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MINISTÉRIO PÚBLICO Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor - DECON

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Processo Administrativo nº 0560/2013 1

MINISTÉRIO PÚBLICO

Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor - DECON

Processo Administrativo

Auto de Infração n° 0560/2013

Autuado: LOJAS INSINUANTE LTDA

Decisão Administrativa:

Relatório:

LOJAS INSINUANTE LTDA, pessoa jurídica inscrita no CNPJ nº

16.182.834/0207-16, estabelecido à Av. Professor Gomes de Matos, n° 725, Fundos

Rua Pacatuba, 86B, bairro Jardim América, no Município de Fortaleza/CE, foi

autuada pela fiscalização do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor –

DECON por infringir os arts. 6, III e IV, 31 e 39, incisos I, III e IV, da Lei Federal nº

8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor).

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ao consumidor, sem o seu conhecimento e sem solicitação prévia, serviços que constam

nas cópias em anexo (fls. 04/55), quais sejam: títulos de capitalização, onde não há o

número a ser sorteado, seguro de morte acidental, garantia estendida e curso online no

sitio eletrônico www.crescabrasil.com.br.

Ademais, consta nos autos do processo, fls. 04/56, inúmeras reclamações

de consumidores formalizadas junto a este Órgão, como a Senhora Maria Aurineide de

Abreu Castelo Branco, Maria Eleriza Barbosa da Silva (maior de sessenta anos), Vera

Lúcia Luz Gonçalves, o que, a partir das citadas reclamações, foi determinado pela

Secretaria Executiva uma fiscalização com o fito de averiguar as referidas

irregularidades.

Desta forma, foi realizada a fiscalização, a qual constatou as

irregularidades apresentadas pelos consumidores junto a este Órgão.

Notificada para os fins do art. 42 do Decreto nº 2181, de 20 de Março de

1997 (Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC) e do art. 21 da Lei

Complementar Estadual nº 30, de 26 de julho de 2002, como se vê no auto de infração,

a empresa não se manifestou, tendo transcorrido o prazo legal para tanto, conforme

certidão anexa às fls. 57 dos autos.

É o relatório. Segue decisão.

Fundamentação:

Inicialmente, ressaltamos que a Lei Estadual Complementar n° 30, de 26

de julho de 2002, publicada no Diário Oficial do Estado do Ceará em 02 de fevereiro de

2002, criou o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor - DECON, nos

termos previstos na Constituição do Estado do Ceará, e estabelecera as normas gerais do

exercício do Poder de Polícia e de Aplicação das Sanções Administrativas previstas na

Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990, como dispõe seu art. 14, que diz:

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de 1990, Decreto nº 2.181 de 1997 e das demais normas de defesa do consumidor, constitui prática infrativa e sujeita o fornecedor às penalidades da Lei 8.078/90, que poderão ser aplicadas pelo Secretário - Executivo, isolada ou cumulativamente, inclusive de forma cautelar, antecedente ou incidente a processo administrativo, sem prejuízo das de natureza cível, penal e das definidas em normas específicas”

(grifos nossos)

A imputação atribuída à parte autuada por ocasião do auto de infração, de

fornecer serviços não solicitados com o fito de obter vantagem indevida, tipifica a

conduta prevista no art. 6º, incisos III e IV, da Lei n° 8.078/90 (Código de Defesa do

Consumidor - CDC), tendo em vista que a venda do produto casada com os serviços de

garantia estendia, curso online ou sorteios - não solicitados pelos consumidores - fora

prestado de forma inadequada e sem a devida clareza com relação ao preço e à

informação do produto ofertado, bem como caracteriza um método comercial desleal.

O art. 6º do Código de Defesa do Consumidor elenca os direitos básicos

do consumidor, estabelecendo nos incisos III e IV as condutas praticadas pela

reclamada, veja-se:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor: [...]

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas impostas no fornecimento de produtos e serviços;

[...]

CDC - (grifos nossos)

Outrossim, complementando o disposto no artigo anteriormente citado,

estabelece o art. 31 do mesmo diploma legal a importância da informação adequada e

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clara ao consumidor quando na oferta de produtos e serviços, senão vejamos:

Art. 31 - A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidades, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

A falta de informação adequada é uma das infrações que mais se repetem

nos autuados pelo Setor de Fiscalização deste Órgão. É de pleno conhecimento deste

Órgão que o estabelecimento comercial LOJAS INSINUANTE LTDA tem reiterado

número de reclamações, conforme se verifica nos autos do presente procedimento

administrativo (fls. 04/56), no que se diz respeito à venda casada e ao fornecimento de

produtos e/ou serviços ao consumidor sem a sua solicitação prévia. Muitos dos

consumidores, desavisados, acabam por aderir a serviços e planos sem que tenham

sequer conhecimento de suas existências, não anuindo com a contratação dos

referidos serviços e tampouco necessitando deles.

No que se diz respeito às práticas comerciais, o art. 39 do Código de

Defesa do Consumidor elenca, em um rol exemplificativo, as práticas abusivas vedadas

ao fornecedor de produtos ou de serviços, vejamos:

Art. 39 – É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:

I – Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;

[…]

III – enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;

IV – prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

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liberdade de escolha do consumidor quanto ao que ele deseja consumir, vedando a

prática denominada venda casada.

Geraldo Magela Alves, em seu livro Código do Consumidor na teoria e

na prática, tece algumas considerações sobre o preceito acima citado:

“Quer-se evitar que o consumidor, para ter acesso ao

produto ou serviço que efetivamente deseja, tenha de arcar com um ônus de adquirir outro, não de sua eleição, mas imposto pelo fornecedor como condição à usufruição do desejado.”1

Assim, a venda casada é a prática que os fornecedores têm de impor, na

venda de algum produto ou serviço, a aquisição de outro não necessariamente desejado

pelo consumidor. Portanto, resta claro que, no caso em comento, a autuada realizou

a venda casada, na medida em que impôs ao consumidor o fornecimento de

serviços, como garantia estendida, seguros, cursos “online” e títulos de

capitalização no momento de aquisição dos produtos desejados pelo consumidor e,

o que é pior, impôs de forma maliciosa, sem o consentimento e anuência dos

clientes com o escopo de obter vantagens indevidas.

Muitos dos incautos consumidores são idosos, situação que agrava ainda

mais o presente caso, tendo em vista os citados consumidores se apresentam mais

vulneráveis na relação de consumo. A título de exemplo citamos o caso da cliente Maria

Eleriza Barbosa da Silva (maior de 60 anos), em que a autuada acresceu ao preço do

produto o valor de outros serviços que não haviam sido solicitados e nem conhecidos

previamente pela cliente, como a garantia estendida, conforme fls. 28/34, o que acabou

por onerar ainda mais o valor final do bem adquirido, restando firme a convicção de que

a empresa demandada, diante da oportunidade, aproveitou-se da consumidora idosa.

Ademais, nos autos constam, como exemplo, às fls. 22/27, toda a

documentação entregue ao consumidor Antônio Marcílio das Chagas Vitalício. Às fls.

22/23, consta o valor do produto, que podemos ver tratar-se da importância de R$

448,99 (quatrocentos e quarenta e oito reais e noventa e nove centavos), porém, nas

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páginas seguintes, constam contrato de garantia estendida e título de capitalização não

solicitados pelo cliente, bem como o referido consumidor não recebeu a nota fiscal

do produto, o que demonstra a clara intenção da autuada em obter lucro através

de práticas ilícitas, caracterizando vantagens indevidas. Nas outras reclamações,

além dos já citados contratos, consta também um suposto curso on-line.

Importante frisar também que inúmeros consumidores do Estado do

Ceará são prejudicados com a citada prática, haja visto que muitos contratam os

referidos serviços sem terem solicitados previamente e sem conhecimento algum acerca

deles, bem como não percebem o que estão contratando, pois alguns desses contratos

possuem um pequeno valor, fazendo com que os consumidores não formalizem

reclamações, buscando os seus direitos, acarretando o enriquecimento ilícito da autuada.

Alguns serviços possuem o preço bem módico, que, diluído nas prestações fica quase

imperceptível para o consumidor. Porém, se levarmos em consideração a quantidade

de clientes que as 20 (vinte) lojas da autuada no Estado do Ceará (fls. 60) atende

diariamente, tem-se que o valor indevido arrecadado pela INSINUANTE com a

referida prática é imensurável.

Para tornar mais evidente a prática abusiva que a reclamada vem

realizando, cumpre-nos o dever de tecer algumas considerações acerca dos serviços

impostos sem solicitação prévia e sem conhecimento dos consumidores, como títulos

de capitalização, garantia estendida e cursos online.

Título de capitalização é um produto em que parte dos pagamentos

realizados pelo subscritor é usado para formar um capital, segundo cláusulas e regras

aprovadas e mencionadas no próprio título e que será pago em moeda corrente num

prazo máximo estabelecido, ou seja, é um título de crédito comercializado por empresas

de capitalização, com o objetivo de formação de uma aplicação, mas também com um

caráter lotérico, de sorteio de prêmios de capitalização.

Desta forma, no Brasil, para trabalhar com títulos de capitalização, a

empresa deve ter registro na SUSEP (Superintendência de Seguros Privados),

Órgão que normatiza e fiscaliza o setor, sendo referida atividade regulamentada

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pelo Decreto-Lei nº 261, de 28 de fevereiro 1967.

O seguro denominado de garantia estendida tem como objetivo

fornecer ao segurado a extensão e/ou complementação da garantia original de fábrica,

estabelecida no contrato de compra e venda de bens de consumo duráveis, ou seja, ao

contratar, o segurado de Garantia Estendida estará aumentando o prazo de garantia

concedido pelo fabricante, ou complementando as garantias oferecidas, existindo quatro

modalidades da garantia estendida: “original”, “original ampliada”, “diferenciada” e

“complementar”.

Dessa forma, no contrato de seguro de garantia estendida deve ser

informado clara e precisamente ao consumidor, por intermédio de um corretor e não

pelo vendedor do estipulante (varejista), qual a modalidade que ele está adquirindo e

apresentar todas as cláusulas contratuais, como risco assegurado, valor do prêmio,

obrigações das partes, entre outras, bem como somente empresas registradas na SUSEP

podem fornecer o seguro de garantia estendida.

Assim, é importante destacar as palavras do ilustre Promotor de Justiça,

Coordenador do Procon Minas Gerais, Amauri Artimos da Matta, na investigação

preliminar nº 0024.12.010724-8, pág. 4 e 5, nas quais afirma que o seguro de garantia

estendida:

“É contratado pelo fornecedor de produtos e uma

seguradora, por meio de apólice coletiva, para oferta futura aos segurados. Essa adesão, segundo a norma reguladora, pode ocorrer no ato da aquisição do produto ou em data posterior, mas durante a vigência da garantia de fábrica. Na prática de mercado, a oferta é feita no momento da compra do produto. O prêmio é pago pelo consumidor ao revendedor, que o repassa à seguradora (forma contributária), para que a proposta seja aceita. Mas a norma reguladora admite, também, a forma não contributária, em que o estipulante paga o preço para o segurado, isentando-o desta obrigação. A remuneração do estipulante pela venda dos seguros é acordada em contrato específico, firmado com a seguradora.”

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Com efeito, o varejista (estipulante) tem diversos deveres com o

consumidor (segurado), como apresentar proposta de adesão à apólice coletiva, com

cláusula na qual o proponente declara ter conhecimento prévio da íntegra das condições

gerais, para sua assinatura; discriminar, nos documentos relativos aos pagamentos dos

segurados, de forma expressa, o prêmio do seguro, o nome da seguradora e a

informação, em destaque, de que o não pagamento do prêmio poderá ocasionar o

cancelamento do seguro; fornecer ao segurado, sempre que solicitado, quaisquer

informações relativas ao contrato de seguro.

A seguradora também tem obrigações em face do segurado,

destacando-se, dentre eles, fazer constar, do certificado individual e da proposta de adesão, na

hipótese de pagamento de qualquer remuneração ao estipulante (varejista), o seu

percentual e valor, devendo o segurado ser informado sobre os valores monetários

deste pagamento sempre que nele houver qualquer alteração.

Ademais, em análise da Lei nº 4.594, de 29 de dezembro de 1964, para

que o contrato de seguro de garantia estendida seja válido, é necessária a presença de

um corretor ou de uma empresa corretora de seguro no momento em que o consumidor

(segurado) for assinar a proposta de adesão, com o objetivo de orientá-lo e informá-lo

de todas as cláusulas contratuais, não devendo, referido mister, ser realizado pelo

vendedor do varejista (estipulante), conforme explica o citado Promotor de Justiça

Amauri Artimos da Matta, veja-se:

“Neste sentido, concluo que as corretoras de seguros

listadas acima, na medida em que intermediaram contratos coletivos de seguro, e não deram a devida assistência aos segurados, na fase de adesão à apólice coletiva e nas seguintes, deixaram de cumprir as suas obrigações legais e lesaram os direitos dos consumidores.”

Resta evidente assim que a venda da garantia estendida não pode ser

realizada pelo vendedor do varejista (estipulante), devendo, necessariamente, ter a

presença de um corretor ou de uma empresa corretora com o fito de esclarecer ao

consumidor (segurado) todas as cláusulas contratuais, no momento da adesão, para que

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o referido seguro possua validade.

Quanto

aos

cursos

online,

prestado

pelo

sitio

eletrônico

www.crescabrasil.com.br, não há nenhuma irregularidade a empresa autuada oferecê-los aos

consumidores, no entanto deve apresentá-los de forma clara e precisa, com

solicitação prévia e anuência dos clientes, o que a reclamada não o fez, conforme se

depreende dos autos.

Em referência ao Título de capitalização e ao seguro de garantia

estendida, nota-se que, quanto ao primeiro, em análise às propostas de adesão das fls.

14, 26, 41, 52 e 53, a empresa autuada possivelmente não possui registro na SUSEP,

haja visto que não consta nas referidas propostas nenhum número de registro na SUSEP

da autuada, não podendo teoricamente, dessa forma, trabalhar com o referido serviço.

Já, em relação à garantia estendida, constata-se dos contratos de fls. 13, 20, 25, 33, 40 e

49, que a autuada não informa ao consumidor qual a modalidade de garantia estendida

que o mesmo está adquirindo, as cláusulas contratuais, bem como também não consta o

número do registro da autuada na SUSEP, o que acarreta a nulidade do seguro, tendo

em vista que somente empresas cadastradas na referida entidade reguladora podem

prestar o presente serviço.

Ademais, as seguradoras pagam uma remuneração ao estipulante, sem

informar ao consumidor segurado o valor da referida remuneração, baseada no número

de seguros vendidos, o que, por se só, incentiva demasiadamente a prática abusiva da

venda casada pelos comerciantes varejistas.

Além disso, a imposição do seguro pela autuada, sem solicitação

prévia e anuência do consumidor, bem como sem um corretor presente no

momento da assinatura, caracteriza a venda casada, o que, como já foi

fundamentado, é vedado pelo Código de Defesa do Consumidor (art. 39, I),

acarretando a sua nulidade, com a restituição dos valores pagos em dobro,

conforme o parágrafo único do art. 42 do CDC e corroborado por decisões judicias

de diversos tribunais, vejamos:

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Art. 42. […]

Parágrafo Único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

TRF-1 - AGRAVO REGIMENTAL NA APELAÇÃO CIVEL : AGRAC 20876 MG 0020876-81.2005.4.01.3800 – Relator(a): DESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA – Julgamento: 08/05/2013 - Órgão Julgador: QUINTA TURMA – Publicação: e-DJF1 p.302 de 15/05/2013.

PROCESSUAL CIVIL. SFH. AGRAVO REGIMENTAL.

SEGURO HABITACIONAL OBRIGATÓRIO.

CONTRATAÇÃO DA SEGURADORA. VENDA CASADA. VEDAÇÃO.

1. A questão da contratação da seguradora foi decidida, monocraticamente, com respaldo em precedente do Superior Tribunal de Justiça, tomado no julgamento de recurso especial submetido ao regime do art. 543-C do CPC, segundo o qual "não há obrigatoriedade de que o mutuário contrate o referido seguro diretamente com o agente financeiro, ou por seguradora indicada por este, exigência esta que configura 'venda casada', vedada pelo art. 39, inciso I do CDC".(RESP 969129/MG).

2. Agravo regimental a que se nega provimento.

TJ-RS - Recurso Cível : 71003683042 RS – Relator(a): Eduardo Kraemer – Julgamento: 29/11/2012 – Órgão Julgador: Terceira Turma Recursal Cível.

CONTRATO DE EMPRÉSTIMO. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO. NULIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL. CONTRATAÇÃO DE SEGURO. VENDA CASADA.

1. A contratação do seguro se traduz em venda casada, o que é vedado pelo Código de Defesa do Consumidor, e acarreta a sua nulidade, com a restituição dos valores pagos. 3. Danos morais inocorrentes. Ausência de demonstração de violação a atributo da personalidade. Indenização afastada. RECURSO

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PARCIALMENTE PROVIDO. (Recurso Cível Nº 71003683042, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Eduardo Kraemer, Julgado...

A empresa autuada não apresentou defesa administrativa, o que

mostra a desídia da mesma em relação a prática constatada pela fiscalização do

Órgão e o desrespeito aos consumidores cearenses, consubstanciado na quantidade

de reclamações formalizadas junto a este Órgão, o que nos leva a crer na

veracidade de todos os fatos narrados pelo referido fiscal no auto de infração.

Dúvida não há, que a parte autuada transgrediu os arts. 6, III e IV, 31 e

39, I, III e IV da Lei n° 8.078 de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do

Consumidor – CDC).

Com efeito, as sanções administrativas previstas para as praticas

infrativas contra o consumidor estão determinadas no art. 56 da Lei n° 8.078/90 (Código

de Defesa do Consumidor – CDC) e no art. 18 do Decreto nº 2181, de 20 de Março de

1997 (Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC), entre elas a pena de

multa.

Dentre as sanções administrativas previstas no art. 56, está a interdição total

ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade. Tal medida deve ser aplicada

no caso em questão em razão das consequências danosas trazidas à coletividade de

consumidores pelo fornecimento de produtos ou serviços sem a previa solicitação,

bem como pela vantagem econômica indevida auferida pela empresa ora autuada

com a citada prática, configurando-se um enriquecimento ilícito da mesma, além

de estar caracterizada a reincidência da autuada, conforme certidão de fls. 58 É

necessário destacar também que, segundo o parágrafo único do artigo em comento,“as

sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito

de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida

cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo.”

A pena de multa deverá ser graduada de acordo com a gravidade da

infração, a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor, em montante não

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inferior a duzentas e não superior a três milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de

Referência (Ufir), como dispõe o art. 57, parágrafo único da Lei n° 8.078/90 (Código de

Defesa do Consumidor – CDC); levando-se também em conta as circunstancias

atenuantes e agravantes, além dos antecedentes do infrator, nos termos dos arts. 24 a 28

do Decreto nº 2181, de 20 de Março de 1997 (Sistema Nacional de Defesa do

Consumidor – SNDC).

As circunstâncias atenuantes estão previstas no artigo 25 do Decreto nº

2181. São elas: a ação do infrator não ter sido fundamental para a consecução do fato;

ser o infrator primário e ter o infrator adotado as providências pertinentes para

minimizar ou de imediato reparar os efeitos do ato lesivo.

As circunstâncias agravantes estão previstas no artigo 26 deste mesmo

decreto, que assim dispõe: I - ser o infrator reincidente; II - ter o infrator,

comprovadamente, cometido a prática infrativa para obter vantagens indevidas; III -

trazer a prática infrativa consequências danosas à saúde ou à segurança do consumidor;

IV - deixar o infrator, tendo conhecimento do ato lesivo, de tomar as providências para

evitar ou mitigar suas consequências; V - ter o infrator agido com dolo; VI - ocasionar

a prática infrativa dano coletivo ou ter caráter repetitivo; VII - ter a prática infrativa

ocorrido em detrimento de menor de dezoito ou maior de sessenta anos ou de pessoas

portadoras de deficiência física, mental ou sensorial, interditadas ou não; VIII -

dissimular-se a natureza ilícita do ato ou atividade; IX - ser a conduta infrativa praticada

aproveitando-se o infrator de grave crise econômica ou da condição cultural, social ou

econômica da vítima, ou, ainda, por ocasião de calamidade.

Fixa-se, a priori, a multa em 30.000 (trinta mil) UFIRCE, em virtude da

gravidade da infração cometida pela autuada. Existem nos autos informações quanto aos

antecedentes da parte infratora, conforme certidão de fls. 58/59, tratando-se de

reincidência, circunstância agravante, o que nos leva a aumentar a pena base em 1/3 (um

terço), ficando no valor de 40.000 (quarenta mil) UFIRCE; contudo, há a caracterização

de mais quatro agravantes, pois a infração traz consequências à coletividade por ser

repetitiva; ter o infrator cometido a prática infrativa para obter vantagens indevidas; ter

a prática infrativa ocorrido em detrimento de maior de sessenta anos (fls. 28/34); bem

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como deixar o infrator, tendo conhecimento do ato lesivo, de tomar as providências para

evitar ou mitigar suas consequências, tendo em vista que a autuada não apresentou

defesa administrativa, com o objetivo de impugnar os fatos constatados pela

fiscalização, o que nos leva a duplicar a pena, totalizando o valor 80.000 (oitenta mil)

UFIRCE. Acrescente-se a análise o porte econômico do fornecedor, que no caso em tela

parece ser de GRANDE PORTE, o que nos leva a aumentar a multa em 1/2 (um meio)

totalizando o valor da multa fixada em 120.000 (cento e vinte mil) UFIRCE.

Decisão:

Assim sendo, julgo subsistente o auto de infração, tendo em vista que

parte autuada infringiu arts. 6, III e IV, 31, 39, I, III e IV da Lei nº 8.078/90 (Código de

Defesa do Consumidor), aplicando -lhe a pena de multa de 120.000 (cento e vinte

mil) Ufir do Ceará , nos termos do art. 57, parágrafo único da Lei n° 8.078/90 e dos

arts. 24 a 28 do Decreto nº 2.181/97. Decreto ainda, a interdição total do

estabelecimento, nos termos do art. 56, inciso X, da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa

do Consumidor), tendo em vista a gravidade das infrações, bem como a reincidência da

empresa autuada.

Intime-se à parte autuada da presente decisão, através dos correios, nos

termos do art. 41 da Lei Estadual Complementar nº 30, de 26 de julho de 2002, para

efetuar seu recolhimento no prazo de 10 (dez) dias (Caixa Econômica Federal,

agência 919 - Aldeota, conta nº 23.291-8, operação 006), ou se pretender, ofereça

recurso administrativo, no mesmo prazo, contra a referida decisão, à Junta

Recursal do Programa Estadual de Proteção ao Consumidor – JURDECON, como

dispõe o art. 23 § 2º e art. 25, do mesmo diploma legal. O recolhimento da multa deverá

ter seu valor convertido em moeda nacional, com a atualização monetária

correspondente.

Determino ainda que, após o pagamento da respectiva multa administrativa,

o autuado, deve encaminhar-se ao Setor de Fiscalização deste Órgão, oportunidade em

que deverá entregar o comprovante ORIGINAL de pagamento, para dar

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Processo Administrativo nº 0560/2013 1

prosseguimento ao processo com a devida baixa no sistema.

Determino também que a presente decisão administrativa seja

encaminhada ao Setor de Fiscalização deste Órgão, com o objetivo de se realizar

fiscalização em todos os estabelecimentos comerciais das LOJAS INSINUANTE no

Município de Fortaleza-Ce e, caso seja constatada alguma irregularidade prevista nessa

decisão, deverá ser lavrado o respectivo auto de infração e aplicada a pena de interdição

cautelar do estabelecimento, conforme dispõe o parágrafo único do art. 56, da Lei 8.078,

de 11 de setembro de 1990.

Caso a empresa autuada não apresente recuso da decisão administrativa,

ou não apresente o comprovante de pagamento da multa aqui aplicada, ficará sujeito as

penalidades do artigo 29 da lei complementa nº 30 de 26.07.2002 (D.O 02.08.02).

Art. 29. Não sendo recolhido o valor da multa no prazo de trinta dias, será o débito inscrito em dívida ativa, para subseqüente cobrança executiva.

Informo ainda, que o valor atual da UFIR-Ce (Unidade Fiscal de

Referência do Ceará) corresponde a R$ 3,0407 (três reais e quatrocentos e sete

décimos milésimos de real).

Comunico, ademais, que foi enviado ofício a SUSEP (Superintendência

de Seguros Privados) com o fito de averiguar se a autuada possui ou não registro na

citada entidade, bem como foi enviado ofício a SENACON (SECRETARIA

NACIONAL DO CONSUMIDOR), para que se adote medidas em âmbito nacional em

face da prática realizada pela demandada.

Cumpra-se os expedientes necessários.

Fortaleza, 22 de outubro de 2013.

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Processo Administrativo nº 0560/2013 1 5 Promotora de Justiça

Secretária-Executiva

CERTIDÃO

Certifico para os devidos fins que foi expedido, nesta data, mandado de notificação

de Decisão Administrativa ao representante legal da empresa cuja razão social LOJAS

INSINUANTE LTDA, inscrita sob o CNPJ de nº 16.182.834/0207-16, a qual é parte

autuada no Processo Administrativo de nº 0560/2013. O referido é verdade. Dou fé.

Fortaleza, 22 de outubro de 2013.

Breno Colares Maia

Estagiário – Matricula 80040016

Secretaria Executiva

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