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GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: (RE)PENSAR O FAZER PEDAGÓGICO NA SALA DE AULA i

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GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: (RE)PENSAR O FAZER

PEDAGÓGICO NA SALA DE AULAi

Jorge de Castro Mendes Professor Substituto /Departamento de Geografia - UERJ/FFP Professor I/ Geografia - SME-RJ

jorgedecmendes@hotmail.com INTRODUÇÃO

Com a necessidade de valorizar a formação para a cidadania, o movimento da Inclusão surge e ganha dimensão a partir do entendimento de que todos que não completaram sua escolaridade, por algum motivo, agora têm novas oportunidades para fazê-lo. Aliado a isso, busca-se a diminuição da exclusão pelo fato de entender-se que todos possuem capacidade de aprender em contato com diversas experiências e valores construídos no espaço escolar.

Assim, objetivando a relação entre a Geografia e Inclusão e suas possíveis práticas educativas, com a finalidade de desenvolver o raciocínio geográfico, apresenta-se uma atividade ocorrida na sala de aula. Esta e outras foram realizadas na disciplina Estágio Supervisionado no Ensino de Geografia IV, durante o segundo semestre de 2013, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro da Faculdade de Formação de Professores (UERJ/FFP). Objetiva-se que estas possam levar à reflexão de como a relação geografia e inclusão pode incentivar o professor a (re)pensar sua prática docente, facilitando a compreensão do conteúdos em sala de aula, e incentivá-lo como mediador do conhecimento para o ensino da geografia com estudantes de necessidades especiais.

INCLUSÃO: DE QUE ESTAMOS FALANDO?

Possibilitar o acesso ao conhecimento é fundamental na sociedade informacional de hoje, já que ela permite que cidadãos desiguais por suas condições sociais, econômicas e políticas possam alcançar a igualdade na possibilidade da construção de um futuro melhor. Neste sentido, a inclusão coloca-se como uma forma de romper estas desigualdades “naturalizantes” já que pressupõe que todos os indivíduos têm capacidades para desenvolver seu potencial cognitivo1. Ao lado da discussão do que seria a Inclusão, tem-se a reflexão das práticas pedagógicas inclusivas e das escolas inclusivas que possibilitariam

1 Segundo Campbell (2009:71), a palavra “cognição é o conjunto dos processos mentais usados na aquisição do conhecimento, no pensamento, na percepção, na classificação, na compreensão e no raciocínio para o aprendizado de determinados sistemas e para soluções de problemas”.

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alcançar realmente as condições de inclusão. No que concerne ao conceito de Inclusão, Campbell (2009:139) nos diz:

A educação inclusiva deve ser entendida como uma tentativa de atender às dificuldades de aprendizagem de qualquer aluno no sistema educacional e como um meio de assegurar que os alunos que apresentem alguma deficiência tenham os mesmos direitos que os outros e que todos sejam cidadãos de direito nas escolas regulares, bem-vindos e aceitos, formando parte daquela comunidade.

Com o entendimento que todos podem aprender na interação social, com a inclusão, entende-se que todos os alunos podem construir uma rede de solidariedade onde o resultado a ser buscado seria a aprendizagem dos conteúdos escolares. A esse respeito Campbell (2009:140-141) novamente destaca que:

A educação inclusiva, atenta à diversidade inerente à espécie humana, busca perceber e atender às necessidades educativas especiais de todos os alunos em sala de aulas comuns, em um sistema regular de ensino, de forma que se promovam a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos.

Contudo, para que realmente a Inclusão ocorra é preciso levar em consideração alguns elementos a ela relacionados. A esse respeito, Mittler e Mittler, (1999, apud NASCIMENTO, 2012:154) relata que:

1) todos os alunos, sem exceção, devem freqüentar salas de aula próximas às suas residências; 2) todos os professores devem assumir a responsabilidade pela aprendizagem, independente da condição cultural, social, econômica, física ou sensorial de cada aluno; 3) os currículos e os procedimentos de ensino devem ser reestruturados, visando assegurar o acesso, a permanência e o sucesso de todos os alunos; 4) deve haver oferta de rede de apoio aos alunos e aos professores.

Desta forma, busca-se entender que para que haja uma aprendizagem significativa (com prontidão e internalização do conhecimento) deve-se permitir que a educação seja centrada no aluno, procurando atender às necessidades de todos, e assim, beneficiar a todos e não somente aos alunos rotulados como fora dos padrões normais, visto que incluir é colocar todos; fazer parte de um todo.

Contudo, destaca-se que a inserção de todos no mesmo ambiente de aprendizagem não quer dizer que todos aprenderão no mesmo instante, até porque cada aluno apresenta distintos momentos de aprendizagem em relação ao seu desenvolvimento cognitivo. A esse respeito, Nascimento (2012:155) novamente chama a atenção que:

Muito embora as intenções da inclusão sejam dar oportunidades iguais a todos e lutar em favor da solidariedade e do respeito mútuo, sobrepujando as diferenças individuais, pode-se afirmar que não há uma fronteira clara entre inclusão e exclusão. A prática de incluir pessoas com e sem deficiências em um mesmo espaço físico não garante o desencadeamento de relações integradas, mesmo que a aprendizagem não se efetive.

Entretanto, apesar dos inúmeros desafios para a Inclusão, cada caso deve ser considerado de forma particular, já que a possibilidade de acesso ao conhecimento na escola, enquanto, espaço para formação intelectual dos alunos, dá-se em diversos momentos de sua vida intelectual. Juntamente a isso, a motivação para o aprender deve

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estar sempre em primeiro plano e a relação alunos-professor é fundamental neste momento. Neste sentido, Marchesi (2004:46) nos diz que:

Com relação ao aluno, é preciso levar em consideração três fatores envolvidos em seu processo de aprendizagem: os conhecimentos prévios, a atividade mental construtiva e a motivação para aprender. Do ponto de vista do professor, são dos fatores básicos que influem no processo de ensino e aprendizagem: o mecanismo de influência educativa que pode exercer para possibilitar que o aluno construa novos conhecimentos e suas expectativas em relação à aprendizagem dos alunos. Finalmente, do ponto de vista do conteúdo, é preciso considerar especialmente sua estrutura e sua coerência interna para favorecer aprendizagens significativas.

Portanto, com todas as dificuldades para a Inclusão, pensar também, o papel da escola inclusiva é importante já que a mesma reuniria elementos para a prática pedagógica de diversas disciplinas, a fim de incluir todos os alunos por qualquer que fosse o motivo que estivessem fora do ensino escolar. Assim, promover uma educação voltada às leituras de mundo se faz importante para promover o convívio e o crescimento da cidadania de todos. Com a construção de uma escola para todos, as possibilidades de atendimento às necessidades de aprendizagens de todos em um sistema regular de ensino poderiam tornar-se possíveis, já que a diversidade tornar-seria levada em consideração ao lado do detornar-senvolvimento cognitivo.

Acrescenta-se que a escola precisa atender a qualquer aluno que não se encaixe nos modelos tradicionais e que a mesma, precisa recriar as possibilidades para a construção coletiva do conhecimento. Novamente, Campbell (2009:143) afirma que:

Na escola inclusiva, o processo educativo é entendido como um processo social, onde todos os alunos portadores de necessidades especiais e de distúrbios de aprendizagem têm o direito à escolarização o mais próximo possível do normal, tendo como alvo a ser alcançado a integração do aluno portador de deficiência na comunidade.

Ademais, a escola de hoje está incumbida de colocar em prática as políticas educacionais2 que favoreçam a Inclusão dos alunos com as chamadas Necessidades Especiais. Desta forma, afirma-se que para a existência de Escolas Inclusivas, a construção coletiva é essencial, visto que objetiva desenvolver a aprendizagem na diversidade, procura transformar-se para possibilitar a inserção de todos e propiciar o crescimento dos alunos para sua prática cidadã na sociedade.

Assim, a Escola Inclusiva deve oportunizar o acesso dos alunos aos conhecimentos científicos e culturais, e para isso devem oferecer condições suficientes para a promoção de inclusão dos alunos que apresentam inúmeras dificuldades de aprendizagem. Desta forma, na interação com os demais alunos, objetiva-se que a sala de aula possa constituir-se como

2 Essas políticas estão relacionadas a Declaração Universal dos Direitos humanos (1948), na Conferência Mundial de Educação para todos (Jomtien, 1990), na Conferência sobre Educação Especial (Salamanca, 1994), no Brasil na Constituição Federal (1988), na LDB (1996) e nas diretrizes Nacionais para a educação Especial Básica (2001) dentre outras.

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um ambiente acolhedor, favorecendo a valorização humana e proporcionando um bom desenvolvimento dos alunos, já que a aprendizagem não decorre somente do ambiente, do professor, da metodologia e dos conteúdos escolares, mas também do papel acolhedor que a turma realiza.

Contudo, para a efetivação de um ambiente inclusivo, o papel do professor é fundamental, já que este deve estar preparado para lidar com a construção coletiva do conhecimento por parte dos alunos, sendo capaz de atender as diferentes possibilidades de aprendizagem por parte destes alunos. Ressalta-se que a escola deve reestruturar sua proposta pedagógica, o currículo, a avaliação, a disponibilidade de recursos e a parceria com a família.

O (RE)PENSAR DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA COM OS ALUNOS DE INCLUSÃO

A Geografia é uma ciência necessária para a leitura do espaço. Desenvolver o raciocínio geográfico nos alunos é seu papel principal em relação às demais disciplinas escolares. Segundo Santana Filho (2010) e Cavalcanti (2002) ao trabalhar os conceitos geográficos, tornar-se claro que as necessidades de aprendizagem de alunos inclusos muitas vezes partem de suas curiosidades cotidianas. Assim, desenvolver atividades para o (re)pensar as práticas pedagógicas na geografia com os alunos de inclusão são necessárias, já que muitos dos conteúdos geográficos apresentam certo grau de abstração para o seu entendimento. Nesta tarefa, a adequação de materiais didáticos adaptados para aula é imprescindível e requer um esforço intelectual e criativo dos docentes.

A educação geográfica é fundamental na formação do indivíduo, não apenas como um meio para o acesso e construção do conhecimento, mas sobretudo, como possibilidade de ensinar a ter um olhar diferenciado de mundo, objetivando a leitura crítica de diversos modos de vida que se tornam naturalizados em nossa sociedade. A esse respeito, Callai (2009:99) destaca que:

“a dimensão histórica na análise geográfica favorece a percepção dos significados de cada lugar para além das aparências e encaminha à compreensão da realidade espacial como resultado de processos sociais da humanidade.”

É nesta perspectiva que o ensino da Geografia deve contribuir para uma escola voltada para novas práticas educativas onde a sociedade, de maneira geral, ainda não inclusiva, possa tornar-se, uma sociedade inclusiva.

Os alunos com Necessidades Especiais, como os Deficientes Visuais e Deficientes auditivos, por exemplo, têm uma percepção geográfica de mundo diferente, mas não deixam, contudo, de apresentar uma percepção geográfica de sua realidade de existência. Esses são produtos de uma história, que não deixam de fazer leituras de mundo e da

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sociedade. Cabe à geografia escolar ajudar na transposição didática do ensino, onde diversas atividades devem ser propostas e adaptadas às suas necessidades.

Com esse intuito de (re)pensar os caminhos a serem trilhados para o ensino de geografia, foram desenvolvidas algumas atividades didáticas com o objetivo de adaptar materiais que poderiam ser utilizados na sala de aula, não somente os alunos com maiores dificuldades de aprendizagem, mas também que os demais pudessem utilizar esses mesmo material para o entendimento dos conteúdo geográficos.

No ensino da Geografia é fundamental propiciar situações de aprendizagem de acordo com a necessidade de cada aluno inclusivo, mas também é imprescindível que possa atingir pedagogicamente a todos os envolvidos neste processo3. A Geografia é uma ciência que deve permitir o aluno compreender o espaço geográfico no qual ele está inserido aplicando, para tal compreensão, os próprios valores de referência dos alunos quanto ao espaço vivido e produzido. No caso de um aluno com deficiência, essa compreensão se torna mais difícil. Para isso, é indispensável que o professor desenvolva certas habilidades criativas e dinâmicas, como produzir um Globo Terrestre Tátil para alunos com Deficiências Visuais. Se aprender é uma prática humana criativa, ensinar é (re)pensar sua prática pedagógica. Contudo, destaca-se que este não é um papel exclusivo do professor. É preciso que a escola dê suporte para um ensino de qualidade, o que de fato não ocorre. Infelizmente, nas escolas há um desestímulo ao trabalho com crianças inclusivas e professores desmotivados ou não incentivados para tal atitude.

Aliado a situação acima, há carência de material de ensino, de professores habilitados para trabalhar com esses tipos de alunos inclusivos e demais dificuldade que são de conhecimento para aqueles que militam na sala de aula.

Assim, ao trabalhar determinado conteúdo com o deficiente visual de baixa visão ou auditivo, os recursos didáticos comumente utilizados em sala de aula serão inúteis se não forem adaptados às suas necessidades.

A esse respeito Melo e Sampaio (2007:126) ressalta que:

O professor de geografia que se propõe a trabalhar de forma a incluir todos os seus alunos precisa contar ou criar uma rede de apoio, um grupo que permita troca, consultas para que ocorra colaboração e aprendizagem. Grande parte dos receios docentes passa pela desinformação sobre o trabalho com pessoas de diferentes dificuldades e potencialidades.

Torna-se necessária a construção de materiais didáticos para auxiliar o professor de geografia na sua prática em sala de aula e uma rede coletiva de experiências bem sucedidas em relação aos demais colegas. Por meio da mediação do professor, a aula que ocorre na

3 Contribui a esse respeito; FREITAS, Reinaldo de. Ensino de Geografia e educação Inclusiva: estratégias e concepções. Revista Urutágua, Maringá/Paraná, Dez. 07/jan./fev./mar. 2008. Disponível em: <http://www.urutagua.uem.br/014/14freitas.html. Acesso em: 09 mai. 2014.

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sala de aula precisa atingir cada um dos seus alunos e a classe com um todo, para que a aprendizagem geográfica possa realizar-se.

Tais materiais devem aproximar-se das expectativas daqueles que apresentam tal deficiência, como por exemplo: materiais grandes coloridos ou não, materiais suscetíveis ao tato, sentido que fica mais apurado nos deficientes visuais. Isso permite, que todo estudante participe de sua própria aprendizagem e assim esteja confiante de que irá aprender, não importando o tempo de sua aprendizagem, respeitando sua prontidão para tal.

Percebe-se que atingir a qualidade de ensino é um desafio de todos os educadores. O professor de geografia em sala de aula tem como função potencializar seus estudantes para a aprendizagem e reflexão dos conteúdos geográficos, utilizando todas as formas diversas de expressões para atingi-los. É preciso entender como estes alunos pensam e se sentem em relação à escola e ao espaço em que vivem.

O professor de Geografia precisa estar atento, pois detém um importante papel na vida desses alunos: orientar a novos caminhos, a experimentar diferentes desafios, a expressar e refletir sobre o seu conhecimento construído e sempre propiciar um ambiente tranquilo para a aprendizagem, para que estas crianças e jovens se sintam a vontade para lidar com seus colegas e suas dificuldades.

A formação do professor de geografia deve estimular e apoiar iniciativas que inovem e estimulem sua prática de ensino para todos os alunos, uma vez que nenhum é igual ao outro. A preparação de materiais adaptados como já dito, motiva a aprendizagem dos conteúdos geográficos, e contribui para formar o professor pesquisador de sua prática, fazendo das diferenças humanas seu principal ponto de apoio para estimular o processo de ensino e aprendizagem de todos.

Assim, como um esforço para tal finalidade, foram divididos os estagiários-alunos da turma no segundo semestre de 2013. Cada dupla foi responsável por: a) escolher um tema; b) produzir um material adaptado; c) desenvolver um plano de aula. Foram apresentados os seguintes materiais: Quebra-Cabeça do Mapa do Brasil, tendo como objetivo a manipulação do Quebra-Cabeças para o entendimento da regionalização do Brasil por parte dos alunos de baixa visão; Mapa Tátil dos continentes, com o objetivo de proporcionar ao aluno com deficiência visual (baixa visão e com cegueira) um entendimento sobre a localização e dimensões dos continentes, a Bússola Seca, com o objetivo de trabalhar a orientação espacial com os alunos de baixa visão e o Globo Terrestre Tátil, que será apresentado a seguir como um dos exemplos dessas atividades realizadas durante o semestre letivo.

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Com a Inclusão Escolar de alunos com Deficiências e/ou Necessidades Educacionais Especiais, os professores necessitam não apenas (re)aprender a realizar diversas práticas pedagógicas, como precisam adaptar materiais didáticos de forma que estes recursos possam ser úteis para uma demanda mais ampla de alunos, pois nem sempre as escolas possuem o material didático necessário para o desenvolvimento de tais atividades. A esse respeito, Chaves (2011:47) destaca a importância, dos mapas táteis4 ao afirmar que:

Os mapas táteis são de grande utilidade na compreensão do espaço geográfico, na apreensão de conteúdos escolares e no próprio dia-a-dia do estudante cego. Os instrumentos de orientação espacial, além de necessários para o aprendizado escolar, auxiliam na locomoção, na autoconfiança, no aumento da auto-estima e trazem independência para o cego.

Assim, foi elaborado pelos alunos da disciplina um Globo Terrestre Tátil artesanal (Foto 01) com diversas texturas, utilizando bola de isopor, tinta guache, areia, argila, parafina, algodão, esponja de banho e papel marchê, para ser utilizado com alunos de deficiência visual, tendo como objetivo que estes possam distinguir as diferentes massas continentais através do sentido do tato. Aliás, este globo terrestre também pode ser utilizado por alunos sem deficiência visual.

Foto 01- Elaboração por parte de dupla do Globo Terrestre Tátil com a utilização de diversos materiais

Este globo Terrestre Tátil (Foto 02 e 03), segundo os alunos da disciplina de Estágio IV, poderia ser utilizado com as turmas do 7º ano do ensino fundamental, pois representa a regionalização mundial na forma dos continentes usuais. O objetivo principal é

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A cerca de sua importância, consultar: ALMEIDA, Regina A. de. A Cartografia Tátil no ensino de Geografia: teoria e prática. In: ALMEIDA, Regina A. de. (Org.). Cartografia Escolar. São Paulo: Contexto, 2007. p.119-144.

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proporcionar aos alunos o entendimento sobre a regionalização mundial, pois cada continente possui uma textura e cor diferentes. A metodologia consiste na construção de dois Globos Terrestres Táteis, que seriam distribuídos a dois grandes grupos formados em sala, para que os alunos possam manusear e compreender a temática pela existência de diferentes texturas que representariam cada continente existente. Destacam o seu uso relacionado aos diversos conteúdos geográficos apresentados no decorrer do ano letivo. Foto 02 e 03 – Apresentação finalizada do Globo Terrestre Tátil

As vantagens deste material adaptado são o custo, pois foi feito com materiais baratos e encontrados em papelarias e mercados, e o aproveitamento de seu uso como recurso para ser utilizados para os demais alunos. A desvantagem é a proporcionalidade dos continentes, porque é muito difícil representar os continentes fora de suas escalas cartográficas.

Portanto, ao repensar a prática na inclusão, deve-se levar em consideração o planejamento, os conteúdos e o material a ser adaptado. Isso requer do docente uma reflexão sobre o seu papel dentro da construção de uma educação geográfica que privilegie a inclusão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inclusão é uma realidade que veio para ficar. Assim, preparar-se para lidar com esta realidade requer um esforço pedagógico no sentido de rever sua prática em sala de aula. No que concerne à formação do professor de geografia, deve este utilizar o seu papel de mediador do conhecimento geográfico para os alunos “normais” e de Inclusão. De forma imaginativa deve criar e recriar estratégias de ensino que valorizem o conhecimento cotidiano dos alunos e seu espaço percebido, para que possa dar conta em parte desta realidade tão complexa que envolve o entendimento dos conteúdos geográficos.

Assim, o professor de Geografia precisa estar atento, pois detém um importante papel neste processo ao propiciar um ambiente tranquilo para a aprendizagem, onde estas crianças e jovens sintam-se a vontade para lidar com seus colegas e suas dificuldades de

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aprendizagem com os conteúdos geográficos. Assim, propiciar uma aula de Geografia acessível com diferentes recursos didáticos é imprescindível, mesmo sabendo das limitações das representações espaciais por parte de certos alunos de inclusão.

Nesse contexto, percebe-se que atingir a qualidade de ensino é um desafio de todos os educadores. O professor de Geografia em sala de aula tem como função potencializar seus estudantes, utilizando todas as formas diversas de expressões para atingí-los. Assim, evidencia-se a relação entre a Geografia e a Educação Inclusiva, na elaboração de materiais didáticos para a aula de geografia, para os alunos de inclusão bem como os demais alunos, na disciplina de Estágio Supervisionado no Ensino de Geografia. Acrescenta-se que, é preciso entender como estes alunos pensam e se sentem em relação à escola, ao espaço em que vivem e como o ensino da geografia foi internalizado pelos alunos com suas diversas necessidades de aprendizagem.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CALLAI, Helena Copetti. Estudar o lugar para compreender o mundo. In: CASTROGIOVANNI, Antônio. C (Org.). Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2009. p.83-134.

CAMPBELL, Selma Inês. Múltiplas faces da Inclusão. Rio de janeiro: Wak Editora, 2009.

CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia e práticas de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.

CHAVES, Ana Paula Nunes. A Geografia Escolar e a Experiências Educativas de Estudantes com Cegueira. Geosaberes, Fortaleza, Ago./dez. 2011. Disponível em: <

http://www.geosaberes,ufc.br. Acesso em 09 mai. 2014. p.43-54.

MARCHESI, Álvaro. A prática das escolas inclusivas. In: COLL, C; PALACIOS, J; MARCHESI, A (Org.). Desenvolvimento psicológico e educação: Transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Trad. Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2004, v.3. p. 32-48.

MELO, Adriany de Ávila; SAMPAIO, Antônio Carlos Freire. Educação Inclusiva e Formação de Professores de Geografia: Primeiras Notas. Dezembro 2007. Disponível em: < http: // www.ig.ufu.br/revista/caminhos.html. Acesso em: 09 mai. 2014. p.124-130. NASCIMENTO, Fátima Ali Abdalah Abdel Cader. Surdocegueira e os desafios da Educação Inclusiva. In: Orrú, Sílvia. E. (Org.). Estudantes com necessidades especiais: singularidades e desafios na prática pedagógica inclusiva. Rio de janeiro: Wak Editora, 2012. p. 147-175.

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característicos para a leitura e compreensão do mundo. In: GALVÃO, C. F.; MILLÉO, J.C (Org.). A prática de ensino real e o ensino da prática ideal. Curitiba: Editora CRV, 2010. p. 85-97.

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O autor agradece a Prof. Dra. Ana Claúdia Ramos Sacramento do Departamento de Geografia (UERJ/FFP) pelas sugestões e revisão crítica do artigo.

Referências

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