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ID:1664 ANÁLISE DISCURSIVA SOBRE A CONSULTA DE ENFERMAGEM A PESSOAS IDOSAS COM TUBERCULOSE

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ANÁLISE DISCURSIVA SOBRE A CONSULTA DE ENFERMAGEM A PESSOAS IDOSAS COM TUBERCULOSE

Duarte de Sá, Lenilde; Caetano Beserra Dias, Dayse; Von Söhsten Trigueiro, Janaína; Ferreira de Brito, Vilton Kessio; Caetano Beserra Dias, Dayse; Roque Barreto, Anne Jaquelyne et al. Brasil

RESUMO

Dada a complexidade que envolve a tuberculose (TB) em idosos, ressalta-se a vulnerabilidade dessa população ao atraso no diagnóstico, tendo em vistas as características clinicas e biológicas específicas, bem como as fragilidades da atenção à saúde a essa população. Objetivou-se analisar o discurso de enfermeiros assistenciais sobre a consulta de enfermagem ao idoso com TB nos serviços da Atenção Básica de Saúde. Estudo exploratório, descritivo, de abordagem qualitativa, teve como referencial teórico-analítico a Análise de Discurso, de matriz Francesa. Os participantes do estudo foram 07 enfermeiros assistenciais. A coleta de dados foi realizada nos meses de maio e junho 2014, u t i l i z a n d o a técnica de entrevista semidirigida. A análise do corpus possibilitou a identificação da formação discursiva: Consulta de enfermagem ao idoso com tuberculose. Os resultados indicam que há silenciamento quanto às especificidades do cuidado ao idoso e que a consulta de enfermagem, segundo a discursividade dos sujeitos, se funde com o acompanhamento, ou seja, com as consultas feitas no decorrer do tratamento.

Palavras-chave: Tuberculose. Saúde do Idoso. Assistência de Enfermagem. INTRODUÇÃO

O crescimento populacional dos idosos, associado ao recrudescimento da tuberculose (TB), impõe maior preocupação aos estudiosos e às autoridades sanitárias, fato que justifica a realização de estudos pormenorizados e de ações mais incisivas contra a referida doença1.

Além da redução do retardo ao diagnóstico, a TB na população idosa requer planejamento e ações específicas, de modo promover a saúde de pessoas com mais de 60 anos, sobretudo em áreas de ação de equipes da Estratégia Saúde da Família, cujas unidades são consideradas portas de entrada nos serviços de Atenção Primária da Saúde no Brasil. Além do problema do retardo, problemas como a ausência de busca ativa de sintomáticos idosos, dificuldade em aceitar a medicação e possibilidade de abandono do tratamento, são fatores que impulsionam a realização de investigações, cujos resultados possam, não apenas esclarecer problemas, mas orientar ações que tragam reduções ou soluções.

Estudo2 afirma que o enfermeiro é um dos integrantes da equipe de Saúde da Família mais diretamente envolvido com as ações de controle da tuberculose, dentre elas a busca ativa de sintomáticos respiratórios. E m r e l a ç ã o à consulta de enfermagem, esta é compreendida como a atenção prestada ao indivíduo, à família, e à comunidade de modo sistemático e contínuo, realizada pelo profissional enfermeiro com a finalidade de promover a saúde, mediante o diagnóstico e tratamento precoce3;4.

O Brasil é um dos 22 países priorizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que concentra 80% da carga mundial de TB. Em 2009, foram notificados 72 mil casos novos,

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correspondendo a um coeficiente de incidência de 38/100.000 habitantes. Em João Pessoa, no período de 2010 a 2011, foram registrados 663 casos novos de Tuberculose de todas as formas. Os dados mais recentes revelam, a partir do relatório do Sistema Nacional de Agravos de Notificação – SINAN, que a situação de encerramento em 2011 totaliza 335 casos novos 5;6.

O problema do diagnóstico agrava-se quando associado a doentes em idades mais avançadas, dada as suas peculiaridades fisiológicas, há dificuldades em defini-lo, resultando em atraso no início do tratamento e n o aumento do tempo de transmissão da doença. Ressalta-se aqui a importância da consulta de enfermagem em priorizar a investigação de sintomas e sinais clássicos da TB, assim como outros que possam obscurecer a suspeição do agravo.

Estudos apontam que o atraso do diagnóstico é significativo em pessoas pertencentes a grupo etários mais velhos 7 ; 8. Atrasos no diagnóstico e tratamento concorrem para o aumento da morbidade, da transmissão e da mortalidade pela doença 9. Paralelamente ao aumento do número de pessoas idosas, observa-se a elevação do número de casos de TB. A saúde do idoso e a TB são prioridades da política nacional da ABS. Nesse sentido, há de se reconhecer que o tempo para o diagnóstico TB deve ser tão curto quanto possível, não só para controlar a transmissão da doença, mas também para reduzir o sofrimento do doente10, tendo em vista orientações da política da humanização do cuidado em saúde e a garantia de um cuidado integral à pessoa idosa11. Eis, portanto, a importância da consulta de enfermagem ao idoso, de modo a identificar evidências que possam sugerir solicitação de diagnóstico para comprovação da tuberculose.

OBJETIVO

Dada a complexidade que envolve a TB em idosos, a vulnerabilidade dessa população ao atraso no diagnóstico, tendo em vistas as características clinicas e biológicas específicas, bem como as fragilidades da atenção à saúde a essa população, objetivou-se, com este estudo, analisar o discurso de enfermeiros assistenciais sobre a consulta de enfermagem ao idoso com TB em serviços da ABS.

MATERIAIS E MÉTODOS

Estudo de natureza exploratória, descritiva, de abordagem qualitativa, realizado com 07 enfermeiros selecionados por exercerem atividades assistenciais na Estratégia Saúde da Família no município de João Pessoa/PB.

A coleta de dados efetivou-se nos meses de maio e junho 2014, a partir da técnica de entrevista, utilizando-se um roteiro semidirigido. A fim de preservar o anonimato, os s u j e i t o s foram identificados, ao longo do texto, com as letras EA – Enfermeiro Assistencial - seguidas de algarismos arábicos que representam a ordem das entrevistas (EA1 a EA7).

O material empírico coletado foi transcrito, analisado e, posteriormente organizado em relatórios com o apoio do software Atlas.ti 6.0 (2003-2008). Utilizou-se como referencial teórico analítico a AD, de matriz francesa pecheutiana, que se sustenta sobre três regiões do conhecimento: o materialismo histórico, estando aí situada a concepção teórica de ideologia; a linguística, particularmente, com a noção de materialidade do significante; e a psicanálise, incorporando a compreensão lacaniana de que o inconsciente é estruturado como linguagem12. A análise discursiva atende a proposta de um estudo, cujo enfoque incide sobre análises enunciativas, para além das evidências, sentidos produzidos em contextos sócio-históricos, discursos sociais circulantes e práticas da consulta de enfermagem ao

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idoso com TB em serviços da APS, sustentada e legitimada ideologicamente.

O plano de análise do corpus discursivo correspondeu a três etapas. A primeira aconteceu ao passar do texto ao discurso, no contato com o corpus discursivo empírico. A segunda foi realizada a partir do momento em que se identificou e selecionou as sequências discursivas no material empírico. A terceira se deu com o agrupamento das sequências discursivas na seguinte formação discursivas: Consulta de enfermagem ao idoso com TB, apresentadas no quadro I.

O estudo seguiu as determinações da Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012), com aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba (protocolo nº 0461/2013/UFPB/CCS/CEP).

RESULTADOS

Quadro 1: Consulta de enfermagem ao idoso com tuberculose

Fragmentos Discursivos

“Partindo da premissa da assistência integral, [...] tem que levar em consideração o exame clinico, o exame físico geral do idoso. Na consulta a anamnese é muito importante para se poder escutar um pouco do que é que o idoso traz para a gente.” (E1)

“Nós recebemos o idoso aqui na unidade, ou vamos até a sua residência, e f azemos uma consulta completa, pesamos, verificamos se tem alguma queixa, se os sintomas acabaram ou diminuíram, não é? Verificamos também como está a saúde de maneira geral, porque ele não é só um doente de TB, ele é uma pessoa que tem outro problemas, que pode ter outra coisa. [...]Na consulta também é feito o exame físico e uma escuta qualificada, ou seja, verificamos a parte física e sintomatológica, além de permitir uma conversa, um diálogo, com posso dizer? Um momento em que esse idoso possa se abrir e conversar abertamente sobre seus problemas. No final da consulta são dadas orientação, tanto para o idoso, quanto para a família, sobre a tomada do medicamento, sobre a doença, alimentação e tudo que envolve o tratamento da TB.”(E2)

“A gente faz a consulta normal, pesamos, avaliamos como está a recuperação, solicitamos baciloscopia mensal e fazemos a entrega da feirinha que tem para o dente de TB. [...] Eu presto atenção nos cuidados que o idoso recebe em casa." (E3)

“Vai a enfermeira e o agente de saúde na casa, ai eu olho se ele tomou todas as cartelas, todos os comprimidos, peço a cartela vazia, quero ver a cartela para ver se ela tomou todas aquelas cartelas vazias, isso ai mensal, e a agente de saúde vai lá, uma duas, três vezes , quatro na semana, sempre quando tem paciente de tuberculose o agente vai lá quase todo dia, sempre que ele passa na frente da casa ele entra para ver se ela ta tomando, agora eu só vou no primeiro dia, quando eu levo a cartela.”(E4) “A consulta de enfermagem é sempre contínua. Então, depois que diagnostica o enfermeiro está lá, é quase diariamente, nem que seja pra saber como está sendo a busca ativa do agente de saúde, e aí como é que está dona fulaninha? [...] está perto dele fazer o BK. (E7)

Mediante os resultados, é importante frisar que os cuidados de um profissional de saúde diante da pessoa idosa devem visar a manutenção de seu estado de saúde, com a expectativa de vida ativa máxima possível, junto aos seus familiares e à comunidade, com independência funcional e

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autonomia máxima possível13.

Nos fragmentos discursivos, observa-se que a consulta concebida com base no cuidado integral, valorizando a escuta do paciente além dos sinais clinico e físico. Os sujeitos se posicionam de modo a não valorizar a TB em si, mas outras necessidades da pessoa idosa. Há indícios de inclusão da família como partícipe do cuidado ao idoso adoecido por TB e na atenção que este recebe no domicílio, bem como o monitoramento da medicação tomada. A consulta é dita como contínua e há indícios que esta e acompanhamento se fundem, tanto que se evidencia a atenção do paciente no curso do tratamento e não da sua chegada na unidade de saúde. Há um silenciamento em relação à consulta inicial, a primeira abordagem, cabendo, portanto, questionar, se o paciente foi diagnosticado em outro serviço e transferido para a unidade de saúde da família para o tratamento.

Dada à relação TB e paciente idoso, devem ser considerar as comorbidades, a queda da imunidade e o envolvimento da família. O processo de envelhecimento humano, enquanto integrante do ciclo biológico da vida, constitui um conjunto de alterações morfofuncionais que levam o indivíduo a um processo contínuo e irreversível de desestruturação orgânica. Esses processos variam de acordo com cada indivíduo, envolvendo fatores hereditários, a ação do meio ambiente, a própria idade, a dieta, tipo de ocupação e estilo de vida. Além destes fatores existem outros que estão condicionados pelo contexto social ao qual pertence o ser humano e também afetam sua vida e sua saúde14. Em relação às peculiaridades que envolvem a saúde do idoso, as comorbidades mais frequentes são: diabetes (16,4%), hipertensão arterial sistêmica (9,8%), hepatite (9,8%), pneumonia (8,2%), doença pulmonar obstrutiva crônica (6,6%) e insuficiência cardíaca congestiva (4,9%)15.

Percebe-se na FD silenciamento quanto às especificidades do cuidado à pessoa idosa, que devem envolver um diálogo mais abrangente, uma boa receptividade, disponibilidade, paciência e atenção. Orlandi (2009) aponta que o silenciamento é efetuado por meio de um mecanismos discursivo que consiste na substituição de um enunciado por outros, de forma que a categoria que foi silenciada é impedida de significar.

CONCLUSÕES

Os resultados indicam que há silenciamento quanto às especificidades do cuidado ao idoso e que a consulta de enfermagem, segundo a discursividade dos sujeitos, se funde com o acompanhamento, ou seja, com as consultas feitas no decorrer do tratamento. São silentes, portando, em apontar indícios em relação à primeira consulta. Neste sentido, partindo do pressuposto que recebam os pacientes já com diagnóstico, suspeita-se que a primeira consulta não priorize a investigação da TB em pessoas idosas. Tal fato, pode concorrer para o retardo do diagnostico, expondo paciente a um maior tempo de sofrimento e familiares e contatos à exposição ao bacilo.

Os resultados aqui encontrados apontam para maior investigação da consulta de enfermagem ao paciente idoso, principalmente em relação à primeira abordagem.

REFERÊNCIAS

1. Tavares LM, Oliveira ABM, Braga LAV, Andrade FB, Ferreira Filha MO. Incidência de casos de tuberculose em idosos no município de Cabedelo – Paraíba, Brasil. [acesso em 10 mar 2013]. Fiep Bulletin 2010;80(Special Edition):sp. Disponível em: http://www.fiepbulletin.net.

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Esc Enferm USP [acesso em 19 mai 2013]. 2009; 43(2):365-372. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v43n2/a16v43n2.pdf.

3. Schimith MD, Lima MADS. Acolhimento e vínculo em uma equipe do Programa Saúde da Família. Cad Saúde Pública. 2004; 20(6):1487-94.

4. Sakata KN, Almeida MCP, Alvarenga AM, Craco PF, Pereira M JB.Concepções da equipe de saúde da família sobre as visitas domiciliares. Rev Bras Enferm. 2007;60(6):659-64.

5. João Pessoa. Prefeitura Municipal de João Pessoa. Secretaria Municipal de Saúde – Área Técnica de Hanseníase e Tuberculose. SINAN, 2013.

6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de Controle da Tuberculose; 2010.

7. Ward J, Siskind V, Konstantinos A. Patient and health care system delays in Queensland tuberculosis patients, 1985–1998. Int J Tuberc Lung Dis. 2001; 5(11): 1021–1027.

8. Hui-Ping L, Chung-Yeh D, Pesus C. Diagnosis and treatment delay among pulmonary tuberculosis patients identified using the Taiwan reporting enquiry system, 2002- 2006. BMC public health 2009; 9:55.

9. Lienhardt C, Rowley J, Manneh K, Lahai G, Needham D, Milligan P. et al. Factors affecting time delay to treatment in a tuberculosis control programme in a sub-Saharan African country: the experience of the Gambia. Int J Tuberc Lung Dis, 2001; 5 (11): 233-239.

10. Zerbini E, Chirico MC, Salvadores B, Amigot B, Estrada S, Algorry G. Delay in tuberculosis and treatment in the four provinces of Argentina. Int. J Tuberc Lung Dis 2008; 12(1):63-68

11. Veras, R. Envelhecimento, demandas, desafios e inovações. Rev Saúde Pública. 2009; 43(3) 548-54.

12. Orlandi EP. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 8ª ed. Campinas (SP): Pontes; 2009. 13. Silvestre, JA ; Costa Neto MM. Abordagem do idoso em programa saúde da família. Cad. Saúde

Pública, Rio de Janeiro, 19(3) 839-847, 2003.

14. Maciel CCA, Guerra OR. Influencia dos fatores biopsicossociais sobre a capacidade funcional de idosos residentes no nordeste do Brasil. Rev Bras. Epidemiologia. 2007; 10( 2): 178-189. 2007. 15. Oliveira H MM G, Ribeiro FCV, Bhering ML et alet al. Tuberculose no idoso em hospital de

referência. Pulmão RJ. vol. 14, n. 3, p. 202-7, 2005.

Agradecimento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq Processo:480891/2013-3 - Chamada: Universal 14/2013.

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