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OS RAIOS N DE RENÉ BLONDLOT

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Academic year: 2021

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OS “RAIOS N”

DE RENÉ BLONDLOT

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Grupo de História e Teoria da Ciência (GHTC) Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Coleção Scientiarum Historia et Theoria 1. A teoria da progressão dos animais, de Lamarck

Lilian Al-Chueyr Pereira Martins 2. O “Reportório dos tempos” de André do Avelar

Adalgisa Botelho da Costa

3. Os “raios N” de René Blondlot Roberto de Andrade Martins

Coordenação

Roberto de Andrade Martins (Unicamp) Conselho Editorial

Aldo Mellender de Araújo (UFRGS) Anna Carolina Krebs Regner (Unisinos)

Cibelle Celestino Silva (USP) Juliana Mesquita Hidaldo Ferreira (Unicamp)

Lilian Al-Chueyr Pereira Martins (PUC-SP) Ubiratan D’Ambrosio (PUC-SP)

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OS “RAIOS N”

DE RENÉ BLONDLOT

UMA ANOMALIA

NA HISTÓRIA DA FÍSICA

Coleção Scientiarum Historia et Theoria - Vol. 3

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Título do autor em nosso catálogo: Os “raios N” de René Blondlot

homepage / e-mail do autor: www.booklink.com.br/ rmartins rmartins@ifi.unicamp.br GHTC /Unicamp Caixa Postal 6059 Campinas, SP CEP 13083-970 www.ifi.unicamp.br/~ghtc/ ghtc@ifi.unicamp.br Copyright © 2007

Roberto de Andrade Martins Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida, em qualquer meio ou forma, seja digital, fotocópia, gravação etc, nem apropriada ou estocada em banco de dados, sem a autorização do autor.

Publicado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

Direitos exclusivos desta edição: Booklink Publicações Ltda. Caixa Postal 33014 22440 970 Rio RJ Fone 21 2265 0748 www.booklink.com.br booklink@booklink.com.br M 386r

Martins, Roberto de Andrade,

Os “Raios N” de René Blondlot : uma anomalia na História da Física / Roberto de Andrade Martins. – Rio de Janeiro : Booklink ; São Paulo : FAPESP : GHTC/Unicamp, 2007. viii, 272 p. ; 21cm. (Coleção Scientiarum Historia et Theoria ; v. 3)

ISBN: 978-85-7729-034-5

1. Epistemologia. 2. História da Física. 3. Física – História. 4. Física – Filosofia. 5. Filosofia da Física. I. Título. III. Série. CDD 530.1

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ... 1

Cibelle Celestino Silva PREFÁCIO ... 7

Primeira parte

CAPÍTULO 1. Os precedentes históricos ... 11

1.1 Um estranho episódio ... 11

1.2 Como entender esse episódio?... 13

1.3 René-Prosper Blondlot ... 14

1.4 O raios X no início do século XX... 17

1.5 As pesquisas de Blondlot sobre os raios X ... 20

CAPÍTULO 2. Surgem os raios N ... 25

2.1 A descoberta dos raios N ... 25

2.2 O brilho da faísca elétrica ... 28

2.3 Uma “descoberta” científica ... 30

CAPÍTULO 3. Estudos iniciais de Blondlot sobre os raios N ... 31

3.1 O segundo artigo... 31

3.2 Produção e detecção dos “raios N”... 34

3.3 Reações da comunidade científica – as primeiras anomalias 36 3.4 Outras propriedades dos raios N... 39

CAPÍTULO 4. Novos efeitos dos raios N ... 41

4.1 Os raios N e os seres vivos ... 41

4.2 Os raios N se popularizam na França ... 43

4.3 Alemanha e Inglaterra ... 45

4.4 Índice de refração e comprimento de onda dos raios N... 46

4.5 Fotografias dos efeitos dos raios N... 50

4.6 Expansão e sucessos ... 55

CAPÍTULO 5. Os estudos de Jean Becquerel ... 57

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5.2 A primeira pesquisa de Jean Becquerel ... 58

5.3 Os efeitos sensoriais dos raios N ... 62

5.4 Anestesia em animais ... 63

5.5 A emissão simultânea de raios N e N1... 64

5.6 A anestesia dos metais ... 67

5.7 Os raios N e as radiações dos corpos radioativos ... 67

CAPÍTULO 6. Dúvidas e decadência dos raios N... 73

6.1 O início dos problemas ... 73

6.2 Críticas e crise ... 75

6.3 As pesquisas de Salvioni ... 77

6.4 Henri Piéron e a Revue Scientifique... 79

6.5 A visita de Robert Wood ao laboratório de Blondlot ... 83

6.6 A Revue Scientifique toma partido... 87

6.7 A pesquisa de opinião da Revue Scientifique... 90

6.8 As atitudes de Jean e Henri Becquerel... 93

6.9 Piéron e os experimentos fotográficos... 97

CAPÍTULO 7. A resposta de Blondlot... 101

7.1 Os novos experimentos fotográficos... 101

7.2 O Prêmio Leconte ... 104

7.3 Os últimos trabalhos favoráveis aos raios N... 106

CAPÍTULO 8. Tentando entender o caso Blondlot ... 111

8.1 Explicações da falha de Blondlot ... 111

8.2 Martin Gardner e os “excêntricos” ... 112

8.3 Irving Langmuir e a “ciência patológica”... 114

8.4 Mary Jo Nye e os fatores sociais ... 116

8.5 As análises de Robert Lagemann e George Stradling... 117

8.6 O técnico de laboratório de Blondlot... 118

CAPÍTULO 9. O que pode ser concluído? ... 121

Segunda parte

DOCUMENTOS ... 129

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APRESENTAÇÃO

Este é o terceiro volume da coleção Scientiarum Historia et Theo-ria, publicada pelo Grupo de História e Teoria da Ciência da Uni-camp. A primeira parte desta obra traz um profundo estudo histó-rico sobre os trabalhos do francês René Blondot e a descoberta, em 1903, dos raios N. Roberto de Andrade Martins não se atém apenas aos trabalhos de Blondot, mas também analisa sua aceita-ção (e posterior negaaceita-ção) por pesquisadores, como os Becquerel e Henri Poincaré. A segunda parte traz traduções para o português de trabalhos de Blondot e de outros pesquisadores da época, o que ajuda a superar a grande carência de traduções de textos origi-nais para o português, atividade tão comum em outras línguas. Além disso, esta obra é uma importante contribuição à historio-grafia da física ao discutir as várias interpretações correntes sobre este interessante episódio de uma forma crítica, baseando-se em uma análise cuidadosa de um grande número de fontes primárias do período.

Hoje em dia, para um interessado em história da ciência ou mesmo um físico, pode parecer estranho um livro dedicado aos raios N, já que foram descartados da ciência e, atualmente, nin-guém acredita mais em sua existência. Entretanto, a moderna his-toriografia da ciência também se interessa em compreender como certas idéias foram aceitas e defendidas sob o ponto de vista da própria época, evitando análises anacrônicas que consideram ape-nas os conceitos aceitos atualmente como corretos. Dentro deste contexto, este livro pode ser visto como uma fascinante viagem ao mundo da física no final do século XIX e começo do XX, período em que muitas descobertas importantes foram feitas e novas teo-rias formuladas.

Nessa época, outras radiações além da luz visível foram detec-tadas, como por exemplo, os raios X observados por Wilhelm

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Conrad Röntgen em 1895. Após a descoberta dos raios X, a busca de novos tipos de radiações invisíveis foi um passo natural. Mui-tos físicos dedicaram-se a procurar emissões produzidas por quase todos os tipos de corpos. Diversos trabalhos foram publicados relatando descobertas rapidamente esquecidas por terem sido con-sideradas produtos de erros experimentais e da grande vontade de seus descobridores de encontrar novas radiações.

Porém, uma destas novas radiações não teve uma existência tão efêmera. Entre 1903 e 1905, a revista da Academia Francesa de Ciências, Comptes Rendus de l’Académie des Sciences, publicou cerca de 60 trabalhos sobre os raios N, que exploravam suas proprieda-des e suas aplicações (como na medicina, biologia, química e ou-tras áreas). Apesar do sucesso inicial, outros pesquisadores não conseguiram obter os mesmos resultados descritos por Blondot e seus colaboradores. Isso fez com que a realidade dos raios passas-se a passas-ser fortemente questionada, até que no final de 1905 ninguém mais publicava sobre este assunto.

A interpretação histórica corrente sobre este episódio é que Blondot cometeu erros crassos causados por seu grande desejo de descobrir um fenômeno novo. Martins apresenta uma análise sur-preendente deste episódio da história da física, mostrando como não podemos olhar para o complexo processo da produção do conhecimento científico de maneira tão simplista. As análises tra-dicionais normalmente ignoram que Blondot era um físico res-peitado na época por, entre outras coisas, suas medidas precisas da velocidade de ondas eletromagnéticas, com vários artigos e livros publicados, e cuja tese de doutorado foi considerada brilhante. O autor nos lembra também que Blondot recebeu dois prêmios da Academia de Ciências de Paris, em 1893 e 1899, por suas pesqui-sas experimentais. O fato de vários físicos franceses importantes terem defendido a existência dos raios N é atribuído ao forte na-cionalismo francês e tido como um exemplo de como o fatores extra-científicos podem atrapalhar o desenvolvimento da ciência.

O presente livro nos mostra que a história não foi tão simples assim. O autor nos presenteia novamente com um exemplo de como estudos históricos de qualidade, livres de preconceitos

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tivos e considerando de fato o contexto da época, podem trazer novas interpretações para episódios tidos como simples e óbvios.

A descoberta dos raios N ocorreu em uma época em que Blondot estava desenvolvendo experimentos para determinar al-gumas das propriedades dos raios X como, por exemplo, sua ve-locidade e a possibilidade de serem polarizados. Blondot observou que um feixe de raios X emitido por um tubo de Crookes sofria refração e reflexão ao atravessar prismas e lentes de quartzo. Como vários pesquisadores da época não tinham conseguido mostrar que os raios X podiam ser refratados e refletidos, Blondot concluiu que o tubo de Crookes emitia um outro tipo de radiação invisível e dedicou-se a pesquisar suas propriedades.

Em seu segundo artigo sobre o assunto, Blondot considerou a possibilidade de os novos raios serem um tipo de radiação seme-lhante ao infravermelho, já que seus índices de refração eram se-melhantes. Blondot estudou a emissão de radiação por um tipo especial de bico de gás utilizando lentes de quartzo para concen-trar os raios e a variação de brilho de faíscas entre dois eletrodos como detector. Blondot concluiu que a radiação observada era realmente algo novo, batizando-a como “raios N”, em homena-gem à cidade francesa de Nancy, onde vivia. Blondot notou que corpos aquecidos, inclusive o Sol, emitiam a nova radiação, e que esta interferia no brilho de materiais fosforescentes e na cor e brilho de uma chama azul.

No final de 1903 os primeiros artigos de outros pesquisadores sobre os raios N começaram a ser publicados. Alguns tentaram, em vão, reproduzir os efeitos descritos por Blondot. Outros, no entanto, observaram efeitos semelhantes aos obtidos por Blondot. Augustin Charpentier, por exemplo, relatou que o corpo humano emitia uma radiação com as mesmas propriedades dos raios N e utilizou esta emissão para estudar a atividade cerebral e nervosa. Embora as descobertas de Charpentier nos pareçam estranhas, elas foram recebidas com naturalidade na época, tanto que a re-vista Nature publicou um relato dos trabalhos sem criticá-los e a prestigiosa revista médica britânica The Lancet também publicou trabalhos de médicos ingleses confirmando a emissão de raios N pelos nervos e músculos.

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Entre 1904 e 1905, dezenove pesquisadores franceses publica-ram sobre os raios N nos Comptes Rendus e vários outros apresen-taram pequenas comunicações sobre o novo fenômeno. Algumas destas publicações apresentavam efeitos totalmente compatíveis com a física da época; outras, no entanto, descreviam efeitos in-críveis. Ao longo destes dois anos, vários trabalhos foram publi-cados, principalmente fora da França, questionando a existência dos raios N. Entre eles, o artigo do alemão Otto Lummer atribuiu os efeitos observados a particularidades da visão humana, sendo assim, efeitos puramente fisiológicos. Diante das críticas, Blondot buscou evidências mais contundentes da existência dos raios N, como fotografias dos efeitos luminosos produzidos por eles. Ou-tros pesquisadores que tentaram fotografar estes efeitos não obti-veram sucesso. Os experimentos fotográficos foram posterior-mente aperfeiçoados por Blondot, enfraquecendo as críticas feitas por seus adversários.

Uma das críticas atuais ao método experimental utilizado por Blondot refere-se ao processo de detecção da nova radiação. O físico francês utilizava a detecção visual da variação do brilho de faíscas emitidas entre dois eletrodos, o que tornaria o método extremamente subjetivo. Roberto de Andrade Martins analisa es-tas críticas considerando cuidadosamente aspectos metodológicos envolvidos em medidas físicas realizadas por físicos do período, mostrando que o raciocínio e passos de Blondot não foram muito diferentes dos que seriam realizados por qualquer bom físico da época.

Entre os pesquisadores que inicialmente aceitaram a existência dos raios N e depois a negaram, destaca-se Jean Becquerel. Este físico francês, ocupante da mesma cátedra de seu pai, avô e bisavô no Museu de História Natural de Paris, publicou cerca de dez artigos sobre os raios N nos primeiros meses de 1904. Seus estudos fo-ram sobre a emissão de raios N pelos seres vivos, a influência de anestésicos nesta emissão, a ação dos raios N sobre os olhos do observador, a transmissão dos raios N por metais, comparou os raios N com radiações α, β e γ, entre outros assuntos. Os estudos de Becquerel não eram muito rigorosos, mas isso parece não tê-lo incomodado e tampouco a seu pai, Henri, que apoiou os

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dos do filho, mesmo quando a existência dos raios N já era forte-mente criticada.

Normalmente, atribui-se ao físico estado-unidense Robert Wil-liam Wood o golpe mortal sobre os raios N. Wood relata sua visita ao laboratório de Blondot, quando não foi capaz de obser-var nenhum dos efeitos sugeridos por Blondot e seu assistente. Martins discute as críticas de Wood considerando o contexto da época, bem como os argumentos usados por outros pesquisadores na refutação das idéias de Blondot.

No final da primeira parte desta obra, Martins analisa várias das interpretações produzidas ao longo do século XX deste episó-dio. Algumas mais ingênuas simplesmente classificam o trabalho de Blondot como exemplos de “pseudo-ciência” e “ciência pato-lógica”. Outras, mais sofisticadas, consideram o clima favorável a novas idéias no início do século XX, o forte nacionalismo francês, a rivalidade entre Nancy e Paris, crenças espiritualistas de alguns dos envolvidos e mesmo a possibilidade de fraude intencional do assistente de laboratório como fatores importantes.

Roberto de Andrade Martins, mantendo sua tradição questio-nadora e crítica, baseia-se em uma profunda análise de fontes pri-márias para analisar em detalhes os vários fatores envolvidos na aceitação, e posterior negação, da existência dos raios N por pes-quisadores de vários países, mostrando que não é possível atribuir a um único trabalho e pesquisador a última palavra sobre o as-sunto. O autor mostra que o processo de negação pela comunida-de científica da existência dos raios N não foi tão simples como pode parecer à primeira vista. Uma evidência da complexidade do cenário foi o prêmio dado a Blondot pela Academia Francesa de Ciências em 1904, no auge das discussões sobre a existência ou não dos raios N.

Certamente esta obra é mais um exemplo de como estudos históricos elaborados por profissionais especializados podem contribuir para que seus leitores desenvolvam uma compreensão aprofundada acerca da construção do conhecimento. A elaboração da ciência é uma atividade rica, com muitas idas e vindas, erros e acertos. Além disso, este livro mostra que interpretações

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tas de episódios históricos normalmente ignoram toda a comple-xidade da atividade científica.

Cibelle Celestino Silva Instituto de Física de São Carlos Universidade de São Paulo (USP)

Referências

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