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Demografia Brasília, 2013

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Governo Federal

Presidência da República

Secretaria de Assuntos Estratégicos

Esplanada dos Ministérios Bloco O, 7º, 8º e 9º andares Brasília – DF / CEP 70052-900 http://www.sae.gov.br

Ministro Marcelo Neri

Secretário Ricardo Paes de Barros Diretora Diana Grosner

Direção Geral Diana Grosner Coordenação e Produção Adriana Mascarenhas Redação Marcelo Neri

Ricardo Paes de Barros Diana Grosner Rosane Mendonça Adriana Mascarenhas Andrezza Rosalém Samuel Franco Produção Estatística Samuel Franco Andrezza Rosalém Pedro Borges Griese Bárbara de Lima Moraes

Revisão e Edição Rosane Mendonça Adriana Mascarenhas Adriano Brasil Projeto Gráfico/Diagramação Rafael W. Braga Gabriella Malta Fotografia Saulo Cruz Apoio

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Assessoria de Comunicação (SAE/PR)

(5)

Apresentação

5

1. Introdução

11

2. Crescimento acelerado e queda

13

3. Quantos são os jovens?

16

4. Onda jovem: A evolução do tamanho da juventude

19

7. Evolução da coorte de entrada

28

8. Determinantes do duplo

pico na entrada

30

9. Sobre o duplo pico

nos nascimentos

33

10. Por que o tamanho da

(6)
(7)

N

a visão da Secretaria de Assuntos Estraté-gicos da Presidência da República (SAE/ PR), não há melhor preditor disponível do futuro do país que o universo das crianças e dos jovens de hoje, aí incluindo as suas respectivas tendências demográficas tratadas em detalhe na presente pesquisa. A SAE/PR acaba de assumir a presidência da Comissão Nacional de População e Desenvolvimento (CNPD), indicando Ricardo Paes de Barros para liderar os trabalhos. A pes-quisa aqui apresentada é a primeira realizada pela SAE/PR após a criação da CNPD, tratando, não por coincidência, de demografia e escolhendo o que talvez seja o tema populacional mais intrigante de nosso tempo: a chamada onda jovem.

Pororoca Jovem – A pesquisa revela que o ta-manho da população jovem brasileira nunca foi, e nunca será, tão grande quanto o de hoje, corres-pondendo a cerca de 50 milhões de pessoas na faixa entre 15 e 29 anos de idade, cerca de 26% de nossa população, proporção muito próxima à média mundial. Na verdade, esses 50 milhões de jovens brasileiros em ação correspondem a um “platô populacional” que começou em 2003 e, por força de mudanças demográficas diversas atuando em direções opostas, prolongará a onda até 2022, em formato de pororoca jovem. Depois de cele-brarmos o bicentenário de nossa independência, o processo refluirá e a população jovem no Brasil cairá a uma velocidade mais alta que a dos demais

Apresentação

Juventude que Conta

(8)

países, com exceção da China. O Brasil precisa aproveitar ao máximo a longa duração da pororoca jovem para impulsionar suas transformações so-ciais e econômicas nas direções desejadas. Mas quais são as direções desejadas?

Não basta contar os mais jovens. Temos de fazer com que os jovens contem mais. É necessário que a juventude nos conte o que pensa e o que quer. A fim de empoderar na prática a juventude, ouvir é preciso. Não só para atender os anseios da juven-tude de hoje, mas a fim de decifrar os principais desafios ainda por vir do país. Os jovens são a prin-cipal porta de entrada de inovações nos valores e nas aspirações de cada sociedade, permitindo an-tecipar no tempo a formação do pensamento geral da nação. Exploro aqui um pouco as mensagens dos jovens brasileiros através de trailer da pesqui-sa sobre aspirações e valores da juventude.

Prioridades – Deciframos as principais priorida-des em pesquisa domiciliar do Instituto de Pesqui-sa Econômica Aplicada (Ipea) que foi a campo em maio de 2013, consultou mais de 10 mil pessoas, numa amostra representativa do país como um todo, e pediu para cada entrevistado escolher,

en-tre 16 temas, quais são suas seis – e apenas seis – maiores prioridades. O modelo de perguntas uti-lizado vem da pesquisa Meu Mundo (My World), levada a cabo por agência da Organização das Nações Unidas (ONU) em diversas partes do glo-bo, o que permite comparabilidade internacional dos nossos resultados. O objetivo é subsidiar a definição das novas Metas do Milênio (Post-2015

Development Goals).

A mais alta prioridade dos jovens brasileiros é a educação de qualidade: 85,2% dos brasileiros de 15 a 29 anos elencaram esta opção entre as seis mais importantes dos 16 temas apresentados. Ser-viços de saúde (82,7%) foram a segunda opção mais apontada. Na população adulta não jovem, isto é, aqueles com 30 ou mais anos de idade, as duas maiores prioridades são as mesmas, mas em ordem invertida: saúde (86,6%), seguida de edu-cação (80,5%). Na pesquisa mundial feita na inter-net pelas Nações Unidas, a ordem de prioridades se conforma com a dos jovens brasileiros.

Na sequência dos jovens, temos alimentação de qualidade (70,1%) como terceira menção mais frequente, fechando o pódio das prioridades da

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juventude brasileira. Incidentalmente, esses três elementos representam, no campo das políticas públicas, os três componentes do Índice de De-senvolvimento Humano (IDH) da ONU. Governo honesto e atuante aparece como a quarta priorida-de dos jovens no Brasil, com 63,5%. Na população global consultada pela internet, essa é a terceira prioridade, seguida de oportunidades de trabalho, que, num certo sentido, desempenha a função de renda do IDH – no sentido de geração de renda, ao passo que alimentação de qualidade representa a prioridade de gasto da mesma renda.

Agenda Jovem – No fundo, as agendas jovem e não jovem do país não estão tão desconectadas na escolha de prioridades. Utilizamos a pesquisa para contrastar quais são as prioridades dos jovens bra-sileiros vis-à-vis os adultos não jovens da sociedade. A chamada agenda jovem se refere àqueles elemen-tos que são relativamente mais importantes para os jovens do que para aqueles com 30 anos ou mais. Note-se que não falamos do que é prioridade para os jovens, o que será tratado mais adiante, mas da dissonância da agenda elencada pelos jovens em relação à agenda dos adultos não jovens. Esse con-traste nos permite identificar possíveis conflitos de

gerações e, portanto, possíveis razões para protes-tos juvenis.

Vamos à análise dos números: a maior diferença está na importância dada à educação de qualida-de (4,7% mais naqueles entre 15 e 29 anos vis-à-vis aqueles com 30 anos ou mais), eliminação do precon-ceito e da discriminação (3,6 p.p. mais), melhoria nos transportes e estradas (3 p.p. mais), melhores oportu-nidades de trabalho (3 p.p. mais), liberdades políticas (2,4 p.p. mais), acesso a telefone e internet (1,8 p.p. mais) e proteção a florestas, rios e oceanos (0,9 p.p. mais). A maior importância atribuída pelos jovens à educação e às oportunidades de trabalho é natural nessa fase do ciclo de vida. Estudo, desemprego e busca de liberdade política são elementos marcantes dos jovens de muitas gerações. Elementos da nova geração – isto é, dos jovens de hoje, mas não neces-sariamente dos jovens de décadas passadas – são o combate à discriminação, a defesa do meio ambiente e o acesso à internet. A ênfase dada a este último ele-mento, de conectividade digital, e à mobilidade urba-na coincide com o meio e o fim a partir dos quais os protestos de junho no Brasil inicialmente eclodiram.

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Agenda Antiga – Similarmente, podemos elencar os principais pontos da agenda não jovem, isto é, ele-mentos que pesam relativamente mais nas priorida-des daqueles com 30 anos ou mais. Nesse caso, a agenda é acesso a alimentos de qualidade (6 p.p. menos para os jovens), melhoria dos serviços de saú-de (4,7 p.p. menos), proteção contra o crime e a vio-lência (3,4 p.p. menos), apoio às pessoas que não Fonte: SAE/PR a partir de Pesquisa de Campo do IPEA Maio de 2013

Fonte: SAE/PR a partir de pesquisa de campo do Ipea (maio de 2013).

Agenda Jovem: Excesso de preocupação da juventude vis-à-vis demais adultos

com temas específicos (em pontos de porcentagem)

6 2 0 -2 -4 -6 -8 4 4,75 3,02 3,00 2,37 1,77 0,88 0,77 0,21 -0,81 -1,17 -2,19 -2,82 -3,36 -3,94 -6,03 3,55 Educação de qualidade Eliminação do pr econc eito e da... Melhor es opor tunidades de tr abalho Melhor ias nos tr anspor tes e estr adas Liber dades políticas Acesso ao t elef one e à in ternet Acesso à ener gia em sua casa

Prot eção a flor estas , rios e oc eanos Comba ter as mudanças climá

ticas

Igualdade en tre homens e mulher

es

Acesso à água potá vel e ao ... Gov erno honest o e a tuan te

Apoio às pessoas que não podem...Proteção c ontr a o cr ime e a violência Melhor ia dos ser viços de saúde Acesso a alimen tos de qualidade

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podem trabalhar (2,8 p.p. menos), governo honesto e atuante (2,2 p.p. menos), acesso à água potável e ao saneamento (1,2 p.p. menos) e igualdade entre homens e mulheres (0.8 p.p. menos).

Como diz a música dos Titãs, jovens não querem só comida, ao passo que saúde e aposentadoria são questões que afligem mais os mais velhos. Igualdade de gênero se destaca especialmente nas faixas etá-rias mais avançadas, em que a população feminina, mais longeva, supera a masculina. Outros integrantes da agenda não jovem, talvez pela incapacidade de sucessivos governos endereçá-los, são violência, corrupção e saneamento básico.

Prioridades dos Jovens vis-à-vis Não Jovens Jovens Não Jovens

Educação de qualidade 85,2%. 80,5%

Melhoria dos serviços de saúde 82,7% 86,6%

Acesso a alimentos de qualidade 70,1% 76,1%

Governo honesto e atuante 63,5% 65,7%

Proteção contra o crime e a violência 49,0% 52,3% Melhores oportunidades de trabalho 46,9% 43,9% Melhoria nos transportes e estradas 40,9% 37,9% Apoio às pessoas que não podem trabalhar 35,1% 38,0% Acesso à água potável e ao saneamento 27,4% 28,6% Proteção a florestas, rios e oceanos 20,1% 19,2% Acesso à energia em sua casa 19,9% 19,1% Eliminação do preconceito e da discriminação 19,5% 15,9% Igualdade entre homens e mulheres 11,7% 12,5% Liberdades políticas 10,5% 8,2% Acesso ao telefone e à internet 10,0% 8,3% Combater as mudanças climáticas 7,3% 7,1%

(12)
(13)

E

sta força jovem expõe suas demandas e traz à tona o desafio de assegurar a oferta de condições e oportunidades para que es-sas mais de 50 milhões de pessoas possam viven-ciar plenamente a sua juventude e tomar, de forma consciente, decisões que irão impactar a sua vida adulta. Após longo período de indefinições e de tramitação, o Estatuto da Juventude, que pretende reunir e fazer valer os direitos dessa população, foi aprovado. A legislação busca, dessa forma, indicar qual deve ser o norte das políticas públicas especí-ficas para os brasileiros dos 15 aos 29 anos. E qual deve ser, de fato, o papel do Estado e da socie-dade na satisfação das necessisocie-dades dos jovens? Conhecer quem são, ouvi-los e entender quais são as suas prioridades, o que querem e como o

que-rem, é fundamental.

está iniciando uma série de estudos que busca saber quem é o jovem brasileiro e quais são suas expectativas. Pela análise das principais questões que atingem seu bem-estar presente e futuro, será feita uma reflexão sobre o que estamos oferecendo e o que ainda falta oferecer para a nossa juventude. Serão abordados, em fascículos temáticos, aspec-tos como renda, educação e trabalho.

O ponto de partida será conhecer a demografia da população jovem hoje e a tendência para os próxi-mos anos, assim como compreender os fatores que interferem na formação do tamanho das juventudes. A discussão sobre o que representa o bônus demo-gráfico envolve, sobretudo, a relação entre os grupos etários da população. Fazer parte de um determina-do grupo pode variar drasticamente ao se analisar

1. Introdução

A juventude brasileira tem se revelado de maneira intensa nas ruas e nas

redes sociais. Provou grande capacidade de articulação, criando verdadeira

onda de mobilização e transformações. Deixou clara a sua vontade de

parti-cipar não apenas como espectadora, mas como protagonista ou até mesmo

(14)

juventude no Brasil, por exemplo, constata-se algo surpreendente: apesar de a sua evolução ser muito parecida com a subida observada no tamanho da juventude da América do Sul, a população jovem brasileira declinará a uma velocidade muito maior do que todas as outras. Como pode ser observa-do no Gráfico 1, mesmo nos países desenvolviobserva-dos as demais juventudes do mundo se estabilizam em números proporcionalmente muito mais altos. O Brasil vai enfrentar, ao que tudo indica, a maior queda comparativa no tamanho da sua juventude.

O que representa, afinal, termos um grupo etário jo-vem tão numeroso quanto o que nós temos hoje? Fundamentalmente, não há como pensar em cres-cimento econômico e social e em transformação do país sem levar em consideração os nossos maiores ativos, reconhecer seu potencial e particularidades. Investir nas novas gerações tem reflexos positivos não apenas no presente dos próprios jovens, mas também no futuro do Brasil. Sem dúvida, a impor-tância da juventude, para além dos números, é da conta de todo o país.

BRASIL américa do sul mundo china países desenvolvidos países menos desenvolvidos 115 120 105 110 95 100 85 80 90 75 65 60 70 55 45 40 50 35 25 30 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050 2060 2070 2080 2090 2100

Gráfico 1 – Evolução da População Jovem de 15 a 29 anos: Mundo, 1950 a 2100

Populaç

ão jo

vem (2015 = 100%)

Fonte: Estimativas produzidas pela SAE/PR com base nos dados populacionais e projeções da ONU.

(15)

2. Crescimento acelerado e queda

A

o se observar a evolução da população

brasileira no último século, a variação de-mográfica é impressionante. De 17 milhões, em 1900, o número de habitantes passou para 170 milhões, em 2000. Esse mesmo país que em ape-nas cem anos multiplicou por dez a sua população, inicia o século XXI com uma taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição1, indicando que

cer-tamente iniciaremos um processo de declínio po-pulacional antes de alcançar a metade deste novo século (Gráfico 2).

1 A taxa de fecundidade é o número médio de filhos que uma mulher te-ria ao final de seu período reprodutivo (entre os 15 e 49 anos de idade).

Como as

transformaCões

DemográfiCas

influenCiam e irão

influenCiar as

neCessiDaDes Da

JuventuDe e sua

ContriBuiCão

para o país?

(16)

Iniciaremos um processo

de declínio populacional

antes de alcançar a

metade deste novo século

250 200 150 100 50 0 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050

Gráfico 2 – Evolução populacional brasileira: 1900 a 2050

Populaç

ão no B

rasil (

em milhões)

Fonte: Estimativas produzidas pela SAE/PR com base nos dados da Directoria Geral de Estatística, 1872–1930; IBGE, Censo Demográfico 1940/2010; e IBGE, Projeção 2010–2050.

ANO

170 Milhões

(17)

Até lá, ao longo das quatro primeiras décadas do novo milênio, continuaremos a crescer, ultrapassan-do os 200 milhões e cheganultrapassan-do provavelmente a 220 milhões de habitantes. Essa inércia demográfica re-sulta da estrutura etária jovem do país (consequência de altas taxas de fecundidade no passado recente). Graças à elevada porcentagem de mulheres em ida-de fértil, será possível manter a natalidaida-de superior à mortalidade por mais algumas décadas, a despeito de uma taxa atual de fecundidade já abaixo do nível de reposição.

Quais as consequências dessas mudanças demo-gráficas para o segmento jovem da população bra-sileira? Em particular, quais as repercussões que essas transformações tiveram, vêm tendo e terão sobre o tamanho da juventude brasileira? Como essas transformações influenciam e irão influenciar as necessidades da juventude e sua contribuição para o país? Essas são as questões centrais que procuramos responder neste primeiro fascículo da série Juventude Levada em Conta.

(18)

3. Quantos são os jovens?

A definição de jovem, por trazer em sua essência conceitos que não são universais e estáticos, permite diferentes entendimentos, variáveis no tempo

e de acordo com o que é estabelecido como sendo o papel da juventude em uma dada sociedade. De maneira geral, delimita-se a juventude pela

saída da infância e a entrada na fase adulta.

N

o Brasil, com a aprovação em 2010 da Proposta de Emenda Constitucional nº 65, conhecida como PEC da Juventude, o ter-mo “jovem” passa a ser incorporado ao texto da Constituição Federal e a representar os brasileiros com idade entre 15 e 29 anos completos2.

Além desse recorte amplo, a juventude também é comumente dividida em três subgrupos: i) jovem--adolescente, com idade entre 15 e 17 anos; ii) jo-vem-jovem, entre 18 e 24 anos; e iii) jovem-adulto, entre 25 e 29 anos.

2 Por essa definição, o número de jovens se modifica diariamente. Assim, convencionou-se que são jovens, em dado ano, todos aqueles que tenham entre 15 e 29 anos em 1º de julho.

3 Dado que se adotou a prática de contar a população no meio do ano, torna-se mais adequado definir coorte de nascimento como sendo o grupo de pessoas que nasceram entre 1º de julho de um ano e 31 de junho do ano calendário seguinte. Ou seja, aqueles que em 1º de julho têm a mesma idade, independentemente de terem, na verdade, nascido em anos diferentes.

Entende-se por coorte de nascimento todas as pessoas nascidas em determinado ano. A

coor-te de 1977, por exemplo, é formada por todas as

pessoas que nasceram nesse ano3. A juventude,

portanto, é composta por 15 coortes. Em 2013, o tamanho de cada uma dessas 15 coortes de jovens variava entre 3,2 e 3,6 milhões, o que resulta em uma média pouco inferior a 3,4 milhões de pesso-as por coorte. Daí o total de 51 milhões de jovens existentes hoje, o que representa pouco mais de ¼ (ou 26%) dos quase 200 milhões de habitantes do país. Esse tamanho relativo da juventude no Brasil

(19)

nos coloca muito próximos tanto da média como da mediana mundial (Gráfico 3). Em 2010, 26% da população mundial era jovem; em metade dos países a porcentagem de jovens era infe-rior a 27% e, na outra metade, mais de 27% da população total era jovem. Em 70% dos países, a juventude representa de 20% a 30% da popu-lação total.

Com relação aos subgrupos que compõem a juventu-de, temos que o grupo dos jovens-adolescentes (15 a 17 anos), por ser formado por três coortes, totaliza aproximadamente 10 milhões ou 20% (3/15 = ⅕) dos jovens; os jovens-adultos (25 a 29 anos), com cinco

coortes, totalizam 17,5 milhões ou 33% (5/15 = ⅓);

o grupo dos jovens-jovens (18 a 24 anos) perfaz um total de 23,1 milhões ou 47% (7/15 ≅ ½).

Gráfico 3 – Distribuição dos países do mundo segundo a porcentagem de jovens: 2010

Jo

vens (por

cen

tagem da populaç

ão)

PERCENTUAL DE PAÍSES

0 10 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 20 30 40 50 60 70 80 90 100

MEDIANA = 26,9%

MéDIA= 25,8%

70% dos países

BRASIL

20%

30%

(20)

Hoje, temos 51 milhões de jovens de 15 a 29 anos de

idade, que representam 26% da população brasileira

(21)

4. Onda jovem:

a evolução do tamanho da juventude

A

evolução do tamanho da juventude

brasi-leira ao longo das últimas décadas, e de acordo com as perspectivas futuras, não se apresenta de forma monotonicamente ascenden t e. Ao contrário, em sua trajetória recente, a juventu-de apresenta crescimento até 2008, quando atinge

seu ápice, para declinar a partir de então (Gráfico 4). Já não temos mais a maior juventude de tod os os tempos. O número de jovens é, hoje, cerca de 600 mil a menos do que o máximo alcançado em 2008, quando havia 51,3 milhões de pessoas de 15 a 29 anos no país.

Gráfico 4 – Evolução do número de jovens de 15 a 29 anos: Brasil, 1980 a 2050

Jo

vens (

em milhões)

50 45 40 35 30 25 55 51,3 milhoes de jovens em 2008 2013

(22)

No entanto, essa evolução não pode ser represen-tada por um triângulo, com um pico quantita tivo aguçado. De fato, o perfil da evolução da juventude se assemelha muito mais à forma de um trapézio, com um amplo platô ladeado por rampas (Gráfico 5). A juventude se expandiu de maneira acentuada por 20 anos (somam-se 12,5 milhões de pessoas à juventude entre 1983 e 2002), permaneceu quase estagnada por outros 20 anos (2003–2022), com pouco mais de 50 milhões de pessoas, para então nos 20 anos subsequentes se contrair no mesmo

ritmo com que se expandiu (o tamanho da juven-tude se contrai em 12,5 milhões entre 2023–2042). Em outras palavras, a juventude, que vinha cres-cendo a uma velocidade média de 600 mil por ano até 2003, permanece essencialmente estagnada entre 2003 e 2022, para voltar a declinar a partir de 2023 à mesma taxa – aproximadamente 600 mil ao ano. No intervalo entre 2003 e 2022, o tamanho da juventude se manterá relativamente estável, com pouco mais de 50 milhões de pessoas.

1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

M

ilhões de jo

vens

Gráfico 5 – Evolução do número de jovens de 15 a 29 anos: Brasil, 1980 a 2050

ANO 50 45 40 35 30 25 20 55

plato

12,5 milhoes

12,5 milhoes

(23)

5. A dinâmica da Juventude

P

ara investigar mudanças no tamanho da

juventude é importante analisar seus três determinantes imediatos. O crescimento no tamanho da juventude é determinado pela dife-rença entre: i) a entrada de novos jovens, formada pela coorte que acaba de completar 15 anos; ii) a saída de pessoas da juventude, que ocorre por morte (alguns jovens morrem durante essa fase); ou iii) porque uma coorte inteira completa seus 30 anos e transita à vida adulta.

Tomemos como exemplo a juventude em 2010. Em relação a 2009, o tamanho da juventude em 2010 aumentou com a entrada de 3,305 milhões de no-vos jovens (pessoas que acabaram de completar 15 anos) e declinou em razão da saída de 3,288

milhões de novos adultos, e também da morte de 0,077 milhão de jovens no ano. Como resultado lí-quido desses fluxos, a juventude declinou em 0,060 milhão entre 2009 e 2010.

Pode-se mostrar que a mudança no tamanho da ju-ventude num dado ano é aproximadamente igual à diferença entre o tamanho da coorte que está entrando nesse ano e o tamanho da que entrou 15 anos antes4. Por exemplo, em 2010 entraram na

ju-ventude 3,305 milhões de pessoas; 15 anos antes haviam entrado 3,375 milhões. A queda no tamanho da juventude de 2009 para 2010, por essa aproxi-mação, seria, portanto, de 3,305 - 3,375 = -0,070 milhão. O que efetivamente ocorreu foi uma queda de 0,060, ilustrando a validade da aproximação. 4 Ver Encarte 1, na página seguinte, para maiores detalhes sobre por que essa é uma aproximação válida.

(24)

Encarte 1:

Aproximando

varia-ções no tamanho da juventude

Quando a mortalidade para cada uma das idades que compõem a juventude (15 a 29) não varia muito por coorte, mudanças no tamanho da juventude num dado ano podem ser muito bem aproximadas pela diferença entre o tamanho da coorte que está entrando nesse ano e o tamanho da que entrou 15 anos antes. Uma vez que a validade dessa

apro-ximação está relacionada a certa estabilidade da mortalidade, vamos iniciar a argumenta-ção considerando o caso em que não há mortalidade na juventude.

IGnoRAnDo A moRtAlIDADE

Ignorando a mortalidade, a evolução do tamanho da juventude é dada pela diferença entre o número de pessoas que a cada ano passam a ser jovens (com-pletam 15 anos) e aquelas que passam à vida adulta (completam 30 anos) nesse mesmo ano. Em segui-da, note que a coorte que deixa de ser jovem num dado ano (completa 30 anos) é precisamente aquela que 15 anos antes entrava na juventude (completava 15 anos). Assim, segue que, na ausência de mor-talidade, a variação no tamanho da juventude num dado ano é igual à diferença de tamanho entre a

co-orte que está entrando e a que entrou 15 anos antes.

Exemplificando, temos que, em 2010, entraram na juventude 3,305 milhões de pessoas; 15 anos antes haviam entrado 3,375 milhões, indicando uma queda de 0,070 milhão na entrada. Na ausência de mortali-dade, essa teria sido a queda no tamanho da juven-tude de 2009 para 2010. O que efetivamente ocor-reu foi uma queda de 0,060, ilustrando a validade da aproximação. Cumpre ressaltar, no entanto, que essa aproximação é válida mesmo quando a mortalidade na juventude é considerada.

(25)

ConSIDERAnDo A moRtAlIDADE

Como já visto, quando a contabilidade completa dos fluxos é levada em consideração, o crescimen-to no tamanho da juventude (V) é igual à diferença entre a entrada de novos jovens (A), formada pela

coorte que acaba de completar 15 anos, e a saída

de pessoas da juventude, que ocorre ou por transi-ção à fase adulta – aqueles que completam 30 anos

(B) – ou por morte (C). Logo, V = A - (B + C) = (A - B) - C. Hoje, aqueles que entraram na juventude 15 anos antes (E), ou já saíram devido à mortali-dade (D) ou saem nesse ano ao transitarem à vida adulta (B). Portanto, o tamanho da coorte de entra-da há 15 anos é entra-dado por: E = B + D. Assim, em cada ano, a diferença entre o tamanho da coorte que entra na juventude(A) e a que entrou 15 anos antes (E), nossa aproximação (V*) para o aumento no tamanho da juventude, é dada por: V* = A - E = A - (B + D) = (A - B) - D. Logo, a aproximação proposta de V por V* é exata quando a mortalidade da coorte que entrou na juventude 15 anos atrás,

ao longo de seus 15 anos de percurso pela juventu-de (D), é igual à mortalidade no último ano das 15

coortes que formavam a juventude no ano passado

(C). Em outras palavras, para que a aproximação seja exata, não é necessário que a mortalidade na juventude seja nula – basta apenas que a mortali-dade em um ano (último ano) das 15 coortes que formam a juventude (C) seja igual à mortalidade de uma única coorte, aquela que acaba de transi-tar da juventude à vida adulta, durante os 15 anos de seu percurso pela juventude (D). Exemplifican-do, em 2009 a mortalidade referente às 15 coortes que formavam a juventude naquele ano foi de 0,077 milhão, enquanto que a mortalidade da coorte que completava 30 anos em 2010, após seus 15 anos de juventude, foi de 0,087 milhão. Essa diferença de mortalidade em 0,010 milhão é o que faz com que a aproximação proposta, quando utilizada, leve a uma estimativa para a redução no tamanho da juventude 0,010 maior que a realmente ocorrida.

(26)

EntEnDEnDo AS DIFEREnçAS Em moRtAlIDADE

Mas, afinal, por que essas mortalidades diferem? Em ambos os casos estamos somando a mor-talidade em um ano de 15 coortes, cada uma no momento em que tinha uma das idades entre 15 a 29 anos. Isto é, em ambos os casos, somamos a mortalidade de uma coorte aos 15 anos com a de outra aos 16 anos, e assim por diante, até so-marmos a mortalidade de uma coorte aos 29 anos. A diferença está na escolha das coortes às quais a mortalidade se refere. Para se obter a real varia-ção no tamanho da juventude num dado ano, o que se deve computar são as mortalidades específicas das 15 coortes distintas que formavam a juventude

naquele momento. Por exemplo, a variação no

ta-manho da juventude de 2009 para 2010 depende da soma das mortalidades específicas (uma para cada idade) em 2009 de 15 coortes: i) a mortalidade da coorte nascida em 1980, que em 2009 tinha 29 anos; ii) a mortalidade da coorte nascida em 1981, que em 2009 tinha 28 anos; e assim por diante até

xv) a mortalidade da coorte nascida em 1995, que

em 2009 tinha 15 anos. Assim, o cálculo exato en-volve computar a mortalidade ao longo de um ano (2009) de cada uma das 15 coortes (aquelas nasci-das entre 1980 e 1994) que formavam a juventude nesse ano e que teriam de 15 a 29 anos. Quando a aproximação é considerada, o que se contabiliza é a mortalidade de uma única coorte – a que

com-pleta 30 anos e entra na fase adulta – durante os 15 anos anteriores, quando realizou seu percurso pela juventude. Nesse caso, para se aproximar a varia-ção no tamanho da juventude de 2009 para 2010, obtém-se também a soma de 15 mortalidades es-pecíficas (uma para cada idade), a mortalidade da

coorte nascida em 1980 e que em 2009 tinha 29

anos: i) em 2009; ii) em 2008, quando tinha 28 anos; e assim por diante até xv) em 1995, quando tinha 15 anos. Quando a aproximação é considerada, o que se contabiliza é a mortalidade de uma única

coor-te – a nascida em 1980 e que sai da juventude em

2010 – durante os 15 anos anteriores a 2010 (1995 a 2009), quando ela percorreu as 15 idades que

(27)

for-mam a juventude (a mortalidade dos seus 15 aos 29 anos). Em ambos os casos somamos mortalidades específicas das 15 idades que formam a juventu-de. A diferença está na coorte que se utiliza para calcular a mortalidade específica a cada idade. Por exemplo, os nascidos em 1989 tinham 20 anos em 2009. 5,4 mil pessoas dessa coorte morreram em 2009 (e, portanto, aos 20 anos). Essa é a contribui-ção da idade de 20 anos para a mortalidade total da juventude em 2009. Quando a aproximação propos-ta é utilizada para o cálculo da morpropos-talidade, fixa-se a coorte que irá transitar à vida adulta em 2010, isto é, aqueles nascidos em 1980. A mortalidade aos 20 anos é, então, medida pelo número de mortes des-sa coorte quando tinha 20 anos (em 2000), que foi de 6,7 mil. Como a mortalidade de jovens com 20 anos foi maior em 2000 (6,7 mil) do que em 2009 (5,4 mil), a aproximação proposta irá superestimar a mortalidade e, portanto, superestimar a magnitude da queda no tamanho da juventude.

(28)

6. determinantes

imediatos do platô

A grande vantagem da aproximação proposta é a disponibilidade de uma regra prática, que em mui-to ajuda a interpretar a evolução da juventude. Se-gundo ela, o crescimento na juventude é dado pela diferença entre o tamanho da coorte que entra hoje e a que entrou há 15 anos.

Dessa forma, a juventude cresce quando a coorte que entra hoje é maior do que a coorte que entrou 15 anos antes, e declina quando o inverso ocorre. A juventude permanece estável quando a coorte que entra hoje é igual à que entrou 15 anos an-tes. Assim, a juventude aumenta sistematicamen-te quando o tamanho das coorsistematicamen-tes na entrada está crescendo (ao menos há 15 anos), e declina quan-do o tamanho das coortes na entrada está decres-cendo (ao menos há 15 anos).

Para que o tamanho da juventude permanecesse estável, portanto, bastaria um correspondente platô na evolução do tamanho das coortes que entram.

Dessa forma, se em todos os anos entrassem na ju-ventude coortes com o mesmo tamanho, mantida a mortalidade constante, nada iria alterar o tamanho da juventude. A evolução do tamanho das coortes de entrada, contudo, não apresenta qualquer pla-tô. A justificativa para o platô que observamos na evolução do tamanho da juventude deve, necessa-riamente, ser outra.

De fato, estabilidade no número de jovens que en-tram na juventude, embora seja uma condição su-ficiente, não é necessária para a ocorrência de um platô na evolução do tamanho da juventude. Basta-ria que houvesse uma oscilação com período de 15 anos, uma vez que o tamanho da coorte num dado momento seja igual a seu valor de 15 anos antes. Consequentemente, caso a mortalidade permane-cesse estável, não haveria nenhuma força levando às mudanças no tamanho da juventude. Um exem-plo é apresentado a seguir (Figura 1).

(29)

Fonte: Simulação produzida pela SAE/PR.

1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030

Figura 1 – Evolução hipotética do tamanho das coortes de entrada na juventude:

evolução cíclica com duplo pico e período de 15 anos

3,8 3,7 3,6 3,5 3,4 3,3 3,2 3,1 3,0 2,9 2,8

15 anos

15 anos

15 anos

período cíclico

(30)

7. Evolução da coorte de entrada

D

as 15 coortes que a compõem, a dinâmica da juventude deriva apenas da evolução da coorte de entrada (aqueles que a cada ano completam 15 anos). Conforme o Gráfico 6 bem ilustra, a evolução da coorte de entrada apresenta um comportamen-to cíclico com dois picos expressivos.

Gráfico 6 – Evolução da entrada da população na juventude: Brasil, 1980 a 2050

1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 3,4 3,2 2,8 3,0 2,6 2,4 2,2 2,0 3,6 3,8

entrada na

juventude

1999

2016

Populaç

ão (

em milhões)

Fonte: Estimativas produzidas pela SAE/PR com base nas projeções do IBGE.

ANO

(31)

Conforme já ressaltado, para responder pela es-tabilidade no tamanho da juventude, não basta que a coorte de entrada exiba um movimento cí-clico com um duplo pico. Duas outras condições são também indispensáveis. Primeiro, é necessá-rio que os picos sejam de magnitude similar, e os ocorridos em boa medida o são. No primeiro pico, somamos 3,7 milhões de novos jovens; no segun-do, 3,5 milhões.

Segundo, é indispensável que a distância entre os picos (período da oscilação) seja muito próxima a 15 anos. Também nesse aspecto a oscilação ocor-rida casa com essa condição necessária. O primei-ro pico ocorre em 1999, e o segundo deverá ocor-rer em 2016, portanto, 17 anos depois.

É esse movimento das coortes de entrada na ju-ventude (cíclico com período próximo a 15 anos) que induz o platô observado na evolução do tama-nho da juventude.

(32)

8. Determinantes do duplo

pico na entrada

Quais as forças responsáveis por esse movimento cíclico com dois expressivos picos no tamanho das coortes de entrada na juventude?

A

população aos 15 anos é a diferença entre o número de nascimentos 15 anos antes e a mortalidade na pré-juventude. Os novos jovens, que entraram na juventude em 2013 (3,4 milhões), são os nascidos em 1998 (3,6 milhões), exceto aqueles que morreram antes de completar 15 anos (0,2 milhão).

Assim, a formação do duplo pico pode ocorrer em duas situações polares: i) a evolução do número de nascimentos tem um comportamento cíclico e a mortalidade tem uma evolução monotônica neutra, ou ii) os nascimentos apresentam uma tendência monotônica, mas a taxa de mortalidade na pré-ju-ventude apresenta uma evolução cíclica.

Como é possível observar no Gráfico 7, a redu-ção na taxa de mortalidade na pré-juventude é contínua, declinando em 2,5 por mil por ano entre 1980 e 2000. A partir de 2000, essa taxa de re-dução declina para 1,0 por mil por ano, pelo me-nos até 2020. Uma simulação em que a taxa de mortalidade na pré-juventude permanece inal-terada mostra que, ainda assim, o mesmo com-portamento cíclico da entrada na juventude seria observado. Portanto, a ciclicidade da entrada na juventude decorre diretamente da evolução dos nascimentos – que, de fato, tem um comporta-mento cíclico com um duplo pico.

(33)

O número de nascimentos no país cresce até 1984, quando atinge seu maior valor histórico, muito pró-ximo a 4 milhões5 (ver Gráfico 8). Uma década após

o pico em 1984, o número de nascimentos para de decrescer, voltando a crescer até atingir um novo pico (agora local) em 2001, com 3,6 milhões. A par-tir desse momento, o número de nascimentos pas-sa a declinar de forma acentuada (2,5% ao ano).

A evolução dos nascimentos é, portanto, marca-da por um duplo pico. Como seria necessário, os picos são de magnitude similar e encontram-se a cerca de 15 anos de distância um do outro (17 anos, para ser exato). É essa oscilação no número de nascimentos que determina a correspondente oscilação no número de entrantes na juventude (15 anos mais tarde), sem a qual não haveria um platô na evolução do tamanho da juventude.

Fonte: Estimativas produzidas pela SAE/PR com base nas projeções do IBGE.

ANO DE NASCIMENTO

2035

Gráfico 7 – Evolução da taxa de mortalidade na pré-juventude: Brasil, 1980 a 2035

100 90 70 50 40 30 20 10 0 1985 1980 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 80 60

Númer

o de mor

tos por mil nascidos viv

(34)

Fonte: Estimativas produzidas pela SAE/PR com base nas projeções do IBGE.

2 pico

NASCIMENTOS

1 pico

2035

Gráfico 8 – Evolução do número de nascimentos: Brasil, 1980 a 2050

4,5 4 3,5 2,5 2 1,5 1 1985 1980 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2040 2045 2050 3

Populaç

ão (

em milhões)

ANO

(35)

9. Sobre o duplo pico

nos nascimentos

6 Como o número esperado de filhos ao longo do período fértil da mulher varia de forma sistemática e significativa, são utilizadas taxas específicas de fecundidade para cada idade.

7 Espera-se que o número de mulheres em idade fértil no Brasil atinja um pico (de 57,1 milhões) em 2024, permanecendo próximo a 57 milhões ao longo de toda a década de 2020 a 2030.

O

número de nascimentos em cada ano re-sulta do produto entre i) o número de mu-lheres em idade fértil (15 a 49 anos) na-quele ano e ii) o número de filhos que se espera que essas mulheres tenham nesse ano (taxa de fecundidade)6. Dessa forma, ciclos e picos no

nú-mero de nascimentos decorrem da interação das trajetórias dessas duas variáveis.

No que diz respeito à evolução do número de mulheres em idade fértil (15 a 49 anos), observa--se uma tendência contínua de aumento, ao me-nos até 20257 (ver Gráfico 9). É verdade que a

taxa de crescimento é nitidamente decrescente, mas a queda nessa taxa é também claramente monotônica.

(36)

A evolução da taxa de fecundidade mostra uma queda contínua. Entretanto, um olhar mais cuida-doso sobre a sua trajetória (ver Gráfico 10) reve-la que, apesar de estar em processo contínuo de redução, essa queda desacelera nos anos 1990 e

volta a acelerar a partir de 2000. Portanto, ao con-trário da taxa de crescimento do número de mulhe-res em idade fértil, que declina de forma monotô-nica, a taxa de declínio na fecundidade oscila de forma acentuada.

Fonte: Estimativas produzidas pela SAE/PR com base nas projeções do IBGE.

Número de mulheres em idade reprodutiva (15 a 49 anos)

2035

Gráfico 9 – Evolução do número de mulheres em idade reprodutiva (de 15 a 49 anos): Brasil, 1980 a 2050

70,0 60,0 50,0 30,0 20,0 10,0 0,0 1985 1980 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2040 2045 2050 40,0

Populaç

ão (

em milhões)

ANO

(37)

O número de nascimentos é, portanto, o produto de um fator que cresce (mulheres em idade fértil) e outro que declina (taxa de fecundidade), confor-me pode ser observado no Gráfico 11. O resultado

taxa de variação. Quando o crescimento no núme-ro de mulheres em idade fértil é mais intenso que a queda na taxa de fecundidade, a natalidade cres-ce; quando a queda na taxa de fecundidade é mais

Fonte: Estimativas produzidas pela SAE/PR com base nas projeções do IBGE.

Número médio de filhos

por mulher durante o período reprodutivo (15 a 49 anos)

2035

Gráfico 10 – Evolução da taxa de fecundidade total: Brasil, 1980 a 2050

1985

1980 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2040 2045 2050

Númer

o de filhos por mulher

4,5 4,0 5,0 3,5 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 3,0

ANO

(38)

De 1985 a 1995, o número de mulheres em idade fértil cresceu 2,5% ao ano, enquanto a fecundida-de fecundida-declinava 3,0% ao ano, resultando numa queda nos nascimentos. Já na segunda metade dos anos 1990, a taxa de fecundidade passou a declinar apenas 1% ao ano, com o número de mulheres em idade fértil continuando a crescer a taxas acima de 2% ao ano. O resultado foi que essa desaceleração na queda da fecundidade causou um novo

aumen-to nos nascimenaumen-tos. A partir de 2000, a taxa de fe-cundidade volta a declinar a taxas elevadas (3%), muito acima da taxa de crescimento no número de mulheres em idade fértil, levando a um novo de-clínio no número de nascimentos. Agora, pelo que tudo indica, o declínio será definitivo, uma vez que o número de mulheres em idade fértil já cresce mui-to lentamente e, em pouco mais de uma década, irá começar, também, a declinar.

Fonte: Estimativas produzidas pela SAE/PR com base nas projeções do IBGE.

fecundidade total

mulheres de 15 a 49 anos

2035

Gráfico 11 – Evolução da taxa de crescimento anual do número de mulheres em idade fértil

e da taxa de decrescimento da fecundidade total: Brasil, 1980 a 2050

1985 1980 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2040 2045 2050

Taxa de v

ariaç

ão anual (%)

4,5 4,0 3,5 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 3,0 ANO

(39)

10. Por que o tamanho da

juventude importa?

10.1. o que signifiCa ser “granDe”?

Por vinte anos (2003–2023) o Brasil contará com uma população jovem de mais de 50 milhões. Nun-ca o país contou com uma população jovem tão expressiva e, mantidas as tendências demográfi-cas, tampouco irá contar no futuro. Mas, afinal, o tamanho da população jovem tem alguma impor-tância para o país e para os próprios jovens, em particular?

Certamente o tamanho de uma coorte importa para o seu desenvolvimento e bem-estar. Na verdade, como diferentes coortes convivem juntas em famí-lias e comunidades, trabalham juntas e se apoiam mutuamente por amplas redes de solidariedade (governamentais e não governamentais), o tama-nho de cada uma acaba por influenciar o desenvol-vimento e o bem-estar de todas elas.

Em que medida fazer parte de um grupo matema-ticamente maior é preferível ou não? Esta é uma questão que se encontra na raiz do debate sobre população e desenvolvimento, e uma resposta ma-niqueísta não satisfaz. Ser a maior juventude de to-dos os tempos tem suas vantagens, mas também traz consigo algumas desvantagens.

Antes de analisarmos as vantagens e desvanta-gens de ser “grande”, é importante ressaltar que existem diversas formas de definir “grande”. Duas merecem particular atenção. Conforme já ressalta-do, em 2008 o Brasil tinha o maior número de jovens de toda a sua história. Nunca tivemos nem nunca teremos tantos jovens como nesse ano. Essa é uma noção absoluta de grandeza.

(40)

Em 2008, no entanto, a porcentagem de jovens não era a maior da história. De fato, enquanto em 2008 os jovens representavam 26% da população brasileira, 25 anos antes a população jovem representava mais de 29% da população. Em termos relativos, a popu-lação jovem brasileira alcançou seu pico em 1983.

10.2. DisponiBiliDaDe De fatores

No trecho que se segue, argumentamos que as vantagens e desvantagens da magnitude da juven-tude estão sempre relacionadas ao seu tamanho em relação à disponibilidade de outros fatores, sen-do a população em outras faixas etárias apenas um destes fatores. Se, por um lado, não se pode com-parar o tamanho absoluto da juventude em dois pa-íses com populações muito distintas, também não se pode ignorar que as vantagens e desvantagens de juventudes de diferentes tamanhos, mesmo

en-tre países com a mesma população, dependem da disponibilidade de recursos naturais, nível tecno-lógico e capital humano dado, por exemplo, pelo nível de educação da população adulta.

Na sequência, buscamos identificar as vantagens e desvantagens da magnitude da juventude, levan-do em consideração seu tamanho relativo a uma série de outros fatores, inclusive (mas não exclusi-vamente) o tamanho da população nacional.

Ser a maior

juventude tem

suas vantagens,

mas também traz

consigo algumas

(41)

10.3. ganhos CresCentes e

DeCresCentes Com o tamanho

Em termos gerais, a resposta é muito simples: tudo depende de termos ganhos crescentes ou decres-centes com o tamanho. Quando os ganhos são crescentes, a contribuição de um aumento na pulação será superior à contribuição média da po-pulação preexistente. Nesse caso, um aumento na população irá elevar a contribuição média. Quan-do os retornos são decrescentes, a contribuição de um aumento na população será inferior à contribui-ção média da populacontribui-ção preexistente, levando a uma queda na contribuição média.

Contudo, as pessoas agem e interagem em diver-sas áreas, e nada garante que os ganhos crescen-tes ou os retornos decrescencrescen-tes dominam o cená-rio de forma uniforme em todas essas áreas. Daí decorre que tamanho, em alguns casos, traz vanta-gens, e em outros, traz desvantagens. O que ocor-re é que em algumas áocor-reas sobocor-ressaem os ganhos crescentes, enquanto que em outras dominam os retornos decrescentes.

A questão, então, é o que determina a presença de ganhos crescentes ou decrescentes. Em que

(42)

situ-10.4. DisponiBiliDaDe De fatores

Também nesse caso a resposta geral é simples. A população, e a população jovem em particular, é apenas um dos fatores responsáveis pelo de-senvolvimento. Portanto, ganhos crescentes ou decrescentes de um aumento populacional (na ju-ventude) irão depender da disponibilidade desses outros fatores. Numa área rica em recursos natu-rais, muito pouco povoada, deve-se esperar que aumentos populacionais acarretem ganhos de es-cala vinculados à maior aglomeração e

possibilida-Em sociedades com poucos jovens existem os mais diversos ganhos de escala decorrentes das possibilidades de maior aglomeração e especiali-zação. Por exemplo, numa comunidade com pou-cos jovens e ampla oferta de educação superior, um aumento no número de jovens permite ampliar o leque de cursos oferecidos (ganhos de aglome-ração que permitem a especialização) e aumentar a interação e a troca de ideias entre alunos, aumen-tando o aprendizado.

Em termos mais gerais, um maior contingente de jovens pode viabilizar uma oferta mais variada de

des de especialização, com consequentes ganhos de produtividade, entre outros.

Da mesma forma, num país com uma ampla popu-lação economicamente ativa, mas com uma juven-tude diminuta, pode haver retornos crescentes as-sociados a aumentos no número de jovens. Nessa sociedade existirá maior espaço fiscal para investi-mentos na juventude, mas também maior escassez de mão de obra jovem.

serviços públicos e privados. Pode permitir a ex-pansão da oferta de serviços específicos para a juventude (por exemplo, dar escala e permitir a instalação de uma instituição de ensino técnico e tecnológico na comunidade, ou a oferta de

even-10.5. aglomeraCão, espeCializaCão e vantagens Do tamanho

Um maior contingente

de jovens pode

viabilizar a expansão

da oferta de serviços

(43)

A expansão da juventude

pode, por outro lado,

acirrar a concorrência

por recursos escassos

e trazer perdas devido

ao congestionamento

tos culturais de interesse específico da

juventu-de) e também ampliar o leque de oportunidades de interesse de todos, e da juventude em parti-cular (maior variedade nas oportunidades de en-tretenimento e cultura, por exemplo). Uma maior juventude também pode fortalecer sua capacida-de capacida-de reivindicação, e, com isso, os gastos pú-blicos e programas sociais darem maior atenção

às necessidades específicas desse grupo. Uma maior juventude permite, pela maior aglomera-ção, um melhor casamento de interesses, tornan-do possível a formação de grupos de interesse mais específicos. Esses são alguns exemplos de como o tamanho pode permitir que ganhos de aglomeração e especialização possam ser apro-veitados.

10.6. Congestionamento e Desvantagens Do tamanho

Da mesma forma como a abundância de outros

fa-tores pode trazer vantagens a uma expansão da juventude, a escassez pode ter exatamente o efeito contrário, precisamente pelos mesmos canais. Um crescimento populacional acentuado numa área com escassos recursos naturais pode dificultar melhorias nas condições de vida, da mesma forma que expansões no tamanho da juventude, na pre-sença de escassez de serviços e oportunidades, podem ter impactos deletérios, em particular sobre os jovens. Nesse caso, a expansão da juventude irá acirrar a concorrência por recursos escassos e trazer perdas devido ao congestionamento.

Os canais para essas perdas ocorridas em função

namento são os mais variados. Essas perdas são evidentes no mercado de trabalho. Em uma eco-nomia com oferta limitada de postos de trabalho, quanto maior a juventude, maior a concorrência pe-los limitados postos existentes e, por isso, maior a taxa de desemprego e menores as remunerações.

(44)

10.7. transferênCias intergeraCionais

Embora a escassez de todo tipo de fatores possa dificultar a acomodação de uma juventude maior, um dos mais importantes é a população em outras idades. Parte da juventude não é economicamente ativa, e a parte que se encontra ativa ainda não atingiu seu período de maior produtividade. Assim, os serviços e as oportunidades a que a juventu-de tem e precisa ter acesso ainda são em gran-de medida subvencionados pelas coortes adultas. No mundo moderno, o desenvolvimento e bem-es-tar da juventude ainda depende de transferências intergeracionais. Nesse contexto, ser parte de uma juventude numerosa (beneficiários das transferên-cias) num país com poucos adultos (doadores) deve ser pior do que pertencer a uma juventude pequena num país com muitos adultos.

O seguinte exemplo nos permite ilustrar essa afir-mação. Considere uma sociedade com 150 mi-lhões de pessoas, formada por pessoas economi-camente ativas e inativas (dependentes), em que a regra de solidariedade é definida por meio de uma transferência de recursos da população ativa para os seus dependentes, via mecanismos públicos e privados, da seguinte forma: a arrecadação (im-postos e transferências privadas) deve levar a um montante fixo de R$ 300 bilhões mais uma parcela variável de R$ 2.000 por pessoa economicamente ativa contribuindo. Os recursos arrecadados serão divididos igualmente entre os inativos. Uma carac-terística dessa regra merece destaque: devido ao componente fixo da arrecadação (R$ 300 bilhões), o grau de solidariedade da população ativa, dado Num ambiente de limitada oferta de serviços

públi-cos, um maior número de jovens significa a com-petição de muitos por poucas vagas. Num país ou comunidade com limitada oferta de educação superior, quanto maior a juventude, maior a dificul-dade do processo de entrada na universidificul-dade, ou maiores as salas de aula e menor o acesso dos

alunos ao restrito número de professores. O tama-nho da juventude pode ser particularmente crítico em momentos em que o orçamento público mos-tra-se restrito. Nesse caso, com vistas a acomodar um orçamento limitado a uma maior juventude, a quantidade ou a qualidade dos serviços terá que ser devidamente ajustada.

(45)
(46)

pela contribuição média, é tão maior quanto menor for a população economicamente ativa. De fato, se-gundo essa regra, a contribuição por pessoa ativa é dada por R$ 2.000 + R$ 300 bilhões/pessoa ativa. Assim, quanto maior o tamanho da população ativa, menor a contribuição per capita.

Nosso objetivo é ilustrar que coortes maiores ten-dem a contribuir mais e se beneficiar menos da solidariedade intergeracional, com o oposto ocor-rendo com coortes menores.

Coortes DE tAmAnho ConStAntE

Iniciamos analisando o impacto distributivo dessa regra em uma sociedade onde, coorte após coorte, o número de pessoas ativas é igual ao de depen-dentes. Nesse caso, como a população total é de 150 milhões, cada grupo terá um total de 75 milhões de pessoas. Seguindo a regra proposta, a arreca-dação geral será de R$ 300 + R$ 2 x 75 = R$ 450 bilhões. Dessa forma, como existem 75 milhões de pessoas ativas, caberá a cada uma contribuir com R$ 6.000. Como o número de pessoas inativas é igual ao das ativas, cada inativo irá também receber serviços e benefícios no valor de R$ 6.000. Se esse sistema continuar a se reproduzir, cada

dependen-te irá receber o mesmo montandependen-te com que deve-rá contribuir na sua fase economicamente ativa. As transferências intergeracionais são, portanto, balanceadas.

Coortes DE tAmAnho VARIáVEl

Consideremos agora o caso em que o tamanho da

coorte flutua. Uma coorte grande, com 100 milhões

de pessoas, é antecedida e seguida por coortes menores, de 50 milhões. Com vistas a simplificar a argumentação, suponhamos que essa alternância prossegue indefinidamente.

Iniciemos analisando as transferências intergera-cionais no momento em que o grupo economica-mente ativo é o menor (i.e., formado por 50 milhões de pessoas) e o dependente composto por 100 mi-lhões de pessoas. Nesse momento, em decorrên-cia de uma menor população ativa, a arrecadação geral será um pouco menor, R$ 300 + R$ 2 x 50 = R$ 400 bilhões (no caso de coortes de mesmo tamanho, a arrecadação era de R$ 450 bilhões). Mesmo assim, como a população ativa é de ape-nas 50 milhões, a generosidade de cada pessoa deverá ser maior, R$ 8.000 (no caso de coortes de mesmo tamanho, a contribuição era de R$ 6.000).

(47)

Como o número de pessoas inativas é agora muito maior (100 milhões), cada uma irá receber serviços e benefícios num valor bem menor, R$ 4.000 (no caso de coortes de mesmo tamanho, cada uma re-cebia R$ 6.000).

Consideremos agora o momento em que a maior

coorte é economicamente ativa. Nessa situação,

o grupo ativo passa a contar com 100 milhões de pessoas e o grupo inativo passa a ter apenas 50 milhões de pessoas. A arrecadação é a maior dos casos analisados, passando para R$ 300 + R$ 2 x 100 = R$ 500 bilhões. Graças ao maior tamanho da população ativa, a generosidade da contribui-ção de cada um declina para R$ 5.000. No entanto, como o número de dependentes é agora bem me-nor, cada um irá receber serviços e benefícios num valor bem maior, R$ 10.000.

BAlAnço

Podemos agora, então, analisar se as transferên-cias intergeracionais permaneceram neutras num ambiente em que o tamanho das coortes flutua. Iniciamos com a contabilidade vista pela maior

coorte. Cada membro dessa coorte irá contribuir

com R$ 5.000 quando ativo e, quando inativo, irá

irá transferir para a coorte pequena R$ 500 bilhões e receber da pequena apenas R$ 400 bilhões. As-sim, dada essa regra, ocorrerá uma transferência líquida de R$ 100 bilhões da coorte grande para a pequena.

Do ponto de vista da coorte pequena, a visão des-sa contabilidade intergeracional é oposta. Cada membro da coorte pequena irá contribuir com R$ 8.000 quando ativo e receber R$ 10.000 quando inativo. No agregado, a coorte pequena irá transfe-rir para a grande R$ 400 bilhões e receber R$ 500 bilhões. Portanto, como já visto na contabilidade anterior, dada a regra adotada, deverá ocorrer uma transferência líquida de R$ 100 bilhões da coorte grande para a pequena.

ConCluSão

Esse exemplo ilustra como, num ambiente de soli-dariedade intergeracional, ser uma coorte grande seguida e antecedida por coortes menores pode ser desvantajoso do ponto de vista distributivo. Mesmo um sistema que seria distributivamente neutro, com ausência de flutuações no tamanho das coortes, torna-se distributivamente desfavorá-vel para as coortes grandes quando o tamanho das

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Nesse caso, o sustento de cada um dos dependentes acontece no momento em que muitos outros também precisam. A atenção despendida, portanto, precisa ser compartilhada entre muitos. É espe-rado nessa situação que a carga sobre a população economicamente ativa seja mais pesada, e menor a atenção recebi-da por carecebi-da dependente. Já na situação contrária, quando uma coorte grande encontra-se em sua fase mais produtiva, existirão poucos que demandarão aten-ção, de tal forma que será mais fácil para cada pessoa ativa oferecer o que for ne-cessário.

(49)

11. Considerações finais

T

emos a maior juventude de todos os tempos,

estabilizada no patamar de 50 milhões de pessoas há uma década. Mantidas as ten-dências demográficas históricas, a juventude deverá permanecer nesse patamar por praticamente mais uma década. Ao final dessa década, no entanto, terá início um processo de queda acentuada. Assim, de-pois de quase 20 anos estabilizada em 50 milhões de pessoas, a juventude deverá perder mais de 15 milhões de pessoas até 2050.

Embora o tamanho da juventude tenha variado muito pouco ao longo da última década e não deva variar muito ao longo da próxima, seu pico ocorreu próximo a 2005, quando existiam no país 51 mi-lhões de jovens. A juventude em 2005 era aquela formada pelas coortes nascidas entre 1976 e 1990. Essas não são apenas as coortes brasileiras que irão conter a maior juventude de todos os tempos; elas são também aquelas responsáveis pelo maior número de nascimentos. Antes de serem jovens, isto é, 15 anos antes (em 1995), essas coortes

formavam a pré-juventude brasileira – a maior da história, com pouco mais de 52 milhões de pes-soas. Em termos relativos, no entanto, esse grupo de coortes não representa o maior peso na pré- -juventude nem na juventude. De fato, em relação ao tamanho da população brasileira, a maior pré- -juventude e a maior juventude são formadas pelos pais e mães desses jovens, que nasceram cerca de 25 anos antes.

Mantidas as tendências demográficas, as perspec-tivas para o percurso dessas coortes ao longo da vida adulta serão ainda mais notáveis. Quando tive-rem de 30 a 45 anos, assim como quando tivetive-rem de 45 a 60 anos, elas irão representar simultaneamen-te o maior contingensimultaneamen-te absoluto de trabalhadores de todos os tempos e o maior contingente de traba-lhadores relativo à população brasileira. Portanto, o país terá o maior número de trabalhadores de sua história, tanto em termos absolutos como relativos, durante a fase adulta mais produtiva dessas coortes.

(50)

Surpreendentemente, no entanto, devido a uma taxa de mortalidade superior à das coortes que a sucedem, esses que serão a maior coorte de trabalhadores não sobreviverão para ser o maior grupo de idosos do país. Nem em termos ab-solutos, nem em termos relativos: não formarão o maior grupo de 65 a 80 anos. Na verdade, o maior grupo de idosos de todos os tempos será formado pelos filhos e filhas dessa coorte, aque-les nascidos 20 a 25 anos mais tarde.

Assim, os nascidos entre 1976 e 1990 magnifi-camente representam o percurso e os dilemas da atual juventude brasileira em sua sucessão de máximos (ver Gráficos 12 e 13):

i) Respondem pelo maior volume absoluto

de nascimentos que o país já teve ou terá;

ii) Formam, em termos absolutos, tanto a

maior pré-juventude (0 a 14 anos) como também a maior juventude (15 a 29 anos) de todos os tempos;

iii) Em termos relativos, não formam as

maio-res pré-juventude e juventude. No entanto, são filhos e filhas das coortes que alcan-çaram essas marcas;

iv) Irão formar o maior grupo de trabalhadores

adultos que o país jamais terá, tanto em nível absoluto como relativo;

v) A despeito de todos esses seus máximos,

essas coortes, ao final da vida, deixarão de representar o maior número de idosos, seja em termos absolutos ou relativos; e

vi) Devido à queda na mortalidade, o maior

nú-mero de idosos, seja em termos absolutos ou relativos, será alcançado por seus filhos.

Depois de quase 20

anos estabilizada

em 50 milhões, a

juventude deverá

perder mais de

15 milhões de

pessoas até 2050

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0-14 30-44 coortes jovens em 2005 coortes jovens em 2025 45-59 65-79

Gráfico 12 – População em cada faixa etária por grupo de coortes de nascimento

1951-65 1956-70 1961-75 1966-80 1971-85 1976-90 1981-95 1986-00 1991-05 1996-10 2001-15 2006-20 2011-25 2016-30 2021-35

Populaç

ão em milhões

20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 15-29

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0-14 30-44 coortes jovens em 2005 coortes jovens em 1980 coortes jovens em 2025 45-59 65-79

Gráfico 13 – Porcentagem da população total em cada faixa etária por grupo de coortes de nascimento

1946-60 1951-65 1956-70 1961-75 1966-80 1971-85 1976-90 1981-95 1986-00 1991-05 1996-10 2001-15 2006-20 2011-25 2016-30 2021-35

Por

cen

tagem da populaç

ão t

otal

20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 15-29

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Que desafios essas coortes colocam para si, para a sociedade brasileira e para as políticas públicas! Que empreendimento têm pela frente! Como se so-lidarizar e efetivamente apoiá-las nesse difícil em-preendimento?

Esse que será o maior grupo de trabalhadores bra-sileiros não mereceria na infância e na juventude a melhor educação que se poderia oferecer? Em preparação para o seu trabalho na vida adulta, não seria vital realizar os maiores investimentos possí-veis em máquinas, equipamentos e infraestrutura, e a maior incorporação possível de novas tecnolo-gias? Afinal, não seria fundamental garantir que o maior contingente de trabalhadores tivesse acesso aos melhores postos de trabalho que se poderia oferecer? Qual o sistema de aposentadoria que se pretende oferecer à maior coorte de trabalhadores que não irá sobreviver para ser a maior coorte de idosos? Como preparar e focalizar o sistema de saúde para atender às necessidades específicas dessas coortes?

Neste caderno constatamos que o Brasil tem hoje a maior juventude de sua história e que irá constituir, em menos de 25 anos, a maior força de trabalho de todos os tempos. Poucas coortes terão a missão

de realizar na vida adulta tanto por si e pelo país quanto as que hoje são jovens. Permanecem em aberto questões importantes, como: em que medi-da as políticas públicas atuais garantem as condi-ções e as oportunidades que essas coortes tanto necessitam para enfrentar o histórico desafio que têm pela frente? O desenho dessas políticas públi-cas encontra-se efetivamente adequado às neces-sidades da população jovem? Em que medida a política atual encontra-se à altura?

Garantir que essas coortes (e as que irão sucedê--las) tenham – no momento e com o desenho ade-quado, em quantidade e qualidade – o apoio, as condições e as oportunidades de que tanto neces-sitam e merecem irá requerer substancial esforço do governo (local, estadual e federal) e ampla co-laboração do setor privado. A efetividade do dese-nho e operação das ações voltadas para a juventu-de juventu-depenjuventu-de da mais plena utilização da evidência empírica e do conhecimento científico disponíveis. O objetivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República com a série

Juventu-de Levada em Conta é facilitar a todos (gestores e

jovens, em particular) o acesso a informações vi-tais para o desenho e operação de ações eficazes voltadas para a juventude.

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Referências

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