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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Academic year: 2021

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Registro: 2016.0000900085 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus nº 2180523-17.2016.8.26.0000, da Comarca de Carapicuíba, em que é paciente EVERALDO FRANCISCO DA SILVA, Impetrantes ANTONIO CELSO GALDINO FRAGA, ANTONIO TITO COSTA, MARCO ANTONIO OLIVEIRA ROCHA DA SILVA JUNIOR e JOÃO MARCOS VILELA LEITE.

ACORDAM, em 5ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça

de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "POR MAIORIA DE VOTOS, CONCEDERAM PARCIALMENTE A ORDEM, COM IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES, NA FORMA DO ARTIGO 319, DO CPP. VENCIDO O E. RELATOR SORTEAD, QUE A DENEGAVA. ACÓRDÃO COM E. 2º JUIZ. DECLARA O RELATOR SORTEADO. EXPEÇA-SE ALVARÁ DE SOLTURA.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores SÉRGIO RIBAS (Presidente sem voto), PINHEIRO FRANCO, vencedor, MAURICIO HENRIQUE GUIMARÃES PEREIRA FILHO, vencido e TRISTÃO RIBEIRO.

São Paulo, 1º de dezembro de 2016.

Pinheiro Franco RELATOR DESIGNADO

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Habeas Corpus nº 2180523-17.2016.8.26.0000 – Carapicuíba Impetrante : Antonio Celso Galdino Fraga e outros

Paciente : Everaldo Francisco da Silva

Impetrado : MM. Juíza da 1ª Vara Criminal da Comarca

Voto nº : 33.415

O Advogado Antonio Celso Galdino Fraga impetra a presente ordem de HABEAS CORPUS em favor de EVERALDO FRANCISCO DA SILVA, sob a alegação de estar ele sofrendo constrangimento ilegal por ato da MMa. Juíza da 1ª Vara Criminal da Comarca de Carapicuíba.

A impetração volta-se contra o decreto de prisão preventiva expedido pelo juízo de primeiro grau. O argumento está, em síntese, na ausência das hipóteses previstas no artigo 312, do Código de Processo Penal, bem como na ausência de fundamentação, pormenorizada, da real necessidade da segregação. Afirma o impetrante que a atuação do Ministério Público tem viés político e busca, por via transversa, solapar a candidatura do paciente no próximo pleito eleitoral. Aduz que a autoridade coatora não se debruçou sobre a possibilidade de aplicação de medidas cautelares diversas da prisão, afirmando, de maneira genérica, serem elas inadequadas e insuficientes. Afirma também que as condições pessoais dos acusados não foram analisadas. Destaca que o paciente possui residência fixa, é primário e ostenta bons antecedentes, nada havendo que o desabone,

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de modo que sua custódia se mostra desnecessária e ilegal. Salienta que os crimes imputados não foram praticados com violência ou grave ameaça. Ressalta que os fatos apontados na decisão, no tocante à coação à testemunha protegida, formatação de computadores e destruição de documentos em nada se relacionam ao paciente. Argumenta, ainda, que a conduta imputada na denúncia foi indevidamente classificada como organização criminosa, quando na verdade caracteriza o crime de formação de quadrilha ou bando, não revogado. Busca a revogação da prisão preventiva.

Liminar negada (páginas 118/123).

A denúncia relata, em apertada síntese, que o paciente integra organização criminosa voltada à obtenção de vantagem de natureza eleitoral, materializada através da prática de crimes de prevaricação e falsidade ideológica na realização de processos seletivos fraudulentos para a contratação de pessoal pela Prefeitura de Carapicuíba.

Segundo a inicial, visando à colocação de pessoas previamente indicadas dentro da Administração Pública municipal, com objetivo de satisfazer interesses pessoais eleitorais, os denunciados Elaine e EVERALDO ajustaram-se com os vereadores Carlos Japonês, Elias Cassundé, Jefferson Macêdo, Nene Crepaldi e Paulo Xavier, bem como com Isac Reis (Deputado Estadual e depois Secretário Municipal), em verdadeira organização criminosa. A inicial prossegue, dizendo que Elaine e EVERALDO passaram a receber as indicações dos vereadores e de Isac Reis, anotando que os indicados eram ex-assessores ou outras pessoas com ligações políticas, como candidatos a vereador não eleitos nas eleições de 2012, mas que auxiliaram na formação do coeficiente partidário. Com as indicações, os integrantes da organização criminosa tinham a expectativa de receber votos

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nas eleições de 2016, de modo a continuarem na esfera pública recebendo rendimentos e mantendo seu poder político na cidade.

A acusação imputa ao paciente a prática do crime previsto no artigo 2º, §§ 3º e 4º, inciso II, da Lei n.º 12.850/13, bem como dos crimes previstos no artigo 319, c.c. o artigo 327, § 2º (por 6 vezes) e no artigo 299, parágrafo único (por 1.088 vezes), todos do Código Penal.

Os fatos são de absoluta gravidade, não se tem dúvida. O paciente EVERALDO responde por crimes de organização criminosa, prevaricação e falsidade ideológica, a partir de denúncia fundamentada, segundo a qual membros do Poder Executivo e Legislativo do Município, além de servidora da municipalidade, organizaram-se para distribuição ilegal de cargos na administração, envolvendo condutas de prevaricação e falsidade, tudo para afrontar norma constitucional que obriga a submissão do cidadão a concurso público.

A conduta praticada, por ora em tese, envolve, inclusive, ofensa ao princípio democrático, de cunho constitucional, na medida em que o objetivo, ao que tudo indica e isso a prova irá aclarar era a captação indireta de votos por intermédio do aparelhamento da máquina pública, levado a cabo através de afronta à regra do concurso público, insisto.

O que se examina, no caso concreto, em relação a EVERALDO, é a necessidade da custódia.

A Douta Magistrada, em decisão fundamentada, vislumbra que a prisão preventiva pode ser decretada para garantia da ordem pública, conveniência da instrução penal e para assegurar a aplicação da lei penal.

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Não se discute que os fatos são de gravidade ímpar, insisto. Está claro nos autos. E não se discute que a apuração deve ser plena e célere. Mas não vislumbrei, na qualificação da decisão nesse momento, sempre com o devido respeito do entendimento do E. Relator sorteado, a necessidade da custódia, sem prejuízo da questão ser reexaminada a qualquer tempo havendo fato novo.

É preciso observar, de início, que o decreto de custódia, ainda que suscintamente, deve particularizar a conduta do réu e demonstrar que ele, em liberdade, pode voltar a delinquir ou destruir provas. Busca resguardar, ainda, a credibilidade da Justiça, mercê do abalo social.

Pois bem.

No caso presente, o decreto de prisão ressalta que o abalo decorreu, essencialmente, de manifestação patrocinada por aproximadamente 500 pessoas contra a ação do Ministério Público. Mas ressalta que tais pessoas eram justamente aquelas beneficiadas pelas contratações ilegais, pelos beneficiários dos atos ditos criminosos, de sorte que não há, sob esse prisma, falar em abalo, sequer extraordinário. O abalo que gera repercussão e admite a providência excepcional é o decorrente da indignação do cidadão de bem, não daquele beneficiado pelo ato imoral e ilegal. E ainda que a sociedade de bem possa, em algum momento, ter manifestado sua natural indignação em face das condutas examinadas, é preciso consignar que os atos ditos delituosos são apurados em ações civis e penais, seríssimas e que podem gerar efeitos graves para os réus. Daí porque não me impressionou o propalado abalo social.

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De outra parte, o volume de condutas, de ações, impressiona efetivamente. Mas haverá sempre a necessidade da prova ser depurada na instrução, lembrando-se, uma vez mais, que o Ministério Público também tem adotado providências judiciais (ações civis) voltadas a excluir dos quadros municipais aqueles nomeados fora dos limites da lei.

A custódia também foi decretada para conveniência da instrução criminal. Busca-se, aqui, impedir que o réu influencie a colheita da prova. E não há nos autos, salvo quanto ao corréu Jefferson, indicação que o paciente, em liberdade, possa alterar provas ou ameaçar testemunhas. A decisão não alinhou qualquer fato concreto em relação ao paciente. E a sociedade pode ser acautelada, outrossim, mediante a imposição de outra medida. É preciso anotar, de resto, que a destruição de provas, inclusive com a formatação de computadores, ao que parece real, já ocorreu, de sorte que não há mais o que assegurar. A prova já foi colhida e justificou a instauração da ação penal tratada nos autos.

Por fim, não se vê em que medida a aplicação da lei penal esteja em risco, porque não se tem elementos indicando a possibilidade de ofensa à efetividade do processo penal acaso julgada procedente a ação. Mas, de qualquer forma, há ainda medida assecuratória para tanto, de natureza diversa.

Não vislumbrei, sempre com a devida vênia, na qualificação dos fatos, insisto, e atento às sólidas ponderações da E. Magistrada, a necessidade da custódia do paciente no momento, ainda que reconheça, às claras, a seriedade do caso e a existência de indícios fortes de autoria, a permitir o desenvolvimento da ação penal, fundado em denúncia muito bem deduzida.

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Não se está dizendo que a D. Magistrada, por outro lado, não tem razão nas afirmações sérias que faz. O que se está afirmando é que, no momento, e para o paciente, a liberdade não trará reflexo negativo à ação penal, à sociedade e, ao final e se caso, à sua responsabilização. E se houver reflexo negativo no curso da ação penal, a medida poderá e deverá ser reexaminada a qualquer tempo, segundo elementos novos.

Observo que o paciente é primário e não tem antecedentes.

Portanto, não vislumbrando presentes os requisitos do artigo 312, do Código de Processo Penal, revogo a ordem de prisão, substituindo-a, contudo, por medidas cautelares de outra natureza, estas absolutamente necessárias, na forma do artigo 319 do mesmo Diploma legal:

a) Comparecimento mensal em Juízo, dando conta de sua atividade; b) Proibição de acesso ou frequência a qualquer prédio do município de

Carapicuíba, seja do Poder Executivo local, seja do Legislativo local; c) Suspensão do exercício de função pública ligada ao Município,

pretérita (Poderes Executivo e Legislativo), e vedação de exercício em novas funções públicas até o trânsito em julgado da sentença criminal, já que o paciente, em tese, se valeu dessas funções para a prática dos crimes imputados;

d) Proibição de manter contato com as testemunhas arroladas e servidores municipais do executivo local e do legislativo;

e) Proibição de ausentar-se da Comarca, entregando em cartório, seu passaporte, em 24 horas, oficiando-se à Polícia Federal para registro da vedação;

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f) Recolhimento domiciliar no período noturno entre 19 horas e 6 horas.

Meu voto, pois CONCEDE PARCIALMENTE A ORDEM, revogando a prisão preventiva e impondo as medidas cautelares acima especificadas, sem prejuízo da adoção de outras, pela D. Magistrada, havendo necessidade, e do reexame do tema havendo fato novo relevante ou descumprimento das medidas. Expeça-se ALVARÁ DE SOLTURA clausulado.

PINHEIRO FRANCO Relator Designado

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