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Rafael Peteffi da Silva

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Academic year: 2021

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alkeR Doutorando em Direito Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre em Direito Civil

pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pesquisador da Rede de Direito Civil Contemporâneo. Bolsista de pesquisa Capes em regime de dedicação integral ao curso de doutorado. mark.walker@ufrgs.br

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ilva Doutor em Direito Civil pela Universidade de São Paulo. Mestre em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina, nos cursos de graduação, mestrado e doutorado. Editor da Revista de Direito Civil Contemporâneo. Membro da Rede de Pesquisa de Direito Civil Contemporâneo. rafael.peteffi@ufsc.br

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einig Mestre e Doutor em Direito Civil pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Professor

Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina. Membro da Rede de Pesquisa de Direito Civil Contemporâneo. g.reinig@ufsc.br Recebido em: 08.08.2017 Pareceres: 05.10.2017 e 06.10.2017

áReasDo DiReito: Civil; Internacional

Resumo: O presente artigo busca, essencialmen-te, contribuir com a discussão doutrinária no que diz respeito ao instituto da indenização puniti-va, conhecido, em sua origem anglo-saxônica, como punitive damages. Para esse fim, o estudo

abstRaCt: This article essentially intends to con-tribute with the current doctrinal discussion regarding the doctrine of punitive damages, as it is known in its Anglo-Saxon origins. For this purpose, the study is divided in two parts: in a

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divide-se em duas partes: em um breve primei-ro momento dedica-se a recapitular a diferen-ciação entre o instituto jurídico estrangeiro e o caráter punitivo atribuído nacionalmente às in-denizações por dano moral. A segunda metade centra-se na análise do instituto dentro do orde-namento jurídico brasileiro – em específico com um diagnóstico detalhado de sua aplicação pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. palavRas-Chave: Punitive damages – Indeniza-ção punitiva – Responsabilidade civil.

brief first moment, one summarizes Brazilian scholars’ disambiguation of this foreign doctrine and the punitive function ascribed to noneco-nomic damages under Brazilian law. The second half concentrates on the analysis of the institute in relation to Brazilian legal system – specifically with a detailed diagnosis of how it has been used by the Rio Grande do Sul Court of Appeals. keywoRDs: Punitive damages – Tort law – Com-parative law – Case-law analysis.

sumário: 1. Introdução. 2. Os punitive damages e o caráter punitivo-pedagógico da

indeni-zação por dano moral. 2.1. Requisitos para imposição de uma indeniindeni-zação punitiva. 2.1.1 Pré-requisito de admissibilidade. 2.1.2 Requisito de conduta – o padrão de culpabilidade (standard of liability). 2.1.3 Requisito probatório (standard of proof). 2.2 Desambiguação entre a indenização punitiva e o caráter punitivo-pedagógico do dano moral. 3. Diagnóstico jurisprudencial. 3.1 Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. 4. Conclusão. 5. Referências.

1. i

ntrodução

O instituto dos punitive damages, ou indenização punitiva, é um mecanismo indenizatório típico da Common Law. Trata-se, em um conceito breve, de uma indenização conferida com intuito de punir o autor de algum ilícito por sua conduta ultrajante e dissuadir o ofensor e o restante da comunidade de condu-tas similares no futuro1.

Ao representar uma ruptura com a lógica tradicionalmente reparatória da responsabilidade civil (e da própria tort law2), a indenização punitiva acabou

por despertar o interesse de autores brasileiros em anos recentes. Por

1. Restatement (Second) of Torts § 908, 1979. No original: “(…) damages [...] awarded against a person to punish him for his outrageous conduct and to deter him and others like him from similar conduct in the future”.

2. Prosser e Keeton asseveram que a ideia de punição ou de desencorajar demais ofensas usualmente não é buscada pela tort law, e que a indenização punitiva consiste em um aspecto anômalo, em que as ideias do direito penal invadiram o campo civil (KEE-TON, William Page; DOBBS, Dan B.; OWEN, David G. (Eds.). Prosser and Keeton on the Law of Torts. 5. ed. St. Paul: West Group, 1984, p. 9). Destacando o propósito reparatório da tort law também SALES, James B.; COLE JR., Kenneth B. Punitive

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analisando-se, inclusive, os requisitos impostos no ordenamento alienígena para sua aplicação.

O delineamento, ainda que não exaustivo, de um conceito operacional para a indenização punitiva mostrou-se importante para a verificação de sua corre-ta, ou incorrecorre-ta, aplicação pela jurisprudência proferida pelos sodalícios nos casos selecionados. A aludida tarefa se deu com alguma dose de audácia, já que as fronteiras conceituais entre a indenização punitiva e o caráter pedagógico do dano moral (largamente utilizado por grande parte da jurisprudência brasi-leira) não são um exemplo de precisão.

Com efeito, há pontos de sobreposição funcional entre os institutos citados, pois são, ambos, manifestações da controvertida função punitiva no âmbito da responsabilidade civil. Apesar dos percalços, empreendeu-se a análise de várias decisões judiciais, o que veio a apresentar algumas conclusões alvissareiras, pois há muitos acórdãos que enfrentam a questão de maneira precisa, mesmo que alguns julgados ainda possam ser considerados exemplos de importação incorreta de modelos jurídicos estrangeiros.

Apesar de o presente trabalho não se manifestar sobre a possibilidade de re-cepção do instituto no direito brasileiro, sublinha-se que a correta compreen-são do conceito operacional da indenização punitiva é fundamental para um debate racional sobre a possibilidade de utilização da indenização punitiva em nosso ordenamento, tanto em relação ao atual estágio da nossa legislação, como de lege ferenda.

5. r

eferênCias

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esquisas Do

e

DitoRial

Veja também Doutrina

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• A natureza jurídica da reparação dos danos à pessoa humana: da compensação aos danos punitivos, de Fábio Antunes Gonçalves – RDPriv 78/145-168 (DTR\2017\1585);

• Da indenização punitiva: análise de sua aplicabilidade na ordem jurídica brasileira, de Maria Vital da Rocha e Davi Guimarães Mendes – RDCC 12/211-252 (DTR\2017\5693);

• Danos morais no direito do consumidor e punitive damages: pedagogia para o

judi-ciário, de André Augusto Giuriatto Ferraço e Igor Rodrigues Britto – RDC 110/117-138

(DTR\2017\780); e

• O mito da indústria do dano moral e a banalização da proteção jurídica do consumidor pelo judiciário brasileiro, de Dennis Verbicaro, João Vitor Penna e Silva e Pastora do Socorro Teixeira Leal – RDC 114/75-99 (DTR\2017\7024).

Referências

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