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SENTENÇA

Processo nº: 053.09.005169-9 - Procedimento Ordinário (em Geral) Requerente: Sérgio Ricardo Mondadori

Requerido: Fazenda Pública do Estado de São Paulo

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Luis Fernando Camargo de Barros Vidal

Vistos.

SÉRGIO RICARDO MONDADORI promove a presente ação ordinária contra a FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Aduz em síntese que é policial militar reformado em 1999 em razão de doença incapacitante decorrente do exercício da função que exercia na Capital, consistente em tetraplegia. Com a promulgação da Lei Complementar n.º 1.045/2008, que determina a incorporação do Adicional de Local de Exercício (ALE) aos proventos do inativo em tais circunstâncias, entende que deve ser beneficiado.

Assim, argüindo ainda a inconstitucionalidade da restrição contida na norma que impede a incorporação pelos já inativados, bem como caráter permanente da vantagem, pede a condenação da requerida ao apostilamento e ao pagamento, inclusive para fins de sexta-parte e quinquênios.

A inicial veio acompanhada de documentos.

A requerida ofertou contestação na qual deduz defesa processual e de mérito com base na natureza transitória do benefício e na impossibilidade de retroatividade da norma concessiva da vantagem, bem como com base na vedação legal do cômputo de sexta-parte e quinquênios sobre ela.

É o relatório. Decido.

Conheço diretamente do pedido nos termos do art. 330, inciso I, do CPC, já que a questão é exclusivamente de direito.

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de tentativa de homicídio executada por outro policial militar, conforme fls. 24 e 28/29.

Tal é a redação da Lei Complementar n.º 689/92, com a redação dada pela Lei Complementar n.º 1.045/98, naquilo que interessa:

Artigo 5º - O Policial Militar perderá o direito ao Adicional de Local de Exercício nas hipóteses de afastamentos, licenças e ausências de qualquer natureza, salvo nos casos de dispensa do serviço, dispensa recompensa, férias, licença-prêmio, licença gestante, licença adoção, licença paternidade, licenciado, que esteja afastado ou que venha a ser afastado para tratamento de saúde, decorrente de lesão sofrida em serviço ou em razão do exercício da função policial militar, ou de doença profissional, gala, nojo e júri.

§ 1º - No cálculo do valor dos proventos do policial militar considerado definitivamente incapaz para a função policial em decorrência de lesão ou enfermidade adquirida em razão do exercício da função policial, será mantido o valor do Adicional de Local de Exercício de que trata a Lei Complementar nº 689, de 13 de outubro de 1992, correspondente à Organização Policial Militar em que estava classificado.

§ 2º - No cálculo do valor da pensão dos beneficiários do policial militar morto em decorrência de lesão ou enfermidade adquirida em razão do exercício de função policial, será mantido o valor do Adicional de Local de Exercício de que trata a Lei Complementar nº 689, de 13 de outubro de 1992, correspondente à Organização Policial Militar em que estava classificado.

Depreende-se da leitura do texto normativo que a Lei Complementar n.º 1.095/2009 não criou a ALE, mas sim cuidou de garantir a sua percepção ao militar que a recebia e foi reformado em razão de incapacidade relacionada com a função.

A norma não estabelece qualquer distinção relativamente à data da reforma do policial militar, de modo que não cabe ao intérprete distinguir, especialmente porque eventual diferenciação implicaria em violação da igualdade pela instituição de duas espécies de reformados pelas mesmas razões.

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A alegação deduzida pela requerida com base no tempo verbal empregado pela norma não pode ser aceita porquanto se trata de falso problema relativo à técnica legislativa.

Nem tão pouco aproveita o argumento relativo à vigência da norma, pois se trata de problema relativo à geração de seus efeitos, e não dos requisitos para o gozo do benefício.

Em abono, é de se atentar para o tratamento dado pela situação do policial designado para exercer outras funções antes da sua promulgação, considerando os efeitos das designações a ela precedentes, o que vai ao encontro da interpretação ora alcançada:

§ 3º - O policial militar que, por ato do Secretário da Segurança Pública, ouvido o Comandante Geral da Polícia Militar, for designado para exercer suas funções em outros órgãos, ou junto à Assembléia Legislativa, cuja atividade seja de interesse Policial Militar ou da Segurança Pública, continuará a perceber o valor do Adicional de Local de Exercício de que trata a Lei Complementar nº 689, de 13 de outubro de 1992, correspondente à Organização Policial Militar em que estava classificado, mantidas, ainda, todas as demais vantagens e direitos atinentes à carreira policial militar, nos termos da legislação de regência.

§ 4º - O policial militar que, por ato do Secretário da Segurança Pública, ouvido o Comandante Geral da Polícia Militar, for designado para prestar serviço junto ao Poupatempo, continuará a perceber o valor do Adicional de Local de Exercício de que trata a Lei Complementar nº 689, de 13 de outubro de 1992, correspondente à Organização Policial Militar em que estava classificado". (NR)

Artigo 4º - Esta lei complementar entra em vigor na data de sua publicação. Disposição Transitória

Artigo único - Para os fins desta lei complementar, considera-se, como designação o afastamento dos integrantes da polícia militar e da polícia civil para prestar serviços junto à Assembléia Legislativa, autorizado até a data da publicação desta lei complementar, sem prejuízo de quaisquer vantagens

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e direitos, nos termos da legislação de regência.

Se a norma prestigia atos-condição a ela precedentes, com muito mais razão há de se prestigiar na interpretação as relações jurídicas já estabelecidas, e insuscetíveis de modificação por ato do inativo.

Isto não implica violação do ato jurídico perfeito como argumentado pela requerida, pois a garantia fundamental prevista no art. 5º da Constituição Federal se estabelece em favor do cidadão, e não do poder público, e porque ainda a natureza continuada da relação jurídica não permite concluir pela pretendida estabilização em benefício dela.

Nestes termos, e sem qualquer incursão em tema de inconstitucionalidade da norma, posto que desnecessário, é de se reconhecer o direito do inativo à percepção da vantagem desde a promulgação da Lei Complementar n.º 1.045/98.

E esta conclusão alcança-se pelas razões aqui expostas sem qualquer injunção no entendimento desde juízo quanto à natureza pro labore faciendo da vantagem, que impede a sua extensão a quem nunca a percebeu e impede a sua incorporação automática aos proventos da aposentadoria.

Com efeito, na extensão da vantagem ao inativo em decorrência de incapacidade relativa ao exercício da função o que atua é o imperativo de justiça decorrente da causa de inativação, e não princípio de generalização da vantagem.

Por fim, anote-se que a interpretação ora alcançada nada tem com a autonomia do Estado-membro, e nem tão pouco afeta restrições orçamentárias, pois as despesas decorrentes da aplicação da lei tem previsão orçamentária em seu art. 3º.

Assim, o autor faz jus à ALE como postulado, pois tinha exercício na Capital ao tempo do fato incapacitante (fl. 30).

Quanto à incidência da sexta-parte e dos quinquênios, é de se aplicar o entendimento do E. TJSP no Incidente de Uniformização de Jurisprudência n° 193.485.1/6 firmou entendimento diverso, nos seguintes termos:

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Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo reconhecer a existência da divergência, vencido o Des. Flávio Pinheiro, e, por votação unânime, responder afirmativamente à tese: A sexta-parte deve incidir sobre todas as parcelas componentes dos vencimentos, entendendo-se por vencimentos integrais o padrão mais as vantagens adicionais efetivamente recebidas, salvo as eventuais".

Restou, portanto, uniformizada a orientação no sentido de que a sexta-parte incide sobre os vencimentos integrais, excluídas as vantagens eventuais. A tese deve ser adotada como razão de decidir, uma vez que fixa a correta interpretação do artigo 129 da Constituição do Estado.

Cumpre explicitar o que são vantagens eventuais. Elas só podem ser entendidas como aquelas cuja percepção dependa de circunstância, de situação de fato não inerente ao exercício do cargo. Desse modo, devem ser consideradas eventuais as vantagens de natureza assistencial ou previdenciária, como o salário-família, e aquelas de cunho indenizatório, como as diárias, ajuda de custo alimentar. mesma forma, as gratificações extraordinárias ou remuneração por horas extras, que dependem de situações eventuais. Apenas estas estão excluídas da base de cálculo da sexta-parte, já que o critério adotado peio dispositivo constitucional não considera a incorporação, como previa a legislação anterior (Lei Complementar n.° 180/78).

Nem se diga que se concede o banido "repicão", ou efeito "cascata", uma vez que as gratificações e adicionais percebidos de forma não eventual integrarão a base de cálculo da sexta-parte, conforme o art. 129 da CE, mas esta não será considerada como base de cálculo daquelas vantagens. Por essa razão, não há que falar em afronta ao art. 37, XIV da CF.

Convém consignar que, evidentemente, a orientação adotada não implica usurpação de função legislativa pelo Judiciário. Trata-se apenas de interpretar e aplicar o artigo 129 da Constituição do Estado, em conformidade com o que ficou decidido no já referido Incidente de Uniformização de Jurisprudência”.

Assim, é de ser deferido o pedido do autor, pois o entendimento em questão aplica-se à vantagem ora reconhecida.

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Por fim, com relação à tutela antecipada requerida, tenho que ela deve ser deferida parcialmente, conjugando-se a vedação genérica contida na Lei n.º 9.494/97, tendo em vista que se trata de verba de natureza alimentar devida a pessoa incapacitada para o trabalho, e assim privado de meios alternativos à sobrevivência. Deste modo, determino o apostilamento parcial da decisão, a fim de que se pague a partir de então o valor da ALE, sem repercussão nos adicionais.

Pelo exposto, julgo procedente a ação para condenar a requerida ao pagamento da ALE no seu grau máximo desde a promulgação da Lei Complementar n.º 1.045/2008, incidindo sobre ela o cálculo da sexta-parte e dos quinquênios, atualizando-se as verbas vencidas conforme da tabela prática do TJSP e acrescendo-se de juros à taxa de 6% ao ano até o efetivo pagamento.

Defiro parcialmente a tutela antecipada a fim de determinar no prazo de 15 dias o apostilamento para fins de pagamento das parcelas vincendas da ALE, ainda sem a repercussão no cálculo dos adicionais,

Condeno a requerida ao pagamento das custas e despesas do processo, bem como honorários de R$ 2.000,00 nos termos do art. 20, §4º, do CPC.

Processe-se o recurso de ofício.

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