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Aula 01: PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS DO

CONDICIONAMENTO FÍSICO

Habilidades

- Elaborar e experimentar um ou mais programas de exercícios físicos.

- Analisar as relações entre a execução de práticas corporais, recuperação, repouso, alimentação e hidratação.

Introdução

Diversos autores vêm escrevendo, já há bastante tempo, sobre os princípios básicos ou princípios científicos do treinamento esportivo. O rol destes princípios é, portanto, bastante volumoso.

Os princípios de treinamento são o conjunto de diretrizes gerais, que apoiadas nas ciências biológicas, psicológicas e pedagógicas possibilitam ao treinador integra a implantação dos processos globais de treinamento, os métodos e o planejamento, assim com o controle sobre o conjunto do processo de treinamento.

Os princípios do treinamento são conceitos que estarão presente no planejamento dos conteúdos, porque regem a forma em que o organismo dos esportistas adapta-se à carga de treinamento.

Classificação dos Princípios de Treinamento

Os princípios clássicos do

treinamento esportivo são discutidos por vários autores conceituados. Observa-se na literatura esportiva uma variedade de termos advindos, sobretudo dos processos de tradução para o português. Procuramos abordar de forma clara e direta de classificar os principais princípios do treinamento. Os princípios de treinamento se classificam em três grupos, em função do caráter dos mesmos:

- Princípios Biológicos: Relacionados aos

processos de adaptação e da

supercompensação inerentes à aplicação de uma carga de treino.

- Princípios Pedagógicos: Relacionados aos processos ensino-aprendizagem durante o processo de treinamento

- Princípios Metodológicos: Relacionados a carga-recuperação-adaptação.

Princípios de Caráter Biológico

Os princípios biológicos do treino decorrem, dos fenômenos da adaptação e da supercompensação inerentes à aplicação de uma carga de treino.

Dentre os principais princípios do treinamento de caráter biológico, podemos citar: Princípio da Sobrecarga, Princípio da Adaptação, Princípio da Supercompensação, Princípio da Especificidade, Princípio da Reversibilidade, Princípio da Heterocronia.

Princípio da Sobrecarga

O exercício de treino só poderá provocar modificações no organismo dos atletas, melhorando a sua capacidade de desempenho, desde que seja executado numa duração e intensidade suficientes que provoquem uma ativação ótima dos mecanismos energéticos, musculares e mentais.

Implícita na própria noção de “adaptação de treino” está a ideia de que apenas estímulos que perturbem de uma maneira importante o equilíbrio metabólico ou de regulação de uma determinada função serão indutores do processo de reorganização interna conducente ao surgir de uma capacidade de resposta superior.

Deste modo, para que haja

desenvolvimento de capacidades, o músculo ou o sistema visados, terão que ser solicitados para níveis de atividade não habituais.

Uma carga de treino que procura efeitos máximos de adaptação terá que provocar perturbar o equilíbrio interno de um modo significativo, terá que constituir um fator de stress físico relevante. A ultrapassagem deste limiar criado pelas rotinas de treino será tanto mais difícil quanto mais evoluído for o estado de treino do atleta, daí a procura de cargas mais exigentes, pela sua quantidade, intensidade ou frequência, mas também pela sua especificidade e /ou carácter seletivo.

CE ARLINDO FERREIRA DE LUCENA

Prof. Esp. Leonardo Delgado

Aula 01 PRINCÍPIOS CONDICIONAMENTO FÍSICO – UNIDADE I Aluno:

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Assim, por exemplo, se a prescrição do treino da força para um determinado indivíduo for realizar 5 repetições máximas (5 repetições com o máximo de carga possível) e se, na realidade, o peso levantado já não corresponder a essa intensidade, mas possibilitar a realização de, por exemplo, 8 repetições, então os músculos não serão sujeitos a sobrecarga e os efeito do treino não serão os esperados, ou seja, poderá permitir a manutenção de aquisições anteriores, o que é uma estratégia de treino possível, em determinadas circunstâncias, mas falhará o alvo se a intenção for o desenvolvimento da força.

O mesmo se passará com o treina da resistência aeróbia. Para um atleta de fundo, treinar na zona do limiar anaeróbio é condição fundamental para aumentar a sua capacidade de desempenho a nível competitivo. Se as velocidades de corrida não acompanharem a evolução ocorrida nas adaptações aeróbias e neuromusculares provenientes das semanas anteriores de treino, as cargas tornar-se-ão irrelevantes para o fim em vista.

A noção de sobrecarga implica a adequação das cargas de treino a par e passo com a mutação constante da capacidade máxima do indivíduo, ou seja, leva à organização de uma progressão dos exercícios de treino no que diz respeito às componentes da carga, noção que será explicitada mais à frente (princípio metodológico da progressão das cargas de treino).

Compreender o princípio da

sobrecarga exige levar em consideração o fato de o processo de adaptação ao treino incidir e reorientar a dinâmica de renovação contínua das estruturas biológicas. O organismo está em constante deterioração e reparação.

Algumas células, como os eritrócitos, circulam no sangue durante aproximadamente 120 dias, sendo então removidos por macrófagos do sistema reticulo-endotelial (ou sistema mononuclear fagocitário). Outras células, como as fibras musculares, têm uma duração longa mas mantêm-se em constante regeneração endógena.

O estímulo de treino provoca danos específicos em alguns tecidos e provoca o desgaste das reservas celulares (substratos energéticos, água, sais minerais, etc.). Quando finalizamos uma sessão de treino e saímos do campo, da pista, ou da piscina, não estamos mais aptos mas mais fracos. O grau de debilidade relativa atingido depende da quantidade e da exigência do exercício. Após a sessão, no entanto, se for

proporcionado um tempo adequado de

recuperação, o organismo ajustar-se-á através do processo de supercompensação e preparar-se-á, deste modo, para o próximo estímulo ou conjunto de estímulos.

Existe um nível de carga óptimo, em cada situação, para cada atleta, que será aquele que melhor estimulará o organismo no sentido de obter as adaptações desejadas. A regra deverá ser de realizar o menor treino possível que permita atingir os objetivos em vista.

O treino não é, assim, um fim em si próprio mas um conjunto de procedimentos considerados necessários para elevar a capacidade de desempenho competitivo.

Um nível de carga excessivo é aquele que ultrapassa a capacidade de resposta do atleta nesse momento, implicando níveis muito elevados de fadiga, desmotivação e, muitas vezes, abandono da modalidade.

Níveis de carga fracos não têm provavelmente qualquer efeito. No entanto, por vezes é conveniente aplicar cargas deste tipo como recuperação activa ou por outras razões.

Existe, no entanto, um nível médio, inferior ao óptimo, que é muito utilizado em treino em tarefas variadas de estabilização das aquisições e do nível de fadiga atingido. Pode-se dizer que os níveis de carga médio e óptimo alternam constantemente e constituem a quase totalidade da estimulação de treino.

Principio da Adaptação

O princípio da adaptação ou síndrome geral da adaptação é a capacidade, que ocorre toda vez que um indivíduo recebe um estímulo que rompe se equilíbrio homeostático, imediatamente o organismo busca uma adaptação proporcional a esse estímulo, através de reações orgânicas e bioquímicas, que determinaram um estado de resistência específica a esse agente estressor, de tal forma que sua repetição em igual intensidade não mais ocasionará um desequilíbrio capaz de desencadear uma síndrome geral de adaptação.

De acordo com Weineck(1998), a adaptação é a lei mais universal e importante da vida. Adaptações biológicas apresentam-se como mudanças funcionais e estruturais em quase todos os sistemas. Sob “adaptações biológicas no esporte”, entendem-se as alterações dos órgãos e sistemas funcionais, que aparecem em decorrência das atividades psicofísicas e esportivas (WEINECK, 1991):

“Na biologia, compreende-se “adaptação” fundamentalmente como uma reorganização orgânica e funcional do organismo, frente a exigências internas e externas; adaptação é a reflexão orgânica, adoção interna de exigências. Ela ocorre regularmente e está dirigida à melhor realização das sobrecargas que induz. Ela representa a condição interna de uma capacidade melhorada de funcionamento e é existente em todos os níveis hierárquicos do corpo. Adaptação e capacidade de adaptação pertencem à evolução e são uma característica importante da vida. Adaptações são reversíveis e precisam constantemente ser revalidadas (Israel 1983, 141).” (ibidem, 1991, p. 22).

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Weineck diz que, no esporte, devido aos múltiplos fatores de influência, raramente o genótipo é completamente transformado em fenótipo, mesmo com o treinamento mais duro. Para este autor, fases de maior adaptabilidade, encontram-se em diferentes períodos para os fatores de desempenho de coordenação e condicionados, são designadas “fases sensitivas”. A zona limite destas fases sensitivas, isto é, o período em que justamente ainda é possível uma melhor expressão das características, geralmente é chamada de “período crítico” (ibidem, 1991).

“Capacidade de adaptação ou adaptabilidade é o nome que se dá à diferente assimilação dos estímulos, frente à mesma qualidade e quantidade de exercícios ou carga de treinamento. Ela pode ser atribuída à correlação organismo/ambiente, sob o ponto de vista da predisposição hereditária e sua expressão (genética) (Gürtler 1982, 35).” (ibidem, 1991, p. 23).

Para Tubino, este princípio do Treinamento Esportivo está intimamente ligado ao fenômeno do stress. As investigações sobre o stress tiveram início em 1920 com Cânon e Hussay, tendo uma grande ênfase no período entre 1950 e 1970, onde praticamente surgiu uma literatura científica básica sobre este fenômeno (TUBINO, 1984). Segundo Tubino:

Definindo-se Homeostase, de acordo com CANNON, como o equilíbrio estável do organismo humano em relação ao meio ambiente, e sabendo-se que esta estabilidade modifica-se por qualquer alteração ambiental, isto é, para cada estímulo há uma resposta, e, ainda, entendendo-se por estímulos o calor, os exercícios físicos, as emoções, as infecções, etc., conclui-se, com base

num grande número de experiências e

observações de diversos autores, que em relação ao organismo humano:

- Estímulos débeis: não acarretam conseqüências;

- Estímulos médios: apenas excitam;

- Estímulos médios para fortes: provocam adaptações;

- Estímulos muito fortes: causam danos. (ibidem, 1984, p. 101).

Segundo Dantas, o conceito de Homeostase, que é necessário para compreender este princípio, é: “Homeostase é o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas constitutivos do organismo vivo, e o existente entre este e o meio ambiente.” (DANTAS, 1995, p. 40). Para este autor, a homeostase pode ser rompida por fatores internos, geralmente oriundos do córtex cerebral, ou externos, como: calor, frio, situações inusitadas, provocando emoções e, variação da pressão, esforço físico, traumatismo, etc. Dantas diz que, sempre que a homeostase é perturbada, o organismo dispara um mecanismo

compensatório que procura restabelecer o equilíbrio, quer dizer, todo estímulo provoca reação no organismo acarretando uma resposta adequada (ibidem, 1995). Neste sentido, o organismo, buscando o equilíbrio constante, estaria sempre em um estado constante de equilibração.

Tubino pensa que, quando o organismo é estimulado, imediatamente aparecem mecanismos de compensação para responder a um aumento de necessidades fisiológicas. Assim, constata-se que existe uma relação entre a adaptação de estímulos de treinamento e o fenômeno de stress, o que é explicado pelo princípio científico da adaptação. A definição dada ao stress por Tubino é a seguinte:

“Stress ou Síndrome de Adaptação Geral (SAG), segundo SELYE (1956) é a reação do organismo aos estímulos que provocam adaptações ou danos ao mesmo, sendo que esses estímulos são denominados agentes stressores ou stressantes.” (TUBINO, 1984, p. 102).

A síndrome de adaptação geral (SAG) é dividida em três fases, até que o agente stressante na sua ação atinja o limite da capacidade fisiológica de compensação do organismo: 1ª Fase: Reação de alarme; 2ª Fase: Fase da resistência (adaptação) e; 3ª Fase: Fase da exaustão (ibidem, 1984).

Para este autor, na fase de reação de alarme, os mecanismos auxiliares são mobilizados para manter ávida, a fim de que a reação não se dissemine. É caracterizada pelo desconforto, e está dividida em duas partes choque e contrachoque:

“sendo o choque a resposta inicial do organismo a estímulos aos quais não está adaptado, provocando a diminuição da pressão sanguínea, enquanto o contrachoque ocasiona uma inversão de situação, isto é, ocorre um aumento da pressão sanguínea.” (ibidem, 1984, p. 102).

A fase da resistência é a fase da adaptação, a qual é obtida pelo desenvolvimento adequado dos canais específicos de defesa, sendo esta etapa caracterizada pela dor e pela ação do organismo resistindo ao agente stressante inicial, sendo a fase que realmente mais interessa ao treinamento desportivo.

A fase da exaustão é aquela em que as reações se disseminam, em conseqüência da saturação dos canais apropriados de defesa, apresentando como característica a presença do colapso, podendo chegar até a morte (ibidem, 1984).

Tubino ainda menciona que, “EÜLER observou 3 tipos de stress, de acordo com a origem dos estímulos stressantes” (ibidem, 1984, p. 103), são eles: o stress físico, o stress bioquímico e, o stress mental.

De acordo com Tubino, é importante a utilização correta do princípio de adaptação,

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onde se deve haver cuidado na aplicação das cargas de treinamento, agentes stressantes.

Mas não só de modo pragmático devemos enxergar o Princípio da Adaptação. Acredito que em termos de treinamento, o critério adaptação pode ser estendido a vários outros fatores além do treinamento fisiológico propriamente dito. Um bom exemplo são as

capacidades de adaptações emocionais,

ambientais, entre outras, além da comum capacidade do treinador ou professor se adaptar, às vezes com um “jeitinho brasileiro”, às péssimas condições de trabalho ou dificuldades encontradas em condições sociais desfavorecidas. O treinador ou professor deve ter em mente que é preciso se adaptar à atitude de adaptação, uma atitude consciente e crítica, pois, com a velocidade da dinâmica das mudanças hodiernas e a possível e quase certa aceleração que deve vir adiante em tempos futuros, a capacidade de adaptação será cada vez mais necessária e requisitada.

Principio da Supercompensação

Se depois de aplicar uma carga de treinamento a um atleta, permitimos-lhe um tempo de descanso para que possa recuperar-se, o nível ao que volta (homeostase) é superior ao que tinha no momento de lhe ser aplicada a carga de treinamento. Esta é a aplicação do síndrome geral de adaptação do Selye ao treinamento. Isto ocorre por que o organismo se prepara para uma possível nova “agressão” do entorno e deseja estar perfeitamente preparado.

Em pessoas medianamente

treinadas, os tempos de recuperação para as diferentes cargas estão estudados:

- Velocidade 6-24 H. - Força: 24- 48 H.

- Resistência aeróbica: 24-48 H.

- Resistência anaeróbica láctica: 48-72 H. No esporte de elite estes dados podem considerar-se como relativos já que os esportistas de elite estão incrivelmente adaptados à natureza dos esforços específicos e têm os parâmetros de recuperação altamente acelerados.

As implicações principais que este princípio tem na hora de desenhar o treinamento, afetam ao desenho de semana. Em geral, terá que aplicar os treinamentos mais fortes a princípio ou até a metade da semana, de maneira que poderemos competir em sobre-compensação o fim de semana.

Princípio da Especificidade

O princípio da especificidade é aquele que impõe, como ponto essencial, que o treinamento deve ser montado sobre os requisitos específicos da performance esportiva em termos

de capacidade física interveniente, sistema energético predominante, segmento do corpo e a coordenação motora(técnicas) requisitadas.

A eficiência do treinamento é otimizada quando são treinados exercícios específicos para a modalidade ou objetivos em questão. A especificidade do treinamento está relacionada com os sistemas energéticos predominantes, o segmento corporal envolvido, as características coordenativas, técnicas e táticas da atividade. Dessa forma, estímulos específicos

produzirão correspondentes adaptações

específicas.

Princípio da Reversibilidade

O princípio da reversibilidade do treino declara que, do mesmo modo que a atividade física regular resulta em adaptações fisiológicas determinadas que permitem melhores desempenhos desportivos, assim interromper ou reduzir de um modo importante o nível de treino leva a uma reversão parcial ou completa destas adaptações, comprometendo a capacidade de desempenho anteriormente mostrada.

Ao interromper-se um programa de treinamento físico, nota-se no organismo déficit nas adaptações fisiológicas adquiridas durante o período de treinamento. Da mesma forma, com a falta de esforço e estímulos de treinamento, o organismo e os órgãos se adaptam isoladamente a essas modificações.

O corpo humano procura a maneira mais fácil e que gaste menos energia para se manter, em geral a proporção de perda é de 3 para 1.

Principio do Heterocronismo

O heterocronismo manifesta-se pela diversidade da duração inerente ao processo de evolução das diferentes componentes do desempenho, em função das transformações ocorridas no organismo decorrentes da solicitação seletivas de órgãos e sistemas pelas cargas de treino (VERKHOSHANSKY, 2002).

Existem capacidades que necessitam de um tempo longo de estimulação para que ocorra supercompensação, enquanto outras reagem num período de tempo relativamente curto.

Por exemplo, a resistência aeróbia exige, pelo menos, 20 a 40 dias de solicitação sistemática para atingir valores elevados, enquanto que algumas adaptações neuromusculares, como a força rápida, podem sofrer acréscimos importantes num período de tempo mais restrito.

Este fenômeno representado pelos tempos diferenciados exigidos por cada capacidade para que se atinjam níveis de

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adaptação importantes, é designado por heterocronismo das funções biológicas.

O seu conhecimento, pelo menos nos seus traços gerais, é fundamental para uma correta programação do treino, principalmente ao nível da construção da semana de treino (o microciclo) como da concepção da distribuição das cargas de diferente natureza ao longo da época competitiva de modo a conseguir efeitos máximos e conjugados de adaptações que terão que estar presentes nos momento mais importante em termos competitivos, ou seja, nos chamados “picos de forma”.

Alguns exemplos que ilustram o heterocronismo das funções biológicas, dizem

respeito ao tempo de compensação e

restabelecimento de alguns processos

metabólicos:

- A fosfocreatina, composto energético muscular de utilização imediata e que permite a realização de trabalhos muito intensos e de curta duração, reconstitui-se parcialmente, mas numa percentagem elevada, no músculo até aos 30 minutos de recuperação.

- O glicogênio muscular, fonte energética para todos os desempenhos de duração superior a alguns décimos de segundo até a uma duração de 1 hora, pode ver as suas reservas corporais reconstituídas apenas 2 a 4 horas após o esforço, embora para esforços de longa duração esse prazo possa prolongar-se até às 48 horas.

- O metabolismo das proteínas, ou seja, das componentes estruturais do músculo, entre outros, necessita de um período de 36 a 48 horas para restabelecer um equilíbrio médio.

O heterocronismo dos processos de recuperação e de supercompensação das várias capacidades e funções fisiológicas, surge também na velocidade com que as adaptações se perdem com a interrupção ou a diminuição da carga de treino, temática já referida no âmbito do princípio da reversibilidade.

Por outras palavras, a relação existente entre tempo de aquisição e tempo de

regressão depende de capacidade para

capacidade. As aquisições técnicas são aquelas que parecem ser mais estáveis, podendo durar para toda a vida, independentemente do nível das capacidades físicas.

Por outro lado, pode-se considerar como uma regra geral que as capacidades mais facilmente treináveis, ou seja, aquelas cuja evolução é mais rápida em resposta aos estímulos de treino, são também as que se perdem e recuperam com maior facilidade.

Neste contexto, podemos afirmar que:

- As cargas de grande volume e de pequena intensidade têm um efeito de treino mais prolongado;

- As cargas de grande intensidade e de pequeno volume têm um efeito mais breve; - As aquisições que levam mais tempo a ser obtidas, mantêm-se durante mais tempo; - O decréscimo dos efeitos da adaptação da carga será tanto maior quanto menos consolidados estiverem os níveis de adaptação.

Princípios Metodológicos

O conhecimento dos objetivos do treino e da lógica que está na base da relação carga-recuperação-adaptação permite definir alguns princípios relativos à distribuição da carga de treino.

Principio da Unidade Funcional do Esportista

O organismo funciona e reage como um tudo indissolúvel. Se atuarmos sobre uma parte, sempre se procede a um efeito sobre as outras, positiva ou negativamente. Por exemplo, a resistência aeróbica está acostumada a ter efeito sobre a capacidade psicológica do indivíduo; o trabalho de força vai incidir seguro sobre as capacidades técnicas do esportista; a melhora tática de um jogador vai permitir tomar mas rápida e acertadamente as decisões, com o que sua velocidade melhorará.

Principio da Alternância ou Relação ótima entre o Exercício e o Repouso

O exercício físico, através da estimulação eficaz que realiza sobre o organismo de um atleta, está na origem dos efeitos de treino. A carga, ou seja, o conjunto organizado de exercícios de treino, é o fator complexo e global que provoca as adaptações ou efeitos crônicos do treino. Obriga a levar em conta as leis da fadiga e recuperação após atividade física intensa.

Mas a carga e os seus efeitos devem ser considerados em ligação direta com os processos de recuperação.

A identidade da carga e a sua natureza sofrem modificações com a variação dos tempos de recuperação que lhe estão associados.

A dinâmica carga-recuperação é uma das chaves da totalidade do processo de treino, o que significa que, tal como a carga de treino tem que ser adequada e ajustada individualmente, também a natureza e a duração dos períodos de recuperação deverá ser cuidadosamente pensada, de modo a tornar ótimo o rendimento do atleta em todas as circunstâncias.

O efeito de uma relação entre carga e recuperação poderá ser a acumulação de fadiga

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que se pode tornar, em certos casos, como um fenômeno crônico, ou seja, de natureza patológica. A fadiga crônica provocada pelo treino, também chamada de supertreinamento, estado que implica uma incapacidade de adaptação e superação por parte do atleta, com o conseqüente abaixamento da capacidade de

desempenho em treino e competição e

conseqüentes efeitos psicológicos de

desmotivação e tendência para o abandono da modalidade, tem como principal razão uma deficiente gestão dos tempos de esforço e de recuperação, ou seja, um mau planejamento do treino.

Uma boa prática de treino engloba

tempos de recuperação adequados:

suficientemente longos para permitir ao organismo reorganizar-se, adaptando-se, mas não tão longos que provoquem o retorno do organismo a níveis de resposta anteriores.

O princípio da relação ótima entre o exercício e o repouso diz respeito á determinação do tempo de intervalo mais conveniente entre a aplicação de dois exercícios ou de duas sessões de treino.

O tempo de recuperação entre a aplicação de duas cargas de treino é determinado pela mútua relação entre os processos de fadiga e o restabelecimento das capacidades funcionais do organismo.

Consoante a fase da época, não será necessário exigir uma recuperação completa entre cargas, antes pelo contrário, muitas vezes procurar-se-á a acumulação dos efeitos de treino e a manutenção do atleta num estado de fadiga controlada. No entanto, temos que nos assegurar que esse nível de fadiga nunca se torne excessivo nem se prolongue por demasiado tempo, senão corremos o risco de provocar a degradação das potencialidades do praticante, tendo o treino um efeito negativo e perdendo, assim, toda a eficácia.

A aplicação de cargas em intervalos ótimos provoca a melhoria progressiva das potencialidades do atleta.

Principio da Continuidade

Caracterizam-se pelo processo contínuo do processo de treino ao longo dos anos, meses e dias. Este princípio complementa o da reversibilidade, pois, a continuidade na aplicação das cargas de treinamento assegura uma melhoria constante dentro dos limites genéticos, faltas freqüentes e períodos muitos longos de recuperação atuam negativamente o processo de treinamento.

O treino só produz adaptações se for realizado de uma forma sistemática, ou seja, se houver uma solicitação repetida ao longo de um período significativo de tempo.

A estabilidade das adaptações de treino depende da quantidade de carga realizada ao longo de um determinado período de tempo, mas também do tempo utilizado para as obter.

Será regra, então, que, quanto mais longo for o período de preparação, mais estáveis serão as aquisições decorrentes do processo de treino. Daí que não é possível encarar como séria uma atividade desportiva em que não esteja assegurada uma continuidade da atividade de preparação e competição.

Na realidade, o treino desportivo é um processo que se prolonga por vários anos e em que os vários elementos que são objeto de intervenção se vão integrando de modo a produzir o melhor resultado possível. É também um processo cumulativo em que cada a estimulação de treino prevista para uma dada fase se apóia nas aquisições conseguidas em fases anteriores, através do seu reforço e desenvolvimento.

A freqüência de estímulos, que, na prática, se revela no número de sessões de treino por semana e no número de semanas de treino anuais depende, evidentemente, do nível de treino e da idade do atleta. Mesmo para as idades mais jovens, no entanto, uma freqüência inferior a 3 sessões de treino semanais parece claramente insuficiente e não respeitar, pois, o princípio da continuidade da carga de treino.

Princípio da Progressão

Pressupõe que quanto mais elevado for o estado de preparação, mais deverá ser o volume e a intensidade do treino.

O efeito de uma carga de treino não é constante e imutável, ainda que se trate da sua aplicação ao mesmo indivíduo, ao longo de um período de tempo relativamente curto.

Com o aumento do estado de treino, as cargas não se revestem de igual impacto sobre a homeostase e produzem modificações cada vez menos marcadas sobre o equilíbrio bioquímico do organismo. Os fenômenos de adaptação tornam-se, assim, cada vez menos visíveis. Sem dúvida que as modificações na estrutura do treino permitem novos processos de adaptação. As cargas de treino padronizadas e com pouca variação conduzem inevitavelmente à estagnação do desenvolvimento das capacidades.

Deste modo, será progressivamente mais difícil envolver a fundo o sujeito que se prepara com continuidade e será, então, necessário procurar situações de exercício mais exigentes, em volume, intensidade e/ou especificidade para que recupere seu potencial e treinamento. Quando estes parâmetros estão próximos ao seu limite, então podemos optar por elevar a complexidade e/ou a densidade.

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De fato, um estímulo de nível constante e insuficientemente intenso perde rapidamente o seu efeito de treino – deixa de constituir uma sobrecarga. Tem que se prever, então, uma evolução dos parâmetros da carga de treino (volume, intensidade, densidade) que permita a aplicação de estímulos que provoquem a perturbação do equilíbrio interno no organismo do atleta indutor de novos processos de adaptação. A obtenção de níveis de desempenho mais elevados pressupõe, então, uma progressão da carga, ou seja, um crescimento progressivo e ajustado individualmente da dificuldade e da exigência dos exercícios de treino e do modo como são organizados e postos em seqüência numa sessão de treino.

Ao longo do processo de treino, a melhoria das capacidades do atleta impõe uma constante atualização dos índices externos da carga, de modo manter níveis de sobrecarga adequados. Com efeito, a dinâmica das adaptações decorrentes do treino leva a patamares de habituação a níveis de carga (volume e/ou intensidade) cada vez maiores. Será, então, a própria relação entre índices internos e externos da carga que irá sofrendo alterações.

A curto prazo, a progressão da carga far-se-á através da alteração dos índices externos da carga, mantendo níveis de stress sobre o organismo elevados e individualmente ajustados. A médio ou longo prazo, procedem-se muitas vezes a alterações nas várias componentes da carga que levam a ênfases diferenciados nos vários sectores de preparação, constituindo, também, formas de progressão da carga. É exemplo desta situação o crescimento relativo da intensidade de treino com o aumento da especialização e da experiência de um atleta.

Princípio da Retardabilidade

As adaptações ao esforço (efeito do treino) não são imediatas, demoram algum tempo a aparecer, sendo variável e depende do tipo de esforço realizado. Este principio é uma grande dor de cabeça para os atletas a nível profissional. Muitos levam a utilização de substancias que acelerem este processo, como é o caso de anabolizantes.

Principio da Ciclicidade

A ciclicidade da carga tem a ver com a sua repetição sistemática a intervalos de duração variável. A forma típica de distribuição da carga ao longo do tempo é a de uma alternância cíclica. A alternância indica a existência de uma sucessão de cargas que mudam de natureza e de grandeza periodicamente.

Ambas estas características

dependem da etapa de preparação da época, da

intensidade e do volume da carga e da capacidade motora a desenvolver.

O que é então alternado?

- A preparação geral e a preparação especial e específica.

- As capacidades motoras que se estão a trabalhar com maior profundidade – força e resistência, por exemplo.

- As sessões ou os períodos de preparação mais longos de grande nível de carga com outros de nível de carga baixo ou moderado. - O volume e a intensidade da carga.

A alternância dos estímulos garante uma construção multilateral e completa, a ciclicidade garante a repetição e, primeiro, o crescimento, depois, a manutenção da grandeza da carga, consequentemente, da variação e desenvolvimento das capacidades motoras e da execução técnica do atleta.

Na prática, isto corresponde a manter o nível de desenvolvimento geral das aptidões do atleta através da aplicação de cargas que se vão alterando constantemente devido à utilização de uma multiplicidade de exercícios de características diferentes mas que, graças a um planejamento cuidadoso, vão contribuindo coerentemente para a finalidade de controlar a evolução da curva de forma do atleta de modo a que ele esteja em condições de realizar um desempenho competitivo máximo na altura devida.

O caráter cíclico da carga vai-se acentuando com a idade e a especialização progressiva do atleta.

Principio da Variabilidade

Variando-se a intensidade, duração e estilo das sessões de treinamento, obtém-se um melhor equilíbrio muscular e forma física.

Treinamento deve ser alterado, de forma a impedir a estagnação das reações de adaptação, bem como a monotonia, evitando a saturação psicológica e queda de motivação..

Principio da Periodização

A consecução da forma esportiva passa por períodos que se acontecem com objetivos diferenciados. A forma esportiva é um estado em que se encontram otimizadas todas as capacidades do esportista, mas para acessar a ela é necessária uma acertada combinação de as cargas de treinamento a que submetemos aos esportistas. As diferentes estruturas do planejamento do treinamento englobam critérios estáveis de trabalho para períodos de tempo determinados, e permitem a construção dos diferentes estados de forma.

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Desenhamos a pré-temporada para alcançar a melhor forma com os jogadores. Posteriormente, durante o período competitivo, o desenho do microciclo vai permitir estar sempre nas melhores condições durante o fim de semana. Durante o período transitivo, os jogadores poderão descansar, reforçar pontos débeis ou dar saltos qualitativos em aspectos de seu jogo ou condição física.

Principio da Individualidade

Segundo Guedes et al 2008, “cada indivíduo é um ser único, respondendo de forma diferente às cargas impostas pelo treinamento físico”. Com essa afirmação se conclui que para maximizar os efeitos do treinamento, devem-se ajustar as cargas de treino de acordo com as respostas morfofuncionais apresentadas após os estímulos.

Cada um de nós nasce com uma carga genética que determinará fatores tais como composição corporal, somatotipo, altura máxima esperada, força máxima esperada, aptidão física e intelectualidade. Esses fatores, acrescidos à experiência de vida após o nascimento (fenótipo), determinarão a real potencialidade de cada um. Portanto, nos programas de resistência respeitar este princípio torna-se fundamental na dosagem dos trabalhos a serem realizados.

Sendo assim, devemos refletir seriamente se a mesma atividade realizada em grupo, o mesmo exercício, a mesma intensidade, a mesma duração e na mesma freqüência semanal, trará benefícios a todos. Pois para alguns, a carga de trabalho pode ser muito forte e para outros insignificantes. O que observamos é que queremos realizar um trabalho que seja respaldado dentro dos princípios científicos, a fim de melhorar a capacidade aeróbica de seu executante, devemos individualizar esta carga dentro de critérios

estabelecidos cientificamente com constantes avaliações.

A supercompensação, referente aos aspectos metabólicos do desempenho, tem uma variabilidade relacionada com as características de cada indivíduo, do seu nível de preparação e experiência de treino, da sua idade, do estado de saúde e de outras condições.

A individualização da carga só é possível se houver a possibilidade de se realizar uma relação carga externa – carga interna ótima. Isto significa que eu tenho que conhecer o atleta ao ponto de saber qual o impacto interno que certos exercícios têm nele, assim como saber prever com bastante segurança quais os níveis de carga (volume e intensidade) ideais para solicitar o desenvolvimento de qualquer qualidade ou capacidade.

Cada atleta tem um limite individual de adaptação para cada tipo de carga de trabalho ou de treino, o qual se vai alterando com a idade, de forma que aumenta até que o sujeito alcance o desenvolvimento máximo e maturação, mas que diminui com o envelhecimento.

Verkhoshansky (2002) afirma que todos os indivíduos possuem, momento a momento, uma capacidade diferente de adaptação em correspondência com as possibilidades de resposta aos estímulos de treino, designando-a por reserva atual de adaptação.

A amplitude do potencial de desenvolvimento não se mantém constante ao longo da juventude e do início da idade adulta, e as alterações provocadas pelo treino realizado em etapas anteriores da vida criam bases de trabalho diferenciadas de atleta para atleta.

A reserva de adaptação marca os limites de progresso próprios de cada atleta ao longo do processo de preparação. A reserva de adaptação atual está determinada pelo grau de desenvolvimento que o atleta ou o sistema alcança num determinado momento concreto da vida do desportista.

À medida que aumenta a capacidade de desempenho, decorrente do efeito das cargas de treino e da prática competitiva, diminui a

reserva potencial de treino, embora

simultaneamente aumente a aptidão para a suportar níveis superiores de carga (acréscimo do fator cargabilidade) sem que isso provoque danos no organismo do atleta. Este processo evolutivo desemboca numa situação em que, para um determinado nível de carga, a fadiga será menor e a recuperação mais rápida e eficaz, apesar deste passo não constituir garantia de incremento no desempenho competitivo.

Fala-se numa tendência para a redução da margem de evolução do atleta com os anos de treino, que parece ser uma característica

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comum a todos os setores de solicitação no âmbito do treino físico. O grau de evolução do desempenho e dos vários fatores da preparação que se consegue como resposta às cargas de treino varia radicalmente com o nível de experiência e de anos de trabalho de cada atleta.

A taxa de evolução nas diferentes qualidades físicas vai, portanto, sendo progressivamente menor, tornando mais premente a dinâmica de progressão das cargas.

É normal a ocorrência de fases de estagnação, de planaltos na curva de desenvolvimento dos diferentes índices dinâmicos do desempenho ao longo dos anos de treino.

Atletas jovens em fase de iniciação ao treino de força podem usufruir de ganhos muito significativos em períodos curtos de tempo, 20 a 30 % em apenas 4 a 5 semanas, enquanto que atletas com vários anos de trabalho muscular sistemático necessitarão de períodos de 8 a 10 semanas para obter aumentos de força de 2 a 5%!

No jovem existe, assim, a tendência para as respostas adaptativas ao treino serem mais rápidas, o que pressupõe uma reação de supercompensação dos vários mecanismos fisiológicos subjacentes às capacidades físicas de caráter mais imediato.

A relação entre as características das cargas aplicadas e as possibilidades da sua assimilação por parte do atleta tem então que ser cuidadosamente ponderada em todas s etapas do processo de treino. Existe, no âmbito do treino desportivo, a tendência de e reproduzir ou mesmo copiar os programas de treino dos atletas de sucesso, com a suposição ingênua de que tal procedimento levará a resultados semelhantes.

Tal não acontece, no entanto, na maior parte dos casos, podendo levar a situações críticas de inadequação das cargas propostas às capacidades e características de um atleta.

Princípio da Multilateralidade

O princípio da multilateralidade ou da polivalência na preparação desportiva, que nada mais é do que o trabalho desde crianças até a especialização, indica que é fundamental que esta seja vista como um processo a longo prazo que assente em bases alargadas de aquisições de modo a que, quando chegar a altura de promover uma preparação específica para uma dada competição o atleta possua um potencial de desenvolvimento superior.

A multilateralidade diz respeito a todos os fatores do desempenho desportivo, às capacidades motoras, à habilidade técnica e ao saber táctico, às qualidades psíquicas.

Um desenvolvimento unilateral reduz as capacidades de evolução posteriores do

atleta, principalmente se é iniciado numa idade jovem.

Com o respeito por este princípio pretende-se cumprir os seguintes objetivos:

- Um desenvolvimento harmonioso do ponto de vista somático, ou seja, promover o fortalecimento de todos os grupos musculares do corpo.

- Impor uma solicitação equilibrada das várias capacidades físicas – impedir uma evolução de um atleta que redunde na posse de fortes massas musculares mas lacunas evidentes de flexibilidade ou sem base de resistência, por exemplo.

- Fomentar uma relação sólida e ótima entre aperfeiçoamento técnico e desenvolvimento das capacidades motoras.

- Procurar novas formas de preparação que promovam a melhoria do desempenho. - Necessidade de evitar a monotonia das cargas de treino sempre iguais, o que constitui um risco muito provável de aparecimento de estagnação na evolução, favorecendo,

igualmente, o aparecimento do

supertreinamento.

- O aperfeiçoamento de elementos que podem contribuir para o sucesso competitivo, mas que não são suficientemente importantes para serem objeto de uma solicitação específica regular.

- Obter do atleta a máxima capacidade de suportar a carga de treino, o que implica a existência prévia de uma grande variedade de estímulos de treino uma base alargada de capacidades e aptidões.

A multilateralidade surge ainda como uma das regras básicas do treino no atleta jovem, sendo considerada como uma condição necessária para uma formação desportiva adequada, o que será desenvolvido no âmbito desta temática.

A preparação do esportista deve abranger todos os fatores do treinamento (físico, técnico, tático, psicológico e teórico). Se só incidirmos em um fator, outros podem ficar atrasados e produzir-se desequilíbrios. Este princípio deve cumprir-se escrupulosamente nas etapas de formação dos atletas e vai sendo de importância relativa a medida que balança a vida esportiva do atleta.

Além disso, deve entender-se, que em afastado físico devemos desenvolver harmonicamente todas as qualidades físicas.

Principio da Especialização

A especialização, ou os exercícios específicos para um esporte ou especialidade, levam a alterações morfológicas e funcionais relacionadas com a especificidade do esporte. O

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organismo humano se adapta ao tipo de atividade a que se expõe. Esta adaptação não é somente fisiológica, mas sim é aplicável também a efeitos técnicos, táticos e psicológicos.

A especialização está apoiada em um sólido desenvolvimento multilateral. Ao longo de a carreira esportiva de um atleta, o volume total de treinamento irá evoluir de forma progressiva do treinamento multilateral e polivalente para um treinamento cada vez mais específico. Isto nos indica que, o volume total de treinamento do repertório de exercícios especiais vai aumentando de forma progressiva e contínua.

Princípios de Caráter Pedagógicos

Os princípios pedagógicos foram destacados por vários autores da antiga Ex-DDR e EX-URSS (HARRE, 1987; MATVEEV, 1965; OZOLÍN, 1983) ressaltando a importância de "ensinar e aprender" durante o processo de treinamento, Ante o papel determinante que desempenha o treinador como pedagogo, são vários os autores que enunciam diversos princípios pedagógicos relacionados com o treinamento (BOMPA, 1983; MANNO, 1991; OZOLÍN, 1983). Dado que as capacidades condicionais se desenvolvem e as habilidades motoras se adquirem por meio de uma colocação metodológica que se adapta ao esportista por meio da adequada comunicação e as instruções e diretrizes didáticas mais acertadas, estes autores consideram fundamental a criação de um bom processo pedagógico, a motivação do atleta e em particular no esportista jovem (MANNO, 1991). Portanto, é possível identificar, dentro da relação pedagógica e do ensino, alguns princípios que favorecerão a eficácia da atividade do treinador e, em conseqüência, do treinamento sobre o esportista.

Princípio de Participação Ativa e Consciente do Treinamento

A este princípio lhe conhece também com o nome de princípio da conscientização (Ozolín). GOMES (1995, 19), diz que este princípio parte do pressuposto de que a atividade, quando realizada conscientemente, ou seja, sabendo o porque e para que de sua realização, obtém-se mais benefícios na medida em que o executante procura “canalizar” esforços para o seu objetivo. No momento de aplicar um programa de treinamento, os atletas devem saber o que estão fazendo, como o estão fazendo e para que o estão fazendo.

Do princípio da conscientização se desprende a seguinte regra: "O estudante deve conhecer o resultado de sua atividade assim com a valoração que se dá aos exercícios realizados". Quando um esportista, depois de realizar um exercício, analisa seus movimentos, deve julgar

seus erros e saber como superá-los, para assim estar em condição de repetir o exercício com mais êxito.

O conhecimento dos resultados obtidos não só é necessário durante a aprendizagem, a não ser ao realizar qualquer exercício de treinamento. Quando o esportista não compara os resultados indicados com sua s próprias impressione (sentido da velocidade, ritmo, relacionamento, simplicidade ou dificuldade, etc.) não poderá saber em que aspectos se encontra atrasado, não conseguirá desdobrar todas suas possibilidades nem aperfeiçoar seus resultados.

Ritter (1971) sugere que pode derivar-se deste princípio as seguintes regras:

1. O treinador deve elaborar os objetivos de treinamento juntos, com seus esportistas. Isto obrigaria a tomar um papel ativo em estabelecimentos de objetivos segundo suas próprias capacidades. Quão esportistas normativamente não cumpre este princípio são esportistas profissionais, não querendo isto dizer que para ser profissional de não cumprir-se este princípio.

2. O esportista deveria participar ativamente

no planejamento dos programas de

treinamento a curto e longo prazo, assim como analisá-los.

3. O esportista deveria continuamente passar três e controles com o fim de obter uma informação mais objetiva do seu progresso em um período determinado de tempo correio e apoiar uma programação posterior neste tipo de análise.

4. O esportista deve introduzir "uns deveres" ou treinamentos sem supervisão do treinador.

Em resumo, podem lhes dizer que uma elevada consciência, uma relação ativa para a preparação, um estudo profundo da teoria e a metodologia do treinamento, possibilita aos esportistas para acumular uma considerável reserva de conhecimentos e experiências que lhe permitam treinar-se com efetividade e participar com êxito nas competições.

O autor ainda cita SCHAMALINSKY (1977) que afirma que “os praticantes e também seus orientadores deverão fazer real o princípio da conscientização, dialogando sempre que necessário, sobre os meios, métodos de avaliação, enfim, sobre todo o processo de planificação da atividade”. Para que a partir desta conscientização, o processo de treinamento torne-se eficaz.

Não é que terei que explicar cada um dos exercícios, para que servem em cada secção, mas dar uma pincelada ao princípio da temporada,

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ou uma explicação casual dentro da sessão, sempre é muito positivo.

Princípio da Saúde

Existem poucas dúvidas de que o treinamento habitual da resistência, com exercícios apropriados seja fator importante na redução das doenças cardiovasculares e de outros tipos entre as pessoas de todo o mundo.

Sobre este princípio GOMES (op.cit) comenta que o indivíduo que realiza atividade física pode fazê-lo por, ocupação do tempo livre, melhoria da estética, da capacidade funcional, ou com fim de competição. Porém, o principal objetivo deveria ser a melhora da saúde como um todo.

E isso só é possível com uma boa interação de profissionais dos ramos da saúde. Assim, além de um professor de educação física competente, ao iniciar um programa de Resistência, o indivíduo deve ser orientado a procurar também, no mínimo, um médico e um nutricionista, com a finalidade de obter um diagnóstico mais objetivo de sua real condição de saúde. Isso só possibilitará um trabalho mais eficaz na sua prática.

Princípio da Atividade Sistematizada e Planejada

Pressupõe a utilização de seqüências metodológicas que conduzam aos objetivos. A consecução da forma esportiva passa por períodos que se acontecem com objetivos diferenciados. A forma esportiva é um estado em que se encontram otimizadas todas as capacidades do esportista, mas para acessar a ela é necessária uma acertada combinação de as cargas de treinamento a que submetemos aos esportistas. As diferentes estruturas do planejamento do treinamento englobam critérios estáveis de trabalho para períodos de tempo determinados, e permitem a construção dos diferentes estados de forma.

Desenhamos a pré-temporada para alcançar a melhor forma com os jogadores. Posteriormente, durante o período competitivo, o desenho do microciclo vai permitir estar sempre nas melhores condições durante o fim de semana. Durante o período transitivo, os jogadores poderão descansar, reforçar pontos débeis ou dar saltos qualitativos em aspectos de seu jogo ou condição física.

Princípio da Atividade Apreensível (Acessível)

Assegura que só deve ser proposto atividade que seja apreensível e, para isso há que levar em conta a idade, sexo e capacidade individual de rendimento.

O esportista deve poder dominar física, motriz e cognitivamente a carga do

treinamento. Devem evitá-las cargas baixas ou muito exigentes de treinamento, lhe permitindo assim resolver com êxito as tarefas de treinamento.

É um princípio parecido ao do “limiar”, mas do ponto de vista de complexidade de os exercícios. Para que o atleta absorva os benefícios dos exercícios, deve ser capaz de executá-los corretamente. Uma execução incorreta nos levaria a aquisição de hábitos incorretos. Por isso, a dificuldade do exercício deve estar adequada ao nível de treinamento do atleta.

Principio da Transferência

A aprendizagem de certos hábitos se vê facilitado pela aquisição de outros. Por exemplo, no treinamento geral, umas qualidades se beneficiam de outras, mas ao chegar ao treinamento específico, esta relação se converte segundo os casos em positiva, negativa ou neutra.

Haverá uma melhora ou influência positiva sempre e quando a atividade que se realize tenha uma relação com os gestos da especialidade. Assim, fala-se de transferência positiva quando todos os exercícios e cargas específicas de um esporte (técnicas) têm que corresponder às particularidades (sobre tudo, as características de adaptação) biomecânica, morfológicas e funcionais.

Um exemplo de influência negativa seria quando quer melhorar a velocidade no período específico, dedica-se muito tempo ao trabalho de resistência aeróbica.

REFERENCIAIS

BARBANTI, Valdir José. Teoria e prática do treinamento desportivo. São Paulo: Edgard Blucher, 2000.

BOMPA, Tudor O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. São Paulo: Phorte, 2002.

DANTAS, Estélio H. M. A prática da preparação física. 6. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2014.

FERNANDES, José Luis. O treinamento desportivo: procedimentos, organizações, métodos. São Paulo: EPU, 1981.

GOMES, Antônio C. Treinamento desportivo: estruturação e periodização. PortoAlegre:

Artmed, 2002.

MATVEEV, Lev P. Treino desportivo: metodologia e treinamento. Guarulhos: Phorte.,

1997.

TUBINO, Manoel J. G. Metodologia científica do treinamento desportivo. São Paulo:

IBASA, 1984.

VERKHOSHANSKI, Yuri V. Treinamento desportivo: teoria e metodologia. Porto Alegre: Artmed, 2001.

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QUESTÕES

01. Como podem ser classificados os princípios do treinamento desportivo:

a) Biológicos, Psicológicos e Pedagógicos b) Biológicos, Pedagógicos e políticos c) Biológicos, Fisiológicos e Metodológicos d) Biológicos, Pedagógicos e Metodológico. 02. O Princípio da individualidade biológica pode ser explicado como sendo?

a) Um fenômeno hereditário em que cada indivíduo desenvolve capacidades físicas de acordo com o ambiente em que vive.

b) Princípio baseado no fato de que há uma variabilidade entre elementos da mesma espécie, não existindo pessoas iguais entre si.

c) Fenômeno hereditário em que apenas alguns indivíduos são capazes de desenvolver altas performances.

d) Capacidade do organismo de desenvolver qualidades físicas individuais de acordo com seu biótipo.

03. No treinamento Desportivo, para aumentar o limite de adaptação do atleta, um estímulo mais forte só pode ser aplicado no final do período de assimilação compensatória. Essa assertiva está relacionada ao princípio da(do)?

a) Adaptação b) Repouso c) Sobrecarga

d) Volume X intensidade.

04. Um alto nível de desempenho é resultado de muitos anos de treinamento planejado, metódico e árduo. Durante esse período, o atleta tenta adaptar seus órgãos e funções às exigências do esporte escolhido. O nível de adaptação é refletido pela capacidade de desempenho do atleta: quanto maior o grau de adaptação, melhor é o desempenho. A partir do texto acima, assinale a alternativa correta ?

a) Para o treinamento físico ser benéfico a intensidade do exercício não pode provocar estresse ao organismo.

b) O nível de estresse deve ser elevado até que o organismo entre em exaustão para que o atleta possa adaptar-se ao treinamento e ao ritmo da prova.

c) A adaptação neuromuscular e funcional requer menor período de treinamento, principalmente em esportes complexos.

d) A proposta de treinamento em criança deve estimular o organismo a um estado de exaustão, pois este se encontra em uma fase em que é necessário despender o máximo de energia.

05. A respeito dos fundamentos da preparação e do treinamento desportivo, é INCORRETO afirmar? a) O princípio da sobrecarga implica um aumento controlado de esforço ou demanda física que tem como objetivo provocar respostas fisiológicas, como a melhora de um sistema ou função orgânica.

b) A aplicação da sobrecarga de treinamento pressupõe a ocorrência de um estado de fadiga, seguido de um processo de recuperação, que por sua vez dará lugar a uma resposta adaptativa do organismo a um nível de preparo físico superior. c) O princípio da reversibilidade do treinamento físico se refere à aquisição de níveis mais estáveis ou permanentes de condicionamento físico, mesmo após interrupção das sessões de treinamento.

d) A freqüência dos treinos, sua duração e a intensidade ou carga de exercícios são fatores sobre as quais se pode intervir com vistas à produção dos princípios da sobrecarga.

06. Dentre os princípios do treinamento esportivo, podemos observar um deles que estipula que as mudanças funcionais no corpo somente ocorrem quando o estímulo é suficiente para causar uma ativação considerável de energia. Neste caso, assinale a alternativa correspondente:

a) Princípio da continuidade. b) Princípio da sobrecarga. c) Princípio da conscientização. d) Princípio da reversibilidade. e) Principio do comando

07. (Nova Iguaçu/2006) Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais: "... Para se conhecer o corpo, abordam-se os conhecimentos anatômicos, fisiológicos, biomecânicos e bioquímicos que capacitam a análise crítica dos programas de atividade física e o estabelecimento de critérios para julgamento, escolha e realização de atividades corporais saudáveis...".

A prescrição de exercícios físicos, de forma sistemática, por um determinado período de tempo e com o objetivo de melhorar a aptidão física do indivíduo, deverá levar em consideração alguns princípios para a organização de um programa de atividades físicas. Esses princípios são:

a) individualidade biológica, sobrecarga crescente, especificidade, continuidade, volume;

b) especificidade, individualidade biológica, continuidade, sobrecarga, intensidade;

c) intensidade, adaptação, especificidade, continuidade, individualidade biológica;

d) individualidade biológica, sobrecarga crescente, especificidade, continuidade, reversibilidade; e) continuidade, intensidade, reversibilidade, adaptação, volume.

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08. Em uma conversa o profissional de Educação Física afirma aos seus colegas que todo o seu planejamento está baseado nos princípios do treinamento esportivo. Qual das frases abaixo não traduz a veracidade da informação passada aos colegas.

a) Baseia-se no princípio da adaptação, pois considera que a quantidade de treinamento de uma sessão tem relação com a proposta na sessão anterior.

b) Baseia-se no princípio da especificidade, pois considera que o trabalho aeróbio deva ser igual independente da modalidade.

c) Baseia-se no princípio da variabilidade, pois considera que a mesma carga de treino perde seus efeitos com o passar do tempo.

d) Baseia-se no princípio da continuidade, pois considera que uma interrupção no treinamento faz com que a forma física seja reduzida.

e) Baseia-se no princípio da individualidade

biológica, pois considera o grau de

condicionamento físico do sujeito para aplicação das cargas.

09. Respeitando um dos princípios do treinamento desportivo, o treinador de uma equipe de voleibol separou os seus atletas em grupos homogêneos com características e índices semelhantes. A separação foi aplicada para o treinamento físico. Qual dos princípios do treinamento desportivo foi considerado pelo treinador?

a) Princípio da individualidade biológica b) Princípio da adaptação

c) Princípio da sobrecarga d) Principio da especificidade e) Princípio da continuidade

10. Manifesta-se pela diversidade da duração inerente ao processo de evolução das diferentes componentes do desempenho, em função das

transformações ocorridas no organismo

decorrentes da solicitação seletivas de órgãos e sistemas pelas cargas de treino

a) Individualidade b) Heterocronismo c) Sobrecarga d) Adaptação GABARITO 1)d; 2)b; 3)c; 4)b; 5)c; 6)b; 7)d; 8)b; 9)a; 10)b

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