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2018BiancadeMoura

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA. Ferrugem-asiática da soja: interações entre cultivares e volumes de calda no controle da doença e sensibilidade de Phakopsora pachyrhizi a fungicidas. Bianca de Moura. Passo Fundo. 2018.

(2) Bianca de Moura. Ferrugem-asiática da soja: interações entre cultivares e volumes de calda no controle da doença e sensibilidade de Phakopsora pachyrhizi a fungicidas Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo, como requisito parcial para obtenção de título de doutor em Agronomia.. Orientador: Walter Boller Coorientador: Carolina Cardoso Deuner Colaborabor: Erlei Mello Reis. Passo Fundo. 2018.

(3) CIP – Catalogação na Publicação ________________________________________________________________. M929f Moura, Bianca de Ferrugem-asiática da soja: interações entre cultivares e volumes de calda no controle da doença e sensibilidade de Phakopsora pachyrhizi a fungicidas. / Bianca de Moura. – 2018. [118] f. : il. ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Walter Boller. Coorientadora: Profa. Dra. Carolina Cardoso Deuner. Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade de Passo Fundo, 2018. 1. Soja – Doenças. 2. Ferrugem asiática – Controle. 3. Plantas – Efeito dos fungicidas. 4. Phakopsora pachyrhizi. I. Boller, Walter, orientador. II. Deuner, Carolina Cardoso, coorientadora. III. Título. CDU: 633.34 ________________________________________________________________. Catalogação: Bibliotecária Juliana Langaro Silveira - CRB 10/2427.

(4) ATA DE DEFESA DE TESE.

(5) DEDICATÓRIA. À filha Elisa de Moura Barber, a quem Deus me concedeu os cuidados, dedico..

(6) AGRADECIMENTOS. Agradeço a Deus, nosso Pai, pela graça da vida e todas as oportunidades a mim oferecidas. Agradeço também aos meus pais, Zilda Jerônimo de Moura e Carlos de Moura, pelo zelo e cuidado sempre prestados a mim. Sem vocês nada seria possível. Agradeço ao meu marido Wesley T. Barber, companheiro leal e otimista, que sempre esteve ao meu lado me apoiando e auxiliando naquilo que fosse preciso. Agradeço ao meu orientador, Professor Dr. Walter Boller, pela excelência na orientação, sabedoria indiscutível compartilhada, humildade, paciência, otimismo e principalmente, pela amizade verdadeira. Agradeço também aos meus coorientadores, Professores Dra. Carolina C. Deuner e Dr. Erlei M. Reis, por sempre terem me auxiliado, sanando minhas dúvidas e compartilhando suas experiências e conhecimento. Agradeço aos colegas do Laboratório de Fitopatologia, Cinara Cardoso, Elaine Deuner e Paulo Tironi, pela amizade e ajuda oferecida todas as vezes em que necessitei. Também às estagiárias Caroline Giongo, Gabriela Ottoni, Laura Dalle Zotte Machado e Verônica Balejos por toda a seriedade, comprometimento e ajuda oferecida nos momentos mais importantes desse projeto. Aos colegas de pós-graduação Amanda Chechi, Everson Bilibio Bonfada, Valéria Ghissi Mazzetti e Victória Vieira Bertagnoli, pela amizade, troca de informações e experiências. Vocês ficarão para sempre em meu coração. E finalmente, à Capes pelo suporte financeiro e ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade de Passo Fundo, pela qualidade e compromisso oferecidos aos discentes..

(7) RESUMO. Moura, Bianca de. Ferrugem-asiática da soja: interações entre cultivares e volumes de calda no controle da doença e sensibilidade de Phakopsora pachyrhizi a fungicidas. [118] f. Tese (Doutorado em agronomia) – Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2018. Desde a constatação da ferrugem-asiática da soja, causada por Phakopsora pachyrhizi, no Brasil, a aplicação de fungicidas em órgãos aéreos de plantas é a estratégia mais utilizada no manejo e controle da doença. Entretanto, uma redução na eficácia de controle pelos fungicidas utilizados tem sido observada nas últimas safras. Portanto, esse trabalho objetivou comparar o controle da doença em função do volume da calda fungicida e da ponta de pulverização, bem como, a sensibilidade de P. pachyrhizi aos fungicidas mais utilizados. Em ensaio conduzido no campo experimental da FAMV/UPF nas safras 2015/2016 e 2016/2017, em delineamento inteiramente casualizado com seis repetições, seis cultivares de soja (três de hábito de crescimento indeterminado e três de hábito determinado) foram submetidas aos tratamentos: aplicações fungicidas com volume de calda de 50 L/ha com pontas de pulverização de jatocônico vazio, aplicações com volume de calda fungicida de 120 L/ha com pontas de jato-plano simples e plantas sem aplicação (testemunhas). A severidade da ferrugem foi avaliada periodicamente até o final da maturação fisiológica, obtendo-se a evolução da epidemia e a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD). Ainda para as cultivares de hábito indeterminado, na safra 2015/2016, adicionou-se um marcador fluorescente na calda fungicida na terceira aplicação para a determinação da deposição e percentual da cobertura foliolar nas porções superior, média e inferior do dossel das plantas. No final do ciclo, as parcelas foram colhidas para a avaliação do peso de mil sementes e rendimento de grãos. Na safra 2015/2016, a aplicação com volume de calda de 120 L/ha proporciona maior cobertura nos dosséis superior e médio das plantas, superando o controle da doença em 18,6% em relação à aplicação com volume de 50 L/ha. Porém, não há diferenças nos níveis de depósito da calda nas três porções do dossel das plantas. Na safra 2016/2017, há diferença significativa no rendimento de grãos para duas das seis cultivares submetidas à aplicações de fungicidas com diferentes volumes de calda. Em outro ensaio, conduzido no Laboratório de Fitopatologia da FAMV/UPF, avaliou-se a fungitoxicidade de três fungicidas em mistura a 14 isolados de P. pachyrhizi de regiões brasileiras produtoras de soja, através da determinação da concentração inibitória (CI50) in vitro. Para o isolado de Passo Fundo - RS, foi determinada a CI50 dos ingredientes ativos isolados presentes nas misturas. O fungicida azoxistrobina + benzovindiflupir apresenta-se altamente fungitóxico para nove dos 14 isolados utilizados. Ambas as misturas triplas bixafem + protioconazol + trifloxistrobina e epoxiconazol + fluxapiroxade + piraclostrobina são altamente fungitóxicas a 12 dos 14 isolados. Os fungicidas azoxistrobina, epoxiconazol, piraclostrobina e trifloxistrobina e as misturas piraclostrobina + fluxapiroxade e protioconazol + trifloxistrobina, apresentam redução da CI50 para o isolado de Passo Fundo, em relação a trabalhos anteriores. Há alterações, tanto na sensibilidade entre isolados aos ingredientes ativos testados, quanto em relação a valores da CI50 obtidos em trabalhos anteriores. Palavras-chave: 1. Deposição da calda. 2. Cobertura foliolar. 3. Severidade da ferrugem. 4. Fungitoxicidade. 5. Alteração da sensibilidade..

(8) ABSTRACT. Moura, Bianca de. Asian soybean rust: interactions between cultivars and spray volume for disease control and sensibility of Phakopsora pachyrhizi to fungicides. [118] f. Thesis (Doctor in Agronomy) – Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2018. Since the detection of Asian soybean rust, caused by Phakopsora pachyrhizi, in Brazil, fungicide application on plants aerial parts has been the most used strategy for disease management and control. However, a reduction in the effectiveness of chemical control has been observed in recent seasons. Therefore, this work aimed to evaluate the control of the Asian soybean rust as a function of fungicide spray volume and nozzles, as well as the sensitivity of P. pachyrhizi to the most used fungicides. In an experiment conducted in the experimental field of the FAMV / UPF in the 2015 / 2016 and 2016 / 2017 seasons, in a completely randomized design with six replicates, six soybean cultivars (three with indeterminate growth habit and three with determinate habit) were submitted to the following treatments: fungicide applications with a spray volume of 50 L / ha with hollow cone nozzles, applications with a fungicide spray volume of 120 L / ha with flat fan nozzles and plants without application (Check). The rust severity was evaluated until the end of the physiological maturation to quantify the evolution of the disease and obtain the area under the disease progress curve (AUDPC). Also, for the three indeterminate growth cultivars during the 2015 / 2016 season, a fluorescent marker was added to the third fungicide application, to determine the deposition and percentage of foliolar coverage on the upper, middle and bottom portions of the plant canopy. In the 2015 / 2016 season, the application with 120 L / ha spray volume provides greater coverage on the upper and middle canopies, exceeding the application with a volume of 50 L / ha by 18.6% disease control. However, there are no differences in the spray deposit levels on the three portions of the plant canopy. In the 2016 / 2017 season, a significant difference is observed in the grain yield for two of the six cultivars submitted to fungicide applications with different spray volumes. In another experiment, conducted in the Laboratory of Phytopathology at the FAMV / UPF, the fungitoxicity of three fungicide mixtures was evaluated against 14 P. pachyrhizi isolates from soybean producing Brazilian regions by determining the inhibitory concentration in vitro (IC50). For the Passo Fundo - RS isolate, the IC50 of each active ingredient present in the mixtures was determined. In a completely randomized design with four replicates, fungicides were incorporated in different concentrations in Petri dishes containing the agar-water substrate for further quantification of viable uredospores. The fungicide azoxystrobin + benzovindiflupyr is highly fungitoxic for nine of the 14 tested isolates. Both triple mixtures, bixafem + prothioconazole + trifloxystrobin and epoxiconazole + fluxapiroxade + pyraclostrobin are highly fungitoxic to 12 of the 14 isolates. The fungicides azoxystrobin, epoxiconazole, pyraclostrobin and trifloxystrobin and the mixtures pyraclostrobin + fluxapiroxade and prothioconazole + trifloxystrobin show a reduction in the IC50 for the Passo Fundo isolate, compared to previous studies. There are alterations, both in the sensitivity between isolates to the active ingredients tested, and in relation to IC50 values obtained with previous studies. Keywords: 1. Spray deposition. 5. Sensibility alteration.. 2. Foliar. coverage.. 3. Rust. severity.. 4. Fungitoxicity..

(9) SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO. 11. 2 REVISÃO DA LITERATURA. 15. 2.1 2.2 2.3 2.4. 15 16 18 19. A soja no Brasil e no mundo A ferrugem-asiática-da-soja Controle químico da ferrugem-asiática da soja Resistência de fungos a fungicidas. 2.4.1 Monitoramento in vitro de Phakopsora pachyrhizi a fungicidas. 21. 2.5 Tecnologia de aplicação de fungicidas. 23. 2.5.1 O volume de calda por hectare. 25. 2.5.2 Pontas de pulverização. 26. 2.5.3 A arquitetura de plantas. 28. 3 CAPÍTULO I. 30. 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5. 30 30 32 40 55. Resumo Introdução Material e Métodos Resultados e Discussão Conclusões. 4 CAPÍTULO II. 56. 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5. 56 56 59 65 74. Resumo Introdução Material e Métodos Resultados e Discussão Conclusões. 5 CAPÍTULO III. 75. 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5. Resumo Introdução Material e Métodos Resultados e Discussão Conclusões. 75 75 78 82 92. 6 CONCLUSÃO GERAL. 93. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS. 95. REFERÊNCIAS. 97.

(10) PPGAgro/UPF. APÊNDICES Apêndice I Apêndice II Apêndice III Apêndice IV Apêndice V. Ferrugem-asiática da soja: interações entre cultivares e volumes de calda no controle da doença e sensibilidade de Phakopsora pachyrhizi a fungicidas. 104. Fungicida azoxistrobina + benzovindiflupir - safra 2015/2016 104 Fungicida azoxistrobina + benzovindiflupir - safra 2016/2017 106 Fungicida bixafem + protioconazol + trifloxistrobina - safra 2015/2016 108 Fungicida bixafem + protioconazol +trifloxistrobina - safra 2016/2017 110 Fungicida epoxiconazol + fluxapiroxade + piraclostrobina safra 2015/2016 112 Apêndice VI Fungicida epoxiconazol + fluxapiroxade +piraclostrobina safra 2016/2017 114 Apêndice VII Inibição da germinação de uredosporos do isolado de Phakopsora pachyrhizi de Passo Fundo, RS por 11 fungicidas 116.

(11) 1. INTRODUÇÃO Com um terço de participação na balança comercial do agronegócio brasileiro, a. soja [Glycine max (Merrill) L.] coloca o Brasil na segunda posição do ranking mundial de produção da oleaginosa desde a safra 2007/2008. Em uma área cultivada de 35 milhões de hectares, com produtividade média de 3.200 kg/ha (USDA, 2018), a produtividade de soja é diretamente afetada por fatores bióticos e abióticos. Dos fatores bióticos que podem impactar negativamente o rendimento das sementes de soja no Brasil, a ferrugem-asiática (FAS) é o de maior destaque. Causada pelo fungo biotrófico Phakopsora pachyrhizi (Sydow & Sydow, 1914), a ausência de inverno rigoroso possibilitando o cultivo de leguminosas ao longo do ano, faz do território brasileiro um ambiente propício ao desenvolvimento e manutenção da doença. Altamente agressiva, a FAS causa desfolha precoce em plantas, comprometendo a formação e o enchimento de grãos, o que gera danos que podem superar 80% da produtividade. O primeiro relato da ocorrência da FAS no Brasil, data do ano de 2002. Já naquela época, com base no histórico da agressividade da doença nos países com sua presença, adotou-se o controle químico baseado na aplicação de fungicidas em órgãos aéreos das plantas como medida de controle em todos os estados brasileiros onde se cultivava soja. No início, as aplicações eram realizadas principalmente com fungicidas do grupo químico triazol (inibidor da desmetilação do esterol - IDM) e misturas de IDM e estrobilurinas (inibidor da quinona externa - IQe). Contudo, o uso contínuo de fungicidas com o mesmo modo de ação favorece o aumento da população do fungo resistente, levando à redução ou até mesmo a perda da sensibilidade do patógeno à molécula. De modo que, a partir da safra 2007/2008 foi observada a redução no controle da FAS pelos IDM, seguida da redução no controle pelos IQe na safra 2013/2014. Dessa forma, na safra 2013 iniciou-se a aplicação de fungicidas compostos da mistura de.

(12) carboxamidas (inibidor da succinato desidrogenase - ISDH) e IQe. No entanto, já na safra 2016/2017 foi confirmada uma alteração no gene SDH de isolados de P. pachyrhizi, resultando na redução de controle das FAS pelas carboxamidas. Diante da constatação de redução da sensibilidade de P. pachyrhizi aos fungicidas, o monitoramento da resistência é uma ferramenta indispensável na manutenção da eficiência do controle químico no manejo da FAS. Através da determinação da concentração do fungicida que inibe 50% da germinação de esporos (CI50) in vitro, é possível quantificar o nível de fungitoxicidade da molécula ao patógeno. Para que uma substância seja considerada altamente fungitóxica, o valor de sua CI50 não deve ultrapassar 1,0 mg/L. Já para aquelas cuja CI50 é maior que 1,0 mg/L e menor que 50 mg/L, essas são classificadas como moderadamente fungitóxicas. E finalmente, substâncias que apresentam CI50 maior que 50 mg/L, são classificadas como atóxicas para o fungo (EDGINGTON; KLEW, 1971). Desse modo, a classificação proposta pode ser um parâmetro para a determinação de alterações e variações na sensibilidade de isolados de P. pachyrhizi provenientes de diferentes áreas. Bem como, para a detecção de falhas no controle da FAS aos fungicidas comumente utilizados. Outro parâmetro de importância na eficácia de controle do fungicida, refere-se à tecnologia de aplicação. Entende-se como tecnologia de aplicação, a divisão da calda fitossanitária em partículas líquidas (gotas) através do processo de pulverização, o qual distribui as gotas que carregam os ingredientes ativos em direção ao alvo, concluindo o mecanismo de aplicação. Sendo assim, para a obtenção do sucesso em uma aplicação fungicida, é necessário que ocorra a deposição de gotas do produto ativo, na quantidade correta, sobre o sítio de infecção da doença. No caso da FAS, doença que tem início na maioria das vezes nas folhas do terço inferior das plantas em estádios fenológicos próximos ao florescimento, devem ser adotadas técnicas de aplicação que promovam a total cobertura do dossel, com atenção especial às folhas da porção inferior das plantas. Nesse contexto, fatores como as condições ambientais no momento da aplicação, a composição da calda fitossanitária, o modelo da ponta de pulverização, a pressão de operação do pulverizador, a velocidade da máquina aplicadora, a altura da barra e o volume da pulverização, são imprescindíveis para uma aplicação bem sucedida. Desses Bianca de Moura. 12.

(13) fatores, o volume de calda por hectare e a ponta de pulverização, são aqueles de maior influência no resultado da aplicação. Uma maneira de reduzir o custo de uma aplicação aumentando a autonomia do pulverizador é a adoção de baixos volumes de calda. Contudo, como as variáveis volume de calda por hectare e espectro de gotas são diretamente proporcionais, em pulverizações hidráulicas com baixo volume de calda, deve-se utilizar pontas de pulverização que produzem gotas de espectro fino a muito-fino. Gotas de espectro fino, além de possuírem maior capacidade de penetração no interior do dossel da cultura, fornecem maior cobertura do alvo. Entretanto, são mais propensas à perdas por deriva e evaporação. Portanto, pontas de pulverização produtoras de gotas de espectro fino devem ser preferidas em aplicações hidráulicas realizadas sob condições ambientais adequadas, evitando-se o uso sob condições de temperatura do ar superior a 30 oC, umidade relativa do ar inferior a 50% e velocidade do vento acima de 10 km/h. Além dos fatores ambientais, da calda fitossanitária e da aplicação em si, outra variável que exerce influência na qualidade da aplicação é a arquitetura de plantas. Em soja, quanto maiores o índice de área foliar (IAF), o grau de ramificação e a estatura das plantas, maior a dificuldade de penetração da calda fitossanitária no interior do dossel da cultura. Além disso, a maneira como os componentes da planta estão conectados, o tamanho e a distribuição das folhas, os comprimentos dos ramos e internódios, interferem na deposição e cobertura da calda pulverizada. Portanto, em aplicações de fungicidas para o controle da FAS, a arquitetura de plantas de soja interfere na penetração das gotas da calda no interior do dossel da cultura. Diante da problemática aqui apresentada, o presente trabalho objetivou: i) comparar o controle da FAS e a produtividade em função do volume da calda e da ponta de pulverização; ii) confrontar o controle da FAS e a produtividade em função da deposição e cobertura de gotas da calda fungicida aplicada em dois volumes de calda com pontas de pulverização distintas e; iii) avaliar a fungitoxicidade, através da determinação da CI50 in vitro de três fungicidas compostos a 14 isolados de P. pachyrhizi de regiões brasileiras produtoras de soja; determinando também, para o Bianca de Moura. 13.

(14) isolado proveniente de Passo Fundo - RS, a CI50 dos ingredientes ativos presentes nesses fungicidas de forma isolada e, de uma mistura tripla em fase de lançamento comercial. Esse trabalho está organizado de forma que nesta Introdução está apresentada a problemática, a justificativa, a hipótese e os objetivos. O próximo componente deste trabalho – Revisão da Literatura – apresenta aspectos conceituais sobre o sujeito (P. pachyrhizi) e os objetos da pesquisa (volumes de calda e pontas de pulverização e fungitoxicidade de fungicidas), com as principais descobertas sobre o assunto ocorridas nos últimos anos nas principais revistas científicas da área. Nos Capítulos I e II são discutidos os resultados de um experimento realizado na safra 2015/2016, sendo o primeiro sobre o controle da FAS e rendimento de grãos de seis cultivares de soja (três com hábito de crescimento determinado e três com hábito indeterminado) submetidas à aplicações de fungicidas com diferentes volumes de calda e pontas de pulverização. O segundo experimento, compara a deposição e a cobertura foliolar da calda fungicida, em três porções do dossel de três cultivares de soja de hábito de crescimento indeterminado. Somente o primeiro experimento foi repetido na safra 2016/2017. O Capítulo 3 apresenta a CI50 de fungicidas a isolados de P. pachyrhizi de diferentes regiões. Em seguida, apresenta-se a Conclusão Geral a respeito dos três experimentos e, por fim, o trabalho é encerrado com as Considerações Finais.. Bianca de Moura. 14.

(15) 2. REVISÃO DA LITERATURA. 2.1. A soja no Brasil e no mundo A soja é uma oleaginosa da família Fabaceae originária da região da Manchúria,. China (HYMOWITZ, 1970). Semeada há pelo menos cinco mil anos, é uma das culturas mais antigas e mais importantes do mundo, assumindo a quarta posição na produção e consumo mundial (FAOSTAT, 2016). Introduzida no Brasil no ano de 1882, no estado da Bahia, o cultivo de soja só teve início no ano de 1914 no município de Santa Rosa, RS (SANTOS, 1988), nesse município, em 1941, foi instalada a primeira indústria processadora de soja do país. Em 1949, com produção de 25 mil toneladas, o Brasil foi reconhecido pela primeira vez como produtor de soja nas estatísticas internacionais (VIDOR et al., 2004). O Brasil ocupa a segunda posição na produção mundial de soja desde a safra 2007/2008, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Com 35 milhões de hectares cultivados na safra 2017/2018, a estimativa de produção é de 112 milhões de toneladas, o que representa 32,3% da produção mundial da oleaginosa (USDA, 2018, p. 24). A produtividade da soja é diretamente afetada por fatores bióticos e abióticos. Dos fatores bióticos que podem impactar negativamente o rendimento das sementes de soja no Brasil, a FAS é o de maior destaque (HIRAKURI, 2014). Dessa forma, faz-se necessário o emprego constante de medidas de manejo e controle da doença como forma de minimizar danos de produção..

(16) 2.2. A ferrugem-asiática-da-soja A FAS tem como agente causal Phakopsora pachyrhizi (Sydow & Sydow,. 1914), um fungo do filo Basidiomycota, classe Basidiomycetes, ordem Uredinales e família Phakopsoraceae (REIS; CASA, 2012, p. 75). Descrita pela primeira vez no Japão em 1902 num hospedeiro da família Fabaceae denominado jicama (Pachyrhyrus erosus L.), a FAS surgiu em caráter epidêmico em vários países do sudoeste da Ásia por volta de 1914, sendo constatada em Porto Rico em 1976 (VAKILI; BROMFIELD, 1976). Já no ano de 1990 teve sua ocorrência confirmada no continente africano, em 1994 no Havaí, em 1998 em Uganda, Quênia, Ruanda e em março de 2001, foi detectada na África do Sul, assumindo caráter epidêmico em 2002. Na América do Sul, o primeiro relato da presença da FAS foi no Paraguai em março de 2001 (MOREL, 2001). Em maio do mesmo ano foi confirmada no Brasil (COSTAMILAN; BERTAGNOLLI; YORINORI, 2002; REIS; CASA; MICHEL, 2002). Os primeiros sintomas da doença são pequenas lesões foliares, de coloração verde-acinzentada à castanha. Posteriormente, surgem pequenas protuberâncias de coloração castanha na face abaxial das folhas (urédias), as quais liberam esporos minúsculos e hialinos (GODOY et al., 2016). À medida em que as lesões aumentam, o tecido da folha ao redor das urédias adquire coloração marrom, formando lesões em ambas as faces das folhas. Em situações de alta severidade da doença, ocorre amarelecimento seguido de abscisão das folhas atacadas. Assim, o estádio final de uma epidemia de FAS numa lavoura, caracteriza-se por amarelecimento geral da folhagem com intensa desfolha (REIS; BRESOLIN; CARMONA, 2006, p. 10). Temperaturas do ar entre 15 e 28 oC, tendo como temperatura ótima 22,5 oC e longo período de molhamento foliar, são fatores que favorecem a infecção, sobrevivência e multiplicação de P. pachyrhizi (BLUM, 2009; MOURA, 2015). Dessa forma, as condições ambientais em grande extensão do território brasileiro, beneficiam tanto o cultivo da soja ao longo do ano, disponibilizando hospedeiros para a manutenção constante do inoculo de ferrugem, quanto o desenvolvimento do patógeno (MOURA et al., 2017). Bianca de Moura. 16.

(17) Altamente agressiva, a FAS causa danos que podem superar 80% do rendimento de grãos (YORINORI et al., 2005). Em um levantamento baseado em danos decorrentes da ocorrência da FAS no Brasil no período de 2002 a 2009, foi estimada uma redução na produção de 34,2 milhões de toneladas. Esses 34,2 milhões de tonelada representam aproximadamente um terço da produção anual brasileira. Levando em consideração a cotação média da saca de 60 kg de soja e o câmbio médio praticado no período, tais danos geraram perda de US$7,95 bilhões na economia nacional (YORINORI et al., 2010). Já em outro levantamento, considerando danos em produtividade adicionado ao custo médio dos produtos e da aplicação para o manejo da FAS, somente na safra 2013/2014 os prejuízos gerados pela doença somaram US$ 2,20 bilhões (CONSÓRCIO ANTIFERRUGEM, 2016). O manejo integrado da FAS está baseado nos controles cultural, genético e químico. Por se tratar de um fungo biotrófico, as estratégias de controle cultural incluem a remoção de plantas voluntárias de soja e de hospedeiros secundários, como plantas de kudzu (Pueraria montana var. lobata Willd.) e feijão-comum (Phaseolus vulgaris L.), a ausência do cultivo de soja na entressafra agrícola com a prática do vazio sanitário e antecipação do plantio de cultivares com ciclo de maturação precoce (EMBRAPA SOJA, 2013). O controle genético baseia-se no plantio de cultivares com o gene de resistência Inox®, o qual assegura resistência vertical ao fungo P. pachyrhizi, de forma a não descartar a necessidade da realização de uma a duas aplicações de fungicidas por ciclo da cultura, para o controle do patógeno. E finalmente o controle químico, que está baseado na aplicação de fungicidas nos órgãos aéreos de plantas de soja. De todas as estratégias de manejo da FAS mencionadas, o controle químico é a mais importante para a manutenção da severidade da doença abaixo do nível de dano econômico (KLOSOWSKI et al., 2016), sendo dessa forma, a mais utilizada desde a detecção da doença no Brasil (YORINORI et al., 2005).. Bianca de Moura. 17.

(18) 2.3. Controle químico da ferrugem-asiática da soja No Brasil, a aplicação de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática teve. início na safra de 2002/2003 com produtos formulados por fungicidas do grupo químico triazol (IDM), estrobilurina (IQe) e misturas compostas desses dois grupos (REIS et al., 2014, p. 14). Atualmente, dos 48 fungicidas para o controle da FAS com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), 62,5% apresentam IDM em sua composição, 62,5% IQe e 19,0% contêm carboxamida (ISDH) em mistura a ingredientes ativos de diferentes grupos químicos (AGROFIT, 2018). Desenvolvidos na década de 1980, os fungicidas do grupo químico triazol foram os primeiros inibidores da desmetilação do esterol (IDM) (RUSSELL, 2005). Com ação sítio-específica, os IDM se ligam à enzima 14 α-desmetilase (gene CYP51), inibindo a biossíntese do ergosterol através da remoção do grupo metila C14 do 24metilenodihidrolanasterol (XAVIER et al., 2015). A ausência do ergosterol danifica a permeabilidade das membranas celulares do fungo, resultando na perda dos elementos intracelulares. São fungicidas com ação curativa e erradicante (REIS; REIS; CARMONA, 2010, p. 59). Dessa forma, a ocorrência de mutação genética ou superexpressão no gene CYP51, caracterizada pela multiplicação da proteína, confere redução na sensibilidade aos IDM. Além dos triazóis, são inibidores da desmetilação os fungicidas dos grupos químicos: piperazina, piridinas, pirimidina, imidazol e triazolintiona (FRAC, 2017). Quanto ao mecanismo de ação do grupo químico estrobilurina, que atua no complexo III da cadeia de elétrons do citocromo b (gene CYTB), esse se dá através da inibição da quinona externa da mitocrôndia (IQe). Essa inibição bloqueia a transferência de elétrons do citocromo b para o citocromo c1, paralisando a produção de ATP (GISI; SIEROTZKI, 2008; FERNÁNDEZ-ORTUÑO et al., 2010). Por se tratar do único grupo químico com ação sítio-específica no sítio Qe, as estrobilurinas são classificadas como grupo de alto risco de desenvolvimento de resistência (FERNÁNDEZ-ORTUÑO et al., 2010).. Bianca de Moura. 18.

(19) O grupo carboxamida (ISDH), cujo desenvolvimento ocorreu em 1961, age no complexo II da cadeia de elétrons na mitocôndria (gene SDH), paralisando a respiração através da inibição da oxidação da succinato desidrogenase. Devido ao estreito espectro de controle na época do seu lançamento, esse grupo foi primeiramente utilizado no tratamento de sementes para controlar basidiomicetos (SIEROTZKI; SCALLIET, 2013). Somente em 2003 foi lançada a primeira carboxamida com indicação para aplicação em órgãos aéreos das plantas (AVENOT; MICHAILIDES, 2007). A partir de então, na última década, vários fungicidas ISDH, pertencentes a diferentes grupos químicos, chegaram ao mercado. São eles: fenil-benzamida, feniltiofano amida, piridinil etil-benzamida,. furano. carboxamida,. N-metoxi-pirazol. carboxamida,. pirazol. carboxamida, oxatin-carboxamida, tiazol carboxamida e piridina carboxamida (FRAC, 2017). O controle desempenhado por fungicidas de sítio-específico, como os ISDH, IDM e IQe, sofre maior impacto ao desenvolvimento da resistência em fungos fitopatogênicos. Nesse contexto, a aplicação de fungicidas sítio-específico em mistura com fungicidas de outros grupos químicos, constitui uma estratégia fundamental no manejo da resistência (SIEROTZKI; SCALLIET, 2013). Além disso, é importante que as recomendações de uso de fungicidas sigam as orientações adequadas quanto a dose aplicada, validade do produto, número e intervalo entre aplicações por safra, evitando o surgimento de resistência.. 2.4. Resistência de fungos a fungicidas A resistência de um fungo a um fungicida é definida como uma alteração. genética estável e herdável, que resulta na redução da sensibilidade do patógeno à molécula (FRAC-BRASIL, s.d.). De acordo com Roese (2010), há uma tendência de fungos causadores de ferrugens se tornarem mais agressivos com o passar do tempo, porque assim como todo microrganismo, esses têm a capacidade de mutação, sobrevivendo em condições adversas.. Bianca de Moura. 19.

(20) O desenvolvimento da resistência de fungos aos fungicidas se dá a partir de mecanismos genéticos e bioquímicos. Dentre eles estão: a alteração do sítio-alvo devido à mutação no gene que o codifica; a redução da absorção ou aumento do efluxo do fungicida - xenofobia; a falta de conversão para o composto ativo; a compensação por meio do aumento da produção da enzima-alvo por superexpressão e o desenvolvimento de vias metabólicas alternativas que não incluem o sítio-alvo do fungicida, como a utilização de respiração alternativa, por exemplo (LEROUX; WALKER, 2011; BRENT; HOLLOMON, 2007; FERNÁNDEZ-ORTUÑO et al., 2010). A resistência é considerada qualitativa quando envolve a alteração de apenas um gene do patógeno ou um conjunto de genes dominantes (resistência oligonênica), resultando na ineficácia do fungicida, mesmo quando utilizado em maiores doses que a recomendada. Já a resistência quantitativa, está caracterizada pela alteração de vários genes, resultando na redução gradativa da eficácia do fungicida, podendo essa ser recuperada com a adoção de doses mais elevadas (REIS; REIS; CARMONA, 2010, p. 188-189). A ocorrência de resistência a fungicidas diferentes, porém afetados por uma mesma mutação gênica, é considerada cruzada (XAVIER et al., 2015). Já resistência múltipla, é aquela que afeta dois ou mais fungicidas com modos de ação diferentes, conferindo a ocorrência de mais que uma mutação genética (REIS; REIS; CARMONA, 2010, p. 189-190). No Brasil, o monitoramento da eficácia dos fungicidas registrados para o controle da FAS teve início na safra 2003/2004. Através de uma rede de ensaios de campo, tem sido comparada a eficácia dos fungicidas de uso mais frequente no controle da severidade da doença (GODOY et al., 2010). Comparando-se o controle da severidade apresentado pelos fungicidas tebuconazol, ciproconazol, azoxistrobina, azoxistrobina + ciproconazol, picoxistrobina + ciproconazol, trifloxistrobina + protioconazol, picoxistrobina + tebuconazol, piraclostrobina + epoxiconazol + fluxapiroxade na 2016/2017, os oito fungicidas demonstraram redução no controle da severidade em relação à safra 2011/2012. Ainda para os fungicidas tebuconazol, Bianca de Moura. 20.

(21) ciproconazol, azoxistrobina e azoxistrobina + ciproconazol essa redução superou 50% (GODOY et al., 2017; GODOY et al., 2012). Já o monitoramento da sensibilidade de P. pachyrhizi às principais moléculas, teve início no ano de 2006. Esse monitoramento é realizado através de ensaios in vitro para a determinação da concentração do fungicida que inibe 50% da germinação de esporos (CI50) (BUZZERIO, 2006) e ensaios in vivo usando a metodologia de folhas destacadas, que determina a dose efetiva do produto para redução em 50% da severidade da FAS (DE50) (SCHERB; MEHL, 2006 ). Além dos ensaios em rede para avaliação do controle da severidade e as determinações da CI50 e DE50, análises moleculares para a identificação da ocorrência de mutações no sítio de ação dos principais grupos químicos utilizados para o controle da FAS, têm sido realizadas. Em análise realizada por Schmitz et al. (2014), foram observadas mutações pontuais do gene CYP51 em isolados de P. pachyrhizi (safra 2009/2010) provenientes de diferentes regiões brasileiras produtoras de soja, indicando redução na sensibilidade aos IDM. Em outro ensaio, realizado por Klosowski et al. (2016) para investigar a ocorrência de mutações do gene CYTB, códons F129L, G137R e G143A, em isolados de P. pachyrhizi (safra 2013/14), 100% dos isolados provenientes dos estados do Mato Grosso e Goiás apresentaram mutação F129L. Ainda para os outros estados, o percentual de mutação F129L foi de 99% em isolados provenientes do Mato Grosso do Sul, 95% em isolados do Paraná e 91% daqueles provenientes de São Paulo, confirmando redução de sensibilidade aos fungicidas IQe. Já em relação ao grupo químico carboxamida (ISDH), isolados de P. pachyrhizi das safras 2015/2016 e 2016/2017 apresentaram uma mutação na subunidade C, códon I86F, causa provável da redução da sensibilidade do patógeno ao grupo químico (KLAPPACH, 2017).. 2.4.1 Monitoramento in vitro de Phakopsora pachyrhizi a fungicidas A maior vantagem da realização de trabalhos in vitro para a determinação da sensibilidade de P. pachyrhizi a fungicidas é que, além da rapidez na obtenção dos. Bianca de Moura. 21.

(22) resultados, o custo operacional é menor em comparação a trabalhos in vivo (BLUM; REIS, 2013). Em um ensaio in vitro realizado por Blum e Reis (2013) foram determinadas as CI50 de onze fungicidas a um isolado de P. pachyrhizi sensível, gerando valores de referência de quatro IQe e sete IDM. O isolado sensível foi obtido a partir de plantas naturalmente infectadas em Passo Fundo, RS na safra 2004/2005. Todos os IQe avaliados, azoxistrobina, picoxistrobina, piraclostrobina e trifloxistrobina, apresentaram valores de CI50<1,0 mg/L, sendo classificados como altamente fungitóxicos (EDGINGTON; KLEW, 1971). Também os IDM epoxiconazol, metconazol e tebuconazol apresentaram valores de CI50<1,0 mg/L. Já os IDM, ciproconazol, flutriafol, miclobutanil e tretaconazol, apresentaram valores da CI50> 1,0 mg/L, sendo considerados moderadamente fungitóxicos. Em trabalho in vitro de monitoramento da sensibilidade de isolados de P. pachyrhizi provenientes de três regiões brasileiras produtoras de soja (Passo Fundo, RS, Ponta Grossa, PR e Primavera do Leste, MT), Moura, Boller e Deuner (2016) determinaram a CI50 de quatro fungicidas isolados e quatro formulações compostas por misturas de diferentes grupos químicos. Foram determinados os valores da CI50 do IDM epoxiconazol, dos IQe azoxistrobina, piraclostrobina e trifloxistrobina, das misturas de IQe + IDM, piraclostrobina + epoxiconazol e trifloxistrobina + protioconazol e das misturas IQe + ISDH, piraclostrobina + fluxapiroxade e azoxistrobina + benzovindiflupir. Somente a piraclostrobina e a mistura trifloxistrobina + protioconazol apresentaram valores da CI50 inferior a 1,0 mg/L para todos os isolados testados, demonstrando alta fungitoxicidade. Ainda nesse trabalho, foram calculados os fatores de redução da sensibilidade (FRS). O FRS mede o grau de alteração da sensibilidade de um fungo a um fungicida, sendo representado pela relação entre a CI50 da linhagem atual e a CI50 da linhagem sensível (concentração de referência). Dessa forma, se o FRS for próximo a 1,0 representa que não houve alteração na sensibilidade. Já FRS acima de 1,0 confirma uma redução da sensibilidade do patógeno à molécula (RUSSEL, 2004). Bianca de Moura. 22.

(23) A partir da obtenção dos FRS, Moura, Boller e Deuner (2016) utilizando valores de referência propostos por Blum e Reis (2013), observaram uma redução da sensibilidade. dos. fungicidas. epoxiconazol,. piraclostrobina,. azoxistrobina. e. trifloxistrobina. Apesar dessas constatações, somente para o isolado de Primavera do Leste, o epoxiconazol e a piraclostrobina apresentaram FRS próximos a 1,0. Diante da confirmação da existência de alterações na sensibilidade de isolados de P. pachyrhizi a fungicidas comumente utilizados ao longo dos anos, faz-se necessário o constante trabalho de determinação da CI50 das moléculas em uso, monitorando alterações ou até mesmo a perda da sensibilidade do patógeno ao fungicida. Contudo, é importante salientar que alterações da sensibilidade não ocorrem somente em decorrência da utilização repetitiva do mesmo fungicida, mas também da utilização de subdoses ou superdoses e aplicações mal realizadas, ou em momentos inadequados (ROESE, 2010). Dessa forma, a tecnologia de aplicação de fungicidas exerce papel importante não somente na qualidade da aplicação, mas também no manejo da resistência de doenças.. 2.5. Tecnologia de aplicação de fungicidas Define-se tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas como o emprego de. todos os conhecimentos científicos que proporcionem a adequada colocação do produto fitossanitário no alvo, na quantidade certa, de forma econômica, no momento correto, evitando ao máximo a contaminação de outras áreas (MATUO, 1990). A tecnologia de aplicação tem como princípio básico o mecanismo de divisão do líquido a ser aplicado em gotas (processo de pulverização), multiplicando o número de partículas (gotas) que carregam os princípios ativos em direção aos alvos da aplicação (ANTUNIASSI, 2012). Via de regra, três fatores são indispensáveis em aplicações de produtos fitossanitários: a escolha da dose correta do produto a ser utilizado, a escolha do momento oportuno para o controle e a qualidade da aplicação.. Bianca de Moura. 23.

(24) A qualidade da aplicação é determinada pela eficiência da pulverização (volume pulverizado e dose do produto), da aplicação em si (quantidade de gotas que atingem o alvo), da absorção pela planta (fatores da própria calda, como pH e adjuvantes, além dos fatores ambientais) e da degradação do produto (LEIVA, 2010). A quantidade de gotas que atingem o alvo, determina a cobertura obtida na aplicação (CUNHA; PERES, 2010). A cobertura do alvo em uma aplicação "C", é dependente do volume de calda pulverizado, da taxa de recuperação nas folhas (percentual pulverizado que é depositado sobre o alvo) e do fator de espalhamento da calda, em função da área foliar presente na lavoura e, do diâmetro mediano volumétrico das gotas (COURSHEE, 1967). Dessa forma, quanto maior a necessidade de se utilizar gotas maiores, maior deverá ser o volume de calda utilizado. A necessidade de maior ou menor densidade de gotas por área (impactos/cm2) é dependente do modo de ação do defensivo. Uma vez determinado o defensivo a ser utilizado, o volume da calda e o tamanho de gotas devem ser definidos em função da cultura, do índice de área foliar e das condições ambientais no momento da aplicação (ANTUNIASSI, 2012). No caso específico da FAS, que tem o início da infecção geralmente nas folhas do terço inferior (REIS; CASA, 2012, p. 71) disseminando posteriormente para os outros terços da planta, é necessário que ocorra a deposição do fungicida em todo o interior do dossel da cultura (BOLLER; FERREIRA; COSTA 2011). Portanto, em pulverizações de fungicidas para o controle da FAS, devem-se adotar técnicas de aplicação que promovam adequada cobertura do dossel da planta, com especial atenção às folhas do terço inferior (MOURA et al., 2017).. Bianca de Moura. 24.

(25) 2.5.1 O volume de calda por hectare Dois fatores são indispensáveis para a obtenção da cobertura da calda fitossanitária sobre o alvo: a taxa de aplicação e o espectro das gotas (DALLA FAVERA, 2012). A taxa de aplicação, que é representada pelo volume de calda por hectare, é diretamente proporcional ao espectro das gotas, esse representado pelo diâmetro mediano volumétrico do impacto das gotas. A cobertura dos alvos em uma aplicação "C" é definida pela fórmula de Courshee (1967): C = 15 VRK2 AD. Sendo: V = volume da aplicação R = taxa de recuperação da calda nas folhas K = fator de espalhamento de gotas A = a área foliar D = diâmetro mediano de gotas. De acordo com a fórmula, para alcançar boa cobertura em uma aplicação sem trabalhar com elevadas taxas de aplicação, deve-se utilizar adjuvantes redutores da deriva (aumentar a taxa de recuperação - R) e pontas de pulverização que produzam gotas mais finas (ANTUNIASSI, 2012). Ou ainda, adicionar espalhante à calda fitossanitária aumentando o fator de espalhamento "K" através da quebra da tensão superficial. Para culturas que apresentam elevados IAF, há necessidade da adoção de maiores volumes de calda por hectare, garantindo a cobertura almejada. No entanto, existe uma tendência de se trabalhar com menores taxas de aplicação, pois os volumes praticados na agricultura, em muitos casos, são maiores que aqueles necessários para o controle dos agentes nocivos às plantas (BOLLER; MACHRY, 2007). A utilização de baixos volumes aumenta a autonomia e a capacidade operacional dos pulverizadores, no entanto, reduzir o volume de calda aplicada, implica na utilização da tecnologia para assegurar a manutenção da eficiência na aplicação (CUNHA et al., 2008). Muitas vezes, a opção de se trabalhar com menores taxas de Bianca de Moura. 25.

(26) aplicação requer escolha de pontas de pulverização que produzem gotas mais finas, aumentando-se os risco de perdas por deriva.. 2.5.2 Pontas de pulverização Responsável pela vazão e o formato do jato aspergido, a ponta de pulverização é o componente mais importante em um bico de pulverização (CHRISTOFOLETTI, 1999; NUYTTENS et al., 2007). Além disso, em conjunto com a pressão de trabalho da máquina aplicadora, a ponta de pulverização é a componente que determina o espectro das gotas. Como as variáveis volume de calda por hectare e espectro de gotas são diretamente proporcionais, em pulverizações hidráulicas com baixo volume de calda, deve-se utilizar pontas que produzem gotas finas. As gotas de espectro fino, além de terem maior facilidade de penetração no interior do dossel das plantas, fornecem maior cobertura do alvo (ANTUNIASSI, 2012; CUNHA et al., 2008). No entanto, em condições de temperatura acima de 30 oC, umidade relativa do ar inferior a 50% e velocidade do vento abaixo de 3 km/h, essas gotas podem ser perdidas por evaporação antes mesmo de atingirem o alvo biológico de interesse (VITÓRIA; LEITE, 2014). Já sob as mesmas condições ambientais, porém com velocidades do vento acima de 10 km/h, essas gotas se perdem facilmente pelo processo de deriva. Em aplicações de fungicidas com pulverizadores de barra convencional, as gotas com diâmetro inferior a 50 μm (extremamente finas) tendem a se perder por evaporação antes de atingirem o alvos. Já gotas com diâmetro superior a 200 μm (finas à médias) não se perdem tão facilmente. A Tabela 1 mostra a classificação do espectro de gotas e suas indicações propostas pela Sociedade Americana de Engenharia Agrícola e Biológica (ASABE, 2009). Em trabalho realizado por Cunha et al. (2008) comparou-se a aplicação de fungicidas para o controle da FAS com dois volumes de calda (150 e 200 L/ha) e quatro pontas de pulverização distintas: TVI 80-015 (jato-cônico com indução de ar), JA-2 Bianca de Moura. 26.

(27) (jato-cônico vazio), TTJ60 - 110-02 (jato-plano duplo defletor) e DGTJ60-110-02 (jatoduplo plano com pré-orifício), as quais produziam gotas extremamente grossas, finas, médias e finas, respectivamente. De acordo com os resultados observados, não houve diferenças significativas no controle da FAS e no rendimento de grãos. No entanto, a ponta TVI 80-015 (gotas extremamente grossas), proporcionou menor penetração no dossel da cultura. Também foi observada uma tendência da ponta de jato-cônico vazio, a qual produziu gotas finas, proporcionar maior deposição de gotas no terço inferior das plantas (CUNHA et al., 2008).. Tabela 1 -. Padrão ASABE S572.1 para mensurar e interpretar a categoria de gotas produzidas por pontas de pulverização. Categoria de gotas Extremamente fina Muito fina Fina Média Grossa Muito grossa Extra grossa Ultra grossa. DMV (μm) <60 61-105 106-235 236-340 341-403 404-502 503-665 >665. Retenção em folhas úmidas Excelente Excelente Muito boa Boa Moderada Fraca Ruim Ruim. Indicações de uso Exceções Exceções Boa cobertura Maioria dos produtos Herbicidas sistêmicos Herbicidas de solo Fertilizante líquido Fertilizante líquido. Potencial de deriva Elevado. Baixo. Fonte: Adaptado de ASABE S571.2 (2009).. Já em outro ensaio conduzido a campo, com quatro cultivares de soja de IAF e estaturas diferentes, Debortoli et al. (2012) avaliaram a deposição de gotas da calda nos três terços de plantas e a área abaixo da curva de progresso da FAS, após três aplicações de fungicidas realizadas com pontas que produziam gotas de espectro muito fino (DMV <119 μm), fino (119 - 216 μm), médio (217 -352 μm) e grosso (353 - 464 μm), segundo normas da BCPC (British Crop Production Council). Observou-se que o espectro de gotas fino proporcionou maior deposição de gotas, controle da doença e produtividade para as quatro cultivares de soja. Também foi observado que a cultivar que apresentou maior estatura de plantas, ramificação e IAF no momento das aplicações, apresentou maior limitação à penetração de gotas dos espectros médio e grosso no terço inferior das plantas, o que resultou em menor controle da FAS. Dessa forma, pôde-se concluir que a arquitetura das plantas de soja exerce efeito significativo na cobertura e penetração de Bianca de Moura. 27.

(28) gotas do tratamento fitossanitário no interior do dossel da cultura (DEBORTOLI et al., 2012).. 2.5.3 A arquitetura de plantas A arquitetura de plantas é o conjunto de características que definem a forma, tamanho, geometria e estrutura externa da planta, podendo ser definida, também, como a organização tridimensional da estrutura da planta. Para os órgãos aéreos da planta, a angulação da ramificação, o tamanho, formato e posição das folhas, ramos e órgãos florais constituem a arquitetura de uma planta (REINHARDT; KUHLEMEIER, 2002). Quanto maior o IAF, maior a dificuldade de penetração em todo o dossel da planta. Além disso, a forma como os componentes da planta são conectados, o comprimento da ramificação e do entrenó, exercem efeito na qualidade da aplicação do tratamento fitossanitário (DALLA FAVERA, 2012). Plantas de soja podem apresentar hábito de crescimento determinado, indeterminado ou semi-determinado. Cultivares de crescimento determinado não ramificam após o florescimento, produzindo menor número de ramos por planta. Apresentam folhas grandes e o tamanho das folhas do terço superior é semelhante ao tamanho dos outros terços da planta. Já cultivares de hábito de crescimento indeterminado, crescem e se ramificam mesmo após o florescimento, produzindo maior número de ramos, porém com folhas menores. As folhas do terço superior são sempre menores que as folhas do restante da planta (FARIA; NEPOMUCENO; NEUMAIER, 2011). As cultivares de crescimento semi-determinado apresentam tanto características de cultivares de crescimento determinado como características de cultivares de crescimento indeterminado. Em trabalho anterior comparando a deposição da calda fungicida para o controle da FAS em plantas de soja de diferentes hábitos de crescimento, Moura et al. (2017) observaram que a arquitetura da cultivar de hábito indeterminado, cujos IAF e percentual do IAF no terço superior das plantas foram inferiores em relação à cultivar Bianca de Moura. 28.

(29) de hábito determinado nos momentos das aplicações, não limitou a penetração de gotas do tratamento fitossanitário em nenhum dos horários testados. Os resultados corroboraram com relatos de Debortoli et al. (2012) de que, a arquitetura de plantas exerce influência na penetração da calda fungicida no interior do dossel das plantas.. Bianca de Moura. 29.

(30) 3. CAPÍTULO I Interações entre cultivares de soja e volumes da calda fungicida para o controle. da ferrugem-asiática. 3.1. Resumo. A eficácia de uma aplicação fungicida para o controle da ferrugem-asiática da soja (FAS), é dependente da cobertura e da deposição da calda fitossanitária nos sítios de infecção da doença. Nesse contexto, o volume da calda e a ponta de pulverização assumem papel fundamental no sucesso de uma aplicação. Portanto, o trabalho objetivou comparar o controle da FAS e a produtividade em função do volume da calda e da ponta de pulverização. No campo experimental da FAMV/UPF, em delineamento inteiramente casualizado com seis repetições, seis cultivares de soja, sendo três de hábito de crescimento determinado e três de hábito indeterminado, receberam os tratamentos: aplicações de fungicidas com volume de calda de 50 L/ha com pontas de pulverização de jato-cônico vazio, aplicações de fungicidas com volume de calda de 120 L/ha com pontas de jato-plano simples e plantas sem aplicação (testemunhas). O ensaio foi realizado na safra 2015/2016 e repetido na safra 2016/2017. Dez dias após a aplicação dos fungicidas foi avaliada periodicamente a severidade da FAS até o final da maturação fisiológica, obtendo-se a evolução da epidemia e a área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD). No final do ciclo, as parcelas foram colhidas para a determinação do peso de mil sementes e do rendimento de grãos. Para a severidade da doença, cultivares com maior estatura de plantas apresentam melhor resposta à aplicações de fungicidas com volume de calda de 120 L/ha. Já para as cultivares com estatura média inferior a 0,63 m ao longo do ciclo, não há diferenças no controle proporcionado entre aplicações com os volumes de 50 e 120 L/ha. Na safra 2015/2016, não há diferenças significativas entre os volumes de calda fungicida para o rendimento de grãos entre as seis cultivares testadas. Palavras-chave: 1. Phakopsora pachyrhizi. 2. Ponta de jato-cônico vazio. 3. Ponta de jato-plano simples. 4. Estatura de plantas.. 3.2. Introdução Dentre as doenças que acometem a soja [Glycine max (Merrill) L.] no Brasil, a. ferrugem-asiática (FAS), causada pelo fungo biotrófico Phakopsora pachyrhizi (Sydow & Sydow, 1914), é a mais destrutiva da cultura, causando danos que impactam significativamente a produção. Por se tratar de uma doença cujo agente causal necessita.

(31) de plantas hospedeiras vivas para se multiplicar e sobreviver, a eliminação de plantas voluntárias, hospedeiros secundários, como plantas de kudzu (Pueraria montana var. lobata Willd.) e feijão-comum (Phaseolus vulgaris L.), a ausência do cultivo de soja na entressafra agrícola e o plantio antecipado de cultivares com ciclo de maturação precoce, são algumas das práticas que quando realizadas em conjunto com as principais medidas de manejo da doença, minimizam a incidência e disseminação do patógeno. Das estratégias de manejo utilizadas, a aplicação de fungicidas nos órgãos aéreos das plantas é a mais importante para a manutenção da severidade da doença abaixo do nível de dano econômico. Contudo, para a obtenção do sucesso em uma aplicação, fazse necessário que ocorra a deposição das gotas da calda fungicida na quantidade correta do ingrediente ativo sobre o sítio de infecção da doença. Logo, em pulverizações de fungicidas para o controle da FAS, devem ser adotadas técnicas de aplicação que promovam a cobertura de todo o dossel da planta, com especial atenção às folhas do terço inferior, local onde na grande maioria das vezes a infecção tem início nos estádios fenológicos reprodutivos. Dessa forma, as pulverizações de fungicidas em soja são mais frequentes após o estádio R1. Quando em grande parte das vezes, a cultura atinge o ápice do desenvolvimento vegetativo, dificultando a deposição da calda fungicida no interior do dossel da cultura. Nesse contexto, a arquitetura de plantas exerce efeito significativo na cobertura e penetração das gotas da pulverização. Em soja, quanto maior o IAF (índice de área foliar), maior a dificuldade de penetração da calda aplicada no dossel inferior das plantas. Além disso, o tamanho e formato das folhas, a forma como os componentes da planta são dispostos, o comprimento do internódio e a angulação das ramificações, exercem efeito na qualidade da aplicação (DEBORTOLI et al., 2012). Ainda os fatores presentes na composição da calda, o modelo da ponta de pulverização escolhido, a pressão de operação do pulverizador, o diâmetro e a homogeneidade das gotas, a velocidade da máquina aplicadora, a altura da barra, o volume de pulverização e as condições ambientais, exercem influência direta na penetração das gotas no interior do dossel das plantas. Desses fatores, o volume da calda e a ponta de pulverização, são os de maior impacto na qualidade da pulverização. Bianca de Moura. 31.

(32) Para culturas que apresentam elevados IAF, há a necessidade do uso de maiores volumes de calda por hectare, garantindo a cobertura almejada. No entanto, existe uma tendência de se trabalhar com menores taxas de aplicação, pois os volumes praticados na agricultura, em muitos casos, são maiores que aqueles necessários para o controle dos agentes nocivos às plantas (BOLLER; MACHRY, 2007). Via-de-regra, a opção de se trabalhar com menores volumes de calda, requer a escolha de pontas de pulverização que produzem gotas mais finas, aumentando-se os riscos de perdas por deriva. As gotas produzidas em uma pulverização devem ser suficientemente grandes para que possam se depositar sobre o alvo sem que sofram perdas por evaporação ou deriva e, ao mesmo tempo, suficientemente pequenas de forma a fornecer a cobertura suficiente do alvo pelo fungicida. Diante disso, o mercado oferece alternativas que visam aprimorar a eficiência das pulverizações, buscando proporcionar a cobertura em todos os estratos das plantas. Contudo, ainda existe uma lacuna no conhecimento a respeito das pontas de pulverização e volumes de calda mais adequados em aplicações de fungicidas para o controle da FAS, bem como, das interações entre essas variáveis e as diferentes arquiteturas de plantas, que são características de diferentes cultivares e ambientes de cultivo. Dessa forma, esse trabalho objetivou determinar os níveis de controle da FAS a partir de aplicações de fungicidas com volumes de calda de 50 e 120 L/ha, distribuídos por pontas de pulverização jato-cônico vazio e jato-plano simples respectivamente, em plantas de soja com diferentes hábitos de crescimento e grupos de maturação.. 3.3. Material e Métodos O ensaio foi conduzido no campo experimental da Faculdade de Agronomia e. Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo - RS na safra 2015/2016 e repetido na safra 2016/2017 no mesmo local. A área está situada na altitude de 687 m acima do nível do mar, latitude 28° 23' S e longitude 52° 38' O. A região apresenta clima subtropical úmido, com chuvas em todos os meses do ano, sendo. Bianca de Moura. 32.

(33) a média total anual de 1.788 mm. A média de temperatura nos meses mais frios é de 12 oC, enquanto nos meses mais quentes, é de 22 oC (EMBRAPA TRIGO, 2016). Em delineamento experimental inteiramente casualizado, com seis repetições por tratamento, o ensaio foi estabelecido em arranjo bifatorial 6 x 2 + 1 (seis cultivares de soja e dois volumes de calda fungicida + uma Testemunha sem aplicação de fungicidas). Os volumes de calda fungicida aplicados foram de 50 L/ha, com pontas de pulverização do modelo JA-1® (jato-cônico vazio) e 120 L/ha, com pontas de pulverização do modelo XR110015® (jato-plano simples de faixa ampliada). As cultivares utilizadas e seus caracteres morfofisiológicos são apresentadas na Tabela 1.. Tabela 1 - Caracteres morfofisiológicos das cultivares utilizadas em ensaio conduzido na safra 2015/2016 e repetido na safra 2016/2017. Passo Fundo - 2018. GM1. BMX Ativa RR. Hábito de Crescimento Determinado. Ciclo2. Ramificação. 5.6. Ciclo médio na região 130 dias. Precoce. Baixa. BMX Elite IPRO. Indeterminado. 5.5. 125 dias. Precoce. Moderada. NS 5445 IPRO. Indeterminado. 5.4. 120 dias. Hiperprecoce. Elevada. NS 6209 RR. Determinado. 6.2. 135 dias. Tardia. Elevada. Pioneer 95R51. Indeterminado. 5.1. 115 dias. Hiperprecoce. Elevada. FPS Urano RR. Determinado. 6.2. 135 dias. Tardia. Moderada. Cultivar. 1. Grupo de maturação. utilizadas no ensaio.. 2. Refere-se à classificação quanto ao tempo de maturação entre as cultivares. Fonte: BRASMAX GENÉTICA, 2016; NIDERA SEMENTES, 2016; PIONEER SEMENTES, 2016; SALVADORI et al., 2016, p. 43-51.. As parcelas experimentais foram estabelecidas com seis fileiras de plantas, medindo 10,0 m de comprimento e espaçadas a 0,45 m entre si, perfazendo uma área de 27,0 m2/parcela. A primeira e a sexta linhas foram utilizadas como bordaduras e as quatro linhas centrais foram utilizadas para as avaliações da severidade da doença e componentes do rendimento. Nas duas safras, a aplicação dos fungicidas teve início quando detectado 5% de incidência foliolar da FAS no terço inferior das plantas presentes no ensaio. Bianca de Moura. 33.

(34) Para a safra 2015/2016, o ensaio foi estabelecido no dia 09 de novembro de 2015 com densidade de semeadura regulada para 300.000 plantas/ha e adubação de 300 kg/ha do fertilizante (N - P2O5 - K2O) 2 - 30 - 15. Em 21 de dezembro de 2015 foi realizada uma pulverização, antes da aplicação dos tratamentos, em área total visando o fornecimento de micronutrientes, bem como, o controle de plantas daninhas, oídio (Erysiphe diffusa Cooke & Peck) e das lagartas falsa-medideira (Pseudoplusia includens Walker) e da soja (Anticarsia gemmatalis Hübner). Em volume de 100 L/ha, a calda foi composta por 100 mL/ha do fertilizante foliar CoMol (1,0% de cobalto + 10,0% de mobilidênio), em mistura com 2,5 L/ha do herbicida glifosato (360 g/L), 200 g/ha do inseticida fisiológico diflubenzurom (250 g/kg) e 500 mL/ha do fungicida piraclostrobina (133 g/L) + epoxiconazol (50 g/L), acrescidos de 500 mL/ha de óleo mineral (756 g/L). A aplicação dos tratamentos teve início em 08/01/2016, quando as cultivares NS 6209 e FPS Urano, estavam no estádio fenológico R1, BMX Ativa, BMX Elite e NS 5445 em R2 e P 95R51 em R3 (FEHR; CAVINESS, 1977). Na primeira aplicação, a calda foi composta por 400 mL/ha do fungicida trifloxistrobina (150 g/L) + protioconazol (175 g/L) acrescido do adjuvante éster metílico de óleo de soja (720 g/L) na concentração de 0,25% do volume da calda. A segunda e terceira aplicações foram realizadas nos dias 22/01 e 05/02 respectivamente, sendo ambas compostas por 200 g/ha do fungicida azoxistrobina (300 g/kg) + benzovindiflupir (150 g/kg) acrescido de óleo mineral (428 g/L) na concentração de 0,5% do volume da calda. Somente para as cultivares de ciclos mais longos, NS 6209 e FPS Urano, foi realizada a quarta aplicação em 25/02, repetindo-se o fungicida utilizado na primeira aplicação. Na safra 2016/2017 o ensaio foi estabelecido em 19 de novembro de 2016, com a mesma população de plantas e adubação de base do ano anterior. Em 12 de janeiro de 2017 foi realizada uma pulverização, antes da aplicação dos tratamentos, visando o controle das plantas daninhas e das lagartas falsa-medideira e da soja. Em volume de 200 L/ha, a calda foi composta por 2,5 L/ha do herbicida glifosato (360 g/L) adicionado de 0,5 L/ha do herbicida cletodim (240 g/L), em mistura com 200 g/ha de. Bianca de Moura. 34.

(35) diflubenzurom (250 g/kg) e 80 mL/ha do inseticida flubendiamida (480 g/L), acrescidos de óleo mineral (761 g/L) na concentração de 0,5% do volume da calda. A primeira aplicação dos tratamentos foi realizada em 16/01/2017, momento em que as cultivares NS 6209 e FPS Urano, estavam no estádio fenológico V12, BMX Ativa, BMX Elite e NS 5445 em R1 e P 95R51 no estádio R2. A calda foi composta por 400 mL/ha do fungicida trifloxistrobina (150 g/L) + protioconazol (175 g/L) acrescido do adjuvante éster metílico de óleo de soja (720 g/L) na concentração de 0,25% do volume da calda. Na segunda aplicação, realizada em 13/02, a calda fitossanitária foi composta por 200 g/ha do fungicida azoxistrobina (300 g/kg) + benzovindiflupir (150 g/kg) acrescido de óleo mineral (428 g/L) na concentração de 0,5% do volume da calda. Somente para as cultivares NS 6209 e FPS Urano, realizou-se a terceira aplicação em 05/03, repetindo o fungicida aplicado na segunda aplicação. Devido a infecção mais tardia e baixa intensidade da FAS durante a safra 2016/2017, foi realizada uma aplicação fungicida a menos em relação à safra anterior. Nas duas safras, para o tratamento 50 L/ha da calda fungicida produzidos por pontas de pulverização JA-1®, as quais distribuíram gotas de espectro muito-fino a fino na pressão de trabalho de 4,0 bar, o conjunto trator-pulverizador movimentou-se à velocidade de 7,8 km/h. Já para o tratamento 120 L/ha, produzidos por pontas de pulverização XR110015®, as quais distribuíram gotas de espectro fino na pressão de trabalho de 3,0 bar, o conjunto-trator pulverizador movimentou-se à velocidade de 6,0 km/h (ASABE, 2009). No momento das aplicações, as condições ambientais foram monitoradas através de um termo higro anemômetro portátil modelo AVM-40 (Kestrel® 3000), determinando a velocidade do vento, a temperatura e a umidade relativa do ar (Quadro 1). Um dia antes de cada uma das aplicações dos tratamentos, foram removidas dez plantas de cada cultivar para a determinação da estatura de plantas (Quadro 2) e do índice de área foliar (IAF) presente em cada terço das plantas. Bianca de Moura. 35.

(36) Quadro 1 - Médias das condições ambientais nos momentos das aplicações dos tratamentos fungicidas. Passo Fundo – 2018 Ensaio conduzido na safra 2015/2016 Velocidade Temperatura do vento (km/h) do ar (oC) 16:20 – 17:35 4,99 29,82 11:15 – 12:15 2,62 28,83 13:43 – 14:45 5,04 28,96 10:56 – 11:48 5,62 28,56 Ensaio conduzido na safra 2016/2017 Intervalo1. Data 08/01 22/01 05/02 25/02 16/01 13/02 05/03 1. 11:00 – 12:14 15:40 – 16:15 10:40 – 11:40. 2,99 2,36 4,17. Umidade relativa do ar (%) 60,77 76,24 72,82 71,73. 27,50 25,80 25,50. 70,92 82,08 77,33. Refere-se aos horários de início e término da aplicação dos tratamentos.. Quadro 2 - Estádio fenológico e estatura média de plantas no momento das aplicações dos tratamentos. Passo Fundo – 2018. Cultivar BMX Ativa BMX Elite NS 5445 NS 6209 P 95R51 FPS Urano. Primeira aplicação Estádio1 Estatura2 R2 0,44 R2 0,50 R2 0,54 R1 0,52 R3 0,55 R1 0,45. BMX Ativa BMX Elite NS 5445 NS 6209 P 95R51 FPS Urano. R1 R1 R1 V12 R2 V12. 0,58 0,65 0,60 0,68 0,71 0,61. Safra 2015/2016 Segunda aplicação Terceira aplicação Estádio Estatura Estádio Estatura R4 0,62 R5 0,68 R4 0,79 R5 0,94 R5 0,73 R5.2 0,84 R3 0,80 R4 0,83 R5.1 0,76 R5.4 0,87 R3 0,59 R4 0,70 Safra 2016/2017 R5.3 0,89 R5.5 R5.3 0,94 R6 R5.3 0,93 R6 R5.2 0,97 R5.4 1,04 R5.4 0,90 R6 R5.1 0,94 R5.4 0,94. Quarta aplicação Estádio Estatura R5.5 R5.5 R6 R5.3 0,87 R6 R5.4 0,71 -. -. Estádio fenológico das plantas no momento da aplicação. 2 Representa a estatura média de plantas em metros.. 1. - Dado numérico não disponível.. Para a obtenção do IAF/terço, plantas inteiras de soja foram divididas em três partes iguais (terço inferior, médio e superior) e suas folhas foram destacadas. Através Bianca de Moura. 36.

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