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Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde: Avaliação para Hospital Regional do RS.

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Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde: Avaliação para Hospital Regional do RS

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Daniele Alessandra Koch

Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde:

Avaliação para Hospital Regional do RS.

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Daniele Alessandra Koch

Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde:

Avaliação para Hospital Regional do RS.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Ambiental, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Engenheiro Ambiental.

Orientador: Profª. Drª. Aline Ferrão Custódio Passini.

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Daniele Alessandra Koch

Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde: Avaliação para

o Hospital Regional do RS.

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro Ambiental – Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia e

Arquitetura da Universidade de Passo Fundo. Aprovado pela banca examinadora:

Orientador:________________________ Profª. Dra. Aline Ferrão Custodio Passini Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

___________________________________ Profª. Msc Juliana Kurek

Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

___________________________________ Prof. Msc Ricardo Salami Debastiani Faculdade de Engenharia e Arquitetura, UPF

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AGRADECIMENTOS

Aos meus queridos pais, Vilson Koch e Neidi Brune Koch. Agradeço a eles pelo amor, pelo incentivo, pelo apoio irrestrito, pelas lições, pelo esforço de bancar minhas despesas até este momento, e por contribuírem significativamente na minha formação pessoal. Muito obrigado!

Á Professora Aline Ferrão Custodio Passini, pela orientação, pela confiança, pelo apoio e possibilidade de aprendizagem.

Á Aline Ortiz Batista, pela gentileza de disponibilizar seu tempo e seus conhecimentos para contribuir na realização do meu trabalho.

A todos os membros da minha família que contribuíram para a minha formação, e sempre torceram por mim.

Á Instituição de Saúde avaliada neste trabalho, por disponibilizar as informações para a realização da pesquisa. Principalmente a direção do hospital e aos entrevistados, pela disponibilidade e atenção dedicada.

Aos membros da banca examinadora Juliana Kurek e Ricardo Debastiani Salami, pela contribuição com as suas considerações.

Aos meus colegas e amigos que conquistei durante a minha jornada acadêmica, em especial a Adan Trentin, Marcelo Pezzini, Dinava Muller, Adriano Pires e Eduardo Bertolin, pelo apoio, companheirismo, incentivo nas horas difíceis, pelos desafios superados em inúmeros trabalhos em grupo, pelas risadas e bons momentos, e principalmente pela amizade.

Á todos que contribuíram para minha formação profissional e pessoal, meu sincero agradecimento.

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RESUMO

Após o crescimento explosivo da sociedade urbana e industrial, juntamente com o consumismo exagerado, ocorreu um grande aumento na geração de resíduos, que vêm gerando impactos negativos ao meio ambiente. No contexto desta problemática ambiental, destaca-se a geração dos resíduos de serviço de saúde. Este tipo de resíduo é de grande importância pelo grau de contaminação e periculosidade de representam. A partir disto, o objetivo deste trabalho foi realizar o diagnóstico da situação atual em relação ao gerenciamento dos resíduos, no Hospital Regional do RS. A metodologia utilizada foi do tipo descritiva, exploratória, qualitativa e quantitativa. Foi realizado um levantamento das legislações pertinentes ao assunto. A coleta de dados foi obtida através de aplicação de questionário, o qual foi respondido pelos profissionais responsáveis, quantificação dos resíduos por amostragem e visitas de rotina. Foram identificadas as unidades do hospital e avaliados aspectos referente ao manejo, como a geração, segregação, classificação, transporte, coleta, tratamento e destinação final. Os dados coletados proporcionaram uma melhor visão sobre o gerenciamento dos resíduos, demonstrando que o gerenciamento relacionado a estes resíduos é realizado dentro do limite que a Instituição apresenta, mas há possibilidades de melhorias frente às não conformidades e necessidades evidenciadas na gestão dos resíduos de serviço de saúde.

Palavras-chaves: Resíduos de Serviço de Saúde, Diagnóstico dos Resíduos de Serviço de Saúde, Manejo dos resíduos.

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ABSTRACT

After the explosive growth of the urban and industrial society, together with the exaggerated consumerism, occurred a huge increase in the generation of wastes, which it generate negative impacts to the environment. In the problematic context of this ambient, it is detached by generation of the residues of health service. This type of residue has great importance for the contamination rate and dangerousness that it represents. From this, the objective of this work was to realize the present situation diagnostic in relationship to wastes generation, from a Regional Hospital of RS. The used methodology was of the descriptive, exploratory, qualitative and quantitative type. A survey of the pertinent legislation about the subject was realized. The collect of data was done through questionnaire application, which was answered by the responsible professionals, quantification of the residues for sampling and visits of routine. The units of the referring hospital were identified and evaluated aspects to the handling, as the generation, segregation, classification, transport, collect, treatment and final destination. The collected dates provided a better vision on of the management of these residues, demonstrating that the management of such waste is carried out within the limit that the institution has, but there are some improvements possibilities in front to the nonconformities and necessities evidenced in the management of the health service wastes.

Key-word: Waste of Health Services, Waste Diagnosis of Health Services, Waste Management.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Distribuição dos Municípios por tipo destinação dos RSS Coletados (%). ... 34

Figura 2: Quantidade de RSS Coletadas pelos Municípios Distribuídos por Região e Brasil. 35 Figura 3: Etapas do manejo dos resíduos em um PGRSS ... 49

Figura 4: Forma de acondicionamento dos RSS conforme sua classificação. ... 54

Figura 5: Mapa com a localização da região do Alto da Serra do Botucataí dentro do estado do Rio Grande do Sul, e localização do Estado no mapa do Brasil... 62

Figura 6: Mapa dos 16 municípios que compõem o Alto da Serra do Botucaraí do Estado do Rio Grande do Sul, no ano de 2008. ... 63

Figura 7: Fluxograma da estrutura metodológica... 66

Figura 8: Acondicionamento dos resíduos classe A e D, e identificação dos mesmos. ... 74

Figura 9: Acondicionamento dos resíduos classe A, os restos fetais, placentas e peças anatômicas (membros), em freezer próprio para tal material. ... 74

Figura 10: Resíduos potencialmente infectantes armazenados dentro das bombonas no abrigo destinado ao armazenamento externo. ... 75

Figura 11: Resíduos perfurocortantes armazenados dentro das bombonas no abrigo destinado ao armazenamento externo. ... 75

Figura 12: Imagem dos sacos contendo resíduo contaminado. ... 76

Figura 13: Identificação dos resíduos gerados no HR... 76

Estes tipos de lixeiras, com esta identificação foram encontradas apenas no Centro Cirúrgico, Ambulatório, UTDA, Maternidade... 77

Na Figura 14 temos o exemplo de acondicionamento para resíduos perfurocortantes, e na Figura 15 exemplos de lixeiras contidas no Estabelecimento de Saúde, sem nenhum tipo de identificação. ... 77

Figura 14: Caixa descapax para separação do resíduo perfurocortante... 77

Figura 15: Lixeiras sem nenhum tipo de identificação, localizadas nos postos, farmácia, administração, manutenção, lavanderia, cozinha... 78

Figura 16: Fluxograma referente à coleta interna dos RSS gerados no HR. ... 79

Figura 17: Carrinho para coleta interna. ... 80

Figura 18: Armazenamento temporário dos resíduos... 81

Figura 19: Abrigo externo dos resíduos. ... 81

Figura 20: Bombonas disponibilizadas pela empresa contratada para destinação final e tratamento. ... 82

Figura 21: Identificação da bombona para resíduo infectante... 82

Figura 22: Ambiente fora do abrigo externo, para fácil coleta do sistema de coleta do município. ... 83

Figura 23: Imagem do abrigo externo com vista da rua. ... 83

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Taxa de geração de RSS nos países desenvolvidos... 32

Tabela 2: Taxas de geração de RSS da América Latina... 33

Tabela 3: Situação do Brasil em relação aos RSS ... 34

Tabela 4: Capacidade instalada de tratamento de RSS... 59

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Definição de Resíduos Sólidos... 17

Quadro 2: Classificação dos resíduos sólidos urbanos... 22

Quadro 3: Classificação dos resíduos de fontes especiais ... 23

No Quadro a seguir, temos algumas definições para resíduos de serviço de saúde. ... 26

Quadro 4: Definições dos resíduos de serviço de saúde... 27

Quadro 5: Síntese dos acontecimentos, na construção da Legislação Ambiental referente aos RSS. ... 38

Quadro 6: Evolução das Resoluções da ANVISA referentes aos RSS. ... 43

Quadro 7: Trajetória das Resoluções do CONAMA referentes aos Resíduos Sólidos, inclusive os de Serviços de Saúde... 44

Quadro 8: Normas técnicas da ABNT referentes aos resíduos sólidos, inclusive os RSS. ... 45

Quadro 9: Síntese do manejo dos resíduos sólidos. ... 49

Quadro 10: Identificação dos resíduos de serviço de saúde. ... 55

Quadro 11: Tipos de Resíduos gerados no HR por setor. ... 70

Quadro 12: Identificação dos tipos de resíduos gerados no HR... 71

(10)

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente EPI - Equipamento de Proteção Individual

HR – Hospital Regional

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística OMS - Organização Mundial de Saúde

PGRSS - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde RDC - Resolução da Diretoria Colegiada

RSS - Resíduos de Serviço de Saúde

SISMANA - Sistema Nacional do Meio Ambiente UTDA – Unidade de Tratamento Diferenciado Adulto WHO – World Health Organization

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12 1.1 Problema e contextualização ... 12 1.2 Justificativa... 14 1.3 Objetivos... 15 1.3.1 Objetivo geral ... 15 1.3.2 Objetivos específicos ... 15 1.4 Estrutura do trabalho ... 15 2 REVISÃO DE LITERATURA... 17

2.1 Resíduos sólidos: Problemática e definição ... 17

2.1.1 Classificação dos resíduos ... 20

2.2 Resíduos de Serviço de Saúde ... 24

2.2.1 Denominação ... 26

2.2.2 Classificação dos RSS ... 28

2.2.3 Geração de RSS ... 31

2.2.4 Aspectos históricos, legais e normativos dos RSS ... 36

2.3 Gerenciamento dos Resíduos de Serviço de Saúde ... 46

2.3.1 Segregação... 51

2.3.2 Acondicionamento... 52

2.3.3 Identificação ... 54

2.3.4 Coleta e transporte interno... 57

2.3.5 Armazenamento... 57

2.3.6 Tratamentos ... 58

2.3.7 Coleta e Transporte Externos ... 59

2.3.8 Disposição Final ... 60

2.3.9 Diagnóstico dos RSS ... 61

3 METODOLOGIA ... 62

3.1 Área de estudo ... 62

3.2 Classificação da Pesquisa ... 64

3.3 Etapas do processo metodológico... 65

3.3.1 Etapa 1 - Estudos iniciais ... 67

Primeiramente ocorreu um estudo inicial, com revisão de literatura sobre o tema RSS com auxílio de dissertações, artigos, livros, etc., e levantamento da legislação vigente e de Normas Técnicas sobre o presente assunto... 67

3.3.2 Etapa 2 - Conhecimento do Problema ... 67

3.3.3 Etapa 3 – Material de Pesquisa... 67

3.3.4 Etapa 4 - Tratamento e análise dos dados ... 68

3.3.5 Etapa 5 – Conclusão e recomendações... 68

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 69

4.1 Caracterização do Hospital Regional ... 69

4.2 Diagnóstico do gerenciamento dos RSS... 70

4.2.1 Segregação dos RSS ... 70

4.2.2 Acondicionamento... 72

4.2.3 Identificação ... 76

4.2.4 Coleta e transporte interno... 78

4.2.5 Armazenamento temporário e externo ... 80

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4.2.7 Tratamento... 84

4.2.8 Destinação final ... 84

4.2.9 Quantificação dos resíduos... 84

4.2.10 Análise do sistema de gerenciamento do hospital e propostas de melhorias ... 86

5 CONCLUSÃO ... 88

5.1 Sugestões para trabalhos futuros ... 89

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 90

APÊNDICE A ... 96

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1

INTRODUÇÃO

1.1 Problema e contextualização

A civilização atual se caracteriza como a sociedade do consumo, marcada pelo aumento significativo dos resíduos sólidos e do desperdício. Portanto a gestão adequada destes resíduos constitui-se num dos grandes desafios a serem enfrentados no mundo de hoje.

A geração de resíduos e suas conseqüências ao meio estão ligadas às evoluções cultural e tecnológica humanas. Mas foi no século XVIII, com o começo da Revolução Industrial que houve o aumento expressivo do uso dos recursos naturais explorados pela indústria, crescimento acelerado da população e mecanização da agricultura. Em menos de três séculos, o homem alterou o ambiente terrestre de forma nunca vista por ele.

Para Schneider et al. (2004) após a concretização da sociedade urbana e industrial, o consumismo intensificou-se significativamente, implicando no aumento mundial da geração de resíduos sólidos, tais como domiciliares, industriais e de serviço de saúde. O aumento e a diversidade na produção dos resíduos estão diretamente ligados com o desenvolvimento econômico e com o consumo exagerado de produtos.

A sociedade depara-se então com um dos grandes desafios de várias ordens de grandeza. Trata-se de um momento histórico único em que o homem é obrigado a reconhecer impasses gerados pela própria cultura, a qual originou situações de desequilíbrio ambiental (SCHNEIDER et al., 2004).

A necessidade de intervenção sobre os resíduos é uma prioridade na sociedade moderna. Se, por um lado, a quantidade de resíduos produzida anualmente não para de aumentar, podendo provocar uma notória poluição visual se amontoados indiscriminadamente, por outro, os resíduos podem ter implicações no ambiente e na saúde das pessoas que entraram em contacto com eles (TAVARES, 2004).

O amadurecimento da questão ecológica destaca-se entre os fatores que identificam e determinam a singularidade do momento histórico que vivemos, ocupa o cenário e infiltra-se em todas as dimensões da atividade humana. A consciência sobre os problemas ambientais é hoje, de tal forma, penetrante e extensa, que todas as ações do homem implicam, supõem ou a contêm. A reflexão sobre o tema está presente no cotidiano mais singelo aos empreendimentos de maior envergadura (LIPPEL, 2003).

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A preocupação com as questões ambientais faz do gerenciamento de resíduos um processo extremamente importante para a preservação da qualidade da saúde e do meio ambiente, pois, a produção de resíduos é superior à capacidade de absorção da natureza (BRASIL, 2006).

A preocupação se intensifica quando se trata de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, que, embora representem uma pequena parcela dos resíduos totais, ocupam uma posição de extrema importância pelo grau de contaminação e periculosidade que representam. Como fator indireto, de impactos a saúde e ao meio ambiente, os resíduos de serviços de saúde exercem grande importância na transmissão de doenças, mediante o contato de vetores biológicos e mecânicos. Seu manejo inadequado pode contribuir para a poluição do solo, da água e do ar, submetendo as pessoas a várias formas de exposição ambiental. Por ser uma classe especial de resíduos requer coleta, manuseio, armazenamento, tratamento, destinação final e um plano de gerenciamento específico de acordo com suas classes e características, pois estes aspectos potencializam os riscos a saúde humana e ao meio ambiente (CUNHA et al., [s.d] ).

Os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) são percebidos como um grande problema para as administrações públicas municipais, apesar de serem uma pequena parcela dos resíduos sólidos urbanos, em torno de 1 a 3% de acordo com o Ministério da Saúde. A falta de informação a respeito das formas adequadas de gerenciamento dos RSS, seja pelo poder público municipal e/ou pelos estabelecimentos prestadores de serviço de saúde, acarreta em um manejo inadequado que reflete em problemas ambientais, já que este é um resíduo que põe em risco a contaminação humana e do meio ambiente (GOMES, 2008).

No Brasil, foram elaboradas e reelaboradas resoluções visando à correta gestão dos RSS: A Resolução Diretiva Colegiada (RDC) nº. 306 da ANVISA e a Resolução CONAMA nº. 358, estas resoluções reforçam a necessidade de um gerenciamento adequado dos RSS baseados na segregação correta.

Assim a proposta deste trabalho foi acompanhar a rotina e o manejo dos resíduos gerados nas diversas unidades do Hospital Regional (HR), localizado no Alto da Serra do Botucaraí, visando desenvolver um trabalho de quantificação e observação dos resíduos para contribuir na implantação do seu Plano de Gerenciamento de Resíduos Serviço de Saúde (PGRSS).

O Hospital não pode mais sustentar medidas paliativas de gerenciamento e/ou simplesmente ignorar sua posição de geradora desse tipo de resíduo. Então para posteriormente propor medidas mais atualizadas de controle e gerenciamento, necessita-se

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responder a seguinte questão: Qual é a atual realidade do Hospital Regional em relação aos RSS?

1.2 Justificativa

O presente trabalho tem como justificativa a importância de se analisar e diagnosticar o gerenciamento dos RSS no HR, para resultar na diminuição dos impactos que estes podem causar ao meio ambiente e a saúde pública, e também para posteriormente fundamentar a elaboração de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS) para este hospital.

Conforme Ribeiro Filho (2005), nos últimos anos, mais do que os efeitos diretos das implicações ambientais de suas atividades, a indústria da saúde passou a enfrentar as pressões dos consumidores, do governo e do público em geral, por uma postura ambientalmente mais responsável. Esses fatores levaram ao reconhecimento da necessidade de se ter um gerenciamento ambiental como parte do negócio. Essa necessidade está intimamente ligada à era da informação, quando o gerenciamento ambiental adquire importância estratégica e valor, estando diretamente relacionado aos ativos intangíveis como: imagem, reputação e valor da marca.

Segundo Schneider (2004) as inovações, em qualquer área, exigem ações integradas, de forma a tornar toda a cadeia sustentável, reduzindo custos e aumentando o valor agregado, principalmente a assistência à saúde, pela sua complexidade e diversidade de aspectos ambientais envolvidos.

Para Confortin (2001):

[....] os estudos relativos ao conhecimento das quantidades e das características dos RSS permitem projetar um sistema de gerenciamento adequado e de acordo com a realidade do estabelecimento, proporcionando uma política de gerenciamento correta (CONFORTIN, 2001, p. 3).

O HR está ciente de sua responsabilidade social e ambiental e tem constante preocupação em atingir e demonstrar um bom desempenho na área ambiental. A Entidade assume o dever e o compromisso das melhorias, visando o aperfeiçoamento dos seus processos, da segurança do trabalhador e da saúde da população.

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Assim, considerando o importante compromisso com a comunidade e devido à atenção requerida pelos RSS, é necessária a atualização de dados referentes a estes resíduos, para que possam servir de auxílio para trabalhos posteriores e melhorias no seu sistema de gestão.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Tem-se como objetivo geral realizar o diagnóstico visando a elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde do Hospital Regional, localizado no Alto da Serra do Botucaraí no RS.

1.3.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos são definidos como:

a) Conhecer a legislação vigente, Normas Técnicas e requisitos legais aplicáveis, sobre o presente assunto;

b) Levantar dados pertinentes ao manejo, geração, segregação, classificação, transporte, coleta, tratamento e destinação final dos RSS do HR;

c) Quantificar a geração de resíduos do HR.

1.4 Estrutura do trabalho

Além do presente capítulo, no qual se apresenta o problema de pesquisa, a justificativa, os objetivos e as delimitações do trabalho, esta pesquisa é composta por mais cinco capítulos.

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O capítulo 2 apresenta a revisão da literatura, abordando as definições e classificações dos resíduos sólidos, incluindo os de serviço de saúde, aspectos legais e normativos, e etapas do gerenciamento.

O capítulo 3 caracteriza a área de estudo onde, classifica a pesquisa e descreve o procedimento metodológico utilizado, detalhando as atividades realizadas para o desenvolvimento deste trabalho.

O capítulo 4 apresenta o diagnóstico encontrado e a discussão dos resultados.

O capítulo 5, por fim, apresenta as conclusões da pesquisa e as recomendações para trabalhos futuros, elaboradas a partir dos resultados obtidos.

(18)

2

REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Resíduos sólidos: Problemática e definição

Segundo Domenéch (1993), resíduo é tudo aquilo o que é gerado como conseqüência não desejada de uma atividade humana e, em geral, de qualquer ser vivo. Como qualquer processo natural, o gerenciamento dos resíduos está governado por um conjunto de leis, sendo que a primeira, segundo o autor, poderia resumir-se na seguinte frase: “Eu sou, portanto eu contamino.” Todos os seres vivos para subsistir devem transformar de forma contínua certos produtos ao seu alcance em outros que possam assimilar, o que leva necessariamente à geração de resíduos. Na realidade, essa primeira lei se inspira na segunda Lei da Termodinâmica, segundo a qual, ao converter-se energia em trabalho, sempre se transfere uma certa quantidade de energia residual para o entorno. Aplicando-se essa lei à conversão de matéria-prima em produto de consumo, origina-se sempre um resíduo, o qual é descartado e devolvido ao meio ambiente. Segundo essa mesma lei, a reciclagem completa de um resíduo é impossível. (SCHNEIDER et al., 2004).

O Quadro 1 mostra as definições de resíduos sólidos de várias entidades, órgãos nacionais e internacionais.

Quadro 1: Definição de Resíduos Sólidos

ENTIDADE DEFINIÇÃO

Brasil – ABNT – NBR 10004/04

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu

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lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face melhor tecnologia disponível.

OMS – Organização Mundial de Saúde Qualquer coisa que o proprietário não quer mais, em um certo local e em um certo momento, e que não apresenta valor comercial corrente ou percebido.

Comunidade Européia1 Toda substância ou todo objeto cujo detentor se desfaz ou tem a obrigação de se desfazer em virtude de disposições nacionais em vigor.

Comunidade Francesa2 Todo rejeito de processo de produção, transformação ou utilização, toda substância material, produto ou, mais geralmente, todo bem móvel abandonado ou que seu detentor destina ao abandono.

Dicionário Aurélio – 1999 Resíduo é o que resulta de atividades domésticas, industriais e comerciais. Fonte: Adaptado de Bidone (2001) apud SCHNEIDER et al, 2004.

A geração de resíduos e seu posterior abandono no meio ambiente podem originar graves problemas ambientais, favorecendo a incorporação de agentes contaminantes na cadeia trófica, interagindo em processos físico-químicos naturais, dando lugar à sua dispersão. O aumento na geração de resíduos, implica na sua vez, em um consumo paralelo de matérias-primas, as quais se encontram na natureza em quantidades ilimitadas. Porém, à medida que os processos de acumulação antropogênica, particularmente de substâncias químicas, ultrapassam os limites de reciclagem do ambiente ou introduzem-se novos compostos

1 Comunidade Européia n. 75/442, de julho de 1975; JOCE n.L. 1494, de julho de 1975. 2 Lei 75-63 de 15 de julho de 1975

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degradáveis, ocorre um desequilíbrio nos sistemas biológicos limitando a natureza em renovar-se.

O volume de resíduos com que a humanidade tem de conviver é resultado também de novos padrões culturais impostos pela sociedade industrial. O dia-a-dia das pessoas vem sendo marcado, por padrões de consumo que apontam para uma situação extremamente grave. A quantidade de matérias-primas e de recursos naturais, que são carreados para o setor produtivo para dar conta da demanda de produtos, não encontra correlação proporcional na outra ponta do sistema: não se verificam, efetivamente, maiores ganhos em termos de conforto e bem-estar para os consumidores, e tampouco a sociedade encontra maneiras adequadas de repor o equilíbrio ambiental (SCHNEIDER et al., 2004).

A geração de resíduos sólidos é influenciada principalmente pelo número de habitantes de determinado local, os fatores culturais e as atividades que são desenvolvidas pela população. Um dos fatores mais importantes é à componente econômica, sendo que suas variações são facilmente perceptíveis nos locais de tratamento e disposição final dos resíduos.

Os resíduos resultantes de atividades humanas dão origem a uma complexa e heterogênea massa, atingindo hoje um volume tal que a sua destinação vem-se constituindo em um dos grandes transtornos da sociedade urbana. A questão transformou-se em um dos grandes desafios a serem vencidos, fruto de um modelo de desenvolvimento e de um estilo de vida, cujo padrão de conforto baseia-se no excesso de consumo e de desperdício inconseqüente. Neste sistema, a natureza é vista como fonte inesgotável de recursos, com capacidade ilimitada de absorverem resíduos (SANTOS, 2000).

Jamais o homem produziu tantos resíduos como vêem produzindo atualmente e jamais teve tantos problemas, para os quais precisa apresentar soluções imediatas. Depois do surgimento de produtos recicláveis, houve um aumento expressivo do descarte de resíduos no meio ambiente. A “sociedade do descarte”, caracterizada pelo desperdício, onde cada vez mais produz produtos que a natureza não tem condições de absorver, alterando, assim, a estabilidade ambiental.

Poucas são as sociedades, desenvolvidas ou não, que se preocupam em manejar, tratar ou destruir os resíduos que produzem o que, nas sociedades primitivas, os próprios ecossistemas naturais se encarregavam de fazer. A progressiva saturação dos mecanismos de degradação do ambiente tem tornado, no entanto, cada vez mais exígua, a destruição ou reciclagem desses pela natureza (SCHNEIDER et al., 2004).

Para a mesma autora, este cenário vem mudando ainda que timidamente, nas últimas décadas, porém de maneira crescente e irreversível em alguns países industrializados. O

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Brasil igualmente, tem investido nesse sentido, e já se faz sentir uma certa mudança de consciência quanto ao descarte de materiais recicláveis e um controle cada vez maior dos resíduos perigosos, que vem ocorrendo na medida em que tomam forma e são implementados instrumentos legais e normativos que chama à responsabilidade os geradores.

Conforme Schneider (2004) caminha-se atualmente para um consenso global em que a coleta, o tratamento e a disposição final dos resíduos são indispensáveis à manutenção da saúde publica, além de minimizar a possibilidade de contaminação do solo, do ar e das águas superficiais e subterrâneas. Na medida em que os depósitos de resíduos assumem dimensões que fogem ao controle, faz-se necessárias a minimização da geração e a utilização de métodos de tratamento e disposição final que visem diminuir os impactos causados pela redução mássica e volumétrica e o controle de emissões líquidas e gasosas, restringindo, dessa forma, a degradação ambiental.

Buscar desenvolver técnicas e tecnologias que minimizem a produção dos resíduos, e equacionar programas de gerenciamento, considerando as características dos resíduos e do meio ambiente envolvido, segundo Salles (2004) é uma necessidade urgente para a sociedade, pois sem estas medidas os reflexos das atividades humanas sobre os ecossistemas naturais continuarão a ser negativos, causando cada vez mais problemas sociais, danos à saúde humana e danos ao meio ambiente.

2.1.1 Classificação dos resíduos

De acordo com Almeida (2000), os resíduos sólidos podem ser classificados de várias formas:

1) por sua natureza física: seco ou molhado;

2)por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica; 3) pelos riscos potenciais ao meio ambiente;

4) quanto à origem.

No entanto, as normas e resoluções existentes classificam os resíduos sólidos em função dos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde, como também, em função da natureza e origem (BRASIL, 2006).

Com relação aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública a NBR 10.004/2004 classifica os resíduos sólidos em duas classes: classe I e classe II.

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Os resíduos classe I, denominados como perigosos, são aqueles que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou biológicas, podem apresentar riscos à saúde e ao meio ambiente. São caracterizados por possuírem uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenecidade.

Os resíduos classe II, denominados não perigosos são subdivididos em duas classes: classe II-A e classe II-B.

Os resíduos classe II-A não inertes podem ter as seguintes propriedades: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

Os resíduos classe II-B inertes não apresentam nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, com exceção dos aspectos cor, turbidez, dureza e sabor.

Com relação à origem e natureza, os resíduos sólidos são classificados em: domiciliar, comercial, varrição e feiras livres, serviços de saúde, portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários, industriais, agrícolas e resíduos de construção civil.

Com relação à responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos sólidos pode-se agrupá-los em dois grandes grupos.

O primeiro grupo refere-se aos resíduos sólidos urbanos, compreendido pelos: • Resíduos domésticos ou residenciais;

• Resíduos comerciais; • Resíduos públicos.

O segundo grupo, dos resíduos de fontes especiais, abrange: • Resíduos industriais;

• Resíduos da construção civil; • Rejeitos radioativos;

• Resíduos de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários; • Resíduos agrícolas;

• Resíduos de serviços de saúde.

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Quadro 2: Classificação dos resíduos sólidos urbanos.

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

CLASSIFICAÇÃO ORIGEM COMPONENTES/PERICULOSIDADES

Doméstico ou residencial Residências Orgânicos: restos de alimento, jornais, revistas,embalagens vazias, frascos de vidros, papel e absorventes higiênicos, fraldas descartáveis, preservativos, curativos, embalagens contendo tintas, solventes, pigmentos, vernizes, pesticidas, óleos lubrificantes, fluido de freio,

medicamentos; pilhas, bateria, lâmpadas incandescentes e fluorescentes etc.

Comercial Supermercados,

lojas, bancos, bares,

restaurantes etc.

Os componentes variam de acordo com a atividade desenvolvida, mas, de modo geral, se assemelham qualitativamente aos resíduos domésticos. Público Limpeza de vias públicas (inclui varrição e capina), praças, praias, galerias, córregos, terrenos baldios, feiras livres animais.

Podas, Resíduos difusos (descartados pela população): entulho, papéis, embalagens gerais, alimentos, cadáveres, fraldas etc.

Fonte: Adaptado de Brasil, 2006.

No quadro 3, é apresentado o grupo de resíduos que são classificados como resíduos de fontes especiais.

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Quadro 3: Classificação dos resíduos de fontes especiais

CLASSIFICAÇÃO ORIGEM COMPONENTES/PERICULOSIDADE

Industrial Indústrias,

metalúrgicas, elétrica, química, de papel e celulose, têxtil, etc.

Composição dos resíduos varia de acordo com a atividade.

Construção Civil Construção, reformas, reparos, demolições, preparação e

escavações de terrenos.

Conforme a Resolução CONAMA nº. 307/2002 são:

A – Reutilizáveis e recicláveis;

B – Recicláveis para outra destinação; C – Não recicláveis;

D – Perigosos. Radioativo Serviços de saúde,

instituições de

pesquisa, laboratórios e usinas nucleares.

Resíduos contendo substância radioativa com atividade acima dos limites de eliminação. Porto, aeroportos e terminais rodoferroviários Resíduos gerados em terminais de transporte, navios, aviões ônibus e trens.

Resíduos com potencial de causar doenças por ter um trafego intenso de várias pessoas de várias regiões do país e do mundo.

Agrícola Gerado na área rural – agricultura.

Resíduos perigosos – contem restos de embalagens impregnadas com

fertilizantes químicos, pesticidas. Da Saúde Qualquer atividade de

natureza médico – assistencial, humana ou animal. Clínicas odontológicas, veterinárias, farmácias, centros de pesquisa, farmacologia e saúde, medicamentos vencidos, necrotérios,

Resíduos infectantes (séptico) – cultura, vacina vencida, sangue e

hemoderivados, tecidos, órgão, produtos de fecundação cm características

definidas na Resolução nº. 306/04, materiais resultados de cirurgia,

agulhas, ampola, pipeta, bisturi, animais contaminados, resíduos que entraram em contato com pacientes (secreções, refeições, etc.).

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funerárias, medicina legal e barreiras sanitárias.

Resíduos especiais – rejeito radioativos, medicamento vencido, contaminado, interditado, resíduos químicos perigosos.

Resíduos comuns – que não entraram em contato com pacientes (escritório, restos de alimentos, etc.).

Fonte: Adaptado de Brasil, 2006.

2.2 Resíduos de Serviço de Saúde

Entre os diferentes tipos de resíduos gerados atualmente, destacam-se especialmente os chamados resíduos de serviços de saúde (RSS), os quais podem apresentar riscos pelo fato de alguns desses resíduos possuírem agentes biológicos e químicos perigosos a saúde e ao meio ambiente. Embora representem uma pequena parcela em relação aos resíduos sólidos urbanos, podem ser potenciais fontes de disseminação de doenças, colocando em risco direto os profissionais de estabelecimentos geradores desses resíduos, bem como pacientes ou clientes desses serviços, além de toda sociedade (SILVA, 2008).

Os RSS merecem atenção especial, conforme Martins (2004) devido ao risco potencial dos resíduos, e quando gerados, manejados e dispostos inadequadamente no ambiente, contribuem para a poluição biológica, química e física do solo, ar e água, tanto superficial ou subterrânea, submetendo as pessoas à exposição direta ou indiretamente por via de vetores biológicos ou mecânicos, sendo que estes dependem da quantidade e composição dos mesmos.

Segundo a Resolução CONAMA nº 358 de 29 de abril de 2005 e a RDC nº 306 de 2004 da ANVISA:

Os resíduos de serviços de saúde são todos aqueles resultantes de atividades exercidas nos serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses;

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distribuidores de produtos farmacêuticos; importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, entre outros similares que, por suas características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição final.

Várias pesquisas mostram que os RSS representam uma pequena quantia de resíduos sólidos produzidos pela população. Porém, o risco potencial associado a este é muito grande à comunidade hospitalar e ao meio ambiente. Este risco, geralmente está vinculado ao manejo inadequado dos RSS, que poderão gerar doenças e/ou perda da qualidade de vida à população, que direta ou indiretamente chegue a ter contato com o material descartado.

Segundo Ribeiro Filho (2001) algumas estimativas comprovam que em um hospital típico, os resíduos infectantes representam aproximadamente 5% (em peso) dos resíduos totais. No Brasil não há muitos dados a respeito do percentual de resíduos gerados por hospitais, porém algumas experiências isoladas indicam que, em uma fase inicial, chega-se facilmente a 30%, e que após algum tempo esse índice tanto pode diminuir como aumentar, dependendo do empenho, da organização do estabelecimento e dos profissionais envolvidos, podendo chegar a índices de 15%.

O gerenciamento dos RSS, conforme disposto no Art. 4º da Resolução do Conama, 05/93, mantido no Art. 4º da Resolução Conama 283/01 e reiterado na RDC 306/04 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é de responsabilidade das empresas geradoras desses resíduos (SPINA, 2005).

Para Schneider (2004), o não – entendimento de critérios mínimos para o gerenciamento dos RSS pode levar a situações de risco, decorrentes do manejo inadequado, podendo causar danos á saúde (funcionários e pacientes), como também causar impactos à saúde pública e ao meio ambiente, particularmente àqueles que, direta ou indiretamente, manuseiam esses resíduos, sendo os trabalhadores da área da saúde os pacientes, os funcionários da coleta pública e a população vizinha desses locais os que correm maior risco num primeiro momento. Finalmente, os danos podem alcançar a população em geral, tendo em vista as alterações e as contaminações ambientais (solo, água, ar), que podem ser causadas por resíduos infectantes e químicos, alem do risco aos catadores e consumidores de materiais recolhidos da massa dos RSS.

Conforme o mesmo autor, a questão dos RSS não dispõe, contudo, de uma estratégia e de um planejamento nessa área que indiquem soluções para as diversas etapas do

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gerenciamento, relacionadas a uma série de indefinições, particularmente no Brasil, com relação a esses resíduos.

2.2.1 Denominação

A denominação atribuída aos resíduos resultantes de atividades que prestam assistência à saúde seja ela humana ou animal, tem sido historicamente controversa, sendo evidente ainda nas discussões acerca do que, como e quando considerar um resíduo como tal. O momento atual das discussões acerca deste tema no Brasil é a prova disso. Muitos termos foram usados indistintamente em publicações e ainda o são nas expressões do senso comum como sinônimos: resíduos sólido hospitalar, resíduo hospitalar, resíduo biomédico, resíduo médico, resíduo clínico, resíduo infeccioso ou infectante, resíduo patogênico, ou mais comunente lixo hospitalar. Isto fica evidente ainda no texto da NBR 1004/040 (BRASIL – ABNT, 2004) onde a denominação “hospitalar” foi mantida, excluindo desta forma um sem número de fontes geradoras de RSS. (SCHNEIDER, 2004).

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Quadro 4: Definições dos resíduos de serviço de saúde.

Fonte: Valadares, 2009.

(*) Mesma definição adotada para os dois órgãos.

ENTIDADE DEFINIÇÃO

ABNT – NBR12.8071993 “resultante de atividades exercidas por estabelecimento gerador, de acordo com a classificação adotada pela NBR 12.808”. Segundo esta mesma definição, estabelecimento gerador é a “instituição que, em razão de suas atividades, produz resíduos de serviços de saúde”. Por fim, serviço de saúde é definido como

“estabelecimento gerador destinado a prestação de assistência sanitária à população”.

RDC ANVISA 306 (*) 2004 “todos resultantes de atividades exercidas em serviços de atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo, laboratórios analíticos de produtos para saúde,necrotérios, funerárias e serviços onde ser realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia e

somatoconservação), serviços de medicina legal, drogarias e farmácias inclusive as de manipulação, estabelecimentos deensino e pesquisa na área de saúde, centros de controle de

zoonoses,distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnósticos

in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde, serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, entre outros similares”

Resolução CONAMA – 358Art. 1º (*)2005

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2.2.2 Classificação dos RSS

A classificação dos RSS vem sofrendo um processo de evolução contínuo, na medida em que são introduzidos novos tipos de resíduos nas unidades de saúde e como resultado do conhecimento do comportamento destes perante o meio ambiente e a saúde, como forma de estabelecer uma gestão segura com base nos princípios da avaliação e gerenciamento dos riscos envolvidos na sua manipulação. (BRASIL, 2006).

No Brasil existem duas classificações para os RSS: a da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mais geral voltada para a aplicação prática, e a do CONAMA, com caráter mais dirigido para a aplicação legal nos serviços de saúde.

A NBR 12.808/93 (ABNT) classifica os resíduos de serviço de saúde em três tipos: Resíduos Infectantes, Resíduos Especiais e Resíduos Comuns, conforme descrito a seguir: A. Resíduos Infectantes:

A.1 - Biológico;

A.2 – Sangue e hemoderivados; A.3 – Cirúrgico, Anatomopatológico; A.4 – Perfurante ou cortante;

A.5 – Animal contaminado; A.6 – Assistência ao paciente. B. Resíduo Especial:

B.1 – Rejeito radioativo; B.2 – Resíduo farmacêutico; B.3 – Resíduo químico perigoso. C. Resíduo Comum:

Não se enquadram em A e B. Por sua semelhança com os resíduos domésticos, não oferecem risco adicional à saúde.

Os RSS são classificados em função de suas características e conseqüentes riscos que podem acarretar ao meio ambiente e à saúde.

De acordo com a RDC nº 306/04 da ANVISA e Resolução nº 358/05 do CONAMA, os RSS são classificados em cinco grupos: A, B, C, D, E:

Resíduos do Grupo A: Engloba os componentes com possível presença de agentes

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apresentar risco de infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo sangue, dentre outras.

A1 - Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética.

- Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 4, microrganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido.

- Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta.

- Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.

A2 - Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica.

A3 - Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou familiares.

A4 - Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados.

- Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares.

- Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons.

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- Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo.

- Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.

- Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica.

- Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações.

- Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

A5 - Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação com príons.

Resíduos do Grupo B: Contém substâncias químicas que podem apresentar risco à

saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.

- Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos; antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores; anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos Medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações.

- Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes.

- Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores).

- Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas

- Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

Resíduos do Grupo C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que

contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas do CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.

- Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clinicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia.

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Resíduos do Grupo D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou

radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. - papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1;

- sobras de alimentos e do preparo de alimentos; - resto alimentar de refeitório;

- resíduos provenientes das áreas administrativas; - resíduos de varrição, flores, podas e jardins

- resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.

Resíduos do Grupo E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como:

Lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

2.2.3 Geração de RSS

A geração de resíduos sólidos de um estabelecimento de saúde é determinada pela complexidade e pela freqüência dos serviços que proporciona e pela eficiência que alcançam os responsáveis pelos serviços no desenvolvimento de suas tarefas, assim como pela tecnologia utilizada (SCHNEIDER et al., 2004).

O volume gerado de resíduos sólidos de serviço de saúde tem crescido nos últimos anos e há uma estimativa de crescimento do volume de 3% ao ano, fenômeno alimentado pelo crescimento do uso de descartáveis, estimado em 5% a 8% ao ano (SCHENEIDER et al., 2004).

Seguindo o mesmo autor, este revela que as causas principais do crescimento progressivo da taxa de geração de RSS são o contínuo incremento da complexidade da atenção médica, o uso crescente de material descartável, e também, segundo o Ministério da Saúde, a concentração da população brasileira em áreas urbanizadas, além do aumento da expectativa média de vida do brasileiro. Considera-se também, o aumento das doenças

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oncológicas, que requerem tratamentos quimioterápicos e radioterápidos, cuja periculosidade para o ambiente é inquestionável.

Brito (2000) afirma que estudos realizados pela Organização Mundial Saúde (OMS) relatam que a média de resíduos produzidos por unidades de saúde na América Latina varia de 1 a 4,5 kg/hab/dia, dependendo da complexidade e freqüência dos serviços, da tecnologia utilizada e da eficácia dos responsáveis pelos serviços.

Nos Estados Unidos, por exemplo, na década de 40, a taxa de geração era da ordem de 3,5 kg/leito/dia por paciente. Na década de 1980, chegou à ordem de 6 kg/leito/dia ou 8 kg/leito/dia (OLIVEIRA, 2009).

Em alguns países foram realizadas várias tentativas de quantificar os RSS, quando se pretendia estabelecer uma relação em ter kg de RSS/leito/dia. As quantidades apresentaram variações consideráveis, como por exemplo, no Reino Unido, onde eram gerados 1,5 a 2,5 kg/leito/dia e, no Canadá, 11,4 kg/leito/dia (SCHNEIDER, et al., 2004).

Na Tabela 1 é apresentada a taxa de geração de RSS nos países desenvolvidos, constatando-se que o Reino Unido apresenta maior taxa de geração de RSS.

Tabela 1: Taxa de geração de RSS nos países desenvolvidos

País Taxa de geração (kg/leito/dia)

Reino Unido 5,5 Irlanda 2.6 Estados Unidos 2,2 França 1,9 Portugal 1,5 Bélgica 1,4 Grécia 1,4 Itália 1,0 Espanha 0,6 Países Baixos 0,6 Taiwan 0,5 Alemanha 0,4

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A Tabela 2 apresenta taxas de geração de resíduos sólidos hospitalares da América Latina, segundo estudo realizado por Monreal.

Tabela 2: Taxas de geração de RSS da América Latina

Geração (kg/leito/dia)

País Ano do estudo Mínima Média Máxima

Chile 1973 0,97 - 1,21 Venezuela 1976 2,56 3,10 3,71 Brasil 1978 1,20 2,63 3,80 Argentina (1) 1982 0,82 - 4,20 Peru 1987 1,60 2,93 6,0 Argentina (2) 1988 1,85 - 3,65 Paraguai 1989 3,0 3,80 4,50

Fonte: Schneider et al., 2004.

A geração de resíduos é decorrência, da especialidade do estabelecimento, dos produtos e materiais utilizados, bem como dos planos de gestão aplicados a cada situação. Os modelos de gestão adotados, quando existentes, privilegiam as metodologias que visam mitigar os efeitos da poluição após a sua geração, onerando os municípios e obtendo baixa ou nenhuma eficiência na proteção ambiental (SCHNEIDER, et al., 2004). Diante disto, necessita-se de desenvolvimento e a implementação de sistemas de gerenciamento ambiental.

2.2.3.1 Geração de RSS no Brasil

A ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) divulgou por meio do documento “Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil”, informações referentes à situação dos Resíduos Sólidos no Brasil no ano de 2010.

A Tabela e Figura a seguir foram extraídas deste documento (ABRELPE, 2010), e mostram a situação dos RSS no Brasil, no que tange, respectivamente, à quantidade total coletada de RSS; e destinação final dos resíduos coletados por município.

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Tabela 3:Situação do Brasil em relação aos RSS 2009 2010 2010 2010 Região RSS Coletado / Índice (Kg/hab/dia) População Urbana (hab) RSS Coletado (t/ano) Índice (kg/hab/ano) Norte 7.968 / 0,694 11.663.184 8.313 0,713 Noroeste 31.712 / 0,834 38.816.895 33.455 0,862 Centro - Oeste 17.768 / 1,484 12.479.872 17.198 1,378 Sudeste 152.844 / 2,056 74.661.877 157.113 2,104 Sul 10.978 / 0,480 23.257.880 11.988 0,515 Brasil 221.270 / 1,395 160.879.708 228.067 1,418

Fonte: Adaptado de ABRELPE 2009 e 2010 e IBGE (contagem da população 2009 e Censo 2010).

Distribuição dos Municípios por tipo de Destinação dos RSS Coletados (% ). 31,80% 15,10% 7,80% 2,50% 27,50% 15,40% Incineração Autoclave Microondas Vala séptica Aterro Lixão

Figura 1:Distribuição dos Municípios por tipo destinação dos RSS Coletados (%). Fonte: ABRELPE (2010).

A figura ilustra que a incineração está em primeiro lugar no que se trata de destinação final dada aos RSS. No entanto, o mesmo gráfico ilustra que ainda 45,4% dos municípios

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encaminham tais resíduos para locais de destinação final (lixões, aterro sanitário e aterro controlado), sem realizar prévio tratamento dos mesmos, o que além de ser o contrário às normas, apresenta riscos à saúde pública, aos trabalhadores e à população.

Os dados apresentados na Figura 2 mostram um discreto crescimento nas quantidades de RSS coletadas pelos municípios em 2010 relativamente a 2009 para o Brasil e regiões.

Quantidade de RSS Coletadas pelos Municípios Distribuídos por Região e Brasil

0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 Nor te Nor dest e Cen tro - Oes te Sud este Sul Brasi l (t x 1 0 0 0 /a n o ) 2009 2010

Figura 2: Quantidade de RSS Coletadas pelos Municípios Distribuídos por Região e Brasil. Fonte: Adaptado de ABRELPE (2010).

Em estudos realizados por Dias e Figueiredo (1999) num hospital de Feira de Santana, estado da Bahia, os autores registraram que a taxa diária de geração de RSS encontrada foi de 5,7 kg/ leito ocupado. Deste valor, 230g eram de resíduos comuns provenientes da admisnistração, banheiros externos e recepção, e os 5,47 kg restantes foram considerados resíduos infectantes, por falta de segregação (TRAMONTINI, 2009).

Confortin (2001) realizou a quantificação dos resíduos de vários setores do Hospital Regional do Oeste, em Santa Catarina, considerando os resíduos comuns, os perfurocortantes, os infectantes e os recicláveis. A taxa média de geração encontrada para esta entidade de saúde foi de 1,081 kg/ leito dia, e o setor que apresentou a maior taxa de geração foi a UTI.

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2.2.4 Aspectos históricos, legais e normativos dos RSS

Em relação aos RSS, atualmente várias políticas públicas estão sendo discutidas e legislações restritas vêem sendo elaboradas, com objetivo a garantir o desenvolvimento sustentável e a preservação da saúde pública. Essas políticas fundamentam-se em concepções abrangentes no sentido de estabelecer interfaces entre a saúde pública e as questões ambientais.

Na legislação brasileira, os resíduos sólidos começaram a ser destacados na Lei nº. 1.561, de dezembro de 1951. Esta Lei trata do Código de Normas Sanitárias no Estado de São Paulo e dispõe sobre a coleta pública transporte e destinação final destes resíduos. (SCHNEIDER et al., 2004)

Foi a partir da década de 80 que começaram a surgir novas condições jurídicas e institucionais para ação mais efetiva do controle ambiental. Em 1981, foi criada a Lei nº. 6938.81, estabelecendo a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA constituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA); e instituiu o Cadastro de Defesa Ambiental, ocasião em que foi criado também, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), (SILVA, 2008).

O mesmo autor ainda enfatiza que segundo Goldenberg e Barbosa (1996) a criação do CONAMA em 1981, por meio da Lei nº. 6938/81, representou um grande avanço por reunir segmentos representativos dos poderes públicos em seus diferentes níveis, juntamente com delegados de instituições da sociedade civil, para o exercício de funções deliberativas e consultivas, em matéria de política ambiental. Essa mesma lei introduziu o principio de poluidor – pagador no direito brasileiro.

A Constituição brasileira de 1988 estabeleceu diversos direitos de cidadania e impulsionou a participação e a descentralização, principalmente no que se refere à saúde, ao meio ambiente, aos direitos da criança e outros (SCHNEIDER et al., 2004). No artigo 23 desta Constituição está estabelecido que é de competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas e preservar as florestas, fauna e a flora. Já no artigo 225 estabelece que todos possuem o direito ao meio ambiente saudável, sendo de responsabilidade do Poder Público e dos cidadãos a preservação deste.

Outras legislações federais que merecem destaque dentro do tema são as Resoluções CONAMA n° 05/1993 e a de n° 24/1994. A primeira define os procedimentos mínimos para o

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gerenciamento de resíduos sólidos provenientes de serviços de saúde, portos e aeroportos: Resíduos Sólidos, Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Sistema de Tratamento de Resíduos Sólidos e Sistema de Disposição Final de Resíduos Sólidos. A segunda determina a obrigatoriedade da anuência prévia da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, para a importação ou exportação de rejeitos radioativos(SCHNEIDER et al., 2004).

A Resolução n° 283/2001 do CONAMA aprimorou a Resolução n° 05/1993, dispôs sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos de serviços de saúde, modificou o termo plano de gerenciamento de resíduos da saúde para plano de gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde (PGRSS), impôs responsabilidades aos estabelecimentos a fim de implementar o PGRSS e definiu os procedimentos gerais para o manejo dos resíduos a serem adotados na elaboração do plano (CALEGARE, 2007).

Segundo o mesmo autor, a ANVISA publicou a Resolução n° 33 em 2003, que dispõe sobre o regulamento técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, gerando polêmica devido as suas contradições. Com isso, essa Resolução foi revogada e entrou em vigor a Resolução n° 306 em 2004 da própria ANVISA.

Nesta nova Resolução nº 306 de 2004, foi sugerida uma nova forma de gerenciar os resíduos gerados em serviços de saúde, trazendo novas exigências para todas as etapas distintas, a começar de sua classificação, alem de classificar os RSS em cinco grupos. Ainda esta Resolução, recomenda que todo estabelecimento tenha um profissional com registro no conselho de classe, para que seja o gerente de resíduos, responsável pelo gerenciamento dos RSS da instituição, bem com pela elaboração do plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde (SILVA, 2008).

Esta RDC considera que o gerenciamentos dos RSS é um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos, proporcionando tratamento e destinação adequada aos RSS, além, de visar a proteção aos trabalhadores, a preservação da saúde pública do meio ambiente (BRASIL, 2004).

Em 29 de abril de 2005 Conselho Nacional do Meio Ambiente, publicou a Resolução nº. 358 em substituição à Resolução nº. 283/01, corroborando com a atual RDC nº. 306/04, da ANVISA. Esta Resolução define o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde como sendo um documento integrante do processo de licenciamento ambiental, devendo ser elaborado com base nos princípios da não – geração e minimização dos resíduos (TRAMONTINI, 2009).

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Esta mesma Resolução indica que a responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos desde a geração até a disposição final é dos geradores, mesmo que o serviço seja realizado por terceiros.

No Estado do Rio Grande do Sul, são as Leis n° 9.921, de 27/07/1993, posteriormente regulamentadas pelos Decretos n° 38.356, de 01/04/1998, e n° 10.099, de 07/02/1994, que dispõem sobre os resíduos sólidos. A primeira aborda a gestão de todos os resíduos sólidos, enquanto que a segunda é mais específica, enfocando os provenientes dos serviços de saúde.

A relação dessa é semelhante à Resolução n° 05, de 05/08/1993, do CONAMA, diferenciando-se pelo fato de abordar os aspectos referentes às penalidades e sanções aplicadas ao não cumprimento dos critérios estabelecidos (CALEGARE,2007).

Com base da história da construção da legislação ambiental no Brasil atual, apresenta-se no Quadro 5, uma sínteapresenta-se de acontecimentos, dentro de uma perceptiva temporal, e um resumo dos principais acontecimentos ligados a ela.

Quadro 5: Síntese dos acontecimentos, na construção da Legislação Ambiental referente aos RSS.

DATA ACONTECIMENTO DISPOSIÇÃO

1954 Publicação da primeira lei brasileira a tratar de resíduos sólidos – Lei Federal de nº. 2.312.

Em seu artigo 12 “a coleta, o transporte, e o destino final do lixo, deverão processar-se em condições que não tragam inconvenientes á saúde e ao bem estar públicos” (BRASIL, 1954). Esta diretriz foi reafirmada, em 1961 na publicação do Código Nacional de Saúde – Decreto 49.974-A, em seu artigo 40.

1977 Lei nº. 6437 Configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções respectivas e dá outras providências. 1979 Ministério do Interior

baixou a Portaria MINTER nº. 53

Dispõe sobre o controle dos resíduos sólidos, provenientes de todas as atividades humanas, como forma de prevenir a poluição do solo, do ar e das águas. Estabelece que os resíduos sólidos de natureza tóxica, bem como os que contêm substâncias inflamáveis, corrosivas, explosivas radioativas e outras consideradas prejudiciais, devem sofrer tratamento ou acondicionamento adequado, no próprio local de geração e nas condições estabelecidas pelo órgão

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estadual de controle da poluição e de preservação ambiental. 1981 A Lei nº. 6.938 estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente

- Dispõe no artigo 2º, no item I, que é responsabilidade do Poder Público, a manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. E no artigo 10, que a construção instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – SISNAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.

- Introduziu o princípio do “poluidor pagador”

- Determinou a criação do Conselho Nacional de Meio Ambiente.

1990 Sancionamento da Lei Federal nº. 8.080

Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, que regulamentou o artigo 200 da Constituição Federal de 1988, conferindo ao Sistema Único de Saúde (SUS), além da promoção da saúde da população, dentre outros, a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico e proteção do meio ambiente.

1991 Resolução CONAMA nº. 6, de 19/09/1991

Desobriga a incineração ou qualquer outro tratamento de queima dos resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos, ressalvados os casos previstos em lei e acordos internacionais.

1993 Aprovação da Resolução CONAMA nº. 5

Dispõe sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos, aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários. Os resíduos de

Referências

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