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Viagem a Andara oo livro invisível. Asa de murmúrios. Vicente Franz Cecim

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Academic year: 2021

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(1)

1

Viagem a Andara oO livro invisível

Asa de murmúrios

(2)
(3)

3 para onde te voltes

não estás

diz

Asa de murmúrios

para não esquecer que és alguém

(4)

4

(5)

5

um dia ele chegou a Andara, era o Sem Nome e então nós o chamamos de Sem Nome

mas ele cortou nossas cabeças para não o chamarmos Sem Nome

e nãoEusou

passou a se dizer a nós toda a sua presença que era mais uma Ausência de tudo como nunca antes

então

o víamos passar em nossos sonhos rastejando sua Sombra Imensa que cobria o Sol

todos os sóis

sobre nós

a perder de vista se apagaram

(6)

6 e começou para nós a Vida Escura

(7)

7

com os dias passando mas os dias já não passavam mais aquelas noites que vieram havendo se tornado agora uma Treva sem fim fomos

entendendo que as nossas vidas já não eram Iluminadas antes dele chegar

e o nãoEusou

onde mais haveria de se sentir em casa senão na Penumbra em que vivíamos entre ser de claridade e a escuridão de não ser

(8)

8 é

foi isso

foi

um de nós dizia eu avisei acendam as luzes acendam as luzes

foi isso dizíamos nos dizendo é

foi os outros concordassem mas

não eram os nossos corpos que falavam eram Elas Lá pois o nãoEusou lançara todas no Abismo

(9)

9 ah se houvéssemos acendido as luzes ah se houvéssemos

aquelas vozes

distantes

e as nossas cabeças falavam e falavam e livres dos corpos sempre de costas para si mesmos agora olhavam em todas as direções

pois haviam recebido um Dom oh

e que Dom fosse Esse

o de poder ver toda a Vida do fundo do Abismo

(10)

10 doada pelo nãoEusou

havia todo o Circulo do horizonte ao redor delas para agora sim verem girando velozmente

e por trás dele o circulo da Noite Imensa trazida pelo nãoEusou

onde quem sabe vissem o que já não víamos as estrelas antes a perder de vista e agora todas apagadas devêssemos ser gratas por isso se dizendo umas às outras

é concordavam

devíamos ser gratas ao nãoEusou

pois agora podemos ver tudo como nunca antes sim Agora podemos elas

se diziam

e dançavam no Abismo Fundo

e cantavam no Abismo profundamente canções profundas de Gratidão solenemente

(11)

11

enquanto nossos corpos aqui nós ouvíamos suas vozes

vindo do fundo de nós

(12)

12 ora

como pudesse ser isso

se agora sendo só os nossos corpos vagando na Tristeza o que restara isso de ver a Dança das nossas cabeças girando

de mãos dadas oh víamos as mãos dadas Lá no abismo Profundo

(13)

13 é

isso um de nós se dizia sua Voz Escura só agora o meu corpo o que restou

ah se houvéssemos acendido as luzes ah se houvéssemos

(14)

14 e do Abismo

as nossas cabeças vissem os nossos corpos chorando se contorcendo no escuro

como se dançassem

mas não dançávamos

elas dançassem quem sabe o que dá nas cabeças quando ficam livres dos corpos

elas dançando no Abismo profundo

e cantavam no Abismo profundamente canções profundas de Gratidão solenemente

(15)

15 foi quando o Osso Pai nos abandonou e se deu o Desmoronamento

(16)

16

e depois cada vez mais então tudo se dando em Se

(17)

17 agora sejamos o Fosse nos dizíamos

é sejamos nos dizendo

estamos na Noite do Fosse Seria teria Sido

penetrássemos na vida por uma Fenda entre o Sido e um Sendo o que não era mais

(18)

18 e veio

(19)

19 o Osso Pai nos abandonou

de vez

ah se o Osso Pai nos abandonar se dará o Desmoronamento os nossos ossos sabiam e temiam um Acontecimento de Ruínas

ah as recém-nascidas vertebrazinhas em nós se chegando aos nossos ossos mais antigos buscando amparo

(20)

20 partindo o Osso Pai

pelo menos os outros fiquem nos dizíamos

consolávamos as nossas recém-nascidas vértebras

mas não foi assim que se deu

pois todos os nossos ossos se foram com ele sigamos o Osso Pai se diziam

é sigamos

aquela Tristeza se afastando ouvíamos cada vez mais longe as suas vozes de ossos e então após as Danças um novo Canto das nossas cabeças vindo

nos dissemos Elas tenham descoberto as fontes da Alegria Lá no Abismo

(21)

21 ah

só quando as nossas carnes se desfazendo se transformando em águas que

a Terra bebia e tanta era a Sede daquele Deserto com um Abismo no Centro em que agora estávamos

ah

só quando as nossas carnes

fossem as nossas carnes se tornando a água que a Terra bebia para ir se tornar a Fonte da Alegria

entendíamos

as nossas cabeças as havendo chamado do fundo do Abismo para serem

que força tinham aquelas cabeças livres de corpo agora Puras Esferas e nós aqui nessa Noite de Hipótese neste Deserto em que nãoEusou fosse Fenda da vida entre o Sido e um Sendo o que não Era mais

(22)

22 pelo menos isso

nos dizíamos pelo menos é

nos dizíamos

pelo menos nossas carnes indo novamente se reunir às nossas cabeças

que nossas Cabeças nos amparem que Elas as Esferas no Abismo nos amparem gritávamos

cheios de silêncios em nossa Ausência cada vez mais de tudo

pois já sem o Amparo do Osso Pai

e nossos ossos todos também havendo partido

e nossas carnes de águas indo

(23)

23

nossas cabeças cantassem pela chegada das águas das nossas carnes Lá no Abismo

seus Cantos de Alegria

pelo menos isso

(24)

24 agora

do fundo da Terra

fossemos nós que rumorejássemos umas antigas Vozes Solenes

jorrando por entre as Raízes

indo

numa Agonia de sombras de terra

só nossas águas de sombra de terra por dentro da Sombra da Terra

(25)

25 e do Fundo da Terra

rumorejando

oh

como queríamos que em nós nascessem Asas

para nos elevar

pois víamos sobre nos arvores dando Frutos em sonhos e

fundos de lagos cheios de afogados nos chamando como irmãos

mas

como haveriam de nascerem asas em nós sem as nossas omoplatas ah

(26)

26 ah

(27)

27 ó Dias Ausentes à tona

rumorejávamos entre Raízes

ó Ausência de Tudo submersa

rumorejávamos escurecendo ainda mais no Fundo da Terra

(28)

28

e cada vez mais a Terra nos bebendo avidamente

(29)

29 aquilo sim é que fosse o Sido Sendo

o que nos acontecia

(30)

30

ó Abismos sem sementes quem colheu as Origens das coisas ó Ausências Sombrias

e íamos jorrando rumorejando entre raízes

(31)

31

em nós foi quando vindo Aquela voz em nosso Escuro que cada um ouvisse dentro de si

nos dizendo

Faz jorrar uma fonte de lágrimas dia e noite e não te dês descanso nem o teu olho seque

e se dizendo

As minhas lágrimas se tornaram o meu pão dia e noite

e pedindo

(32)

32 ah

(33)

33

como queríamos que em nós nascessem Asas ah nos elevar

rumorejando

(34)
(35)

35 com o tempo

mas que tempo eu me dizendo Ó Sem Tempo

(36)

36 S

ubmerso

em Si como um homem

esquecido pelas paisagen S

E vagando

Como se um mundo Não existisse Um mundo não

como um mundo Sim

(37)

37

Quase deitado na linha do Horizonte, e sem temer a Lâmina, e com os pés pisoteando estrelas:

dança,

(38)
(39)

39

quem sabe é só o Vento nos contando esta história

um de nós se disse é quem sabe

quem sabe quem sabe

quem sabe

fossemos só Crianças no fundo da Terra ouvindo os Rumores da Mãe

(40)

40 é

estamos no Fundo da Mãe nos dizíamos é

isso nos dizíamos

rumorejando

e os lençóis de água da Terra nos embrulhando como filhos

(41)

41

e um oh ao longe também um Rumorejar de Ossos

longe

pois ao longe ainda ouvíssemos as vozes dos nossos ossos partindo seguindo

(42)

42 chegassem

(43)

43

descendo da Treva Pura que agora envolvia a Terra por todos os lados

uns ventos com Aves sem asas nascendo na escuridão daquela Treva Pura e clarões

(44)

44 enquanto dos céus que não havia

o Clarão descendo

vindo iluminar nossas carnes de água onde esquecido o humano

(45)

45

agora o Um em nós se elevasse nossas águas misturadas

a Gota Imensa o umano

e primeiro demos de beber aos minerais profundos

(46)

46 ó Sede Imensa

(47)

47

dando de beber as nossas Carnes de Águas a tudo que tem sede no fundo da Terra nossos rumorejares agora o Único Rumor

profundo ia ao encontro do Canto da Alegria do Abismo

onde nossas cabeças L á

(48)

48 Esferas

(49)

49 o Silêncio que se fez

(50)

50 pois vimos Sem Olhos a Imensa

Profundamente no fundo da Terra subia para os céus de Aves sem asas que não havia

subindo

Aquilo

(51)

51

aqueles fossem passos do Osso Pai retornando sem ossos

(52)

52 e vimos a Imensa

(53)

53 ó Árvore de Negros Corais

(54)

54 cantamos

(55)

55 quando passas, em Si se esconde a Árvore dos Negros Corais

tu passeias sem Clamor quem sabe: Até cantes

e o Caminho não é longo

não colheste nenhum fruto, mas os Corais vão contigo

e teus Passos vão deixando Rumor de treva e água profunda, pois te seguem, Negros, os Corais

(56)

56 ó Árvore de Negros Corais

quando passas em Ti se esconde

(57)

57 e então se abriu para nós o Caminho longo

(58)

58 e fomos

(59)

59 OoO o O oO Oo OoO

(60)
(61)

61

um dia ele voltará a Andara será o Sem Nome mas nós o chamaremos

(62)

62

e para Eles cantaremos com voz Una a Um ana h

Um só Eu cantand

oO

(63)

63 Para nutrir o Lodo,

tu não escreves Tu

és o Livro

que se lança em todas as direções nas Regiões Escuras: Agora oO Círculo

cintilante

que te envolve

E nos limites da Esfera, se te voltas para te ver Fonte que se jorra,

vê:

o Outro,

(64)

64 Tu

és o Livro na Areia,

(65)

65

(66)

66 vê:

o Outro,

Água que no Centro da Esfera ainda Lá és tu de novo, murmurando:

Fim de Asa de murmúrios

Referências

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