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Repercussões neonatais do uso de leite materno com aditivos e fórmula para pré-termo em recém-nascidos de muito baixo peso ao nascer

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Repercussões neonatais do uso de leite materno com

aditivos e fórmula para pré-termo em recém-nascidos de

muito baixo peso ao nascer

Repercussions of human milk with additives and preterm formula in very low birth weight

newborns

Repercusiones neonatales del uso de leche materna con aditivos y fórmula para

prema-turos en recién nacidos de peso muy bajo al nacer

Marta Maria Galli Bozzo Mataloun1, Cléa Rodrigues Leone2, Nilce Ono3, Flávio Adolfo Costa Vaz4

Serviço de Pediatria Neonatal e Intensiva, Berçário Anexo à Maternidade, Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Fa-culdade de Medicina da USP

Resumo

Objetivo: avaliar as repercussões da alimentação com leite da própria mãe, acrescido de aditivos (LMA), e de uma

fórmula para pré-termo (F), em recém-nascidos de muito baixo peso ao nascer. Foram comparados aspectos do cresci-mento e da morbidade no período neonatal. Métodos: realizou-se um estudo clínico prospectivo em um serviço neonatal universitário com recém-nascidos de muito baixo peso (< 1.500g). Constituiu critério de inclusão o recebimento de volume mínimo de 60 ml/kg de dieta, por sonda orogástrica, no 14º dia de vida. Foram excluídos os pacientes que não alcançaram uma ingestão de leite materno > 100 ml/kg/dia durante a internação, os que utilizaram aleitamento misto, e os que apresen-tavam malformação. Foram excluídos os casos que no momento da avaliação inicial esapresen-tavam com enterocolite necrosante, instabilidade hemodinâmica, insuficiência respiratória, malformação cardíaca e mielomeningocele. Foram selecionados para o grupo LMA 18 casos, durante dois anos, enquanto o grupo F incluiu 24 casos. Foram comparados o ganho de peso diário, e o comprimento e perímetro cefálico finais, na alta. A morbidade avaliada durante o protocolo foi enterocolite necrosante, infecção e doença metabólica óssea. Resultados: não foram verificadas diferenças entre os grupos LMA e F, respectivamente, quanto ao: ganho de peso - 18,9 x 17,3 g/kg/dia; comprimento final - 42,4 x 43,5 cm; e perímetro cefálico final - 32,1 x 32,9 cm. Para os grupos LMA e F, não foram diversas a incidência de enterocolite necrosante, infecção e doença metabólica óssea. Conclusões: o leite da própria mãe com aditivos possibilitou a recém-nascido de muito baixo peso ao nascer obter um crescimento semelhante ao verificado com o uso de fórmula para pré-termo.

Descritores: Recém-nascido. Prematuro. Leite humano. Nutrição infantil.

1Doutora em Pediatria - FMUSP. Médica Assistente do Berçário Anexo à Maternidade, Serviço de Pediatria Neonatal e Intensiva, ICr HC

FMUSP

2Professora Associada do Departamento de Pediatria - FMUSP Médica Chefe do Berçário Anexo à Maternidade, Serviço de Pediatria

Neonatal e Intensiva, ICr HC FMUSP

3

Neonatologista. Médica Assistente do Berçário Anexo à Maternidade, Serviço de Pediatria Neonatal e Intensiva, ICr HC FMUSP

4Professor Titular do Departamento de Pediatria da FMUSP. Chefe da Disciplina de Pediatria Neonatal e Intensiva, ICr HC FMUSP

* Apresentado no Congresso Brasileiro de Ensino e Pesquisa em Saúde da Criança e do Adolescente, em 2002, São Paulo-SP; e no XVII Congresso Brasileiro de Pediatria, em 2001, Florianópolis-SC

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Introdução

A nutrição de recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso ao nascer (MBP) ainda constitui um importante problema nos dias de hoje, contribuindo para sua morbimortalidade. A abordagem nutricional atual não obtém, ainda, um padrão de crescimento semelhante ao intra-uterino, objetivo a ser alcançado1.

Isto se deve a características destes recém-nascidos que, devido à imaturidade, têm um maior tempo de esvaziamento gástrico, ondas peristálticas

desor-Abstract

Objective: to evaluate the repercussions of feeding with mother’s milk containing additives (LMA), and with preterm

formula (F) in very low birth weight newborns. Aspects of growth and morbidity were compared in the neonatal period.

Methods: a prospective clinical study was performed on very low birth weight newborns (<1,500 g) at a neonatal university

service. Inclusion criteria were receiving a minimum volume of 60 ml/kg diet, by orogastric tube on day 14 of life. Patients were excluded that did not reach an ingestion of maternal milk >100 ml/kg/day during hospitalization, those that used a mixed diet and those that presented malformation. Cases were excluded that at the moment of the initial evaluation presented necrotizing enterocolitis, hemodynamic instability, respiratory insufficiency, cardiac malformation and myelomeningocele. Over two years, 18 cases were selected for the LMA group; and group F comprised 24 cases. The daily weight gain, final length and final cephalic perimeter were compared at hospital discharge. The morbidity evaluated during the protocol was – necrotizing enterocolitis, sepsis and metabolic bone disease. Results: at the end of the protocol, no differences were verified between the LMA and F groups, respectively, regarding: weight gain – 18.9 vs 17.3 g/kg/day; final length – 42.4 vs 43.5 cm; and final cephalic perimeter – 32.1 vs 32.9 cm. For the LMA and F groups, there was no variation in the incidence of necrotizing enterocolitis, infection and metabolic bone disease. Conclusions: mother’s milk with additive enabled very low birth weight newborns to obtain growth similar to that verified using preterm formula.

Keywords: Infant newborn. Infant premature. Milk human. Infant nutrition.

Resumen

Objetivo: avaliar las repercusiones de la alimentación con leche materna mezclado con aditivos y de una fórmula para

prematuros sobre recién nacidos prematuros de peso muy bajo al nacer. Fueram comparados aspectos del crecimento y de morbidad en el periodo neonatal. Métodos: se realizó un ensayo clínico en uno servicio neonatal universitario, en el cual se incluyeron recién-nacidos de peso muy bajo al nacer (<1500g). Fué criterio de inclusión el recibimiento de volume mínimo de 60 ml/kg de dieta por sonda orogastrica, en el 14º dia de vida. Fueran excluidos los pacientes que non alcanzaron una ingesta de leche materna > 100 ml/kg/dia durante la internación, los que tuvieram alechamiento misto, y los que presentavan mala formación congenita. Fueram también excluidos los casos que en instante de la evaluación inicial tivessen con enteritis necrosante, instabilidad hemodinámica, insuficiencia respiratória, mala formación cardiaca y mielomeningocele. Fueran selecionados para el grupo LMA 18 casos, durante dos años, y lo grupo F incluyó 24 casos. Fuéran comparados el gano de peso diario, lo comprimiendo y lo perímetro cefalico finales, la infeccion y la doença ossea metabolica.

Resulta-dos: los grupos LMA y F no presentaran diferencias entre elos, respectivamente, quanto al: gano de peso – 18,9 x 17,3 g/

kg/dia; comprimiendo final – 42,4 x 43,5 cm; e lo perímetro cefalico final – 32,1 x 32,9 cm. Para los grupos LMA e F non fueron diferentes la incidencia de enterocolitis necrosante, infección y doença metabolica ossea. Conclusiones: la leche materna de la propria madre aditivado possibilitó a el recién nacido de muy bajo peso al nacimiento obtener uno crecimiento semejante al verificado con el uso de formula para prematuros.

Palabras-clave: Recién nacido. Prematuro. Leche humana. Nutrición infantil.

ganizadas e menor volume gástrico2. Estes fatores

dificultam a ministração de volumes adequados de dieta por via enteral. Em algumas situações não é possível administrar o volume adequado de dieta, e utiliza-se a nutrição parenteral. No entanto, esta facilita

a ocorrência de infecções. Por isto, os autores3

recomendam a introdução de alimentação por via enteral, preferencialmente o leite materno da própria mãe, o mais precoce possível, desde que o recém-nascido esteja estável.

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O leite da mãe de recém-nascido pré-termo tem maiores concentrações de nitrogênio, lípides, ácidos graxos de cadeia média, cálcio, fósforo e sódio, em relação ao leite produzido por mães de recém-nascidos de termo, principalmente no colostro e no leite de transição4-6. Evolutivamente esta composição

altera-se, sendo que, ao final do primeiro mês de lactação, torna-se semelhante ao de mães de recém-nascido de termo4,7,8. Nesta fase, as características do leite

limitam ainda mais a oferta energética e protéica7,8,

dificultando o crescimento adequado dos recém-nascidos de muito baixo peso.

Nos últimos anos, foram desenvolvidos aditivos ao leite materno contendo proteínas, hidratos de carbono, sódio, cálcio e fósforo, com o objetivo de suplementar o leite materno, a fim de torná-lo mais adequado às necessidades dos MBP9,10. Dessa maneira, obtém-se

as vantagens imunológicas e a qualidade nutricional do leite materno, não obtidas com fórmulas para recém-nascidos pré-termo, com a oferta de determi-nados nutrientes em maiores concentrações.

Alguns ensaios clínicos randomizados têm mostrado que os aditivos promovem crescimento e mineralização óssea adequada em recém-nascidos de muito baixo peso ao nascer11,12. Porém, é importante

salientar que nestes estudos alguma fórmula para prematuros foi utilizada como complementação alimentar10,13. Estes autores verificaram um maior

ganho de peso nos MBP alimentados com fórmula para recém-nascido pré-termo, quando comparados com os que receberam leite humano com aditivos11,13.

No sentido de avaliar a nutrição por via enteral mais adequada para o MBP, desenvolveu-se um estudo prospectivo para comparar o crescimento de um grupo de recém-nascidos alimentados com leite materno de sua própria mãe com aditivo e outro grupo que recebeu uma fórmula para recém-nascidos pré-termo. Foram também avaliados alguns possíveis efeitos adversos durante à administração destas dietas.

Métodos

Foi realizado um ensaio clínico no Berçário Anexo à Maternidade do Serviço de Pediatria Neonatal e Intensiva, do Instituto da Criança, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2002.

No planejamento do estudo, calculou-se uma

amostra mínima de 18 recém-nascidos em cada grupo, supondo-se uma diferença de, pelo menos, 10% nos pesos entre os grupos, um p< 0,05 e um poder de teste de 80%. Foram incluídos os recém-nascidos de muito baixo peso (PN < 1500 gramas) que estavam recebendo por sonda orogástrica um volume de dieta (leite materno ou fórmula) maior que 60 ml/kg/dia, no 14º dia de vida. Neste momento, foram excluídos os recém-nascidos com doenças gastrintestinais

(enterocolite necrosante14), instabilidade

hemo-dinâmica15 (cardiopatias congênitas, choque),

insuficiência respiratória grave16 (doença de

membranas hialinas, pneumonia, pneumotórax), malformações congênitas graves (cardiopatias, mielo-meningocele). Foram também excluídos os MBP que não chegaram a receber um volume de leite materno • 100 ml/kg/dia durante a hospitalização, como também aqueles em aleitamento misto, e os que morreram durante o estudo. O período de inclusão de casos foi encerrado quando os dois grupos atingiram o número mínimo de 18 casos.

Os recém-nascidos selecionados, pelos critérios acima, foram distribuídos em dois grupos: Grupo LMA - composto de MBP que receberam leite de sua própria mãe, acrescido de aditivo, e o Grupo F – que incluiu recém-nascidos sem possibilidade de receber leite materno, e que receberam fórmula para pré-termo. O período de comparação dos dois grupos teve início no 14º dia de internação e terminou no dia de alta hospitalar de cada caso. O desenho do estudo está sintetizado na Figura 1.

A alimentação dos MBP no protocolo

A composição do leite materno com aditivos e da fórmula para recém-nascido pré-termo, estão descritos na tabela 117.

Inicialmente administrou-se 1ml/mamada (leite materno ou fórmula) de 3/3 horas, por sonda orogástrica e, após, foram realizados aumentos de até 20 ml/kg/ dia, quando as condições clínicas o permitiam.

Na alimentação com leite materno e aditivos, as mães dos RN coletaram o seu leite, após higienização dos seios e lavagem das mãos, o qual foi armazenado em recipiente estéril, em geladeira. O aditivo foi colocado no leite conforme a concentração descrita a seguir, e conservado em geladeira até 24 horas. Adicionou-se 2,5 g FM85/100 ml de leite nos primeiros 4 a 7 dias após a introdução e, a seguir, 5g/100 ml de

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P - peso C - comprimento PC - perímetro cefálico ECN - enterite necrosante DMO – doença metabólica óssea NUTRIENTES FM 85 + LM/100 ml Fórmula 16,3%/100 ml Energia (Kcal) 85 80 Proteínas (g) 2 2,35 Gorduras (g) 3,8 3,91 Hidratos de carbono (g) 10,6 9,1 Cálcio (mg) 82 80 Fósforo (mg) 49 52 Cloreto (mg) 61 46 Potássio (mg) 64 86 Sódio (mg) 42 29 Ferro (mg) 0,9 - 1,5 1,2

Figura 1 – Desenho do estudo

Tabela 1 – Composição de leite materno com aditivo (FM85) e da fórmula para recém-nascido pré-termo

(Pré-Nan 16,3%)17.

leite humano. Foram retiradas alíquotas para serem oferecidas ao recém-nascido a intervalos, à temperatura ambiente10.

A partir de 34 ± 1,5 semana de idade gestacional corrigida, iniciou-se a sucção ao seio materno no grupo LMA, sendo que a partir de 38 ± 1,3 semana de idade gestacional corrigida, estes sugavam ao seio, pelo menos, 3 a 4 vezes por dia, dependendo da perma-nência da mãe na unidade.

A alimentação com fórmula para recém-nascido pré-termo foi oferecida aos recém-nascidos que não

puderam receber o leite materno, devido ao uso de medicação e/ou por doença materna. Foi prescrita fórmula para pré-termo (Pré-Nan“) diluída a 1:30. Após uma semana da introdução da dieta, aumentou-se a concentração para 1:25.

Rotinas e parâmetros adotados

Diariamente, foi registrada a oferta enteral, volume, calorias, e quantidade de proteínas administradas. Os recém-nascidos foram pesados, sem roupa, em balança Filizolla‚ com escala em gramas. As medidas

Alta hospitalar

Critérios de exclusão: (n=240)

Doenças gastrintestinais (8) Instabilidade hemodinâmica (23) Malformações congênitas (36) Insuficiência respiratória grave (146) Produção insuficiente de leite materno, após o início do estudo (27) Parâmetros de avaliação . Crescimento: P, C, PC . Morbidade: . Infecção . ECN GRUPO LMA LM + Aditivo (n=18) GRUPO F Fórmula PT (n=24) RNMBP (n=282)

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de comprimento e de perímetro cefálico foram anotadas semanalmente. Mediu-se o comprimento, com o recém-nascido deitado e com a cabeça fixa pela mão de um observador e a perna fixa por outro, com antropômetro. A medida do perímetro cefálico foi realizada a partir do ponto mais proeminente do occipício, com fita métrica inextensível.

A dosagem sérica de sódio foi semanal. Com 3 semanas de vida, colheu-se urina de 6 horas para determinação de calciúria e fosfatúria. Com 40 semanas de idade gestacional corrigida, ou no momento da alta hospitalar, foram dosadas a fosfatase alcalina, o cálcio e o fósforo séricos; estes últimos, também, na urina de 6 horas. Neste momento, foram realizadas radiografias de ossos longos.

Foram classificados como pré-termo os recém-nascidos com idade gestacional inferior a 37 semanas18. A idade gestacional foi determinada pela

data da última menstruação, exceto se: a) esta diferiu em mais de duas semanas da indicada pelo ultra-som, realizado com até 20 semanas de gestação; ou b) quando da ausência do exame no prazo, se havia uma diferença maior do que duas semanas em relação à determinação pelo método de New-Ballard21.

Os recém-nascidos foram classificados como adequados para a idade gestacional quando o peso de nascimento estava entre o percentil 10 e o percentil 90 da curva de crescimento intra-uterino de Ramos20,

e pequenos para a idade gestacional, quando o peso de nascimento era inferior ao percentil 10 da curva19.

Diagnosticou-se infecção do MBP quando havia piora do estado geral, instabilidade hemodinâmica, hemograma alterado e/ou hemocultura positiva22. O

diagnóstico de enterocolite necrosante (ENC) foi realizado na presença de distensão abdominal, sangue

nas fezes, dor à palpação e/ou qualquer das seguintes alterações radiológicas: alças intestinais distendidas, paredes intestinais com edema, pneumatose intestinal14.

Definiu-se asfixia perinatal grave utilizando-se o escore de Apgar de 5º minuto < 623.

A hiponatremia foi diagnosticada com valor de sódio sérico inferior a 130mg/dl24. A deficiência de fósforo

foi detectada frente a calciúria superior a 4mg/kg/dia e fosfatúria inferior a 1mg/kg/dia25,26. A doença

metabólica óssea (DMO) foi diagnosticada na presença de um destes parâmetros: fósforo sérico inferior a 5 mg/dl, fosfatase alcalina sérica elevada superior a duas vezes o valor normal26, e/ou sinais

radiológicos de rarefação óssea e/ou alargamento de epifíse27.

Análise estatística - a comparação entre os grupos LMA e F, para o crescimento, foi feito através das médias de peso, estatura e perímetro cefálico, obtidas na 30ª, 34ª, 36ª e 38ª semanas de idade gestacional corrigida. Foram também comparadas, entre os dois grupos, as médias de ganho de peso diário durante a permanência no protocolo, do 14º dia até a alta hospitalar. Foi criado um banco de dados no EPI INFO 6.0 e realizou-se o teste de Qui-Quadrado para variáveis categóricas e teste t de Student para variáveis contínuas.

Resultados

O grupo LMA foi constituído por 18 MBP e o grupo F por 24 MBP. Pelos critérios seletivos, foram excluídos 240 recém-nascidos, como consta da Figura 1. Não se observaram diferenças entre os grupos quanto a sexo, peso de nascimento, idade gestacional, prevalência de pequenos para a idade gestacional (PIG) e de asfixia perinatal (Tabela 2).

Grupo LMA Grupo F p

(n = 18) (n = 24) Peso nascimento (g) 1131,87 ± 212 1115,65 ± 254 1,0 Idade gestacional (s) 29,9 ± 2,3 30,3 ± 2,0 1,0 Masculino 27,7% 37,5% 0,59 PIG 30% 21% 0,6 Asfixia perinatal 4% 8,5% 0,1

Tabela 2 - Características dos grupos leite materno com aditivo (LMA) e fórmula (F).

(6)

Figura 2 - Médias de peso ao nascimento, com 34, 36 e

38 semanas de idade gestacional corrigida (Gs) (Curva de crescimento intra-uterino de Ramos)19.

Figura 3 - Médias de comprimento ao nascimento, com

34, 36 e 38 semanas de idade gestacional corrigida (Gs) (Curva de crescimento intra-uterino de Ramos)19. Iniciou-se a dieta enteral, no grupo LMA, com

7 ± 7,6 dias, e no grupo F com 7 ± 5,4 dias. No grupo LMA, atingiu-se a oferta de 120 kcal/kg/dia a partir de 27 ± 8,1dias e, no grupo F, a partir de 21,6± 9,7 dias (p = 0,10). Ocorreu um ganho de peso de 18,9 gramas/kg/dia no grupo LMA e de 17,3 g/kg/dia no grupo F (p > 0,05). Introduziu-se aditivo para o grupo LMA a partir de 20,8 ± 5,9 dias e 32 ± 1,2 semana de idade gestacional corrigida.

A morbidade observada para os grupos LMA e F, após o 14º dia de vida até a alta pode ser verificada na Tabela 3. As três variáveis analisadas -enterocolite necrosante, infecção e doença metabólica óssea, não apresentaram diferença significante entre as freqüências, quando analisadas separadamente. Porém, o total de distúrbios observados tenderam à maior freqüência no grupo LMA. Não ocorreu hiponatremia nos grupos durante o período de estudo.

Morbidade Grupo LMA Grupo F p

n % n %

Infecção 5 27,7 3 12,5 0,23

ECN 1 5,5 0 0 0,41

DMO 6 33,3 3 12,5 0,12

Total 12 6 0,06

A evolução dos grupos LMA e F quanto ao peso, comprimento e perímetro cefálico estão contidos nas Figuras 2,3 e 4, e na Tabela 4.

Tabela 3 - Morbidade nos grupos leite materno com aditivo (LMA) e fórmula (F).

ECN- enterocolite necrosante DMO – doença metabólica óssea p - probabilidade

Figura 4 - Médias de perímetro cefálico ao nascimento, com 34, 36 e 38 semanas de

idade gestacional corrigida (Gs) (Curva de crescimento intra-uterino de Ramos)19.

Não houve diferenças, entre os grupos, em relação ao peso, comprimento e perímetro cefálico desde o início do estudo até a alta.

(7)

Discussão

Desde o início do uso de leite humano com aditivos, tem-se avaliado os seus efeitos sobre o crescimento, a curto10-13 e a longo prazo28, e a mineralização óssea29-31

de recém-nascidos pré-termo, especialmente nos de

muito baixo peso. Recentemente, Berseth et al32

relataram que recém-nascidos pré-termo alimentados com leite humano e aditivo tinham taxas de crescimento semelhantes às do presente estudo, também inferiores ao almejado padrão de crescimento intra-uterino. A oferta protéica e calórica obtida através do leite humano pode não suprir as necessidades nutricionais do recém-nascido pré-termo e, assim, dificultar que ocorra o crescimento em velocidade semelhante à intra-uterina. Um outro aspecto a ser considerado no LMA aditivado, e que pode influenciar negativamente o crescimento, é a insuficiente oferta de minerais para promover incorporação óssea.

Neste estudo, não se observaram diferenças em relação à evolução do ganho de peso, do comprimento e do perímetro cefálico, entre os recém-nascidos pré-termo que receberam predominantemente leite humano da própria mãe com aditivos, e os que receberam fórmula para prematuros durante o período neonatal. Diferentemente, outros autores verificaram maior ganho de peso e do crescimento linear nos MBP que foram alimentados por via enteral com fórmula para pré-termo, exclusivamente; quando comparados com os alimentados com leite humano com aditivos10,13.

Uma das explicações para o maior crescimento observado entre os recém-nascidos pré-termo que receberam fórmula seria a maior oferta energética ministrada. Outro aspecto envolveria a digestibilidade do LMA aditivado, independentemente do teor calórico ser equivalente ao das fórmulas para pré-termo. O leite

humano pode ter uma menor absorção da gordura, quando aditivado10. Possivelmente, isto ocorra por

causa da elevada quantidade de minerais contida nos aditivos, o que poderia aumentar a osmolaridade, quebrar os glóbulos de gordura e liberar ácidos graxos, com formação de sabões insolúveis10.

Deve ser observado que os estudos citados10,13,28

obtiveram maiores velocidades de ganho de peso e de crescimento, tanto para os MBP que receberam leite materno aditivado, como para a fórmula, quando comparados aos pacientes do presente estudo. Os motivos desta diferença em relação ao padrão de crescimento podem estar relacionados com a gravidade dos recém-nascidos, ou com a suple-mentação parenteral oferecida. É possível que nestes estudos, os recém-nascidos incluídos sejam menos graves, contribuindo para as melhores taxas de crescimento obtidas. Em relação à suplementação nutricional parenteral, neste estudo os recém-nascidos não a recebiam no momento de inclusão, enquanto nos outros protocolos o uso de nutrição parenteral prolongada não foi restrito.

Apenas alguns pesquisadores compararam os efeitos do leite materno aditivado aos de fórmulas sobre o crescimento de MBP a longo prazo, não tendo detectado diferenças até um ano de idade gestacional corrigida13,28.

Com relação à morbidade analisada nesta casuística, não houve diferenças em relação à incidência de enterocolite necrosante, infecção, e

DMO, da mesma forma que em outros estudos13,28.

Porém, verificou-se uma tendência à maior freqüência de efeitos adversos no grupo LMA. No entanto,

Schanler et al10 descreveram maior incidência de

30 s 1056,42 ± 212 1072 ± 240 0,50 36,3 ± 3,15 35,5 ± 2,4 0,38 25,2 ± 1,72 26,3 ± 1,63 0,86 34 s 1267,66 ± 279 1274 ± 281 0,47 39,3 ± 2,78 38,5 ± 2,35 0,57 28,4 ± 2 28,7 ± 1,6 0,43 36 s 1543 ± 326 1549,41 ± 277 0,54 41,2 ± 2,1 40,1 ± 2,8 0,50 29,7 ± 1,9 30,6 ± 1,6 0,69 38 s 2048,33 ± 323 2121 ± 256 0,39 42,4 ± 5,7 43,5 ± 1,9 0,14 32,1 ± 1,24 32,9 ± 1,5 0,54 Tabela 4 – Evolução de peso, comprimento e perímetro cefálico dos grupos leite materno com aditivo (LMA)

e fórmula (F).

* idade gestacional corrigida

Peso (gramas) Comprimento (cm) Perímetro cefálico (cm)

Idade* LMA M± DP F M± DP P LMA M± DP F M± DP P LMA M± DP F M± DP P

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enterocolite necrosante entre os que receberam fórmula para pré-termo em relação aos que receberam leite humano com aditivos, sugerindo um efeito protetor do leite humano, mesmo quando aditivado. As propriedades de defesa do leite materno são reconhecidas, porém, para o leite materno sem aditivos. O uso destes aumenta a osmolaridade do leite e pode alterar suas propriedades. Analisando este aspecto, foi descrita a interferência dos aditivos sobre os fatores tróficos intestinais33.O pequeno número de

casos em que foi comparada a taxa de infecção, neste e noutros estudos, não possibilita, ainda, conclusões sobre o aspecto imunitário do leite aditivado.

Não foram constatadas diferenças quanto aos marcadores bioquímicos de doença metabólica óssea - calciúria, fosfatúria, cálcio, fósforo e fosfatase alcalina séricos, bem como em relação a alterações radiológicas. Outros estudos que compararam os efeitos do uso de leite humano com aditivos e de fórmulas sobre os marcadores bioquímicos de mineralização óssea, não observaram diferenças entre os grupos; os níveis destes marcadores eram normais em ambos os grupos10,11.

O uso de leite materno da própria mãe com aditivos em recém-nascidos de muito baixo peso ao nascer

permitiu crescimento semelhante ao obtido com fórmula para pré-termo. No entanto, verificou-se que o uso enteral exclusivo de leite materno aditivado só foi possível em uma pequena porcentagem destes MBP, devido, principalmente, à insuficiência da lactação, dificuldades para coleta de leite e, ainda, doenças maternas, que dificultaram ou impediram o aleitamento materno exclusivo. Um fator que contribui para o uso restrito do LMA, em unidade de cuidado intensivo neonatal, é a necessidade de diluição do aditivo, em volume de leite humano próximo a 100 ml/kg/dia, para reduzir a osmolaridade.

Neste estudo, o número de recém-nascidos excluídos foi muito grande, devido à elevada proporção de MBP em aleitamento misto. Isto deve ser observado para antever o limite de utilização exclusiva de LMA aditivado, para a nutrição enteral de MBP.

Conclusão

O uso de leite humano com aditivos promoveu um crescimento semelhante ao de fórmula para pré-termo em recém-nascidos de muito baixo peso ao nascer. Não houve diferença no ganho de peso, crescimento linear e de perímetro cefálico entre os dois grupos durante o período neonatal.

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Endereço para correspondencia:

Dra. Marta Maria Galli Bozzo Mataloun Rua Antônio Júlio dos Santos, 524 apto 33 CEP: 05661-020 - São Paulo - SP Brasil Fone : 0XX (11) 37421042

E-mail: mataloun@uol.com.br

Recebido para publicação: 04/09/2004 Aceito para publicação: 08/12/2004

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