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Supremo Tribunal Federal

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Academic year: 2021

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RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA 32.305 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI RECTE.(S) :JOSE CARLOS RODRIGUES

ADV.(A/S) :JOSÉ BONIFÁCIO BORGES E SILVA

RECDO.(A/S) :RODOLPHO SOARESDE REZENDE

ADV.(A/S) :LUIZ FERNANDO VALLADÃO NOGUEIRA

RECDO.(A/S) :UNIÃO

PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERALDA UNIÃO

Trata-se de recurso ordinário em mandado de segurança interposto por José Carlos Rodrigues contra o acórdão proferido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça nos autos do Mandado de Segurança 13.284/DF.

Na origem, o writ foi impetrado contra ato do Ministro de Estado de Minas e Energia com o fim de assegurar habilitação para a pesquisa de quartzo em área localizada no Município de Sacramento/MG.

O STJ denegou a segurança em acórdão que recebeu a seguinte ementa:

“MANDADO DE SEGURANÇA. MINISTRO DE ESTADO DE MINAS E ENERGIA. PEDIDO DE HABILITAÇÃO. LAVRA DE QUARTZO. PERÍODO EM QUE A ÁREA NÃO ESTAVA LIVRE. PORTARIAS DNPM 419/1999 E 251/2001.

1. Mandado de segurança impetrado com o propósito de obter habilitação à lavra de quartzo, sustentando o impetrante que o seu pedido teria sido apresentado administrativamente em data na qual a respectiva área estaria livre.

2. O art. 20, parágrafo único, da Portaria DNPM 419/1999, com a redação da Portaria DNPM 251/2001, estabelece que, ‘caso tenham sido apresentadas uma ou mais de uma propostas e nenhuma delas seja considerada habilitada pela comissão, a área será

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RMS 32305 / DF

3. No caso concreto, publicada a inabilitação das propostas no DOU de 29.7.2003, a área se tornou livre em 30.7.2003, não surtindo qualquer efeito favorável ao impetrante o fato de constar da decisão do Diretor-Geral Adjunto, em flagrante erro material, a data de ‘11.04.2000’, vício esse induvidosamente sanável.

4. Com isso, não se reveste de ilegalidade o indeferimento do pedido de habilitação apresentado em 3.4.2003, antes, portanto, da publicação da decisão que considerou inabilitadas as antigas propostas (DOU de 29.7.2003) e, por conseguinte, antes também da data em que a respectiva área se tornou efetivamente livre (30.7.2003), na forma do atual texto do art. 20, parágrafo único, da Portaria DNPM 419/1999.

5. Mandado de segurança denegado” (págs. 64-72 do

documento eletrônico 6 - grifei).

Os embargos declaratórios opostos foram rejeitados.

Inconformado, o então impetrante interpôs este recurso ordinário sob a alegação de que o despacho do Diretor-Geral Adjunto do Departamento Nacional de Produção Mineral, de 29/07/2003, que declarou a área objeto do seu pedido de habilitação disponível desde 11/04/2000, não possui erro material, razão pela qual não estaria configurada a interferência da área apontada no indeferimento atacado. Nessa linha, alega que,

“quando a então Ministra indeferiu as duas propostas, ou seja, a do impetrante (José Carlos) e a do litisconsorte (Rodolpho), seguindo-se a regra do Código de Mineração (Art. 26) a área voltou a seguindo-ser livre, mais precisamente, decorridos 60 (sessenta) dias do edital, ou seja, no 61º dia, portanto em 11.04.2000” (pág. 112 do documento

eletrônico 6).

Alega, ademais, que a Portaria DNPM 251/2001, que altera a redação da Portaria DNPM 419/99, não se aplica ao caso,

“pois fere o princípio tempus regit actum, já que editada após

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o Edital de disponibilidade 35/2000, que deu origem ao processo, e ao mesmo tempo o princípio da hierarquia das leis, já que uma Portaria do DNPM não pode sobrepor-se a uma Portaria Ministerial (12/97) e muito menos ao Código de Mineração” (págs. 115-116 do

documento eletrônico 6).

A Procuradoria Geral da República manifestou-se pelo não provimento do recurso, em parecer assim sintetizado:

“Recurso ordinário em mandado de segurança. Pedido de habilitação para pesquisa de lavra de quartzo.

A questão foi resolvida à luz do art. 20 da Portaria 419, de 19.11.1999, com a alteração da Portaria 251, de 20.10.2001, vigente quando inabilitadas as propostas.

Não há direito líquido e certo, considerando que o recorrente fundamenta seu pretenso direito em ato administrativo que incorreu em evidente erro material e que, anulado, foi incapaz de produzir efeitos no mundo jurídico (Súmula 473 do STF).

Parecer pelo desprovimento do recurso”.

É o relatório. Decido.

Bem examinados os autos, entendo que a pretensão não merece acolhida.

Extrai-se dos autos que o Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM publicou edital de disponibilidade de área para pesquisa de quartzo no Município de Sacramento/MG, tendo Rodolfo Soares de Rezende e José Carlos Rodrigues, este último ora recorrente, ingressado, respectivamente, com pedidos de habilitação junto àquele órgão.

A comissão julgadora do referido órgão declarou o antigo titular da área, Rodolpho Soares de Rezende, prioritário para o fim de obtenção da autorização de pesquisa, indeferindo o requerimento apresentado pelo

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ora recorrente.

A então Ministra de Estado de Minas e Energia exarou, nos autos do recurso administrativo interposto pelo ora recorrente, despacho publicado em 25/03/2003, determinando ao Departamento Nacional de Produção Mineral que anulasse o despacho do Chefe do 3º Distrito e que indeferisse as propostas até então apresentadas, nesses termos:

“Despacho: Nos termos do Parecer CONJUR/MME nº 048/2003, que adoto como fundamento desta decisão, dou provimento ao recurso e determino ao DNPM que anule o despacho do Chefe do 3º Distrito, publicado no D.O.U. de 20 de junho de 2001, indefira as propostas apresentadas e dê prosseguimento normal ao processo de disponibilidade, nos termos do art. 20 da Portaria DNPM nº 419, de 19 de novembro de 1999” (pág. 8 do documento eletrônico 4 –

grifei).

Para dar cumprimento à determinação ministerial, o Diretor-Geral Adjunto, em decisão publicação no DOU de 29/07/2003, anulou o despacho publicado em 20/06/2001, referente à autorização de pesquisa da área em questão e indeferiu as duas propostas apresentadas no certame, declarando estar a área livre “a partir do dia 11.04.2000”(pág. 13 do documento eletrônico 4).

O acórdão recorrido, proferido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, constatou corretamente a existência de erro material na decisão do Diretor-Geral Adjunto ao mencionar a data de 11/04/2000.

O entendimento ali firmado foi de que o despacho da Ministra de Estado de Minas e Energia, publicado em 25/03/2003, impôs a aplicação do art. 20 da Portaria 419, de 19/11/1999, com a nova redação dada pela Portaria 251, de 30/10/2001, que assim dispõe:

“Art. 20 Decorrido o prazo de disponibilidade referido no art. 26

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do Código de Mineração ou no Edital de Disponibilidade, sem que nenhuma proposta haja sido protocolizada dentro de sua vigência, a área tornar-se-á livre no dia seguinte ao transcurso do prazo do art. 26 ou do Edital.

Parágrafo único. Caso tenham sido apresentadas uma ou mais de uma propostas e nenhuma delas seja considerada habilitada pela comissão, a área será considerada livre no dia seguinte à data da publicação no Diário Oficial da União da decisão de inabilitação”

(grifei).

O Ministro Herman Benjamin, Relator do feito, chegou à seguinte conclusão em seu voto condutor:

“Com isso, no caso concreto, publicada a inabilitação das propostas no DOU de 29.7.2003, a área se tornou livre, na verdade, em 30.7.2003, não surtindo qualquer efeito favorável ao impetrante o fato de constar da decisão do Diretor-Geral Adjunto, equivocadamente, a data de ‘11.04.2000’, vício esse induvidosamente sanável” (pág. 69 do documento eletrônico 6).

Em 03/04/2003, o recorrente protocolou novo pedido de habilitação para pesquisa na área mencionada, dando origem ao Processo DNPM 830.915/2003. Em 29/05/2003, o chefe do 3º Distrito do DNPM indeferiu o requerimento sob o fundamento de que teria havido interferência total de área, nos termos do art. 18, § 1º, do Código de Mineração (pág. 49 do documento eletrônico 1).

O cerne da questão, portanto, é a definição da data em que a área pleiteada estava livre para fins de requerimento de autorização e pesquisa.

O recorrente indica a data de 11/04/2000 como a correta, argumentando que,

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do impetrante (José Carlos) e a do litisconsorte (Rodolpho), seguindo-se a regra do Código de Mineração (Art. 26), a área voltou a seguindo-ser livre, mais precisamente, decorridos 60 (sessenta) dias do edital, ou seja, no 61º dia, portanto em 11.04.2000” (pág. 112 do documento

eletrônico 6).

Não assiste razão ao recorrente.

A Ministra de Minas e Energia, no ato indicado como coator, confirmou a retificação da data de início da liberação da área em comento, ou seja, a partir de 30 de julho de 2003, “uma vez que o erro

material é passível de retificação e não implica em reabertura de prazo recursal para o Parecer CONJUR/MME nº 048/2003” (pág. 13 do documento

eletrônico 2).

Com efeito, o parágrafo único do art. 20 da Portaria DNPM 419/1999, com a redação dada pela Portaria 251/2000, determina que a área será considerada livre no dia seguinte à data da publicação no Diário Oficial da União da decisão de inabilitação das propostas apresentadas. Na hipótese dos autos, a publicação ocorreu em 29/07/2003, razão pela qual a área objeto da postulação somente poderia ser considerada livre a partir de 30/07/2003, conforme bem apontado no parecer do Ministério Público Federal, in verbis:

“A Portaria 251, de 30 de outubro de 2001, que deu nova redação ao art. 20 da Portaria 419/1999, já estava há anos em vigor quando proferida a decisão da Ministra de Minas e Energia e a do Diretor Geral do DNPM. O fato de o Edital de Disponibilidade 35/2000 ter sido publicado antes da Portaria 251 não impede que os procedimentos administrativos seguissem os novos atos regulamentares. Não há que se falar em retroatividade, mas aplicação imediata da Portaria, em sua nova redação.

Assim, a nova redação do art. 20 da Portaria 419 tornou a área disponível em 30.7.2003, ou seja, no dia seguinte à decisão proferida pelo Diretor Geral do DNPM, publicada em 29.7.2003. Não seria o

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caso de se eleger como termo inicial da disponibilidade de área a decisão da Ministra de Minas e Energia, eis que ela somente determinou que fossem tomadas as providências pela Diretoria do DNPM” (pág. 5 do documento eletrônico 9).

Ademais, imperioso ressaltar que a revisão de um ato administrativo, quando eivado de vício, não é mera discricionariedade da Administração, mas sim um poder-dever.

E essa questão encontra-se devidamente pacificada por esta Corte há algum tempo, conforme se pode observar do RE 342.593-AgR/SP, Rel. Min. Maurício Corrêa, assim ementado:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ANULAÇÃO DE LICITAÇÃO PÚBLICA. CONTRATOS. PROCESSO ADMINISTRATIVO. GARANTIA DO DIREITO ADQUIRIDO E DO ATO JURÍDICO PERFEITO. A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Súmula 473/STF. Processo administrativo e garantia da ampla defesa. Inobservância. Agravo regimental não provido”.

No mesmo sentido, cito, entre outros, os seguintes precedentes: AI 710.085-AgR/SP, de minha relatoria; e AI 536742-AgR/RS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence.

Ressalto, por fim, que esta Casa, por suas Turmas, já reafirmou a competência do Relator para negar seguimento, por meio de decisão monocrática, a recursos ordinários em mandado de segurança quando inadmissíveis, intempestivos, sem objeto ou que veiculem pretensão incompatível com a jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal. É o que se observa, por exemplo, na seguinte ementa:

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“(...) JULGAMENTO MONOCRÁTICO DO RECURSO

ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. O Relator, na direção dos processos em curso perante a Suprema Corte, dispõe de competência plena para, em decisão monocrática, julgar recurso ordinário em mandado de segurança, desde que - sem prejuízo das demais hipóteses previstas no ordenamento positivo (CPC, art. 557) - a pretensão deduzida em sede recursal esteja em confronto com Súmula ou em desacordo com a jurisprudência predominante no Supremo Tribunal Federal. Precedentes” (RMS

27.953-MC-AgR-AgR/DF, Rel. Min. Celso de Mello).

Isso posto, nego seguimento a este recurso ordinário (art. 21, § 1º, do RISTF).

Publique-se.

Brasília, 4 de setembro de 2014.

Ministro RICARDO LEWANDOWSKI

Relator

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