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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Porto Velho - Fórum Cível Av Lauro Sodré, 1728, São João Bosco,

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Vara: 1ª Vara Cível

Processo: 0023428-05.2012.8.22.0001

Classe: Reintegração / Manutenção de Posse Requerente: Clube Recreativo Atlético Cearense

Requerido: Desconhecidos; Tomé do Nascimento; Cleonice de Barros; Claudia Margarete Santos de Araujo

Parte retirada do polo passivo da ação: Município de Porto Velho

S E N T E N Ç A

Vistos, etc...

RELATÓRIO

CLUBE RECREATIVO ATLÉTICO CEARENSE propôs a presente ação de

reintegração de posse em face de DESCONHECIDOS alegando, em síntese, que

é legítimo possuidor e proprietário do imóvel sito à Rua Andreia, esquina com Av. José Vieira Caúla, nº 3901, Bairro Cuniã, nesta Capital. Informou que tomou conhecimento de que os Requeridos invadiram seu imóvel, ocupando os apartamentos que estavam sendo construídos pela Prefeitura Municipal de Porto Velho. Alegou que a Prefeitura abandonou a obra depois de ser sucumbente em ação tramitada junto à 1ª Vara da Fazenda Pública desta Capital (autos nº 001.2008.005393-8), tendo a parte autora assumido a manutenção da área. Disse que tentou resolver de forma amigável para que os requeridos desocupassem a área, mas não obteve êxito. Requereu ao final a reintegração de posse do imóvel.

Em audiência de justificação prévia, a liminar foi deferida, sendo determinada a desocupação voluntária do imóvel, sob pena de multa (fls. 29/30).

Os Requeridos apresentaram contestação. Confessaram a invasão do imóvel, mas afirmam que a ocupação foi realizada para que o fim social da propriedade se cumprisse, e habitaram ali para abrigar suas famílias. Disseram que o imóvel estava abandonado há mais de 4 anos e que a parte autora, apesar de ter propriedade da área, nunca exerceu posse, sendo inviável o pedido de reintegração. Concluiu pela

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improcedência dos pleitos formulados na exordial.

A Réplica às fls. 241/243.

Na primeira audiência de instrução, foi ouvida uma testemunha, sendo determinada a intimação do Município de Porto Velho para informar interesse no litígio, bem como envio dos autos ao Ministério Público para manifestação (fls. 258/261).

Demonstrado o interesse do Município, a competência foi declinada em favor de uma das Varas da Fazenda Pública desta Comarca (fls. 267/268), sendo distribuída à 1ª Vara. Ali, o Município de Porto Velho pleiteou sua exclusão da lide, sob o argumento de que não pretende discutir a posse da área, mas tão somente a propriedade. Assim, aquele juízo excluiu o ente federativo da lide e determino o retorno dos autos a este juízo (fls. 281).

O Ministério Público veio aos autos informando que não há razão para sua intervenção (fls. 300/302).

É o relatório. Decido.

FUNDAMENTAÇÃO

As partes são legítimas e estão bem representadas. Presentes as condições para o exercício do direito de ação e os pressupostos processuais, o mérito pode ser analisado.

Através da leitura dos documentos juntados pelo autor, observo que ele entrou na posse do imóvel em discussão a justo título, tendo recebido doação da referida área da Prefeitura de Porto Velho em 9/12/1985 (fls. 10/11). O exercício de posse do autor desde a sua aquisição também restou comprovado dos autos, quando do depoimento das testemunhas ouvidas na audiência de instrução e julgamento (fls.

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31, 261), as quais afirmaram, inclusive, que lá foi construído campo de futebol e cerca de arame, sendo utilizado o clube pelos associados (fls.31).

A invasão dos Requeridos também está devidamente comprovada através das testemunhas ouvidas e provas documentais dos autos, desde a audiência de justificação prévia, que motivou o deferimento da liminar, a qual não foi cumprida até a presente data.

A confusão relativa à área diz respeito ao seguinte: Em 1985 a Prefeitura de Porto Velho doou imóvel à parte autora (fls. 10/11), mas muitos anos depois iniciou construção de áreas residenciais na área outrora doada.

Por conta disso, foi demandada em ação tramitada junto à Fazenda Pública, tendo abandonado as construções.

Daí em diante, a parte autora passou a cuidar da área, fato comprovado pelas testemunhas, todavia os Requeridos invadiram o imóvel, passando a ocupar as residências inacabadas pela Prefeitura, estando este imbróglio perdurando desde 2012.

A única tese de defesa dos Requeridos é que a autora nunca teve posse da área e, por isso, não poderia pleitear a reintegração da posse. Além disso, alegam que passaram a ocupar o imóvel para que o fim social da propriedade fosse observado.

No entanto, nenhuma razão assiste aos Requeridos. Eles não trouxeram aos autos qualquer prova que corroborasse sua tese de defesa e sequer arrolaram testemunhas. A parte autora, por sua vez, trouxe prova robusta de sua posse a justo título, e do exercício desta posse, conforme se observa dos depoimentos das testemunhas, cujos principais trechos merecem ser transcritos, in verbis:

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do clube autor. Sabe que ele ocupa a quadra. A depoente mora naquela região há 15 anos e quando para ali se mudou, o clube já existia. Estima que tenha 20 anos no mesmo local. A depoente sabe que as pessoas que invadiram o lote de

terras realizaram esse ato há aproximadamente 3 meses. A depoente não sabe

que, mandou invadir. O clube funcionava normalmente e tem sede construída e

um campo de futebol. Que era normal a utilização das dependências do clube. A depoente sabe que o clube era provido de cerca de arame. A depoente sabe

que são muitas pessoas, mas não pode precisar o número. Que a depoente saiba, o clube tem a documentação da doação do lote feita pela prefeitura. Que as pessoas

que ali hoje estão são invasores. (•c) A depoente sabe que dentro do clube há uma pessoa de nome Reginaldo que mora no local e cuidava daquela associação(...)' (g.n. - fls. 31)

'DEPOIMENTO DE NIVALDO DOS SANTOS: Que o depoente mora em frente ao clube desde o ano de 1994. quando mudou-se para o local,, o clube já existia. Que há aproximadamente um mês o lote foi invadido. Que há aproximadamente 30 pessoas no local. O depoente sabe que o lote foi doado ao clube pela prefeitura

há muitos anos. (•c) O depoente sabe que havia um outro processo que envolvia

a prefeitura e o clube e o depoente sabe que o clube ganhou a causa. O depoente lembra que a prefeitura queria entrar no imóvel e chegou a colocar umas telhas de alumínio como se fosse muro. Os invasores arrancaram todas essas telhas. A

prefeitura, no ano de 2004, começou a construir umas casas no imóvel e foi essa invasão que deu origem ao processo acima referido. Por informação do advogado da parte autora, houve uma ação de interdito proibitório na Vara da Fazenda Pública, vencida pelo clube e transitada em julgado. O depoente

informa que as pessoas invadiram prédios que estavam sendo construídos pela prefeitura. Que há duas famílias que moram no lote do clube que são Reginaldo

e Inácio. Todos os domingos os sócios do clube vão aquele local. Que a limpeza do lote sempre era feita pelo Senhor Manoel ' (g.n. - fls. 32)

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autos, verifico com clareza de detalhes o que ocorreu no processo. A Prefeitura Municipal de Porto Velho doou a área à parte autora, que ali construiu a sede do clube, campo de futebol e passou a usufruir do imóvel. Anos depois, a Prefeitura simplesmente ignorou o termo de doação e passou a construir prédios residenciais na área outrora doada à parte autora, o que motivou ação de interdito proibitório junto à 1ª Vara da Fazenda Pública, tendo o ente municipal sido vencido.

Na verdade, a Prefeitura invadiu o imóvel da parte autora e inciou construções de moradias populares em terreno alheio. Em virtude da determinação da Vara da Fazenda Pública pela desocupação da área, a Prefeitura abandonou as obras e, logo em seguida, os Requeridos invadiram o imóvel e passaram a ocupar as construções inacabadas. Foi a invasão da invasão.

O que se vê dos autos é que desde 2004 a parte autora teve seu imóvel invadido pela Prefeitura, depois pelos Requeridos, deixando de usufruir da posse da área que lhe pertence, sem ter sido reintegrada ou indenizada, em total desacordo com a legislação pátria.

O esbulho praticado pelos Requeridos e a posse injusta estão devidamente comprovadas nestes autos, inclusive pelos depoimentos das testemunhas, cujos principais trechos já foram transcritos acima.

Saliento que a Prefeitura de Porto Velho teve oportunidade de ingressar no litígio, mas pediu sua exclusão do feito, demonstrando total desinteresse em resolver a situação dos invasores, que materializam-se nas diversas famílias que hoje ocupam a área de forma irregular.

A parte autora, proprietária e possuidora legítima da área não pode sofrer os prejuízos da desídia municipal ou do esbulho praticado pelos Requeridos, razão pela qual não vejo outra solução a dar ao caso senão julgar totalmente procedentes os pedidos da exordial, determinando a reintegração imediata da parte autora na

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área em litígio.

Tratando-se de ação de reintegração de posse, deve ser ressaltado que somente a situação de fato do exercício do uso e gozo sobre o imóvel pode ser discutido nestes autos. Não se pode argumentar ou até mesmo fazer referência à propriedade.

Os doutrinadores NELSON NERY JÚNIOR e ROSA MARIA ANDRADE NERY lecionam o seguinte:

"…havendo turbação ou mesmo esbulho, se dentro de um ano e dia o que teve sua

posse turbada ou esbulhada não requerer a proteção por meio dos interditos de manutenção ou reintegração, perde a posse em favor do turbador ou do esbulhador, somente podendo reclamá-la pelas vias do procedimento comum ordinário (CPC, art. 924). A ficção legal, que considera ainda possuidor aquele que teve arrebatada a posse pelo esbulho ocorrido há menos de um ano e dia, é o fundamento para o adiantamento da pretensão possessória, por meio da liminar." (in Código de

Processo Civil Comentado; 2ª ed., Ed. Revista dos Tribunais, São Paulo, 1996, p. 1195).

Repita-se que, embora os Requeridos tenham alegado que o autor jamais teria exercido posse sobre o imóvel, a análise dos autos demonstra que o clube sempre esteve presente na utilização e manutenção da área.

Pelo exposto e por tudo mais que dos autos consta, tenho que a parte autora, proprietária e possuidora legítima da área em discussão, não pode sofrer os prejuízos da desídia municipal ou do esbulho praticado pelos Requeridos, razão pela qual não vejo outra solução a dar ao caso senão julgar totalmente procedente os pedidos da exordial, determinando a reintegração imediata da parte autora na área em litígio.

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ISTO POSTO julgo procedentes os pedidos da inicial e determino a reintegração de posse definitiva do autor no imóvel descrito na exordial. Intimem-se os atuais ocupantes da área para desocupação voluntária, no prazo de 15 dias, sob pena de que seja feita coercitivamente. Desde já autorizo o reforço policial, se necessário.

Sucumbente condeno os Requeridos ao pagamento das custas processuais e verba honorária ao patrono da parte autora, que fixo em R$ 5.000,00 (Cinco mil reais), considerando a natureza da causa, o tempo de tramitação do feito e o trabalho do profissional. Observem-se os benefícios da assistência judiciária gratuita ora deferida aos Requeridos, em face do pedido e argumentos expendidos na pela contestatória.

Publique-se. Registre-se. Intime-se. Cumpra-se.

Porto Velho-RO, quarta-feira, 2 de março de 2016.

Jorge Luiz dos Santos Leal Juiz de Direito

RECEBIMENTO

Aos ____ dias do mês de Março de 2016. Eu, _________ Clêuda S. M. de Carvalho - Escrivã(o) Judicial, recebi estes autos.

REGISTRO NO LIVRO DIGITAL

Certifico e dou fé que a sentença retro, mediante lançamento automático, foi registrada no livro eletrônico sob o número

Referências

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