CURSO ON
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LINE DE FORMAÇÃO DE
LINE DE FORMAÇÃO DE
ADMINISTRADOR JUDICIAL
ADMINISTRADOR JUDICIAL
Olá, quem bom que estamos juntos
novamente!
Agora que você já concluiu o primeiro
capítulo
do
curso
on-line
de
Administração Judicial da Central de
Perícias e já sabe quem pode ser
Administrador Judicial, nós iremos para
a próxima etapa.
Portanto, eu e você nos encontraremos,
mais uma vez,no ambiente deste curso.
Qualquer dúvida ou esclarecimentos,
estou sempre a sua inteira disposição.
Frisando o meu contato:
e
MSN:
ciro@centraldepericias.com.br
Portanto, bom curso e no que precisar
pode contar comigo. Boa sorte!
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
Bem-vindo ao capítulo 2. Neste capítulo você vai
conhecer e aprender muita coisa sobre a Administração
Judicial:
DA ADMINISTRAÇÃO JUDICIAL
2.1 – Qual o papel do Administrador Judicial
2.2 - Quais as atividades e tarefas do Administrador
Judicial
2.3 - O que é Recuperação Judicial
2.4 – O que é Falência
2.5 - Como se dá a Nomeação do Administrador Judicial
2.6 – O que é o Comitê de Credores
2.7 – O que é Assembléia-Geral de Credores
2.8 – Classificação dos Créditos na Falência
2.9 - Honorários do Administrador Judicial
Qual o papel do Administrador Judicial
Qual o papel do Administrador Judicial
A indicação de interventor outorgada ao administrador judicial se justifica
na medida em que ele passa a exercer papel de autonomia sobre decisões até
então pertencentes a outra pessoa, como se vê:
“Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê,
além de outros deveres que esta lei lhe impõe:
(...);
(...) elaborar a relação de credores (...);
(...) consolidar o quadro geral de credores (...);
(...) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou
empresas
especializadas (...);
(...) fiscalizar as atividades do devedor (...);
(...) requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida (...);
(...) examinar a escrituração do devedor (...);
(...) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida;
(...) receber a abrir correspondência dirigida ao devedor (...);
(...) arrecadar os bens e documentos do devedor (...);
(...) avaliar os bens arrecadados;
(...) contratar avaliadores (...);
(...) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos
credores ;
(...) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações (...);
(...) representar a massa falida em juízo (...);
(...) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias ao
cumprimento desta lei (...);
Quais as atividades e tarefas do Administrador Judicial
Quais as atividades e tarefas do Administrador Judicial
Ao assumir a administração do devedor falido e fiscalizar aquele em recuperação, o
Administrador Judicial deverá informar por carta, enviando-a aos credores já conhecidos nos autos, o
local onde se encontra à disposição dos credores e demais interessados, também as informações que
dispõe acerca de seus créditos. Dessa forma é garantido ao credor uma participação mais ativa na
recuperação e acesso às informações referentes ao cumprimento do plano de recuperação.
Terá que dar os extratos dos livros do devedor, para que sirvam de fundamento nas
habilitações e impugnações de créditos. Esses extratos deverão ser confeccionados por perito
contador devidamente habilitado.
O Administrador Judicial poderá exigir dos credores, do devedor ou seus administradores
quaisquer informações, sem precisar requerer ao juiz, dispondo, assim de poderes que independem
do provimento jurisdicional. Essas informações são necessárias justamente para que possa haver a
interação do Administrador Judicial com todas as causas e situações anteriores e concomitantes à
recuperação judicial, estando assim, a par da real situação financeira da empresa e suas
possibilidades de recuperação.
É determinado ao Administrador Judicial providenciar a publicação de edital contendo a
relação de credores, bem como elaborar o quadro-geral de credores a ser homologado pelo juiz.
Deverá ser convocada pelo Administrador Judicial a assembléia-geral de credores nos
casos previstos na LRF ou quando entender necessário ouvi-la para tomar determinadas decisões.
Quanto ao exercício de suas funções, poderá contratar, sempre mediante autorização
judicial, profissionais ou empresas especializadas para auxiliá-lo. Ora, haverá recuperações de maior
volume, fazendo com que seja necessário ao Administrador Judicial assessorar-se de pessoas ou
empresas especializadas em determinadas áreas as quais este não sinta-se apto a atuar com a
competência exigida. Cabe também, no exercício de suas atribuições, manifestar-se nos autos, não
somente nos casos previstos na LRF como também em qualquer momento em que se fizer necessária
para o correto andamento do feito.
Caso haja o descumprimento de qualquer obrigação assumida pelo devedor nos autos da
recuperação judicial, no prazo de dois anos contados do despacho que concede a recuperação
judicial, o Administrador Judicial, na função de fiscalizador, deverá requerer a falência. O
descumprimento é facilmente detectado pelo Administrador Judicial, através da análise e
levantamento das ações e decisões tomadas pelo devedor, já que aquele tem a obrigação de
apresentar relatórios mensais acerca das atividades do recuperando e outro acerca do andamento da
execução do plano de recuperação em muita coisa e terem uma boa cultura, não conhecem,
profundamente, todas as ciências, necessitando, portanto, de um auxiliar para prestar
esclarecimentos.
O que é Recuperação judicial
O que é Recuperação judicial
A recuperação judicial é o processo que tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
Tal conceito é extraído do artigo 47 da LFR, e deixa bem claro que as motivações da mudança da legislação falimentar, principalmente no tocante à criação do instituto de recuperação de empresas, estão ancoradas na busca de prevalência do interesse coletivo da sociedade. Não se quis com tais alterações (pelo menos ao que se declara) facilitar a vida do empresário, mas sim propiciar a preservação da empresa como unidade produtiva, visando os interesses da sociedade no tocante à preservação de empregos, produção de riquezas e arrecadação de tributos.
REQUISITOS PARA SE TER ACESSO À RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Primeiramente, reitera-se que somente o empresário (coletivo ou individual) pode ter acesso à recuperação judicial. As restrições, contudo, não param por aí. Mesmo sendo empresário o interessado, este ainda tem que atender a certos requisitos impostos pela LFR.
Nessa linha, poderá requerer recuperação judicial o devedor empresário que atenda os seguintes requisitos (art. 48):
a) no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos;
b) não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
c) não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;
d) não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de recuperação judicial para microempresas e empresas de pequeno porte;
e) não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na LFR; salvo se referidas pessoas já foram reabilitadas na forma da lei. f) Atente-se que a regra que enunciamos na letra "a" exige que o empresário exerça regularmente suas atividades. Logo, o empresário de fato (posto que este não exerce regularmente sua atividade) não tem direito de acesso à recuperação judicial.
g) Destaque-se, ademais, que, conforme já se adiantou em tópico anterior, os devedores proibidos de requerer concordata nos termos da antiga Lei de Falências na data de publicação da LFR também ficam impedidos de requerer a recuperação judicial, com exceção das companhias aéreas e de infra-estrutura aeronáutica.
O que é Recuperação judicial
O que é Recuperação judicial
CRÉDITOS SUJEITOS À RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos que se tenha contra o
devedor recuperando na data do pedido de recuperação, ainda que não vencidos. Esta
é a regra geral, inserta no artigo 49.
Cabe ressaltar, entretanto, que esta regra possui exceções, visto não estarem
sujeitos à recuperação judicial os seguintes créditos:
a)
no qual o credor tenha a posição de credor fiduciário de bens móveis ou imóveis. É o
caso, por exemplo, da alienação fiduciária em garantia, forma contratual muito
utilizada em nossos dias;
b)
relativos a arrendamento mercantil (leasing);
c)
no qual o credor seja proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos
contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em
incorporações imobiliárias;
d)
cujo credor seja proprietário de bem objeto de venda com reserva de domínio;
e)
decorrentes de adiantamento de contrato de câmbio para exportação onde o
recuperando seja devedor;
f)
os créditos fiscais (vide artigo 191-A do CTN, acrescentado pela LC 118/2005)
g)
Esclareça-se, outrossim, que no tocante aos credores elencados nas letras "a", "b", "c"
e "d", considerando que estes são proprietários de bens que estão na posse do
recuperando, e que são vinculados em garantia de seu crédito, traz a LFR restrição no
direito desses ditos credores reaverem os bens junto o devedor, o que nós poderíamos
classificar como uma relativa restrição ao exercício dos direitos de tais credores em
caso de recuperação judicial. Nesse particular, o parágrafo 3º do artigo 49 diz que não
se permite, durante o prazo de 180 (cento e oitenta dias) em que se processa o pedido
de recuperação judicial, a venda ou retirada do estabelecimento do devedor dos bens
de capital essenciais a sua atividade empresarial. Portanto, quando o devedor pede
sua recuperação judicial, caso o juiz determine o processamento da mesma, no prazo
de 180 (cento e oitenta dias) serão entabulados os atos necessários ao deferimento ou
não da recuperação judicial, e nesse prazo, ocorrerá a restrição ora evidenciada.
O que é Recuperação Judicial
O que é Recuperação Judicial
MEIOS DE RECUPERAÇÃO
Enquanto que na concordata o devedor, a princípio, poderia conseguir mediante pronunciamento judicial somente um desconto em suas dívidas, uma dilatação no prazo de vencimento das mesmas, ou as duas coisas ao mesmo tempo; na recuperação judicial, o leque de opções dos benefícios legais que podem ser conseguidos com o objetivo de recuperar a empresa amplia-se sobremaneira.
Assim sendo, a LFR, através de seu artigo 50 traz um rol exemplificativo dos meios de recuperação pelos quais a empresa pode optar de forma isolada ou conjunta.
Eis os meios expressamente mencionados na LFR:
a) concessão de prazos e condições especiais para pagamentos das obrigações vencidas ou vincendas;
b) cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente;
c) alteração do controle societário;
d) substituição total ou parcial dos administradores do devedor ou modificação de seus órgãos administrativos;
e) concessão aos credores de direitos de eleição em separado de administradores e de poder de veto em relação às matérias que o plano especificar;
f) aumento de capital social;
g) trespasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à sociedade constituída pelos próprios empregados;
h) redução salarial, compensação de horários e redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva;
i) dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou sem constituição de garantia própria ou de terceiro;
j) constituição de sociedade de credores;
k) venda parcial dos bens;
l) equalização dos encargos financeiros relativos a débitos de qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação específica;
m) usufruto da empresa;
n) administração compartilhada;
o) emissão de valores mobiliários;
p) constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em pagamento dos créditos, os ativos do devedor;
Note-se que o rol de medidas que podem ser adotadas na recuperação da empresa é bem extenso, e ainda, é apenas exemplificativo, podendo, conforme entendemos, ser adotadas outras espécies de medidas não enunciadas expressamente na LFR.
Assim, percebe-se que o processo de recuperação judicial não fica engessado por alternativas limitadas, podendo o devedor e os credores utilizar sua criatividade com vistas a encontrar os melhores meios de recuperar a empresa em dificuldades.
O que é Recuperação Judicial
O que é Recuperação Judicial
O PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Podem requerer a recuperação judicial:
o próprio devedor;
b) o cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor ou inventariante, em caso de
falecimento do devedor;
c) sócio remanescente.
Entendemos que a letra "b" aplica-se somente ao empresário individual
falecido; já a letra "c" aplica-se somente à sociedade empresária, pois somente nela
teremos a figura do sócio remanescente. Parece-nos, entretanto, e à primeira vista,
imprecisa a referência feita pelo parágrafo único do artigo 48 ao sócio
remanescente, como legitimado para pedir a recuperação judicial, pois quem pode
pedir a recuperação judicial da sociedade empresária é justamente o seu
representante legal (estando devidamente autorizado para tanto nas condições da
lei que rege a espécie societária representada e dos atos constitutivos de referido
ente empresarial). Ora, se um sócio faleceu ou retirou-se da sociedade, e não é ele
o representante legal da mesma, pode perfeitamente, independentemente de
previsão na LFR, o sócio remanescente que seja representante legal (estando
devidamente autorizado), pedir a recuperação judicial da empresa. Talvez, porém, a
disposição em epígrafe seja útil no caso do sócio remanescente não ser
representante legal da sociedade e/ou não estar autorizado para realizar tal pleito, aí
sim teria relevância o disposto na LFR, garantindo a este, mesmo não sendo
legitimado ordinariamente para tanto, requerer a recuperação judicial da pessoa
jurídica de que faz parte unicamente como sócio prestador de capital e/ou
minoritário.
O que é Recuperação Judicial
O que é Recuperação Judicial
A petição Inicial de Recuperação JudicialComo toda petição inicial que se sujeite ao processamento no juízo cível em sentido lato, a exordial da recuperação judicial deve, a princípio, atender aos requisitos do artigo 282 do CPC.
Deve, ainda, especialmente ser instruída com (artigo 51 da LFR):
a) a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões de crise econômico-financeira;
b) as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de:
balanço patrimonial;
demonstração de resultados acumulados;
demonstração do resultado desde o último exercício social; relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;
c) a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente;
d) a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento;
e) certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores;
f) a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor;
g) os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras;
h) certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial;
i) a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.
A LFR não exige que já com a inicial da recuperação judicial o requerente junte as certidões negativas de débitos tributários. Não pense, contudo, que o devedor com débitos tributários não parcelados legalmente poderá ter acesso à recuperação em questão, pois não terá; apenas a LFR determina que a exigência das certidões negativas de dívidas tributárias seja feita em um momento futuro, qual seja: após a juntada aos autos do plano de recuperação judicial aprovado pela assembléia-geral de credores ou decorrido o prazo previsto no artigo 55 sem objeção dos credores. Logo, quando do ingresso do pedido de recuperação, ainda não há a obrigação de se juntar certidões negativas de débitos tributários, mas antes do deferimento de tal benefício legal deve-se fazer tal juntada, no prazo que a Lei estipula, atendendo-se o disposto no artigo 191-A do CTN (acrescido pela LC 118/2005), que assim determina: "191-A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos os tributos, observado o disposto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei".
Robson Zanetti faz alguns comentários sobre a exigência acima destacada, frisando a mudança feita na LFR na fase final de aprovação desta. Vejamos:
Da possibilidade de ser requerida recuperação judicial com débito tributário. O artigo 57 do substitutivo do Senado Federal sofreu uma pequena modificação, ao ser retirado o prazo de 5 dias para o empresário apresentar certidões negativas de débitos tributários. Também foi retirado o parágrafo único que estabelecia que o juiz declararia a falência se essas certidões não fossem apresentadas dentro desse prazo. Foi deixado um prazo em aberto para sua apresentação após a aprovação do plano de recuperação judicial.
O que é Recuperação Judicial
O que é Recuperação Judicial
Momento de Ingressar com o Pedido de
Recuperação Judicial
Como é conhecido, na sistemática do DL 7661/1945
existia a concordata preventiva e suspensiva; sendo que com
esta se ingressava no curso do processo falimentar
(objetivando suspendê-lo), e com aquela ingressava-se antes
da falência.
No tocante à recuperação judicial não há oportunidade
para o devedor conseguir este benefício legal se já tiver sido
decretada a sua falência. Dessa forma, cabe-se postular a
recuperação judicial somente antes da falência.
Quando dizemos antes da falência, entenda-se antes da
decretação, pois mesmo após o pedido, no prazo da defesa,
ainda pode o devedor requerer o benefício legal, consoante
expressa o artigo 95 da LFR: "Dentro do prazo de contestação,
o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial".
O que é Recuperação Judicial
O que é Recuperação Judicial
O PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Estando em termos a documentação exigida para o pedido de recuperação judicial, e percebendo que este é feito por parte legítima, o juiz deferirá o seu processamento.
Logo, no exame inicial do pedido de recuperação judicial o juiz não irá se deter em apreciar o mérito do mesmo, limitando-se apenas a verificar se este atende as exigências de ordem processual impostas pela legislação processual comum (CPC) e pela LFR.
Assim, quando o juiz defere o processamento da recuperação judicial não está concedendo ao devedor a recuperação em si, está apenas admitindo tal pedido como processualmente idôneo, deixando o exame de mérito, após o qual irá deferir ou não a recuperação judicial, para um momento futuro.
Não pense, contudo, que o provimento jurisdicional que defere o processamento da recuperação judicial não produz nenhum efeito sobre as relações do devedor requerente com seus credores, pois isso não corresponde à realidade.
Conquanto, no mesmo ato que o Juiz defere o processamento da recuperação judicial, este já deve (art. 52): a) nomear o administrador judicial;
b) determinar a dispensa da apresentação de certidões negativas para que o devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditórios, porém em seus atos negociais o devedor deverá acrescer ao seu nome empresarial a expressão "em recuperação judicial";
c) ordenar a suspensão de todas as ações ou execuções contra o devedor, ressalvadas aquelas que digam respeito a créditos não sujeitos à recuperação judicial ou que a lei prevê que não devam ser suspensas;
d) determinar ao devedor que apresente contas demonstrativas mensais enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição de seus adminstradores;
e) ordenar a intimação do Ministério Público e comunicação por carta à Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento;
f) ordenar a expedição de edital, para publicação no órgão oficial, com vistas a dar publicidade de sua decisão, no qual conterá o resumo do pedido do devedor e da decisão, relação nominal de credores apresentada pelo requerente e a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos e para apresentação de objeção por parte dos credores ao plano de recuperação judicial.
Após o deferimento do processamento de seu pedido de recuperação judicial o devedor, salvo aquiescência da assembléia-geral de credores, não poderá mais desistir do pleito de recuperação; tendo que aguardar a apreciação do mérito do pedido, que redundará com o deferimento do benefício legal ou seu indeferimento; neste último caso, acarretando a decretação da falência do devedor.
Deferido o processamento em questão, já podem os credores (que representem, no mínimo, 25% do valor total dos créditos de uma determinada classe) solicitarem ao juiz a convocação da assembléia de credores para deliberarem sobre a constituição do comitê de credores.
Percebam que no ato do deferimento do processamento da recuperação judicial ainda não há a obrigatoriedade do juiz, de ofício, convocar a assembléia-geral de credores. Isso ocorrerá somente após a apresentação do plano de recuperação judicial, caso ocorra objeção de credor (artigo 56, caput) a referido documento.
Note-se, ademais, que junto com o seu pedido de recuperação judicial ainda não é obrigado o requerente a apresentar em juízo o plano mencionado no parágrafo anterior, posto que tem até sessenta dias, contados da publicação da decisão que deferir o processamento de sua recuperação judicial, para realizar tal ato, conforme se verá de forma mais analítica no tópico em que trataremos especificamente sobre o plano em epígrafe.
O que é Falência
O que é Falência
A palavra "falência" vem do latim: fallere (faltar).
Utilizava-se como sinônimo de falência a expressão quebra, haja vista que, a
banca dos devedores era quebrada pelos credores.
Usava-se, ainda, a palavra bancarrota para definir a situação relativa à
falência, sendo que tal palavra deriva da expressão italiana banco rotto, que significa
banco quebrado, pois era costumeiro, na Idade Média, se quebrar o banco em que
negociava o comerciante em praça pública.
Quanto à evolução do instituto falimentar, percebemos que na antigüidade a
execução do devedor não se restringia somente ao patrimônio, atingindo, também, a
sua pessoa, ocorrendo aprisionamento, escravização e até morte como sanção
àqueles que não pagavam suas dívidas. Tal fato pode ser observado nas legislações
das antigas civilizações: Índia (Código de Manu), Egito, Judeus e Grécia.
Com o Direito Romano, a execução das dívidas começou a ter alguma
aparência com o sistema atual.
Por exemplo, através da bonoruim distractio, os
bens do devedor eram administrados por um curador nomeado pelo pretor e,
posteriormente, vendidos a varejo e sob a observância dos credores, venda cujo
valor ia até o montante da dívida.
Na Idade Média, a grande inovação foi a atribuição da Justiça ao Estado,
ficando sob a incumbência deste a execução do patrimônio do devedor.
Nessa
época, ainda permanecia o caráter de repressão penal do instituto falimentar, mas
sem distinção entre comerciantes e não comerciantes.
A falência, de acordo do Arnoldi, passa a ter cunho eminentemente comercial
a partir do Código de Comércio de 1807 da França, mais conhecido como Código
Napoleônico, que serviu de inspiração para as legislações falimentares de grande
parte dos países da Europa Continental e dos latino-americanos.
O que é Falência
O que é Falência
CONCEITO JURÍDICO E ECONÔMICO
O conceito econômico de falência prende-se à noção de que ela se constitua um estado de
insolvência, levando em consideração primordialmente a situação patrimonial do devedor.
Já o conceito jurídico leva ao entendimento de que o primordial para caracterizar a falência
não é o estado de insolvência, mas sim o próprio estado de falência.
Destaca Ruben Ramalho, que um dos melhores conceitos de falência foi formulado por
Amaury Campinho, no qual este aglutina tanto a noção econômica como a noção jurídica de
falência. Assim define-a: "Falência é a insolvência do devedor comerciante que tem seu
patrimônio submetido a um processo de execução coletiva".
A falência, destarte, pode ser analisada por dois aspectos: o estático e o dinâmico:
- Estaticamente é a situação do devedor empresário que não consegue pagar pontualmente seu
débito, líquido, certo e exigível (insolvência).
- Dinamicamente é um processo de execução coletiva, instituído por força da lei em benefício
dos credores.
Perceba-se, ainda, que na falência há uma presunção de insolvência, que por seu turno é
diferente do inadimplemento, pois este é um fato relativo à própria pessoa; enquanto a
insolvência é um estado que diz respeito ao patrimônio.
Para Sampaio de Lacerda, "A falência se caracteriza como um processo de execução
coletiva, decretado judicialmente, dos bens do devedor comerciante ao qual concorrem
todos os credores para o fim de arrecadar o patrimônio disponível, verificar os créditos,
liquidar o ativo, saldar o passivo, em rateio, observadas as preferências legais"3.
A Lei nº 11.101/2005, conhecida como nova Lei de Falências, fiel ao princípio de
preservação da empresa, que lhe norteia, conduze-nos a formular o seguinte conceito de falência
(art. 75): “é o processo que, pelo afastamento do devedor de suas atividades, visa a
preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos,
inclusive os intangíveis, da empresa”.
O que é Falência
O que é Falência
PROCESSO DE EXECUÇÃO
A falência constitui-se um processo de execução coletiva, onde todos os credores do falido,
ressalvadas as exceções previstas legalmente, acorrem a um único juízo e em um único processo
executam o patrimônio do devedor empresário.
Diferencia-se, portanto, da execução individual, onde são executados algum(s) bem(s) do
devedor, visto que na falência todo o patrimônio penhorável do devedor é comprometido pela
execução.
E, ainda, na execução temos um ou alguns credores determinados acionando o
devedor, já na falência temos todos os credores, ressalvadas as exceções legais, executando
coletivamente o patrimônio do falido.
SOCIEDADES EMPRESÁRIAS NÃO SUJEITAS A FALÊNCIA
A LFR é enfática (art. 2º) que não estão submetidos à falência e recuperação as seguintes
pessoas jurídicas:
a) empresa pública e sociedade de economia mista;
b) instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência
complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora,
sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
Note-se que o regime de exclusão de algumas sociedades empresárias do regime
falimentar já era uma realidade na vigência da lei anterior, sendo apenas endossado pelo novel
diploma normativo.
Ressalve-se, ademais, que o fato das pessoas jurídicas enunciadas ao norte não estarem
sujeitas à LFR não significa que estas não possam ser liquidadas quando em crise, pois existem
leis específicas que autorizam esta solução, mas que ao mesmo tempo estabelecem
procedimentos diferenciados para levar a liquidação a efeito. É, por exemplo, nesse desiderato
que a Lei nº 6.024/1974 disciplina a intervenção e a liquidação extrajudicial de instituições
financeiras, dando poderes ao Banco Central do Brasil para intervir, ou até liquidar referidas
pessoas jurídicas.
O que é Falência
O que é Falência
DISPOSIÇÕES BÁSICAS COMUNS
Tanto na falência quanto na recuperação judicial deve-se atentar para as seguintes regras básicas: a) Créditos inexigíveis
Não são exigíveis as obrigações a título gratuito contraídas pelo devedor (ex: doação), nem as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor.
b) Suspensão do curso da prescrição e das ações
Diz o art. 6º da LFR que: “A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário”. Destaque-se que a suspensão ora evidenciada é somente daquelas obrigações que o falido ou recuperando são devedores, e das ações que estes figurem no pólo passivo. Portanto, aquelas obrigações em que o falido ou recuperando são credores; e as ações que estes figurem no pólo ativo não são suspensas pela superveniência da recuperação judicial ou da falência.
No tocante às ações e execuções de natureza fiscal e trabalhista, conforme acreditamos, o dispositivo em tela não pode ser interpretado sem uma análise contextualizada da Nova Lei. Assim, em caso de recuperação judicial não temos dúvida que as execuções trabalhistas devam ser suspensas somente pelo prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, ex vi art. 6º, parágrafo 5º, da LFR; já as ações trabalhistas que não sejam executivas, de acordo com nosso entendimento, não sofrem qualquer suspensão com a superveniência da recuperação judicial, pelo que se extrai do artigo 5º, parágrafo 2º.
Na falência, defendemos que as execuções trabalhistas devam ser suspensas, pois o credor deverá habilitar seus créditos junto ao juízo falimentar; no entanto, não tem para quê se suspender as ações de conhecimento e cautelar que estejam sendo processadas contra o falido na Justiça do Trabalho; encontrando esse posicionamento guarida no artigo 76 da LFR.
Quanto às ações de natureza fiscal, o parágrafo 7º do artigo 6º diz claramente que as execuções de tal natureza não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial.
De outra banda, conforme pensamos, nem mesmo as ações fiscais cognitivas devem ser suspensas pela recuperação judicial, visto que este processo em nada interferirá nas mesmas. No caso de falência, entende a doutrina (com amparo no artigo 187 do CTN) que as execuções fiscais também não devem ser suspensas; devendo, igualmente, prosseguir seu curso normal as ações fiscais cognitivas (art. 76, parágrafo único, da LFR).
Registre-se, ainda, que mesmo as ações comerciais e cíveis, que não sejam executivas, não serão suspensas pela superveniência da falência ou da recuperação judicial ex vi §1º do artigo 6º.
c) Prevenção do Juízo
Uma vez realizado novo pedido de recuperação judicial ou de falência face a devedor que já tenha pedido de falência ou de recuperação judicial sendo processado, o juízo para qual foi distribuído o primeiro pedido tornar-se-á prevento, sendo competente para apreciar o novo pleito.
Como se dá a Nomeação do Administrador Judicial
Como se dá a Nomeação do Administrador Judicial
O Juiz, quando está diante de um pedido de Recuperação Judicial ou de Falência, ele
determina a NOMEAÇÃO de um Administrador Judicial. Portanto, quando é decretada a
falência ou deferido o processamento da recuperação judicial incumbe ao juiz nomear um
administrador judicial que assumirá atribuições administrativas na condução do processo.
Diríamos que, na recuperação judicial, o seu principal papel seria de fiscalizar as
atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial, haja vista que,
em tal situação não há, necessariamente, o afastamento do devedor de suas atividades.
Já na falência, as atribuições do administrador judicial aumentam, pois nesse caso
há o afastamento do falido da administração de seus bens, passando aquele a representar
a massa falida do devedor.
As atribuições gerais (na recuperação judicial e na falência) do administrador
judicial estão elencadas no artigo 22, caput, e inciso I, da LFR. As específicas, no tocante à
recuperação judicial estão dispostas no artigo 22, II; e as específicas, relativas à falência,
no artigo 22, III.
Diz a LFR que o administrador judicial deve ser um profissional idôneo,
preferencialmente, mas não exclusivamente, advogado, economista, administrador de
empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada (art. 21).
Tal profissional deve ser nomeado pelo juiz, conforme já frisamos, no momento da
decretação da falência (art. 99, IX) ou por ocasião do deferimento do processamento da
recuperação judicial (art. 52, I).
Pela atividade desempenhada, o profissional em evidência faz jus a uma
remuneração a ser fixada pelo juiz, que estipulará o valor e a forma de pagamento da
mesma, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do
trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades
semelhantes.
Tal remuneração, contudo, não poderá exceder a 5% (cinco por cento) do valor
devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na
falência; e será paga pelo devedor ou pela massa falida.
O que é o Comitê de Credores
O que é o Comitê de Credores
O segundo elemento do sistema de administração da falência e da recuperação
de empresa é o comitê de credores. Trata-se de um órgão colegiado criado a partir
da indicação de três classes de credores, a saber: trabalhistas, com garantia real e
quirografários. Nada impede que o comitê venha a ter membros das outras classes
de credores, no entanto, as três anteriormente citadas são de presença obrigatória
para a sua formação.
De fácil operacionalização por possuir apenas três membros, o comitê de
credores passa a ter uma flexibilização de exercício, podendo alcançar a sua principal
função que é a de servir como órgão fiscalizador, garantindo aos credores a mesma
lisura e credibilidade exigidas no primeiro caso – do administrador. Waldo Fazzio
Júnior também credita ao Comitê a função de fiscalização:
“Enfim, além do que já foi dito sobre o Comitê de Credores referente a
recuperação judicial, resta concluir que se trata de órgão fiscalizatório, (...)”
O papel de agente fiscalizador se verifica facilmente pelas funções elencadas no art.
27:
“(...) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial;
(...) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei;
(...) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos
credores;
(...) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados;
(...) fiscalizar a administração das atividades do devedor (...);
(...) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial;
(...)”.
O que é o Comitê de Credores
O que é o Comitê de Credores
Com isso, é de se verificar que o credor passa a ter uma segurança muito
maior no processo, além da possibilidade de participação ativa que lhe garanta a
manutenção constante de todas as etapas que transcorrerem.
Por não ser o comitê de credores um órgão obrigatório, na sua ausência,
conforme justificar a necessidade, poderão as atividades ser realizadas pelo
administrador judicial ou pelo juiz de acordo com o que determina o art. 28 – “não
havendo Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial ou,
na
incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições”.
No entanto, não se disciplinou ao Comitê de Credores qualquer tipo de
remuneração, a não ser reembolso de eventual despesas, consoante determina o
art. 29 – “Os membros do Comitê não terão sua remuneração custeada pelo devedor
ou pela massa falida, mas as despesas realizadas para a realização de ato previsto
nesta lei, se devidamente comprovadas e com a autorização do juiz, serão
ressarcidas atendendo à disponibilidade de caixa”.
Talvez esse ponto mereça uma crítica, pois como vimos, o Comitê é um órgão
de segurança do processo e que responde pela credibilidade que o concurso exige,
porém, nota-se que seus membros necessitarão como vimos, dedicar grande parte
de seu tempo para atuação junto ao processo, o que demanda a necessidade de
desligamento, ainda que parcial, de suas respectivas atividades principais,
justificando então, uma remuneração.
De modo que, é um órgão de existência facultativa, tanto na falência quanto
na recuperação judicial, composto por representantes de cada classe de credores do
devedor submetidos ao processo, que tem como principal finalidade zelar pelo bom
andamento deste.
O órgão em epígrafe (assim como a assembléia-geral de credores) não era
previsto no Decreto-lei nº 7661/1945 (Lei de Falências anterior), constituindo-se
uma inovação da Lei nº 11101/2005.
O que é o Comitê de Credores
O que é o Comitê de Credores
Como já se disse anteriormente, o Comitê de Credores é um órgão facultativo,
cabendo a uma das classes de credores, em assembléia-geral, deliberar por sua
constituição. Será composto por:
a)
um representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com dois suplentes;
b)
um representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou
privilégios especiais, com dois suplentes;
c)
um representante indicado pela classe de credores quirografários e com privilégios
gerais, com dois suplentes.
Caso uma(s) das classes decida(m) não apresentar representante para compor o
Comitê em evidência, mesmo assim este poderá ser constituído e funcionar normalmente.
Na escolha dos representantes de cada classe no Comitê de Credores, somente os
respectivos membros poderão votar. Os titulares de créditos derivados da legislação do
trabalho votam na sua classe com o total de seu crédito, mesmo considerando que os
créditos trabalhistas acima de 150 salários mínimos, por credor, serão considerados
quirografários. Já os titulares de créditos com garantia real votam na sua classe somente
no limite do valor do bem onerado, e na classe dos quirografários pelo restante do valor de
seu crédito. Portanto, cada credor com garantia real, caso o(s) bem(s) específico(s)
vinculado(s) ao seu crédito não possua(m) valor suficiente para solvê-lo, votará em duas
classes distintas.
Destaque-se, ademais, que o juiz da falência poderá, mediante requerimento
subscrito por credores que representem a maioria dos créditos de
uma classe,
independentemente da realização de assembléia, nomear o representante e suplentes
dessa classe, se porventura ainda não representada no Comitê; ou substituir o seu
representante ou suplentes.
Uma vez escolhidos os membros do órgão referenciado (seja em assembléia ou na
forma referida no parágrafo anterior), estes serão nomeados pelo juiz da falência, que
determinará a intimação pessoal dos mesmos para, em 48 (quarenta e oito) horas,
assinarem, na sede do juízo, o termo de compromisso de bem e fielmente desempenhar o
cargo e assumir todas as responsabilidades a ele inerentes.
O que é o Comitê de Credores
O que é o Comitê de Credores
Na recuperação judicial e na falência, o Comitê de Credores terá, dentre outras, as seguintes atribuições: a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial;
b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei;
c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos credores; d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados;
e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de credores; f) manifestar-se nas hipóteses previstas na LFR.
Especificamente na recuperação judicial, o Comitê terá, dentre outras, as seguintes atribuições:
a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias, relatório de sua situação; b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial;
c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas hipóteses previstas na LFR, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento necessários à continuação da atividade empresarial durante o período que antecede a aprovação do plano de recuperação judicial.
Caso não haja Comitê, na recuperação judicial ou na falência, as atribuições deste serão exercidas pelo administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz.
Não será paga qualquer remuneração aos membros do Comitê pelo devedor ou pela massa falida. Daí se entendendo que estes não terão remuneração (serão voluntários não remunerados) ou que tal despesa será assumida pelos membros de cada classe no tocante ao seu respectivo representante.
Não podem ser membros do Comitê quem, nos últimos cinco anos, no exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada.
Igualmente, não pode integrar referido órgão quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o terceiro grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente.
Os mesmos impedimentos acima também se aplicam ao administrador judicial.
Cabe ao Juiz da falência, de ofício ou mediante requerimento fundamentado, destituir o membro do Comitê, quando verificar desobediência aos preceitos da LFR, descumprimento de deveres, omissão, negligência ou prática de ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros.
Destituído membro do Comitê, no mesmo ato o juiz convocará o respectivo suplente para assumir as funções do destituído.
Ressalte-se, ainda, que os membros do Comitê, assim como o administrador judicial, responderão pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa. Assim sendo, prevê a LFR (art. 32) que o membro que não concorde com determinada decisão do Comitê, que possa causar prejuízos a terceiros, deve consignar sua discordância em ata para eximir-se de responsabilidade.
O que é Assembléia
O que é Assembléia
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Geral de Credores
Geral de Credores
O terceiro elemento do sistema de administração da falência e recuperação de
empresa é a assembléia geral de credores, que como o próprio nome indica, é o órgão
máximo de representação dos credores, possuindo funções notadamente deliberativas
como indica o art. 35 – “A assembléia-geral de credores terá por atribuições deliberar
sobre: (...)” (grifamos). Waldo Fazzio Júnior assim reafirma essa função deliberativa:
“A assembléia geral de credores é um colegiado de existência obrigatória nos
processos de recuperação judicial e facultativa nos processos falitários com o fim de
deliberar sobre qualquer matéria que possa afetar os interesses dos credores”
No mesmo sentido, Manoel Justino Bezerra Filho, afirma que:
“Evidentemente a assembléia, constituída por credores diretamente interessados no
bom andamento da recuperação, deverá levar sempre ao juiz as melhores deliberações,
que atendam de forma mais eficiente ao interesse das partes envolvidas na recuperação,
tanto devedor quanto credores”
Entre as funções da assembléia está a de eleger e constituir o comitê de credores, o
que outorga ainda mais, legitimidade para o segundo órgão. Ocorre, porém, que nem tudo
são flores no exercício democrático de direito proposto pelo legislador aos credores do
empresário em crise financeira, visto que nas situações em que a quantidade de credores
passe a ser volumosa, será de difícil operacionalização a assembléia de credores, o que
pode dificultar entre outras, a eleição dos membros do comitê de credores.
Não parece, no entanto, que será essa dificuldade a inviabilizar a participação dos
credores no processo, pois a abertura concedida pelo legislador aos credores no processo
concursal é de fundamental importância para o atual regime econômico neoliberal.
A realização de assembléia-geral de credores poderá ser solicitada pelo
administrador judicial, pelo Comitê de Credores ou pelos próprios credores representantes
de no mínimo 25% (vinte e cinco por cento) dos créditos de determina
classe, porém,
caberá ao juiz a sua convocação respeitando o prazo de 15 (quinze) dias em primeira
convocação e 05 (cinco) dias em segunda. Para sua instalação, necessário se faz a
presença de representantes de mais da metade dos créditos de cada classe em primeira
convocação e de qualquer número em segunda convocação.
O que é Assembléia
O que é Assembléia
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Geral de Credores
Geral de Credores
Como se trata de um ato solene e formal, caberá ao administrador
judicial presidir o evento e nomear entre os credores, alguém para exercer a
função de secretário. Porém, caso a assembléia tenha sido convocada para
deliberar sobre o afastamento do próprio administrador judicial, caberá ao
credor representante do maior crédito presidir o evento.
A grande crítica que se faz ao instituto da assembléia é que ela possui
funções notadamente econômicas, haja vista ter preservado o voto a
proporcionalidade de representação do crédito conforme determina o art. 38 –
“O voto do credor será proporcional ao valor de seu crédito, (...)”.
Embora tal critério respeite a função econômica da lei, em termos
democráticos pode renegar o papel do pequeno credor a de mero expectador
do processo, já que não existe limitação dos poderes do maior credor, nem
tampouco de obrigatoriedade de participação do menor credor. No entanto, a
possibilidade de participação ativa do credor tanto na falência quanto na
recuperação judicial é que denota a sua importância, como bem preleciona o
Profº Sebastião José Roque:
“Em suma, a AGC - Assembléia-Geral de Credores é poderosa arma nas
mãos dos empregados da empresa falida para a defesa de seus direitos. È
também arma poderosa para os demais credores, para as quais foram
transferidos muitos dos poderes anteriormente reservados ao juiz. A eficácia
da AGC dependerá da mobilização dos interessados, ou seja, os credores. A lei
lhes deu poderosa faculdade; façam uso dela”.
De modo que, a assembléia-geral de credores nada mais é do que a
reunião de todos os credores, observadas as exceções legais, sujeitos à
recuperação judicial ou à falência de um devedor empresário.
O que é Assembléia
O que é Assembléia
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Geral de Credores
Geral de Credores
Tal órgão terá, na recuperação judicial, a função de deliberar sobre (art. 35, I, da LFR):
a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor;
b) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição;
c) o pedido de desistência do devedor; considerando que este, após deferido o processamento de sua
recuperação judicial, somente poderá desistir de tal demanda mediante autorização da
assembléia-geral de credores;
d) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor;
e) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.
Na falência, à assembléia em tela incumbirá deliberar sobre (art. 35, II, da LFR):
a) a constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição;
b) a adoção de outras modalidades de realização do ativo; considerando que a LFR diz que os ativos
do devedor serão alienados através de leilão (por lances orais), propostas fechadas ou pregão,
mas deixa aos credores a opção de escolherem outra forma de alienação (art. 145);
c) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores.
A assembléia-geral será convocada pelo juiz da falência por edital publicado no órgão
oficial e em jornais de grande circulação nas localidades da sede e filiais do falido, com
antecedência mínima de 15 (quinze) dias; devendo a cópia do aviso de convocação ser afixado de
forma ostensiva na sede e filiais do devedor.
Além de outros casos expressamente previstos, credores que representem no mínimo 25%
(vinte e cinco por cento) do valor total dos créditos de uma determinada classe poderão requerer
ao juiz a convocação de assembléia-geral.
A assembléia em questão será presidida pelo administrador judicial. Havendo
incompatibilidade deste com a decisão a ser tomada em assembléia, esta será presidida pelo
credor presente que tenha maior crédito. Instalar-se-á, em 1ª (primeira) convocação, com a
presença de credores titulares de mais da metade dos créditos de cada classe, computados pelo
valor, e, em 2ª (segunda) convocação, com qualquer número.
O que é Assembléia
O que é Assembléia
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Geral de Credores
Geral de Credores
O voto do credor, na assembléia, será proporcional ao valor de seu crédito,
ressalvado, nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, o caso dos credores
trabalhistas; que votarão referido plano (que afete seus créditos), através de voto
democrático, onde cada trabalhador terá direito a um voto, independentemente do valor
de seu crédito.
Terão direito a voto na assembléia, a princípio, as pessoas arroladas no
quadro-geral de credores (art. 39):
O quorum de deliberação é norteado pela seguinte regra geral (art. 42):
“considerar-se-á aprovada a proposta que obtiver votos favoráveis de credores que
representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembléia-geral
[...]”.
A assembléia geral será composta pelas seguintes classes de credores (art. 41):
a) classe I: titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de
acidentes do trabalho;
b) classe II: titulares de créditos com garantia real;
c) classe III: titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral,
ou subordinados.
A aprovação do plano de recuperação judicial deve ocorrer em todas as classes de credores,
conforme disposto no art.45, quer dizer:
a) nas classes II e III, o plano deverá ser aprovado por credores que representem mais da
metade do valor total dos créditos presentes e, também, pela maioria simples dos
credores presentes;
b) na classe I, o plano deverá ser aprovado pela maioria simples dos credores presentes,
independentemente do valor de seu crédito.
O art.43 da referida lei permite que outras pessoas participem da assembléia, mas
sem direito a voto.
Classificação dos Créditos na Falência
Classificação dos Créditos na Falência
Nestas próximas linhas, abordaremos a classificação dos créditos na falência, o que vem
estampado no art. 83 da Lei 11.101/2005, pois a nova legislação alterou substancialmente a
ordem do art. 102, do revogado Decreto-lei nº 7661, de 21 de junho de 1945.
Pelo inciso I, os créditos decorrentes da legislação do trabalho prosseguem em
primeiro lugar na classificação, limitados, contudo, à importância correspondente a 150 (cento e
cinqüenta) salários mínimos. O que se pretende com esse patamar de 150 salários mínimos é
evitar-se as reclamações trabalhistas simuladas às vésperas da quebra, com valores quase que
impagáveis, previamente acertados entre reclamante e reclamado, na maioria das vezes
envolvidos por grau de parentesco ou elevado relacionamento de amizade ou conluio. O
excedente será classificado como crédito quirografário, de acordo com a alínea c, do inciso VI
do mesmo art. 83. Quanto ao crédito decorrente de acidente do trabalho não existe
limitação. Em razão da recente Emenda Constitucional n. 45, depreende-se que no termo
"legislação do trabalho" mencionado devem estar compreendidos, obrigatoriamente, todos os
créditos decorrentes de serviços prestados, pois a teoria agora é a do emprego e trabalho.
Observação importante que faço, refere-se aos créditos trabalhistas derivados de serviços
prestados após a decretação da quebra, pois, de acordo com o inciso I, do art. 84, não há
limitação, sendo denominados de créditos extraconcursais, e deverão ser pagos antes de
qualquer outro discriminado no art. 83. É um incentivo ao prosseguimento da atividade
empresarial, contratando novos empregados, podendo estes contar com a certeza de que
receberão o que lhes é devido em sua integridade.
Quanto ao inciso II, muitos estão dispensando-lhe uma interpretação equivocada, ao
afirmarem que as instituições financeiras estão, a partir de agora, totalmente garantidas. Ocorre
que o privilégio que a escoram limita-se ao valor do bem oferecido em garantia real
(hipoteca, penhor, alienação fiduciária etc.), cujo valor será conhecido somente com a sua
alienação, após arrecadado. Aliás, doravante, conforme autoriza o art. 111, o bem poderá ser
alienado ou adjudicado pelos próprios credores imediatamente após a arrecadação, não sendo
mais necessário se esperar a formação do quadro de credores, evitando-se a natural depreciação
e conseqüente desvalorização, prejudicial a todos. Assim, o crédito bancário pode ser muito
superior ao valor do bem ofertado em garantia real, cujo resíduo em pecúnia será classificado
como quirografário, só que na ordem de classificação antes até mesmo do resíduo trabalhista, de
acordo com a alínea b, do inciso VI, do art. 83. É esse privilégio especial que tem sido criticado. O
argumento fundamental dos bancos é que havendo maior garantia de recuperação por parte das
instituições financeiras, o risco, por evidente, será menor, trazendo como conseqüência o
barateamento dos encargos financeiros. Outra justificativa é a de que o sistema financeiro
promove a produtividade através dos empréstimos. Só a prática confirmará, pois a rede bancária
"pediu um tempo" para acompanhar a adaptação do mercado à nova legislação.
Classificação dos Créditos na Falência
Classificação dos Créditos na Falência
A seguir, o inciso III agasalha os créditos tributários, de qualquer natureza e
tempo de constituição, inclusive das autarquias. As multas tributárias estão excluídas
dessa classificação inicial, passando a fazer parte do rol dos créditos quirografários,
juntamente com as multas penais e administrativas. Para facilitar a aquisição da
empresa por terceiros e pelos próprios empregados, o inciso II, do art. 141, permite
o negócio jurídico "livre de empeços", disso decorrendo que as dívidas tributárias (assim
como as trabalhistas e as decorrentes de acidente de trabalho) existentes na data da
quebra não integram a aquisição, o que facilitará bastante a transferência, pois o
adquirente receberá o acervo purificado desses encargos. Entretanto, para implementar-se
essa vantagem aos adquirentes, foram necessárias algumas alterações no Código
Tributário Nacional, realizadas através da Lei Complementar n. 118, também de
09.02.2005. Para facilitar a reativação do falido, criou-se o já referido crédito
extraconcursal, dividido em duas espécies: a) crédito extraconcursal
por
fornecimento de produtos e serviços durante a fase de recuperação judicial
convolada em falência (parágrafo único, do art. 67) e b) crédito por quantias
fornecidas à massa pelos credores(art. 84, II). Significa que terceiros confiaram na
plena recuperabilidade da empresa, razão pela qual essas duas espécies de crédito estão
em primeiro lugar na classificação, superando o trabalhista e o acidentário.
Prosseguindo, eis o inciso IV, que elenca, em suas alíneas a até c, alguns créditos
com privilégio especial.
O inciso V cuida dos créditos com privilégio geral.
Os conhecidos créditos quirografários estão previstos no inciso VI, compreendendo
aqueles sem qualquer garantia; os saldos das instituições financeiras superiores à garantia
real e os trabalhistas acima dos 150 salários mínimos, nessa ordem.
Encerrando o quadro de credores, o inciso VII criou a figura do crédito
subordinado, que corresponde àquele pertencente aos sócios ou administradores, ou
seja, o pro labore(retirada) ou a parte dos lucros que lhes cabe nos resultados da empresa
falida, pendentes na data da quebra.
Honorários do Administrador Judicial
Honorários do Administrador Judicial
Dada a complexidade da função exercida pelo Administrador Judicial, determinou o legislador que ele seria remunerado da seguinte forma: “art. 24 – O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. Parágrafo 1º. Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência”. Sobre a questão da remuneração, assim se posiciona Manoel Justino Bezerra Filho:
“O administrador muitas vezes desenvolve árduo trabalho, podendo sofrer sanções judiciais, culminando até com a sua responsabilização penal e civil, caso não se desincumba dele. Por outro lado, no serviço de administração da falência ou da recuperação, desempenha trabalho constante e, por isso, deve ser remunerado”
De modo que a remuneração do Administrador Judicial na recuperação judicial será fixada pelo juiz, baseando-se na qualidade e no grau de complexidade do trabalho realizado, não podendo exceder a 5% do valor pago aos credores. Este valor não será pago integralmente à vista. Parte da remuneração, o equivalente a 40% desta, somente será paga no encerramento da recuperação judicial, condicionada à tempestividade da prestação de contas e aprovação do relatório a que trata o art. 63 da LFR. A data do pagamento dos 60% restantes vai coincidir com o pagamento aos credores. Com isso, o Administrador Judicial não sairá tão prejudicado, já que o pagamento aos credores poderá ser feito durante a recuperação judicial.
Manoel Justino Bezerra Filho comenta que o § 2º estabeleceu critério novo, determinando a reserva de 40% do devido ao administrador, para pagamento após a realização do ativo e julgamento de sua contas. Ocorre que, no momento em que o juiz fixe a remuneração devida, pode não haver(...) condições para pagamento (...)por isso, estabelece a lei esta possibilidade de reserva.
Julio Mandel observa a respeito da reserva de 40% dos honorários devidos ao administrador judicial nestes termos:
“A reserva de 40% dos honorários prevista neste artigo foi criada para evitar que um administrador judicial recebesse todos os seus honorários de forma antecipada e depois tivesse suas contas reprovadas, já que tal reprovação obrigaria o seu substituto, ou mesmo o devedor ou credores ou o Ministério Público, a buscar a devolução do dinheiro pago. Com a reserva, ao menos 40% do valor estaria protegido. Para que isso funcione, o ideal seria uma retenção mensal efetuada diretamente no ato do pagamento, com os valores retidos sendo depositados em conta judicial.”
Contudo, há situações em que retira do Administrador Judicial o direito a remuneração: renúncia sem relevante razão de direito, descumprimento das obrigações legais, desaprovação de prestação de contas ou a sua destituição das funções. Quanto à renúncia, deveria ela possuir um tratamento diferente quanto às outras formas que retiram o direito à remuneração, tendo sido o Administrador Judicial competente em suas funções até sua renúncia, ele deveria receber pagamento proporcional ao serviço prestado.
Os relatórios, com exceção dos que versarem acerca de alguma etapa do plano cumprida ou aquele que versar sobre o cumprimento da totalidade da execução do plano, elaborado no encerramento da recuperação judicial, não terão necessidades de serem extremamente detalhados, devem sim constar o faturamento mensal e compras do devedor. Poderão, inclusive, serem feitos pelo próprio devedor caso as partes assim decidirem, contudo, deverá o administrador fiscalizá-los, apresentando seus comentários, cumprindo com a incumbência de sua função.