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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Si

ACÓRDÃO

Agravo de Instrumento n 200.2011.019980-5/001 Origem : 8 4 Vara Cível da Comarca da Capital

Relatora : Juíza de Direito Convocada Maria das Graças Morais Guedes Agravante : Roberto Magno Andrade do Nascimento

Advogados : Lia Tolentino Corker Freire e outros Agravado : Alexander Gomes do Prado

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESPEJO. MEDIDA LIMINAR. IMEDIATA DESOCUPAÇÃO DO IMÓVEL. INADIMPLEMENTO DOS VALORES DOS ALUGUEIS. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. NECESSIDADE DE FORMAÇÃO DO CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 59, § 1 2, DA LEI N2 8.245/91. IRREVERSIBILIDADE DA TUTELA DE URGÊNCIA. MANUTENÇÃO DO DECISUM. DESPROVIMENTO DO AGRAVO.

- O requisito geral para a concessão de medida liminar e a existência de prova inequívoca capaz de convencer o julgador da verossimilhança da pretensão da parte.

- O art. 59, § 1 2, da Lei do Inquilinato estabelece que a

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concessão liminar de desocupação do imóvel locado, somente ocorrerá desde que prestada a devida caução no valor equivalente a três meses de aluguel.

- Para que seja concedida a tutela de urgência e imprescindível a possível reversibilidade da medida, sob pena de dano inverso em desfavor de quem a tutela é concedida.

VISTOS,

relatados e discutidos os presentes autos.

ACORDA

a Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por unanimidade, desprover o recurso.

Trata-se de AGRAVO DE INSTRUMENTO manejado por Roberto Magno Andrade do Nascimento contra decisão, fl. 32, proferida pela Juíza de Direito da 8 2 Vara Cível da Comarca da Capital que, nos autos da Ação de Despejo com pedido liminar cumulada com a cobrança de alugueres, movida em desfavor de Alexander Gomes do Prado, indeferiu o pedido liminar de desocupação do imóvel.

Irresignado com o teor do édito judicial, o promovente interpôs o presente recurso de agravo, aduzindo, em síntese, a presença de todos os pressupostos autorizadores para a concessão do requerimento liminar, sustentando a configuração do fumus boni iuris, diante da imprescindibilidade do imóvel reclamado para o estabelecimento de ponto comercial, ainda mais quando houve pedido para uso próprio, carecendo, portanto, da comprovação de necessidade, nos termos da Súmula n.<2 410 do Supremo Tribunal Federal. Outrossim, alega a ocorrência de inadimplência dos valores referentes aos alugueis, outorgando a incidência do art. 62 da Lei n 2 8.245/1991, concernente à desocupação forçada, sendo, inclusive, justa causa para rescisão contratual e despejo do locatário, ora agravado. Quanto à presença do periculum in mora, suscita sua ocorrência em face da

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demora na entrega do imóvel, acarretando o retardamento na acomodação comercial da empresa. Ao final, pugna pelo provimento do agravo, para reformar a decisão guerreada, no sentido de conceder o pedido liminar constante da peça vestibular.

Apesar de devidamente Intimado, fl. 51, a parte agravada deixou escoar o prazo legal, sem, contudo apresentar as suas contrarrazões recursais, conforme Certidão, fl. 52.

A Procuradoria de Justiça, em Parecer da lavra do Dr. José Raimundo de Lima, fls. 45/47, absteve-se de emitir opinião acerca do mérito recursal.

É o RELATÓRIO.

VOTO

Roberto Magno Andrade do Nascimento, ora agravante, propôs a competente Ação de Despejo com pedido liminar cumulada com a cobrança de alugueres, requerendo, em sede de pedido liminar, a desocupação imediata do imóvel locado à Alexander Gomes do Prado, frente ao inadimplemento das obrigações locaticias e, ainda, da necessidade do bem para instalação comercial.

Apreciando o requerimento liminar, a Magistrada de primeiro grau indeferiu o pedido preambular, com fundamento na ausência de coadunação do caso concreto com as hipóteses legais de desocupação liminar de imóvel, disciplinadas no art. 59, § 1 9.1, da Lei n2 8.245/91, conhecida como Lei do Inquilinato, ensejando a inexistência do fumus boni iuris.

1 Art. 59. Com as modificações constantes deste capitulo, as ações de despejo terão o rito ordinário. § 1° Conceder-se-á liminar para desocupação em quinze dias, independentemente da audiência da parte contrária e desde que prestada a caução no valor equivalente a três meses de aluguel, nas ações que tiverem por fundamento exclusivo:

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Pois bem.

Compulsando o caderno processual, assevera-se, desde logo, que não merecem guarida as alegações do agravante, ventiladas no recurso em análise, interposto contra a decisão da Juíza a quo.

Como é cediço, a concessão de medida liminar exige

o preenchimento dos requisitos elencados no art. 273 do Código de Processo Civil:

prova inequívoca; verossimilhança da alegação; fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, ou abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu.

Examinando o dispositivo inserto no art. 273 do CPC,

impende dele extrair que, embora o predicado "poderá" indique faculdade e discricionariedade do Juiz, na verdade constitui obrigação, sendo dever do Magistrado deferir o pedido liminar, desde que preenchidos os seus pressupostos, não sendo lícito concedê-lo ou negá-lo pura e simplesmente.

Para que isso ocorra, tem o juiz o livre convencimento motivado, nos termos do art. 131 do CPC: a) convencendo-se da presença dos requisitos legais, deve o juiz conceder a liminar; b) caso as provas não o convençam dessa circunstância, deve negar a medida. O que o sistema não admite é o fato de o juiz, não se convencendo de que é necessária a medida e do preenchimento dos requisitos legais, ainda assim, conceda-a.

Humberto Theodoro Júnior, assim se posiciona sobre o tema:

O texto do dispositivo legal em questão prevê que a tutela antecipada, que poderá ser total ou parcial em relação aos efeitos do pedido formulado na inicial, dependerá dos seguintes requisitos: a) requerimento da parte; b) produção de prova inequívoca dos fatos arrolados na

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inicial; c) convencimento do juiz em torno da verossimilhança da alegação da parte; d) fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou e) caracterização de abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu; e f) possibilidade de reverter a medida antecipada, caso o resultado da ação venha a ser , contrário à pretensão da parte que requereu a antecipação satisfativa. (In. Curso de Direito Processual Civil. Vol. I. 39. ed. Forense: Rio de Janeiro. 2003. Pág: 333.).

No presente caso, os documentos carreados aos autos não restaram suficientes para se chegar a uma probabilidade de certeza acerca do direito pleiteado pelo recorrente. Em verdade, não há como aferir o inadimplemento argumentado nas razões recursais sem a produção probatória adequada, a qual, nesse caso, se dará com a formação do contraditório, o que ainda não houve.

Nesse sentido é a jurisprudência encontrada nos tribunais pátrios, no julgamento de casos análogos, vejamos o seguinte escólio:

PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESPEJO. CONTRATO SEM ASSINATURA. INADIMPLÊNCIA NÃO

COMPROVADA. LIMINAR. DEFERIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Não comprovada a relação jurídica consubstanciada em contrato de locação, e inexistindo nos

• autos prova do inadimplemento dos supostos aluguéis, impõe-se a revogação da liminar deferida na origem. Recurso provido. (TJMG; AGIN 0421203- 33.2011.8.13.0000; Lagoa Santa; Décima Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Saldanha da Fonseca; Julg. 05/10/2011; DJEMG 17/10/2011) — sublinhei.

Ademais, o disposto no § 1 9 do art. 59 da Lei de ,t 4

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Inquilinato é bastante expressivo quando estabelece que a concessão liminar de desocupação do imóvel locado somente ocorrerá desde que prestada a devida caução no valor equivalente a três meses de aluguel, o que não foi observado pelo recorrente, haja vista a escassez de qualquer prova da referida caução.

Em julgamento semelhante, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo manifestou-se pela concessão da ordem de desocupação de imóvel, uma vez que presentes todos os requisitos, incluindo entre eles necessidade da prestação de caução pelo locador, nos termos aludidos anteriormente, segue o aresto:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL REJEITADA. CONTRATO DELOCAÇÃO. INADIMPLEMENTO. CONCESSÃO LIMINAR DE ORDEM DE DESOCUPAÇÃO DO IMÓVEL. DECISÃO MANTIDA. 1. Matéria suscitada como preliminar mas que se confude com a questão de fundo, deve ser apreciada no julgamento do mérito do recurso. Preliminar rejeitada. 2. Estando presentes todos os requisitos exigidos pela Lei n. 8.245, de 1.8 de outubro de 1991 (Lei de Locação), alterada pela Lei n. 12.112, de 09 de dezembro de 2002, tais como o inadimplemento do locatário e a prestação de caução por parte do locador, é de ser deferido liminarmente o despejo do imóvel locado. 3. Recurso desprovido.(TJES; AI 48109002344; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Dair José Bregunce de Oliveira; DJES 13/05/2011; Pág. 51) — negritei.

Outrossim, para que seja concedida a tutela requerida é imprescindível que haja a possível reversibilidade da medida, seja naturalmente ou por meio de indenização, pelo que, não havendo a possibilidade da referida reversão, restará o risco de dano inverso - em desfavor de contra quem a liminar é concedida.

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Neste esteio, não há como visualizar a reversibilidade da medida buscada por intermédio- do pedido liminar. É que, com a desocupação do imóvel, havendo ulterior cassação da tutela de urgência, torna-se, demasiadamente, embaraçoso, para ambas as partes, a volta ao status quo ante,

mesmo na forma de equivalente em dinheiro, considerando a inexistência da prestação de caução.

Tais eventos, retiram, portanto, os requisitos para concessão do requerimento liminar, porquanto não há como verificar a verossimilhança das alegações por insuficiência de provas, como também, não ser reversível a medida pretendida.

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO AO AGRAVO, mantendo a decisão singular em todos os seus termos.

É como VOTO.

Presidiu a sessão, o Desembargador Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho. Participaram do julgamento, a Juíza de Direito convocada Maria das Graças Morais Guedes, como Relatora, o Desembargador Romero Marcelo da Fonseca Oliveira e o Desembargador João Alves da Silva.

Presente a De. Ana Cândida Espínola, representando o Ministério Público.

Sala de Sessões da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, em 19 de janeiro de 2012 — data do julgamento.

f '

Maria das Graças Morais Guedes

Juiza de Direito Convocada

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Coordenadoria. Judiciária ;

Referências

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