associados à vida da capital paulista senão em parte; uma grande porção de
,
seus territórios e de seus habitantes (a maioria;talvez) escapam
-
lhe completamente.
No ponto de vista geográfico,
não nos parece correto englobá- los in totum numa única zona,
qualquer queseja ela.
Este caso espinhoso se repete na zona da
“
Serra deParanapiacaba
”
.
Admitindo (embora lamentando) que se tome em consideraçãotodaumaunidade territorialadministrativa,
constituída por um município,
englobamos os municípios de Capão Bonito e deSãoMiguelArcanjo nesta zona daSerra de Paranapiacaba;e estamos
assim em boa companhia
,
a doC.
N.
G.
Mas,
consultemososmapasemque figura a rede hidrogr
á
fica,
assim como o mapa hisométrico e ogeo-lógico; todos eles concordam
,
mostrandocommuita clareza que tais municípios não pertencem à zona serrana,
a não ser em muitopequena parte
.
Quandose vem de Sete Barras pela nova estrada quelevaa SãoMiguel
,
umavez passado oAltodaSerra alguns quilómetros,
entra-se na região de campos
,
de topografia fracamente marcada; uma divisão verdadeiramente geográficaadmitiriaum limitediferente do das fronteiras municipais.
1
S
iI y?’í
íí
ú
É
ii1
i ii
II
: í3
i •riBOLETIM PAULISTA DE GEOGRAFIA,SÃOPAULO,n°89,p
.
45-70,2009Antes de terminar a caracterização desta zona da Serra de
* :•!
Paranapiacaba
,
devolembrar que renunciamosà
sub -regiãoeà
zona do“
Alto Ribeira”
,
pro-postaspelo C.
N.
G;,
porque os trêsmunicípios que aconstituem nãosão outracousasenão partestegítimasdaquelaserra
.
* íò
2
.
Aplaníciedo Paraí
ba•! íI
A adoção da fórmula
“
Planície do Paraíba”
,
como sub-
região doPlanaltoAtlântico
,
leva-
nosaafastar certosmunicípios {como Barreiro,
SilveiraseBana-
nal),
quefiguramna sub-regiãoda“
Mata”
enazona do“
MédioParaíba”
,
segundoaclassificaçãodo C.
N.
G.
Na verdade,
amata alinãoémais que uma reminiscência deoutrasépocase omédio Paraíba lheestá,
àrigor,
umpouco distante.
Sua ligaçãoà
zona daBocaina,
na sub -região Serrana,
está,
certamente,
mais de acordo com osensinamentosda paisagem
.
3
.
Asub~re^
ião do Mantiqueirai; A sub-região da Mantiqueira não deixou de oferecer
,
aos meuscolegas paulistas
,
matéria para muitas discussões.
O resultado foi,
aindauma vez,
desordenar umpoucoa divisãodoC.
N.
G.
Felizmente,
este lugar aprazível
,
que são os“
Campos do Jordão”
,
não criouproblemas
.
Em compensação,
ainclusãodeJundiaíe de Campinas na sub -região de São Paulo e na Zona Industrialfoi rejeitada.
Nem as formas do terreno
,
nem os solos,
nem o clima estão de acordocom aclassificação oficial.
As atividades industriaisdas duas cidades citadas têm grande autonomia em relaçãoà
s da capital; aproduçãoagrícolaé
,
pelo menos,
tãoimportantequantoàdas fábricas.
Sea divisãoemzonas funda- se na existênciadeunidades económicas e em fatos de relações e de circulação
,
ninguém pode recusar a Campinas uma função de“
capital”
regional.
Torna -se preciso reconhecer,
aqui,
um fato contraoqualsomos impotentes eque traz*Estepontode vista foidefendidopelo Prof
.
Otávio Barbosa,grande conhecedor dessaregiãobrasileira
.
' i. V I 53dificuldades a uma sistematização da divisão regional
:
Campinas,
sobretudo
,
e também Jundiaí
são municí
pios de contacto; por isso mesmo,
escapam a qualquer outra catalogação.
.
.
Devemos,
pois,
inclinar-
nosdiante da realidade e,
consequente-mente,
considerar àparte uma zona de
"
Campinas"
.
Mas o problema torna
-
se cada vez rnais delicado: esta zona deCampinas tem uma existência económica pr
ó
pria e,
tomada comotal
,
seuslimites deveriam ser levados atéà
scidades de AmericanaePedreira
.
Estamos em face de uma região económica cujos limites sobrepõem-se aos das regiões naturais.
No caso agora considerado,
estabelece-
se ela ao mesmo tempo na região do PlanaltoAtlântico ena da Depressão Paleozoica; chega a abranger
,
mesmo,
tonalidadespaisag
í
sticas mais variadas.
Entretanto,
salvo má
compreensão de nossaparte,
ométodoseguidonaconfecçãoda divisãoregional aceitacomo princ
í
pio que uma“
zona”
,
ainda que fundada sobre fatoseconómicos
,
nãopodeserinscritasenão nointerior deuma sóeúnicasub
-
região; e que,
demais amais,
ela pró
pria temsuaunidade fundada sobre critérios fí
sicos, isto estabelece corno que um primeiro postulado: que a região fí
sica determina a existência da regiãoeconómica; do que resulta um segundo postulado: que uma unidade f
í
sica corresponde sempre auma unidade culturalou económica.
Pelo contrário
,
os fatos correntes ensinam que uma zona,
possuindo uma uni-
dade económica e gravitando em torno de um centroregionalurbano,
équase sempreconstituídapelacoexistência de numerosas células,
cujas produções não são as mesmas e cujoshabitantesnão t
ê
m os mesmos gê
nerosdevida.
Uma zona económicaé
,
pois,
formadadecélulas,
cujainfra-
estruturafísicanãoéa mesma.
Bemao contr
á
rio,
tudo sepassade modo anosprovar quea unidadeecon
ó
mica superpõe-se à variedade fisica; são a variedade físicae ájustaposição de recursos naturais
,
frequentemente complementares uns dos outros,
que,
ao mesmo tempo,
dão origem à unidadeeconómica
.
OmétodoseguidopeloC.
N.
G.
levaapensar queasdivisõesregionais se encaixamumas nasoutras como aquelas construções com asquais brincam ascrianças: paralelep
í
pedoscombonitas figuras (as“
paisagens”
dos geó
grafos),
que entramumasnasoutras.
Nosso maior paralelepí
pedo éa unidade fisiográ
fica;o volume de tamanho médior
BOLETIMPAULISTA DE GEOGRAFIA,SÃO PAULO,n°89,p
.
45-70,2009 é a unidade de paisagem; e o menor,
queé
o económico,
entraautomaticamenteno médio
,
que nãopodesenãoencaixar-séno maior.
InfeLizmente
,
estauniformidadenãopassade uma simples concepção teórica.
Pensamos que seria desej
á
vel procederà
organização de umadivisão regional fundada exclusivamente sobre dados da geografia f
í
sica,
isto é,
naexistência deregiõesnaturais.
Paralelamente,
seria desejá
vel focalizar regiões cujaunidade seria fundada sobrefatos da•!j
geografia humana: gêneros de vida
,
tipos de ocupação do solo,
relações económicas
.
Em seguida,
mas somente em seguida,
poder-se
-
iam comparar os resultados das duas pesquisas e tirar conclusõespr
á
ticas,
diretrizes positivas,A sub
-
região“
Cristalina do Norte”
desaparece em nossaclassificação para se incorporar à sub-região daMantiqueira
,
de que ora tratamos.
Não existe diferença fundamental entre as serras do Japioudos Cristais,
ramificaçõesda Mantiqueira,easserrasdaregiãolimítrofe de SãoPaulo e Minas Gerais
,
desde Bragança até
Mococa.
As,
formas do relevo e as rochas permanecem as mesmas; o
comportamento geraldapaisagem
é
constante.
Entretanto,
pareceu-nos necessário traçar,
dentro de seus limites,
duas zonasdistintas: ade
“
Bragança”
e a da“
São José do Rio Pardo”
.
A primeira destas zonas possui um desenvolvimento industrial de relativa importânciaerelaçõescom a capital paulista ou com ocentro de Campinas fatos
quenão conheceazona de SãoJosédoRioPardo
.
Além disso,
azona deBragançaé sensivelmente maismontanhosa noseuconjun-to,
quea outra
.
E,
finalmente,
se ficamos fiéis ao conceito de"
zona”
,
tal como foifixadodeiní
cio,
todapossibilidade de englobar,
nunia zonasó
,
Bragança e Caconde desapareceras relações norte-sul são quase inexistentes e a direção dos contrafortes da Mantiqueira,
impõe,
ao contrário,
separaçõeserelaçõesno sentido oeste-
leste.
É suficiente lembrar o grande nú
mero de pequenas cidades ainda ativas;mesmodepois da decadência do café
,
para calcular como quase cada vale viubrotar umcentro devida paulista-
mineiro,
massem ligaçãocom suas simétricas,
situadas mais ao norte ou mais ao sul.
Observaçõesf-j mais precisas conduziriam
,
talvez,
a admissão cie umadivisão ainda:' •
PIERRE MONBEIG
maior
,
nummais elevado número de zonas económicas.
Em todo caso,
as duas que indicamos no mapa são consideradas indispensáveis.
*1
:íi'
!
i
9
A DEPRESS
ÃOPALEOZOICA
O grupo paulista da A
.
G.
B.
adotou uma divisão tripartida para aregiãoda Depressão Paleozoica: 1
.
Asub -regiãodosCamposGerais;2.
A sub-região do Médio Tietê;
3.
A sub-
regiãodosCamposCerrados.
Em lugar da sub-regiãodas
"
Campinas de Sudeste”
,
à
qualo planooficialfaz corresponder uma única zona
,
propomos uma sub-regiãodos"
CamposGerais”
,
maisvasta e com duaszonas.
Neste caso,
desdequese fala sempre em
“
campos gerais”
,
porque introduzir o termo“
campinas”
? E que significação verdadeira possui a expressão“
de sudeste”
? Se nos limitarmos ao Estado de São Paulo,
compreende-sebem; mas o sentido desaparece
,
se o considerarmos no conjunto dáDepressão
.
Enfim,
gostaríamos de saberse foramencontradasdiferenças taisentreavegetaçãodestaregiãopaulistae adasua vizinha doestado do Paraná
,
que justifiquem duas denominaçõesdiferentes (“
Campinas”
e“
CamposGerais”
).
Parece
-
nos que,
pelo contrário,
há interesse em adotar uma nomenclatura que exprima a continuidade da paisagem vegetal.
Compreendemos esta sub-região
,
fazendo entrar nela municí
pios comoTatu
í
eBofete,
marcadosna zonade“
Piracicaba”
,
peloC.
N.
G.
Refletindosobre o caso
,
e a tí
tulo pessoal,
duvido que nosso ponto de vista sejajusto seocolocamosexclusivamentesobreoterrenoda geografia física
.
Mas
,
estouquasecertodequeé abusivocolocar Tatuí
naórbitaeconómica de Piracicaba.
Quantoàsduaszonasinscritasnesta sub
-
regiãodos Campos Gerais,
são elas: a de“
Itapeva”
e a de“
Sorocaba”
.
Sentimos necessidade de conservar algo de especial para acentuar a importâ
ncia de Sorocaba;í
IiI
3 i .i
•v ii (*0município deMococafigura nointerior da zonade SãoJosédoRio Pardo,ao passo que
o C
.
N.
G.
o colocou naDepressão Permiana,zona da Mojiana.
É ainda o caso dosmunicípios
,
queum grandeesforçodeboa vontade seriaoúnico capaz deincluirnumasóregiãoou zona
.
Preferimos nossasolução,
considerandoque afamade Mococa lhevemde seuscafezais
,
eque estes nãoestáoabsolutamentena partepaleozoica doBOLETIMPAULISTA DEGEOGRAFIA,SÃOPAULO,n°89,p.45-70,2009
além dé sua fama
,
que não é independente dos caracteres físicos(contacto entre a Depressão é as terras alfas; passagem da zona dos campos para a das florestas)
,
sua função industrial autónoma,
suámoderna influência regional
,
merecem ser mencionadas.
A segunda sub-região da Depressão Paleozoica recebeu
,
de nossaparte
,
onome de“
MédioTietê”
.
Ogranderio paulistaébema chaveda paisagem destaregião;êleeseusafluentes desenvolveram umaerosãomais ativaali
,
que na sub-região dosCamposGerais;alé
m disso,
foramos responsáveis por aquele formigamento de colinastão
,
tipico,
emtodosos munic
í
pios,
desde Itu até São Pedro.
Quanto à zona dita de“
Piracicaba”
,
delimitada pelo C.
N.
G.
,
nós a conservamos,
embora reduzindo-
a aproporções bem maismodestas.
Sobre que pode repousaraexistênciade uma zona dePiracicaba?Evidenternente
,
sobre o raio deaçãodesta cidade
,
emprimeiro lugar; depois,
sobreodesenvolvimento da cultura da cana de açúcar e o aparecimento recente da policultura empequenaspropriedades,
que surgiramaoladodas grandes plantaçõescanavieiras
.
Secóm istoestivermosde acordo,
cumpre delaexcluircertosmunicípios
,
cóhio Araras,
Leme,
Rio Claro e Limeira,
além de outros,
comoItueSalto
.
Osprimeirosescapamàinfluênciado rio Tietêe otipode vegetação
,
que nelesse encontra,
lembramaisodePiraçununga que o dePiracicaba;ocaféaliconservaumacértaimportância,
mas o algodão,dô lado da laranja
,
têm aliolugar qúe ocupaacana de açúcaremTietê,
PortoFeliz
,
Piracicabae Santa Bárbara.
ComItu,
reencontramosquaseo mesmo problema que em Campinas: a posição decontacto entre duas regiõesfisiográficas eumapequenaregiãoquepossui seucentropróprio de vida urbana e sua indústria independente,
com Salto.
Tôdas está
sconsideraçõeslevaram-nosadividirasub-regiãodoMédioTietêemduas zonas:a de
"
Piracicaba”
eade"
Itu”
.
0 norte da DepressãoPaleozoica temavantagem denos oferecer uma vegetação característica:ados
“
CamposCerrados”
.
Daí aadoçãodeumasub
-
região,
quecorrespondeados Campos Gerais deSudeste.
Nadivisãoem zonas
,
o nomede“
Mojiana”
,
adotado peloC.
N.
G.
,
nãoé
conservado; para os paulistas,
a“
Mojiana”
é o conjunto dos municípiosservidospelavia-
férreadestenome,
isto é,
tantoFranca e Ribeirão Preto,
como Casa Branca,
Moji Mirim e Moji Guaçu.
A expressão de“
zona da Mojiana”
,
por conseguinte,
dá lugar a 57confusões
,
além deser aplicada a um vastogrupo de municípios quenão possuem a menor unidade natural
.
Conhecendo os matizes dorevestimento vegetal e
,
sobretudo,
tendo em conta os tipos de povoamento,
de ocupaçãodo soloede funçõesurbanas,
admitimos a existênciade duaszonas: uma denominada de“
Rio Claro”
eoutra de“
Piraçununga”
.
Maisumavez
,
assinalemosa maneiraarbitrária queéprecisoadotaraqui para introduzir
,
por inteiro,
o município de Descalvado ou o deTambaú na sub-região da Depressão Paleozoica; ambos possuem terras na Depressão
,
como na cuesta e sobre o planalto.
A geografia deve,
aindauma vez
,
sujeitar-sea normasque lhe sãoestranhas.
0 PLANALTO OCIDENTAL
Analisemos
,
enfim,
aúltima grandeunidade regional admitida pela SecçãoRegional deSãoPaulo da A.
G.
B.
:o“
PlanaltoOcidental”
,
dentro do qual reconhecemos três sub-
regiões distintas: 1.
A doAltoPlanalto; 2.
A doMédio Planalto; 3.
Adas Matas do Rio Paraná
.
1
.
Asub-
regiãodo Alto FJlanalto*
1
1
í
!
::il
11
JAprimeira sub
-
regiãodoextensoPlanalto Ocidental foichamadade“
Alto Planalto”
.
Em nossas discussões,
outros nomes foram propostos,
como sub-regiãodas"
Cuestas”
ou das“
Chapadas”
e,
ainda,
sub-regiãoda
“
Borda doPlanalto”
;mas,
afinal,
onúcleo regionalpaulistapreferiu conservar parcialmente a nomenclatura do C.
N.
G.
Para leste
,
esta sub-regiãoé
mais facilmente delimitá
vet peloescarpamentodas inumeráveisepseudo
-
”
serras”
.
Paraoeste,
atarefaémenos simples
,
pois as fronteiras devem identificar-
se com as dos municípios.
No entanto,
bemou mal,
conseguimos acompanhar maisou menosrigorosamente acurva hipsométricados 600metros.
Paraonorte,
era paradoxal colocar fora do Planalto Ocidental paulista a cidade de
Francaeseusarredores
,
porqueaaltitude aliultrapassalocalmenteos1200 metros
,
atingindo um recorde.
Esta observaçãofaz-nosrenunciarà
chamadasub-regiãodo RioGrande
,
propostapelo C.
N.
G.
Paraosul,
nasproximidades do rio Paranapanema
,
o mapa geológico impeliu-
nos aA 4 í i -ií i 58
r
BOLETIMPAULISTA DEGEOGRAFIA,SÃOPAULO,n°89,p.45-70,2009 prolongar a sub-região a altitudesinferioresa 600metros; tivemosem conta o fato de que a região de Piraju
,
Xavantes,
Ipauçu,
Ourinhos éuma grandefaixadeterra-roxa
,
simétrica,
até
certo ponto,
àquelaquef
ê
z a fama deRibeirãoPreto.
Tive confirmadoêstèpontode vista ao ler,
noBoletimGeográ
fico
,
oresumo de umatertúliadoC.
N.
G.
consagrada às observaçõesdeexcursionistaschegadosdaregiãodonortedoParaná.
Dir-se-á
quemultiplicamosaszonasemtodoestePlanaltoOcidental.
Lá onde o C
.
N.
G.
,
por exemplo,
admitiu uma única zona - a de Araraquara,
ospaulistas colocam nada menos detrês.
Assim procedendo,
curvarmo-nos ante os fatos observados,
mantendo toda fidelidade aoconceito dezona
.
OinteriordoEstado oferecea caracterí
sticadepossuir numerosas cidades,
em tornodasquaisgravita umverdadeiro“
sistema”
de pequenoscentros urbanos,
submersos numa espécie de"
nebulosa”
rural
.
Assim,
Jaú
tem seu cortejodecidadesènãopossuiamenor relação com Araraquara e suaclientela;amesma cousaacontececomSãoCarlos.
Estendemos azona de Araraquara para o interior,
maisdoque o havia feitooC.
N.
G.
,
retirando da zona de Rio Preto cidades como Jabuticabal,
quelhe sãoradicalmenteestranhas
.
Tenhamosa coragemde afirmá-lo:tudo
,
nesteparticular,
temmuitoI; dearbitr
á
rio.
Paradelimitar sub-regiõesezonasriointerior deSão Paulo,
não temos quase cartas topográficas e não possuímos monografias regionais
.
Se nosdecidirmosadesprezar essas faltas e organizar,
custeoque Custar
,
uma divisão regional a priori,
expomo-nos acometer erros sobre erros.
Nossos conhecimentos empí
ricos são nossas únicas armas.
Por isso
,
devemos dizerclaramenteque nãopretendemos,
emabsoluto,
ter executado um trabalho sem falhas; muitopelo contrário
.
Entretanto
,
depois queoproblema foi proposto,
é
necessário chegaràsolução
.
Eisporque,
ainda quecalculandoosriscos,
prestamosamaior atençãoaesseproblema,
sendo,
necessá
riomais de um seminário paraterminar adivisão em zonas desse Planalto Ocidental
.
Empoucas palavras
,
eiscomodefinimoscadaumadaszonas pornós admitidasna sub-regiãodo Alto Planalto:a) azona de
“
Tiraju”,
que conserva aindaplantações decafé
muito prósperas,
com‘
rendimentos que estãoentre osmelhores doEstado,
eá
reas de fortesdensidades depopulação;b) azona de
“
Botucatu”
,
queengloba elementosgeográficos díspares(planaltos arenosos coin
“
cerrados”
,
as cuestas recobertas de mata,
ovale do Tietê com suas várzeas); o recuo do café ali chegou a um desaparecimento quase completo em proveito das
"
invernadas”
,
da criaçãoedas plantações dealgodão (Avaré);c) a zona de
“
Jaú”
,
queconseguiu manter sua tradicional lavoura cafeeira,
conservando o centro urbano (que deu nomeà
zona) seu prestígio local;d) azonade
“
SãoCarlos”
,
que possui vastaspastagens,
mantendoacidade uma funçãointelectualapreciável
,
adespeitodadecadência geral; e) a zona de“
Araraquara”
,
com recursos maisvariados,
porqueocafécoexiste comoalgodão
,
acana deaçúcare comboas“
invernadas”
;a pequena propriedade desenvolveu-se sem que as grandes fazendas desaparecessem de todo
.
As indústrias ligadas à produção agrícola animam Araraquarae Jabuticabal; masasindústrias independentes dos recursosnaturais locaissãoíndices de uma avançadamaturidade(têxteis,
fábricas de meiasedechapéus);f) a zona de
“
Ribeirão Preto”
,
em situação quase idêntica à daantecedente enaqual os progressosdacriação
,
por influência deMinasGeraiseGoiás
,
nãoconseguem eliminar ocafé;g) a zona de
"
Franca”
,
com seus altos planaltos,
onde,
pelocontr
á
rio,
aretiradado cafévem se processando demodoaceleradoe aespeculação encorajou a criaçãode luxo- ozebu reprodutor
.
2.
Asub-
regiãodoMédioPlanaltoNão hesitamos em desviar-nos radicalmente das divisões adotadas peloC
.
N.
G.
em relaçãoà
s outrassub-
regiõesdoPlanalto Ocidental.
Aoinv
é
sde duas sub-
regiões-a“
Cafeeira”
e a“
Pioneira”
,
preferimosumaú
nica,
que denomina-mos de sub-
região do“
MédioPlanalto”
.
Por que nãoadotamososnomes escolhidospeloC
.
N.
G.
? Emprimeirolugar
,
-
porque o café
não pode,
infelizmente,
ser considerado comodominante indiscutível em uma tão vasta extensão territorial
.
Acreditamos mesmo que êle nunca o foi,
porque as terras de criação representam,
na verdade,
extensões bastante consideráveis.
Em seguida,
asub
-
regiãoindicada como“
pioneira”
,
começaanãoo sèr mais..
.
porque ?*
T £ ; tf. Vf Id rm m.;. • Kl / ", . % m s -r: : :: í:• i 60BOLETIMPAULISTA DE GEOGRAFIA,SÃOPAULO,n°89,p.45-70,2009
ascousas caminham depressae cidades que eram novas
,
há dez anos,
estão desde já em competição e rivalizadas por cidades mais jovens è mais afastadas.
Enfim,
dirigimos umacriticade conjunto aos dóisnomesde sub
-
regiões"
Cafeeira”
e“
Pioneira”
: se,
até o presente,
o critérioseguido para definir as sub-regiões fundou-se nos aspectos f
í
sicos da paisagem,
introduzem-se subitamente noções humanas e móveis;esta nomenclaturade fundo agrí
colae económicosurpreende tantomaisquena região tão tradicionalmente ligada à cultura da cana
,
no Estado dePernambuco
,
nãohá
nada queoevoquenalista oficialdas sub-regiões edas zonas daquele estado nordestino
.
Não seria prudente conservar,
omais possível
,
uma certa uniformidade,
capaz de guiar um leitor queconheça mal opais?
Eis porque nos pareceu conveniente reunir as duas sub-regiões em
uma só
,
que é,
para nós,
o“
Mé
dio Planalto”
.
Grosseiramente,
são osterrenosdasérie Bauru eumaparte doCaiuá(conformea representação da carta geol
ó
gica estadual); são aqueles planaltos frequentemente desarborizados,
cortados pelos riosquesedirigemparaacalha do Paraná.
Aocupaçãodosolo não estáigualmente bemresolvida;ascircunstânciashistóricas e económicas do povoa-mento traduzem as diferenças da paisagem
,
pelomenos tanto quanto as pequenas tonalidadesde solo edeclima
.
Mas,
na impressãodeconjunto,
permanecea monotonia.
Nestamonotonia,
comoreconhecercom exatidãoassubdivisõesemzonas? O que hav
í
amos indicado de iní
cio,
a fragilidade da marca dohomemna paisagem
,
éaquimaisverdadeirodoque nunca.
E a rapidez comque se transforma ointerior paulista confere um grau deextremarelatividadeaoslimites daszonas que vamos propor;comrigor
,
aceitá
veisem 1946
,
não o serão provavelmenteem1950.
O C
.
N.
G.
indica,
neste ponto,
as zonas da Sorocabana,
deMarí
lia,
deRio Preto,
deBarretose a zonaPioneira.
Acérisura
paulista franziuas sobrancelhas.
Zonada Sorocabana? Sente-sequesequis
,
aqui,
conservar o hábitodospautistasemdesignar asregiões pelonomeda companhia de estrada de ferro queas atravessa;idéia excelente
,
que retomaremospor nossaconta
.
Má
s as populações dos municí
pios que se sucedem,
depois deSalto Grande até Presidente Venceslau
,
servem-se de uma outraexpressão
,
a nosso ver bem mais significativa:
“
Alta Sorocabana”
.
SeT : í
i
i -:: v it i
1 .'I íi ? :i II
1
I
aitI
m 1 ii1 61PIERREMONBEIG
dissermosaumfazendeirodePresidente Prudente queêlemora nazona
daSorocabana
,
logo nos corrigirá,
respondendoque estaéa do lado deSorocaba e de Laranjal
.
Pensoqueestaremos de acordoemadmitir que nãoexiste interesseemcomplicarascousaseemarriscarmosaprovocarerros
.
Julgo ter sublinhado bastante o interesse geográfico dacidade de
Mar
í
liaesua importância regional para poder; aqui,
recusar aprovação à denominação de“
Zona dé Marí
lia’
'
.
Atualrnerite,
a rainha da zonapioneira paulista não tem mais direito a este t
í
tulo e seu reino nãoé
mais tão vasto como o traçaram nossos amigos do C
.
N.
G.
Uma pessoa nãoprevenida,
lendoalistademunicí-
piosincluídos naZona deMarília,
pensará que a vida comercial,
bancária e intelectual de todos eles centralizam-
se em Marí
lia; se o nome desta cidade foi escolhido depreferênciaaode outras
,
éporque - pensar-
se-
á
- ela eclipsa todosos demais.
Ora,
olhemosomapa;mostra-nosque duasvias-férreas alongamseus trilhos através da zona de Mar
í
lia - a Comp.
Paulista e a E.
F.
Noroeste,
quese afundaatéoPantanalmatogrossense.
Sóa“
Paulista”
serve Marília
,
efetuando algumas capturas económicas em detrimento da“
Noroeste”
,
masnão ao pontodeaniquilá-la.
Há,
porém,
umgrupode municípios - tais como Bauru
,
Pirajuí,
Cafelâ
ndia,
Lins,
Pená
polis eBirigui
,
cujas ascolheitas dè café e algodão escapam inteirarnente daórbitadeMarília
,
cujoshabitantes nadatêmdefâ
zer nestacidade?Pois municí
pios do“
Noroeste"
sãosensivelmenteanteriores,
aosde Marí
lia,
Garça,
Pompeiaé
Tupã; as florestas ali são mais raras; a população comporta uma porcentagem maior de italianosou de descendentes deitalianos
.
Em resumo:a Zona déMarília, traçada pelo C.
N.
G.
,
deve ser reduzida a suas verdadeiras proporções.
A realidadequeunea
“
ZonadeRio Preto”
nãopodesercontestada comoacontece com adeMarília.
Asduas cidadessão"
capitais”
regionais.
Masa região riopretense teria sidobem delimitada?Não ócremos.
Nem emBebedouro,
nememJabuticabal,
nem emTaquaritinga,
nem mesmo cmCatanduva,
existeosentimento depertencer à esfera de influência da cidade de Rio Preto, Podar -se-
á
,
talvez,
considerar a possibilidade deuma“
Zonada Araraquarense”
,
que corresponderiaàda Sorocabana.
Mas,
mesmo assim,
aestazona faltariaa necessáriaunidade.
1 I
1
' 11
L : i & J: i. fj1
i 4 I à I íBOLETIMPAULISTADEGEOGRAFIA,SÃO PAULO,n°89,p.45-70,2009
Adelimitaçãoda Zona deBarretostambém parece
-
noscriticável.
Se quisreunir municípiosnosquaisa formaprincipalde ocupaçãodosolo é a“
invernada”
para a engorda,
torna-se indispensá
vel juntar-lhe osmunic
í
piosdeNovaGranada,
Palestina,
Paulo de Faria,
Colina emesmoBebedouro(ondeacriação seequilibracomo café)
.
Se pensouemgruparos municípios
,
cujos habitantes estão em constantes relações comBarretos (relações de negócios e de outra natureza)
,
convém retirar Olimpia,
queéumpequenocentro autónomo,
comseusprópriossaté
lites,
e Ituverava,
cujas relações parecem ser mais diretas com Franca oumesmo com Ribeirão Preto/
Nodecorrerdasreuniõesdo n
ú
cleopaulista,
tentamoscompreendero que havia guiado os autores da divisão regional que discutíamos
.
E esteesforço de compreensão levou alguns,
de nós a pensar que nossosamigos cariocas tiveram sempre em mente a disposição geológica
paulista: esses semi-circulosque sèdispõem tãoharmoniosamente nos
mapas e essa dupla linha de cuestas (à primeira
,
muito nítida,
correspondendo aos arenitos de Botucatu e aos diabásios; a segunda,
menosprecisa
,
correspondendoaos.
arenitos de Bauru),
esta fidelidadede estrutura teriaincitado a admitir zonasgrosseiramenteparalelasàs
linhas decuestas
.
Para dizer a verdade
,
não sei se essa interpretação paulista corresponde à que orientou nossos colegas do Rio de Janeiro e,
de qualquer forma,
nãoé
inútil lembrar sumariamente êsse aspectoconstrutivo dageografiafísicado interior paulista
.
Porque a penetraçãohumana está em contradição com ele; o povoamento faz-se
,
não emfunçãodascuestas
,
mas do reverso dos planaltos.
Aslinhasdepenetração sãoperpendiculares aos escarpamentos; rodovias evias-férrèascorremparalelamentesobreosplanaltos
.
Como jáficoudito,
anoção espontânea deregião nãoexisteentre estaspopulaçõesdoPlanaltoOcidental,
senãoem função das estradasdeferro;sãoregiõesalongadas
,
fitasestreitasecompridas
,
quese tornanecessá
riodesenhar emnossosmapas.
Sea AltaSôrocabana;aAltaPaulista
,
a Noroeste e aAltaAraraquarense jáexistem,
emboraumtantoconfusas,
masconhecidasdo povo,
porquenão tomá
-las comopontode partida ?*Nova Granada parecemanterrelaçõesmais estreitascomOlímpiadoque comRioPreto
.
j í
1
4!
I
il
1i
Ú
63PIERRE MONBEIG
Voltemos
,
maisumavez,
ao critérioescolhidoparaoestabelecimento das zonas: consideração das relações económicas e das influê
ncias regionais das cidades.
Nessasregiões,
queaindanão seacham decadentese onde a fase pioneira começa apenas a
“
ésfumar-se”
no passado,
opapel das cidades foi decisivo; sobretudo
,
o das cidades“
bocas de sertão”
,
aquelasque foram durante alguns anos o ponto,
final da via-férrea.
Essas cidades terminais projetavam suas relações para frente,
emperpétuaofensiva
.
Quando
nascia um centro urbano,
nova“
bocade sertão”
,
esta rec ém-
nascida inquietava-se pouco em relação àspopulações e às produções da retaguarda; ao contrário
,
olhava para afrente.Aantiga
“
bocadosertão”
conseguiamanterpelaforçadohá
bito,
graçasaseus negocianteseseusbancos,já conhecidos,
osseushospitais,
eseuscolégios,
umainfluênciasobrea ex-
zona pioneira; passavaa ser a“
capital”
dê uma região que atingiuuma certa maturidade; conseguiamesmo conservar umcerto atrativosobreos habitantesdasregiõesque
se abrem mais além
.
É este processo de desdobramento das funçõesurbanasa causa deduas
“
capitais"
regionaisao longoda Alta Sorocabana:“
Assis”
e“
PresidentePrudente”
;ededuas“
capitais”
regionaisna zonadaNoroeste:
“
Bauru”
e“
Araçatúba”
.
Por issomesmo,
admiti-mos quatrozonas
,
quecorrespondem,
cada qual,
a estas quatrocidades.
Para além de Marília
,
não existe aindanenhuma cidade quesetenhaimpostocomo centroregional;oprocesso acha-se em seu estádio inicial
com o desenvol
-
vimento de Tupã,
mas penso que podemos conservar umazona de“
Marilia”
.
Acidade de
“
Rio Preto"
domina todos os municípios situados para aléme isto justifica otraçado que demosà sua zona.
No entanto,
uma cidadesituada próxima de Rio Pretocomeça a destacar-se: Catanduva,
centrodeuma
.
região algodoeira ricae que estendesua influência até NovoHorizonte,
apesar de ser finalde uma outra via-
férrea.
Por issomesmo
,
chegamos a cogitar em dar um lugar especial à zona de Catanduva;mas como,
emseguida,
soubemos queo raio de açãodestacidadenão seestendia aoutrosmunicípiosda
“
Douradense”
,
lembramosdetraçarempontilhadoolimiteentreduaszonas-a de
“
Catanduva”
e a da“
Douradense”
.
Não conseguimos tèr uma opinião certa,
sobre asubdivisão desse trecho regional
.
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I â 64BOLETIMPAULISTADEGEOGRAFIA,SÃOPAULO,n° 89,p.45-70,2009
3
.
>4sub-regiãodasMatasdoRioParanáChegamos ao fim desta exposição
,
tratando da terceira sub-região da grande região fisiográfica chamada Planalto Ocidental: a das
“
Matas do Paraná
”
.
Onomenãopode sersenãoprovisório
,
talcomo asflorestas...
E,
se as sub-
regiões n ão tivessem de receber denominaçõ esinspiradaspela suapaisagem f
í
sica,
ver -nos-íamostentadosafalar aqui numa sub-
região Pioneira.
A altitude aproximar-
se dos 400metros ou menos; as v
á
rzeas dos rios alargam -se.
Muitas vezes o solo é um dos piores de todo o Estado,
como em Caiuá e PortoEpit
á
cio;à
s vezes,
a terra-
roxa reaparece,
mas a umidade e seucortejo biológico tornam o povoamento difícil
.
Tr
ê
s zonas podemos distinguir nessa sub-
região.
A primeira recebeu o nome do município de
“
PresidenteVenceslau
"
,
não somente devido ao“
tabu”
municipal,
como se poderia acreditar,
bastando lembrar que Porto Epitácio centraliza a navegação e o transporte das toras de macieira; mas porque as estradas que se dirigem tanto para o Paranapanema,
corno para o rio do Peixe e para a lagoa São Pauto,
põem a pequena cidade de Presidente Venceslau em relações com as explorações florestais éagr
í
colas de caráter pioneiro.
A segunda zona é a de
“
Ándradina”
.
Parece que esta jovemcidadeexerceatualmenteumainfluência atémuito distante
,
pára o sul.
Sua agricultura desenvolve-
se de ano para ano.
Do outro lado do rio Tietê
,
poder-se-ia hesitar entre diversosmunic
í
pios,
ao tentar escolher olí
der dá
zona.
Aestrada de ferro vai até
Votupóranga,
ao passo que Fernandópòlisé
a base de partida para uma série depatrimóniosem formação.
Apesar disto,
“
Pereira Barreto”
tem a vantagem da idade,
da industrialização (seda) e acha-
se ligada,
pòr estradas,
a todos os núcleos de povoamento dos municí
pios jácitados,
recebendo deles diferentes produtos.
Âprudênciaobriga,
todavia,
arelembrai queasubdivisãoem zonas não seria senão provis
ó
ria,
nestas regiões em pleno desenvolvimento.
CONCLUS
ÕESESUGESTÕESQue
conclusões e que ensinamentos poderemos tirar do exame consciencioso a que sededicaram os sócios paulistas da A.
G.
B.
?Em primeirolugar,anecessidade de definir
,
tão exatamente quantopossível
,
sobquefundamentosdevemser estabelecidososdiversos tiposde subdivisões
.
Quais são os elementos que permitem delimitar,
rigorosamente,uma
“
região”
,
uma“
sub-região”
euma“
zona”
?É possível que um grande número de nossas divergências sejam
oriundas de um desacordo sobre este pontoinicial
.
Parece prudente relembrar
,
sem receio das repetições,
quécomeçamos nosso trabalho esforçando
-
nóspor compreender quais teriam sidooscritérios adotadospelo C.
N.
G.
aodistinguir“
região”
,
“
sub-região”
e“
zona”
.
Feito isto,
observa-mos estritamente as definições,
mesmo quando os resultados na prá
tica mos-traram-se enganadores.
Emconsequ
ê
ncia,
sealgumas de nossasdivisõesnãosãosatisfatórias(esomos os primeiros a concordar que elas existem),
tal fato prende-se a umvício fundamental
.
Além disso,
convém acentuar que talvez tenhamoscompreendido maloque sejam uma
“
região”
,
uma“
sub-região”
éuma“
zona”
,
dentro do conceito dos organizadores da divisão regional.
Se cometemosalgum erro,
deixai-
nos pensar que outros também poderãofazê-lo
,
o que serve para mostrar que é indispensável dar definiçõespreliminares
.
Em seguida
,
entramos em choque constantemente com aincompatibilidadedos
“
limites administrativos municipais"
e oslimitesgeográficos
.
É impossívelsujeitar-seàsfronteiras municipais aotentar -se construir uma divisão geográficaou económica.
Talcaso assemelha-se ao dás fronteiras polí ticasentre os países;não é o
“
quadro”
o mais importante,
mas o que fica dentro dele.
Para repetir uma fórmula clássica: nãoéo continente,
maso conteúdo.
Nodecorrer deste simplesrelatório
,
tive oportunidade de assinalar vários exemplos que comprovamasdificuldades oriundas da obrigaçãodetraçar oslimites das regiões
,
das sub-regiõese das zonas,
escravizando-nos aoslimites municipais.
Nosso colegaFernandoMarquesdeAlmeidapoderia dizeraqueponto adivisãodo Estado de Mato Grosso
,
que frequentemente visita,
encheu-9 r
*
: % 3 Mí
l
:*
K l ; n I S C ,BOLETIMPAULISTADE GEOGRAFIA,SÀOPAULO,n°89,p
.
45 -70,2009r
i
o de surpresa ecomo tendo ensaiado trazer aquiuma divisão regional
geográfica
,
a tarefa tornou-seimpossível,
pelofato de ter deseguir asfronteiras dos imensosmunicípiosmato-grossenses
.
OC.
N.
G.
teveuma iniciativa louvável não tornando obrigatória a coincidência entre asfronteiras das regiõeseas dosEstudos; ora
,
uma vez que se admite quearealidadegeográficaou económica pode nãocorresponderàsfronteiras estaduaislógico será admitir
-
se que o mesmo aconteça em relação àsfronteiras municipais
.
Mais fá
cil será admitir que os limites regionais devamcoincidircomas fronteiras dos Estados,
seassimasnecessidadesadministrativaso exigirem
.
Finalmente (e esta conclusão parece-nos a mais importante)
,
verificamos mais uma vez que as
"
regiões humanas”
ou,
se fôrpreferível
,
"
económicas”
ou“
culturais”
(o importante é saber se oquese procuraeo sentidodado
à
spalavras)não podem ser inscritasopriori nas
“
Unidades naturais”.
Sãoduasordensdecousas,
distintas.
Do ponto de vista científico,
torna-se a cair no determinismo anacrónico,
quando se teima em fazer coincidir a“
região natural”
com a“
região humana”
.
Se se encara a aplicação pára fins administrativos,
económicos ou demográficos,
políticos em uma palavra,
é perigoso violar-se a realidade; partindo de princípios erróneos,
chegar- se-á a uma divisão regional muito diferente da realidade;e daiaumapolítica(noverdadeiro sentido do termo),
queirá de encontro ao real
,
senão para a calamidade.
Reconhecer e cartografar as regiões naturais doBrasiléuma tarefa; reconhecer e cartografar suas regiões humanasé
umaoutra tarefa.
Todas duas sãodacompetência do geógrafo; todas duas têm umcaráter científico e
todas duas
,
em conjunto,
devemservir para fins práticos.
Devem elas caminhar paralelamente,
para que se possa,
em seguida,
confrontar seusresultadose tiraras conclusões.
Confundi-
lasemsuas origens eem suas realizações não pode senão criar confusões e levar
à
impotência
.
Emresumo: nossaSecçãoRegionalconsidera queadivisãoregional deSãoPaulo
,
estabelecida peloC.
N.
G.
,
éinteiramente lógica,
tendo em consideração os pontos de vista iniciais.
Omelhor conhecimento dos lugares e dos fatos,
de todo normal de nossa parte,
levou-nos afazer