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Ford fecha fábrica de São Bernardo do Campo, onde trabalham 3 mil pessoas

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Ford fecha fábrica de São

Bernardo do Campo, onde

trabalham 3 mil pessoas

Pátio de caminhões da Ford em São Bernardo do Campo. Foto: Marcio Fernandes/Estadão – 25/5/2016

Empresa vai deixar de produzir caminhões e descontinuar o modelo Fiesta, que também era produzido na unidade do ABC Paulista; fábrica, que vinha operando somente três vezes por semana, só produziu 42 mil veículos em 2018

A Ford vai fechar a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e demitir grande parte dos cerca de 3 mil funcionários. Em comunicado divulgado nesta terça-feira, 19, a empresa informou que vai deixar de produzir caminhões e também o compacto Fiesta, ambos feitos na planta pertencente à montadora americana desde 1967, quando adquiriu a Willys Overland do Brasil.

O processo de encerramento ocorrerá ao longo deste ano. A empresa alega necessidade de retomar a lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul, onde registrou prejuízos de US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 16,6 bilhões) entre 2013 e 2018. O Brasil responde por cerca de 60% das vendas da marca na região.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, convocou os trabalhadores para uma assembleia na terça-feira, para discutir estratégia de luta. Até lá, eles foram orientados a ficar em casa. A unidade tem operado apenas três dias por semana.

“Acredito que temos condições de reverter essa decisão e acho que os governos deveriam participar dessa discussão pois, além dos empregos diretos, há muitos outros indiretos que serão afetados”, disse Santana.

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Ociosidade

No ano passado, foram produzidos ao todo 42 mil veículos, o que representa menos de 20% da capacidade da fábrica. O volume representa 15% do total de veículos feitos pela marca no Brasil, que também tem fábricas em Camaçari (BA) – onde são feitos Ka e EcoSport –, e uma filial de motores em Taubaté, além de um campo de provas em Tatuí (SP).

“A Ford está comprometida com a América do Sul por meio da construção de um negócio rentável e sustentável, fortalecendo a oferta de produtos e atuando com um modelo de negócio mais ágil, compacto e eficiente”, disse o presidente da companhia, Lyle Watters.

Há vários meses circulavam boatos de que o grupo poderia até sair do Brasil. A Ford passa por reestruturação globalmente após anúncio de que deixará de produzir vários automóveis e focará atuação em utilitários-esportivos (SUVs) e picapes, estratégia que Watters afirmou será replicada no Brasil.

Segundo o executivo, em toda a região haverá redução de 20% d o s c u s t o s c o m q u a d r o d e f u n c i o n á r i o s e e s t r u t u r a administrativa. Ele citou ainda expansão de parcerias globais, como a recente aliança com a Volkswagen, para desenvolver picapes de médio porte.

A empresa não informa número de trabalhadores que serão demitidos, pois manterá no local sua sede administrativa. Pelos dados do sindicato dos metalúrgicos, a unidade tem 2 mil trabalhadores na produção, cerca de 800 no administrativo e centenas de terceirizados.

Ao todo, a Ford vendeu 226,4 mil veículos no País em 2018, ficando em quarto lugar entre as maiores montadoras, com 9,17% de participação nas vendas de automóveis e comerciais leves. A maior parte desses veículos veio da fábrica de Camaçari.

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A Ford reservou US$ 460 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão) para pagar indenizações a trabalhadores, fornecedores e revendedores. O grupo tem 97 concessionárias de caminhões, veículos que são feitos apenas no Brasil.

Segundo o grupo, a maioria dessas despesas não recorrentes será registrada no balanço deste ano. Os valores fazem parte dos US$ 11 bilhões que a companhia prevê utilizar para a reestruturação dos seus negócios em todo o mundo.

Só em 2018, o grupo que chegou ao Brasil há cem anos teve prejuízo operacional de US$ 678 milhões na região, onde também tem fábrica na Argentina. Recentemente, a Ford anunciou o fim da produção do automóvel Focus nessa fábrica que, por enquanto, vai manter apenas a produção da picape Ranger. A Ford não divulgou o que fará com o enorme prédio onde funcionam as linhas de produção do ABC.

Movimento vem após ‘ameaça’ da GM

O anúncio do fechamento da fábrica da Ford no ABC Paulista, berço da indústria automobilística brasileira, ocorre menos de um mês após a General Motors divulgar comunicado aos seus funcionários ameaçando sair do País. O motivo também são os elevados prejuízos que o grupo alega registrar na América do Sul nos últimos três anos.

Em recente entrevista ao Estado, contudo, o presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, afirmou que as negociações com funcionários, fornecedores, revendedores e governos para aprovar um plano de viabilidade para os negócios no País “estão dando certo”. Também afirmou ver chances de a matriz americana aprovar plano de investimento de R$ 10 bilhões nas fábricas de São Caetano do Sul e São José dos Campos (SP).

Para o sócio da consultoria Bright, Paulo Cardamone, a decisão da Ford, “do ponto de vista financeiro é correta e vai ajudar a melhorar seus resultados”. Com isso, o grupo poderá estar melhor preparado para a volta do crescimento do mercado

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brasileiro de veículos.

Em sua opinião, a fábrica do ABC é antiga e “provavelmente seria mais vantajoso construir uma nova do que modernizar essa planta” para receber produtos mais modernos. Além do mais, ressalta ele, a maioria das fábricas novas foi construída com subsídios oferecidos pelos Estados.

Em 2018, as montadoras brasileiras receberam US$ 15 bilhões (R$ 54 bilhões) em empréstimos das matrizes, segundo dados do Banco Central. “Esse movimento significa que as matrizes precisam mandar oxigênio às filiais que estão morrendo afogadas”, disse o vice-presidente da Ford América do Sul, Rogelio Goldfarb. Nos anos de bonança, contudo, foram as subsidiárias locais que enviaram dinheiro para as matrizes. Em 2010, por exemplo, foram remetidos US$ 5,7 bilhões (R$ 20,5 bilhões) em lucro.

Cronologia

Aquisição (1967): A Ford inicia atividades em São Bernardo do Campo, ao adquirir a Willys Overland. De suas linhas de montagem saíram modelos como Jeep Willys, Rural, Corcel, Maverick, Del Rey, Pampa, Escort, Ka, Courier e Fiesta.

Parceria com Volkswagen (1986): É criada a Autolatina, joint venture entre a Ford e a Volkswagen que durou até 1996.

‘Golas vermelhas’ (1990): Ocorre, em junho, a “greve dos golas vermelhas”, deflagrada no setor da ferramentaria, onde os funcionários usavam jalecos com golas vermelhas. Aos poucos, toda a produção foi paralisada e o movimento, que reivindicava aumento salarial, durou 51 dias. Durante os protestos internos, carros e instalações foram destruídos.

Demissão no Natal (1998): Às vésperas do Natal, a empresa enviou cartas de demissão a 2,8 mil trabalhadores, levando à decretação de uma greve de 50 dias. Após acordo, empresa realizou PDVs.

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Caminhões no ABC (2001): A fábrica de caminhões Ford, que funcionava no bairro do Ipiranga, em SP, foi integrada às instalações do ABC Paulista.

Festa com sindicato (2013): A Ford lança o novo Fiesta, um carro global, em uma festa no Paço Municipal com a participação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC – com direito a discurso do então presidente do sindicato, Rafael Marques.

Despedida (2019): Ford anuncia fim das atividades da fábrica. Fonte:Cleide Silva e André Ítalo Rocha, O Estado de S.Paulo

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