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Codigos sobre grafos que são quocientes de reticulados

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE MATEM ´ATICA, ESTAT´ıSTICA E COMPUTAC¸ ˜AO CIENT´ıFICA

C´odigos sobre Grafos que s˜ao Quocientes de Reticulados

L´ıvia Teresa Minami

(2)

C´odigos sobre Grafos que s˜ao Quocientes de Reticulados

Este exemplar corresponde `a reda¸c˜ao final da dis-serta¸c˜ao de mestrado devidamente corrigida e defendida por L´ıvia Teresa Minami e aprovada pela comiss˜ao julgadora.

Campinas, 03 de dezembro de 2004 .

Sueli Irene Rodrigues Costa

Banca Examinadora:

1. Dra. Sueli Irene Rodrigues Costa

2. Dr. Edson Agustini

3. Dra. Claudina Izepe Rodrigues

Disserta¸c˜ao apresentada ao Instituto de Matem´atica, Estat´ıstica e Computa¸c˜ao Cient´ıfica, UNICAMP, como requisito parcial para obten¸c˜ao do T´ıtulo de Mestre em Matem´atica.

(3)

Disserta¸c˜ao de Mestrado defendida por L´ıvia Teresa Minami e aprovada em 03 de Dezembro de 2004 pela Banca Examinadora constitu´ıda pelos professores:

Dra. Sueli Irene Rodrigues Costa

Dr. Edson Agustini

(4)

Pref´

acio

Este trabalho aborda propriedades de grafos que s˜ao quocientes de reticulados e explora conex˜oes destes com a teoria de c´odigos corretores de erros. Est´a organizado na seguinte forma: No primeiro cap´ıtulo s˜ao introduzidos conceitos e principais resultados de teoria de grafos a serem utilizados. O segundo cap´ıtulo cont´em uma breve introdu¸c˜ao `a teoria de c´odigos corretores de erros e finalmente no terceiro cap´ıtulo s˜ao analisadas propriedades de grafos que s˜ao quocientes de reticulados e suas rela¸c˜oes com c´odigos em aspectos como rotulamentos e constru¸c˜ao de c´odigos.

Abstract

Graphs which are quotients of lattices are studied in this dissertation and some of their connections to error correcting codes are explored. The text is organized as follows. In Chapter 1 the main concepts and results in Graph theory are introduced. Chapter 2 contains s brief introduction to error correcting codes theory and Chapter 3 is devoted to the study of properties of graphs which are quotient of lattices and their relations with codes in aspects like labelings and the construction of perfect codes.

(5)

Agradecimentos

Primeiramente `a DEUS.

Agrade¸co `a Profa Dra. Sueli Irene Rodrigues Costa pela paciˆencia, aos meus pais (Celso

e Tereza) pelo apoio , ao meu irm˜ao Cal que acordou diversas noites para me buscar sem nem reclamar, ao Igor que me ajudou muito com os milhares de erros do WinEdt, ao meu noivo Fabiano por ter me incentivado nos momentos de desˆanimo e `a sua fam´ılia (D. Inˆes, Fer e Fran) que me acolheu todos os finais de semana.

Agrade¸co tamb´em `a CAPES pela bolsa de mestrado.

L´ıvia Teresa Minami 03 de Dezembro de 2004

(6)

Sum´

ario

Agradecimentos v

1 Uma Introdu¸c˜ao `a Teoria de Grafos 2

1.1 Um pouco de Hist´oria . . . 2

1.2 Defini¸c˜oes Iniciais . . . 3

1.3 Principais Tipos de Grafos . . . 4

1.4 Caminhos e Ciclos . . . 5

1.5 Conexidade . . . 6

1.6 Arvores e Florestas . . . .´ 6

1.7 Grafos regulares especiais . . . 7

1.7.1 Grafos distˆancia-regular . . . 7

1.7.2 Grafos aresta regular e aresta co-regular . . . 8

1.8 Algebra Linear e Grafos . . . .´ 8

1.9 Planaridade . . . 9

1.10 Outras superf´ıcies . . . 11

1.11 Grafos Eulerianos . . . 14

2 C´odigos Corretores de Erros 15 2.1 Exemplos . . . 15

2.2 M´etrica de Hamming e M´etrica de Lee . . . 16

2.3 An´eis e corpos . . . 18 2.4 Os Inteiros . . . 22 2.5 C´odigos Lineares . . . 22 2.5.1 Defini¸c˜oes iniciais . . . 22 2.5.2 Matriz Geradora . . . 24 2.5.3 C´odigos Duais . . . 25

2.5.4 Exemplos de C´odigos Lineares . . . 27

(7)

3 Grafos dados por Quocientes de Reticulados 33

3.1 Reticulado, empacotamento e kissing number . . . 33

3.1.1 O Problema do Empacotamento de Esferas . . . 34

3.1.2 O Problema do Kissing Number . . . 35

3.2 Grafos que s˜ao Quocientes de Reticulados (Grafos e Ladrilhamentos sobre Toros) . . . 38

3.2.1 O Toro Planar . . . 39

3.2.2 Grafos Regulares Sobre Toros Planares . . . 39

3.2.3 Ladrilhamento . . . 40

3.2.4 Perfil de Distˆancias em Γ~u,~v . . . . 43

3.2.5 Toro Gerado por ~u =(a,b) e ~v =(-b,a) . . . . 44

3.2.6 C´odigos perfeitos . . . 45

3.3 Gˆenero do Grafo Zn q . . . 46

3.3.1 Gˆenero dos Grafos Z2 q com a M´etrica de Lee . . . 46

3.3.2 Gˆenero dos Grafos Z2 q com a M´etrica de Hamming . . . 47

3.3.3 Grafo Z2 4 . . . 47

3.3.4 Gˆenero dos Grafos Zn 2 . . . 47

3.4 Exemplos de Grafos distˆancia-regulares . . . 49

3.4.1 Z4× Z4 . . . 49

3.4.2 Γ~u,~v . . . 49

(8)

Introdu¸c˜

ao

O objetivo deste trabalho foi o estudo de uma classe especial de grafos ligados a c´odigos corretores de erros. Atrav´es de propriedades e resultados da teoria de grafos procuramos analisar caracter´ısticas importantes em exemplos de c´odigos.

Assim , discutimos alguns problemas envolvendo grafos e c´odigos com a perspectiva de, num trabalho futuro aprofundarmos o tema visando a constru¸c˜ao de bons c´odigos associados a grafos atrav´es da an´alise de propriedades geom´etricas especiais.

No primeiro cap´ıtulo apresentamos uma introdu¸c˜ao `a teoria de grafos, contendo as prin-cipais defini¸c˜oes, exemplos e resultados importantes. S˜ao abordados conceitos como grafos regulares e gˆenero topol´ogico de um grafo que ser˜ao utilizados no decorrer do trabalho. In-clu´ımos tamb´em no final a discuss˜ao do problema das pontes de K¨onisberg, o qual motivou o surgimento da teoria dos grafos.

O segundo cap´ıtulo ´e uma breve introdu¸c˜ao `a teoria dos c´odigos corretores de erros. A ˆenfase foi dada aos c´odigos lineares e c´odigos perfeitos incluindo exemplos cl´assicos como os c´odigos de Hamming e de Reed-Solomon. Apresentamos tamb´em os conceitos das m´etricas de Hamming e de Lee associadas a alfabetos q-´arios.

O ´ultimo cap´ıtulo ´e dedicado `a analise de algumas rela¸c˜oes entre c´odigos e uma classe especial de grafos: Os quocientes de reticulados utilizando principalmente a referˆencia [9]. Estes grafos s˜ao associados a ladrilhamentos em toros planares. Introduzimos inicialmente conceitos fundamentais associados a reticulados, e passamos aos grafos quocientes destes discutindo propriedades como uniformidade, regularidade e gˆenero topol´ogico e a conex˜ao destas com a constru¸c˜ao de c´odigos com caracter´ısticas especiais como os c´odigos perfeitos e com rotulamento c´ıclico.

(9)

Cap´ıtulo 1

Uma Introdu¸c˜

ao `

a Teoria de Grafos

Este primeiro cap´ıtulo ´e dedicado a uma introdu¸c˜ao `a teoria de grafos. Nele, estaremos visando sempre atingir nosso objetivo de relacionar os grafos com empacotamento de esferas, c´odigos corretores de erros e reticulados. As principais referˆencias para este cap´ıtulo s˜ao [3], [5], [6] e [7].

1.1

Um pouco de Hist´

oria

A Teoria de Grafos ´e relativamente recente na hist´oria da matem´atica . A primeira evidˆencia do uso da teoria de grafos data de 1736 quando Euler utilizou-a para resolver o problema das ”Pontes de K¨onigsberg”, enunciado abaixo.

K¨onigsberg ´e uma cidade russa que ´e cortada pelo rio Pregel, dividindo a cidade em duas ilhas. H´a uma ponte que as liga, uma ilha possui uma ponte ligando-a a cada uma das duas margens opostas e a outra, duas pontes ligando-a a cada uma das margens (veja figura abaixo). A pergunta ´e se seria poss´ıvel realizar um passeio pelas ilhas passando uma ´unica vez em cada uma das sete pontes e voltar para o ponto do in´ıcio do passeio. Esse problema ser´a discutido mais adiante, depois que introduzirmos a teoria.

(10)

Desde ent˜ao os grafos tˆem sido utilizados em uma grande variedade de aplica¸c˜oes pois s˜ao capazes de modelar diversas situa¸c˜oes reais em f´ısica, qu´ımica, biologia, engenharia el´etrica, entre outras.

1.2

Defini¸c˜

oes Iniciais

Um grafo G ´e um par (V, A) onde V ´e um conjunto de pontos chamados v´ertices e A o conjunto de segmentos que ligam dois dos elementos de V , denominados arestas. Denotamos por xy a aresta de G que liga os v´ertices x e y. Quando quisermos nos referir ao conjunto de v´ertices de G podemos usar a nota¸c˜ao V (G) e para o conjunto de arestas A(G).

Dado um grafo G, chamamos de ordem de G, o n´umero de v´ertices que ele possui e denotamos por |G|. Dizemos ainda que um v´ertice v ´e incidente a uma aresta e se v ∈ e. Se xy for uma aresta de G, ent˜ao os v´ertices x e y s˜ao ditos adjacentes ou vizinhos (caso contr´ario s˜ao independentes). Este mesmo termo pode ser dado para arestas, ou seja, dizemos que duas arestas s˜ao adjacentes se possuem v´ertice comum.

Na teoria de grafos, dois grafos G(V, A) e G0(V0, A0) s˜ao chamados isomorfos se existir bije¸c˜ao φ : V → V0, tal que xy ∈ A ⇔ φ(x)φ(y) ∈ A0. Neste caso denotamos por G ' G0 e dizemos que φ ´e um isomorfismo. Se tivermos G = G0, teremos que φ ´e um automorfismo. Uma fun¸c˜ao f tomando grafos como argumentos ´e chamada grafo-invariante se, dados grafos isomorfos G e H, f (G) = f (H).

Proposi¸c˜ao 1.1. : f : G → G ´e uma isometria se, e somente se, f for um isomorfismo. Um desenho ou mergulho de um grafo G no Rn ´e um isomorfismo de G em G0

onde G0 ´e um grafo em Rn. Neste caso, os v´ertices s˜ao pontos e as arestas s˜ao curvas ligando dois

pontos.

Se V0 ⊆ V e A0 ⊆ A, ent˜ao dizemos que G0(V0, A0) ´e um subgrafo de G(V, A) e denotamos por G0 ⊆ G. Ainda, se G0 ⊆ G e G0 cont´em todas as arestas xy ∈ A, ent˜ao G0 ´e subgrafo induzido de G. Neste ´ultimo caso dizemos que V0 induz ou gera G0 em G e denotamos por G0 = G[V0].

Se G e G0 s˜ao disjuntos, denotamos por G ∗ G0 o grafo obtido de G ∪ G0 unindo todos os v´ertices de G a todos os v´ertices de G0. Isto ´e, as arestas de G ∗ G0 s˜ao as arestas de G, as de G0 e mais estas liga¸c˜oes.

O complemento de um grafo G = (V, A) ´e G = (V, A) onde o conjunto das arestas A = [V ]2\ A, ou seja, s˜ao as arestas xy tal que x, y s˜ao v´ertices de V mas xy n˜ao pertence

a A.

O grau de um v´ertice v ´e o n´umero de arestas em v, ou seja, ´e o n´umero de v´ertices vizinhos de v. Denotamos por d(v) ou dG(v). Um v´ertice de grau zero ´e dito ser isolado.

(11)

O grau m´ınimo de um grafo G ´e dado por δ(G) := min{d(v)|v ∈ V } e o grau m´aximo ´e dado por ∆(G) := max{d(v)|v ∈ V }.

1.3

Principais Tipos de Grafos

Grafos Triviais: um grafo trivial ´e aquele de ordem 0 ou 1.

Grafos Completos: um grafo ´e completo se dados quaisquer dois de seus v´ertices, existe uma aresta que os liga, ou seja, dados quaisquer dois v´ertices, estes s˜ao adjacentes. Se este grafo possui k v´ertices, denotamos por Kk (abaixo temos o K5).

Grafos Bipartidos: um grafo bipartido ´e aquele em que podemos escrever o conjunto de seus v´ertices como uni˜ao disjunta de dois conjuntos A e B e ainda, cada aresta de G liga um v´ertice de A a um v´ertice de B. Se A possui m elementos e B possui n, denotamos este grafo bipartido por Km,n (temos o Km,n).

Grafos Platˆonicos: estes s˜ao os grafos originados pelos s´olidos regulares de Plat˜ao (tetrae-dro, hexae(tetrae-dro, octae(tetrae-dro, dodecaedro e icosaedro).

(12)

Grafos Regulares: um dado grafo ´e chamado regular se todos os seus v´ertices possuem o mesmo grau. Se este grau for k, dizemos que G ´e um grafo k-regular e k ´e a valˆencia deste grafo. Existem v´arios tipos de grafos regulares e os mais importantes ser˜ao apresentados na se¸c˜ao 1.7.

1.4

Caminhos e Ciclos

Um caminho ´e um grafo n˜ao vazio P (V, A) tal que V = {x0, x1,...,xk} e A = {x0x1, x1x2, ..., xk−1xk}

onde xi 6= xj se i 6= j. O comprimento de um caminho ´e dado pelo n´umero de arestas que

ele possui. Denotamos este caminho de x0 a xk por P = x0x1...xk.

Outras nota¸c˜oes usadas: P xi = x0...xi xiP = xi...xk xiP xj = xi...xj Po= x 1...xk−1 P xo i = x0...xi−1 xo iP = xi+1...xk xo iP xoj = xi+1...xj−1

Dado um caminho P = x0x1...xk−1, com k ≥ 3 e xi 6= xj, chamamos de ciclo o grafo

C = P ∪ xk−1x0 e denotamos por x0x1...xk−1x0.

O comprimento de um ciclo ´e o n´umero de arestas que este possui. O comprimento m´ınimo de ciclos em G ´e chamado ”Girth”e denotado por g(G) e o comprimento m´aximo de ciclos em G ´e sua circunferˆencia. Chamamos de corda a aresta que liga dois v´ertices de um ciclo, mas que n˜ao ´e uma aresta deste ciclo.

A distˆancia dG(x, y) em G de dois v´ertices x e y ´e o comprimento do menor caminho

ligando x e y. Observamos que dG : G × G → R ´e de fato uma m´etrica em G, desde que o

grafo seja conexo, isto ´e: 1) dG(x, y) = dG(y, x)

2) dG(x, y) ≥ 0 e dG(x, y) = 0 ⇔ x = y

3) dG(x, y) + dG(y, z) ≥ dG(x, z)

A maior distˆancia entre dois v´ertices quaisquer ´e o diˆametro de G que ´e denotado por diam(G).

(13)

Proposi¸c˜ao 1.2. [3]: Todo grafo G cont´em um ciclo satisfazendo g(G) ≤ 2 diam(G) + 1

Um v´ertice ´e central em G se a maior distˆancia entre ele e qualquer outro v´ertice ´e a menor poss´ıvel. Esta distˆancia ´e chamada de raio de G e denotado por rad(G).

Proposi¸c˜ao 1.3. [3]: rad(G) ≤ diam(G) ≤ 2 rad(G)

Uma caminhada em um grafo G ´e uma sequˆencia n˜ao vazia v0e0v1e1...ek−1vk alternando

v´ertices e arestas em G tal que, ei = {vi, vi+1}, para todo i < k. Se os v´ertices s˜ao todos

distintos, ent˜ao temos um caminho em G.

1.5

Conexidade

Um grafo n˜ao vazio G = (V, A) ´e dito conexo se quaisquer dois de seus v´ertices puderem ser ligados por um caminho em G. Um subgrafo conexo maximal de G ´e chamado componente conexa de G.

Se B, C ⊆ V e X ⊆ V ∪ A s˜ao tais que todo caminho de B a C em G cont´em um v´ertice (ou uma aresta) de X, n´os dizemos que X separa os conjuntos B e C em G. Mais geralmente, dizemos que X separa G se X separa dois v´ertices de G\X em G. Um v´ertice que separa dois outros v´ertices da mesma componente conexa ´e um v´ertice de corte (cutvertex) e uma aresta separando seus v´ertices finais ´e uma ponte (pontes n˜ao podem pertencer a ciclos). G ´e k-conexo se |G| > k e G − X ´e conexo, ∀X ⊆ V com |X| < k, ou seja, n˜ao existem dois v´ertices de G que s˜ao separados por pelo menos k outros v´ertices. O maior inteiro k tal que G ´e k-conexo ´e a conexidade k(G) de G.

1.6

Arvores e Florestas

´

Floresta ´e um grafo que n˜ao possui nenhum ciclo. Uma floresta conexa ´e uma ´arvore. Os v´ertices de grau 1 em uma ´arvore s˜ao suas folhas.

Teorema 1.4. [3]: As seguintes afirma¸c˜oes s˜ao equivalentes: (i) T ´e uma ´arvore

(ii) Quaisquer dois v´ertices de T s˜ao ligados por um ´unico caminho em T

(iii) T ´e minimalmente conexo, isto ´e, T ´e conexo mas T − e ´e desconexo, para toda aresta e de T.

(iv) T ´e maximalmente ac´ıclico, isto ´e, T n˜ao possui ciclo mas T + xy possui, quaisquer que sejam dois v´ertices n˜ao adjacentes x e y de T.

Corol´ario 1.5. [3]: Um grafo conexo com n v´ertices ´e uma ´arvore se e somente se possui n − 1 arestas.

(14)

`

As vezes ´e conveniente considerar um v´ertice de uma ´arvore como especial. Tal v´ertice ´e chamado de raiz desta ´arvore. Uma ´arvore com uma raiz fixa ´e uma ´arvore enraizada.

Escolhendo uma raiz r em uma ´arvore T , impomos uma ordem parcial em V (T ) dada por: x ≤ y se x est´a entre r e y, ou seja, x ∈ rT y. Esta ´e a ordem da ´arvore em V (T ) associada a T e r.

Uma ´arvore enraizada T contida em um grafo G ´e chamada normal em G se os finais de todos os T -caminhos s˜ao compar´aveis na ordem da ´arvore de T .

Proposi¸c˜ao 1.6. [3]: Todo grafo conexo G cont´em uma ´arvore normal T , com algum v´ertice espec´ıfico como ra´ız e tal que T gera G.

1.7

Grafos regulares especiais

1.7.1

Grafos distˆ

ancia-regular

Defini¸c˜ao 1.7. Um grafo conexo Γ de diˆametro d ´e chamado distˆancia-regular se existem inteiros bi, ci, com 0 ≤ i ≤ d, tal que para quaisquer dois v´ertices γ,δ ∈ Γ com d (γ, δ) = i,

existem precisamente ci vizinhos de δ em Γi−1(γ) = {x ∈ Γ / d(γ, x) = i − 1} e bi vizinhos

de δ em Γi+1(γ) = {y ∈ Γ / d(γ, y) = i + 1}. Em particular, Γ ´e regular de valˆencia k = b0.

Como d ´e a distˆancia m´axima, n˜ao existe bd e como n˜ao podemos ter pontos `a distˆancia

-1, n˜ao existe c0.

A sequˆencia ι(Γ) := {b0, b1, ..., bd−1; c1, c2, ..., cd} ´e chamada de vetor intersec¸c˜ao

(inter-section array) de Γ. Exemplo:

1. Pol´ıgonos

Eles tˆem vetor intersec¸c˜ao {2, 1, ..., 1; 1, ...1, cd}, onde cd= 2 para os 2d−gonos e cd= 1

para os (2d + 1) − gonos. 2. S´olidos de Plat˜ao

Seus v´ertices e arestas formam grafos distˆancias-regulares com vetor intersec¸c˜ao {3; 1} para o tetraedro, {4, 1; 1, 4} para o octaedro, {3, 2, 1; 1, 2, 3} para o cubo, {5, 2, 1; 1, 2, 5} para o icosaedro e {3, 2, 1, 1, 1; 1, 1, 1, 2, 3} para o dodecaedro.

(15)

1.7.2

Grafos aresta regular e aresta co-regular

Consideremos inicialmente, grafos regulares tendo uma ou mais das propriedades abaixo: R1) Quaisquer dois v´ertices adjacentes possuem precisamente λ = λ(Γ) v´ertices vizinhos

comuns.

R2) Quaisquer dois v´ertices cuja distˆancia entre eles ´e 2, possuem precisamente µ = µ(Γ)

v´ertices vizinhos comuns.

R3) Quaisquer dois v´ertices n˜ao adjacentes possuem precisamente µ = µ(Γ) v´ertices

vizinhos comuns.

Um grafo regular com v v´ertices e valˆencia k ´e chamado aresta-regular com parˆametros (v, k, λ) se R1 acontece. Amplamente regular com parˆametros (v, k, λ, µ) se R1 e R2

acon-tecem. Aresta co-regular com parˆametros (v, k, µ) se R3 acontece e fortemente regular com

parˆametros (v, k, λ, µ) se R1 e R3 acontecem.

Observa¸c˜ao 1.8. Vamos agora citar algumas observa¸c˜oes relacionadas `as defini¸c˜oes dadas acima.

1. Todo grafo distˆancia regular ´e amplamente regular (λ = a1, µ = c2) e ´e fortemente

regular se possuir diˆametro no m´aximo 2.

Um grafo satisfazendo R3 (ou apenas R2) com µ = 0 ´e a uni˜ao disjunta de pontos. Se

µ > 0, o grafo ´e conexo e tem diˆametro no m´aximo 2.

2. Para um grafo aresta-regular n˜ao completo temos µ ≤ k. Um grafo aresta co-regular com µ = k ´e um grafo multipartido completo K3×t.

Chamamos um grafo aresta co-regular de n˜ao trivial se ele n˜ao ´e completo e 0 < µ < k.

1.8

Algebra Linear e Grafos

´

Seja o grafo G = (V, A) com V = {v1, ..., vn} e A = {e1, ..., em}. O espa¸co dos v´ertices

ν(G) de G ´e o espa¸co vetorial sobre o corpo de 2 elementos z2 = {0, 1} de todas as fun¸c˜oes

V → z2. Temos que {{v1}, ..., {vn}} ´e base canˆonica de ν(G) e portanto, dim(ν(G)) = n.

Da mesma forma, as fun¸c˜oes A → z2 formam o espa¸co das arestas ε(G) de G, cujos

elementos s˜ao subconjuntos de A. Como anteriormente, temos que {{e1}, ..., {em}} ´e base

canˆonica de ε(G) e ent˜ao dim (ε(G)) = m.

Um conjunto ´e isomorfo ao das fun¸c˜oes de B em 0, 1 se, e somente se, cada subconjunto de arestas est´a identificado com um elemento de ε(G).

Dados F, F0 ∈ ε(G) e seus coeficientes λ1, ..., λme λ

0

1, ..., λ

0

m com respeito a base canˆonica,

(16)

< F, F0 > := λ1λ

0

1+ ... + λmλ

0

m ∈ z2

e note que < F, F0 > = 0 ⇔ F e F0 possuem um n´umero par de arestas em comum. Dado um subespa¸co z de ε(G), temos que:

z := {D ∈ ε(G) / < F, D > = 0, ∀ F ∈ z}

que ´e ainda um subespa¸co de ε(G). Ainda, temos que: dim(z) + dim(z⊥) = m

A matriz incidˆencia B = (bi,j)nxm de um grafo G = (V, A) com V = {v1, ..., vn} e

A = {e1, ..., em} ´e definida sobre z2 por:

bi,j := 1 se vi ∈ ej

bi,j := 0 se vi ∈ e/ j

Sendo Bta transposta de B, temos que B e Btdefinem fun¸c˜oes lineares B : ε(G) → ν(G)

e Bt: ν(G) → ε(G) com respeito `a base canˆonica.

A matriz adjacˆencia A = (ai,j)nxn de G ´e definida por:

ai,j = 1 se vivj ∈ A

ai,j = 0 se vivj ∈ A/

Proposi¸c˜ao 1.9. [3]: Seja D a matriz diagonal D = (di,j)n×n com dii = d(vi) e dij = 0 se

i 6= j. Temos que:

BBt= A + D

1.9

Planaridade

Um grafo ´e planar se pode ser desenhado no plano (mergulho) sem auto-interse¸c˜ao. Uma face num grafo planar ´e um pol´ıgono homeomorfo a um disco cujo contorno ´e dado por uma curva fechada composta por arestas do grafo.

Dizemos que dois grafos s˜ao homeomorfos se ambos podem ser obtidos do mesmo grafo, inserindo novos v´ertices de grau dois.

F´ormula de Euler usando componentes conexas: V − A + F = k + 1, onde k ´e o n´umero de componentes conexas do grafo de V v´ertices, A arestas e F faces.

F´ormula de Euler para grafos planares: seja G um grafo planar com V v´ertices, A arestas e F faces. Temos ent˜ao que V − A + F = 2.

(17)

Teorema 1.10. [6]: Seja F o n´umero de faces de um grafo conexo planar G = (V, A) e m a cardinalidade de A (m > 1). Ent˜ao 3F ≤ 2m.

Mas nem todos os grafos s˜ao planares. Um exemplo ´e o K5 e o K3, 3, pois como podemos ver na figura abaixo, toda representa¸c˜ao deles no plano ter´a uma auto- interse¸c˜ao.

Corol´ario 1.11. Os grafos K3, 3 e K5 n˜ao s˜ao planares.

Demonstra¸c˜ao: Seja n o n´umero de v´ertices de K5 e m seu n´umero de arestas. A F´ormula de Euler nos diz que se K5 fosse planar, ter´ıamos que

F = 2 − n + m = 2 − 5 + 5(5 − 1)/2 = 7

Mas 3 F = 21 e 2 m = 20, contradizendo o teorema anterior. Portanto, K5 n˜ao ´e planar. Para provar que K3, 3 n˜ao ´e planar, observemos que qualquer ciclo de K3, 3 cont´em um n´umero par (maior que 3) de arestas. Se denotarmos por F i o n´umero de faces com exatamente i arestas na fronteira, temos que

F 1 + 2F 2 + 3F 3 + ... ≤ 2m, pois cada aresta ´e contabilizada duas vezes.

Como a fronteira de uma face numa realiza¸c˜ao planar de um grafo ´e constitu´ıda pelos arcos de um ciclo, temos que as faces de uma realiza¸c˜ao planar de K3, 3 (se existisse) teriam pelo menos 4 arcos na fronteira e portanto,

4F = 4F 4 + 4F 6 + ... ≤ 4F 4 + 6F 6+ ≤ 2m.

Mas lembrando que o n´umero de faces de K3, 3 seria 5 caso fosse planar, temos que 20 = 4F ≤ 2m = 18,

(18)

o que ´e uma contradi¸c˜ao. Portanto, K3, 3 n˜ao ´e planar. 2 Pode-se notar que todo grafo que possui um subgrafo n˜ao planar ´e n˜ao planar. Portanto, temos que todo grafo que possui o K5 ou o K3, 3 como subgrafo, ´e n˜ao planar.

Na verdade, existe um resultado mais forte, que ´e o Teorema de Kuratowski que nos possibilita verificar se um grafo ´e ou n˜ao planar exatamente a partir dos dois grafos n˜ao planares que vimos.

Teorema 1.12. [6]: Um grafo ´e planar se, e somente se, n˜ao cont´em subgrafo homeomorfo a K3, 3 ou K5.

Dado um grafo G, definimos o n´umero de cruzamentos de G, denotado por cr(G) como o n´umero m´ınimo de cruzamentos que podem ocorrer quando G ´e desenhado no plano, onde esses cruzamentos s´o podem ocorrer entre duas arestas.

Temos ent˜ao que se G ´e planar, cr(G) = 0 e nos exemplos mostrados anteriormente, cr(K3, 3) = cr(K5) = 1.

1.10

Outras superf´ıcies

At´e agora, vimos grafos desenhados no plano, o que ´e equivalente a serem desenhados na superf´ıcie esf´erica. A partir daqui, consideraremos grafos em outras superf´ıcies como por exemplo, no toro.

Como ´e conhecido, o toro ´e uma superf´ıcie que pode ser vista como uma esfera que possui uma ”al¸ca”, ou seja, topologicamente o toro ´e obtido de uma esfera retirando-se dois discos e colando-se um cilindro nestes bordos. Ao repetirmos esta opera¸c˜ao g vezes, obtemos a superf´ıcie (uma esfera com g al¸cas) que ´e conhecida como g-toro. Um teorema central de topologia das variedades bi-dimensionais ´e o que classifica as superf´ıcies orient´aveis compactas.

Teorema 1.13. [10]: Toda superf´ıcie orient´avel compacta ´e homeomorfa a um g-toro. O gˆenero(genus) de uma superf´ıcie compacta orient´avel ´e g se ela for topologicamente homeomorfa `a esfera com g ”al¸cas”(g-toro).

(19)

Portanto, o toro possui gˆenero 1 e a esfera, gˆenero 0. Uma superf´ıcie de gˆenero g (g-toro) pode ser construida a partir de uma identifica¸c˜ao dos bordos de um pol´ıgono de 4g lados.

Um resultado central sobre a topologia dos grafos ´e o que se segue:

Teorema 1.14. [10]: Todo grafo pode ser mergulhado sem auto-interse¸c˜ao sobre uma su-perf´ıcie de gˆenero g.

Um grafo possui gˆenero g se pode ser mergulhado sem auto-interse¸c˜ao em uma superf´ıcie de gˆenero g, mas n˜ao em uma superf´ıcie de gˆenero g − 1, isto ´e, gˆenero de um grafo ´e o gˆenero da superf´ıcie mais simples na qual o grafo pode ser mergulhado sem auto-interse¸c˜ao.

Em geral, existe grande dificuldade em descobrirmos o gˆenero de um dado grafo:

g = 1 ⇒ 4g = 4 ⇒ o espa¸co de identifica¸c˜ao ´e um pol´ıgono de 4 lados com a borda identificada.

g = 2 ⇒ 4g = 8 ⇒ o espa¸co de identifica¸c˜ao ´e um pol´ıgono de 8 lados com a borda identificada.

O gˆenero de um grafo mede sua complexidade, uma vez que seu gˆenero aumenta conforme aumentamos sua complexidade. Grafos planares podem ser colocados numa esfera e se voltarmos novamente aos exemplos K3, 3 e K5, veremos que ambos podem ser desenhados no toro sem auto-interse¸c˜ao e tˆem portanto gˆenero 1.

(20)

Para se ter uma id´eia do grau de dificuldade que podemos encontrar, observe o grafo abaixo o qual produz certa dificuldade para se descobrir em qual superf´ıcie ele pode ser mergulhado sem auto interse¸c˜ao e logo a seguir, vemos que este grafo possui gˆenero 2.

Existem alguns resultados que podem nos ajudar a encontrar o gˆenero de um dado grafo e um deles, que na verdade n˜ao fornece o n´umero exato mas sim um limitante ´e o que segue: Teorema 1.15. [6]: O gˆenero de um grafo G n˜ao ultrapassa seu n´umero de cruzamentos, isto ´e, g ≤ cr(G).

Teorema 1.16. [6]: Para grafos de gˆenero g, temos que V − A + F = 2 − 2g.

Seja Λ um grafo e V o n´umero de v´ertices de Λ. Temos que se V ≥ 3, o gˆenero g de Λ satisfaz a seguinte desigualdade:

g ≤ (V − 3) (V − 4) 12

Teorema 1.17. [6]: Seja Λ um grafo conexo, V seu n´umero de v´ertices e A seu n´umero de arestas. Temos ent˜ao que se V ≥ 3, ent˜ao

1 6A − 1 2(V − 2) ≤ g ≤ (V − 3) (V − 4) 12

(21)

1.11

Grafos Eulerianos

Concluimos este cap´ıtulo voltando ao problema que motivou a Teoria de Grafos, o Prob-lema das Pontes de K¨onigsberg. Um grafo conexo G ´e euleriano se existe uma trajet´oria fechada contendo todas as arestas de G. Note que cada aresta deve ser atravessada uma ´unica vez. Um grafo n˜ao euleriano g ´e semi-euleriano se existe uma trajet´oria contendo todas as arestas de G.

Teorema 1.18. [3]: Se G ´e um grafo em que cada um de seus v´ertices possui grau no m´ınimo 2, ent˜ao G cont´em um ciclo.

Incluimos a demonstra¸c˜ao do teorema a seguir que ´e o que resolve o problema que deu origem `a teoria de grafos.

Teorema 1.19. [3]: Um grafo conexo G ´e euleriano se, e somente se, o grau de cada um dos v´ertices de G ´e par.

Demonstra¸c˜ao: ⇒)Suponha que P ´e uma trajet´oria euleriana de G. Cada vez que P passa por um v´ertice de G, contribui com dois graus neste v´ertice e como cada aresta ´e percorrida uma ´unica vez por P , cada v´ertice tem que ter grau par.

⇐)A prova ´e por indu¸c˜ao no n´umero de arestas de G.

Suponha que o grau de cada v´ertice ´e par. Desde que G ´e conexo, cada v´ertice tem grau no m´ınimo 2 e ent˜ao, pelo teorema anterior, G cont´em um ciclo C.

Se C cont´em todas as arestas de G, a prova est´a completa.

Caso contr´ario, removemos de G as arestas de C obtendo um novo grafo H possivelmente desconexo com menos arestas que G e cada v´ertice dever´a ter grau par. Pela hip´otese de indu¸c˜ao, cada componente de H possui no m´ınimo um v´ertice em comum com C, por conexidade, obtemos a trajet´oria euleriana de G e consequentemente, um v´ertice n˜ao isolado ´e alcan¸cado por arestas de C, tra¸cando a trajet´oria euleriana de um componente de H que cont´em este v´ertice, percorrendo as arestas de C at´e alcan¸carmos um v´ertice pertencente a outra componente de H.

Este processo termina quando retornarmos para o v´ertice inicial. 2 Para solucionar o problema das ponte de K¨onigsberg, Euler modelou-o como um grafo, identificando cada ponte com uma aresta e cada ilha e margem com um v´ertice. Da´ı, o problema ficou reduzido a verificar se seria poss´ıvel encontrar uma trajet´oria sobre o grafo, que percorresse todas as arestas e v´ertices uma ´unica vez, ou seja, verificar se este grafo ´e euleriano .

O problema das pontes de K¨onigsberg ´e bem conhecido e se observarmos o teorema anterior, podemos ver que como nenhum v´ertice possui grau par, este grafo n˜ao ´e euleriano. Podemos ent˜ao concluir que ´e imposs´ıvel realizar tal passeio.

(22)

Cap´ıtulo 2

odigos Corretores de Erros

Neste cap´ıtulo, estaremos interessados em introduzir a teoria sobre c´odigos corretores de erros, dando maior ˆenfase aos c´odigos lineares e aos c´odigos perfeitos. Para isso, a principal bibliografia ser´a [1] e [8].

A teoria dos c´odigos corretores de erros foi fundada pelo matem´atico C. E. Shannon, em 1948. Inicialmente, os maiores interessados em Teoria dos C´odigos foram os matem´aticos que a desenvolveram consideravelmente nas d´ecadas de 50 e 60. A partir da d´ecada de 70, com as pesquisas espaciais e a grande populariza¸c˜ao dos computadores, essa teoria come¸cou a interessar tamb´em aos engenheiros. Hoje em dia, os c´odigos corretores de erros s˜ao utilizados sempre que se deseja transmitir ou armazenar dados, garantindo a sua confiabilidade.

2.1

Exemplos

1. Seja A o conjunto formado pelas 23 letras do alfabeto da l´ıngua portuguesa, pelo espa¸co em branco, ¸c e pelas vogais acentuadas. Este conjunto ser´a chamado alfabeto e cada palavra ´e um elemento de A27 onde 27 ´e o comprimento da palavra

inconsti-tucionalissimamente, que ´e a mais longa de nosso vocabul´ario. Denotamos por P a l´ıngua portuguesa, como subconjunto pr´oprio de A27.

Este c´odigo ´e capaz de detectar e corrigir erros pois se produzirmos a palavra cathorro, como n˜ao pertence a P , sabe-se que ocorreu um erro e ent˜ao corrige-se pela palavra mais pr´oxima (cachorro). Podemos observar ainda que n˜ao ´e muito eficiente pois existem palavras muito pr´oximas em P , como por exemplo, rato, pato, gato e galo, dificultando detectar um erro.

2. C´odigos com d´ıgitos verificadores (d´ıgitos de controle). Exemplos destes c´odigos s˜ao os usados em contas banc´arias e CPF. Se ´e dado um CPF x1x2...x10x11, os

(23)

dependˆencia com os nove primeiros n´umeros. Esta dependˆencia ´e dada pelas seguintes f´ormulas: x10= ÃÃ 9 X i=1 i · xi ! mod 11 ! mod 10 x11= ÃÃ 10 X i=2 (i − 1) · xi ! mod 11 ! mod 10

Esses d´ıgitos servem para testar a autenticidade do CPF fornecido.

2.2

etrica de Hamming e M´

etrica de Lee

Sejam u = (u1, ..., un), v = (v1, ..., vn) ∈ An. A distˆancia de Hamming de u e v ´e o

n´umero de coordenadas em que u e v diferem, ou seja,

dh(u, v) = | {i / ui 6= vi , 1 ≤ i ≤ n} | Propriedades: 1) dh(u, v) ≥ 0 2) dh(u, v) = 0 ⇔ u = v 3) dh(u, v) = dh(v, u) 4) dh(u, v) ≤ dh(u, w) + dh(w, v)

Por (1),(2),(3) e (4), temos que dh ´e m´etrica. Podemos ent˜ao cham´a-la de M´etrica de

Hamming.

Sejam a, b ∈ Zn

q, onde a = (a1, ..., an) e b = (b1, ..., bn). A m´etrica de Lee ´e definida sobre

Zn q da seguinte forma: dL(a, b) = n X i=1 min{|ai− bi|, |q − (ai− bi)|}

Chamamos de Espa¸co de Lee o espa¸co sobre o Zn

q com a m´etrica de Lee, ou seja (Znq, dL).

Sejam a ∈ An e t ∈ R. O disco D(a, t) de centro a e raio t e a esfera S(a, t) de mesmo

centro e mesmo raio s˜ao dados por:

D(a, t) = {u ∈ An / d(u, a) ≤ t}

(24)

E temos ainda que: |D(c, r)| = r X i=0 ³n i ´ (q − 1)i |S(a, i)| = ³n i ´ (q − 1)i

Dado um c´odigo C, para u, v ∈ C temos que a distˆancia m´ınima d de C ´e dada por d = min{ dh(u, v) /u 6= v}. Temos ainda que o n´umero de palavras de um c´odigo ser´a

denotado por M e k definido da seguinte forma k =¥d−1

2

¦

. Os parˆametros n, M e d s˜ao os parˆametros fundamentais de um c´odigo e ser˜ao denotados por [n, M, d].

Corol´ario 2.1. [1]: Seja C um c´odigo com distˆancia m´ınima d e c, c0 ∈ C com c 6= c0. Portanto, se D(c, k) ∩ D(c0, k) = ∅, C corrige k erros e detecta d − 1 erros.

Dado um c´odigo C com distˆancia m´ınima d e corrigindo k erros, ele ser´a um c´odigo perfeito se ∪c∈CD(c, k) = An.

Uma fun¸c˜ao F : An→ An ´e uma isometria se d

h(F (x), F (y)) = dh(x, y) com x, y ∈ An.

Propriedades:

1) Toda isometria de An ´e bije¸c˜ao;

2) A fun¸c˜ao identidade de An ´e uma isometria;

3) Se F ´e isometria, ent˜ao F−1 tamb´em o ´e;

4) Se F e G s˜ao duas isometrias, ent˜ao temos que F o G tamb´em ´e isometria.

Dados dois c´odigos C, C0 ∈ An. Dizemos que estes c´odigos s˜ao equivalentes se existir

isometria F de An tal que F (C) = C0

. Neste caso, denotaremos por C ≈ C0. Propriedades:

1) C ≈ C;

2) C ≈ C0 ⇒ C0 ≈ C;

3) Se C ≈ C0 e C0 ≈ C00 ⇒ C ≈ C00.

Temos ent˜ao que ≈ ´e uma rela¸c˜ao de equivalˆencia.

Proposi¸c˜ao 2.2. [1]: Se C ≈ C0, ent˜ao os dois c´odigos possuem os mesmos parˆametros. Teorema 2.3. [1]: Seja F : An → An uma isometria. Ent˜ao existem permuta¸c˜oes Π de

{1, ..., n} e bije¸c˜oes fi com i = 1, ..., n tais que F = TΠoTf11o...oT

n

fn onde T

i

f(a1, ..., an) =

(25)

Corol´ario 2.4. [1]: C ≈ C0 se, e somente se, existem permuta¸c˜oes Π de {1, ..., n} e bije¸c˜oes fi com i = 1, ..., n tais que C

0

= {(fΠ(1)(xΠ(1)), ..., fΠ(n)(xΠ(n))) /(x1, ..., xn) ∈ C}.

Sejam C e C0 c´odigos sobre A de comprimento n cujos elementos s˜ao letras. Ent˜ao temos que C ≈ C0 se e somente se um pode ser obtido do outro atrav´es de:

(i) substitui¸c˜ao das letras numa dada posi¸c˜ao fixa em todas as palavras do c´odigo por bije¸c˜ao de A;

(ii) permuta¸c˜ao das posi¸c˜oes das letras em todas as palavras, mediante permuta¸c˜ao fixa de {1, ..., n}.

2.3

An´

eis e corpos

O conjunto A munido de duas opera¸c˜oes (+ e .) ´e chamado de anel se: (i) ∀a, b, c ∈ A, (a + b) + c = a + (b + c)

(ii) ∃ 0 ∈ A tal que a + 0 = 0 + a = a, ∀a ∈ A. Este elemento ´e chamado neutro de (+). (iii) ∀ a ∈ A, ∃ (−a) ∈ A tal que a + (−a) = 0

(iv) ∀ a, b ∈ A, a + b = b + a (v) ∀ a, b, c ∈ A, (ab)c = a(bc)

(vi)∀ a ∈ A, ∃ 1 ∈ A tal que a1 = 1a = a. Este elemento ´e o neutro da opera¸c˜ao (.) (vii) ∀ a, b ∈ A, ab = ba

(viii)∀ a, b, c ∈ A, a(b + c) = ab + ac Propriedades:

1) a · 0 = 0, ∀a ∈ A

2) Os elementos neutros das duas opera¸c˜oes s˜ao ´unicos.

O anel A ser´a um dom´ınio de integridade se ∀ a, b ∈ A, com a 6= 0 e b 6= 0, temos que ab 6= 0, isto ´e, se ab = 0 ent˜ao a = 0 ou b = 0. Seja A um dom´ınio de integridade, temos que A ser´a um corpo se ∀ a ∈ A, a 6= 0, ∃ b ∈ A tal que ab = ba = 1. Todo elemento a com esta propriedade ´e dito ser invert´ıvel.

Teorema 2.5. [1]: Se A ´e corpo, ent˜ao ´e dom´ınio de integridade.

Lei do Cancelamento: Seja A um dom´ınio de integridade e c 6= 0. Ent˜ao temos que ac = bc ⇒ a = b.

(26)

Dado um dom´ınio de integridade A, denotamos o corpo de fra¸c˜oes de A por Q(A) e o definimos da seguinte forma:

Q(A) =na

b com a, b ∈ A e b 6= 0 o

onde a

b dc ⇔ ad = bc

Potencia¸c˜ao: Sejam A um anel, a, b ∈ A e m, n ∈ Z. Temos ent˜ao as seguintes pro-priedades:

1) na = −(−n)a = (−n)(−a) = −n(−a) 2) na = (n1)a

3) n(ma) = (nm)a 4) n(a ± b) = na ± nb 5)(n ± m)a = na ± ma

Para a ∈ A e m, n ∈ N ∪ {0}, temos que: 6) (am)n= amn

7) (ab)n = anbn

8) an+m = anam

Teorema 2.6. [1]: Seja A um corpo e M uma matriz cujos elementos pertencem a A. O conjunto de matrizes deste tipo ser˜ao denotadas por MA. Temos ent˜ao que M ´e invert´ıvel

se, e somente se, det(M) 6= 0. Matriz de Vandermond

Seja A um anel e a1, ..., an ∈ A. A Matriz de Vandermond V (a1, ..., an) ´e uma matriz

n × n e ser´a dada por:

V (a1, ..., an) =      1 a1 a21 . an−11 1 a2 a22 . an−12 . . . . . 1 an a2n . an−1n      Propriedades:

1) det(V (a1, ..., an)) = Πn−1i=1 Πn−1i=j+1(ai− aj) = Πi>j(ai− aj)

2) Se A for um dom´ınio de integridade, ent˜ao det(V (a1, ..., an)) 6= 0 ⇔ ai 6= aj, i 6= j.

Seja A um anel e a, b ∈ A. Temos que a divide b se ∃ c ∈ A tal que b = ac. Neste caso, escrevemos a|b.

(27)

Propriedades: Seja A um anel e a, b, c, u, λ, µ ∈ A, onde u ´e invert´ıvel.

1) u|a 2) a|0 3) a|a

4) Se a|u, ent˜ao a ´e invert´ıvel 5) Se a|b e b|c, ent˜ao a|c

6) Se a|b e a|c, ent˜ao a|(λb + µc)

Seja A um anel e a, b ∈ A. Dizemos que a e b s˜ao associados se existe elemento invert´ıvel u ∈ A tal que a = ub. Isso ser´a denotado por a ∼ b.

Propriedades:

1) a ∼ a

2) a ∼ b ⇒ b ∼ a

3) Se a ∼ b e b ∼ c, ent˜ao a ∼ c

Portanto, ∼ ´e uma rela¸c˜ao de equivalˆencia. 4) u ∼ 1 ⇔ u invert´ıvel

5) a ∼ b ⇒ a|b e b|a

6) a|b ⇔ ∀ c ∼ a, ∀ d ∼ b, temos que c|d ⇔ ∃ c0 ∼ a e d0 ∼ b, temos que c0|d0 7) Se A for um dom´ınio de integridade, a|b e b|a, ent˜ao a ∼ b

Seja A um anel e a ∈ A um elemento n˜ao invert´ıvel. Dizemos que a ´e irredut´ıvel se os ´unicos divisores de a s˜ao seus associados e os invert´ıveis de A. Dado um anel A e a ∈ A\{0} com a n˜ao invert´ıvel, dizemos que a ´e primo se ∀ b, c ∈ A tal que a|bc ent˜ao a|b ou a|c. Teorema 2.7. [1]: Seja A um dom´ınio de integridade e a ∈ A. Se a ´e primo, ent˜ao a ´e irredut´ıvel (a rec´ıproca n˜ao ´e verdadeira).

Sejam A um dom´ınio de integridade, a, b ∈ A n˜ao simultaneamente nulos e d ∈ A. Dizemos que d ´e o m´aximo divisor comum (mdc) de a e b se:

1) d|a 2) d|b

3) ∀c ∈ A, tal que c|a e c|b, ent˜ao c|d Nota¸c˜ao: d = mdc(a, b)

(28)

Propriedades:

1) Se a0 ∼ a e b0 ∼ b, ent˜ao mdc(a, b) = mdc(a0, b0) 2) Se d = mdc(a, b), ent˜ao ∀ d0 ∼ d, d0 = mdc(a, b) 3) Se a = 0 e b 6= 0 ou a = b, ent˜ao mdc(a, b) ∼ b

Seja A um anel e a, b ∈ A. Dizemos que a e b s˜ao primos entre si se os ´unicos divisores comuns de a e b s˜ao os invert´ıveis de A.

Dado o anel A e a, b, m ∈ A, temos que m ser´a o m´ınimo m´ultiplo comum (mmc) de a e b se:

1) a|m 2) b|m

3) ∀ c ∈ A, tal que a|c e b|c, ent˜ao m|c Nota¸c˜ao: d = mmc(a, b)

Seja A um anel e a, b, m ∈ A. Temos que a ´e congruente a b m´odulo m se m|(a − b). Denotaremos por a ≡ b mod m.

Propriedades:

1) a ≡ a mod m

2) Se a ≡ b mod m, ent˜ao b ≡ a mod m

3) Se a ≡ b mod m e b ≡ c mod m, ent˜ao a ≡ c mod m

4) Se a ≡ a0 mod m e b ≡ b0 mod m, ent˜ao a + b ≡ a0 + b0 mod m e ab ≡ a0b0 mod m Portanto, ≡ ´e uma rela¸c˜ao de equivalˆencia.

Seja A um anel e a, m ∈ A. A classe residual de a m´odulo m ser´a dada por: [a] = {x ∈ A / x ≡ a mod m} = {a + mλ / λ ∈ A}

Dizemos que a ´e o representante de [a]. Ainda temos que mA = {mλ / λ ∈ A}, ou seja, [a] = a + mA. Denotaremos o conjunto de todas as classes residuais em A m´odulo m por Am.

(29)

1) [a] = [b] ⇔ m|(a − b), isto ´e, (a − b) ∈ mA 2) [a] ∩ [b] 6= ∅ ⇔ [a] = [b]

3) A = ∪a∈A[a]

4) Se A for um dom´ınio de integridade, ent˜ao existe bije¸c˜ao entre [a] e mA. 5) [a] + [b] = [a + b]

6) [a][b] = [ab]

Teorema 2.8. [1]: O conjunto Am munido das opera¸c˜oes (+) e (.) ´e um anel com elementos

neutros 0 e 1 respectivamente.

2.4

Os Inteiros

Estudaremos agora o conjunto Z dos n´umeros inteiros. Para este conjunto, temos que os ´unicos elementos invert´ıveis s˜ao ±1 e ainda, que ´e um dom´ınio de integridade. Os associados de a ∈ A s˜ao ±a.

Dado um anel A, temos que A ser´a um anel ordenado se tiver uma rela¸c˜ao de ordem satisfazendo as seguintes propriedades:

1) ∀ a ∈ A, a ≤ a 2) ∀ a, b, c ∈ A, se a ≤ b e b ≤ c, ent˜ao a ≤ c 3) Se a ≤ b e b ≤ a, ent˜ao a = b 4) ∀ a, b ∈ Z, a ≤ b ou b ≤ a 5) Se a ≤ b, ent˜ao a + c ≤ b + c, ∀ a, b, c ∈ Z 6) Se a ≤ b e 0 ≤ c, ent˜ao ac ≤ bc

2.5

odigos Lineares

2.5.1

Defini¸c˜

oes iniciais

Seja K um corpo finito com q elementos, o qual tomaremos como nosso alfabeto. Se C ⊂ Kn ´e um c´odigo, dizemos que C ´e um c´odigo linear se for subespa¸co vetorial de Kn.

Chamaremos ent˜ao de k a dimens˜ao de C sobre K e tomaremos como base de C o conjunto β = {v1, ..., vk}.

Para cada x ∈ Kn, definimos o peso de x como sendo w(x) := | {i / x

i 6= 0} | = d(x, 0).

(30)

O peso de C coincide com a distˆancia m´ınima do c´odigo pois ∀ x, y ∈ C com x 6= y tem-se z = x − y ∈ C\{0} e d(x, y) = w(z). Portanto, em termos de c´alculo, ´e bem mais f´acil achar a distˆancia m´ınima de um c´odigo pois basta fazer M − 1 c´alculos, onde M ´e o n´umero de elementos do c´odigo linear.

Dado um c´odigo linear, ele pode ser representado de duas formas, como imagem e como n´ucleo de uma transforma¸c˜ao linear.

1. Im(T ) = C, k ≤ n

T : Kk→ Kn

(x1, ..., xk) 7→ x1v1 + ... + xkvk

Temos que esta transforma¸c˜ao ´e linear e injetora pois:

ker(T ) = {(x1, ..., xk) ∈ Kk/T (x1, ..., xk) = 0} = {(x1, ..., xk) ∈ Kk/x1v1+...+xkvk = 0}

mas como v1, ..., vk s˜ao LI, temos ent˜ao que

x1 = ... = xk = 0

ou seja,

ker(T ) = 0.

Como Im(T ) = C, temos que dado um c´odigo linear, podemos represent´a-lo como imagem de uma transforma¸c˜ao linear injetora. Inversamente, temos que para cada transforma¸c˜ao linear injetora, a imagem define um c´odigo linear.

2. ker(H) = C

Outra forma de se representar um c´odigo linear ´e atrav´es do n´ucleo de uma trans-forma¸c˜ao. Seja C0 o subespa¸co de dimens˜ao n-k de Kn que ´e complementar de C, isto

´e, C ⊕ C0 = Kn. Defina ent˜ao a seguinte transforma¸c˜ao:

H : C ⊕ C0 → Kn−ku ⊕ v 7→ v

(31)

2.5.2

Matriz Geradora

A matriz geradora de C associada `a base ordenada β = {v1, ..., vk} ser´a dada por

G =    v1 ... vk   

Se tomarmos a transforma¸c˜ao T : Kk → Kn com T (x) = xG, temos que Im(T ) = C e

portanto, podemos considerar Kk como sendo o c´odigo da fonte, C o c´odigo de canal e T

uma codifica¸c˜ao. Exemplo: K = z2 e T : z32 → z52 com T (x) = xG. G =    1 0 1 0 1 1 1 0 1 0 1 1 1 1 1   

Se quisermos codificar a palavra 101, basta aplicar T a x e teremos T (x) = (101)G = (01010).

Agora, se quisermos decodificar a palavra 10101, ter´ıamos que encontrar a palavra x tal que T (x) = (10101) cuja solu¸c˜ao ´e (100). Mas encontrar esta solu¸c˜ao pode n˜ao ser t˜ao f´acil. 2 Sabemos que uma base de um espa¸co vetorial pode ser obtida de outra atrav´es de opera¸c˜oes do tipo:

- permuta¸c˜ao de dois elementos da base;

- multiplica¸c˜ao de um elemento da base por um escalar n˜ao nulo;

- substitui¸c˜ao de um vetor da base por ele mesmo somado com um m´ultiplo escalar de outro vetor da base;

Temos ent˜ao que uma matriz geradora de um c´odigo pode ser obtida de outra atrav´es de:

- permuta¸c˜ao de duas linhas;

- multiplica¸c˜ao de uma das linhas por um escalar n˜ao nulo; - adi¸c˜ao de um m´ultiplo escalar de uma linha a outra;

No exemplo anterior, note que se efetuarmos as opera¸c˜oes acima `a matriz G, obteremos uma matriz G0 =    1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 1 0 1   

(32)

xG0 = (x1x2x3x2x3)

onde x = (x1x2x3), que nos fornece de forma direta a palavra decodificada.

Diremos que a matriz geradora G de um c´odigo linear C est´a na forma padr˜ao se G = (Idk|A) onde A ´e uma matriz k × (n − k).

2.5.3

odigos Duais

Sejam u = (u1, ..., un) e v = (v1, ..., vn) elementos de Kn, o produto interno de u e v ´e

dado por hu, vi = u1v1+ ... + unvn.

Propriedades: 1. hu, vi = hv, ui

2. hu + λw, vi = hu, vi + λhw, vi

Seja C ⊂ Kn um c´odigo linear. Chamamos de c´odigo dual de C o conjunto C = {v ∈

Kn / hv, ui = 0, ∀ u ∈ C}.

Temos que C⊥ ´e um subespa¸co vetorial de Kn e portanto, um c´odigo linear.

Teorema 2.9. [1]: x ∈ C⊥ ⇔ Gxt= 0

Demonstra¸c˜ao: x ∈ C⊥ ⇔ ∀ y ∈ C, hx, yi = 0 ⇔ x ´e ortogonal a todos os elementos da

base β ⇔ Gxt= 0 2

Teorema 2.10. [1]: Se G est´a na forma padr˜ao, dim C⊥ = n − k e H = (−At | Id n−k) ´e

matriz geradora de C⊥.

Demonstra¸c˜ao: (i) x ∈ C⊥ ⇔ Gxt= 0 ⇔ (Id

k | A)xt = 0 ⇔    x1 . xn    + A    xk+1 . xn    = 0 ⇔    x1 . xn    = −A    xk+1 . xn    .

Temos ent˜ao que |C⊥| = qn−k e como |C| = qdimKC⊥, dim

KC⊥ = n − k.

(ii) As linhas de H s˜ao LI por causa do bloco Idn−k e, portanto, geram um subespa¸co

(33)

o espa¸co gerado pelas linhas de H est´a contido em C⊥ e como esses dois subespa¸cos tˆem a

mesma dimens˜ao, eles coincidem. portanto, H ´e matriz geradora de C⊥. 2

Teorema 2.11. [1]: v ∈ C ⇔ Hvt = 0

De fato, v ∈ C ⇔ v ∈ (C⊥)⇔ Hvt = 0.

Esta matriz H ´e chamada matriz teste de paridade de C e o vetor Hvt ´e chamado de

s´ındrome de v, para v ∈ Kn.

A matriz H tamb´em ´e utilizada para obtermos um parˆametro para o peso de C da seguinte forma:

Observa¸c˜ao 2.12. 1. w(C) ≥ s se, e somente se, quaisquer s − 1 colunas de H s˜ao LI. 2. w(C) = s se, e somente se, quaisquer s − 1 colunas de H s˜ao LI e ainda, existem s

colunas de H que s˜ao LD.

Exemplo: Seja C um c´odigo sobre F2 cuja matriz geradora ´e dada por

G =    1 0 0 1 1 1 0 1 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0   

que est´a na forma padr˜ao, o que possibilita encontrarmos facilmente a matriz teste de paridade H = (At|Id n−k) =    1 0 0 1 0 0 1 1 1 0 1 0 1 1 0 0 0 1   

Temos ent˜ao que dados os vetores (100111) e (010101), para sabermos se pertencem ou n˜ao ao c´odigo C, basta multiplicarmos pela matriz H, ou seja, H(100111)t = (000) e

H(010101)t = (110) e temos ent˜ao que (100111) pertence a C mas (010101) n˜ao. 2

Cota de Singleton: Seja C um c´odigo linear com distˆancia m´ınima d e k =¥d−1

2

¦

. Temos a seguinte desigualdade:

d ≤ n − k + 1

(34)

2.5.4

Exemplos de C´

odigos Lineares

Incluimos aqui exemplos de c´odigos lineares sobre z2 = Z2 bastante conhecidos e

utiliza-dos em aplica¸c˜oes.

1. C ´ODIGO DE HAMMING:

Um c´odigo de Hamming C de ordem m e dimens˜ao k sobre z2 = {0, 1} ´e um c´odigo

com matriz teste de paridade Hm de ordem m × n cujas colunas s˜ao os elementos de

Fm

2 \{0}.

Para m = 3, temos que uma matriz teste de paridade ´e dada por

H3 =    1 0 1 1 1 0 0 1 1 0 1 0 1 0 0 1 1 1 0 0 1 .    Como zm

2 possui 2m elementos, temos que n = 2m−1 uma vez que estamos retirando

o elemento (0, ..., 0).

dim C⊥ = n − k = m ⇒ k = n − m ⇒ k = 2m−1 − m

Temos ainda que em zm

2 dois elementos s˜ao sempre LI e que conseguimos facilmente

trˆes elementos LD, isto ´e, duas colunas de H s˜ao sempre LI e existem trˆes colunas LD e da´ı, d = 3

Teorema 2.13. [1]: Todo c´odigo de Hamming ´e perfeito.

Demonstra¸c˜ao: Seja ~ = [(d − 1)/2] = 1 a capacidade de corre¸c˜ao de C. Dado c ∈ Fn

2, temos que |D(c, 1)| = 1 + n! / (1!(n − 1)!) = 1 + n.

Portanto, | ∪c∈C D(c, 1)| = [1 + n]2k = [1 + 2m − 1]2n−m = 2n e, consequentemente,

∪c∈CD(c, 1) = F2n. 2

Observa¸c˜ao 2.14. Temos que o c´odigo de Hamming C ´e MDS ⇔ m = 2 pois temos que: C ´e MDS ⇔ d = n − k + 1 ⇔ 3 = (2m− 1) − 1 + 1 ⇔ 4 = 2m ⇔ m = 2.

2. C ´ODIGO DE REED-SOLOMON

O c´odigo de Reed-Solomon ´e obtido atrav´es da imagem da transforma¸c˜ao linear inje-tora:

(35)

T : K[X]k−1 → Kn

P 7→ (P (α1), ..., P (αn))

onde K[X]k−1 = {P ∈ K[X] | gr(P ) ≤ k − 1} ∪ {0}, n ∈ N, n ≥ k e α1, ..., αn∈ K.

T ser injetora se deve ao fato de que kerT = {P ∈ K[X]k−1 / P (α1) = ... = P (αn) =

0}. Supondo por absurdo que kerT 6= {0}, isto ´e, ∃ P ∈ K[X]k−1, P 6= {0} e tal que

P (α1) = ... = P (αn) = 0 ⇒ P possui n ra´ızes distintas ⇒ P tem grau n ≥ k, o que ´e

uma contradi¸c˜ao.

Uma possibilidade para a matriz geradora G ´e dada por:

G =      T (1) T (X) . T (Xk−1)     =         1 1 . 1 α1 α2 . αn α2 1 α22 . α2n . . . . αk−1 1 αk−12 . αk−1n         k×n

Teorema 2.15. [1]: Para os parˆametros de um c´odigo de Reed-Solomon, temos que d = n − k + 1, ou seja, ´e MDS.

Demonstra¸c˜ao: Pela Cota de Singleton, temos que d ≤ n − k + 1. Temos ent˜ao que mostrar que d ≥ n − k + 1. Assim, c ∈ C, c 6= {0} ⇒ ∃ P ∈ K[X]k−1 / T (P ) = c (2.1) ⇒ ∃ P ∈ K[X]k−1 / (P (α1) = ... = P (αn)) = c (2.2) ⇒ w(c) = | {i ∈ {1, ..., n} : P (αi) 6= 0} | = n − | {i ∈ {1, ..., n} : P (αi) = 0} | ≥ (2.3) n − gr(P ) ≥ n − (k − 1) = n − k + 1 (2.4) ⇒ d ≥ n − k + 1 (2.5) Portanto, d = n − k + 1. 2 Exemplo: Considere K = F7, k = 4, n = 6, α1 = 30 = 1, α2 = 31 = 3, α3 = 32 = 2, α4 = 33 = 6, α5 = 34 = 4 e α6 = 35 = 5.

(36)

Portanto, o c´odigo de Reed Solomon correspondente tem d = n − k + 1 = 3 e possui matriz geradora G =      1 1 1 1 1 1 30 31 32 33 34 35 30 32 34 36 38 310 30 33 36 39 312 315     =      1 1 1 1 1 1 1 3 2 6 4 5 1 2 4 1 2 4 1 6 1 6 1 6      2

3. C ´ODIGO DE REED-MULLER DE 1a ORDEM

O c´odigo de Reed-Muller de 1a ordem ser´a denotado por R(1, m) e ´e definido como

sendo o c´odigo gerado pela matriz

G = Ã 1 1 Hm 0 ! (m+1)×2m

onde Hm ´e a matriz teste de paridade de um c´odigo de Hamming.

Como a matriz geradora possui m + 1 linhas LI, temos que k = m + 1 e pelo n´umero de colunas de G, n = 2m.

Teorema 2.16. [1]: Para um c´odigo de Reed-Muller C, temos que d = 2m−1.

Demonstra¸c˜ao: (i) Seja u ∈ C tal que u = 1...1. Temos ent˜ao que w(u) = n = 2m.

(ii) Seja c ∈ C, c = vi1+ ... + vir tal que vij s˜ao vetores linhas de G. Suponhamos ent˜ao

que nenhum desses vetores ´e igual a u.

Considere a matriz B =    vi1 . vir  

 que possui 2r colunas distintas correspondentes aos vetores de Fr

2, cada uma repetida 2m−r vezes. Portanto, a matriz possui metade das

colunas de peso par e metade de peso ´ımpar ⇒ c possui metade de suas coordenadas iguais a 1 e metade igual a 0 ⇒ w(c) = 2m / 2 = 2m−1.

Por (i) e (ii), temos que os elementos de C possuem peso igual a 2m ou igual a 2m−1 e

portanto, d = 2m−1. 2

O c´odigo utilizado na nave Mariner 9 corresponde ao caso m = 5, ou seja, R(1, 5) cujos parˆametros s˜ao (32, 6, 16).

(37)

2.6

Decodifica¸c˜

ao

Para obtermos um algoritmo de decodifica¸c˜ao para um c´odigo linear C com matriz teste de paridade H, temos primeiramente que definir um vetor erro e como sendo e = r − c, onde r ´e o vetor recebido e c o vetor transmitido.

Temos ent˜ao que w(e) = d(r, c) = n´umero de erros cometidos e que e e r possuem a mesma s´ındrome uma vez que como c ∈ C, Het= H(r − c)t = Hrt− Hct = Hrt.

Teorema 2.17. [1]: Se C possui capacidade de corre¸c˜ao h, para r ∈ Kn e c ∈ C tal que

d(c, r) ≤ h, temos que ∃! e, w(e) ≤ h e cuja s´ındrome ´e igual a s´ındrome de r e tal que e = r − c.

Demonstra¸c˜ao: O nosso vetor e satisfaz as propriedades citadas no teorema por defini¸c˜ao. Temos ent˜ao que provar a unicidade.

Suponha que existem dois elementos de mesma s´ındrome e = (α1, ..., αn) e e

0

= (α01, ..., α0n) tais que w(e) ≤ ~ e w(e0) ≤ ~. Ent˜ao, temos que Het= He0t

Pni=1αihi = Pn i=1α 0 ihi Pn i=1(αi−α 0

i)hi= 0, o que nos d´a uma rela¸c˜ao de dependˆencia linear entre 2h(≤ d−1) colunas

de H. Como quaiquer d−1 colunas de H s˜ao LI, temos que αi−α

0 i = 0 ⇒ αi = α 0 i ⇒ e = e 0 . 2

Pelo teorema anterior, temos que para obtermos a decodifica¸c˜ao, temos que descobrir quem ´e o vetor e pois neste caso, c = r − e. Mas como fazer isso?

1. Se w(e) ≤ 1 e d ≥ 3.

(i) Het = 0 ⇒ Hrt = 0 ⇒ r ∈ C ⇒ c = r.

(ii) Het 6= 0 ⇒ w(e) = 1 ⇒ e possui apenas uma coordenada n˜ao nula, isto

´e, e = (0, ..., α, ..., 0) com α 6= 0 ⇒ Het = αhi, onde hi ´e a i-´esima coluna de

H ⇒ Hrt= Het= αhi.

Portanto, neste caso basta aplicar a matriz teste de paridade H ao vetor recebido e comparar com as colunas de H para descobrir quem ´e α e, consequentemente, quem ´e o vetor e.

Exemplos: Considere o c´odigo com matriz teste de paridade

H =    1 0 1 0 0 1 1 0 1 0 0 1 0 0 1   

Se o vetor recebido for r = (10100), temos que Het = Hrt = 010 = 1.h4 e da´ı

(38)

2. Caso Geral

Seja v ∈ Kn e C um c´odigo linear. Chamamos de classe lateral de v segundo C o

conjunto v + C = {v + c / c ∈ C} e dado um elemento de uma classe lateral, dizemos que ele ´e um elemento l´ıder se for o de peso m´ınimo nesta classe.

Teorema 2.18. [1]: Seja u ∈ Kn com w(u) ≤ h. Ent˜ao u ´e o ´unico elemento l´ıder de sua

classe.

Demonstra¸c˜ao: Suponha u, v ∈ Kn tal que w(u) ≤ h e w(v) ≤ h ⇒ como (u − v) ∈ C,

w(u − v) ≤ w(u) + w(v) ≤ 2h ≤ d − 1 ⇒ u − v = 0 ⇒ u = v. 2

Algoritmo:

i) Determine todos os elementos u ∈ Kn / w(u) ≤ h;

ii) Calcule as s´ındromes destes elementos e coloque tudo em uma tabela; iii) Calcule a s´ındrome da palavra recebida: Hrt= st;

iv) Se s pertence `a tabela e l ´e o l´ıder desta classe, ent˜ao troque r por r − l, isto ´e, c = r − e = r − l;

v) Se s n˜ao pertence `a tabela, ent˜ao foram cometidos mais de h erros.

Exemplos: Considere o c´odigo cujos parˆametros s˜ao n = 6 e k = 3 sobre F2, cuja matriz

teste de paridade ´e dada por

H =    1 0 0 1 0 1 0 1 0 1 1 0 0 0 1 0 1 1   

Temos ent˜ao que d = 3 e ~ = 1. Calculando ent˜ao os vetores de peso menor ou igual a 1 com as suas s´ındromes, obtemos a seguinte tabela:

l´ıder s´ındrome 000000 000 000001 101 000010 011 000100 110 001000 001 010000 010 100000 100

Se a palavra recebida for r = (100011), Hrt = (010)t e portanto, e = (010000) e

(39)
(40)

Cap´ıtulo 3

Grafos dados por Quocientes de

Reticulados

Neste cap´ıtulo apresentamos algumas rela¸c˜oes entre c´odigos e uma classe especial de grafos, os quocientes de reticulados, utilizando principalmente a referˆencia [9]. Estes grafos s˜ao associados a ladrilhamentos em toros planares. Introduzimos inicialmente conceitos fundamentais associados a reticulados, e passamos aos grafos quocientes destes discutindo propriedades como uniformidade, regularidade, perfil de distˆancias e gˆenero topol´ogico e a conex˜ao destas com a constru¸c˜ao de c´odigos com caracter´ısticas especiais como os c´odigos perfeitos e com rotulamento c´ıclico.

3.1

Reticulado, empacotamento e kissing number

Neste t´opico estaremos interessados em introduzir o conceito de reticulado e analisar o problema do ”empacotamento de esferas”e o problema do ”kissing number”. Para isso, usaremos a referˆencia [4].

Um reticulado ´e um tipo especial de grafo, um grafo com a propriedade de que cada um de seus v´ertices pode ser escrito como combina¸c˜ao linear inteira de outros v´ertices do grafo. Formalmente definimos:

Defini¸c˜ao 3.1. Dados α = {v1, ..., vm} conjunto de vetores linearmente independentes de

Rn, definimos o reticulado Λ = Λ

α de base α por Λ = {

Pm

i=1mivi ; mi ∈ Z} e denotamos

por Λ = Λα = < v1, ..., vm > .

Um subreticulado Λ0 ⊂ Λ ’e um subconjunto de Λ que tamb´em ´e um reticulado.

De agora em diante, consideraremos os reticulados onde m = n, isto ´e, os que tˆem ”dimens˜ao n”em Rn.

(41)

Defini¸c˜ao 3.2. Dado o reticulado Λ = Λα, α = {v1, ..., vn} de Rn, dizemos que

F = {v = θ1v1+ ... + θnvn, 0 ≤ θi ≤ 1}

´e uma regi˜ao fundamental de Λα.

A regi˜ao de Voronoi de um ponto v ∈ Λα ´e definida como os pontos de Rnque est˜ao mais

pr´oximos de v do que de qualquer outro ponto do reticulado (com a m´etrica usual). ´

E importante observar que, independente da base do reticulado e de sua regi˜ao funda-mental, o volume de uma regi˜ao fundamental permanece o mesmo. Por sua vez as regi˜oes de Voronoi s˜ao todas congruentes e possuem volume igual ao de uma regi˜ao fundamen-tal. O quadrado deste volume ´e chamado de determinante ou discriminante do reticulado e denotado por det(Λ). Isto ´e, (volume de uma regi˜ao f undamental)2 = det(Λ).

Sejam v1, ..., vm os vetores que geram um reticulado. Se v1 = (v11, v12, ..., v1n), v2 =

(v21, v22, ..., v2n),..., vm = (vm1, vm2, ..., vmn), com m ≥ n, temos que a matriz geradora do

reticulado ´e dada por:

M =    v11 v12 . . . v1n ... ... ... ... vm1 vm2 . . . vmn   

Se o reticulado tiver dimens˜ao n, temos que det(Λ) = (det M)2.

Chamamos de matriz de Gram a matriz A obtida por A = M.Mt, onde Mt ´e a

trans-posta de M. Por meio desta matriz podemos obter o determinante de reticulados de di-mens˜ao menor que n pois det(Λ) = detA. Geometricamente, temos que √detA ´e o volume m-dimensional do ”paralelotopo”gerado por v1, ..., vm(equivalente m-dimensional de um

par-alelogramo).

Defini¸c˜ao 3.3. Seja x = (x1, ..., xn) ∈ Λ, onde Λ ´e um reticulado. A norma N(x) de x ´e

dada por :

N(x) = x.x =< x, x >=Xx2

i

Chamamos de norma minimal d de Λ, o quadrado da distˆancia m´ınima entre dois vetores do reticulado, isto ´e,

d = min{N(x − y) : x, y ∈ Λ, x 6= y} = min{N(x) : x ∈ Λ, x 6= 0}

3.1.1

O Problema do Empacotamento de Esferas

O Problema do empacotamento de esferas consiste em saber como empacotar um deter-minado n´umero de esferas idˆenticas juntas, de tal forma que a fra¸c˜ao do espa¸co coberto por essas esferas seja o maior poss´ıvel.

(42)

Este problema foi citado por Hilbert em 1900 como o d´ecimo oitavo problema de uma lista de quest˜oes que tiveram destaque no desenvolvimento da ciˆencia e tˆem sido um grande desafio para v´arios matem´aticos. Quando os centros dessas circunferˆencias formam um retic-ulado, os empacotamentos s˜ao chamados de empacotamentos reticulados. Da´ı, o problema se transforma na obten¸c˜ao de reticulados de alta densidade e que sejam ao mesmo tempo, manipul´aveis. Do que ´e at´e agora conhecido, em grande parte das dimens˜oes, os empaco-tamentos esf´ericos mais densos s˜ao os empacoempaco-tamentos reticulados. No plano, as esferas s˜ao circunferˆencias e sabe-se que a maior densidade poss´ıvel ´e obtida atrav´es do reticulado hexagonal, com uma densidade de aproximadamente 0, 9069. J´a no R3, provou-se que a maior

densidade ´e alcan¸cada com o empacotamento no qual os centros das esferas formam um retic-ulado fcc (face centered cubis), no qual podemos obter uma densidade de aproximadamente 0,7405. Observamos que partindo de um reticulado, as esferas de um empacotamento nele centradas ter˜ao raio √d

2 onde d ´e a norma minimal.

Defini¸c˜ao 3.4. Dada uma regi˜ao limitada M ⊂ Rn de volume V , definimos a densidade de

um empacotamento de reticulado E em M como sendo:E,M =

m.v V

onde v ´e o volume de cada uma das esferas de E e m ´e o n´umero de esferas contidas em M.

A densidade de empacotamento de E ´e dada por lim

V →∞E,M.

Esta densidade nos mostra qu˜ao bom ´e o empacotamento, ou seja, quanto maior a den-sidade, melhor o empacotamento.

3.1.2

O Problema do Kissing Number

Se pensarmos no R3, temos que nos perguntar: qual ´e o n´umero m´aximo de bolas de

bilhar que podemos arranjar em torno de uma bola B de forma que todas elas toquem ou ”beijem”B? Este n´umero ´e o chamado ”kissing number”. Se pensarmos no Rn, a pergunta

permanece a mesma: se tivermos v´arias esferas idˆenticas, qual ´e o n´umero m´aximo de esferas que posso colocar em torno de uma esfera, de forma que todas elas toquem esta esfera?

Este problema surgiu de uma discuss˜ao entre Isaac Newton e seu professor David Gregory em 1694 onde Newton dizia que a solu¸c˜ao deste problema em R3 era 12 e seu professor

acreditava ser 13.

Os resultados conhecidos para o ”kissing number” de empacotamentos de reticulados nas diferentes dimens˜oes s˜ao:

Referências

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